Olá pessoal!
Tenham um bom fim de tarde e começo de noite e fiquem com novo capítulo decisivo de Stop! Boa leitura!
Capítulo 22: Prova de Fogo
Rosie POV
Esta é uma prova de fogo
Você vai dizer
Se gosta de mim.
Sei que você não é bobo,
Porém seu reinado
Vai chegando ao fim...
O trecho da música que
toca no rádio combina bem com o momento que vou ter. Uma prova de fogo. Por um
lado estava aliviada por sair de um casamento que por sinal não deveria ter
acontecido. E por outro tive pena do Best. Ele não merecia toda minha raiva e
ciúme que tinha da Marianne. Eu não devia descontar nele tudo isso.
E fomos para o camarim,
fechamos a porta. Encarei meu marido, sentada na cadeira.
-- Por favor... – ele
suspirava para evitar mais prantos. – Me diz que isso é uma piada e de mau
gosto.
-- Piada é esse casamento.
– disse. Eu devia falar a verdade. – Eu disse pra você que não queria casar.
Mas não adiantou. Você disse pra toda sua família, pro time, pros seus amigos,
pro mundo que vamos nos casar. Eu nem disse se aceitava. E no outro dia a
igreja pronta, o salão pronto e até providenciado um vestido com todas as
minhas medidas! EU NÃO QUERIA ME CASAR COM VOCÊ!
-- Mas nos amávamos. –
Best ainda insistia com a conversa de amor. – Por quê?
-- Amar? – me espantei.
Sai da cadeira e fiquei cara a cara com ele, muito brava. – Best, nós tínhamos
começado a namorar logo depois que o Bobby Moore me deixou. Eu falei um milhão
de vezes. Não quero me casar ainda.
E continuamos falando.
Best parecia uma garota inconformada. Me dava mais pena dele.
-- Então por que me deixou
acreditar? – indagou Best.
-- Eu sempre fui clara que
não quero me casar. E sim viver um relacionamento bom.
Uma pausa na nossa
conversa. Percebi que uma parte do elenco ouvia meus gritos. Dou razão pra
eles. Literalmente não dava pra falar calmamente.
-- Vou ser mais direta.
Praticamente você tomava todas as decisões por mim. Começando por nosso
casamento, depois essa escalação para o filme da Odile. Você sabe que não gosto
dela, mesmo ter ficado com ela uma vez e eu já tinha aceitado um trabalho com
Lars Von Trier. E por sua culpa e da francesa eu perdi minha oportunidade. E
pra piorar, ainda chamaram aquele embuste da Rússia chamada Anastacia Rosely
pra escrever o roteiro. Você mais do que ninguém sabe que não gosto daquela
mulher por razões óbvias. – chorei. – E então eu desisti. Procurei a única
pessoa que realmente viu que estava sofrendo. Edmund.
Best se calou mais e não
ouvi os burburinhos dos curiosos que encostavam as orelhas na porta ou na
parede.
-- Quer saber como nós
concebemos o bebê? Foi na noite que você saiu com Charlton e o Law. E foi a
melhor noite de minha vida. E quando descobri que estava grávida, deu tudo
errado porque você achou que era seu.
-- Achei que ia gostar de
atuar comigo. – ele comentou. – Você reclamava que nunca estava presente.
-- Admito, eu reclamava.
Mas depois desejava que você ficasse longe de mim. Meu Deus, eu rezei que você
se apaixonasse por outra ou pela Odile. Enfim, depois das gravações da minha
parte, vou entrar com pedido de divórcio.
A próxima atitude foi do
Best. Ele saiu do camarim sem dizer nada. Absolutamente nada. Minhas mãos
tremiam mesmo não ter me arrependido do que disse. Quando me retirei, todos me
olhavam estranho. Até mesmo Ana.
-- Se eu soubesse que você
tinha aceitado trabalhar com Von Trier, não teria te convidado. – disse Odile.
-- Chorar pelo leite derramado
não adianta mais, Odile. – falei, bem grosseira. – Só vim pra finalizar essa
porra de filme, pelo menos da minha parte. Vamos logo gravar isso!
