quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

CSI: München (6º Capítulo)

Olá pessoal!
Tenham uma boa tarde e vamos pra mais um capítulo de CSI de novo saindo do hiatus. Agora preciso ir trabalhar.




Capítulo 6: O advogado ensangüentado


-- Esta manhã o advogado criminal Johan Cruyff, vinte e sete anos, foi preso em sua casa em Aubing  Lochhausen. O advogado é acusado de homicídio culposo, sendo visto por seus vizinhos, debruçado sob o corpo da vítima, o também advogado Rinus Michels.

Felicity ouvia atentamente a notícia e por alguma razão se interessou. Se tivesse pelo menos uns 10% da habilidade investigativa policial de Franz, solucionaria o caso. Neste momento Nora apareceu, com a roupa amassada, o cabelo meio bagunçado e usando uma echarpe azul no pescoço. Ela notou o interesse da fotógrafa na notícia.

-- Vai fotografar o serial killer? – perguntou, divertida.

Felicity lançou um olhar bem reprovador e não respondeu.

-- Foi brincadeira. – se desculpou e serviu-se um pouco de café.

A galesa desligou o rádio e voltou-se para o notebook, trabalhando, ignorando a presença de Nora.

-- O Francis não apareceu ontem?

-- Não. – respondeu friamente.

Ela abraçou a amiga, mas foi negada.

-- Nora, pare de bancar a boa amiga. Estou bem. E continue com seu “Kili” alemão ou com aquela jornalista hispânica.

A tal jornalista que Fefe havia dito se chama Dolores Banks, por quem Nora declarou estar apaixonada. Felicity nunca gostara da mulher. 

-- Eu terminei com Kili. – disse Nora, triste. – A nossa relação era abusiva.

-- Bem com a Lola podia ser... – comentou, maldosamente.

-- O que disse?

-- Nada.

Nora tinha ouvido e saiu da sala, irritada com Felicity e a mesma não se importava, apenas digitava. Na verdade, dentro de uma hora teria de entrevistar uma agente do FBI, Annabeth Collins.


-----C-----S-----I-----


Marianne Jones saiu de seu apartamento, minutos depois de sua namorada, Anastacia Rosely ter ido embora. Elas tinham terminado o namoro. Seguiu caminhando rumo à fábrica e ao entrar em seu gabinete, viu um homem com feições austríacas e um pouco semelhante a um rato, conversando de forma ameaçadora com o chefe dos operários, Alexei Romanov.

-- Acho que não fui bem claro, Sr. Romanov. – dizia Niki Lauda, o empresário, com seus dois comparsas apontando uma pistola. – Ou faça sua filha assinar esse documento, transferindo todas as ações da Schön Industries para mim ou alguém da família vai sofrer. Ou até mesmo... Um de seus funcionários.

O homem tremia um pouco e Marianne se escondeu debaixo da mesa, mas filmava no celular tudo. Antes de Alexei dizer algo, o telefone do escritório tocou. Um dos contratantes de Niki atendeu e não era o telefone dali e sim... do gabinete da secretária.

-- Cevert, vá atender ao telefone daquela sala.

O francês caminhou para a sala ao lado e Alexei internamente torceu para que Marianne não tenha aparecido. Já Mari continuou calada debaixo da mesa, apenas observou os pés do homem e através dele saberia se ele ia embora ou não. Ele atendeu ao telefone e ouviu vozes. Desligou e retornou para onde Niki se encontra.

-- Eram os fornecedores. Nem dei papo.

-- Perfeito. – E em seguida encarou Alexei. – Você tem um mês para fazer sua filha assinar isso ou se prepare para ver um funcionário ou alguém da sua família sumir e acredite, você não quer carregar a culpa, como aconteceu com o pai daquela assistente do Dr. Müller, não é?

Alexei outra vez tremeu. Ele nunca revelou que ele mesmo causou a morte de Anthony McGold, o pai de Louise. Cerca de um ano e meio atrás ele colocou um detonador no carro de Tony e bastou ligar a ignição do motor e ocorreu a explosão. Daquele dia em diante ele nunca mais encarou Louise nos olhos, para não revelar que foi ele o culpado.

-- Fa-farei o que me pediu. – concordou o russo, suando.

Niki deixou a pasta com a documentação na mesa e se retirou com seus homens. Embarcaram no carro e foram embora.

Marianne se levantou e chorou de pânico. Se lembrou dos documentos que Helmut lhe deixara no dia que foi morto, horas antes. Ela precisava entregar para alguém.



-----C-----S-----I-----


Louise saiu cedo da universidade e leu seus livros de contabilidade enquanto esperava o doutor na sala com outros parentes dos pacientes. Ela guardava o livro na mochila quando notou que um dos médicos era... um tanto suspeito. O profissional se esbarrava com as pessoas e parecia perturbado. Ela o seguiu rapidamente e ficou vigiando-o. O suspeito entrou no bloco cirúrgico e justamente onde estavam Alice e Gerd.

-- O que está fazendo aqui? – perguntou um dos médicos que avistou Louise. – Somente médicos e enfermeiras entram aqui.

-- Desculpa é que...

Não terminou de falar, pois avistou a tempo o homem sacando uma pistola com um silenciador acoplado. Louise se desviou do médico e correu até a sala de cirurgia, usando sua pistola de choque. Ela disparou, lançando um par de dardos no bandido e o paralisou. Contudo o disparo foi inevitável. A arma tinha caído ao chão e o disparo poderia acertar Gerd se não fosse Louise ter ficado na frente.

Tudo se apagou para ela. Apenas se ouvia frases um pouco altas, um pouco baixas. Numa dessas ouviu Alice gritando e num outro momento Jim querendo entrar no bloco cirúrgico e foi impedido. “Ela perdeu muito sangue...”, “Parada cardíaca, desfilibrador rápido!”, “Pulsação estável...”, “A bala foi realmente fatal. Poderia perfurar o coração dela”.

O resto do tempo transcorreu bem. Ela se acordou na cama de hospital e olhou para a bolsa de sangue que se encontrava presa numa de suas veias e no braço contendo o mesmo fio de silicone, mas contendo a outra bolsa mas de soro. Neste momento Odile entrou no quarto, apressada e com os olhos molhados.

-- O que... O que faço aqui? – perguntou Louise, ainda processando tudo.

-- Você levou um tiro... – Odile tirava o casaco e Louise não deixou de perceber as manchas roxas no braço. Imediatamente associou Alice. – E Sepp e Gerd te operaram.

Ela olha de novo pra bolsa de sangue pingando.

-- Perdi tanto sangue assim?

As duas riram e Odile a abraçou, mesmo Lulu negando.

-- Me desculpe. E sim, perdeu bastante sangue. E somos tão melhores amigas que...

-- Espera! – Lulu estendeu a mão em sinal de “pare”. – Eu nem te conheço direito. Sugiro que se afaste, ok?

-- Doei sangue para você. – avisou Odile.

Lulu ria, debochada.

