Dobradinha de aniversário da Rosie. E hoje é adaptação reversa de A Bela e a Fera. Uma história de arrependimentos, aceitação e redenção. O título da fanfic é justamente a música do cantor Seal, que está presente no filme Batman Eternamente (aquele que tem o Val Kilmer). Boa leitura!
A
Kiss From a Rose__ Maya Amamiya
Thomas Jones perdeu tudo. O navio que levava seus
tesouros afundou no mar do norte da Inglaterra. Voltou para casa sem um centavo
no bolso. Helen, sua esposa, adoeceu repentinamente e seus filhos cuidaram da
mãe incansavelmente. Enquanto os mais novos estudavam em outra cidade, os mais
velhos em casa ficaram nos afazeres para poupar o trabalho da mãe. Pena que não
foi o suficiente. Três meses depois Helen veio a falecer de tuberculose. Olivia
ajudava financeiramente, mesmo casada com um rico comerciante alemão. Edmund e
Marianne eram os que ficaram.
O pai não tinha a menor vontade de voltar a caçar tesouros,
mas Edmund, otimista, acreditava que há esperança de recuperar as riquezas.
-- Como é? – perguntou o velho pai, chocado.
-- É a única maneira, pai. – disse Edmund, arrumando
sua bolsa e encilhando seu cavalo. – Vou recuperar nossa fortuna e nada do que
me dizer vai mudar de ideia.
Era o fim da discussão e na hora da saída, Ed encontrou
Marianne chorando.
-- E se você não voltar? – Marianne o abraçava.
-- Papai disse que você pode viver na casa dos Romanov.
– Edmund se lembrou que seu pai é amigo íntimo de Alexei Romanov, cuja família
vive ao leste europeu e a filha deles, Anastácia, é amiga de Mari.
Marianne não respondeu, mas se mostrou resignada.
-- Se conseguir algo, pode me trazer um presente?
-- Claro. O que seria?
-- Uma rosa.
Edmund sorriu. Tudo que ele gosta é presentear sua
querida irmã.
-- Vou trazer a mais linda rosa pra você.
No outro dia o filho mais velho seguiu viagem. Sem ideia
para qual direção, Edmund só tinha seus instintos para confiar. O que começou
pela manhã, seguiu o resto da tarde e o anoitecer. Quando chegou a um certo
ponto da viagem, percebeu uma névoa dificultando metade do caminho e ouvia
uivos das feras.
-- Está ficando tarde... E não trouxe algo para dormir.
– Temeu por sua vida e seu cavalo já andava cansado. – Aguente! Vamos seguir
mais um pouco.
E contornando para outro caminho, encontrou um castelo,
aberto e aparentemente vazio. Edmund seguiu com o cavalo e entrou no castelo.
Deixou-o no estábulo cheio de feno e com água fresca. O animal bebeu sem medo e
mesmo com sede e receios, Ed tomou um pouco daquele líquido. Alegrou-se. Se
ofereciam água fresca, é porque os moradores do castelo são pessoas boas.
Abriu a grande porta e surpreendeu-se. Tudo lindo e
resplandescente. A lareira acesa, uma mesa com um banquete pronto, o relógio,
cristaleiras e castiçais belíssimos. E no mesmo instante mãos invisiveis o
ajudavam a segurar seu casaco e o chapéu e ainda o serviram no banquete. Ed
desfrutou da comida e do bom vinho e satisfeito, saiu da mesa e olhou para os
belos castiçais. Pegou um deles e ouviu um uivo forte.
-- O que pensa que está fazendo? – berrou uma voz feminina,
mas semelhante de uma fera. – Ladrão!
-- Não sou! – ele largou o castiçal e olhou para os
lados e não encontrou a dona da voz. – Eu não sou! Por favor acredite em mim!
-- Eu ofereci hospitalidade em meu castelo e tudo que
recebo é você roubando meu castiçal? MERECE A MORTE!
-- NÃO! – Ed se ajoelhou e abaixou a cabeça. – Só
estava vendo. Piedade, eu lhe imploro.
