sábado, 21 de março de 2015

Holiday Romance (20° Capítulo)

Olá pessoal!
Menos de 24 horas e vemos outro capítulo de Holiday Romance e já começando com a festa de natal muito louca na casa dos McCartneys e depois outra na dos Romanovs, mas isso é outro capítulo. Postagem do capítulo é da Maris "Walrus Girl" Campos. Boa leitura!



Capítulo 20: So this is Christmas

(Mary Anne’s POV)


             Mais um ano se passou e começou o período de festas. Meus irmãos e eu queríamos oferecer uma festa em nossa casa, mas sabíamos que, muito provavelmente, papai não iria deixar. Ele iria preferir reunir nossos parentes de Liverpool aqui em casa. Então, numa certa manhã, ele disse:

- Sinto muito, meus filhos, mas esse ano não vou poder passar o Natal com vocês. Terei que viajar a trabalho na véspera de Natal e não estarei de volta a Londres antes do dia 26. A casa será toda de vocês. Tentem não incendiá-la ou explodi-la, ok?
- Pode deixar, pai! – disse Paul. – Tudo estará na mais perfeita ordem quando o senhor voltar.
- Acho mais seguro que essa garantia venha de Mary Anne. – disse papai.
- Puxa, pai, o senhor não confia mesmo em mim e no Paul, não é?  - Mike riu.
- Claro que não, Mike. Sua irmã tem mais juízo que você e o seu irmão juntos!
- Fique sossegado, papai. Vou ficar de olho nos meus irmãos. – eu disse.
- Eu sei disso, filhinha. – disse meu pai, dando um beijo no topo da minha cabeça e saindo para o trabalho. – Até mais tarde, crianças! – sim, papai ainda nos chama de “crianças”.

                      Quando ele saiu, Paul perguntou:

- Nosso plano ainda está de pé?
- Eu acho que sim. – disse Mike. – Só precisamos selecionar quem a gente vai convidar. Ninguém que dê P. T. se beber demais, por exemplo, ou que costume causar.  Papai não vai estar aqui, é claro, mas se essa galera deixar rastros de sua passagem aqui em casa, pode ser difícil nos livrarmos das “evidências do crime”.
- E se papai descobrir que nós demos uma festa em casa quando ele estava viajando, ele vai matar um por um! Começando por mim, que deveria evitar que vocês dois fizessem besteira! – eu disse.
- Relaxa, Mary Anne, papai nunca vai descobrir! – disse Paul com veemência.  Conhecendo o pessoal dessa universidade, eu não tinha muita certeza disso.
                      
           Começamos a cuidar de tudo às escondidas do meu pai. Fizemos uma lista seleta de convidados, criamos o evento no Facebook, convocamos todo mundo da nossa lista e fizemos as compras. Escondemos uma parte no alojamento que eu dividia com Evie, outra no alojamento dos Beatles (onde moravam meus dois irmãos) e a última parte no alojamento do Who (claro que não as bebidas, ou Keith Moon acabaria com elas).
               Até que chegou o dia 23. Papai fez as malas para partir no dia seguinte. Ele confiava plenamente em mim.  Eu me sentia um pouco culpada, mas devo confessar que era emocionante ser um pouco “vida loka” pelo menos uma vez na vida. Logo que ele foi embora na manhã do dia 24, começamos a preparar tudo para a noite. A casa já estava decorada para o Natal havia semanas, então não nos preocupamos com decoração. Paul e eu começamos a preparar o que seria servido para os convidados, enquanto Mike ia buscar as bebidas no alojamento dos Beatles e verificava no fb se todo mundo havia confirmado presença.
              Veio a noite. Os convidados começaram a chegar às 19h30min. Os primeiros foram Bob Dylan e Fanny Fitzwilliam. Eles finalmente admitiram que havia algo mais do que mera amizade entre eles. Já estavam namorando havia duas semanas.  Dylan carregava uma caixa cheia de furinhos. Só podia ser um bichinho para Fanny. Ele também carregava, debaixo de um braço, já que as mãos estavam ocupadas com a caixa furada, um embrulho relativamente grande. Outro presente para ela, não duvido.  Ela, por sua vez, carregava um pacote grande.                 
              Chegaram a irmã e a prima de Fanny, e com elas estavam Robert Plant e Dave Davies, seus namorados. Plant também carregava uma caixa cheia de furinhos. Pelo jeito as irmãs Fitzwilliam iriam começar o próximo ano com novos bichinhos de estimação.  Vieram mais pessoas. Os últimos foram John, George e Ringo e o pessoal do Who. Com o Who, veio Evanna. Ela me perguntou:

- Você convidou Felicity McGold?
- Nós até queríamos convidá-la, assim como sua turma, mas eles já vão à festa dos Romanov, que começou a ser planejada antes da nossa. Mas por que a pergunta, Evie? É... Por causa do Pete?
- Exatamente.
- Mas, amiga, a Fefe está de rolo com aquele cara que estava vestido de Lanterna Verde na festa de Halloween! Segundo Peter Tork, aquele é o goleiro reserva do Bayern de Munique, Manuel Neuer!
- Gosto muito da Felicity, mas quero que ela se concentre no seu Lanterna Verde e deixe o Pete em paz!
- Será que é Fefe quem distrai Pete... Ou Pete que distrai Fefe?
- O que está querendo dizer, Mary Anne?
- Nada, Evie, nada. – achei melhor não estragar o Natal da minha amiga levantando a possibilidade de Pete ter uma queda por Felicity, e não apenas o contrário.
            Se minha teoria estivesse correta, ela não precisaria sofrer. Havia Art Garfunkel, que havia se tornado um grande amigo da Evie, e até mesmo entrou para o clube de leitura medieval. Fiz questão de convidá-lo, assim como seu amigo Paul Simon. Mas apenas Art estava presente. Simon decerto ficara em casa para não ter que encontrar Emily e Fanny.  Ele havia tido uma queda pela ruiva alta, e até hoje, como todos sabem, ele gosta muito dela. Simon havia namorado Fanny, e não sabia se sua queda era maior por ela ou por Emily.
               Meu namorado veio me ver.

- Feliz véspera de Natal, Mary.  – disse Roger, me puxando para um beijo.
- Feliz véspera de Natal, Rog. – eu disse.
- Aqui está seu presente. – ele entregou-me um pacote. - Desculpe, eu deveria ter comprado algo melhor, mas estou sem grana, sabe...
- Imagine, Rog! Não precisava se incomodar! – abri o embrulho. Era um DVD da segunda temporada de Sherlock, minha série favorita. – Meu Deus, muito obrigada, Roger! Eu te amo! – abracei-o fortemente.
- Me ama mais do que ama o Cumberbatch? – ele riu.
- É claro que sim , seu bobo! – dei uma risada e beijei a testa dele. – Aqui está o seu.

                  Roger pegou o embrulho de minhas mãos e o abriu, revelando um box deluxe da trilogia O Poderoso Chefão, que ele simplesmente adora.

- Puxa vida, Mary Anne! Muito obrigado! – ele me abraçou ainda mais fortemente. Ao olhar por cima do ombro de Rog, vi George nos observando. Havia ciúme em seus olhos ou era só impressão minha?

                                                                      * * *

(Paul’s POV)
                      A festa parecia estar correndo bem. Todos comiam, dançavam, conversavam e riam de boas. Claro, havia também muita pegação, começando pela minha irmã com o Roger Daltrey. Eu gosto do Daltrey, ele é um cara legal, apesar de toda aquela pose de durão que ele tem. Porém, para ser sincero, eu preferiria que George fosse meu cunhado. Ele ama a Mary Anne desde os tempos em que morávamos em Liverpool. E minha irmã nem percebe. Ou, pelo menos, finge que não percebe. Vi George e Ringo conversando, e o narigudo dizendo ao magrelo:

- George, por que não toma coragem?
- Ficou maluco, Ringo? Eu não quero servir de saco de pancada para o Anderson Silva baixinho e loiro!

                          Fiquei imaginando qual seria a reação do Daltrey se ele descobrisse o que George sente pela Mary. Acho que daria um belo soco que partiria meu amigo ao meio, já que George parece uma vareta com braços e pernas.
                         Meu irmão, minha irmã e eu havíamos permitido que as bandas que convidamos se apresentassem, se assim desejassem. Os primeiros que subiram ao palco foram os Herman’s Hermits. Nem sei por que convidamos esses caras. O vocalista, Peter Noone, só perde para o Brian Jones em termos de causar. Por isso mesmo que não convidamos os Stones. Bill e Charlie não conseguem controlar as loucuras dos outros três.
                        Finalmente o quinteto terminou de afinar os instrumentos que eu havia deixado no palquinho improvisado que montei no salão de festas de casa, sem o meu pai saber.  Se não conseguir desmontá-lo, vou dizer ao meu pai que montei o palco para minha banda usar nos ensaios.  Noone pegou o microfone e disse:

- A primeira música que vamos tocar se chama Can’t You Hear My Heartbeat. Eu quero dedicá-la à minha musa inspiradora. Ela é linda, loira, estuda História e ama Star Trek.