-- Conta outra.

Odile levantou as mangas da blusa e mostrou as marcas roxas mais de perto. A loira se arrependeu das palavras.

-- Me desculpe.

-- Tudo bem. – Odile se ajeitou e vestiu o casaco. – Não tem problema. Você é uma pessoa incrível e eu adoro você.

-- Puxa... Já estava pensando merda. Quando vi seus braços assim, achei que fosse as drogas e que Alice te ajudava nisso.

-- Drogas? – espantou-se Odile. – Eu tô fora! Pego minha bike e vou embora!

As duas riram de novo.

-- Já vi essa fala antes.

-- Trainspotting. – Odile se lembrou do filme. – Eu vi com a minha irmã e fiquei assustada. E outra coisa, alguns de outros machucados que tenho... – a mesma ergueu um pouco a blusa e mostrou mais marcas roxas. – São do meu namorado.

Louise se horrorizou.  Lembrou-se das vezes que encontrava Odile de óculos escuros para esconder os olhos inchados e o pescoço machucado encoberto com echarpe. E das várias vezes que a colega pousava em seu apartamento.

-- Odile, larga ele! – incentivou Lulu. – Um homem desses, agressivo, não deve manter relações. Não é saudável. E outra coisa, saia de casa. Se mude.

-- Enquanto não encontro outro lugar pra viver, posso morar com você?

-- Contando que Alice não venha te procurar, aceito.

-- Ah não. – Odile estava mais tranqüila em relação Alice. – Somos amigas agora. E ela está em outra. Na verdade, eu estou gostando de uma ruiva que veio do norte.

-- Joanna? – perguntou Louise.

-- Como você sabe?

A loira pediu para ela se aproximar mais e falou no ouvido:

-- Joanna trabalha aqui e ela me conta tudo que acontece entre Alice e o doutor.

Mais risos.

Elas conversaram bastante naquela tarde bem divertida. Louise até esqueceu o ódio sem limites por Alice, desapegou de Gerd e inclusive falaram de suas paixões mas foram interrompidas com a entrada de Franz, Sepp e Gerd.

-- O clube da Luluzinha ta aberto? – indagou Gerd, verificando como estavam as reações vitais de Louise.

-- Depende do que tá aberto mas sobre o clube, sim! E estou com sede e com fome.

-- Queremos pizza! – sugeriu Odile.

-- Eu também quero! – Sepp levantou os braços, indicando querer também.

-- Depois. – respondeu o delegado e olhando para Odile, tentou dizer algo e outra vez a falta de ar o atacou. – Já volto!

Ela saiu do quarto, apressadamente.

-- Então, meninas! Hoje vamos ter pizza?

Elas aceitaram. Gerd tentou olhar para Louise e não conseguiu. Saiu também do quarto e foi até a sala de remédios. Tirou a touca cirúrgica e chorou. Alice se juntou a ele e o consolou.

-- Ela vai viver...

-- Eu...
-- Não quer perder ela, eu sei. – disse Alice, o abraçando forte. – Gerd, me prometa pra mim. Quando ela acordar, você vai conquistá-la e não perdê-la nunca mais.

Gerd abriu os olhos, espantado. Será que Alice percebeu?

-- Não sei do que está falando. – disfarçou. – Estamos juntos nessa.

-- Eu vi o modo como a olhava. E se estiver gostando dela, dou total apoio.

-- Ela não gosta mais de mim. – admitiu, triste. – E o Jim, seu irmão, já está mais avançado. Estavam se comunicando por aplicativo de namoro.

-- Eu sei, mas se quiser entrar no páreo...

-- Não vou fazer isso.

-- Tudo bem. – respondeu, resignada e sorrindo. – Monitore ela. Quero relatórios  de 30 em 30 minutos.

Depois da saída de Alice, o médico abriu mais questionamentos na mente. Mal saiu da sala e Alice foi abordada por Belle, chorosa.

-- O que houve, Bells?

-- O Bobby terminou comigo!

-- Calma... – Alice abraçou sua amiga.



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-- Já falei que não o matei!

Johan Cruyff, advogado ontem, hoje acusado de homicídio. Ele prestava seu depoimento para os policiais. E pela cara deles, gerava dúvidas. Para não se desesperar, permaneceu quieto, calmo e sob controle. Cumpria sua hora na prisão e provavelmente os próximos dias.

Seu advogado e amigo, Johan Neeskens, acabava de chegar e seguiu para a sala.

-- Sabe que a situação não está muito boa pra você.

-- Não sei quem fez isso. – falou baixinho. – Mas a pessoa que me incriminou, vai pagar por isso.

Neeskens não disse mais nada. Johan era ferrenho, determinado. Nada o parava, nem mesmo o perigo e a morte.



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Aquele fim de tarde era perfeito para o grupo de estudantes do curso de História Europeia, principalmente porque era um dia bem especial: desenterrar as antigas criptas do castelo ao norte de Munique. Com a permissão da prefeitura, os professores abriram a porta trancada por cadeados e os alunos se surpreenderam. Não parecia abandonado e sim.... Conservado. Toda mobília estava inteira, e no meio do hall de entrada, cheia de caixões.

-- Professor. – um dos alunos segurava um alicate gigante pra quebrar correntes. – Podemos abrir?

-- Acredito que os mortos não vão se levantar, então podem. – permitiu o professor, selando sem saber sua sentença e de seus pupilos.

-- Só se a gente estiver nos filmes do George Romero. – ria uma das alunas, intercambista brasileira, enquanto abria o caixão de uma delas.

Outro aluno observava os quadros e limpando cuidadosamente, descobria quem era quem ali.

-- Conde e condessa de Munique... – ele anotava no caderno. – Visconde e viscondessa de Nordlingen, Marquês e marquesa de Amsterdã, Duque e duquesa de Metten...

Enquanto finalizava as anotações, o mesmo percebeu algo. Naquela galeria ele não estava sozinho. Olhou rapidamente e viu seus colegas entrando.

-- Anda, Jack. O professor vai mostrar os ossos do tal conde...

-- Acho que é do Drácula....

“Isso não é Castlevania”, disse Jack em pensamentos. Embora tendo visto seus amigos, ainda sentia que não era por eles. E sim que outras pessoas o observassem mas quem?

Enquanto o professor contava sobre a historia do Conde de Munique, os outros estavam mais curiosos sobre o castelo em si. E quando terminaram de quebrar as correntes que prendiam o caixão, algo aconteceu. Um pequeno remelexo assustou o professor e os alunos. Por fim se abriu e no exato momento que o professor foi ver... Sofreu um ataque. Os alunos se horrorizaram e uns tentaram salvar o mestre. Era tarde demais. Todo seu sangue foi drenado. O ser, usando roupas do século passado, tinha aparência deformada e envelhecida e ao beber o sangue humano, rejuvenesce. Ele voltou a ter 25 anos.

-- Enfim, liberto! – disse e abrindo o caixão ao lado. O de sua esposa. – Acorde, querida!