Ouviu um suspiro animal e Ed temeu por sua vida. Pensou
em fugir, mas era capaz da dona, possivelmente uma bruxa, lhe enfeitiçar. Seus
pensamentos foram interrompidos quando avistou uma figura feminina aparente,
usando vestido e o rosto coberto com um capuz verde. Ela ajeitava o castiçal e
notou as mãos dela um tanto peludas e com garras. Engoliu em seco. Olhou
atentamente para os pêlos avermelhados e a delicadeza no olhar dela. Olhos
verdes, porém, de um jeito diferente, mas o rosto era impossível de ver pela
penumbra.
-- Você é uma bruxa? – perguntou o viajante chocado.
Não teve resposta, mas a figura caminhou ao redor dele
e o cheirou como um cachorro farejando seu dono para reconhecê-lo. Afastou-se
dele.
-- Durma. Amanhã é outro dia. – E desapareceu no mesmo
instante entre a escuridão.
Ed tinha mais perguntas e para não irritar a possível
bruxa com mãos peludas, seguiu a ordem dela e foi guiado até o quarto de
hóspedes, que por sinal, era bem confortável. Dormiu com dificuldade por conta
das preocupações, mas relaxou na cama quente. Acordou com os raios de sol
iluminando seu quarto e se arrumou. Chamou pela bruxa.
-- Olá! Senhora?
Caminhou pela extensa sala e nada. Saiu para fora e a
porta se fechou. Seguiu para o estábulo e encontrou seu cavalo, muito bem
descansado, alimentado e encilhado. Antes de ir para o portão, parou para ver
um jardim cheio de rosas brancas e vermelhas. Marianne havia pedido uma rosa.
Quase tocou na flor quando ouviu um suspiro animalesco atrás de si. Olhou e viu
uma fera. A mesma figura de capa verde, vestida e com mãos peludas se revelou
uma fera, uma mulher-loba.
-- Oh minha nossa! – assustou com ela. – Você...
Você...Não me devore.
Ela o ignorou e tocou as roseiras.
-- Não sou como aquela que fez isso comigo. – Disse, um
pouco soturna.
-- Eu... – teve um pouco de medo.
-- Você quer levar esta flor? – perguntou a fera.
-- Bem...
-- VOCÊ QUER OU NÃO? – irritou-se.
-- Sim! – respondeu de imediato, sem se importar se a
fera ia devorar ele e fechou os olhos.
A grande surpresa de Edmund foi ver que a fera lhe deu
a rosa vermelha. Ele pega com receio. Depois a criatura seguiu para entrada do
castelo.
-- Para quem ia presentear? – Ela pergunta se virando
para o rapaz.
-- Minha irmã. – Respondeu Edmund, ansioso. – Marianne.
A fera o encarou e voltou sua atenção para a porta.
-- Eu o perdoo por isso. No entanto...
Edmund engoliu em seco e estava muito nervoso. Temia
por sua vida.
-- Se você me trazer sua irmã em seu lugar dentro de
sete dias, vou poupar sua vida.
-- Senhorita...
-- Fera! – Ela rugiu.
-- Senhorita fera, eu devolvo a flor, mas não... A
Marianne é minha irmã! Um dos meus poucos parentes que me resta. Ao invés dela,
posso vir?
-- Você? – Agora a fera se espantou.
-- Sim! A culpa é toda minha. Só me deixe voltar para
minha família e eu volto... pra cá. Serei seu escravo!
A fera não gostou disso. Odiava a escravidão.
Entretanto, o o belo rapaz se ofereceu.
-- Em sete dias esteja aqui! – Ela caminhou para dentro
do castelo.
Edmund fez o que ela pediu e pegou seu cavalo no
estábulo e seguiu caminho. Chegando no lar da família, estava também os
Romanovs. Ao que parece, a casa ganhou um novo brilho. Os filhos de Alexei e
Tatiana fizeram toda faxina e arrumaram os quartos.