                             Noone pode não ter dito o nome dela com todas as letras, entretanto, todo mundo sabia muito bem que a garota em questão era Dianna Mackenzie. Davy Jones ficou vermelhíssimo de raiva. Eu acho que também ficaria, se alguém tivesse a cara de pau de cantar uma música para Jane e nem tentasse disfarçar isso. Os outros Monkees tentavam acalmá-lo, enquanto Dianna estava em estado de choque, e suas amigas Alice Stone,  Emma Carlisle e Suzan Hardison tentavam fazê-la “acordar”.
                             Quando eles terminaram, Davy gritou:

- Escuta, Noone, se você for mesmo homem, venha até aqui! Eu vou te dizer umas verdades e dar o que você merece!
- Davy, veja lá o que você vai fazer! – alertou Dianna, certamente prevendo o pior, como eu.
- Isso mesmo, anãozinho, veja o que vai fazer. – disse Noone com um sorriso irônico.

                            Davy ficou ainda mais irritado com a provocação. Subiu no palco, e os outros Hermits debandaram.  Tentou acertar um soco na cara de Noone, mas este subiu no banquinho da bateria, ficando fora do alcance do Monkee.

- Você teve a cara de pau para cantar para a minha namorada! Tenha cara de pau para levar uma! – Davy gritou. Eu não imaginava que ele seria capaz de ficar tão enfurecido.
- Não devia ter uma namorada tão bonita, Jones, se não quer que outros homens olhem para ela! – Noone estava visivelmente se divertindo muito provocando o pequeno Monkee.
- Cala essa boca! – Davy chutou o banquinho em cima do qual Noone estava de pé. Ele caiu.

                             Agora o bicho pegou. Noone tirou o sorrisinho do rosto. Davy acertou-lhe um belo chute no meio das pernas que com certeza doeu em todos os homens ali presentes. Ele se preparava para mais um golpe quando Dianna chegou e segurou o namorado.

- Cuddly Toy, não.  Não precisa fazer isso.  – disse ela.
- Obrigado, meu anjo salvador! – gritou Noone.
- CALA A BOCA, NOONE! – exclamou o casal.

                            Derek Leckenby, Karl Green, Keith Hopwood e Barry Whitwam subiram ao palco e arrancaram Noone dali, antes que ele causasse mais problemas, mortos de vergonha. Até eles estarem fora da minha casa, Noone berrava feito um desequilibrado:

- ISSO VAI TER VOLTA, JONES! ESSE ANJO VAI SER MEU!
- FICA QUIETO, PETER! – dava para ouvir os outros quatro Hermits tentando fazê-lo fechar a matraca.

                       Meus irmãos e eu suspiramos de alívio. Rezei para não termos mais problemas.  Pouco depois que os Hermits se mandaram, Davy e Dianna sumiram.  Parecia que tudo voltara ao normal. Peter Tork e Suzan Hardison flertando, Micky Dolenz e Emma Carlisle se pegando num canto, Fanny Fitzwlliam toda feliz com o gato (de verdade) e o Baymax de brinquedo que ganhara de Dylan, sua irmã Elinor beijando Robert Plant em agradecimento (ela também ganhara um gato), meu amigo John com aquela japa feia, a Yoko...
                       Nem sei por que Lennon ainda está com ela. Sei muito bem que ele prefere a ruiva estonteante do curso de História, uma que usa prótese na perna, Rosie Donovan. Mas o Clapton também está de olho nela.... Então vi algo que eu não esperava: George conversava com a minha irmã e.... Quase deu um beijo nela! Mary Anne ficou um pouco assustada e se afastou dele. George ficou olhando-a ir embora, parecendo um cachorrinho que caiu da mudança. Ainda bem que Daltrey não viu, ou seria o fim do meu amigo. Sei que Mary Anne não vai falar nada para o namorado, não faz o tipo dela.
                      Estava dançando com minha namorada, Jane Asher, quando meu irmão se aproximou e me levou para longe dela:

- Que droga, Mike! – reclamei. – O que foi?
- Tem algum casal se pegando no quarto do papai. Acabei de passar por lá e ouvi uns barulhos...
- Barulhos? Você quer dizer... Das molas da cama?
- Não só disso.
- Vamos chamar a Mary Anne e tirar os sapecas de lá.

                           Achamos minha irmã tentando se recuperar do choque tomando um pouco de Coca-Cola. Subimos até o andar de cima, onde ficam os quartos. Chegamos ao do nosso pai, o último do corredor. Colamos os ouvidos na porta. De fato, fossem quem fossem, o casal estava bem animado.

- Fico meio sem jeito por invadir a privacidade dos outros desse jeito... – Mary Anne falou.
- Mary, esses dois ninfos podiam ter esperado para sapecar em casa! Se o papai descobrir que teve gente se pegando na cama dele ele vai ficar emputecido e nos enforcar! – disse Mike.
- Chega de conversa. – disse eu. – No três. 1, 2.... 3!

                                   Girei a maçaneta. O casal estava escondido debaixo dos lençóis do meu pai. Meus irmãos e eu nos aproximamos de fininho. Com um certo receio, puxei os lençóis... E revelei Davy Jones e Dianna Mackenzie, como vieram ao mundo, na melhor parte.

- Ai que vergonha... – Dianna soltou o namorado e usou as mãos para tampar o rosto. Davy nem sabia o que dizer, só puxou de volta os lençóis, escondendo seu corpo e o da namorada, deixando apenas as cabeças descobertas.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Holiday Romance (Extra chapter)


Olá pessoal!
Desejo-lhes uma boa noite e ficam agora com o extra com um único pov e quem comanda é Gerd "ursinho" Müller. Outro destaque neste pov será Franz Beckenbauer um pouco...diferente. Demorou e deu trabalho mas saiu. Boa leitura!



Capítulo 19.5: Der Bomber


Gerd POV (Seis meses antes de conhecer Louise até a atualidade)


-- Eu te odeio, desgraçado! Como pode fazer isso comigo?

E ela foi embora, falando aos quatro ventos todos os nomes que se possam imaginar. Terminei com Uschi de maneira que não visse outra opção ou resposta.  A paixão desaparecia aos poucos e mesmo procurando ignorar ou salvar nosso relacionamento, não se podia fazer nada.
E por incrível que pareça, me senti um tanto indiferente. Talvez não processasse as informações. Só depois de uma semana foi sentido os efeitos de um fim de namoro.

Adquiri uma perdição quase eterna. Não sabia bem o que fazer ou qual direção seguir. Por mais que o treinamento me faz bem, estava completamente indeciso sobre minha vida amorosa. Franz e Sepp, meus melhores amigos me ajudavam de tudo quanto é forma.

-- Quer saber? Depois deste jogo, vamos cair na farra! – Disse Sepp, se levantando depois do treino. – Está na hora de diversão! E Franz está precisando também, depois que a Brigitte o deixou.

-- Me deixa fora disso. Quero ficar quieto. – Respondi.

-- Qual é? Vamos lá! Precisamos nos divertir um pouco.  Vai ser depois do jogo da Liga contra o Real Madrid. Vamos, Gerd?

Não consegui negar isso.  Por vários dias fiquei daquele jeito. Jurei a mim mesmo que em maio tudo mudaria. Não posso mais ficar me lamentando por uma garota. Cansei de sofrimentos. Melhor dizendo: essa diversão que Sepp anda prometendo espero que valha a pena.

Falta um dia para o grande jogo. Não via grandes expectativas em relação a isso. O treinamento rendeu bastante e estávamos todos mais que preparados em enfrentar o time espanhol. Meu celular piscou avisando uma mensagem. Era Uschi.

Eu te amo. Me perdoa?

Não respondi. Na verdade fiquei em dúvida se a perdoava ou não. Era sempre a mesma coisa. Brigávamos e depois nos acertávamos. Só que agora o negocio foi sério. E também para não iludir, era melhor falar a verdade e acabar com tudo. Guardei o celular e fui dormir. Ok, um pouco de insônia me atacou. Primeiro a ansiedade do jogo e finalizando minha ex-namorada me perturbando. Aos poucos fechei os olhos e o sono tomou conta...

Caminhei num jardim escuro e lá uma mansão estava em festa. Parei um pouco para observar todo movimento e ouvi um choro. Me virei de onde vinha. Uma moça vestida de branco se sentava no banco perto do chafariz e chorava. Me aproximei dela.

-- Não chore...

Ela me olhou assustada e eu tentei ser mais gentil. O que me deixou paralisado foram os olhos dela. Azuis como dois diamantes brilhantes.

-- Me beija...

Ela me pediu o beijo e quando já estava lá...


-- ACORDA!!!! --  Franz gritava e ainda tirou o lençol que me cobria. – Hora do café.

Na melhor parte do sonho sou interrompido.  Aquela garota... será que ela existe? Me pareceu tão nova e delicada. Droga, eu e minha queda por meninas delicadas e aparentando ser frágeis.
Por horas estava com ela nos meus pensamentos, até mesmo na hora do jogo. O estádio não estava tão lotado assim. Após a entrada vi algo nas telas um tanto curioso e chamativo. Uma garota mostrando seu cartaz e declarando seu imenso amor por Franz. Vi o restante do time, os reservas no banco e Guardiola rindo e meu amigo um pouco envergonhado, mas aproveitou e lançou piscadela na tela.