-- Tudo bem, Rosie. –
Odile me olhava torto e foi assim o resto do dia.
As gravações ocorreram
tudo bem, houve poucos erros e tomadas a serem corrigidas e feitas. A cena
final seria de Candice dizer adeus pro namorado dela, Ross (definido segundo o
novo roteiro) e encerrando minha participação e a do Best. Quando Odile falou
corta, Best largou fora do estúdio, sem falar algo. Quanto a mim, fiz o mesmo e
me juntei com Edmund. Tínhamos outros compromissos.
-- Certo, pessoal. Próxima
cena será dos ursinhos e uma do Gene.
Conversei rápido com
Odile.
-- Não está brava com que
aconteceu?
-- Já aconteceram tantas
coisas aqui neste set que não adianta me estressar por outras que estão
surgindo.
-- Acho que a destruição
do seu antigo set, os surtos da Louise, o fim do meu casamento e minha briga
com Marianne e Ana não é nada perto do que vem por aí daqui a dois dias... Nas
bancas de revistas.
Odile abriu um pouco os
olhos e só disse:
-- Tudo bem, Rosie.
Conversamos com um
advogado de confiança do Ed e os documentos mais do que prontos. No entanto
tinha outro problema: um casamento. De quem? Daquele alemão chamado Gerd Müller
com a poetisa Dianna Mackenzie. O elenco e a equipe de filmagem foram
convidados. Droga! Vou adiar mais um
pouco a assinatura do Best pra depois do casamento.
E dois dias depois
aconteceu a bomba da semana. A revista Gates of Eden publicou sobre o filme da
Odile, intitulado “O maior fracasso insistido do cinema!”. Contei tudo para o
Ed o que se passava naquele set, inclusive das minhas desconfianças que
aconteciam entre os casais reais (Davy e Lulu, Gerd e Dianna) e os da ficção,
mais os surtos que Louise teve durante as gravações, as tretas e mais outras
loucuras. Era minha vingança contra Odile, Marianne e Anastacia.
Mickey POV
Esses dias que se passaram
foi tipo uma marcha lenta. Em compensação estava com o pressentimento que as coisas
podem melhorar. Era o pensamento que tinha até comprar a revista Gates of Eden
e me deparar com a bombástica manchete.
-- Puta merda!
Em casa li, reli e não
tomei mais café. Santo Deus! O que fizemos para merecer isso? Como Edmund teve
a audácia de publicar esses fatos ocorridos anteriormente nas filmagens?
Então me lembrei da treta
que teve entre Rosie e Best e contra todo mundo. Foi ela a delatora de tudo.
Puxa vida! Como se afundar Odile não bastasse, a matéria avacalha com Ana e
Marianne e critica duramente Louise, dizendo que suas atuações se tornaram
duvidosas por conta do alto número de aparições sem roupa.
Neste momento Louise e Ana
apareceram no apartamento e me mostraram a revista. Louise gritava de raiva e
Ana se segurava pra não quebrar algo do meu apartamento.
-- Esse cara é um abutre!
– comentei. – E ainda se diz jornalista isento.
Odile entrou no
apartamento e conversou com Louise.
Enquanto Ana e eu planejávamos o que fazer sobre Rosie, pude ouvir a
quantidade de “porras” que Louise berrava pra Odile.
-- Deus que me perdoe,
Odile. Você é minha melhor amiga. Mas eu juro. Foi um tremendo erro ter
participado deste filme! Você disse que vou ganhar um Oscar, mas depois disso,
duvido que os críticos queiram me colocar na disputa pela estatueta. Neste
momento só quero que esse pesadelo termine!
Odile se sentiu mal o
resto do dia. Nem Franz conseguiu animá-la de alguma maneira. Ana saiu de casa.
Ela decidiu conversar com Rosie.
