quinta-feira, 20 de setembro de 2012

PS I Love You, John! (último capitulo)


Atenção, leitor(a): É neste capítulo que tem a cena NC-17 (proibida para menores de 18 anos)

Capitulo 2: Segundo encontro, surpresa e despedida.


–-O que????—Essa é a pergunta que minha grande amiga, Jane Berkley fez de olhos bem grandes de espanto.
–- Pois é amiga. Mas não sei, sabe? Não é recusa não. E sim se é mesmo verdade. John tem fama de ser meio mulherengo...
–Meio Mulherengo?!—Indagou minha outra amiga, Suzan Hardison. – Ele é uma ave de rapina de tão pegador isso sim, Rosie!
–- Mas será que devo ir?—Deu para perceber que fiquei com muito medo se devia ir ou não, já que mamãe não me deixava ir para outros lados da cidade a não ser da galeria para casa e vice-versa.
–- Está com medo, né?—Insistiu Jane
–-Eu? Claro que não!
–-Então prove!—Falaram as duas em coro.
Como provar que não estava com medo? Pensei e pensei numa desculpa e nada. Até que...
–-Se você não for Rosie, eu vou, mas para me encontrar com Macca. – Disse Jane, que tanto amava Paul. Se minha irmã Vivian souber disso, ia haver banho de sangue das rivais. E rapidamente falando, na época em que Paul anunciou seu noivado com Jane Asher, todas as fãs dele ficaram felizes... Menos Vivian e a Berkley. Já deu para entender o porquê, não é? E diante de tal ultimato, me levantei e disse firmemente.
–- Nem pensar, Jane! John me convidou e... Eu vou!!!
–- Vai ter que provar para nós!—Ainda desafiou Suzan. Bom o desafio foi lançado.
Sexta-feira, 14h da tarde e um dia lindo fazia. Tive sorte, muita sorte, pois naquele dia a galeria fechou mais cedo. Tia Julia teve de ir para casa resolver uns problemas e resolvi ficar um pouco mais na rua para passear. Minhas amigas foram juntas. Fomos até o local do meu encontro. Pegamos nosso ônibus e conseguimos chegar na Av. Saint Julius, 12. Caminhamos um pouco e paramos em frente a um prédio bem luxuoso. Talvez um dos hotéis mais chiques de toda Merseyside, Liverpool Blue Stars Hotel.
–- Chegamos, amiga.
–- Agora é com você.
O problema é: como entrar no hotel sem ser barrada? Mais uma vez pensei numa estratégia de guerra.
–- Meninas tenho uma idéia!
–- Fale.
–- Você e Sue tentam falar com recepcionista e enrole ele bem na conversa e enquanto isso eu entro sem ser notada.
–- A idéia é ótima, mas quer brincar de espiã?—Suzan gosta de ser sarcástica em momentos de pessimismo.
–- Não é brincadeira. É ação, Sue e Jane. Então, vamos nessa!!
O plano deu inicio. As garotas ficaram conversando com jovem recepcionista que aceitava o papo delas. Entrei bem disfarçadamente, cumprimentei todos os hóspedes como se fosse também um deles. No papel onde Lennon escreveu, ele deixou o número do quarto que era o 123 no 3º andar. Entrei no elevador, apertei o botão do meu destino e fui. Chegando no 3º andar, só dei quatro passos e olhei para a porta a direita. Sim, o número 123.
Mas tive uma surpresa. Oh sim! Bati na porta bem discreta e como por mágica, ela se entreabriu um pouco. Meu coração deu aquele disparate de nervosismo. Mesmo assim resolvi entrar. Fechei a porta e adentrei o aconchegante cantinho dos Beatles. A sala era bem ampla, com uma mesinha cheia de papéis e uns cadernos pequenos. Decerto dos compositores do grupo. A cozinha também era grande e impecavelmente limpa. Caminhei na suíte deles até encontrar o quarto deles ou dele. O quarto era lindo e bem arrumado e a cama quase ao estilo king-size. Na cadeira, havia um terno bem passado e um papel escrito: Propriedade de John Lennon