Os outros também despertaram e todos com a aparência anterior. Envelhecidos, mas ainda fortes o bastante para atacar. Os alunos tentaram escapar dali sem sucesso. Portas, janelas e outras saídas se fecharam de forma mágica. Um dos vampiros se pôs na frente da porta e bradou:

-- O jantar está servido.

Jack estava tão concentrado digitando seu relatório para o trabalho acadêmico e só ouviu um grito de uma menina. Ele mal deu dois passos e presenciou a carnificina no hall. Se escondeu na biblioteca mas com cuidado, filmou tudo em seu celular e só depois reparou que os agressores não apareciam na câmera. Deduziu ali quem são. Ainda tremendo, o massacre terminou em cinco minutos. Jack terminou de filmar e na hora de tirar fotos, esqueceu de tirar o flash e acabou capturado.

-- Por favor, não me matem. – sendo levado pelos vampiros.

-- Vamos pensar no que fazer com você...




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Niki Lauda acordou zangado e se dirigiu para empresa. A fábrica não estava produzindo de acordo com o prazo naquele dia. E chamou os supervisores.

-- Por que este pessoal está se mexendo menos da metade do tempo estimado?

-- Acho que estão assustados com que houve. – respondeu uma das funcionárias.

-- Não soube? Um grupo de estudantes da Universidade de Munique foram mortos e encontraram seus corpos boiando no rio, perto do castelo ao norte. Parece que um maníaco os atacou e alguns estavam com a garganta rasgada.

Ele emudeceu. A mão tremeu. Imediatamente, seguiu para o local onde os corpos foram entrados. A polícia isolava para qualquer contato da imprensa. E Niki sabia exatamente o que aconteceu. Seu rival e seus amigos finalmente despertaram e desta vez, não os deixará vivos.

Continua...

domingo, 21 de janeiro de 2018

We Belong Together - Wildest Dreams (Parte 15)

Olá pessoal!
Tarde linda pra uma leitura, não é? Vamos para mais um capítulo da saga extensa dos Vampiros Modernos da Cidade. Surpresas terão! Boa leitura!


Parte 15

Londres, Inglaterra

A neve não atrapalhava aquelas pessoas de seu passeio matinal e alegre. Muitos traziam crianças para brincarem e outros só observavam. Se neve fosse purificadora, limparia os pecados das pessoas e até mesmo as livrava de suas maldições. Esse pensamento foi o que Moses Smith teve. Quem o olhava, se tratava de um rapaz comum de vinte e cinco anos, alto, olhos azuis vivazes, cabelo preto e traços galeses. Contudo seu sotaque o denunciava. Ele nasceu escocês.

Ele caminhava na praça, totalmente despreocupado quando ouviu uma série de vozes lhe sussurrando. Olhou para os lados, ninguém era suspeito. Depois as vozes se tornaram mais audíveis. Era uma espécie de oração diabólica proferia em outra língua. De repente suas pernas perderam as forças e ele fraquejou em plena luz do dia. Algumas pessoas tentaram prestar alguma ajuda e o jovem recusou, se reerguendo altivamente e continuando a andar e ignorando a voz.

Em voz baixa rezou em latim e fez o sinal da cruz. As vozes pararam. Era sempre assim e Moses nunca soube como carregava aquela maldição de ouvir, enxergar fantasmas e a clarividência. Já de volta pra casa, ele sentou na poltrona e acendeu um cigarro.

-- Aconteceu de novo, Moses? – perguntou uma voz feminina.

-- Sim. – confirmou, sem receios.

-- O que dizia?

Moses tentava se lembrar, mas não queria preocupar Mary McGlory, sua companheira estável que veio de Liverpool.

-- Ele falava algo que não entendia bem, mas pelo modo como era dito, seja maligno.

Mary se vestia como um rapaz, igual a Moses e possui cabelo curto bem penteado. Além de tudo, a moça possui um segredo que só ele sabe: ela é uma loba. Possivelmente, uma das últimas de sua raça.

Ela abraçou o amado e o beijou calmamente.

-- Acha que podem estar atrás de você?

-- Talvez... – Moses duvidada em toda sua ingenuidade. – As mortes de Sophie e do Bran foram uma coincidência.

-- E quanto ao seu pai?

-- O suicídio dele foi uma ponta do iceberg. De algo muito acima de minhas capacidades.

-- Bruxaria?

Moses não respondeu o que confirma a resposta de Mary. Então, ela sugeriu.

-- Ouça, eu soube que há lobos liverpoolianos e de outras partes da Inglaterra vivendo em outro país. – ela disse, muito feliz.

-- E onde eles vivem?

-- Em uma cidade da Alemanha. Deve ser... Munique.

Quando ouviu o nome da cidade, imagens invadiram a mente do profeta, de um trio de rapazes se transformando em vampiro, uma moça que traz os mortos de volta a vida, uma vampira de coração partido e virando cinzas e diversas criaturas...

-- Não, Mary! – Moses saiu do sofá e encarou a loba. – Não quero ir para lá.

-- Mas, amor. Meus amigos, meus compatriotas vivem lá. Se o Conde de Londres sobreviveu, há uma esperança.

-- Já falei que não! – jogando o vaso contra a parede. – Eu previ, Mary. Existe um vampiro poderoso que vive lá.

-- Moses, pense bem. Se ficar aqui, eles vão te atingir. Já tentaram pela manhã. Que dirá amanhã ou depois?

-- Planejava ir a Berna, onde se tem a matriz da Ordem. Eles... Podem me curar e curar você.

-- EU NÃO QUERO SER CURADA! – uivou Mary, brava. – QUANTAS VEZES PRECISO DIZER QUE NASCI ASSIM? É DO MEU SANGUE?

Se calaram por uns minutos e Mary voltou para o quarto, resignada e triste. Moses permaneceu na sala, pegando a Bíblia para ler e rezar...


Nördlingen, Alemanha

Ela abriu a porta enferrujada da torre Daniel, da igreja St. Georg e contemplou a visão panorâmica da cidade. Provavelmente era a única que não sofreu ataques dos vampiros e lobisomens. Hilda Müller era uma mulher amargurada. Seu filho mais velho desapareceu, a nora foi morta por uma vampira, o filho mais novo consumido pela tuberculose e seu marido assassinado. No entanto, ela era conhecida não por ser esposa de um barão. E sim por ser uma feiticeira muito temida e poderosa. A cidade inteira a culpa pelas calamidades ocorridas em sua família.  Aparentemente, ela deveria ser queimada na fogueira se não fosse a manifestação energética de seu poder, assustando os habitantes da cidade.

E agora Nördlingen não tem mais pessoas. E Hilda é a única que vive.

Ali mesmo na torre estava uma lareira acesa e um caldeirão fumegante. Ela preparou um poderoso feitiço para localizar seu filho, Gerhard.