-- Lá vai o Kaiser, seduzindo as garotas de novo! – Comentou Sepp, sempre divertido.

Antes de seguir um rápido aquecimento, avistei os torcedores. Encontrei a menina do cartaz, acompanhada de dois rapazes e mais duas garotas. Espere! Uma delas... Possuía os mesmos traços faciais da menina que vi no meu sonho. E agora por que meu coração bateu tão ligeiro se nem fiz nada?

Primeiro tempo não houve grandes novidades. Apenas levamos um gol do Real. Depois Uli foi tentar chutar, mas Sergio Ramos cometeu a falta nele. Bretner, sempre bom no pênalti, cobrou sem nenhum problema.

No intervalo, Guardiola prepara novas e rápidas estratégias e seguimos na pausa. Franz me comenta algo.

-- Acha uma boa idéia de conhecer aquela menina que fez o cartaz?

-- Não sei. Quem recebeu a homenagem é você, não eu.

-- Poxa, só fiz uma pergunta, Gerd. Me ajuda. Devo ou não devo conhecer ela e seus amigos? Talvez ela te apresente uma amiga pra você.

Definitivamente não estava num bom dia e para não deixar pior, aceitei de boas. Ela deve ser feia, pensei comigo mesmo, na possibilidade de uma das acompanhantes da tal garota do cartaz não possui certa beleza.

O pior momento durante o segundo tempo foi Franz ter quebrado a clavícula. De tão furioso que acertei um tapa na cara do Cristiano Ronaldo. Quase empurrei Sepp para longe e além dele, outros tentaram me segurar.  Contudo, meu amigo supreende todos. Ele vai continuar a jogar, mesmo daquele jeito.

-- Faça-o parar. – Comentou Uli, espantado. – Não há condições de prosseguir o jogo com o osso quase atravessado.

Não podia pará-lo. Era a decisão dele e tinha de respeitar. Quando fiz o gol, outra vez a raiva tomou conta e no final foi tudo resolvido. Ou melhor, quase tudo. Abri vantagem e outra vez o Real marca gol. Fim de jogo um empate. Imediantamente Franz foi levado ao hospital e seguimos logo atrás.

-- Acho que ele não terá condições de conhecer a fã especial. – Disse Sepp tirando as luvas no carro.

Poucos minutos estávamos ali na sala de espera, na expectativa de recuperação do Kaiser. Guardiola aparece para um aviso para mim e Sepp.

-- Ouçam, um grupo cinco pessoas vão estar aqui no hospital. São torcedores e um deles é uma garota e justo a do cartaz. Portanto, tratem bem esse pessoal. Já avisei o restante do time que estará aqui.

Aos poucos o time adentrava aquela sala e avistei o tal grupo de torcedores. Era formado por dois rapazes, um inglês e um russo e três meninas. Espere! Uma delas... Por um momento lembrei-me da menina do meu sonho. Totalmente idêntica! Guardiola aborda os torcedores e uma das meninas mostra o cartaz. Ok, ela tentou ser criativa, mas Franz gostou disso.

-- Meu deus, essa garota precisa aprender melhor alemão, não acha? – Bastian Schweinsteiger foi quem comentou isso.

-- Até eu faria melhor! – Dizia Mario Götze, debochado.

O que não esperava era da tal garota ouvir o que estavam dizendo do cartaz e rebateu em outra língua.

-- Personne n'a demandé vos opinion! (Ninguém pediu a opinião de vocês!)

Me afastei um pouco da dupla e fui tentar tomar água até ouvir um grito quase estridente de uma garota. Me engasguei ao ver que a adolescente loira correndo em minha direção e me abraçando forte falando em inglês.  E agora?

-- Sepp, me ajude! O que faço? – Pedia ao goleiro alguma solução enquanto tentava retribuir aquele abraço.

-- Ora, fale com ela.

Falar com ela? Mal falo inglês e me pedem uma comunicação direta? Pois bem, lá vou eu.

-- Desculpa, eu não falar em inglês. – Foi o que me limitei a dizer. Em seguida ela desprendeu seus braços de mim e fixando aqueles diamantes azulados em mim.

O maior choque para mim e para todos os presentes ali no hospital, para os médicos e enfermeiras e até seus amigos foi ouvir essa afirmação dela.

-- Ich Liebe Dich, Gerd Müller!

Ok, é a primeira vez que uma garota que nem conheço fala esse tipo de coisa para mim. Todos olharam para ela e os doutores que ali cruzavam, simplesmente pararam os passos para ver de onde vinham aquelas palavras. Ao que parece ela se assustou ou foi tomada pelo pânico e correu até a saída. Seus amigos a seguiram e vi também a menina do cartaz saindo do quarto onde Franz estava para ajudar sua colega. Não devia te-la condenado a isso. Resolvi ir atrás dela, mas Manuel Neuer me impediu.
-- Aonde pensa que vai?

-- Falar com aquela garota. Pedir desculpas.

-- Desde quando virou pedófilo? Eu vi como tava olhando para aquela menina e não era de pena ou outra coisa. Era um olhar apaixonado.

-- Vai cuidar da sua vida e me deixa!

Quando sai do hospital, não a vi mais. Certamente foi embora. Droga! Perdi uma chance de falar com ela. No hotel não consegui dormir pensando na menina de cabelos dourados. No fundo desejava vê-la mais uma vez, só mais uma vez.

Dia seguinte acordei um pouco tarde e resolvi sair um pouco pelas ruas de Madrid com Uli, Paul e Sepp. Caminhei até um chafariz e em seguida fui abordado por alguém. Me virei e levei um susto. O mesmo rapaz no hospital e a menina. Ela!
A própria. Outra garota de cabelos claros, mas de traços sérvios apareceu junto à dupla.  A menina tinha um olhar pouco assustado para ser mais exato e o acompanhante dela começou a dizer.

-- Sr. Müller – Começou a falar o rapaz britânico. – Eu sou Michael McGold e esta é minha irmã Louise!

O nome dela é Louise? Só podia ser lindo. A garota de olhos de diamante azul com nome lindo. A outra menina, a russa ou sérvia, traduzia o que haviam falado e eu resolvi responder.

-- Eu... peço desculpas pela minha falta de atitude e de quando me abraçou. E principalmente quando falou aquelas palavras. E eu gostei da demonstração de afeto. Foi sincera.

A jovem continuou a traduzir as palavras e em seguida Louise tapou o rosto com as mãos, como se quisesse se esconder. Compreendia aquela ação. Deve ter se lembrado de ontem no hospital.  Me aproximei dela e afastei gentilmente as mãos do rosto dela. Meu deus, era como estar diante de um anjo caído.  Ouvi umas batidas aceleradas no meu coração. Devagar fui aproximando meu rosto no dela e beijei a bochecha rosada dela. Depois disso suspirei e continuei a ver seus lindos olhos até Uli gritar para irmos ao hospital. Mal me despedi deles, mas rapidamente peguei a mão de Louise, sentindo pela última vez sua maciez e delicadeza.

No caminho ainda pensava nela e no beijo. Teria sido melhor experimentar aquela boca vermelha. Culpei-me por tais pensamentos em breves momentos. Era tipo, como posso estar gostando de uma garota que só a vi nos meus sonhos e depois num golpe do destino a encontro ontem e hoje?

Chegando ao hospital vejo alguns dos nossos amigos outra vez na sala de espera, mas com cara de enjoados e outros irritados. Assim que me viu, Manuel e Götze caminharam até nós e falaram.

-- Ainda bem que apareceu, Gerd!  -- Dizia o goleiro reserva, desesperado.

-- Nós tentamos conversar com ele hoje eu e todos do time, mas ele está... sei lá, muito estranho. Falou algo do tipo “bateu uma onda forte”, afirmando ver macacos em cima do poste. O que é isso?

Falei que vou resolver isso. Franz sempre me ouve ou quem sabe ele não queria falar com ninguém.
Entrei no quarto e ouvi uma música um tanto estranha vindo do iPod dele, a televisão ligada num desenho animado e os olhos fixados nela. Fiquei um pouco perto da cama e o cumprimentei.

-- Bom dia, Franz! Como está?

Ele não respondeu, só ria sozinho

--Está me ouvindo? Me reconhece?

-- Gerd, meu amigo! Está vendo aquele uniconio nas nuvens? – No momento em que comemorava por saber que ele está bem, veio agora um papo de unicórnios?

-- Do que está falando? Unicórnios? E que música é essa? – Agora era eu a questionar.

-- É tão linda... vou ouvir mais um repeat!

Sepp entra também no quarto.

-- O que perdi? Franz! Como está?

-- Sepp... estou tão leve...

Puxei meu amigo pelo braço e comentando baixo para Franz não nos ouvir.

-- Ele está doido! Não me pergunte como, só sei disso! – Falei.

Em seguida o goleiro deu risada e falou o motivo.

-- Cara, ele está dopado! Acho que deram morfina para ele.

O próximo momento que vi foi Franz pegar o celular, procurar na lista de contatos e iniciar uma chamada.
-- Para quem está ligando? – Questionei.

-- Shhhh... é para ela!

-- Quem?

-- A menina... Do cartaz. A que tem um nome difícil.

-- Não vai ligar para ninguém! Agora fica aí com sua música esquisita, depois venho te ver!

