sábado, 15 de abril de 2023

A World Without Love (Greek Myth Grindhouse)

 Boa noite de novo!

Agora vamos de nova adaptação da mitologia grega. Uma versão diferente de Eros e Psiquê, com adição de outro. Espero que gostem! Ps: tem 3 cenas pós créditos. Uma das cenas meio que me empolguei.



A World Without Love__ Srta. Maya

 

Toda história é composta de um acontecimento, uma jornada heroica, um contratempo, uma batalha, reveses e um romance. O caso a seguir mostra como o amor nos encoraja a realizar tamanhas façanhas que nem mesmo nós somos capazes de tal feito.

 Esta é a história de Noel e Karin. Um deus e uma nereida. Noel é filho de Odile, a deusa do amor com Franz, o deus da guerra. Karin é filha dos governantes dos mares, Pete e Felicity, portanto, também herdeira dos oceanos. Noel é sempre solicitado por sua mãe para "flechar" os casais e uni-los amorosamente, seja por ordem de sua mãe ou pedidos eloquentes dos mortais nos templos da deusa amorosa. Era raro seus erros e por vezes acabava dando certo, como foi o caso do guerreiro Christopher, filho do centauro Alexei com Tatiana, e Vivian, a irmã de Rosie, a deusa da lua e da caças.

 No entanto Odile estava irritada e o motivo foi a filha de Pete. Karin é tida como uma das mais belas nereidas de Atlantis e seus pais e irmãos não poderiam ser mais orgulhosos. Cada vez que a jovem era vista caminhando na praia ou na cidade, as pessoas admiram sua beleza e muitas vezes diziam que ela era filha da deusa Odile ou até mesmo sua beleza se equipava com a deusa. E isso foi o suficiente para enfurece-la. Decidida em dar uma lição na garotinha, Odile ordena que Noel fleche a jovem com a criatura mais horrenda que se possa ouvir falar.

 – Mas… – Noel não conhecia alguém que fosse tão feio pra ser horrendo. – Com quem, mamãe?

 Odile ficou em dúvida. Então lembrou do filho dos governantes do Submundo. Nikolai, o irmão gêmeo de Christopher e filho de John e Ana ainda não conseguiu uma esposa, ao passo que seu irmão está muito bem arranjado com Pearl, a filha de Odile com Bran, o deus do vento oeste.

 -- Acerte a flecha do amor louco em Karin e a faça enxergar Nikolai tão loucamente que ela não pensará em outra coisa.  – Respondeu entre risinhos.

 Noel não gostou da ideia, entretanto como sempre faz, não contrariou a vontade da mãe. O plano era bem fácil. Karin é uma nereida previsível. Todas as tardes vinha para o litoral de Micenas para se encontrar com sua melhor amiga Eva. As duas deusas se alegraram com a companhia uma da outra e se divertiam no mar. Muitos rapazes apareciam para observa-las e também eram corridos de lá por causa da fúria dos pais das garotas.

 O deus do amor se escondeu atrás de algumas palmeiras da ilha e mirou a flecha no coração de Karin que estava poucos metros de distância. No entanto, a arrebentação das águas foi forte demais atingindo Noel, derrubando o deus de joelhos na areia. O arco e flecha se desfizeram de suas mãos e sem querer acertou em cheio o coração do usuário. Noel aparentou passar muito mal. Seu coração acelerava demais e provocava suor em sua testa e corpo. Depois que se equilibrou, seus olhos miraram na visão de Karin. O filho de Odile nunca reparou o quanto a nereida é bela. Os cabelos negros como a noite, pele bronzeada com o sol e maresia e as pernas mais lindas e delicadas já vistas e quando se transforma em cauda de peixe, reluzem sob as águas.

 Noel suspirou excitado e quando se deu conta, envergonhou-se e subiu para o Monte Olimpo. Ele correu para o quarto para evitar de topar com a mãe nos corredores.