-- Eu sei que está vivo, Gerhard... – resmungava Hilda, pingando sangue de morcego decapitado e mexendo o caldeirão. – Só preciso fazer o feitiço certo... E também me livrar da nosferatu que matou Uschi. Ah, eu sei quem é ela... Louise McGold! Ah, é uma pena de ela estar morta... De qualquer maneira, retirar essa maldição.

Ela riu maldosamente, sabendo que a nosferatu responsável pela morte de muitas pessoas e amaldiçoar seu filho está no merecido lugar e que poderá salvar seu filho.


Munique

De longe se vê um funeral com queima de fogos na lenha. Os lobos britânicos e italianos, junto com os vampiros e humanos prestaram suas homenagens aos dois mortos na batalha de retomada da Ilha dos Lobisomens. Rosie derramava lágrimas, mas não emitia um gemido ou falava. Estava quieta demais e segurando seus dois filhos no cesto. Pobres Cecília e Calum. Crescerão e nunca saberão como era o pai deles. Seu peito ardia de raiva. Olhava para os casais, todos felizes. Questionou-se o motivo de não conseguir sua felicidade. Tinha George Best como parceiro, um amor para toda vida e num golpe do destino, ele partiu para longe e nunca mais.

A raiva consumiu mais. Ela se lembrou do parto e foi Ana que fez. Não gostava da idéia de dever algo para alguém, ainda mais a mulher que a salvou de uma gestação arriscada e lhe tirou o amor de Marianne.

Do lado dos vampiros, Gerd também chorava e não dizia absolutamente nada. Contudo, não tinha raiva das pessoas, exceto dele mesmo e de Alice.  Muito mais de Alice. A culpava por separar de sua mulher, a culpava por ter sido sua noiva na primeira vez, sendo que seu coração era e sempre foi de Louise. A culpava por ter tido Meredith, sendo que Louise era que mais desejava ter um filho com ele e foi motivo de desavenças entre eles. A vontade que Gerd possuía era de gritar.

Aos poucos cada um seguia para seu devido lar. Rosie e Gerd foram os últimos. Ele carregava uma caixa contendo as cinzas de sua ursinha e Rosie levava um lenço vermelho que era de Best.

-- Lamento por sua perda. – disse Rosie, friamente.

-- Lamento também por sua perda. – devolveu Gerd, no mesmo tom.

-- Sabe, eu queria procurar os culpados. E só então Anastacia figura em minha mente. – comentou a loba.

-- Ela salvou sua vida e fez o parto dos bebês. – retrucou Gerd. – O que ela fez tão grave assim?

-- Amava Marianne, como amava o Best.

Gerd compreendeu. Neste caso concordava em parte com a lupina, contudo, via ainda desnecessário culpá-la pela morte de George Best.

-- E por que você não matou Alice? – perguntou Rosie.

Gerd se chocou.

-- Louise poderia estar viva, se aquela mulher fosse morta pela segunda vez.

-- Ela teve uma filha comigo. – respondeu o vampiro, ainda digerindo as últimas palavras de Rosie.

Cansada, Rosie pegou o cesto e lançou um olhar penoso para seu amigo vampiro.

-- Mas sabe por que Alice teve essa filha? – indagou a loba. – Foi de sua infidelidade. Em todo caso, você tem maior culpa nisso e na morte da Louise! E devia se aliviar. Você é um vampiro livre e sem mais o pacto com ela!

Quando Rosie voltou para casa na Ilha, Gerd viu a palma de sua mão onde continha a marca do pacto de sangue. Não existia mais. Ele e Louise não possuem mais o elo que os mantinha unidos. E neste momento uma chuva torrencial caiu na floresta.


Nuremberg

Alana não sabia o que estava sentindo. Arrependimento por ajudar Mike Nesmith na batalha da retomada da Ilha dos Lobisomens ou por não ter dado ouvidos a ele. Toda essa dúvida surgiu depois que ela, seu filho Jason, Chris Hillman e Gram Parsons chegaram ao porto muniquense e perderam o navio que os levava para América.

-- Me desculpem. – disse Alana, com culpa.

-- Não diz isso. – Chris e ela aparentemente se acertaram neste meio tempo. – O capitão nunca gostou de nós.

-- Tenho medo que ele seja da Ordem ou da Iscariote. – disse Parsons, despertando curiosidade em Alana.

-- Iscariote?

Os dois se arrependeram em dizer.

-- Iscariote são como os caçadores da Ordem. – explicou Parsons. – No entanto, em vez da fé divina, eles usam lobisomens e vampiros como caçadores. E até dizem que curam a maldição vampiresca e lupina e injetam sangue das criaturas nos homens para torná-los mais poderosos e exímios caçadores.

Alana riu disso. Sabia da existência da Ordem, afinal conhecera Paul Breitner e o padre Uli Hoeness, membros do grupo. Agora sobre a Iscariote, era a primeira vez que conhecia.

-- Que bobagem.

Os dois não disseram nada e decidiram tomar outro rumo. Chegando a Nuremberg, encontraram uma pequena tribo de lobos se divertindo na fogueira. Parsons e Hillman reconheceram seus amigos, David Crosby, Gene Clark e Roger McGuinn.

-- Olha aí! – gritou David, surpreso. – Eles voltaram e com a Alana!

Os lobos vibraram com o retorno deles, principalmente com a loba amiga. Estranharam o menino.

-- O nome dele é Jason. – Alana apresentou seu filho, um tanto tímido. – É... Meu filho.

-- Nossa! – exclamou Gene. – Puxa, então bem vindos! Novamente!

Alana novamente sentiu aquele conforto gostoso igual quando foi integrada a Ilha dos Lobisomens, contudo, percebeu que além dos seus amigos, haviam mais lobos que não conhecia. Uma loba loira que gosta de cantar e tocar violão chamada Joni Mitchell, um vampiro cantor chamado Graham Nash e um alquimista de nome Stephen Stills. Outras lobas conversavam entre si e olhavam para Alana e seu filho. Uma delas, Marianne Faithfull, amamentava seu filho, o pequeno Nicholas e fitava curiosa a loba baixinha.

-- Como vocês encontraram Alana? – questionou Roger. No fundo ele não queria a loba na alcatéia.


Hillman e Parsons suavam frio e engoliram em seco. Não podiam de jeito nenhum revelar a magia de Phyllis Barbour os ajudou na localização da lobinha.

-- Seguimos pelos instintos. – respondeu Hillman, piscando demais os olhos e bebendo um pouco de água.

Todos acreditaram, menos a própria Allie. Algo em seu coração dizia que tudo aquilo era mentira e bem pior do que a traição de Nesmith.

-- VOCÊ DE NOVO?

A voz em questão era feminina e atraiu atenção de todos.

-- Fico mais impressionada que você esteja aqui em vez na América. – respondeu Alana, sem medo. Ela conhecia a dona daquela voz. – Kathy Giordano!

Apreensivos, os lobos se afastaram e Parsons pegou Jason, deixando-o longe da mãe, prevendo um possível confronto entre duas lobas...