Sai do quarto com Sepp um pouco bravo. Por várias horas ficamos do lado de fora do quarto, ouvindo no volume máximo aquele som do iPod. Paul não conseguia ler por conta disso.

-- Ah não! Alguém tem que tirar aquele maldito iPod dele. Não agüento mais ouvir essa música!

Não adiantava reclamar. À noite Sepp voltou ao quarto do nosso amigo e saiu de lá rápido. Abismado.

-- NÃO PODE SER! CINQUENTA VEZES NO REPEAT AQUELA MÚSICA?! NÃOOOOO!

A outra atitude que vi foi de Paul, jogando o livro na parede e indo embora.  Só a meia noite que tudo parou e Franz conseguiu dormir. No quarto do hotel, outra vez sonhei com Louise. No outro dia treinei com o time e perto do meio dia fui visitar meu amigo junto com Sepp, Uli e Paul. Assim que chegamos notamos uma pequena agitação e algumas enfermeiras gritando.

-- SOCORRO! O PACIENTE! – Gritou uma delas.  

A principio achamos que fosse sinal de perigo, um grande engano. A cena que vimos foi Franz correndo pelo corredor, decerto procurando uma saída e falando algo que não entendia bem. Ele nos viu e veio até nós, com os olhos bem abertos.

-- ESTAMOS ATRASADOS, GERD! PRECISAMOS IR AO ESTADIO, HOJE TEM JOGO!

-- Franz, hoje não tem jogo! Estamos de folga! – Disse tranquilamente e isso só ficou pior. Ele insistia para os quatro cantos do hospital que está atrasado e precisa jogar.

-- OUÇA, SEU KAISER DOIDO! HOJE NÃO TEM JOGO! OUVIU? NÃO TEM JOGO!! – Gritou Paul, cheio de raiva

-- TEM JOGO SIM! – A insistência de Franz é muito grande. Paul se irritou demais e para acabar com aquela loucura, aplicou um soco nele, deixando-o desacordado e Sepp em pânico.

-- Você... Você o matou! VOCÊ O MATOU!

-- Eu não matei ninguém. Ele mereceu isso. Agora vamos levá-lo ao quarto.

Os médicos e enfermeiras viram tudo e nos encheram de perguntas. Paul respondeu com calma e não fomos reeprendidos por isso. Ainda bem!

Alguns dias depois ele ganha alta. O doutor ainda disse que ele sentiria mais dores e para amenizar era preciso tomar alguns remédios. Ao menos a morfina acabou. Quer dizer... Pensamos assim. A loucura do Kaiser continuou até numa madrugada onde colocou outra vez a música estranha (descobri mais tarde que é do Tame Impala – Feels Like We Only Go Backwards) e ainda ligou para a menina que ele conheceu no jogo da Liga.  

-- Gerd, acorda! Me ajude com Franz. Ele ficou louco demais!  -- Sepp me acordou pedindo ajuda. Entramos no quarto de Franz e pegamos o jogador fazendo uma ligação. Nem preciso perguntar para quem é.  Apenas observei até onde ia aquilo tudo.

-- Alô... menina do cartaz? – Perguntava ele, com a voz meio enrolada, como se estivesse bêbado.

-- Oi? Quem é?

Não acredito. Ele deixou no modo viva voz? Agora sim, ele pirou de vez em fazer isso em plena madrugada.

-- Sou... eu... Lembra no jogo da Liga?

-- Franz?

-- Yah. Agora... esqueci sua nome. Qual é... mesmo?

Não sabia se me escondia pela vergonha de presenciar uma coisa dessas ou ficava rindo como Sepp está fazendo neste momento. O goleiro se rolava de risos e eu tapei a boca contendo tudo isso.

-- Ora. É Odile. Agora se lembrou?

-- É, Odi... Odi... Pode repetir?

Literalmente, a gota d’agua aconteceu ali. A menina desligou na cara dele.

-- Desligou? – Franz olhava para o celular um pouco triste. – Como... ela ousa...

-- Já chega! – Tirei o telefone de perto dele e falei. – Agora vá dormir que já acordou todo mundo, inclusive o Sepp.

Depois disso ele adormeceu e Sepp escondeu o celular dele, evitando mais supresas noturnas e só iria entregá-lo quando essa loucura passasse. Sai do quarto e vi Paul Breitner com a cabeça na porta e me perguntando.

-- Franz já parou de dar ataques?

-- Sim. Amanhã veremos o que fazer.

Em seguida ele voltou ao quarto e eu deitei na cama, muito cansado. Adormeci pensando novamente na minha querida Louise.

Quase fechando um mês, voltamos para Berlim e Franz se recuperava muito bem. Desta vez não tomava os remédios para dor. Ainda bem. Agora estava lúcido. Resolvi contar a ele sobre o que aconteceu enquanto estava “louco”. Ele não acreditou muito e pedi para Paul, Uli e Sepp confirmarem.

-- Praticamente nos deixou enfurecidos e amendrontados com suas atitudes fora de série. Ah, Gerd, falou da música no repeat? – Perguntou Sepp, ainda se lembrando do iPod com a música estranha.

-- Falei e também do surto pelo corredor, gritando como um lunático como se quisesse nos avisar de um apocalipse.

-- Eu... não posso ter feito isso... vocês estão mentindo.

-- Ah e tem mais, Franz: você ligou para a menina do cartaz às 3 da madrugada.  – Comentei para ver a reação explosiva dele, gritando neste momento “não”.

-- Seus filhos da mãe! – Ele saiu correndo, mas lançou um olhar para trás ainda xingando. – Não irei perdoá-los!

Mais risos por nossa parte e ainda imitamos os trejeitos absurdos dele enquanto a morfina permitia essas coisas alucinadas. Segui para o vestiário e o encontrei, com o celular em mãos, discando o número. Certamente o da garota. Foi aí que me lembrei de um detalhe importante: a menina Louise,  é amiga da menina do cartaz, se Franz conseguisse o número dela...

-- Franz, posso falar rápido com você?

Ignorou minha pergunta e focando apenas no celular, resmungando que não é atendido ou pela rede que não estava boa.

-- Franz— Insisti – Posso falar com você?

-- Dá pra calar a boca? Estou fazendo uma ligação!

-- Por favor, só quero pedir uma coisa.

-- Depois do que me contou e ainda zombou de mim? Te avisei que não o perdoaria!

--Ok, então peço perdão! Agora me ajuda?

Ele pensou um pouco, olhou para os lados e respondeu.

-- Bombardeiro chato, está aceito. O que deseja?

-- Me consiga o número da amiga da menina do cartaz?

-- E qual o nome dela?

-- Louise.

-- Verei o que posso fazer. Não alimente esperanças.

Ao fim da tarde, após o treinamento e voltando ao hotel,  ganhei  um papel escrito o nome dela e o número.

-- Obrigado, Franz! Conseguiu se desculpar com a menina do cartaz?

-- Sim, na verdade perdi a conta de quantas vezes pedi desculpas pela minha atitude esquisita de ligar para ela no meio da noite.  E agora prometi a mim mesmo que assim que estiver em Londres, mandarei um presente a ela.

-- É muito bom... – Mal terminei de falar e já tratei de salvar aquele conjunto de números no celular e mandar uma mensagem a ela.

Mais um problema a ser enfretado: o medo.  Ou seria timidez? Droga! Mande logo essa mensagem, pensei comigo mesmo. E me limitei a escrever um simples “olá”.
Sem nenhuma resposta. Ah sim, como esperar a resposta da garota se ela nem sabe de onde é aquele número e quem possa ser?
Serei mais direto.


Lembra de eu? Gerd Müller. No hospital me abraçou, pedi desculpas e beijei você.


Agora acredito que ela vai me responder. Ou serei repreendido? Em poucos segundos o celular apitou com nova mensagem.


Lembro sim. Como pegou meu número?

Respondi com essa mensagem.

Franz conseguiu para mim, através do amiga dele. E se pudesse, gostaria de beijar você,  não como fiz naquele momento. E sim de outro jeito.


Acho que exagerei um pouco nesta quase declaração a ela. Em principio queria esperar o próximo jogo da Liga em Londres ou quem sabe convidar ela e seus amigos para o campeonato alemão. Acho pouco provável nesta última opção. Mais pensamentos invadiam minha mente até receber mais mensagens dela.


Puxa, fico lisonjeada. E me desculpa mais uma vez pela minha atitude um tanto esquisita. Sou assim mesmo, mas sou normal hehehe. E como você está?


Então, ela gostou? Mais três pontos na tabela.  Vamos devagar, quero ganhar essa menina aos poucos.

Eu estar bem. Teve treino e Franz estar bem, sem medicamentos a tomar. E você?


Foi ali que tudo começou. E isso se repetiu por horas, dias, semanas e meses. Até depois dos jogos a primeira coisa que faço é pegar o celular e mandar uma mensagem a ela, perguntando se assistiu ao jogo, se ela está bem ou que faz neste momento. Todos os dias converso com ela.  Tem vezes que ela pede para enviar mensagens em determinados horários por estar estudando, em aula ou até mesmo dias de provas. Aí não podia mesmo falar com ela. Houve um momento que sem querer mandei mensagem e ela não me respondeu. Fiquei muito preocupado. Quatro horas no vácuo numa tarde de folga. Sai com meus amigos e nenhuma resposta.

