domingo, 22 de janeiro de 2023

A Kiss from a Rose (Faerie Tale Grindhouse)

 Dobradinha de aniversário da Rosie. E hoje é adaptação reversa de A Bela e a Fera. Uma história de arrependimentos, aceitação e redenção. O título da fanfic é justamente a música do cantor Seal, que está presente no filme Batman Eternamente (aquele que tem o Val Kilmer). Boa leitura!



A Kiss From a Rose__ Maya Amamiya

 

Thomas Jones perdeu tudo. O navio que levava seus tesouros afundou no mar do norte da Inglaterra. Voltou para casa sem um centavo no bolso. Helen, sua esposa, adoeceu repentinamente e seus filhos cuidaram da mãe incansavelmente. Enquanto os mais novos estudavam em outra cidade, os mais velhos em casa ficaram nos afazeres para poupar o trabalho da mãe. Pena que não foi o suficiente. Três meses depois Helen veio a falecer de tuberculose. Olivia ajudava financeiramente, mesmo casada com um rico comerciante alemão. Edmund e Marianne eram os que ficaram.

O pai não tinha a menor vontade de voltar a caçar tesouros, mas Edmund, otimista, acreditava que há esperança de recuperar as riquezas.

-- Como é? – perguntou o velho pai, chocado.

-- É a única maneira, pai. – disse Edmund, arrumando sua bolsa e encilhando seu cavalo. – Vou recuperar nossa fortuna e nada do que me dizer vai mudar de ideia.

Era o fim da discussão e na hora da saída, Ed encontrou Marianne chorando.

-- E se você não voltar? – Marianne o abraçava.

-- Papai disse que você pode viver na casa dos Romanov. – Edmund se lembrou que seu pai é amigo íntimo de Alexei Romanov, cuja família vive ao leste europeu e a filha deles, Anastácia, é amiga de Mari.

Marianne não respondeu, mas se mostrou resignada.

-- Se conseguir algo, pode me trazer um presente?

-- Claro. O que seria?

-- Uma rosa.

Edmund sorriu. Tudo que ele gosta é presentear sua querida irmã.

-- Vou trazer a mais linda rosa pra você.

No outro dia o filho mais velho seguiu viagem. Sem ideia para qual direção, Edmund só tinha seus instintos para confiar. O que começou pela manhã, seguiu o resto da tarde e o anoitecer. Quando chegou a um certo ponto da viagem, percebeu uma névoa dificultando metade do caminho e ouvia uivos das feras.

-- Está ficando tarde... E não trouxe algo para dormir. – Temeu por sua vida e seu cavalo já andava cansado. – Aguente! Vamos seguir mais um pouco.

E contornando para outro caminho, encontrou um castelo, aberto e aparentemente vazio. Edmund seguiu com o cavalo e entrou no castelo. Deixou-o no estábulo cheio de feno e com água fresca. O animal bebeu sem medo e mesmo com sede e receios, Ed tomou um pouco daquele líquido. Alegrou-se. Se ofereciam água fresca, é porque os moradores do castelo são pessoas boas.

Abriu a grande porta e surpreendeu-se. Tudo lindo e resplandescente. A lareira acesa, uma mesa com um banquete pronto, o relógio, cristaleiras e castiçais belíssimos. E no mesmo instante mãos invisiveis o ajudavam a segurar seu casaco e o chapéu e ainda o serviram no banquete. Ed desfrutou da comida e do bom vinho e satisfeito, saiu da mesa e olhou para os belos castiçais. Pegou um deles e ouviu um uivo forte.

-- O que pensa que está fazendo? – berrou uma voz feminina, mas semelhante de uma fera.  – Ladrão!

-- Não sou! – ele largou o castiçal e olhou para os lados e não encontrou a dona da voz. – Eu não sou! Por favor acredite em mim!

-- Eu ofereci hospitalidade em meu castelo e tudo que recebo é você roubando meu castiçal? MERECE A MORTE!