-- Meu filho! – Thomas o abraçou. – Tive medo que
tivesse morrido. Alexei quase mandou Chris e Leon atrás de você.
Ed não falou nada. Apenas se limitou aceitar. No
jantar, não comeu quase nada. Marianne e Anastacia reparavam que ele estava
calado, se limitava a responder com pequenas palavras ou até grunhidos.
Christopher o chamou para floresta e o beijou... E foi rejeitado.
-- O que foi?
-- Não quero.
-- Fiz algo errado.
-- Sim. Me beijou quando não quis. – Edmund se
preparava para voltar para casa.
-- O que está havendo com você? – Perguntou Chris,
preocupado. – Desde que voltou da sua caçada ao tesouro está diferente.
Não respondeu e entrou, deixando o mais velho dos
Romanovs decepcionado.
No terceiro dia, Edmund sonhou com a fera. Um milhão de
pensamentos e possibilidades sobre sua transformação e quem a enfeitiçou. Então
lembrou do que ela falou antes: “Não sou como aquela que fez isso comigo”.
-- Quem é ela que fez isso com você, fera?
Ele voltou a dormir. No sexto dia, contou para Marianne
sobre sua aventura, o castelo no fim da estrada, o acolhimento da moça que é
uma fera e o trato feito com ela.
-- Não! – Marianne fechou a porta. – Você não voltará
para lá!
-- Mari, eu preciso. Devo minha vida aquela fera.
-- Ela que se dane! Os Romanovs são bruxos e caçadores.
Pedirei a eles que a matem!
-- Não faz isso! – Ed se pôs na frente da irmã. – Ela
me deu a rosa de seu jardim porque eu disse que é presente para você. E foi
concedido. Tenho que pagar minha dívida. E teria sido pior se ela quisesse
você.
-- A mim? – Se espantou a jovem.
-- Sim. – Ele suspirou e chorou de costas para irmã. –
Tentei roubar um simples castiçal. Estava desesperado e quase fui morto por
ela. Prometi que em sete dias voltarei para ser o escravo dela. Amanhã cedo
irei. E pelo amor de Deus, não fale para ninguém. Nem para os Romanovs.
Marianne não teve escolha.
No dia seguinte Ed partiu antes do amanhecer. Se
despediu de Marianne. E Chris e Ana observam a partida de Jones. Eles sabiam o
motivo.
-- Ele vai procurar a fera. – Comentou Ana, torcendo um
lençol para controlar sua raiva.
-- Podemos matá-la e o Ed voltará para nós.
-- Não! A maldição a deixou muito poderosa. Mesmo para
nós que temos vantagem, Rosie nos mataria num instante. Por hora, vamos ver
quando Edmund voltará e seguiremos cuidando dos Jones.
E amanheceu. Edmund chegou ao castelo e entrou no hall.
-- Fera! Eu voltei.
Não ouviu nada. Aproveitou para tomar banho e notou que
ganhou roupas novas colocadas na cama. E quando desceu as escadas, viu a mesa
já pronta para o café da manhã e a fera.
-- Espero que goste. – Ela disse, numa voz triste.
-- Está tudo bem? – Ed queria se aproximar dela.
-- Não é nada. Todos os dias vivo triste nesta
condição. Ninguém vem aqui. – Respondeu sem olhar para ele.
-- Não é verdade. – Disse uma voz de menina.
Ed olhou para os lados.
-- Quem disse?
-- Eu!
-- Eu quem?
-- Olha pra mesa e veja uma xícara.
Para a surpresa dele, viu a xícara se mexendo.
-- Você...
-- Calma! Meu nome é Vivian! – Se apresentou a menina
enfeitiçada.
-- Vivian! Não assuste o rapaz. – O bule branco vinha
atrás da xícara e representava com uma voz de uma mulher na casa dos quarenta
anos. – Mil perdões. Sou Martha. A mãe da Vivian e da fera.
Ed se surpreendeu. Aqueles objetos falaram com ele e
eram parentes da fera.