À noite quando assistia pela enésima vez Sexta-Feira 13 na TV, o celular apitou. Era ela. Pedindo desculpas.


Oi, Gerd. Me desculpe por não te responder. Estava numa maratona nerd.


Maratona nerd? Não entendi o que ela quis dizer apenas a justificativa me deixou um pouco mais traquilo.

Tudo bem. O que ser maratona nerd?

E ela:

Fiquei assistindo no notebook meus desenhos, os animes que gosto.

É verdade. Houve um dia que Louise praticamente passou a tarde inteira me falando e explicando sobre seus gostos e hábitos. O que descobri sobre ela? Gosta de séries e aqueles desenhos vindos do Japão. Ela também sabe e ama desenhar. Outro fato sobre ela é que cursa Artes Cênicas com a amiga dela, Odile, na Universidade de Londres.



Entendi. Se houver jogo da Liga em Londres, você me ver jogar?


Desta vez ela demorou um pouco em responder. Talvez não queira me ver. Pensei errado.

Se Odile for ao jogo, vou com ela.


Ótimo, mais alguns pontos para mim na tabela. E para as coisas ficarem ainda melhores, descobri que a próxima rodada será com Manchester United e só no fim de outubro. E como faltava bem pouco para acabar setembro (um mês de tédio) e permitir a entrada de outubro. Vai ser um pouco difícil de agüentar essa espera toda.
Naqueles dias que se passaram, percebi mais coisas ao meu redor. Primeiro Paul Breitner conversa com alguém na internet todos os dias e Franz e Odile eram agora inseparáveis. Além das mensagens no celular, falam pelo Skype. Quanto a mim, segui conversando com Louise. Um dia Franz resolveu sair e questionei.

-- Aonde você vai?

-- Comprar ou tentar comprar um presente para a menina do cartaz. – Respondeu ele, ainda se arrumando.

Como o jogo de sexta nos deixou um pouco mais tranqüilos, então poderíamos sair e fazer o que quiser.  Resolvi perguntar para Louise qual seria o presente ideal para ela. Para minha surpresa, ela me enviou uma foto com um monte de bichos estranhos de pelúcia e escreveu na legenda.


Amo esses puffs. Queria tanto um Tailmon...

O que? O que era isso? Pensei até mesmo em perguntar a ela e outra mensagem veio em poucos segundos.

Acho que não deve saber não é? Tailmon é um Digimon, veja nesta foto.

Ela mostrou a foto de um gato branco, usando umas luvas de garras nas patas e possui um pequeno anel dourado na cauda. E agora tenho outro problema: o que é essa palavra que Louise disse? Sinceramente não entendo esses ingleses.
Ou melhor, as inglesas.

Resolvi procurar a única pessoa com inteligência suprema e esse é Paul Breitner. Bati na porta e não teve resposta.

-- Paul!

Geralmente quando não é ele quem abre a porta, é o Uli. Só que ninguém abriu.

-- Paul, sou eu. Gerhard. – Chamei.

Por impaciência, entrei no quarto dele e o vi deitado, segurando o notebook e conversando com alguém.

--... Ainda não tive a honra de ler algo sobre Albert Camus. Sempre que tento ler, algo me atrapalha. Prometo ler e escrever quem sabe uma resenha, Ana.

-- Paul! – Novamente o chamei e Paul se assustou a ponto de fechar o note.

-- Droga, Gerd! O que está fazendo aqui? Sabe que deve bater na porta e onde está Uli?

-- Eu não sei onde está Uli e você não me ouviu te chamar. Preciso de ajuda.

-- Agora não. Estou ocupado!

-- Por favor...

Minha insistência é tão irritante para alguns colegas que chego a ser xingado. E Paul queria me socar naquele momento. E não aconteceu.

-- Cara chato! Ok, o que você quer?

Expliquei para ele desde o inicio. O jogo da Liga, a menina do hospital, o beijo, o contato com ela via celular e o lado esquisito dela. Até mesmo dos gostos dela e o fato de querer presentea-lá com um desses bichinhos.
Paul olhou para o teto e respirou fundo. Acho que ele procurava a resposta para isso e novamente me encarou.

-- Duas coisas. Primeiro: Você é um papa anjo que pega garotinhas inglesas. E segundo: Digimon significa “monstros digitais”, pelo menos segundo a explicação de minha amiga Anastacia. E essa sua “criança” quer um Tailmon? Há uma loja no shopping Harrods que tem essas coisas nerds.

-- Você me ajuda a comprar?

-- Nem pensar. A garotinha é sua!

-- Compro um livro pra você!

Paul me expulsou do quarto e quando já pensava em sair, ele abre a porta, já arrumado e me dizendo.

-- Quero um livro do Camus. E caso encontrar outro livro interessante, também compra para mim!

Trato feito. Não só consegui comprar aquele puff como levei Paul a uma livraria e ele escolheu por um bom tempo.  No outro dia, Franz e eu providenciamos o envio daqueles presentes e segundo a companhia de entregas, levaria uma semana no máximo a se chegar ao destino. No hotel, comentamos sobre isso.

-- Uma semana... – Disse enquanto observava Manuel vendo algo no iPad. – Estou ansioso em saber se Louise recebeu o presente.

-- Calma. Vai dar certo. O que comprou?

-- Um bichinho de pelúcia.

-- Que fofo! Essa sua menina deve ser do tipo “fru-fru”.

-- Não. Ela é mais... mais... sei lá!

Continuamos com a conversa até Manuel aparecer, animado e levando o iPad. Vi que ele acessava o Facebook.

-- Vejam o que Uli conseguiu! – Mostrando fotos de muitas meninas. Lindas por sinal e entre elas está Louise.

-- São lindas essas universitárias. – Comentou Franz.

-- Mais linda é esta aqui! – Manuel apontou para uma garota alta, cabelo negro e usando um vestido vermelho. – A prima da sua menininha, Gerd. Essa sim merece ser chamada de fraulein! Oh minha fraulein... Felicity!

-- Espera! Onde encontrou essas fotos? – Perguntei.

-- Já disse. Uli estava vasculhando o perfil do Paul no Facebook e veja a coincidência. Ele é amigo desta menina. Por isso as fotos delas.

Hum... Agora faz sentido quando Paul naquele dia ficou tão assustado. E mais ainda quando perguntei sobre a menina para ele.
-- Não. Está vendo coisas, Gerd!

-- A rede social não mente. – Mostrei a ele o perfil dele e as amizades, incluindo a garota sérvia.

-- Ok... E devia ficar contente. Ela é amiga da  “menor de idade.”

-- Pára de dizer que ela é menor de idade. Eu sei disso.

-- Você gosta dela. Todos do time, até quem não estava envolvido nesta história sabem dessa sua paixão estranha por ela.

Se soubesse o quanto isso ganharia força, não teria contado nem ao Franz ou Sepp. Guardaria comigo esse sentimento.
As semanas passaram depressa e nem percebi que chegamos a segunda semana de outubro e ai recebo uma mensagem de Louise;


Oi, Gerd. Eu adorei o presente de verdade! Muito obrigada. Gostaria de poder retribuir essa gentileza.


Queria responder algo melhor. Deixei para depois e comemorando internamente a felicidade dela. Num dia qualquer enquanto saia do banho, vi Franz no notebook, conversando com a menina do cartaz. Vesti uma bermuda e uma camiseta azul e enquanto penteava o cabelo, ouvi meu amigo gritando.

-- Gerd venha aqui, por favor!

Me aproximei dele, sem saber do que me aguardava.

-- O que houve?

-- Fica aqui e converse com ela. – Respondeu.

-- Com a garota do cartaz?

-- A amiga dela. Louise.

-- Está brincando? Estou péssimo!

-- Chega de frescura e olha pra tela. Diga oi e converse. Vai lá!

Olhei mesmo para a tela e não a vi. Embora a webcam registrasse uma garota arrastando a outra para a lente e ser focada.  Segndos depois enxerguei um par de jóias azuis. Os olhos mais lindos que já vi e o rosto dela parecia susto. Talvez impacto. Franz dizia baixinho para falar com ela e eu ali petrificado.
-- Olá. – A voz de Louise tão agradável... Aos poucos perdia a resistência.

-- Hallo! – Respondi e confesso não ter gostado. Mais pelo modo como a saudei.

-- Err... Bem...Como vai você?

-- Um pouco bem... quer dizer... bem. Yah, eu estar bem!

A conversa não durou muito, não pela timidez e sim por causa de Sepp que apareceu num momento não apropriado. Tive de desligar rápido a webcam e Franz e eu disfarçamos.

-- Não precisam esconder. Sei que estavam falando com aquelas meninas. – Disse o goleiro enquanto pegava a toalha. – Manda um beijo pra elas.

Quando ele se retirou, ficamos muito aliviados e liguei o aparelho. Pude ver Louise chorando. Não... o que pode ter acontecido?

-- ... Ele nem sequer saberá de mim e muito menos gostou de mim, Odile. Deve me achar uma louca, isso sim. Embora... ele é tão fofo como um ursinho.