Aí então saquei: estava no quarto dele. No criado mudo peguei o caderno dele e abri uma página qualquer. Li os primeiros versos lindos e cativantes. Perdida no deleite da leitura, não ouvi a porta da sala se abrindo e fechando e mais tarde a pessoa entrando no quarto onde me localizava.
Só notei quando soou uma exclamação perto de mim. Era dele.
–- Gostou da minha poesia, musa?
–-Ahhhh!!! Você!!!
Ele riu um pouco da situação um tanto divertida.
–- Bem, eu...
–- Não precisa se explicar, musa. —Ele tirou o caderno de minhas mãos e jogou no chão. E com a voz mais sedutora que já ouvi, falou:- - Precisava mesmo ter ver uma última vez.
Oh meu deus! John estava me cantando?! De novo meu coração bateu muito rápido, meu rosto pegava fogo, mais que o corpo do herói Tocha Humana. As mãos tremiam demais e depois foram tocadas pelo par de mãos grandes de Lennon. Aquele toque era quente e acolhedor. Sentamos na cama e encarei fundo em seus olhos. Aqueles olhos claros, encarando depois os meus esverdeados olhos. E depois foi tudo meio rápido de compreender. Ele estava me beijando. Beijando de um modo tão calmo e sensual. Suas mãos me acariciavam com mistura de tranqüilidade e rapidez. Desvencilhei-me dos seus toques.
–-Espere!—Falei com alerta em minha voz. – Isso não está certo.
Ele baixou o olhar. Parece que o encanto foi quebrado. E tudo foi culpa minha por não aceitar.
–- Não amo a Cynthia. Mas ela engravidou e me sinto preso ao relacionamento....
–-Então quer uma aventura com uma menina de dezoito anos, moradora de Liverpool?—foi o que perguntei bem direta.
Outra vez a tristeza invadiu em nós. Ao que parece, fiz cair à ficha dele, mas daí veio outra bomba.
–- Eu não sei. Não costumo sair com minhas fãs e muito menos notar algumas características. Digo, gosto do jeito como me amam e tudo mais, afinal é assim que amam seus ídolos. No entanto, você é diferente. Desde o show no Palladium, não consegui tirar sua imagem da cabeça. Quando pensava em ti, sentia vontade de te encontrar e ao mesmo tempo expressar todo meu sentimento nas canções. Paul chegou a me perguntar se estava pensando em outra mulher na ausência de Cyn e minha resposta foi obvia: sim. Mas sei de uma coisa: não é desejo carnal, é algo mais profundo, mais espiritual. Mais nobre. Talvez isso seja... Amor.
Amor. Uma palavra que soa como música. Um sino dos anjos. Palavra tão bem vista nas canções dos Fab Four. Sorri com aquela justificativa dele, contudo tinha algo perturbando no local.
–- Mesmo assim... —Minha voz falhava à medida que prosseguia. – Não podemos ficar junto.
–- Eu sei musa. Pelo menos, deixe-me ama - lá uma última vez.
Meu senso ético dizia para não obedecer. Mas meu coração falou outra coisa: siga em frente!
Voltamos a nos beijar com mais intensidade e o número de carícias aumentou, desta vez resolvi criar atitude e minhas mãos tatearam todo o corpo do meu amado ídolo do rock. Aos poucos nossas roupas saiam como de forma natural, nem eu e ele percebemos. Aquele momento era unicamente nosso. E ali mesmo ia perder minha virgindade. Quando ficamos nus e deitados, tive de falar sobre minha sexualidade.