-- NÃO! – Ed se ajoelhou e abaixou a cabeça. – Só estava vendo. Piedade, eu lhe imploro.

Ouviu um suspiro animal e Ed temeu por sua vida. Pensou em fugir, mas era capaz da dona, possivelmente uma bruxa, lhe enfeitiçar. Seus pensamentos foram interrompidos quando avistou uma figura feminina aparente, usando vestido e o rosto coberto com um capuz verde. Ela ajeitava o castiçal e notou as mãos dela um tanto peludas e com garras. Engoliu em seco. Olhou atentamente para os pêlos avermelhados e a delicadeza no olhar dela. Olhos verdes, porém, de um jeito diferente, mas o rosto era impossível de ver pela penumbra.

-- Você é uma bruxa? – perguntou o viajante chocado.

Não teve resposta, mas a figura caminhou ao redor dele e o cheirou como um cachorro farejando seu dono para reconhecê-lo. Afastou-se dele.

-- Durma. Amanhã é outro dia. – E desapareceu no mesmo instante entre a escuridão.

Ed tinha mais perguntas e para não irritar a possível bruxa com mãos peludas, seguiu a ordem dela e foi guiado até o quarto de hóspedes, que por sinal, era bem confortável. Dormiu com dificuldade por conta das preocupações, mas relaxou na cama quente. Acordou com os raios de sol iluminando seu quarto e se arrumou. Chamou pela bruxa.

-- Olá! Senhora?

Caminhou pela extensa sala e nada. Saiu para fora e a porta se fechou. Seguiu para o estábulo e encontrou seu cavalo, muito bem descansado, alimentado e encilhado. Antes de ir para o portão, parou para ver um jardim cheio de rosas brancas e vermelhas. Marianne havia pedido uma rosa. Quase tocou na flor quando ouviu um suspiro animalesco atrás de si. Olhou e viu uma fera. A mesma figura de capa verde, vestida e com mãos peludas se revelou uma fera, uma mulher-loba.

-- Oh minha nossa! – assustou com ela. – Você... Você...Não me devore.

Ela o ignorou e tocou as roseiras.

-- Não sou como aquela que fez isso comigo. – Disse, um pouco soturna.

-- Eu... – teve um pouco de medo.

-- Você quer levar esta flor? – perguntou a fera.

-- Bem...

-- VOCÊ QUER OU NÃO? – irritou-se.

-- Sim! – respondeu de imediato, sem se importar se a fera ia devorar ele e fechou os olhos.

A grande surpresa de Edmund foi ver que a fera lhe deu a rosa vermelha. Ele pega com receio. Depois a criatura seguiu para entrada do castelo.

-- Para quem ia presentear? – Ela pergunta se virando para o rapaz.

-- Minha irmã. – Respondeu Edmund, ansioso. – Marianne.

A fera o encarou e voltou sua atenção para a porta.

-- Eu o perdoo por isso. No entanto...

Edmund engoliu em seco e estava muito nervoso. Temia por sua vida.

-- Se você me trazer sua irmã em seu lugar dentro de sete dias, vou poupar sua vida.

-- Senhorita...

-- Fera! – Ela rugiu.

-- Senhorita fera, eu devolvo a flor, mas não... A Marianne é minha irmã! Um dos meus poucos parentes que me resta. Ao invés dela, posso vir?

-- Você? – Agora a fera se espantou.

-- Sim! A culpa é toda minha. Só me deixe voltar para minha família e eu volto... pra cá. Serei seu escravo!

A fera não gostou disso. Odiava a escravidão. Entretanto, o o belo rapaz se ofereceu.

-- Em sete dias esteja aqui! – Ela caminhou para dentro do castelo.

Edmund fez o que ela pediu e pegou seu cavalo no estábulo e seguiu caminho. Chegando no lar da família, estava também os Romanovs. Ao que parece, a casa ganhou um novo brilho. Os filhos de Alexei e Tatiana fizeram toda faxina e arrumaram os quartos.