Quando ela me elogiou, o medo sumiu e resolvi falar como num impulso emocional.

-- Eu gostar muito de você, Louise!

A próxima cena a ser presenciada foi de susto e depois risos dela. Normal, após lágrimas, deveria vir um pouco de alegria. Continuamos a conversa por umas duas ou três horas.

Mais alguns dias se passaram e chegamos a Londres para o jogo da Liga. Tudo pareceu tão rápido. A chegada na capital inglesa, o hotel, uma entrevista e a sorte. Sorte por saber que a menina que veio junto do jornalista é na verdade uma estudante da Universidade de Londres. Melhor, ela é a prima da Louise. Três vezes melhor. Paul arrastou não só eu, mas também Franz, Manuel (que tombou no chão ao ver de perto a fraulein), Sepp e Uli.
Quatro vezes melhor, foi contar com nossos colegas de time para a fuga. Falamos com Dante, Rafinha e Bastian e pedimos para dar uma embromada no técnico e evitar pontas soltas. Aquele espanhol do Guardiola é muito esperto.

Quando a prima de Louise apareceu, primeiramente nos levou a casa de uma garota chamada Marianne, a irmã do jornalista. Ela inclusive ajudou todos nós nas roupas. Escolhi ser o Drácula. Os outros não tiveram dificuldades nas escolhas. Paul teve trabalho em usar a máscara do Homem Aranha e Franz... Foi um caso difícil, tirou a paciência de todos, até mesmo de Felicia. No fim ele se tornou o Jack O’Lantern, o símbolo do Halloween. Mordi a língua em não rir dele com a cabeça de abóbora nele. E mais difícil na entrada do salão de festas. Franz não enxergava direito e vez ou outra atropelava alguém que dançava ou um casal. E às vezes era reeprendido por alguém.

Ficamos por um bom tempo naquele sofá, só olhando o pessoal dançando, bebendo e outras coisas. Odeio festas, odeio lugares fechados. Estava nervoso demais e mal conseguia falar com aquela música alta e as pessoas falando ao mesmo tempo. Foi aí que algo aconteceu.

A garota recebeu três pessoas. Um rapaz vestido de Michael Jackson e duas garotas, parecendo noivas do vampiro.  A menina loira... os olhos azulados, sim! Era ela, Louise.

Ela se sentou ao lado da prima enquanto as outras duas pessoas só diziam oi para nós. Teve um momento que Louise me encarou e pelo rosto dela, não me reconheceu. Desapontado por isso? Sim. Voltei minha atenção ao celular quando ouvi a conversa delas. Era mais ou menos assim.

-- Devia ter me contado, Louise. Quem sabe eu te ajudasse...

-- Não teria como. Ele... eu... ele é só um amigo. Um amigo, Fefe. Não tenho chances com alguém como Gerd Müller.

-- Pois acho que tem mais chances com ele do que as outras.

Não sabia se ficava feliz em ouvir isso ou mais desapontado. Minutos depois Felícia sumiu e Louise também. Manuel me alertou dizendo que a viu saindo do salão, prestes a chorar. Foi aí que mais coisas aconteceram. Troquei mais mensagens com ela no celular até a música acabar. E ai nos encontramos ali no muro. A luz forte acendida mostrou bem minha amada ali diante de mim. Lembram do beijo que disse antes?

Eu a beijei ali, na frente de um pequeno grupo de alunos fantasiados e ainda recebemos aplausos. Após isso, minha amada parou o beijo, recuperando o fôlego e falando.

-- Oh meu deus... Como... veio aqui? – Louise estava um tanto surpresa.

-- Seu prima trouxe eu e os rapazes aqui. Vim por você. – E em seguida a abracei.

Ela chorou um pouco e novamente a beijei mais aindaa, até a megera chamada Felícia nos pegar e ainda ficar furiosa com que viu.  Não me importei com isso, apenas Louise me importava.


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Mais um mês sem minha ursinha, porém consegui agüentar. Tirando a revelação, o churrasco, o enterro emocionante (sem ironias) do gato de Nora e também ser apresentado à família dela (admito: o pai dela é mesmo assustador), ansiava demais rever aquela universitária doida. E a oportunidade veio na semana do natal.  O irmão de Anastacia, Christopher, organizou uma festa natalina na casa dele e nos convidou. E também é a chance mais esperada para Paul, apaixonado pela jovem russa.

No carro, Uli dirigia até a casa dos Romanov. E quanto a mim, a ansiedade em saber se minha ursinha chamada Louise iria gostar do mais novo presente...


Continua...


segunda-feira, 9 de março de 2015

Brit Trailers: Love is Strong

Olá pessoal! Fiquem agora com trailer de uma nova fic, com só 3 capítulos! Confiram e é dentro da subsérie Honky Tonk Women, serve como prequel.


Brit Trailers__ Love is Strong

Quando se trata do amor...

(Ouvem-se os gritos de torcida num estádio de futebol)

Diversos momentos podem acontecer.

(A câmera foca para as arquibancadas)

Entre eles...

(Mostra agora um apartamento no bairro nobre de Londres e a porta se abrindo)


Odile: Estamos atrasadas, Louise!

Louise saindo do apartamento e usando uma camiseta de time: Ok, agora vamos logo!

 

(Toca em fade in a música Lloyd, I'm Ready To Be Heartbroken)


Nascer num jogo de futebol!

(Rápidas imagens dos casais a serem formados)

Baseado na Subsérie Honk Tonk Women

Rosie: Isso é surreal!

Mari: Nem tanto assim...

Vem aí, o prequel da subsérie

(Tela branca aparece em fade in as letras pretas)

LOVE IS STRONG

BY: MAYA AMAMIYA


domingo, 8 de março de 2015

Honky Tonk Women (2º Capítulo)

Olá pessoal!
Espero que tenham uma boa noite e começo de semana. Agora fiquem com a nova fic da série What If e subsérie chamada "Honky Tonk Women", mostrando as garotas da Grindhouse com o grupo Rolling Stones. A Mariana Greyjoy postou uma chamada Let's Spend The Night Together no blog Don't Watch Me Dancing, clique aqui para ler. Ah, esta minha fic tem NC-17. Boa leitura!



Beast of Burden__ Maya Amamiya


Richards POV

Cansei de tudo. Cansei deste rumo, num circulo vicioso onde nós vivemos. Anita ainda amava Brian e não podia continuar mais nisso. Cansei até das groupies sempre me procurando. Tudo me aborrece.

-- Precisa acabar com essa reclamação da vida. – Dizia Charlie Watts, o baterista, enquanto preparava o café.

-- Tem alguma dica pra isso? – Perguntei e depois fui pegar a guitarra tocar um pouco.

-- Hoje tem entrevista da revista onde sua ex-namorada trabalha.

-- Tive várias ex-namoradas, incluindo umas que o Jagger já pegou e aquela outra que namorou o cantor Paul Simon.  – Repliquei.

-- Estou falando daquela fotógrafa, Felicity.

Felicity. Sem sombra de dúvida, de todas as minhas ex-namoradas, esta era especial para mim. Por quê? Só ela tinha um jeito muito provocante. Nunca mais nos falamos depois daquele dia com Brian, onde ele brigou comigo e com ela. Ele havia entrado naquelas de amor a primeira vista e julgava amá-la. Porém, fui eu a dar o primeiro passo. Foi o bastante para saber que era mais do que uma mera atração. Mais do que um desejo incontido sexual.

-- E quando vai ser?

-- Hoje de manhã no estúdio onde vamos mixar o disco.

Me arrumei o quanto antes para não atrasar o restante e seguimos ao estúdio, onde esperei por cerca de uma hora. Mick e Bill conversavam com Marianne Faithfull e Annie Collins, suas namoradas. Outra vez meus pensamentos foram invadidos com a imagem dela. Os cabelos longos e pretos, os olhos brilhantes e aquela boca... tão vermelha... Ela é meu doce pecado.

A porta se abriu, revelando as quatro garotas da revista Rolling Stone.

-- Desculpem nosso atraso. – Disse Nora Smith, a bela garota angelical de olhos azuis. – Estivemos numa reunião. Agora estamos aqui.

-- Pra que explicar a eles? Já deviam entender. – Disse Felicity, com tom meio irritado.

-- Certo, meninas. Então, qual de vocês começa?

-- Eu mesma. – Respondeu uma menina, a francesa de nome Marie. Notei que Mick exibia um enorme sorriso quando viu aquela mulher.

Felicity ajeitava o equipamento de fotografia no estúdio, enquanto Anastacia, Nora e Marie entrevistavam o restante.

Por algum tempo fiquei sem fazer nada, apenas afinando minha guitarra e olhava para a porta aberta da outra sala, onde Fefe se encontrava. Observava atentamente todos os seus movimentos, os detalhes de seu rosto, tudo. Ela continua perfeita. Mais linda e exuberante da última vez. E pensar que esta mulher um dia foi do Townshend. Agora ele não está mais no meu caminho. Suspirei um pouco e fui até aquela sala, me aproximando devagar e silenciosamente por trás.

-- Meu pecado... – Sussurrei no ouvido dela, que se virou para mim, um pouco brava.

-- Você é mesmo um grande canalha, Richard. Já basta a Anita, agora quer partir de novo comigo?