 Uma semana depois Pete consultou Gerd para saber se Karin ainda tinha chance de se casar com alguém. O deus arqueiro e profético não tinha boa reação.

 -- As nuvens no céu cobrindo as estrelas de Andrômeda e Perseu... – Apontando para o céu. – E a estrela vermelha querendo atravessar nelas é o indício que Karin se casará com uma criatura estranha.

 Pete tremeu e quase derrubou seu tridente ao chão.

 -- Não tem outra opção? – Perguntou o rei dos mares.

 Gerd olha novamente para o céu e enxergou mais atentamente que a estrela vermelha se movia e fundiu-se com as que ligam as constelações, como quem quisesse unir o casal lendário.

 -- Gerd? – Exigiu Pete. – Por favor...

 -- Te acalma, narigudo! – Ralhou o deus arqueiro. – Só o tempo dirá.

 -- Como assim?

 -- Assim não consigo me concentrar.

 -- É muito importante.

 Ignorando os pedidos da divindade, Gerd seguiu olhando aquela estrela para confirmar sua interpretação. E realmente, só o tempo dirá se Karin vai sobreviver. O difícil era explicar para um deus impaciente que controla as águas com um tridente...

Em Atlantis não era bom sinal. Gerd conversou com os governantes e Fefe saiu correndo, chorando. Karin chorava mais em seu quarto consolada pelas irmãs Emma e Aminta.

 -- E se eu fugir? – Cogitou a mais jovem.

 -- Não adiantaria. – Disse Emma. – Os deuses iam te ver e leva-la de volta.

 Três dias depois Pete e Felicity organizaram uma rápida celebração de casamento no Monte Parnaso. Apenas as nereidas e tritões foram convidados. Karin usava seu vestido de noiva de seda e o véu. Depois da celebração, todos foram embora incluindo a família. Karin foi deixada sozinha no monte. Ela esperou para saber sobre seu “noivo”. Temia o pior. Ser morta ou humilhada. Ainda no período vespertino, as nuvens encobriram o sol, mudando a previsão do tempo. Talvez fosse a chegada dele. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, Karin adormeceu e sentiu seu corpo levitar, levitar e levitar. Uma sensação tão gostosa.

 A jovem nereida acorda assustada e vê que deitou numa cama de casal linda, com a cabeceira de ouro e pedaços de diamante. O quarto era uma beleza. A janela se via o céu estrelado e cortinas de cetim. Ela ainda se encontra com vestido de noiva. A janela se fechou sozinha e em seguida ela sentiu um par de mãos masculinas desfazendo de seu vestido.

 -- Quem é você? – Ela perguntava para o vazio. Não enxergava nada.

 -- Acalme-se, Karin. – O ser respondeu delicadamente e ainda passava as mãos em todo corpo da nereida. – Venha! Está na hora do banho e depois o jantar.

 O banho foi tranquilo. As mesmas mãos ensaboavam seu corpo e massageavam seus cabelos. Vez ou outra a tocava intimamente, mas Karin repreendia. Após o banho, se vestiu e viu a mesa de jantar belíssima e a sala mais ainda: tudo de ouro. Desejou que não fosse o efeito de ouro que seu amigo Oleg havia sofrido...

 Satisfeita com a alimentação, Karin caminhou em todo seu novo lar. Ainda acreditava ser um sonho tudo aquilo. Um castelo feito de ouro e mármore, com estátuas nuas mostrando os movimentos amorosos. Uma hora depois ela voltou para o quarto, tirou a túnica e deitou. Quando fechou os olhos, notou a presença de alguém ao seu lado.

 -- Quem é? – Ela quase saltou fora da cama.

 -- Meu amor. Sou eu! Seu noivo.

 -- E por que não posso te ver?

 -- Minha beleza talvez a assuste o bastante para nunca mais me desejar.