-- Meu filho! – Thomas o abraçou. – Tive medo que tivesse morrido. Alexei quase mandou Chris e Leon atrás de você.

Ed não falou nada. Apenas se limitou aceitar. No jantar, não comeu quase nada. Marianne e Anastacia reparavam que ele estava calado, se limitava a responder com pequenas palavras ou até grunhidos. Christopher o chamou para floresta e o beijou... E foi rejeitado.

-- O que foi?

-- Não quero.

-- Fiz algo errado.

-- Sim. Me beijou quando não quis. – Edmund se preparava para voltar para casa.

-- O que está havendo com você? – Perguntou Chris, preocupado. – Desde que voltou da sua caçada ao tesouro está diferente.

Não respondeu e entrou, deixando o mais velho dos Romanovs decepcionado.

No terceiro dia, Edmund sonhou com a fera. Um milhão de pensamentos e possibilidades sobre sua transformação e quem a enfeitiçou. Então lembrou do que ela falou antes: “Não sou como aquela que fez isso comigo”.

-- Quem é ela que fez isso com você, fera?

Ele voltou a dormir. No sexto dia, contou para Marianne sobre sua aventura, o castelo no fim da estrada, o acolhimento da moça que é uma fera e o trato feito com ela.

-- Não! – Marianne fechou a porta. – Você não voltará para lá!

-- Mari, eu preciso. Devo minha vida aquela fera.

-- Ela que se dane! Os Romanovs são bruxos e caçadores. Pedirei a eles que a matem!

-- Não faz isso! – Ed se pôs na frente da irmã. – Ela me deu a rosa de seu jardim porque eu disse que é presente para você. E foi concedido. Tenho que pagar minha dívida. E teria sido pior se ela quisesse você.

-- A mim? – Se espantou a jovem.

-- Sim. – Ele suspirou e chorou de costas para irmã. – Tentei roubar um simples castiçal. Estava desesperado e quase fui morto por ela. Prometi que em sete dias voltarei para ser o escravo dela. Amanhã cedo irei. E pelo amor de Deus, não fale para ninguém. Nem para os Romanovs.

Marianne não teve escolha.

No dia seguinte Ed partiu antes do amanhecer. Se despediu de Marianne. E Chris e Ana observam a partida de Jones. Eles sabiam o motivo.

-- Ele vai procurar a fera. – Comentou Ana, torcendo um lençol para controlar sua raiva.

-- Podemos matá-la e o Ed voltará para nós.

-- Não! A maldição a deixou muito poderosa. Mesmo para nós que temos vantagem, Rosie nos mataria num instante. Por hora, vamos ver quando Edmund voltará e seguiremos cuidando dos Jones.

E amanheceu. Edmund chegou ao castelo e entrou no hall.

-- Fera! Eu voltei.

Não ouviu nada. Aproveitou para tomar banho e notou que ganhou roupas novas colocadas na cama. E quando desceu as escadas, viu a mesa já pronta para o café da manhã e a fera.

-- Espero que goste. – Ela disse, numa voz triste.

-- Está tudo bem? – Ed queria se aproximar dela.

-- Não é nada. Todos os dias vivo triste nesta condição. Ninguém vem aqui. – Respondeu sem olhar para ele.

-- Não é verdade. – Disse uma voz de menina.

Ed olhou para os lados.

-- Quem disse?

-- Eu!

-- Eu quem?

-- Olha pra mesa e veja uma xícara.

Para a surpresa dele, viu a xícara se mexendo.

-- Você...

-- Calma! Meu nome é Vivian! – Se apresentou a menina enfeitiçada.

-- Vivian! Não assuste o rapaz. – O bule branco vinha atrás da xícara e representava com uma voz de uma mulher na casa dos quarenta anos. – Mil perdões. Sou Martha. A mãe da Vivian e da fera.