Rosie POV
A revista escrita não era
dessa forma que imaginei. Mas foi o bastante pra chamar atenção da mídia e
finalmente trazer as atenções pra mim e críticas para Louise. Culpa dela e da Odile perdi trabalhos
importantes, com gente importante pra atuar neste filme e ainda consegui poucos
trabalhos e todos ruins. Liguei pro Best e não me atendeu mais. Liguei mais uma
vez pra saber como ele está e nada. Deixei um recado no celular.
-- Best, é a Rosie. Eu sei
que está me ouvindo. Me mande mensagem ou me ligue. Você saiu do estúdio sem
falar com ninguém. E eu quero saber como você está. Me liga.
Mal desliguei o telefone e
ouço batidas na porta. Abri me surpreendi com a presença de Ana. Ela entrou sem
convite da minha parte. Já sei do que se trata.
-- Ainda tem raiva de mim?
– ela perguntou.
-- Não mais. – respondi de
forma cínica.
-- Rosie, independendo do
que eu fiz, peço desculpas por prejudicar você. E sobre eu e Marianne, já
acabou. Somos amigas. Ela só sabe falar de você.
Não proferi uma palavra.
Em vez disso tomei água, ofereci pra ela e servi. Voltei a falar.
-- Ana, vou ser um pouco
honesta com você. Não tenho raiva de você. Na verdade gosto de você. Meu ódio
começou quando Chelsea O’Malley me trocou por você. E aumentou mais quando vi
você e Marianne juntas e se beijando no restaurante e fiquei tipo sem ação. Sem
pensar num argumento.
-- Rosie, fiquei com Chelsea porque vocês tinham
terminado e eu terminei com a Mari porque ela se manifestou. Disse estar amando
você. Sei que erramos por falta do dialogo, por falta de contato.
Por mais a raiva ter
inflamado ali, me senti melhor com a honestidade de Ana. No fim eu mesma
reconheço que peguei pesado.
-- Eu também peço perdão
por te arruinar e não só você mas também a Marianne, Odile e Louise.
-- Tudo bem, sei que elas
te desculparam mas gostaria de que você publicasse essa carta na revista do seu
namorado.
-- Que carta é essa?
-- Eu escrevi em nome da
equipe e Odile está ciente. É uma resposta a aquele texto do Edmund.
Quando ela se retirou, li
a carta e dizia isso:
Prezado Edmund Jones
Devido às recentes matérias
publicadas na revista Gates Of Eden sobre o filme, no qual traça críticas
errôneas e caluniosas sobre tal obra, antes mesmo que a película estivesse nos
cinema.
Por meio dessa carta veio salientar
que houveram brigas e desavenças durante as gravações, mas todos souberam
reconhecer seus erros e trabalharam em conjunto para que o filme fosse filmado
e pronto.
Em nome da equipe, esclareço que não
somos “um bando de gente despreparada
para fazer cinema” e que a diretora Odile Greyhound não é uma “estúpida
francesa que não sabe traçar argumento”, que todos os atores, roteiristas e
produtores deram seu melhor para que a obra fosse feita.
Cinema não é um trabalho de um só e
sim de um grupo. Somos contra todos esses comentários.
Atenciosamente,
Anastácia Rosely Romanov, escritora e roteiristas
Convencer Edmund aceitar
aquela carta foram outros quinhentos mas no fim ele aceitou. Mas debochou.
-- Ed, não acha que
pegamos pesado com eles? – perguntei. – Talvez não sejam tão ruins, apenas deu
azar de certas coisas acontecerem pra sabotar o projeto.
-- Rosie, eles são ruins.
– Ed continuava negar sobre o trabalho deles.
-- Acho que ao menos devia
dar esse espaço a essa carta. – mostrei. -- Por favor!
-- O que eu não faço por
você, cabelos de fogo? – ele aceitou a carta.
-- Tem mais uma coisa. –
avisei enquanto preparava a postagem no site. -- Vou conversar com Best. Preciso
saber se ele está bem.
-- Tudo bem e ai você se
divorcia quando tudo isso terminar, vamos viajar e esquecer que esse filme
aconteceu.
O problema não era o
filme. E sim precisava saber do Best...
Louise POV
Passei sozinha o resto do
dia. Não me atrevia a ligar pro Gerd pois ele estava ocupado com Dianna na
preparação do casamento. E depois do que li na revista, me desmotivei demais.
