Para encerrar agosto, vamos para mais um capítulo de Rush. Boa leitura!
Capítulo 4: Encontros loucos
Louise POV
Pela
primeira vez me senti uma verdadeira heroína. Minha determinação em reencontrar
meu amigo Niki e ainda fazê-lo se aproximar de Odile foi o suficiente para me
motivar a acordar cedo, preparar o café da manhã e minhas melhores roupas.
Acordei Odile e ela se levantou sem tirar o Roger do seu sono, que pelo visto
era pesado.
-- Estou
tão nervosa, Lulu. – Comentou Odile, enquanto tomava banho.
-- Sei
como é. Mas contenha seu nervosismo. Niki ficará feliz em nos ver. – Respondi,
mesmo no meu quarto.
Após o
banho, Odile se vestiu normalmente e fui também tomar banho. Enquanto lavava o
cabelo mais uma vez a imagem de James Hunt veio na mente. Aquele cretino,
canalha... e homem sexy.
Me
culpava por tais pensamentos. Contudo, devo admitir que nenhum homem me causou
isso em mim, nem mesmo Chris Dreja na época dos Yardbirds ou Timothy Dalton,
ator com quem contracenei umas peças de teatro como Tristão e Isolda, Anthony e
Cleópatra e na versão televisiva de Morro dos Ventos Uivantes. Ou talvez...
Flashback
ON
As gravações do Pink Floyd estavam um pouco tensas.
Roger ficava nervoso por algumas falhas técnicas, mas o empresário Steve O’
Rourke mantia calmo. As musicas pareciam de alguma forma combinar com um lugar
como Pompéia. Mesmo sem publico, eu senti e creio que Odile também, que o show
está sendo épico. A guitarra de David Gilmour emitia um som maravilhoso, os
vocais de Rick Wright e David muito bons.
O clima em Pompéia estava muito quente. E neste momento
de pausa vi Rick tirar a camiseta, revelando seu torso nu. Abaixei um pouco os
óculos e fiquei boquiaberta.
-- Fecha a boca, senão entra mosca. – Dizia Odile,
tirando sarro da minha reação e fechando minha boca com a mão.
-- Ah pára com isso. Só fiquei chocada.
-- Chocada com o Rick? Hahá essa é boa, Lulu.
Aquela era a primeira vez que via Rick, o tecladista
tímido, seminu como os deuses do Olimpo, diante dos meus olhos.
Flashback
OFF
Tomamos
café calmamente e conversamos sobre as possibilidades dos encontro dar certo.
Neste instante David Gilmour e Rick Wright se levantaram e se juntaram a nós na
refeição. Rick parecia um pouco chateado.
-- Tá
tudo bem, Rick? – Perguntei muito preocupada.
-- Ta
sim. Só to um pouco entediado. – Respondeu ele, sem muito animo. Ainda não
acreditava que tudo aquilo seja por causa do estresse passado de ontem nas
gravações do Live In Pompeii. – Por que estava chorando ontem, Louise?
Quase
engasguei com a pergunta de Rick. Ele havia percebido minha frustração pelo
Hunt, quer dizer, ele me viu chorar mas não sabia quem era que me causou isso.
-- Errr....
nada não, Rick. Não é nada. – Disfarcei, enquanto me limpava.
-- Ainda
acho que foi aquele loiro que te chamou de Suzie. – Falou Gilmour. – Pode falar
a verdade, Lulu. Não existe nada que possam nos esconder.
-- Já me
conformei com isso, David. Ele é casado e vocês todos sabem que nunca me
envolvo com esse tipo de cara. Fiquem avisados!
Odile
riu da minha resposta e não disse mais nada mas seguiu lendo seu jornal e viu
uma noticia no mínimo curiosa: o jogador George Best e uma modelo chamada Meg
Johnson sofriam de crise no relacionamento. Quando vi a foto, imediatamente
lembrei dela. Ontem ela estava conversando com Suzie Hunt e num momento em que James e eu estávamos
muito próximos, ela nos interrompeu.