–-Sou virgem. —Falei sem medo algum.
–- Tem certeza que quer isso?—Logo depois de colocar a proteção na virilidade rija, ele demonstrou um pouco de insegurança na pergunta, mas eu consegui tranqüilizar meu amado.
–- Estou segura das minhas atitudes. Quero esse momento muito especial para nós.
Mais uma vez ele sorriu. Lennon me abraçava e beijava meu pescoço enquanto a mim só gemia baixo e permitia mais e mais seus toques tão cálidos e suaves.
–- Prometo que não vai doer tanto assim, musa. E se acontecer isso, eu paro. Está bem?—Advertiu e prestes para o próximo ato.
–-Sim. Não temo nada.
John começou com leves e lentas investidas e o nosso beijo continuava sendo mais quente. Segundos depois a velocidade das estocadas foi acelerando a medida que nosso carinho íntimo era bem mais ousado. Se antes meus gemidos e sussurros eram quase inaudíveis, foi ampliando até se transformar em gritos de prazer.
John avançava mais rápido e botava mais força para derrubar de vez minha preciosa virgindade. Juntamos nossas mãos e no último avanço, tive meu primeiro orgasmo aos gritos. John também conseguiu gozar. Ofegantes e com os corpos suados, ficamos abraçados por um tempo. Lennon sussurrava palavras lindas, cantava trechos de suas músicas e me chamava de “sua musa inspiradora”.
Adormecemos em meia aquela tarde maravilhosa de Liverpool.
16h no hotel. Acordei e me levantei sem causar ruídos para ele. Vesti-me rápido e depois arranquei uma página do caderno jogado no chão e escrevi algo carinhoso.
Obrigada pela tarde de verão mais mágica de minha vida.
Posso ser sua musa, mas para mim você é meu deus grego inspirador de minhas pinturas.
E como diria em ‘PS I Love You’:
Enquanto escrevo esta carta
Mando meu amor pra ti
Lembre-se que eu sempre
Estarei apaixonada por você.
Da sua amada fã, Rosie Donovan
Saí do hotel do mesmo modo que entrei sem ser notada. Na porta, fiz sinal para minhas amigas e elas se despediram do amiguinho que fizeram na recepção.
A primeira curiosa foi Jane.
–- Como foi o encontro com mais lindo dos Beatles?
Dei minha costumeira risadinha e no tom bem divertido, falei:
–- O melhor da minha vida!!!
Elas me olharam como se não acreditassem em mim e que tudo aquilo é uma grande mentira.
Depois daquele dia, passei admirar mais e mais meu adorável beatle e pintava mais quadros dele, uns eram fotos dos discos, outros refletiam um pouco do nosso “encontro”.
Anos depois em 2008...
Estou na casa de Maya, a filha da minha falecida irmã Vivian. Mesmo sozinha no casarão, relembrei as cenas da semana mais linda que tive em 1964 e principalmente a do meu encontro com John. O momento que passo não é dos melhores, pois minha sobrinha sofreu com mais duas fatalidades em sua vida, as mortes do noivo Robert Daniels e seu pai Paul Hemingway. Enquanto minha garotinha partiu rumo ao verdadeiro destino, eu decidi ficar na casa deles. E foi graças a essas doces recordações que me ajudaram a esquecer da sombra dos meus problemas.
Guarde estas palavras:
Enquanto não estamos juntos
Fique com todo o meu amor para sempre
P.S. Eu amo você
Você, você, você
FIM