Olhei-me no espelho. A barriga já estava começando ganhar uma pequena forma e
minha fome aumentou. Não comia mais por estar deprimida e sim pela gravidez. A
campainha toca. Rezei que fosse Alice.
-- Me desculpa, ursinha. –
Gerd entrou apressado e carregando uma sacola
e uma caixa. – Decorações nunca foi meu forte e a Dianna, coitada,
também não sabia responder.
Normalmente tenho
respostas pra tudo. Foi diferente. Voltei pro quarto, deitei na cama e liguei a
TV smart, comendo os bombons. Trinta minutos depois senti um cheiro de fritura
forte, o bastante pra provocar enjôos.
-- Gerd, pare com isso. –
pedi em voz alta. – Eu... Merda!
Corri para o banheiro e
botei tudo pra fora. Gerd me ajudou e a fritura parou. Em compensação ele fez uma
sopa leve.
-- Eu não to bem. – disse.
-- Louise, isso tudo é por
causa da revista?
-- O que acha?
Gerd riu um pouco.
-- Não entendi a graça.
Gerd, é sério. Você gosta de ser comparado ao Neymar Jr?
-- Louise, aprendi a lidar
com comparações e críticas desse tipo. Se ele me comparou ao jogador brasileiro
do Barcelona é porque sou bom no que faço.
-- Isso é verdade. –
sorri.
-- A única diferença entre
Neymar e eu é que ele não ganhou uma Copa do Mundo.
-- Isso também é verdade.
Embora não nego que torcia pelos brasileiros na Copa passada. Aquilo foi...
Foi... Sem palavras.
-- Mostramos quem é a
melhor seleção! – me abraçou e tocou minha barriga. -- Nosso ursinho.
--Nosso ursinho. Quero
muito segurá-lo. – comentei. Desde a gravidez aquele medo havia sumido e a
vontade de ser mãe aumentou.
-- Quando tudo isso acabar
você vem comigo pra Munique. Nosso bebê vai ter um grande espaço pra crescer.
-- Uma casa só nossa?
-- Só nossa.
Tomei a sopa e me
recuperei do choque. Gerd se mostrava mais cuidadoso comigo. A idéia de formar
uma família me pareceu boa. A casa cheia de crianças, aquela alegria
contagiante.
-- Estive pensando. –
terminava de lavar a louça. -- Nosso bebê não será o único... quero dizer,
filho único.
-- Quero um time de
futebol e já temos um técnico. – ele disse bem divertido.
-- Gerhard! – joguei o
pano de secar os pratos na cara. -- Se quer um time, no futuro um dos nossos
filhos terá seu nome!
-- Ótimo!
Agora vem a parte mais
legal quando surpreendemos o parceiro com outra parte da moeda.
-- Mas convertido em
inglês!
Gerd bebia água e quando
ouviu isso cuspiu, assustado. Dei risada.
-- Vamos ver se entendi.
Nosso filho terá meu nome... Em inglês? Gerald?
-- Sim.
-- Bem... acho também muito boa a versão italiana do meu nome... Gaetano...
O que acha?
Com tanta conversa e ele
sem querer menciona a Itália. Por quê? O riso acabou e eu não toquei mais no
assunto. Gerd dormiu de conchinha comigo e adormeci. Quando amanheceu me
acordei com o ruído da campainha. Vesti o roupão bem atrapalhada e abri a
porta. Alice.
-- Meu solzinho! – me
abraçando e me beijando na bochecha. – Bom dia. Espera! McDreamy, digo, Gerd
está aqui?
-- Dormindo. – respondi e
bocejei. – Alice, são oito da manhã. Eu quero ficar na cama.
-- Não antes de receber
seu presentinho.
Ela me entrega uma caixa
embalada com papel presente personalizado de bebê. Abri aquilo e encontrei um
lindo macacão de ursinho pardo muito fofo. Me emocionei pelo presente.
-- Alice, isso é tão
lindo! – abri bem os olhos pra admirar o presente adorável. – Adorei!