 -- Desde que me recebeu, fui muito bem tratada. Sua voz é melodiosa. Suas mãos são macias.

 -- Por enquanto, fiquemos assim. Sem me ver. Mas posso ainda toca-la... – Respondia Noel, ainda invisível para Karin e aproximando a boca na dela.

 Os dois se beijaram e deitaram juntos. As estrelas riscaram o céu numa chuva brilhante, simbolizando a união do casal realizando seu exercício matrimonial. E foi assim por vários dias. Ainda que goste do seu “marido”, Karin sofria. Não o fato de não vê-lo. Era um dos motivos. O segundo era saudades da família e o terceiro... envolvia o filho do rei do submundo. Karin gostava muito de Nikolai e brincavam juntos nas vezes que seu tio Bran trazia os gêmeos para uma temporada no Monte Olimpo ou em Atlantis ou nos Jogos Olímpicos da Juventude realizados em Atenas.

 -- Tem algo que a preocupa, meu amor?

 -- Tirando que não posso te ver, sinto falta da minha família. E... Não era isso que queria. –Respondeu, chorosa. – Quero ver minha família.

 -- Tudo bem. – Disse Noel, resignado. – Hoje vista sua roupa e durma. Amanhã estará no Monte Parnaso. E seguirá seu caminho à Atlantis. Depois de dois dias, retorne para mim. Faça a mesma coisa. Venha ao monte, me espere e estará de volta.

 A nereida fez exatamente o que o marido ordenou e adormeceu. Noel depositou um beijo nela.

 -- Durma, minha nereida. E volte para terra dos mortais. E não confie em certas nereidas que desejam sua queda.

 Quando acordou, já era dia e reconheceu ser o mesmo lugar onde teve seu noivado. Karin sorriu agradecida e caminhou até a praia e finalmente mergulhou forte até o reino dos pais. A família se reuniu, feliz em ver a filha. Karin contou a verdade como foi com seu futuro marido. Os pais se espantaram, mas sabiam que era parte da profecia do deus arqueiro. As irmãs, embora chocadas, não deixaram de sentirem a felicidade da mais nova. As nereidas do reino ouviam atentamente a história. Poucas não iam com a cara da princesa.

 -- Não sei mais o que faço. – Comentou a princesa.

 -- Ora, Karin. – Disse a mais invejosa. – Se ele não quer se revelar pra você, então é você que vai descobrir. E tem um jeito.

 -- Como?

 -- Espere seu marido dormir. E depois acenda uma vela e chegue perto dele para ver. Se for um monstro, mate-o o quanto antes.

 A pérfida mulher entregou um punhal para Karin que pegou um tanto hesitante. Quando terminou os três dias, ela fez o mesmo ritual no Monte Parnaso. Dormiu sobre a relva e novamente a sensação de leveza a trouxe de volta.

 -- Como foi reencontrar sua família?

 -- Foi incrível. – Sorriu forçadamente.

 Depois da troca de carícias, o marido adormeceu e Karin se levantou com cuidado e acendeu uma vela. Caminhou sem fazer barulho e aproximou a mão com a vela perto da cama. Para surpresa da nereida, o homem ao seu lado era o ser mais belo que ela viu. Moreno, o peito definido com alguns pelos assim como seus braços, as pernas torneadas e as mãos grandes porém macias. Sem querer, derramou um pouco da cera queimada no braço dele. Noel gritou e se acorda e se depara com Karin.

 -- KARIN! – Ele gritou e se levantou bravo.

 -- Oh... Me desculpa! – Dizia a nereida em pânico.

 -- Eu disse para não confiar naquelas nereidas que só querem seu mal. – Proferiu Noel, ainda indignado e levantando a voz. – E MESMO ASSIM NÃO ACREDITOU EM MIM?

 -- Espera, por favor...

 Não adiantou. Noel desapareceu, assim como o palácio deles e seu quarto. Karin retornou para o Monte Parnaso sem nada. Abandonada, a filha de Pete e Felicity chorou desesperada e clamando pelos deuses e chamando sua amiga, Eva.