Ed se surpreendeu. Aqueles objetos falaram com ele e eram parentes da fera.

-- Os objetos falam, que intrigante. – Comentou Edmund, um tanto surpreso.

-- Não se surpreenda. – Avisou Vivian. – Verá que outros também falam.

-- Melhor não assustar o rapaz. – Pediu Martha e pronta para servir o chã. – Bebida, querido?

Edmund aceitou e olhava para a fera. Ela olhava para baixo e não o encarava. O desjejum dos dois foi assim. Silêncio total. O resto do dia não teve nada de especial. Ed conhecia o castelo, a fera o evitava e depois conheceu os outros objetos falantes. O relógio Derek, as estátuas femininas chamadas Suzan e Jane, o busto masculino Micky, o candelabro alemão de nome Dieter.

Quando anoiteceu, jantaram juntos e finalmente a fera indagou:

-- Gostou da comida?

-- Sim. – Respondeu assustado.

-- E do meu castelo?

-- Muito bonito. – Edmund sorria forçado ainda com medo.

-- Tem medo de mim?

Desta vez não respondeu. Ele escolhia as palavras com cuidado e dependendo do que fosse respondido, teria um destino nada apropriado.

-- Tem medo de mim Edmund? – A fera insistiu na pergunta, desta vez irritada.

-- Honestamente, sim. – Engoliu em seco.

A fera se acalmou pela honestidade do hóspede e seguiu comendo.

-- Por mais que eu seja comportada, eu sou assustadora. – Disse a fera e servindo um copo de vinho. – Mereci esse castigo.

-- Talvez... Fosse necessário pedir desculpas.

-- Se eu fizer isso, aí sim os Romanovs me executam. – Sorriu e em seguida mudou de assunto. – Sua irmã gostou da rosa?

-- Sim. Ela adorou.

-- E certamente não gostou da ideia do irmão vir de novo aqui.

-- Nem ela e nem minha família.

Quando enfim terminaram, seguiram para a sala de estar, um olhando para o outro. Desta vez Edmund viu a aparência do monstro. Uma cabeleira ruiva, os olhos esverdeados enormes, o focinho escuro e a boca mostrando belos e enormes caninos. O vestido era azul pomposo e com pulseiras e brincos perolados.

Em seguida a fera suspirou e se retirou.

-- Até amanhã Edmund.

-- E qual é seu nome?

-- Rosie. – Ela respondeu sem olhar para ele.

Ele não conseguiu dormir e saiu da cama. Ed caminhou pelos corredores e encontrou uma porta. Abriu, julgando ser outro quarto. A sala estava vazia, exceto por um objeto. Um espelho longo. O espelho em seguida revelou a imagem da família de Edmund. O pai adoeceu, os irmãos tentando manter a casa e Marianne chorando e... com olho roxo. O jovem temeu por eles e antes que pudesse fazer algo, ele ouve um urro.

-- ONDE ELE ESTÁ? – Era a fera.

Correu para o quarto e encontrou Rosie.

-- O que está fazendo?

-- Minha mãe me aconselhou a dar um presente pra você. – Ela entrega o presente. Ed não deixou de reparar nas mãos. Peludas e as unhas grandes do tamanho de garras.

-- Obrigado.

E quando se virou, o bule estava na mesa do quarto.

-- Perdoe minha filha. – Se desculpava Martha, a mãe. – Ela anda muito nervosa.

Edmund aceitou e adormeceu um pouco calmo com o chã. No outro dia vestiu a roupa nova que Rosie lhe presenteou. Um tecido gostoso e com cheiro de novo.

-- Está ótimo senhor.

-- Quem disse isso?

-- Permita-me apresentar. Sou Ulrich, um dos candelabros. Você conheceu meu irmão.

-- Ah... Oi Ulrich.

-- A fera já está chegando. – Avisou Dieter.

Rosie abriu a porta com agressividade e caminhava devagar. Ela sangrava no peito.