E mais abraços fortes. Ela
ainda completou mostrando o tablóide The Sun e na primeira página a carta de
Anastacia para a revista Gates of Eden sobre a matéria que publicaram sobre o
filme e críticas sobre o elenco. Alegrou meu dia e aliviou meu coração. Agora
não sou mais considerada atriz duvidosa.
Alice ficou para o almoço
e ela mesma cozinhou. Gerd chegou trazendo mais presentes. Almoçamos juntos,
conversamos sobre seu programa na TV, a relação confirmada com Serguei e a
possibilidade de terem um filho. Na parte da tarde ela foi embora e ficamos nós
dois, assistindo a série Bloodline quando a campainha toca. Pelo modo como
soava deduzi quem era: minha família. Confirmei no olho mágico da porta.
-- Ursinha... – Gerd quase
falou alto.
-- Se esconda. – avisei. –
Embaixo da cama, rápido!
Abri a porta e mamãe já
foi entrando sem convite.
-- Por que demora sempre
pra nos atender? – perguntou meu pai e mamãe se sentando no sofá.
Ia responder mas eles
entenderam. Ou pensaram que entenderam por conta da luz fraca no quarto e a
cama desarrumada. Papai fez aquela cara de espertinho.
-- Não responda, filha. –
ele piscou e falou alto. – Fica tranqüilo, Davy. Não vou brigar com você.
-- Pai! – repreendi, um
tanto constrangida.
-- É melhor irmos pra
casa. Vamos, Mary. Nossa tumbelina está em perfeitas mãos.
-- Acho bom. Detesto saber
que meu genro não está cuidando da minha filha e do meu neto.
Eles saíram e Gerd depois
surgiu, todo torto e espirrando.
-- Nunca mais me escondo
ali! Nunca mais!
Vou me lembrar de nunca
esconder um homem de 1,76 de altura embaixo da cama. Gerd achou melhor no outro
dia passar mais tempo com Alice. E foi o que fiz. Minha Lua apareceu de manhã e
ele assistindo sua série.
-- Me sinto mal por dizer
aquilo pra Odile. – comentei, triste e por lembrar.
-- Você pode falar com
ela. – disse Alice mais solícita. – Meu sol, ela anda muito triste pela
publicação da Gates of Eden. Agora não sei como se encontra, já que o The Sun
publicou a carta de Ana em resposta.
Resolvi visitar Odile. Não
foi uma boa recepção que tive.
-- Odile...
-- Louise eu não quero
mais ouvir você! – ela falava com braveza. – Você mesma disse que não gostava
da idéia do filme ter um elenco diversificado. E depois agora diante da crítica
da Gates...
-- Mas Odile..
-- Mas nada! – Odile
berrava e se encontrava numa fúria matadora.
-- Odile, deixa de ser
dramática. – falei, sem pensar que enfureci mais. – Você fica dramática quando
se embravece.
-- Dramática? Eu? Quem surtou
duas vezes no estúdio com Gerd? Quem disse que meu filme não daria certo? Você!
Meu Deus, onde estava com a cabeça pra te colocar no elenco? Mas não é. Minha
falta de dinheiro impossibilitou de contratar atrizes de alto escalão como
Marion Cotilliard e você por ser minha amiga, tive de chamá-la. E agora vejo o
tremendo erro. Eu não só afundo isso, como também destruí seu relacionamento
com Davy.
-- Você não destruiu. –
disse. – Me dei conta tarde demais que não o amo. E sim o Gerd. Inclusive...
Estou grávida dele.
Odile me olhou espantada.
-- Mesmo?
-- Sim. Por favor, não se
sinta culpada...
-- Minha nossa! – Odile se
sentou no sofá com as mãos na cabeça. – Meu erro ficou agora grotesco....
-- Odile, pare com esse
drama...
-- CALA ESSA BOCA! – ela
gritou e se voltou total contra mim. – Me chama de dramática, sendo que você
botou defeito em tudo, brigou com todo mundo, agüentei você o tempo todo e
engravida de outro? CAIA FORA DA MINHA CASA.