 Ao ouvir o chamado de sua amiga, Eva desceu do Monte Olimpo e a abraçou.

 -- Amiga, o que houve?

 -- Eva... – Dizia, muito chorosa e soluçando. – Descobri quem é meu marido. E não é um ser horrível como dizia na profecia.

 -- Quem era?

 -- É o arqueiro traiçoeiro do amor, Noel. O filho da Odile e do Franz.

 -- Não! – Eva se espantou. – Logo o filho do deus da guerra e da deusa do amor? Por isso que ela está tão puta da cara no Olimpo?

 Karin ouviu isso e chorou mais ainda nos braços da amiga, agora temendo o pior castigo nas mãos de Odile.

 -- Amiga, calma. Ele deve ter ficado assustado. – Inquiriu para aliviar a dor da nereida. – Ele te ama demais.

 -- Eu acho que ele não me amará mais.

 Karin contou para os pais com ajuda de Eva sobre o ocorrido e no Monte Olimpo, Odile praguejava para todos os cantos a desfeita para o filho e jurou se vingar da nereida. Eva levou sua amiga para o lar dos deuses para uma audiência com a deusa amorosa.

 -- Então? – Dizia Odile, mordaz. – Veio ver se terminou de humilhar meu filho?

 -- Jamais. – Karin caiu de joelhos, implorando para deusa. – Quero pedir perdão. Nunca ia machucar seu filho.

 -- Será mesmo? – Duvidou. – Será mesmo?

 -- Por favor. – Chorando. – Eu juro pelo Estige que farei o que a senhora quiser para me perdoar. Estou arrependida da situação que aconteceu, mas não pude deixar de saber que meu amado é ele. E agora que sei, sinto minha vida mais completa. Me perdoa.

 Os deuses ouviram a conversa e sentiram pena da jovem. Alice admira o quanto a amizade de sua filha com a nereida é forte. Tanto que foi capaz de trazer a amiga para o Monte Olimpo e confrontar uma divindade.

 -- Ela fala a verdade. – Concordou Franz, fungando. – E o Noel se tornou um homem de verdade. E ele saberá o que fazer.

 Odile sorriu e em seguida franziu a sobrancelha, indicando algo mais. Ela já tinha um plano para se livrar de Karin. Tal qual foi com Thomas, o filho de Louise e Gerd, realizando doze tarefas impostas pelos deuses como penitência, Karin foi submetida a diversas tarefas quase impossíveis e mortais por Odile. A deusa tinha certeza que uma hora ou outra ela vai desistir ou até mesmo se cansar até a morte. O que a deusa não contava era que Karin conseguia realizar essas tarefas e não reclamava. Ela fazia e não sofria nada. Na realidade era tudo obra de Eva. A jovem deusa e musa auxiliava Karin sem ela saber e também contou com a participação do deus do vento leste Jon, que é tio de Karin.

 A última tarefa Odile tinha certeza que será o fim de Karin.

 -- Olha aqui. – A deusa escondia suas intenções. – Agora quero que você vá para o Submundo e pegue de volta minha caixa de beleza.

 -- Caixa de beleza? – Repetiu a nereida, curiosa.

 -- Sim. É a minha caixa que contém uma magia poderosa que concedo para quem necessite de beleza. Emprestei para a rainha Ana. Peça de volta para mim. E mais uma coisa: não abra aquela caixa. Nem todos conseguem controlar o poder dela. Entendeu?

 -- Entendi.

 Karin desceu para o Submundo, pagou a Caronte pela travessia no rio Estige e chegou ao templo sombrio de John e Ana. Chegando na porta, ela foi impedida por Cerberus, o cão de três cabeças, latindo forte para a intrusa.

 -- Chega! Para, Cerberus! – Nikolai surgiu para acalmar o bichinho de estimação e os alimentou com três pedaços de carne. – Karin?