Lista de personagens
Roselyn (Rosie) Anne Donovan- Filha mais velha da família Donovan, é estudante e pintora. Ama ouvir Rock’N’ Roll e principalmente o grupo Beatles.
Vivian Danielle Donovan – Filha caçula. Tem 10 anos de idade e é muito precoce e esperta. Também gosta dos Beatles e muito ano depois, já em idade adulta e casada, tem uma filha, Marie, que se tornará a detetive Maya.
Martha Donovan- Mãe de Rosie, Vivian e do desaparecido (mal mencionado) Nigel. Mãe rigorosa na educação, mas amorosa.
Julia Donovan- Irmã de Martha e tia das garotas. É uma talentosa pintora e ajuda Rosie a ampliar suas habilidades em artes plásticas.
Vem aí...
O Tesouro de Merlin
Aguarde!

PS I Love You, John (primeiro capitulo)

Olha eu aqui de novo! Outra beatlefic pra animar vocês e essa se chama PS I Love You, John! Essa beatlefic finaliza a trilogia mas ATENÇÃO: Essa é a primeira vez que escrevo um texto contendo cenas de sexo. Então se você, caro(a) leitor(a), for menor de 18 anos, não leia. Caso, contrário fique a vontade e sem trollagem aqui no meu blog! Boa leitura!


PS I Love You, John!__ Maya Amamiya

Capitulo 1: Primeiro Encontro

Rosie POV

Com tantas lembranças e justo uma das mais queridas me vem na cabeça. Em meus dezoito anos de idade, nunca me ocorreu acontecer algo tão maravilhoso e... Inesquecível.

Eram 1964, meus ídolos, Os Beatles tinham partido em sua turnê na América e acredite, rolaram muita coisa boa por lá.
América. Uma terra tão desconhecida para mim. Bom, nem tão desconhecida assim. O fato é que depois da turnê, veio o tão esperado filme e depois sua volta à Inglaterra. Nem é preciso dizer que isso me deixou muito feliz, pois me deixou mesmo.

Julho de 1964. Adoro o verão inglês. Sinto-me livre e leve como um pássaro. E também nesta época do ano que libero meu lado cultural. Sou pintora e tudo que é belo, consigo projetar lindas imagens e selecionar as melhores cores para uma grande moldura. Pintei diversos quadros da família, dos amigos, da vizinhança, para trabalhos do colégio e principalmente, pintei do meu grupo favorito. Mais especificamente de John Lennon. Cada dia mais amava esse homem. Ás vezes me surpreendia com minhas atitudes. Tratava aquela situação como algo sério. Tipo, como se eu fosse à esposa legítima dele e não a tal de Cynthia Powell. Afinal de contas, o que ele viu naquela mulher para escolhe - lá e não eu?
Perguntas assim nem o Freud conseguiria me dar uma resposta plausível.

Naquele mês, minha extravagante e divertidíssima Tia Julia veio nos visitar em Liverpool.
Minha Tia é demais. Nas suas passagens no nosso bairro, o Burttonwood, ela sempre conta as grandes novidades e aproveita para fazê-lo uma espécie de turnê artística no bairro e na cidade toda.

Como artista plástica á lá Yoko Ono (mas não chega ser tão doidona como a “japa-girl”), não poderia perder essa.

Enquanto minha mãe conversava com a tia Julia, Vivian e eu ficamos no quarto, ouvindo o papo.

–- Mana, sobre o que elas conversam tanto?

–-Sei lá, Vivi. Rotina ou aqueles papos de comadre e vovózinha.

Diferente das anteriores, essa parecia ser um assunto muito importante por que a tia tinha na voz um tom meio de súplica e mamãe com cara de poucos amigos.

Para nossa surpresa, a porta se abriu e nós as irmãs saímos de perto. Disfarçamos com uma função no quarto: eu estudava na cama e Vivian escutava o disco dos Beatles na vitrola e lia um gibi de super herói.

Mamãe resolveu me chamar.

–- Rosie. Venha aqui!

Obedeci e ai...

–- Querida sobrinha, falei com sua mãe se você pode me ajudar na minha galeria de arte e consegui a permissão.

Aquilo era realmente muito bom. Desejava muito auxiliar minha tia na galeria e também tinha oportunidades em expor minhas obras.

Mas a coroa não se deu por vencida.

–- Uma condição: Não quero Rosie envolvida em festinhas de artistas ou coisa assim!—Advertiu Martha (é a minha mãe) para Julia.

Pelo visto a desconfiança ficou meio no ar.

Uma semana depois comecei meu intenso trabalho na galeria. A tia gostava de pintar tudo que estivesse relacionado aos dias de hoje. Por isso seus recentes quadros falavam tudo sobre os jovens e o conceito do rock ‘ n’ roll.
Enfim consegui junto postar meus quadros. Bom, selecionei os melhores. Uns continham desenhos abstratos, outros eram traços semelhantes aos desenhistas japoneses.