-- Os objetos falam, que intrigante. – Comentou Edmund,
um tanto surpreso.
-- Não se surpreenda. – Avisou Vivian. – Verá que
outros também falam.
-- Melhor não assustar o rapaz. – Pediu Martha e pronta
para servir o chã. – Bebida, querido?
Edmund aceitou e olhava para a fera. Ela olhava para
baixo e não o encarava. O desjejum dos dois foi assim. Silêncio total. O resto
do dia não teve nada de especial. Ed conhecia o castelo, a fera o evitava e
depois conheceu os outros objetos falantes. O relógio Derek, as estátuas
femininas chamadas Suzan e Jane, o busto masculino Micky, o candelabro alemão
de nome Dieter.
Quando anoiteceu, jantaram juntos e finalmente a fera
indagou:
-- Gostou da comida?
-- Sim. – Respondeu assustado.
-- E do meu castelo?
-- Muito bonito. – Edmund sorria forçado ainda com
medo.
-- Tem medo de mim?
Desta vez não respondeu. Ele escolhia as palavras com
cuidado e dependendo do que fosse respondido, teria um destino nada apropriado.
-- Tem medo de mim Edmund? – A fera insistiu na
pergunta, desta vez irritada.
-- Honestamente, sim. – Engoliu em seco.
A fera se acalmou pela honestidade do hóspede e seguiu
comendo.
-- Por mais que eu seja comportada, eu sou assustadora.
– Disse a fera e servindo um copo de vinho. – Mereci esse castigo.
-- Talvez... Fosse necessário pedir desculpas.
-- Se eu fizer isso, aí sim os Romanovs me executam. –
Sorriu e em seguida mudou de assunto. – Sua irmã gostou da rosa?
-- Sim. Ela adorou.
-- E certamente não gostou da ideia do irmão vir de
novo aqui.
-- Nem ela e nem minha família.
Quando enfim terminaram, seguiram para a sala de estar,
um olhando para o outro. Desta vez Edmund viu a aparência do monstro. Uma
cabeleira ruiva, os olhos esverdeados enormes, o focinho escuro e a boca
mostrando belos e enormes caninos. O vestido era azul pomposo e com pulseiras e
brincos perolados.
Em seguida a fera suspirou e se retirou.
-- Até amanhã Edmund.
-- E qual é seu nome?
-- Rosie. – Ela respondeu sem olhar para ele.
Ele não conseguiu dormir e saiu da cama. Ed caminhou
pelos corredores e encontrou uma porta. Abriu, julgando ser outro quarto. A
sala estava vazia, exceto por um objeto. Um espelho longo. O espelho em seguida
revelou a imagem da família de Edmund. O pai adoeceu, os irmãos tentando manter
a casa e Marianne chorando e... com olho roxo. O jovem temeu por eles e antes
que pudesse fazer algo, ele ouve um urro.
-- ONDE ELE ESTÁ? – Era a fera.
Correu para o quarto e encontrou Rosie.
-- O que está fazendo?
-- Minha mãe me aconselhou a dar um presente pra você.
– Ela entrega o presente. Ed não deixou de reparar nas mãos. Peludas e as unhas
grandes do tamanho de garras.
-- Obrigado.
E quando se virou, o bule estava na mesa do quarto.
-- Perdoe minha filha. – Se desculpava Martha, a mãe. –
Ela anda muito nervosa.
Edmund aceitou e adormeceu um pouco calmo com o chã. No
outro dia vestiu a roupa nova que Rosie lhe presenteou. Um tecido gostoso e com
cheiro de novo.
-- Está ótimo senhor.
-- Quem disse isso?
-- Permita-me apresentar. Sou Ulrich, um dos
candelabros. Você conheceu meu irmão.
-- Ah... Oi Ulrich.
-- A fera já está chegando. – Avisou Dieter.
Rosie abriu a porta com agressividade e caminhava
devagar. Ela sangrava no peito.
-- Fera! – Ed a socorreu. – Fera calma.