 -- Nikolai!

 Ela o abraça e o beija forte. A nereida tinha sentimentos por ele, mas com o amor de Noel cada dia crescente, permitiu que ainda ame sua antiga paixão.

 -- Eu soube que... – Niko não conseguia falar com a língua atrevida de Karin invadindo sua boca. – Que casou com Noel. É verdade?

 -- Sim. Eu o amo. E mesmo assim ainda te amo. Me ajude Nikolai. Preciso obter o perdão da Odile e do Noel. E agora ela me pediu para pegar com sua mãe a caixa de beleza.

 -- Ah sim. – Compreendeu Nikolai. – Venha comigo.

 Niko levou a nereida para o hall de entrada, ficando de frente para os governantes do Submundo. Karin contou toda sua história para Ana e como seu amor por Noel trouxe essa complicação, o perdão da Odile imposta por tarefas impossíveis e finalmente a caixa de beleza. Ana se apiedou da menina e devolveu a caixa de beleza.

 -- Quando tudo isso acabar, venha me visitar aqui ou na Trácia.

 -- O que você faz na Trácia?

 -- Visito Chris e Pearl. E também o pai adotivo dos gêmeos. – Disse Ana, sorrindo ao lembrar de Bran, o deus do vento oeste e os momentos ardentes com ele. – E também Nikolai estará lá.

 -- Claro. Com prazer.

 Karin se retirou do Submundo, deixando Nikolai um pouco triste...

 De volta para terra firme, a nereida caminhava até a montanha e parou para descansar. Olhou para a caixa adornada em prata. Mesmo com os avisos de Odile, a curiosidade era enorme e Karin abriu. Em instantes um vapor negro se alojou em seu rosto, causando o desmaio imediato, dando aspecto de morta.

 Noel, por sua vez, sentia falta de sua bela esposa e nos dias que refugiou-se para o Monte Olimpo, observou seus passos, a trapaça dos amigos, tudo para ajudar Karin ser perdoada por Odile. Ao mesmo tempo viu a nereida beijando Nikolai e descobriu que ela ama o filho dos governantes do Submundo há bastante tempo. Se sentiu mal em dobro por deixa-la e por ciúmes.

 -- Noel! – Melanie entrou nos aposentos do irmão.

 -- Me deixa em paz. – Ele se encolheu todo na cama.

 -- Você sente falta da Karin?

 -- Sinto e... E ela já tem outro. – Chorou e abafou os gritos no travesseiro. – Não devia abandoná-la assim. Ela não merecia.

 Melanie entendia perfeitamente o irmão. Ela mesma tentou forçar Thomas ama-la aprisionando numa dimensão alternativa onde só existiam os dois. E quanto o semideus descobriu a verdade, se encheu de fúria a ponto de destruir a dimensão e se afastar permanentemente dela.

 -- Sempre achei que Nikolai nutrisse sentimentos por ela. – Continuava a deusa. – Mas não pode se abater. Tem que lutar por ela.

 Neste instante Josephine, a filha do deus das forjas, Niki, adentrou o quarto e chamou desesperadamente Noel.

 -- Noel! Pelo Estige resgate a Karin!

 -- O que aconteceu? – Ele se levanta.

 -- Eu acho... Eu acho que ela... está morta!

 Noel soltou um grito que todo Olimpo ouviu. Ele desceu para o mundo dos homens e encontrou Karin caída, com a pele acinzentada e pálida, os olhos abertos e sem cor. Ele segurou o corpo da amada.

 -- Karin... O que você fez? – Ele a abraçava e sentia a pele gelada e morta. Em seguida olhou a caixa ao lado dela e entendeu a situação. Era a caixa de beleza da mãe. Sua amada abriu o cubo e a nuvem grudou em seu ser. – Eu vou curá-la.