Munique

Desde a batalha da retomada da ilha, Felicity não saiu mais da fazenda. Isolou-se de todos e raramente procurava os filhos. Sentia-se incapaz de cuidá-los, perdia-se em seus afazeres domésticos. Mal conseguia manter a plantação e seu jardim. Não entendia. Conseguiu vingar seu marido e o vazio em seu coração ainda permanecia. E com ele as dúvidas e raiva em seu coração. Muito antes da luta começar, desenvolveu uma paixão avassaladora por Gianluigi Buffon, um lobo italiano, depois acendeu um tesão no doutor vampiro, Johan Cruyff e por fim reviveu o sentimento por George Smith, o irmão de Nora.

E apesar de salvar Nora e saber que sua visão dela se deitar com Holly Grey era ilusão, Felicity não podia mais depender dela e principalmente descobriu mais tarde que Nora foi responsável por separar Sepp e Holly, provocando no noivado deles.

Para esquecer tudo isso, ela escreveu duas cartas. Uma para Ana e outra para Micky Dolenz. Manteve a fazenda arrumada, as janelas fechadas e a porta trancada. Antes de fechar o portão, Felicity fez duas torres de pedras, uma em cada lado e desenhou com seu sangue do dedo cortado um escorpião. Era uma proteção mágica que impede de qualquer um entrar na fazenda. Deixou as cartas por debaixo da porta, por risco de não ser vista por ninguém. Mas na Ilha dos Lobisomens, uma pessoa avistou a profetisa. Era Peter Tork.


And if you don't love me now
You will never love me again
I can still hear you saying
You would never break the chain


Nora chorava na cama. Tinha pesadelos e todos envolviam Felicity a deixando para trás, como se não existisse. No entanto suas condições a impediam de sair da cama. Ela agora sabia que esperava um filho do Sepp. E certamente Felicity não concordava. Neste momento George entrou na casa de Ana, completamente furioso e destruindo as coisas. Esbravejava palavras em gaélico e era contido pelos Pythons. Ana afastou Joey da sala e o fez dormir. No quarto lia a carta deixada por Felicity.

Anastacia...

Não sei como posso dizer... O momento que venho passando não é dos melhores. Sinto que meus poderes estejam aumentando e temo não poder controlar minhas possessões. Ao mesmo tempo o medo de machucar alguém é maior. Venho por esta carta que cuide do meu filho, Joseph. Tenho certeza que vai gostar dele. Ele é um menino obediente, bom e gentil. E ele gosta de você e muitas vezes pediu que falasse contigo para ensiná-lo a ressuscitar seres que já morreram. Nunca pedi nada, mas agora peço, em meu nome e do meu menino.
Prometo retornar antes do próximo inverno e faça também meu Joey não se esquecer de mim e da irmã dele, que é cuidada pelos Dolenz.

Obrigada por tudo

Felicity Neuer


Na Ilha dos Lobisomens, Emma e Micky, intrigados, receberam a carta. Sabiam que a única pessoa que poderia se comunicar com eles era Felicity.


Micky e Emma..

Sinto-me constrangida em dizer por carta, o que pode ser cara a cara. Mas sei que iriam me impedir ou persuadir a ficar. Estou indo embora temporariamente de Munique. Como devem saber, com a batalha da retomada da Ilha dos Lobisomens, meus poderes se desenvolveram e ameaçam todos ao meu redor, inclusive meus filhos. Para me livrar da maldição e das visões do futuro, irei a Londres buscar respostas. Prometo retornar antes do inverno. Peço que até lá continuem cuidando da minha morceguinha, Karin. Ela e Joey são minha continuação e do Manuel. E a façam não esquecer do irmão e nem de mim. Sou grata a vocês.

Com amor, Felicity Neuer

Micky se trancou no quarto e deitou-se a chorar. Se perguntou se teria sido melhor casar com a profetisa em vez de corresponder o imprinting com Emma. Era inegável que desde o início, com a profetisa era algo muito além do amor. Era uma paixão avassaladora, inesquecível. E ele tinha se mostrado muito disposto em cuidar dela e muito ciente de suas possessões. E agora ela foi embora, mesmo sob a promessa de retorno, Micky tinha medo de que Felicity talvez não retorne mais...

No castelo Beckenbauer, Gerd iniciou uma pesquisa na biblioteca. Buscando uma nova forma de trazer Louise de volta a vida. Num dos livros de magia negra, encontrou a forma. Leu cuidadosamente e compreendeu tudo.

-- Só preciso de sangue... de vampiro ou de humano.... – disse.

Abriu a porta da biblioteca e viu Alice caminhando com a filha. Imediatamente sorriu. Era a oportunidade perfeita para uma vingança. Ele esperou Alice colocar Meredith pra dormir e no exato momento que entrou no quarto, aplicou a fascinação na vampira.

-- Agora vai me obedecer, Alice.

Os olhos dela se fixaram no dele, impossibilitada de qualquer ato pra se livrar do feitiço vampiresco.

-- Sim.... – ela se ajoelhou. – Mestre!

Gerd sorriu, maléfico.

-- Agora irá comigo para floresta e me ajudar a trazer a ursinha de volta!

Alice não respondeu. Conforme a ordem dada, ela obedeceu. E saíram do castelo. Numa parte isolada da floresta, distante da Ilha dos Lobisomens, o visconde desenhou um pentagrama no chão, disse umas palavras ditas no livro e depositou a urna que guarda as cinzas de Louise no cento.

Sacou um punhal e deixou Alice perto da urna.

-- Com seu sangue e sua vida, minha mulher viverá. E você.... – colocando a lâmina no pescoço. – Morrerá!

Ele não completou o ritual pois alguém arremessou uma pedra e o atingiu na mão, derrubando o punhal e acordando Alice do transe. Era o médico Johan Cruyff.

-- SEU DESGRAÇADO! – socando Gerd. – COMO OUSA FAZER ISSO?

Gerd agarrou Cruyff pelo pescoço e o estrangulou.

-- SAIA DO MEU CAMINHO, DOUTOR! – e o jogou contra um tronco.

A vampira  se recupera e quando olhou o pentagrama e aquela urna, se afastou e viu a briga dos dois.

-- Quero minha ursinha de volta! – berrou o visconde, errando um soco forte.  – E essa é a única forma de fazer acontecer.

-- Mas tanta gente pra matar, em outros vilarejos... – ele ofegava, escapando dos socos. – Por que deseja matar Alice?

-- Ela arruinou meu casamento. Me separou da minha esposa!

-- Mas você provocou isso!

A frase causou impacto a Gerd. A culpa também era dele, por ceder aos desejos. Na primeira noite de traição, tinha jurado nunca mais fazer aquilo e para esconder de Louise, pensava em outras coisas para sua esposa não ler seus pensamentos. No segundo encontro fez a mesma coisa. E no terceiro jogou tudo pro alto e continuou a se encontrar com Alice mais vezes... até o dia que Louise e Palin os flagraram.