-- Fecha as cortinas. Por favor.
Ele obedeceu e com a ajuda do pessoal, cuidou de Rosie.
Carregou a fera para o quarto.
-- Mal tenho palavras para agradecer. O que posso fazer
para recompensar-te? – Disse Rosie.
-- Leve-me até minha família. – Ele pediu. – Meu pai
está doente e minha família precisa de mim.
Rosie suspirou e em seguida deu um anel para Edmund.
-- Use quando for dormir hoje e quando acordar, estará
na casa do seu pai. Entretanto, ficará com eles por cinco dias e depois voltará
aqui. – Falou a fera com a voz enfraquecida.
-- Muito obrigado. Cumprirei minha parte!
E então ele o fez. Deitou na cama ainda vestido e
colocou o anel no dedo.
-- Estou chegando... – Disse antes de dormir.
Como uma lufada suave dos ventos da primavera, Ed foi
transportado para a casa e em seguida acordou em seu quarto. Correu para o
quarto do pai.
-- Papai!
O velho Thomas Jones abriu os olhos e sorriu ao rever
seu filho mais velho.
-- Edmund! Você está vivo!
-- Estou aqui papai!
-- Como veio parar aqui?
-- A fera... – Ele sorriu. – Ela permitiu vir aqui.
Em seguida ele foi até a sala e abraçou todos os
parentes. Os Romanovs estava completamente chocados. Juraram que Ed estivesse
morto. Marianne abraçou forte o irmão.
-- Graças a Deus que está vivo! – Marianne chorava e Ed
pôde ver mais atentamente o olho roxo.
-- Quem fez isso com você?
-- Christopher... Mas porque eu não quis me casar com
ele.
-- Ótimo!
Edmund socou Christopher na frente da família que
berrava para cessar as agressões.
-- FORA DA MINHA CASA!
-- Edmund sinto muito. – Lamentava Chris.
-- Ao agredir minha irmã,
está me agredindo também. – Em seguida acertou uma cabeçada no filho mais
velho. – Saia das nossas vidas antes que eu mate todos vocês!
No castelo Rosie gemia de dor e todos os seus amigos
ficaram ao redor dela.
-- Mãe, precisamos chamar o Edmund. – Disse Vivian a
xícara.
-- E como faremos? Não temos mensageiros.
No céu um casal de gaivotas sobrevoava no mar e
avistaram o castelo.
-- Viu o castelo Elena?
-- Sim. Quem mora lá?
-- Veremos.
Dieter e Uli chamaram as aves.
-- Oh por favor pelo bom Deus nos ajudem! –Implorou
Uli.
Elena e o marido pousaram na janela e se impressionaram
com os objetos mágicos falantes.
-- O que aconteceu com vocês? – Questionou a gaivota
fêmea.
-- Fomos enfeitiçados por uma família de bruxos por uma
falta cometida de nossa lady.
Uli explicou tudo para eles e Geoff, o marido de Elena
até chorou.
-- Sabe, voamos há pouco para o campo e vimos esse tal
de Edmund. – Afirmou Elena apontando em qual direção.
-- Por favor, avisem ele pra vir em nome da Rosie. Ele
saberá.
-- Faremos esse favor. – Prometeu Geoff.
Depois que as gaivotas voaram, todos voltaram a sua
atenção para Rosie.
Aqueles quatro dias foram perfeitos para Edmund e sua
família. O pai se recuperou, Marianne se livrou da relação tóxica com
Christopher Romanov e depois firmou noivado com Moses Smith, um fazendeiro
escocês. O pai, intrigado, questionou novamente como o filho veio até eles.
-- Você quis dizer que fugiu da fera?
-- O nome dela é Rosie. – Corrigiu Edmund. – Ela é uma
fera gentil e delicada. Apenas foi uma lástima o que ela fez pra merecer isso.
-- E o que ela fez?
-- Foi amaldiçoada pelos Romanovs.
-- Os mesmos Romanovs que eram nossos amigos?