Praticamente ela me
expulsou de sua casa e ouvi o grito na janela.
-- Quando esse filme
acabar, me lembre de não trabalhar mais com você, vadia!
Agora pegou pesado. Em
nossos anos de amizade Odile nunca me chamou de vadia, nem na forma afetiva com
nossos milhões de apelidos toscos e estranhos. E ainda ela gritou comigo. Isso
deve ser o fato como a tratei nesses meses de trabalho no filme. Voltei pra
casa e não encontrei Gerd mas um bilhete dele escrito:
Dianna me ligou. A data do casamento
foi adiantada. Vou me ausentar mais, ursinha.
De tão decepcionada dormi
na sala e passei o resto da semana incomunicável. Não falava com ninguém no
What’s App, Facebook ou SMS. Nada. Passei dia e noite chorando na cama.
E CHEGOU A DATA DO CASAMENTO
Quando você chora a noite
toda, usando um pijama horrível e seu cabelo tá uma bosta e não consegue se
levantar? Pois é, essa sou eu, deprimida. Acho que Odile tinha razão. Sou mesmo
dramática. Ouvi batidas fortes no apartamento. Depois parou. Em seguida o
celular tocou. Atendi.
-- Alô? – com voz de sono.
-- LOUISE! – Davy berrou
no telefone e nem coloquei no viva voz. – Acorde logo! É hoje!
-- Hoje o quê, bastardo?
-- Como pode ter
esquecido? Hoje Dianna e Gerd vão se casar.
Tinha mesmo esquecido do
plano. Abri mais os olhos, abri a porta pro Davy entrar.
-- Quanto tempo nós temos?
-- Duas horas e meia!
Duas horas e meia? É pouco
tempo. Tomei banho depressa. Escovei o cabelo e coloquei um vestido qualquer
por conta da barriga.
-- Como estou? – perguntei
e sem querer me dei conta a irrelevância. – Esquece! Precisamos impedir um
casamento.
Descemos de elevador e
fomos pegar um táxi. Totalmente impossível.
-- Davy, este trânsito
está bem pior que em São Paulo! – reclamei.
-- O casamento é na abadia
de Westminster. Por isso esse congestionamento.
Tive vontade de vomitar
quando ouvi isso. Na abadia... O casamento não era numa igreja qualquer. Era em
Westminster. A igreja da família real britânica. Davy me amparou e sugeri que
chamasse o Uber por ser mais fácil.
-- Tenho uma idéia melhor.
– ele garantiu.
Enquanto me acalmava no
hall de entrada do condomínio, pensava como ia impedir o casamento num lugar
como a Abadia de Westminster. Com certeza as imprensas britânicas e alemãs
estarão lá. Melhor imaginar a manchete dos jornais mostrando a famosa troca de
casais em plena igreja de sua majestade.
Davy me conduziu para
dentro do carro de... Mike Nesmith e... Alana Watson? O que a baixista da
English Band fazia ali?
-- Oi Mike! – ele
cumprimentou. – Olá, Alana. Bem vinda à nossa família.
-- Obrigada, Davy. – ela
sorria e depois beijava o Nez.
Mike dirigia em alta
velocidade. Não sei como ele conseguia desviar dos carros e não cruzando sinal
vermelho. Resistia a vontade de perguntar pra Alana sobre ela e Nez. Deixei
para depois.
-- Quanto tempo nós temos,
Davy?
Olhou pro relógio. O tempo
passou rápido mesmo.
-- Meia hora.
À medida que pensava no
padre unindo meu ursinho com Dianna aumentava aflição e respirava fundo pra não
ter um troço e perder meu filho.
-- Acelera, Mike! – pedi,
impaciente.
-- Mas, Louise...
-- ACELERA!
Vamos definir um pouco
ironia. Nesmith dirigia em alta velocidade enquanto o rádio tocava You Can’t
Hurry Love, das Supremes. Que merda! Diana Ross, com certeza você não sabe o
que é impedir o homem que você ama num casamento onde toda realeza britânica e
alemã se encontram. Chegamos à igreja e as portas fechadas. Contudo, ouvimos
aquelas palavras em alto e bom som.