Como estou em minhas férias de verão no meio do semestre, tinha muito tempo em cuidar do local e supervisionar as visitas.
Estava limpando alegremente os quadros da tia e cantarolando quando não dei por conta, uma pessoa tinha entrado na galeria. O barulho dos passos dele me “acordaram”. Olhei de soslaio e vi que era um rapaz alto por volta de seus vinte e quatro anos, terno preto e um penteado meio desgrenhado, mas arrumado e charmoso.

Até aí estava legal e voltei ao meu serviço. Novamente aqueles passos barulhentos. Fiquei com medo de o indivíduo ser um assassino serial que se vestia com classe ou fosse um seqüestrador.

Não era um, nem outro. Ele se aproximou de mim e fez um comentário educado.

–-Meu próprio rosto ganhando formas de desenhos nipônicos. Queria saber quem me desenhou?

Esse tipo de pergunta inflamou meu ego, de verdade e no meu impulso temperamental, olhei para ele e tudo que queria fazer era surtar como uma verdadeira frenética nos shows. A pessoa que deseja me agradecer pela obra era ninguém menos do que John Lennon. Sim, meu amado John!

–-Fui... Fui... Fui eu, senhor Lennon. —Gaguejei. Que droga. Odiava gaguejar assim na frente de alguém tão importante.

Ele me olhou bem fundo nos olhos como se quisesse certificar que era eu mesmo que o desenhei.

–-Hei! Eu te conheço. Você é aquela menina lá no Palladium que não gritou feito doida e me pediu um autógrafo com classe. – Disse sorrindo para mim.

–- É, sou eu.

–- Você é uma artista e tanto. Essas pinturas são suas?

–- A metade delas é minha. A outra é da minha tia, a dona da galeria.

–- São muito fascinantes esses desenhos.

–- São mesmo.

E ali ficamos conversando de obras de arte, habilidades no desenho e outros. Notei que Lennon me olhava com certo ar de segundas intenções. E eu tentei esconder minha insegurança com meu sorriso. No final, John me deu uma rosa vermelha com uma página de caderno escrito algo. Ele me deu um beijo na bochecha e sussurrou no meu ouvido:

–- Queria tanto te reencontrar mais uma vez. Até mais, Rosie.

Fiquei vermelha na hora e me despedi dele. Abri o bilhete e li o que estava escrito:


Desde o show no Palladium, não parei de pensar em você.
Seus olhos verdes e seu sorriso se tornaram minha inspiração.
Adoraria poder te ver só uma última vez antes da minha partida para Londres.
Av. Saint Julius, 12, Liverpool Blue Stars Hotel



Um encontro?!  John Lennon me propondo um encontro? Nossa! Isso sim era inusitado mesmo.


Continua....


Apenas Um Encontro (oneshot)

Esse é a minha segunda beatlefic e junto com Lembranças de uma fã e a antencessora de Apenas Um Encontro, PS I Love You John, formam a trilogia Os Beatles e as Irmãs Donovan, com Vivian Donovan como protagonista (que mais tarde viria a protagonizar junto a irmã mais velha, As Crônicas de Mersey, que postei aqui no Invasão Britânica) e junto com sua melhor amiga japonesa Sanae Wakabayashi.
Vamos Lá!



Eu me lembro como se fosse ontem. Minha filha Marie e suas amiguinhas do colégio junto com os companheiros de banda dela não acreditam que tive mesmo um encontro. Um encontro com uma lenda do rock.
Tudo começou em 1963, uma banda formada por quatro jovens rapazes da minha cidade, Liverpool fez da Inglaterra a 2ª terra do rock.  Naquela época as adolescentes entraram numa espécie de surto histérico, meu deus! As meninas choravam e se declaravam apaixonadamente por cada um deles e até tentavam chegar perto deles.
A única pessoa que conseguiu chegar perto dos quatro cabeludos e ainda por cima não surtou na frente deles, foi justamente minha irmã mais velha Roselyn.
Mesmo sendo uma criancinha nos meus oito anos, eu amava Os Beatles. Amava principalmente Paul McCartney e Ringo Starr.
Paul com seu rostinho de anjo é realmente irresistível. Vivia suspirando por ele. Diversas vezes disse para Rosie casar com ele e não com John Lennon. Nada contra o John. Só que ele é casado. Talvez se não me engano, o único casado do grupo!
Mas não adiantava. Rosie sempre preferiu Lennon.
Minha melhor amiga Sanae Wakabayashi é uma super fã dos Beatles. Ela tem a mesma idade que eu. Foi com ela que falei sobre Beatles e junto se tornou minha testemunha do tal “encontro”.