-- Sim. E amanhã voltarei para o castelo.
-- Não Edmund. Não voltará para esse monstro.
-- Pai pelo amor de Deus. – Implorou. – Ela foi muito
boa comigo e fiz minha promessa. Se eu não voltar a tempo, ela sofrerá e
morrerá.
-- Melhor assim. Um monstro a menos nesse mundo!
Edmund se irritou e se retirou do jantar. No outro dia
Edmund procurou o anel que a fera lhe deu. Vasculhou o quarto e as roupas. Em
seguida questionou os irmãos.
-- Cadê meu anel?
Todos se calaram.
-- CADÊ MEU ANEL? – Ele perguntou bravo e bateu na mesa.
-- Não sei que anel é esse. – Disse Olívia bem
tranquila.
-- O anel que a fera me deu.
-- Papai pegou. – Marianne aponta para ele.
E Então Edmund abordou o pai.
-- Me devolva esse anel.
Thomas não respondeu.
-- ME DEVOLVA!
-- Não está entendendo filho. Essa fera vai
amaldiçoá-lo também!
-- Aquele anel é a garantia da fera para mim! Para
voltar para ela! Eu prometi! Eu quero ficar com ela.
-- Por que Edmund? Por que se importa com aquele ser
repugnante?
-- PORQUE A AMO! – Disse em voz alta.
A determinação de Edmund chocou todos. Aqueles dias de
convivência no castelo com a fera mudou completamente a cabeça dele. As poucas
conversas e o silêncio deles mostrou que a fera estava arrependida e estava
disposta a perdoar. E o velho Thomas reconheceu que o filho estava amando.
-- Me perdoe filho. Se é tão importante, vá falar com
os Romanovs. Dei o anel para Alexei.
Ed abraçou o pai, pegou o cavalo e cavalgou até a
colina próxima onde moram a família Romanov. Alexei estava preparando a
caldeira para derreter o anel mágico.
-- Destruindo esse anel Edmund nunca mais vai procurar
aquela monstrenga. – Alexei estava com raiva. Ele que lançou a maldição em
Rosie e em todos do castelo.
No passado os Romanovs conheciam o clã Donovan vindo da
Irlanda. A filha mais velha Rosie era arrogante e detestava Ana por ser
esperta. E no baile que teve no castelo, Rosie humilhou Ana e a mesma retribuiu
da maneira cruel. Ao invocar a magia das trevas, Ana e o pai transformaram
Rosie num animal antropomórfico e deformado. A família dela e os empregados do
castelo em objetos falantes.
-- Sr. Romanov!
Alexei avistou Edmund chegando.
-- Me dê esse anel antes que eu cometa um crime contra
vocês.
Chris e Leon entregaram a bijuteria.
-- Antes que eu parta, me respondam uma coisa. O que a
fera fez para vocês?
-- Aquela ruiva irlandesa sem alma ofendeu
profundamente minha filha e a todos nós.
-- Nunca fiz algo contra a Rosie. – Admitiu Ana,
chorando. – E ela mereceu por isso.
-- Eu passei uma semana com Rosie e mostrou
arrependimento, embora ela nunca me dissesse o motivo da maldição recebida.
Ele encerrou a conversa,
colocou o anel no dedo e fechou os olhos, sumindo diante dos filhos de Alexei
Romanov.
Edmund se perdeu na floresta e as gaivotas o guiaram
até o castelo. E observaram tudo que ia acontecendo. Ele correu para dentro do
castelo e chamou por Rosie. Até que ele a encontrou no jardim, caída em meio as
rosas. Martha chorava e abraçava Vivian. Dieter, Uli, Derek, Micky e Jane e
Suzan permeceram ao redor dela.
-- Você demorou. – Disse Derek.
-- Ela chorava de dor todos os dias. – Comentou Micky.
-- Por favor pessoal! Eu sei que demorei, mas cheguei
até aqui.
Ele a pegou em seus braços e afastou o cabelo longo
para contemplar o rosto animalesco dela.