 Noel retirou com cuidado a nuvem escura e guardou de volta para caixa. Depois Karin recuperou sua vida. A pele voltou a ganhar a cor bronzeada, o azul oceano de seus olhos e a belíssima boca carnuda com a cor rubra e pronta para o beijo. Ela suspirou e se viu ao lado do marido.

 -- Noel... – Ela chorou. – Meu amor!

 -- Karin! Minha bela! – Ele tocou o rosto dela e puxou para o beijo mais ardente. Em seguida se abraçaram. – Te perdoo, meu bem.

 Finalmente o casal chegou no Monte Olimpo e se apresentaram diante dos deuses. Noel jogou com raiva a caixa de beleza aos pés da mãe.

 -- Tá aí sua caixa! – Disse em tom agressivo. – Você tentou mãe e como sempre, falhou miseravelmente.

 -- Noel! – Odile saiu da cadeira e olhou furiosamente para os dois. – Mais respeito comigo!

 -- E respeite a mim também! – Respondeu. – Eu amo a Karin e já perdoei pelo erro cometido. – Direcionou agora para o líder dos deuses. – Tio Roger, por favor aprove meu casamento. Ela pagou toda dívida que tinha com minha mãe e a aceitei.

 -- Concedido. – Decretou Roger.

 -- Mas... – Odile outra vez ia contestar e depois se calou ao ver o filho feliz ao lado da amada.

 Com a reunião acabada, Karin chamou Noel para a praia.

 -- Preciso te contar uma coisa. – Disse a nereida.

 -- É o Nikolai? – Noel já estava com a resposta na ponta da língua.

 -- Como...?

 -- Eu vi vocês. E não estou bravo.

 -- Por favor, não faça mal a ele!

 -- Jamais faria isso. – Noel segurou as mãos dela. – Eu entendo isso. E nem a afastarei dele.

 Nikolai surgiu atrás das palmeiras e seguiu o casal.

 -- Tenho uma proposta. Karin pode ficar comigo no Submundo ou aqui na terra por seis meses e os outros seis meses com o marido no Monte Olimpo. – Acrescentou o filho de Ana e John.

 Noel se incomodou um pouco com a ideia. Entretanto sabendo que sua esposa nunca esqueceria Nikolai, respeitou a decisão.

 -- Tudo bem. Mas agora Karin e eu vamos desfrutar da vida de casados. Pra valer!

 E realmente foi pra valer. O amor deles cresceu e mesmo com os seis meses para se juntar ao outro amante, Karin teve que ficar mais um pouco no Olimpo por outra razão: ela espera um filho do marido. Nove meses depois entrou em trabalho de parto. Alice e Eva cuidaram da jovem mãe e ela deu à luz um lindo menininho chamado Bobby. O menino nasceu com as mesmas asas divinas do pai, mas também adquiriu a cauda de peixe da mãe.

 -- Meu neto é meio peixe e meio “galinha”. – Comentou o deus da guerra Franz, chocado.

 Felicity beliscou o deus guerreiro e se orgulhava do netinho que chupava o dedinho, feliz.

 Já morando com Nikolai, Karin engravidou de novo e veio uma menina chamada Nina. A bebezinha nasceu com os cabelos bem pretos e os olhos brilhantes dos pais. E totalmente uma nereida. Ana e John mais felizes por serem avós, assim como os governantes dos mares Pete e Felicity.

 O amor pode mostrar muitas formas diferentes. E neste caso ambas as partes concordaram em seguir amando a mesma mulher sem haver discórdias.

 

*Cena 1 pós créditos da Marvel*

 

Com o casamento incomum de Karin e Noel, uma onda de nostalgia se abateu na rainha do Monte Olimpo, Marie. Ela olhava para Península de Ática na esperança de encontrar Jon. Ele estava lá, solitário nas montanhas e cuidando das ovelhas. Os dois tiveram um envolvimento romântico no qual resultou nos filhos Martin, Peter e Dylan.