-- Se tentar outra vez assassinar Alice, contarei tudo pro conde! – disse o médico, levando Alice consigo para o castelo.

Decepcionado e enfurecido, Gerd desceu mais socos nas árvores e seus olhos, antes castanhos, ganham a forma vermelha e despontou os caninos. Caminhou longe até um vilarejo e provocou uma série de mortes, tudo pra retirar sua raiva crescente no peito por conta da culpa.

Uma hora depois, um sujeito meio bêbado, usando batina e na mão carregava seu cantil de uísque, sem querer tropeçou num tipo de caixa.

-- Ai! Maledetto! – resmungou em italiano.

Um pouco mais consciente, ele olha ao redor e descobre o pentagrama gravado no chão e quando abriu a caixa, encontrou as cinzas. Com um dedo, tocou aquele monte de pó e lambeu.

-- Cinzas de vampira. – sorriu o suposto padre. – Alguém deve ter tentado ressuscitar você e não conseguiu. Mas agora eu farei isso.

Como conhecia o ritual satânico, não foi difícil para o sujeito rezar em latim desconhecido e pegando a adaga deixada no chão, cortou seu pulso e derramou um pouco no desenho e nas cinzas. Em instantes um brilho irradiou no pentagrama e por fim uma explosão energética com algumas descargas elétricas. No meio da fumaça, uma forma pequena, feminina, sem roupas, caminhou até o homem.

-- Foi você que me trouxe de volta? – questionou a moça, de olhos azuis brilhantes , pálida.

-- S-sim. Fui eu...

A garota o agarra e rasga a batina.

-- Muito obrigada!

Não deu tempo para Giacinto Facchetti, um falso padre, de dizer algo. Ele simplesmente deixou que Louise o mordesse. Era seu objetivo. Virar vampiro e graças a nofesratu viva, concluiu seu propósito.


Londres

Chegando em Upwest Downing, sua mansão, Serguei Hobbes se preparava pra descer da carruagem quando foi abordado por outra pessoa.

-- Moses?

-- Preciso falar com você.

Serguei permitiu o embarque do rapaz e mandou o cocheiro continuar as voltas.

-- Eu vou a Munique com Mary. – disse, um pouco soturno.

-- Tem certeza? Você falou com ela sobre a cura?

-- Disse, mas Mary não concorda. – ele gesticulava, nervoso. – E ela quer se encontrar com seus compatriotas.

-- Foi em Munique o desaparecimento da minha irmã! – berrou Serguei. – E Mickey foi para lá, na esperança de encontrar ela ou ao menos o corpo dela, se estiver morta.

Moses engoliu em seco. Não tinha coragem de revelar a Serguei que Louise não é mais uma humana. Antes de dizer mais, ouviu-se o grito do cocheiro e o sangue manchando a janela. Os cavalos também berraram e pararam em seguida. Serguei logo sacou sua pistola com balas de prata. Depois um corpo desconhecido, de olhos esbugalhados vermelhos e dentes afiados tentou invadir a carruagem e atacava Moses. Serguei o defendeu, com chutes e tiros.

Os monstros aparentemente foram embora. Moses tentou abrir a porta.

-- Não faça isso... – pediu Serguei.

E na abertura o transporte virou, deixando os dois de cabeça pra baixo.

-- Moses...

-- Serguei, me ajuda...

Os dois saíram com dificuldade mas uma das criaturas agarrou Moses pelo pescoço. Ele temeu internamente. Era uma mulher, sem cabelo e roupas e com marcas no corpo.

-- Filii lucis maledixit: sanguis ejus in lucifero serve! (Filho amaldiçoado da luz, seu sangue servirá para Lúcifer!) – disse o ser, pronto pra matar Moses.

Serguei apontou a arma mas foi rendido por outra semelhante a primeira.

Moses fechou a cara e começou a dizer coisas em latim.

-- Creatura tenebrarum de me antequam patiatur mille labores eius manducabunt et pellem diaboli consumentur carnes vestras. (Criatura das trevas, sofrerá mil dores antes de me tocar, sua carne queimará e o demônio rasgará sua pele e ser devorado!)

O monstro de forma feminina tremeu e a surpresa maior foi outra pessoa dizendo a mesma língua que a de Moses.

-- Omnis qui loquitur surge et accipe ab inferno, et flammas in tenebris, et rex non minabatur qui debet. Animal foedum movent dabo carnes devoraremos aut sanguinis eius! (As chamas do inferno surgirão e levará todo aquele que proferir o rei das trevas e ameaçar quem não deve. Criatura nojenta, afaste-se ou devoraremos sua carne e entregar seu sangue para ele!)

Depois das palavras, foram embora, deixando os dois homens chocados. Moses reconheceu a dona da voz. Sua irmã, Felicity.

-- Fefe! – Moses a abraçou.

-- Moses....

Nenhum dos dois perguntou o motivo ou outro questionamento. Moses sabia e Fefe também. Serguei por sua vez, guardava a arma e conduziu os dois para sua mansão. Ele sim tinha questionamentos e só Felicity poderá responder...



Continua... 

sábado, 6 de janeiro de 2018

Stop! In Name of Love (McGüller Final)

Olá, pessoal!
Tenham uma boa noite e vamos começar 2018 com o capítulo final de Stop! pelo menos da parte de McGüller. Teremos um epílogo revelando umas coisas e dando fim a outras.A troca-destroca de casais foi boa e em breve teremos mais uma. Vamos lá!



Capítulo Final (McGüller):  We’ve Only Just Begun


Louise POV

Apesar dos berros, profanações e outras coisas que meu pai dizia na abadia, não ligava. E ainda vi a Sra. Müller aceitar numa boa. Logo eu que achava que a velha não ia com a minha cara depois da pérola do quadril grande, não imaginava uma reação dessas. Minha mãe era a única da família que não demonstrava nada. Estava tranqüila e favorável.

Gerd e eu tentamos falar com meu pai e levei mais pedrada.

-- O que quer me dizer mais? Ah, quer minha benção?

-- Pai, só quero pedir perdão. – eu disse. – Por esconder isso e revelar num lugar assim. Eu sinto muito...

-- Sente muito uma ova! – ele gritou e desta vez, sem drama. Ele estava bravo. – Você é uma irresponsável! Deus do céu, é triste criar uma filha com sacrifício e dedicação, pra depois entregar ao primeiro idiota que aparece!

-- Hey! – Gerd se ofendeu e eu impedi.

-- É isso mesmo que você é! Um idiota alemão, desgraçado! Afinal, o que você quer com a minha filha? Amor com certeza não é. Eu conheço jogadores do seu tipo. Namoram atrizes e cantoras famosas, ganham destaque maior, aparecem em todos os jornais, revistas, a mídia inteira. E mesmo jogando terrivelmente mal, todo mundo te elogia porque tem uma namorada famosa! Eu não vou dizer que eu lhe avisei, mas espero quando Louise der com a cara no chão e se arrepender de perder o namorado pra... essa menina! – apontando o dedo para Dianna.

