Capitulo 4: I'm So Glad
Rosie
POV
Ainda
não acreditava que Eric Clapton apareceu aqui na minha casa, ou melhor, na
república onde eu moro com meus amigos da faculdade. Quem estava totalmente
alegre era Marianne. Não é pra menos. Depois de arrebatar o coração do
baterista Ginger Baker, ela ficou procurando sua melhor roupa, seu melhor sapato, visualizou revistas de
moda pra saber qual penteado era perfeito num show de rock. Marianne teve seu
dia de beleza.
Quanto
a mim, fui trabalhar com Sr. Benson no escritório e depois fomos para a
faculdade, onde ele teria uma reunião com reitor para decidir os últimos detalhes
do show, se não teria riscos de acidentes ou assaltos à mão armada. Felizmente tudo resolvido e rumamos ao salão
onde tem um palco bem armado com caixas de som e muitos amplificadores
conectados. Os roadies já deixavam os
instrumentos selecionados os testes e afinação. O grupo estava ali no palco,
tocando o que parecia ser uma música. Vi Ginger olhando sua bateria pra
certificar que ninguém a tirou do lugar, Jack ajeitava uma das cordas do seu
baixo e Eric baixando o som de sua guitarra de acordo com ambiente. Fiquei olhando pra ele enquanto Benson
conversava com a equipe do palco e com grêmio organizador de eventos sociais da
faculdade. Permaneci ali, seduzida por
aquele homem vindo de Ripley. Era como se um laço mágico me unia a ele. Talvez
ele sentisse o mesmo que eu. Quem sabe...
Sem
querer, chutei uma lata de refrigerante e todo mundo ficou assustado por causa
do tamanho eco provocado. E advinha quem notou? Para meu desprazer não era Eric
e sim o desagradável e tarado Jack Bruce. Aquele baixista tinha mesmo um jeito
de tarado, louco e bipolar, para todos o chamarem de Dr. Jekyll .
--
Ora, ora, se não é a bela secretária do Benson. – Disse o baixista e caminhando
em minha direção.
--
Me desculpe. Não era minha intenção de interromper todos vocês.
Tentei
me desculpar com ele e com os outros dois. Eric não disse nada, apenas sorriu
pra mim daquele jeito que amo.
Retirei-me
rápido dali se não ia sofrer mais constrangimentos. Alguém segura meu braço e
me virei pra saber quem era. Ginger Baker, o baterista ruivão (e de barba
feita) respirava com dificuldade.
--
Ouça... --- Ele dizia enquanto reunia mais oxigênio. – Aquela sua amiga... A
tal Marianne... Ela vai aparecer no show?
--
Vai sim, ela me confirmou hoje. Eu e ela estaremos hoje a noite.
--
Oh muito obrigada, senhorita. Você é mesmo uma garota e tanto. Não é a toa que
Eric gostou tanto de você.
Ginger
voltou para o palco, desta vez caminhando e não correndo como antes fez.
Onze
e cinquenta da manhã eu fui pra casa almoçar e descansar. Acabei tirando um
cochilo e nele sonhei com o adorável Eric Clapton...
Não
vou dar detalhes do meu sonho, pois contém umas cenas... Inapropriadas em serem
descritas.
Acordei
umas desesseis da tarde e o show era às dezenove horas. E para piorar, não escolhi
uma boa roupa. Para minha sorte, tinha umas libras para gastar e as lojas só
fechavam as dezessete. Voei até o centro e comprei um vestido roxo de pequenas
estrelinhas de lantejoulas brilhantes, uma blusa manga longa branca, um par de
sapatos pretos e brincos discretíssimos.
Passei
aquela tarde toda arrumando meu quarto (fui muito bagunceira), a casa e depois
dedicar para meu visual. Marianne também se aprontava toda e ficava gemendo por
Ginger Baker a ponto de Mike tirar sarro daquela situação.
18h30.
Meia hora pro show. A turma toda tinha ido pro show e só Marianne e eu ficamos
em casa para nos arrumar.
--
Rosie, não se atrase. O táxi está lá fora nos esperando. Rápido, mocinha de
Liverpool! Não quero perder a única chance de ver Ginger Baker no palco.
--
Ok, estou pronta! Vamos logo!