Depois de Jon, veio outro amante. Um mortal chamado Ulrich. Uli, para os íntimos, era um exímio piloto de carruagens. Tanto que Gerd teve aulas com ele para controlar seus cavalos divinos que conduzem a carruagem solar. Com Uli, também houve frutos maravilhosos. Os semideuses Florian, Freya, Gwenevive e Sabine.

 No entanto quando foi acertar-se com os dois, ela se surpreendeu com uma revelação: o mortal e o deus do vento leste se amavam demais. E eles fizeram questão de incluí-la na relação. Eram bons tempos... E agora planejava se reencontrar com seus amados.

 

 

*Cena 2 pós crédito da Marvel*

 

Melanie caminhava solitária até à Trácia, pensando no futuro. Cada vez que se lembrava da prisão energética que ela mesma criou para ficar com Tommy e em seguida sendo destruída, ela se enchia de culpa. Tudo que ela queria era ser amada por alguém.

 Hans, o irmão e substituto de Noel na arte de unir os casais, teve pena da própria irmã e decidiu ajuda-la. Para a sorte do deus do amor e união, avistou o filho mais novo de Bran e Angie treinando na beira do cânion. Flechou os dois com amor verdadeiro. Melanie sentiu uma fisgada quente no coração e Rupert também e ao mesmo tempo uma súbita vontade de caminhar até encontrar algo. Ele não sabia o que é, mas sabia que tinha de encontrar. Por cinco minutos caminhou até a floresta e encontrou a jovem deusa gótica.

 -- Tudo bem, moça? – Rupert sorria de forma acolhedora.

 Ao ver o jovem semideus, Lanie se encantou por ele. Sim, esse é o tal. Sua paixão.

 -- Estou melhor agora.

 

*Cena 3 pós crédito da Marvel*

 

 Era noite de verão em Atenas e uma jovem caçadora caminhava em silêncio na floresta. Ela olhava para lua e pedia a proteção de sua padroeira, a deusa Rosie. Ela tinha em mente caçar uma das corças mágicas para sua oferenda. Perto do lago avistou a corça bebendo água. A caçadora mirou a flecha e segurava firmemente no arco. Calculou rápido se seria ágil para atingir o animal e teve certeza. Ao menos acreditava ser o certo. Ela disparou, mas a corça foi mais esperta e se desviou. A flecha atingiu alguém.

 --- Ai!

 Em pânico, a caçadora seguiu os sons dos gemidos. Para surpresa dela era um rapaz usando túnica e ao ver as sandálias douradas, sentiu mais medo. Ele é um deus olimpiano.

 -- Mil perdões, meu senhor. – Ela fazia reverência e ao vê-lo, reconheceu ser um dos filhos da pequena deusa com deus arqueiro. No entanto não sabia direito seu nome. – Err... Senhor?

 -- Não me chama assim. Ai! – Ele gemia demais de dor. – Tira pra mim essa flecha?

 Ela obedeceu e retirou a flecha no braço dele. Os dois se sentaram num galho e fizeram os curativos. A caçadora também era deusa. Ela massageou a ferida do braço e em seguida sumia. O outro, espantado, olhou o local do ferimento e agradeceu.

 -- Eh... Muito obrigado. – Sorria para ela.

 -- De nada senhor...

 -- Sou Heinrich.

 -- Ah eu sabia! – Exclamou em tom de alegria. – Você é o deus filósofo e preguiçoso do Olimpo.

 -- Filósofo sim. Preguiçoso é calúnia.  E qual é a sua graça?

 -- Jehnna. – Se apresentou a jovem.

 -- Sei. Filha da deusa Renée com Denis. Mas você não parece ser do tipo seguidora das Hécates.

 -- As aparências enganam. Atualmente sou caçadora.

 Nascia ali uma amizade bem incomum de dois deuses diferentes um do outro.

 

FIM

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