-- Ei – Fui fechar a porta para maior privacidade. – Anita foi um erro.

-- E as outras também? Eu também fui um erro pra você?

Mas quem disse? , eu pensei. Posso ter me separado dela por inúmeras razões que não merecem ser mencionadas, mas dizer que ela foi um erro como Anita, é inaceitável.

-- Você não é e nunca foi um erro pra mim!

-- Então por que não me procurou mais? ME DIZ! – Começou a gritar quase histericamente e se derramou em lágrimas.  Odeio ver uma mulher chorando.

Puxei Felicity para um abraço, embora me empurrando como forma de me negar, não a deixei e ainda a beijei de forma leve e morna.

-- Richards... --- Ela falava entre suspiros, fugindo da minha boca.

-- Me beija, meu pecado... me... beija...

Ela correspondeu meu beijo e ainda as caricias, ora inocentes, ora ousadas. Confesso que sentia falta do corpo dela junto ao meu e desejava todos os dias ela na minha cama. Só que em vez disso, era Anita que dormia ao meu lado. E agora não mais! Só eu e... meu pecado precioso.

Continuamos por mais alguns minutos, até ela recuar.

-- Melhor parar por aqui! – Dizia ela, ofegante.

-- Espere. – Abraçava mais Felicity, unicamente para não deixar meu pecado fugir de mim. – Você sabe o que sinto por você...

-- Eu vou embora! Adeus! – Em seguida ela gritou pelo nome da Nora e depois abriu a porta, indo embora sem mais nem menos.

Após as entrevistas, voltamos ao apartamento e Charlie começou a falar que beijou Nora e a convidou para jantar e ainda me sugeriu.

-- Convida Felicity para ir junto. Assim vocês conseguem se entender.

-- E será que ela me quer depois disso? Eu praticamente a assustei no estúdio. Townshend deve tê-la traumatizado para rejeitar meus carinhos.

-- E agora você está no comando. Mostre a ela que mudou e ainda ama do mesmo jeito.

Dias depois saímos nós quatro para jantar e Felicity além de linda, estava mais feliz, menos assustada. Parece que ela ganhou mais confiança quando me viu. Mais tarde fomos ao UFO Club, dançamos muito até um certo ponto. De repente não encontrei mais Charlie e Nora e levei Fefe para um canto mais escuro dali. E novamente tivemos nossos beijos ousados.

-- Que saudade, meu pecado. – Dizia enquanto erguia um pouco a saia dela, tocando sua coxa. 

-- Controle-se, Richards. Não vê que alguém pode nos ver? – Felicity como sempre, cuidadosa e evitando mais meus beijos.

-- Calma. Tem outros casais “na ativa” por aqui. – Apontei para os poucos que ali se encontravam em pleno vapor de atividade sexual.  

-- Melhor fazermos isso em outro lugar, como na sua casa. – Sugeriu Felicity.

Naquele momento, percebi o quanto ela queria. E eu quero e muito. Saímos do UFO sem ao menos avisar Charlie. Ele vai compreender isso. Poucos minutos o táxi nos deixou perto do meu apartamento. Subimos até o quarto andar e ao entrar, ela, meu doce pecado me joga no sofá e ainda deita em cima de mim, me beijando tão loucamente, aumentando minha excitação.

Minhas mãos levantavam o vestido dela e apalpavam as coxas delicadas e Felicity tirava minha camisa. Na verdade ela queria muito rasgar, mas não permiti. Também ela tirava minha calça e tocava lá embaixo de forma tão louca que gemia demais. Abri o zíper que fica atrás do vestido dela e aos poucos fui abaixando, revelando seu corpo. Ela vestia uma calcinha cor de vinho, a cor pecaminosa. Carreguei minha amada até a cama e ao deitá-la, tirei a peça intima dela e me deitei por cima dela, onde começamos mais beijos e caricias ardentes. Massageei seus seios e suguei um pouco cada um deles e ouvia mais Felicity gemendo. Toquei também em sua parte delicada, enlouquecendo mais meu precioso pecado. Ela estava pronta e eu também. Com cuidado a penetrei evitando dores para ela e fui devagar. Deitei por cima dela e enquanto avançava, beijava seu rosto, sussurrava palavras e por fim atacava sua boca vermelha. 

-- Oh, Richards... – Ela dizia entre gemidos e me abraçava forte. – Mais... mais...

E eu continuava, só que desta vez aumentei a velocidade pelo prazer dela. Ergui uma das pernas dela para entrar melhor e proporcionar aquelas sensações. E agora está vindo...

Ergui o rosto pro teto e fechando os olhos gemi alto junto com meu pecado, sinal claro que atingimos nosso prazer supremo e me esparramei nela, arfando e novamente a beijando.

-- Meu pecado... eu te amo. – Disse.

-- Richards... – Fefe acariciava meu rosto e sorria. Nossa noite foi perfeita.

E adormecemos juntos. Dormi com ela de conchinha por quase três horas até ouvir a campainha sendo tocada de forma insiste e depois ouvir gritando meu nome.

-- KEITH RICHARDS! ABRA A PORTA QUE EU SEI BEM QUE ESTÁ... HIC UP... AÍ DENTRO!

Por um momento pensei de quem era a voz e logo me lembrei de Brian Jones.

-- Vai abrir a porta. – Disse Felicity, sonolenta.

-- Já vou e fica aí, meu pecado. – Pegando rápido um roupão e indo abrir a porta.

Abri a porta e vi Brian Jones sentado no chão, segurando uma garrafa de vodca com uma das mãos e chorando.

-- Richards, por favor, me ajuda vai...

-- Entra logo! – Mandei ao mesmo tempo tive de ajudá-lo a se reerguer e caminhar direito até a sala.

Fechei logo a porta e Brian deitou no sofá. Vi que Fefe saiu dali e foi até o meu quarto. Enquanto isso Jones ficava falando de Ana e o quanto sofria. Depois adormeceu ali e eu voltei para perto de minha amada.

No outro dia, ela se preparava para ir embora quando me falou algo.

-- Hoje à tarde vou viajar. – Disse Felicity, pegando a bolsa.

-- Para onde?

-- Munique. Visitar minha prima que já deve estar com uma barriga saliente. E afinal serei a madrinha do bebê dela.

-- E quando volta?

-- Ainda dentro do tempo de vocês saírem em turnê. Talvez em três dias.

-- TRÊS DIAS SEM VOCÊ, MEU PECADO? – Ela pode viajar para outro lugar, mas três dias... é pouco tempo e não posso ficar sem ela.

-- Podemos resolver isso. Quer vir comigo?

Agora estamos nos acertando. Não é preciso dizer que fiquei muito contente pelo convite e ainda mais ficar sempre ao lado dela.

-- Vai ser uma ótima experiência. Nunca fui a Munique.

-- Vai gostar muito de lá.

Passei a manhã inteira arrumando a mala e depois conversando com Charlie sobre a viagem. Já alertei o baterista sobre Brian.

-- Caso ele aparecer, deixe-o entrar. Assim evita complicações maiores. – Disse.

-- Sei lidar com ele, Richards. Estamos prontos para isso e agora boa viagem! – Charlie me abraçou e me acompanhou até o táxi.

Ao chegar ao aeroporto, encontrei Felicity na cabine telefônica e saindo para me encontrar.

-- Oi amor. – Ela me beijou, causando mais desejos em mim. – Venha, temos de comprar as passagens.

Ao adquirir as passagens, ficamos esperando pelo nosso avião e no meio da multidão, vi Anita Palenberg, acompanhada de um cara. Reconheci quem era. O ator David Hemmings, o fotógrafo do filme Blow Up. Me escondi rápido para eles não me verem e pelo visto Fefe percebeu isso e não disse nada. No avião, enquanto ela lia um livro e eu olhava para a janela, resolveu me questionar.

-- Por que se escondia da Anita?

-- Não quero me estressar com ela. Desde que terminamos... Anita não soube aceitar isso.

-- Isso me lembra a Jenna Davies, quando comecei a ficar com Pete.

-- Agora quer falar do narigudo?

-- Só comentei. – Disse Fefe e em seguida fechando o livro e dormindo.

Me arrependi da minha grosseria com ela quando mencionou Townshend. Às vezes penso que Felicity ainda não o esqueceu e isso me atormenta, mais do que Anita me perseguindo. Após algumas horas de viagem, chegamos a Munique. Felicity estava cansada demais e eu também.

A parte um pouco difícil foi pegar um táxi e falar em alemão. Eu não sabia falar, mas Fefe sim. A sonolência dela é tanta que mal conseguia dizer algo e tive de ajudar.  Chegamos num bairro próximo ao Estádio Olímpico de Munique e vimos uma casa estilo nobre.

-- Ela e o namorado sabem que estamos aqui? – Perguntei ao desembarcar do táxi, segurando as malas.

-- O convite partiu deles.

Em frente à porta, Felicity tocou a campainha e eu rezando para tudo dar certo e dormir. A porta se abre e quem nos recebe é o noivo da prima dela.

-- Gutten Nacht, Felícia!

-- É Felicity, alemão desgraçado! – Resmungava. – FELICITY!

Não resisti e acabei rindo da situação e pelo visto o cara também ria.