Entramos
no táxi e menos de vinte minutos chegamos à faculdade. Todos os alunos estavam ali para assistir um
show de rock nunca antes acontecido naquele local, desde que os Beatles
surgiram.
Via
Marianne elétrica de tanta felicidade.
--
Nossa, Rosie! Não fico assim desde que fui ver Os Kinks se apresentarem na TV
Blackpool*. É simplesmente maravilhoso pra mim!
--
Sei muito bem como é. Senti isso quando vi Os Beatles no London Palladium.**
--
Você é mesmo uma garota sortuda, amiga!
Finalmente
o show começa. O grupo entra, faz um rápido teste de som nos microfones e
instrumentos pra enfim, falarem com público.
--
Boa noite! Para quem não sabe ou sabe, somos o Cream. Esse guitarrista meio
retraído, garotas, é o Eric Clapton. O baterista é Ginger Baker e eu sou Jack
Bruce, seu humilde vocalista e baixista. Vamos pessoal?
--
AGORA, TOCAREMOS “I FEEL FREE”! – Gritou o baterista.
Além
de “I Feel Free”, eles tocaram “Spoonful”, “The Coffee Song” e outras músicas
do primeiro disco deles, junto com alguns covers de alguns cantores de
blues. O show estava chegando ao fim.
Eric me viu entre as pessoas. Ela sabia há muito tempo que tinha ficado ali.
Parece que ele esperou o tempo certo pra finalmente cantar e olhar pra mim. E
foi justo no momento em que ele toca “I’m So Glad”.
I´m so glad
i´m so glad
i´m glad, i´m glad, i´m glad
tired of weeping
tired of moaning
tired of groaning for you
don´t know what to do
don´t know what to do
don´t know what to do
Não é preciso
dizer que eu e todos os estudantes agitamos legal aquele salão de shows. No fim
da música eles se despediram e Eric deu uma última olhada pra mim. Foi então
que saquei. Eu tinha de vê-lo logo antes que outra garota o achasse.
Procurei Marianne
e não a encontrei. Entrei em pânico quando alguém de novo toca meu braço. Era
Ginger Baker de novo... e acompanhado da Marianne.
-- Vem com a
gente. O Clapton está esperando no camarim.
Segui com eles
até os bastidores. Ginger abriu a porta e aparentemente o camarim estava vazio,
com exceção de uma porta fechada e um barulho meio estranho, assemelhado a
gemidos e fornicação.
.
-- Se eu fosse
você, não entrava nessa porta. O Jekyll está
“ocupado”.
-- Ah, muito
obrigada. – Era um alivio saber que não era o Clapton naquela porta e sim o
taradão.
Eric saiu do
provador de roupas só de calça e sapato e ficou envergonhado quando me viu ali
e tratou de vestir uma camisa.
-- Achei que
tivesse se esquecido de mim. – Ele disse tentando disfarçar sua vergonha.
-- Como posso me
esquecer de um homem tão incrível como você?
Encarei fundo
naquele par de olhos tímidos e ao mesmo tempo sedutores. Havia ali um pingo de
ternura, embalada ao som do blues. E num piscar de olhos, ele me abraçou, tocou
meu rosto e me beijou sedentamente de paixão.
Parei o beijo
para saber onde está Marianne e para minha surpresa, ela e Ginger estavam se
pegando no sofá.
-- Eu levo você e
sua amiga para casa.
Eric cumpriu com
a palavra, mas Ginger foi junto. Ele e Marianne ficaram no banco de trás
trocando carinho até chegar a casa. Na
porta de casa, Eric ainda me beijou e sussurrou no meu ouvido.
-- Quero te ver
de novo amanhã.
E perguntei:
-- Quando?
-- Amanhã à
noite. Teremos um sábado só pra nós.
Eu e minha amiga
ficamos na janela pra ver o carro saindo de nossas vistas e Ginger gritando
apaixonadamente.
-- EU TE AMO,
MARIANNE!!!
-- TAMBÉM TE AMO,
GINGER!
Uma noite como
essa, foi um agito e não tirarei da cabeça. Mal posso esperar pro sábado de
noite.
Continua...
*Em breve uma fanfic dos Kinks e com Marianne
como protagonista.
**Referência a fanfic Lembranças de uma Fã.
Sua história está ótima! Por favor, não pare de escrever!
ResponderExcluirCaroline Muniz- RJ