-- Não envolva a Di nisso tudo, pai. – pedi, mesmo com lágrimas.

-- Por quê? É a verdade! Já tive muita decepção por hoje.

Ele não esperou mamãe e saiu porta fora. Esperei um pouco e também saí com Gerd pra fora da igreja. Chorei bastante. Meu próprio pai, a pessoa que mais admiro no mundo e que está acima dos meus amados atores de cinema, foi a segunda pessoa me condenar. A primeira foi Odile.

-- Ursinha...

-- Eu quero ficar sozinha. – disse, soluçando e me rendendo ao abraço do meu amor. – Desculpa, Gerd. Meu pai...

-- Está tudo bem... Louise, vou ser sincero. Se não fosse o fato de estar numa igreja e na frente de toda aquela gente, eu dava um soco no seu pai por todas aquelas ofensas.

-- Não ia... adiantar nada. – não conseguia parar de chorar e continuei falando. – Eu quero sair daqui. Ir embora da Inglaterra e viver com você.

Ele sorriu e tocou minha barriga.

-- Imediatamente! – confirmou.

No outro dia a notícia espalhou-se como vírus. Todos os veículos de comunicação não paravam de falar da “troca-destroca de casais”. Humilhante. Esqueceram o filme e focaram na fofoca do momento. Mamãe veio sozinha me visitar.

-- Papai não vai gostar de saber... – não terminei de falar.

-- Dane-se seu pai! Eu vim por você. – me abraçando e dando carinho. – Daqui a pouco Dasha aparece. Então, você vai se mudar?

-- Sim e desta vez é pra valer. – respondi, sério. – Não é só pra fazer o povo britânico esquecer esse incidente e sim porque eu quero. Desejo recomeçar.

-- Na Alemanha é pouco provável um reconhecimento.

-- Vou continuar trabalhando com diretores famosos. – sorri. – Recentemente aceitei meu primeiro papel num filme de super herói. E da Marvel.

-- Sério? – mamãe abriu bem os olhos. – Estou feliz por você, meu bebê. Amadureceu bastante e que seja nos Vingadores: Guerra Infinita!

E mais risos. Depois falamos da minha gravidez, como aconteceu meu relacionamento com Gerd e tudo mais. Mesmo na narração, ela não demonstrou surpresa e continuou calada.

-- Diga alguma coisa. – pedi.


-- Louise, vou falar a verdade. Isso não me surpreendeu. Tenho percebido que desde sua convocação no filme da Odile, o Davy se afastou de você. Deduzi milhares de vezes o motivo e um deles seria uma briga dele com a Odile, já que eles não se bicam. Ou vocês terem discutido ou ele conheceu uma pessoa ou vice-versa. E confirmei com a vinda deste alemão na nossa casa. Louise, você não leva seus colegas de trabalho pra nossa casa. Você é discreta. Seu pai desconfiou e eu não disse nada pra ver até onde ia.

-- E chegamos esse ponto. – lamentei.

-- Fiquei tão brava com seu pai ontem que nem passei a noite em casa. Fui para o apartamento do Serguei. Ele se esqueceu sobre uma coisa.

-- O quê?

Sabe o silêncio de suspense quando alguém quer te contar algo que não sabe? Eis que minha mãe revela algo.

-- Eu ia me casar com o pai do Serguei. Estava exatamente como a Dianna. Thiberius respondeu a pergunta do padre e na minha vez, o seu pai aparece na igreja, trajando o figurino do Coronel Brandon. Ele saiu no meio da peça pra me impedir de casar com o homem errado.

Chorou na minha frente e eu a abracei.

-- Mas isso não justifica o que ele fez na igreja. – repliquei.

-- Não mesmo mas digo o motivo de ter xingado o Gerd. – ela parou de chorar. – Ele lembra o Thisbe.

-- Thisbe?

-- Era assim que o chamava. – mamãe riu da lembrança. – Thiberius era alto, grande, um urso de descendência russa e fala em inglês. Gerd tem o mesmo formato. Só é alemão puro e jogador. Decerto essa parte é por causa do relacionamento que Dasha teve com aquele goleiro do Dínamo de Kiev e teve medo que acontecesse o mesmo com você.

-- Puxa vida...

-- Contudo, eu acredito que com você e o alemão vai ser diferente. Na verdade deu uma sorte. Caras como ele são difíceis de achar.

-- Pra falar a verdade, não sei nem como aconteceu.

É claro que eu sei mas era complicado demais pra explicar e entender. Os dias seguintes foram desse jeito: arrumava minhas coisas para a mudança, falava com meus amigos, menos com Odile. Mantinha contato com Davy e Dianna e ignorava tudo relacionado a troca de casais.

Antes da minha partida, procurei o único obstetra confiável que mora na Inglaterra. Cheguei ao consultório dele e a secretária me olhava sério.

-- Bom dia. – me cumprimentando sério. – Em que posso ajudar?

-- Quero falar com o Dr. Smith.  – disse, sorrindo.

-- Tem hora marcada?

-- Não. Apenas diga que Louise McGold está aqui. Ele vai me receber.

Esperei sentada e tomando água. Por enquanto só eu na fila de atendimento. Gerd chegou a tempo de o doutor me chamar.

-- Ele não está? – perguntou, meio ansioso.

-- Está. Só... – Gerd ainda não conheceu meu médico. – Só é meio preguiçoso.

Neste momento a secretária aparece com a cara da derrota. E me olhando irritada.

-- Pode entrar, Srta. McGold. O doutor Smith a espera.

Entramos juntos na sala e encontrei Moses jogando League of Legends no computador. Meio antiético isso se um paciente o flagrar assim.

-- Dr. Smith?

-- Ah, Louise. – ele minimizou a tela e me abraçou. – Faz tempo que não te vejo. E este deve ser o Gerd.

-- Meu namorado. – confirmei. – Gerd, este é o Dr. Moses Smith. Meu primo.

Gerd nos olhos espantado.

-- Como assim, primo?

Moses riu comigo.

-- Vamos ter que dizer pra ele que meu pai teve um caso com a minha mãe, antes dele casar com a Sophie?

-- Não será preciso. – respondi.
-- Mas vai me explicar. – exigiu.

-- Depois, ursinho. – e voltei atenção pro doutor. --  Estou pronta para o ultrassom.

Receei um pouco ali não por conta do pudor e sim por desejar que fosse uma menina. Gerd deseja tanto um menino. Falando nisso, a frase que meu pai proferiu na abadia sobre seu neto nascer germânico, viralizou como meme na internet.

Neste momento, vi a forma do bebê.

-- Calma, vou verificar... – dizia o doutor, passando o sensor em outro canto da minha barriga. – Aí está! É um menino!

-- Menino? – eu disse, não acreditando no que ouvi.

-- Ein junge! (Um menino!)

-- Sim, um menino! Forte e saudável. Olhem o coraçãozinho dele.