Era junho de 1963. Odiava essa sensação climática. Uma hora esquentava, outra ficava tão fria quanto às geleiras da Sibéria.  Depois de assistir apenas duas aulas, os alunos foram liberados mais cedo.
–- Ah, que dia tão maçante!—reclamou minha amiga nipônica
–- Eu que o diga! Não tava afim nem um pouco de voltar para a casa. - reclamei junto
–- Tem medo de a sua mãe pensar que está matando aula?
–- Nem é isso. É que hoje queria muito estudar. Maldito dia que o professor Reymond falta...
–- Você é diferente Vivian. Gosta de estudar e é muito aplicada nas tarefas. Já eu sou preguiçosa.
Sanae não tinha vergonha de admitir que odeie estudar. Nas varias vezes que fui na casa dela, era uma festa só. Teve até um dia que convidamos nosso amigo garoto, o descendente de russo Yuri.
Nossa diversão era regada de música, televisão e ler muitas revistas em quadrinhos da Marvel.
–- Não é verdade... – ri um pouco sem graça do comentário dela
–- É sim, Vivian-chan! Queria ser tão estudiosa como você.
–- Bom, na próxima vez eu te convido para ir à minha casa. E desta vez é pra estudar e não bagunçar. Entendeu Sanae-chan?
–- Entendi!

Enfim, a parada do nosso busão.  Havia bem pouca gente ali. A diferença era que todos embarcavam nos ônibus que apareciam a cada 20 minutos.
E durante nossa espera, um homem de terno preto impecável, um cabelo sedoso com formato de uma tigela e narigudo ficou parado ali quase junto a nós.
Ele parecia nervoso e se mesclava no meio da minoria de gente. Olhei para ele. Lembra-me alguém. Alguém que conheço...
Sanae também olhou para o estranho narigudo engravatado e cutucou para mim:

–-Vivi-chan, ele é parecido com Ringo.

Parecido ele é sim. Quando ia fazer um comentário, outro homem engravatado apareceu. Esse era um gatão!

–- Sanae olha para esse outro carinha!
–- Por Kami-Sama! – exclamou com olhinhos puxados bem arregalados.

Resolvi dar uma de espiã mirim e tentei ouvir o que eles tanto falavam. Nossa, pareciam nervosos e gesticulavam muito.
 Por que será?

 Nosso ônibus finalmente apareceu e embarcamos e junto, a dupla sinistra.
Sentamos no lado equivalente ao do motorista e mais uma vez olhei para os dois. Foi aí o momento mais revelador da minha vida! O narigudo tinha no bolso uma baqueta! Mais exatas duas baquetas lustrosas!

Meu coração deu aquela disparada. Suei frio e minhas mãos tremiam. Por um momento deu vontade de surtar ali mesmo.
Descemos na nossa rua, ufa!
Não demonstrei para minha amiga o meu nervosismo. Meu estado era em ponto de bala.

–-Vivi, eles devem morar na mesma rua que nós.
–- Por que diz isso?
–- Porque desceram na mesma parada. E pelas minhas observações, só nós que moramos e descemos aqui na parada. O pessoal restante são só adultos e adolescentes.