-- Fera! – Ed a socorreu. – Fera calma.

-- Fecha as cortinas. Por favor.

Ele obedeceu e com a ajuda do pessoal, cuidou de Rosie. Carregou a fera para o quarto.

-- Mal tenho palavras para agradecer. O que posso fazer para recompensar-te? – Disse Rosie.

-- Leve-me até minha família. – Ele pediu. – Meu pai está doente e minha família precisa de mim.

Rosie suspirou e em seguida deu um anel para Edmund.

-- Use quando for dormir hoje e quando acordar, estará na casa do seu pai. Entretanto, ficará com eles por cinco dias e depois voltará aqui. – Falou a fera com a voz enfraquecida.

-- Muito obrigado. Cumprirei minha parte!

E então ele o fez. Deitou na cama ainda vestido e colocou o anel no dedo.

-- Estou chegando... – Disse antes de dormir.

Como uma lufada suave dos ventos da primavera, Ed foi transportado para a casa e em seguida acordou em seu quarto. Correu para o quarto do pai.

-- Papai!

O velho Thomas Jones abriu os olhos e sorriu ao rever seu filho mais velho.

-- Edmund! Você está vivo!

-- Estou aqui papai!

-- Como veio parar aqui?

-- A fera... – Ele sorriu. – Ela permitiu vir aqui.

Em seguida ele foi até a sala e abraçou todos os parentes. Os Romanovs estava completamente chocados. Juraram que Ed estivesse morto. Marianne abraçou forte o irmão.

-- Graças a Deus que está vivo! – Marianne chorava e Ed pôde ver mais atentamente o olho roxo.

-- Quem fez isso com você?

-- Christopher... Mas porque eu não quis me casar com ele.

-- Ótimo!

Edmund socou Christopher na frente da família que berrava para cessar as agressões.

-- FORA DA MINHA CASA!

-- Edmund sinto muito. – Lamentava Chris.

-- Ao agredir minha irmã, está me agredindo também. – Em seguida acertou uma cabeçada no filho mais velho. – Saia das nossas vidas antes que eu mate todos vocês!

No castelo Rosie gemia de dor e todos os seus amigos ficaram ao redor dela.

-- Mãe, precisamos chamar o Edmund. – Disse Vivian a xícara.

-- E como faremos? Não temos mensageiros.

No céu um casal de gaivotas sobrevoava no mar e avistaram o castelo.

-- Viu o castelo Elena?

-- Sim. Quem mora lá?

-- Veremos.

Dieter e Uli chamaram as aves.

-- Oh por favor pelo bom Deus nos ajudem! –Implorou Uli.

Elena e o marido pousaram na janela e se impressionaram com os objetos mágicos falantes.

-- O que aconteceu com vocês? – Questionou a gaivota fêmea.

-- Fomos enfeitiçados por uma família de bruxos por uma falta cometida de nossa lady.

Uli explicou tudo para eles e Geoff, o marido de Elena até chorou.

-- Sabe, voamos há pouco para o campo e vimos esse tal de Edmund. – Afirmou Elena apontando em qual direção.

-- Por favor, avisem ele pra vir em nome da Rosie. Ele saberá.

-- Faremos esse favor. – Prometeu Geoff.

Depois que as gaivotas voaram, todos voltaram a sua atenção para Rosie.

 

 

Aqueles quatro dias foram perfeitos para Edmund e sua família. O pai se recuperou, Marianne se livrou da relação tóxica com Christopher Romanov e depois firmou noivado com Moses Smith, um fazendeiro escocês. O pai, intrigado, questionou novamente como o filho veio até eles.

-- Você quis dizer que fugiu da fera?

-- O nome dela é Rosie. – Corrigiu Edmund. – Ela é uma fera gentil e delicada. Apenas foi uma lástima o que ela fez pra merecer isso.

-- E o que ela fez?

-- Foi amaldiçoada pelos Romanovs.

-- Os mesmos Romanovs que eram nossos amigos?