-- Bem,
estamos um pouco atrasadas, Lulu. Tchau David, tchau Rick. Arrumem tudo pra
nós? – Perguntou Odile, pegando a bolsa.
-- Deixa
com a gente, Odile. Vamos arrumar a bagunça, Rick.
-- Ok,
tchau meninas! E Louise – Rick me pegou pelo braço. Me olhou com certa
intensidade. – Não deixe mais aquele piloto loiro te magoar. Se isso acontecer,
eu... acabo com ele!
Não
disse nada mas agradeci Rick com gesto positivo. Enquanto caminhávamos pelas
ruas italianas, pensei em
questionar Odile sobre essa atitude inesperada de Rick Wright
contudo chegamos a um café muito luxuoso e logo reconheci Niki, de óculos
escuros e lendo uma revista de carros. Ele estava numa mesa perto da janela.
-- Niki!
– Cumprimentei ele.
--
Louise! Odile! Minhas amigas da Inglaterra e França, muito obrigado por terem
vindo aqui! – Niki primeiramente me abraçou e depois abraçou Odile mas notei
que ele estava um pouco sem jeito perto dela.
Empurrei de leve minha amiga, no intuito de faze - lá atrair mais a
atenção do austríaco.
Niki foi
um perfeito cavalheiro. Puxou a cadeira para Odile se sentar e a tratou como
uma verdadeira dama. Também me sentei graças a educação nobre de meu amigo.
Nosso almoço foi lindo. Conversamos sobre tudo, inclusive falei do Pink Floyd
gravar um disco ao vivo numa arena milenar como a de Pompéia. Niki achou bastante
inusitado e estranho e acredita que o som saído de lá deveras ser maravilhoso.
Depois
disso eles começaram a falar de carros. Neste assunto fiquei de fora. Não
entendia de automóveis, velocidade e motores mas Odile sim. Além de carros, ela
entende um pouco de futebol, um assunto que mais ou menos domino, já que meu
pai e meu irmão adoram, uma prova disso tudo foi na Copa de 1970, quando Brasil
se tornou tricampeão. Os dois torciam para o país sul americano.
-- E ai
Niki? – Cumprimentou um rapaz alto, com um bigode sexy e tinha traços
italianos.
-- Como
vai, Regazzoni? – Respondeu Niki e tratando das apresentações. – Meninas, este é Clay Regazzoni, meu colega
de equipe na Ferrari.
-- Oi
Clay. – Odile e eu falamos juntas.
Clay
acabou por se juntar a nós. Conversou com Odile contudo ele viu que eu estava
quieta e depois dirigiu sua atenção para mim.
--
Então, Louise, o que faz da vida? – Questionou Clay. Notei que seus dedos
tentavam tocar os meus.
-- Sou
atriz de teatro e novelas, mas ainda irei para o cinema. – Falei bastante
convicta.
Já ia
dizer mais algumas coisas se não fosse minhas duas piores visões. A primeira é
que do lado direito, duas mesas atrás de Odile se encontrava Timothy Dalton e
sua acompanhante. E ao que parece ele me viu e sorriu aquele desgraçado. Oh
não, ele agora está vindo em minha direção!
A
segunda visão horrorosa é na entrada do café, se encontrava James Hunt, sua
esposa Suzie e a namorada de George Best, a modelo Meg Johnson. James também me
viu e fez sinal para mim, me cumprimentando. Meg não gostou disso e falou algo
no ouvido de Suzie. Mais problemas. O trio também estava vindo na nossa
direção.
Comecei
a ficar ofegante de muito nervosismo. Como último recurso, bebi um pouco de
vinho e fiz algo que me arrependo por um momento: puxei Clay Regazzoni e
tasquei um beijo daqueles que sempre usei na minha atuação. Confesso que nunca
beijei um cara de bigode mas Regazzoni era muito bom. Espero que Niki e Odile
não fiquem com raiva de mim.
Continua...