Que grande observadora! Ela nunca errou disso eu sei. No caminho, paramos em frente ao portão Strawberry Fields e ali ficamos mais um pouco conversando.
Sem saber, a “dupla engravatada” se aproximou de nós e perguntaram educadamente:

–- Senhoritas, vocês sabem qual é o caminho para loja de instrumentos chamada Grand Guitar?
–- Sei sim! Só seguir reto na Rua Penny Lane e aí tem uma confeitaria. É depois da confeitaria que está à loja. —disse sem gaguejar e olhando bem firme nos olhos tão amáveis de Paul.
–- Obrigado, senhoritas! Existe algo que possamos fazer como retribuição?

Sanae e eu pensamos e pensamos...

–-Tem sim. – disse. – Se casando comigo!

Piadinha meio sem graça, mas foi divertida! O que não imaginávamos era que havia uns fãs pastoreando o local.

–- Olhem! São Paul e Ringo!

Gritos de histeria e perseguição. Todo mundo correu atrás deles. E quanto a nós as amigas?

Corremos juntos. Não com os afoitos fãs e sim com os dois Beatles. Sorte minha que conhecia um atalho e ali entramos na rua de nossas casas. Sem fãs perseguindo, sem pessoas olhando a cena engraçada.

 Sanae se recusava a acreditar que ajudamos Paul McCartney e Ringo Starr. No final, eles autografaram nossos cadernos e despedimos deles. Ah, que encontro mais emocionante!

–- Amiga ninguém vai acreditar em nós.
–- É, ninguém mesmo. Exceto minha irmã Rosie. Sabe de uma coisa? Eu vou desenhar o Ringo e deixá-lo numa moldura especial.
–- Legal! Quando ficar pronto, me mostra?
–- Claro!


Anos depois, em 1975...

Cinco anos depois da separação dos Beatles, me senti um pouco desmotivada. O desenho estava pronto e a moldura também. O problema era meu nervosismo. Meu namorado americano, Paul Hemingway deu muita força para mim. Deu para perceber a ironia né?
Apaixonada por Paul McCartney e namorando um estadunidense chamado Paul Hemingway.

Um ano depois enviei minha carta e meu quadro ao meu grande ídolo e dois meses depois me casei com Hemingway.   1985 nasceu minha filha, Marie Anne, parecida comigo e herdando o lado meio doido do pai (quando conheci Paul, ele era um cara bem engraçado e as vezes neurótico).


2005

–- Que sortuda hein mãe?—disse Marie enquanto lavava a roupa.
–- Não só eu. A mãe da Shizune também os viu.
–- Queria ser uma adolescente nos anos 60... – bem sonhadora.
–- Eu sei filha. Mas foi apenas um encontro especial, entre um baterista e uma aluna da 2ª série. Uma recordação de toda fã apaixonada!

Eu sei que depois dos meus relatos, minha filha contará para outras pessoas. No passado os coleguinhas não acreditaram. Tempos depois as equipes da Polícia Britânica ouviram e como ficaram impressionados. E para encerrar, digo a você, caro leitor, tudo que você precisa é de amor!





Lista de Personagens

Vivian Danielle Donovan- Irmã mais nova de Roselyn Anne Donovan. Quando era criança, conheceu e ajudou Ringo Starr a escapar da histeria dos fãs. Sua melhor amiga é Sanae Wakabayashi. Casada com Paul Hemingway, Vivian tem uma filha, Marie, que também é beatlemaníaca.

Sanae Wakabayashi- Filha de japoneses, a família de Sanae se mudou para Inglaterra com objetivo de recomeçar a vida e se torna grande amiga de Vivian Donovan.

Paul Hemingway- Estudante americano. Conheceu Vivian em 1975, na numa excursão ao Museu de Cera Madame Tussaund. Depois da formatura, se casou com ela e moraram juntos em Liverpool até o nascimento da filha.

Marie Anne Hemingway- filha única de Vivian e Paul. Herda o lado beatlemaníaco da mãe e o lado neurótico do pai. Torna-se detetive anos depois, em seguida presta serviços de espionagem ao MI6 e se torna uma policial muito competente. O lado policial e justiceiro de Marie será visto nos próximos contos em breve.



FIM