-- Sim. E amanhã voltarei para o castelo.

-- Não Edmund. Não voltará para esse monstro.

-- Pai pelo amor de Deus. – Implorou. – Ela foi muito boa comigo e fiz minha promessa. Se eu não voltar a tempo, ela sofrerá e morrerá.

-- Melhor assim. Um monstro a menos nesse mundo!

Edmund se irritou e se retirou do jantar. No outro dia Edmund procurou o anel que a fera lhe deu. Vasculhou o quarto e as roupas. Em seguida questionou os irmãos.

-- Cadê meu anel?

Todos se calaram.

-- CADÊ MEU ANEL? – Ele perguntou bravo e bateu na mesa.

-- Não sei que anel é esse. – Disse Olívia bem tranquila.

-- O anel que a fera me deu.

-- Papai pegou. – Marianne aponta para ele.

E Então Edmund abordou o pai.

-- Me devolva esse anel.

Thomas não respondeu.

-- ME DEVOLVA!

-- Não está entendendo filho. Essa fera vai amaldiçoá-lo também!

-- Aquele anel é a garantia da fera para mim! Para voltar para ela! Eu prometi! Eu quero ficar com ela.

-- Por que Edmund? Por que se importa com aquele ser repugnante?

-- PORQUE A AMO! – Disse em voz alta.

A determinação de Edmund chocou todos. Aqueles dias de convivência no castelo com a fera mudou completamente a cabeça dele. As poucas conversas e o silêncio deles mostrou que a fera estava arrependida e estava disposta a perdoar. E o velho Thomas reconheceu que o filho estava amando.

-- Me perdoe filho. Se é tão importante, vá falar com os Romanovs. Dei o anel para Alexei.

Ed abraçou o pai, pegou o cavalo e cavalgou até a colina próxima onde moram a família Romanov. Alexei estava preparando a caldeira para derreter o anel mágico.

-- Destruindo esse anel Edmund nunca mais vai procurar aquela monstrenga. – Alexei estava com raiva. Ele que lançou a maldição em Rosie e em todos do castelo.

No passado os Romanovs conheciam o clã Donovan vindo da Irlanda. A filha mais velha Rosie era arrogante e detestava Ana por ser esperta. E no baile que teve no castelo, Rosie humilhou Ana e a mesma retribuiu da maneira cruel. Ao invocar a magia das trevas, Ana e o pai transformaram Rosie num animal antropomórfico e deformado. A família dela e os empregados do castelo em objetos falantes.

-- Sr. Romanov!

Alexei avistou Edmund chegando.

-- Me dê esse anel antes que eu cometa um crime contra vocês.

Chris e Leon entregaram a bijuteria.

-- Antes que eu parta, me respondam uma coisa. O que a fera fez para vocês?

-- Aquela ruiva irlandesa sem alma ofendeu profundamente minha filha e a todos nós.

-- Nunca fiz algo contra a Rosie. – Admitiu Ana, chorando. – E ela mereceu por isso.

-- Eu passei uma semana com Rosie e mostrou arrependimento, embora ela nunca me dissesse o motivo da maldição recebida.

Ele encerrou a conversa, colocou o anel no dedo e fechou os olhos, sumindo diante dos filhos de Alexei Romanov.

 

Edmund se perdeu na floresta e as gaivotas o guiaram até o castelo. E observaram tudo que ia acontecendo. Ele correu para dentro do castelo e chamou por Rosie. Até que ele a encontrou no jardim, caída em meio as rosas. Martha chorava e abraçava Vivian. Dieter, Uli, Derek, Micky e Jane e Suzan permeceram ao redor dela.

-- Você demorou. – Disse Derek.

-- Ela chorava de dor todos os dias. – Comentou Micky.

-- Por favor pessoal! Eu sei que demorei, mas cheguei até aqui.

Ele a pegou em seus braços e afastou o cabelo longo para contemplar o rosto animalesco dela.