Imaginem um casal. A mulher por carregar uma vida dentro da barriga, o homem que deu sua semente e gerou com a mulher aquele ser humaninho fofo, muito feliz.  Os dois felizes, embora Gerd fosse a parte mais alegre nisso tudo, porque admito: queria mesmo uma menina. No entanto, só de ver aquele bebê se formando no ventre e dentro de alguns meses vou segurar em meus braços, amamentar e cuidar dele por dias, noites, todo momento, me enche de alegria.

-- Tommy... – disse baixinho, não o suficiente para Moses e Gerd ouvirem.

-- Este vai ser o nome do garoto? – questionou o obstetra, terminando o exame.

-- Ya! – Gerd concordou. – Thomas! Meu ursinho.

-- Nosso ursinho bebê.

Nos beijamos e minutos depois quando me vesti corretamente, a secretária apareceu com a cara menos amarrada, porém preocupada.

-- Dr. Smith, aquela paciente outra vez está aqui para a consulta.

Moses mudou completamente. Antes sorridente, agora completamente sério.

-- Remarque a consulta, Mariah. Diga para Srta. Jones que não estou em condições de atendê-la por motivos sérios.

A secretária Mariah voltou para a recepção e na hora da minha saída, eis que entra Marianne Jones, a roteirista.

-- Ah, não, não e não! Você não vai me fazer remarcar esta consulta, Moses!

Estava chocada. O que Marianne e Moses tinham? Suspeito de algo...

-- Bem, eu já vou, primo! – me despedi dele. – E obrigada.

-- Não tem de quê! – agradeceu o médico e ele volta a falar com Gerd. – E não esqueça, Gerhard. Façam posições que deixem Louise confortável.

E saímos da clínica, sem perguntar ou teorizar os motivos de Mari e Moses estarem no mesmo lugar.

E mais alguns meses finalmente fechou meu tempo de gravidez. Moses previu que meu filho nasceria antes do natal. Sempre sonhei com o nascimento no dia 24 ou 25 de dezembro. Não dá pra desejar tudo. E neste tempo a casa dos sonhos já estava pronta. Meus dias ali foram tranquilos, poucos aborrecimentos com a imprensa e com meu pai. Ele se recusava a falar comigo. Será que ele não pode ser mais compreensível?

Em meio a esses pensamentos, parei de ler meu livro e já ia dormir quando recebo
visita de alguém: Odile.

-- Oi.

Não respondi e fechei a porta. Odile impediu.

-- Louise, me perdoa por ter falado aquelas no momento que pediu desculpas.

-- Não! Você sempre aceitou mas quando saiu aquela resenha e te xinguei, devolveu tudo pra mim. Passei dias e meses sofrendo com essa gravidez, meu pai me renegando e minha melhor amiga com suas palavras. ME CHAMOU DE VADIA!

-- Eu sinto muito...

-- Vai se f....

Não consegui dizer. A dor começou, uma contração maior que a outra e a sensação de umidade no meio das pernas.

-- Ai... Não... – gemi e sentei no sofá. – Não...

Odile me ajudou mesmo sob minhas recusas.

-- Vai embora...

-- Não vou até você ficar bem...

As dores aumentaram e logo chorei. Partos são assim, tão dolorosos? E quanto mais pensava, mais agia e mais dor eu tinha. Por fim segurei a mão da Odile.

-- Não me deixa... – estava bem desesperada.

-- Não vou, meu universo.

E realmente se não fosse Odile, teria ganhado meu filho ali mesmo na sala de casa. Com o táxi que conseguimos, chegamos ao hospital central e logo fui para emergência. Pensei no Gerd. Droga! Hoje era dia de jogo pelo campeonato e ele não sabe da minha situação. Ironia é ser colocada no bloco cirúrgico com o rádio ligado no jogo.

-- Frau Müller, procure dormir um pouco... – logo vi que enfermeira ia injetar a anestesia e impedi.

-- Não quero dormir! – agarrei o pulso dela. – QUERO GANHAR MEU FILHO COMO ESTÁ! ENFRENTANDO A DOR!

O doutor (usando aquelas máscaras), concedeu o pedido e verificou depois.

-- Está muito adiantado.

-- Doutor...

-- Tenha calma, frau Müller, vai dar tudo certo...

Naquele instante, Odile entrou, já devidamente vestida conforme os médicos e de máscara, se ajoelhou.

-- Eu mandei mensagens para eles e liguei. – ela suspirava e chorava. – Vou ficar do seu lado.

-- E minha mãe? – mal conseguia dizer por conta da dor.

-- Liguei pra todo mundo. Estão vindo.

Gritei mais e Odile segurava forte minha mão.

-- Frau Müller, se esforce mais um pouco. Respire fundo e empurre com toda sua força.

Conforme os lances narrados do jogo pelo rádio, gritava e empurrava. Cheguei a um ponto que não conseguia e queria apagar. Odile não deixava e me acordava com tapinhas no rosto.

-- LOUISE! – Odile berrava. – EMPURRA DE NOVO!
Exclamei algo que nem lembro e ouvi todo clamor da torcida do Bayern com o gol marcado pelo ursinho.

-- É um menino, frau Müller! – disse o médico e trazendo o bebê chorando e manchado de sangue.

Então aquele serzinho tão pequenininho, semelhante a um grão, foi a obra que Gerd e eu geramos no nosso amor. Odile vibrava, tirava fotos no celular. As enfermeiras secavam meu rosto suado e me parabenizavam. E eu chorava de emoção, de felicidade. A dor sumiu, dando lugar a uma extrema alegria.

-- Qual o nome dele? – perguntou o doutor.

-- Thomas. – respondi, segurando meu grãozinho. – Meu ursinho bebê.

A enfermeira depois avisou que teria de deixar o Tommy no berçário mas antes precisava ser limpado. E uma onda de fraqueza invadiu meu corpo.

-- Louise, não apague agora.

-- Odile, me perdoa...

-- Sempre, meu universo...

Foi um sono gostoso e no meio dele vi uma luz forte igual vista no filme Ghost. Seguia na direção dela até alguém me chamar. A voz era familiar. E acordei com a mão grande e quente do Gerd.

-- Ursinha?

Gerd estava de uniforme, suado e chuteira. Seria possível ele ter saído em pleno campo pra vir aqui?
Odile segurava melhor Tommy, com uma toalha limpa e azul.

-- Quanto tempo eu dormi?

-- Foram três horas de sono. – confirmou minha amiga. Ela entregou o bebê pra mim. – Ele é lindo.

Admiramos o bebê. Tommy abriu os olhos. Azuis, como os meus.

-- Ele tem seus olhos. – disse Gerd, admirado.

-- Mas o rosto e tudo ele tem de você. – sorri e olhei para Odile. – Quer ser a madrinha do meu filho?

-- Eu? Mas...
-- Não aceito sua recusa.

-- Sim.

Apesar de todas as dores, contratempos e situações, valeu a pena. Foi um ano muito agitado mas de certa forma divertida, com alguns momentos dramáticos.