-- Se houver alguém que
seja contra esse casamento, que fale agora ou cale-se para sempre!
Entrei em pânico.
-- Davy... – como eu
estava receosa demais! Encarei meu amigo. – Você não tem medo de provocar
certas... comoções?
-- Nenhum pouco. E você?
Só de saber da convicção
dele, me motivou. Respirei fundo e me recuperei.
-- Não tenho medo!
Nem precisamos contar.
Entramos na maior cara de pau e gritamos juntos.
-- EU SOU CONTRA!
Agora vem aquela parte que
todos te olham. Maravilha, todo clã McGold estava lá. Meus pais, meus irmãos
mais velhos, meus tios e primos. Até a Fefe e o Peter Tork (isso é sério?) e as
amigas da Dianna. Odile e Franz, juntamente com Sepp e Nora se encontravam
chocados.
-- O senhor não pode
casa-los, padre! – exclamei. – Eu amo esse homem! E ele é o pai do meu filho!
A velha comoção se
transformou em dúvidas nos convidados.
-- E o eu amo essa mulher!
– gritou Davy, afastando Dianna do Gerd. – E... O filho que ela espera é meu.
E mais choque. O Sr.
Mackenzie foi o primeiro a se levantar.
-- Dianna Sophie
Mackenzie, explique isso!
-- Senhor! – me intrometi.
– Não exija da Dianna uma resposta destas...
-- E por que, Srta.
McGold? – Ok, admito que senti medo do pai da Di. – Ah claro, eu lhe digo! Porque
você destruiu o dia mais feliz de minha filha aplicando o golpe da barriga no
noivo dela! Uma vadia!
-- Hey, Mackenzie! – meu
pai se levantou, com cara de bravo. – Minha filha não é nenhuma vadia.
-- ENTÃO O QUE É ISSO QUE
VEJO? – ele apontou para nós quatro.
-- Vamos, Louise. – meu
pai me olhou, tão furioso. – Justifique pro Sr. Mackenzie e para mim essa
história toda.
Breves segundos comigo mesmo
pude observar tudo ao meu redor. O padre abismado, as famílias dos noivos
completamente chocados, alguns parentes riram e outros me olhavam. Meus
parentes também esperavam a explicação. Os amigos de Davy e da Di nem se
preocupavam, já sabiam da historia toda.
-- Eu amo outro homem. –
disse na maior naturalidade e me aproxime de Gerd. – É ele, pai. E o Davy ama a
Dianna pra caramba.
Papai parecia não absorver
as informações. E ainda dialogou.
-- Não... Não... Louise...
Não confunda as coisas do cinema com a vida real...
-- Não estou confundindo.
– disse, bem séria. – Eu amo Gerd Müller.
-- Sr. Mackenzie... – Davy
conversou com o pai da noiva. – Me apaixonei por sua filha no dia da festa de
encerramento de Ligações Perigosas. Ali eu soube que ela é a mulher da minha
vida. Louise é minha melhor amiga. Certo, nós namoramos por dois anos e ela é
linda mas Dianna é muito mais. Ela tomou meu coração.
-- Faço minhas palavras as
do Davy. – afirmou Dianna.
-- Mas e os bebês? –
perguntaram os pais.
-- Meu filho... – Dianna
tirou o véu do vestido. – É do Davy.
-- Tem certeza?
-- Se o bebê da Dianna é
do Davy mesmo... Então...
Agora papai lançou um
olhar espantado para mim e pro Gerd e se transformando em nojo total, soltando
o mais alto grito que a igreja já ouviu.
-- OH MEU DEUS! – gritou.
– MEU NETO VAI NASCER ALEMÃO!
Não sei se rio ou choro
com aquele dramalhão que papai fez em plena abadia, mas Gerd e eu estamos
felizes e livres. Impedi um casamento sem amor e ainda Davy e Di foram
beneficiados. Mas ainda tinha mais coisas a serem resolvidas na igreja...
Continua...