-- Fera... Sinto muito por demorar para chegar. Use o anel. – Colocando o anel no dedo dela. -- Precisa viver.

-- Não consigo Edmund... – Rosie falava devagar. – Se eu fosse uma mulher, nada... estaria acontecendo.

-- Independente se é uma fera ou não... Eu te amo. – Ele se aproximava para beijá-la. – Quero me casar com você.

As nuvens foram afastadas e o sol apontou seus raios para a fera. A energia mágica solar desmanchando a aparência da fera. O vestido voltou a ser bonito. A pele e o corpo não era mais de um animal. Era humano. O rosto voltou ao normal e para espanto de Edmund, estava diante da mais bela mulher que seus olhos viram. Ela despertou e olhou para o homem que ficou com ela nesse tempo todo.

-- Edmund...

-- Rosie?

Eles se abraçam e ao mesmo tempo a mãe e a irmã voltaram a serem humanos. Os empregados também. Uli e Dieter dançavam, Jane e Suzan correram para abraçar e beijar seus maridos. Martha chorava emocionada e ela e Vivian se uniram no abraço familiar.

-- Muito obrigada Edmund! – Rosie o beijou ardentemente e foi correspondida.

No entanto a felicidade do casal durou pouco com a chegada dos Romanovs no castelo. Todos fecharam a cara diante da família.

-- Vieram tripudiar nossa senhora? – Jane pegava a vassoura pronta para surrar todos.

-- Viemos em paz. – Avisou Alexei.

Ana e Rosie ficaram diante uma da outra.

-- Aprendi a lição Anastacia. – Disse a ruiva. – E nesses anos todos percebi que jamais devemos julgar por algo externo.

Ana confirmou o arrependimento de Rosie e aceitou o perdão da irlandesa e de todos. Christopher corteja Vivian...

-- Oi Vivian. – Ele sorria de forma charmosa. – Agora que não é mais uma xícara, estou disposto a dar uma chance.

-- Oh Chris... -- Disse Vivian, brilhando os olhos. – Você não me esqueceu e continua sendo esse homem incrível.

-- Casa comigo?

-- Não! – Respondeu em tom blasé e soltando as mãos dele. – Te perdoei, mas não. Continua o mesmo panaca de sempre.

Ela deu as costas e caminhou de mãos dadas com Dieter, que antes de virar o candelabro, era o cocheiro das irmãs Donovan e se apaixonou por Vivian.

-- Que tristeza. – Entristeceu Chris. – Desse jeito vou virar padre.

No jardim Ed e Rosie ainda se beijavam e pararam.

-- Naquela hora que falou que se casava comigo, era verdade?

-- Sim! – Confirmou Ed e mostrou o anel que pertencia sua falecida mãe. – Casa comigo?

Rosie sorriu.

-- Aceito! Aceito! Aceito!

Uma semana depois realizou-se o casamento. Os Romanovs foram perdoados e Chris também foi perdoado, entretando não poderá chegar perto de Marianne. Inclusive a irmã de Edmundo conheceu Rosie e entendia perfeitamente o amor dele pela jovem que era uma criatura horrenda.

Um ano depois Rosie deu a luz um filho chamado Dorian. Edmund não poderia estar mais feliz. Amar sem julgar a aparência nos ensina a conhecer melhor as pessoas e desse jeito se tem a redenção.

 

FIM

 

*Cena pós crédito da Marvel*

Geoff e Elena voaram seguindo o bando e se despediram de seus amigos. Perto do Canal da Mancha avistam um homem no mar nadando e observando a torre de um castelo. Ele olhava encantado para a mulher loira da janela. E ele é um tritão.

-- Ela parece a princesa Dianna. Mas não é ela. – Comentou consigo mesmo.

As gaivotas atentaram-se a todos os detalhes daquela peripécia, para mais tarde fazerem parte daquela que será em breve outra história de amor...

Nenhum comentário:

Postar um comentário