-- Fera... Sinto muito por demorar para chegar. Use o
anel. – Colocando o anel no dedo dela. -- Precisa viver.
-- Não consigo Edmund... – Rosie falava devagar. – Se
eu fosse uma mulher, nada... estaria acontecendo.
-- Independente se é uma fera ou não... Eu te amo. –
Ele se aproximava para beijá-la. – Quero me casar com você.
As nuvens foram afastadas e o sol apontou seus raios
para a fera. A energia mágica solar desmanchando a aparência da fera. O vestido
voltou a ser bonito. A pele e o corpo não era mais de um animal. Era humano. O
rosto voltou ao normal e para espanto de Edmund, estava diante da mais bela
mulher que seus olhos viram. Ela despertou e olhou para o homem que ficou com
ela nesse tempo todo.
-- Edmund...
-- Rosie?
Eles se abraçam e ao mesmo tempo a mãe e a irmã
voltaram a serem humanos. Os empregados também. Uli e Dieter dançavam, Jane e
Suzan correram para abraçar e beijar seus maridos. Martha chorava emocionada e
ela e Vivian se uniram no abraço familiar.
-- Muito obrigada Edmund! – Rosie o beijou ardentemente
e foi correspondida.
No entanto a felicidade do casal durou pouco com a
chegada dos Romanovs no castelo. Todos fecharam a cara diante da família.
-- Vieram tripudiar nossa senhora? – Jane pegava a
vassoura pronta para surrar todos.
-- Viemos em paz. – Avisou Alexei.
Ana e Rosie ficaram diante uma da outra.
-- Aprendi a lição Anastacia. – Disse a ruiva. – E
nesses anos todos percebi que jamais devemos julgar por algo externo.
Ana confirmou o arrependimento de Rosie e aceitou o
perdão da irlandesa e de todos. Christopher corteja Vivian...
-- Oi Vivian. – Ele sorria de forma charmosa. – Agora
que não é mais uma xícara, estou disposto a dar uma chance.
-- Oh Chris... -- Disse Vivian, brilhando os olhos. –
Você não me esqueceu e continua sendo esse homem incrível.
-- Casa comigo?
-- Não! – Respondeu em tom blasé e soltando as mãos
dele. – Te perdoei, mas não. Continua o mesmo panaca de sempre.
Ela deu as costas e caminhou de mãos dadas com Dieter,
que antes de virar o candelabro, era o cocheiro das irmãs Donovan e se
apaixonou por Vivian.
-- Que tristeza. – Entristeceu Chris. – Desse jeito vou
virar padre.
No jardim Ed e Rosie ainda se beijavam e pararam.
-- Naquela hora que falou que se casava comigo, era
verdade?
-- Sim! – Confirmou Ed e mostrou o anel que pertencia
sua falecida mãe. – Casa comigo?
Rosie sorriu.
-- Aceito! Aceito! Aceito!
Uma semana depois realizou-se o casamento. Os Romanovs
foram perdoados e Chris também foi perdoado, entretando não poderá chegar perto
de Marianne. Inclusive a irmã de Edmundo conheceu Rosie e entendia
perfeitamente o amor dele pela jovem que era uma criatura horrenda.
Um ano depois Rosie deu a luz um filho chamado Dorian.
Edmund não poderia estar mais feliz. Amar sem julgar a aparência nos ensina a
conhecer melhor as pessoas e desse jeito se tem a redenção.
FIM
*Cena
pós crédito da Marvel*
Geoff e Elena voaram seguindo o bando e se despediram
de seus amigos. Perto do Canal da Mancha avistam um homem no mar nadando e
observando a torre de um castelo. Ele olhava encantado para a mulher loira da
janela. E ele é um tritão.
-- Ela parece a princesa Dianna. Mas não é ela. –
Comentou consigo mesmo.
As gaivotas atentaram-se a todos os detalhes daquela
peripécia, para mais tarde fazerem parte daquela que será em breve outra
história de amor...
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