-- O que é tão engraçado?

-- Você! – Respondi, ainda rindo.

-- Ursinho, minha prima já chegou? – Ouvi uma voz feminina ao fundo.

-- Yah, ursinha. – Respondeu. – Entrem!

Ao adentrar a sala, aparece uma moça muito bonita, usando um vestido largo por conta da barriga grande e possui olhos azuis. Pelos traços delicados, achei um pouco parecido com Felicity. A única coisa que diferente é o fato da jovem mamãe ser loira, ao passo do meu pecado ter cabelo preto.

-- Felicity! Adorei que tenha vindo novamente a Munique! – Disse a loira, abraçando. – E mais ainda por trazer Keith Richards, dos Rolling Stones aqui!

-- Não é o que está pensando! Keith, esta é Louise McGold, minha prima e ele é Gerd Müller, atacante do time Bayern de Munique.

Cumprimentei o casal de forma educada e ainda procurava disfarçar meu senso hilariante por presenciar aquela cena engraçada na entrada. Conversamos pouco e logo fomos ao quarto de hóspedes que Gerd nos cedeu e nos desejaram boa noite.

Ao entrar no quarto Felicity e eu já começamos os carinhos e beijos, deitados na cama e sem roupa. Fizemos amor e praticamente esquecemos as reclamações que trocamos por conta do cansaço. Após o sexo, ela pousou a cabeça em meu peito e eu a abracei. Trocamos umas últimas palavras.

-- Posso não entender de futebol, mas de pessoas sim. E digo que esse cara é legal. Uma boa pessoa esse Gerd. – Comentei.

-- Sabe, antes não gostava do Gerd e achava que ele seria muito possessivo com ela, como aconteceu com Jeff Beck e Chris Dreja.

-- Os dois Yardbirds?

-- Esses mesmos. E até hoje não compreendo como se conheceram. Fiquei sabendo de tudo isso no ano passado. – Felicity bocejou e em seguida disse. – Agora vamos dormir. Amanhã será melhor.

-- Ok. Boa noite, Felícia meu pecado! – Disse apenas para provocar ela.

-- Olha como fala! Boa noite, Sweethie!

Mal fechei os olhos e ouvi um ruído vindo do quarto do casal de anfitriões. Procurei ignorar isso e voltei a cerrar os olhos. Não adiantou e Felicity também se acordou por isso. No entanto, ela estava espantada.

-- Eu não acredito! – Exclamou baixinho para mim. – Mesmo grávida, eles fazem amor!

-- Será que “aquilo” dele não machuca o bebê? – Indaguei, imaginando algo não muito bom nisso.

-- Eu não sei. E não me invente de perguntar isso pra eles, entendeu?

-- Ok. Agora vamos dormir, se é que iremos dormir com os “ursinhos” trepando feito loucos.

Segunda tentativa de dormir e desta vez conseguimos. Quando amanheceu, acordamos juntos, um pouco cedo e tomamos banho juntos sem se importar se os ursinhos doidos vão questionar ou não. Por um momento pensei como o pessoal está neste momento. Será que Brian Jones finalmente tem Anastacia Rosely só para ele?

Saímos do banheiro ainda conversando e vimos à mesa preparada para o café e o casal na cozinha, pra variar se beijando e só pararam quando ouviram nossos passos e foram para sala.

-- Bom dia aos dois! – Louise e Gerd se sentaram e começaram a servirem o café.

-- Bom dia! – Disse Felicity, com cara de pouca sonolência.

-- A insônia ainda te atacando, prima?

-- Bem... Na verdade não é a insônia e nem o Richards. – Apontando para mim. – A causa é outra.

Outra vez ri disso. Tudo transcorreu bem no café da manhã e Gerd comentava que não terá treino e pretende aproveitar o dia. Ao terminar de comer o pão, resolvi perguntar sobre ontem à noite.

-- Sei que não é da minha conta, mas vocês conseguem fazer amor, com ela barriguda?

A pergunta pegou tanto Louise quanto Felicity de surpresa e Gerd se espantou também com aquele tipo de questionamento. Pensei que seria morto ou esquartejado pelos ursinhos ninfomaníacos. Em vez disso recebi a resposta.

-- Errr... Sim. – Respondeu a jovem grávida um pouco sem jeito.

-- Mas como pode isso? Não machuca nem nada? – Ainda curioso sobre esse fato.

-- Nein, a bebê estar bem. – Gerd respondeu e ainda acariciava o ventre de Louise.

-- Ah puxa, que bom, quer dizer... Ótimo! – Comentei, mas no fundo passei a imaginar Fefe grávida, exibindo a barriga saliente...

-- Não tem nada demais. Só por que estou grávida não quer dizer impedimento para fazer sexo. E inclusive é muito mais gostoso.

Agora vem o momento hilariante número dois com essa afirmação da prima de Felicity. Todos riram disso e ela também. 

-- Bem, já que meu namorado falou disso. Agora é minha vez de perguntar. Como vocês se conheceram? – Fefe também foi tomada pela curiosidade.

-- Bom, foi no ano passado, num dos últimos jogos da Bundesliga. – Louise respondia e tomava um gole de leite. – Odile havia comprado ingressos para o jogo e viajamos juntas e o pai dela foi junto, mas por conta de negócios na cidade. E na hora de pegar autógrafos sem querer me esbarrei no Gerd e foi tipo... uma explosão. É complicado descrever essas sensações, prima. Afinal, já se sentiu numa situação assim?

-- Claro. Com Richards em 65 e 66.
É verdade. 1965 foi o ano mais legal e romântico de minha vida. Conheci Felicity, vivi um intenso romance com ela e se não fosse o porra louca do Brian Jones, teria continuado e ela não teria conhecido o babaca do Townshend.

O café da manhã terminou e resolvemos passear pelas ruas e parques de Munique. Várias vezes nos beijamos e trocamos mais carinho. Felicity fotografava as paisagens e às vezes sua prima e o jogador. Ela prometeu construir um álbum deles mostrando Lulu em sua gestação e Gerd cuidando dela, como presente de casamento a eles. Alias, este casal vai casar depois do nascimento do bebê.

Mais tarde resolvi ligar para Nora.

-- Alô?

-- Sou eu, Keith Richards. Como vai, Nora?

-- Oi! Estou bem, melhor dizendo, estou ótima. A Fefe está aí?

Passei o telefone para ela.

-- Oi Nora! Como está você e o Charlie?

-- Ele me deu um filho!

-- ESPERE AÍ! VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA TAMBÉM?

Quase cuspi fora a cerveja que Gerd me ofereceu ao ouvir aquilo. Mal começaram a namorar e Charlie faz um filho em Nora?

--Não, sua boba! É um gatinho e ele se chama Truffaut.

-- Ah tá! Ao menos especifique melhor isso. Quase cai pra trás sabia?

-- Então vai cair mesmo quando contar isso. Ana e Brian Jones finalmente estão juntos e na primeira noite de amor deles, quebraram a cama pra variar.

Felicity segurava o riso e depois me comenta.

-- Brian Jones e Ana quebraram a cama!

Agora era eu a cair na risada e expliquei a eles o motivo. E ainda contaram algo bem cômico, envolvendo a amiga de Louise, Odile e o namorado dela, o jogador Franz Beckenbauer.

-- Certa vez Odile e Franz quase quebraram a cama no apartamento onde eu e ela dividia na época. Esse é um dos motivos para eles gostarem de fazer amor na sala.

Após a conversa terminada no telefone, retomamos mais as novidades. Ainda disse sobre um fato com Wyman e sua namorada, Annie. Quando namorava Anita, invadimos sem querer o quarto dele, gerando constrangimentos. Mais risos, embora visse o rosto de Fefe mudar quando falei da minha ex.

-- Não fica com essa cara. Você sempre será especial para mim, meu pecado! – Disse olhando em seus olhos.

-- Você chamar ela de pecado? – Perguntou Gerd.

-- Sim. Sou o pecado do Richards. – Fefe estava feliz com o carinho recebido.

-- Isso ser estranho, você ter cara de anjo.

Ok, Felicity tem uma carinha angelical e sei também do seu lado devasso, algo que os outros não conseguem ou não podem ver. Me levantei do sofá e peguei minha amada nos braços, levando-a para o quarto contudo, resolvi falar.

-- Sabe de nada, alemão inocente!

Por conta da diversão em três dias esqueci-me da turnê da banda. Por mim ficavam mais alguns dias na cidade alemã. Porém devia retornar e Felicity também precisava voltar a trabalhar. O casal Müller nos acompanhou ao aeroporto e prometi que se banda passar nos países europeus, pediria Munique como uma das cidades a terem nosso show.

No embarque, Felicity ainda perguntou.

-- Então, o que achou da nossa viagem?

-- Adorei visitar esta cidade. Muito bonita. Ah sabia que Gerd nos convidou para serem os padrinhos do bebê?

-- Sim. Agora, querido, temos outra viagem a ser feita. E será com os Stones!

-- Mal posso esperar!

Minha nova vida começa. Ou melhor, já começou e ao lado da mulher que amo desde 65. Ela que é meu verdadeiro pecado delicioso chamado Felicity McGold. Minha amada!


FIM

... Por enquanto