Tenham uma boa noite e fiquem com o segundo capítulo de Grind Zombies. Vai ter rivalidade!
Capítulo 2: Orgulho e Preconceito... E Zumbis
Lulu desviou o olhar,
disfarçando o mal estar e sendo percebida por sua prima.
-- Encontrou algum
suspeito? – perguntou Felicity, ansiosa pra desembainhar a faca escondida
debaixo da saia.
-- Não. – negou Louise,
rindo e olhando rapidamente para o alemão urso. Ele ainda flertava com ela. –
Tem um rapaz... Ele não para de me ver.
Felicity viu quem era e
desviou atenção, muito descontente.
-- Ele não vale meio
xelim. É um soldado apenas. – disse, em tom de desprezo.
-- Está zangada por que
George não te quis? – Louise sabia que o romance de George Smith e Felicity
terminou por conta da viagem do rapaz e quando retornou, declarou ter se casado
com uma escocesa chamada Claire.
-- George e eu ainda somos
amigos e já desapeguei. – mentindo. Felicity não mostrava pra ninguém o quanto
estava sofrendo e descontava sua raiva e tristeza no combate.
-- Aham, sei..
Neste momento Odile puxa
as primas McGold para mais apresentações.
-- Rapazes, conheçam as
primas Felicity e Louise McGold. Felicity é uma grande amiga da minha irmã
Marie e Louise é minha grande amiga.
Um dos rapazes não era germânico.
Ele possui traços holandeses, olhos azuis e cabelo meio loiro e usava roupas de
nobre.
-- Este são meus amigos.
Josef Maier e Gerhard Müller. – completou Franz.
Josef gostou bastante das
moças, embora nenhuma das primas lhe tentou, o que foi um grande alívio para
Felicity. Já Louise sorria para Gerhard e o mesmo... não expressava nada.
-- Me esqueci de apresentar,
meninas, Johannes Cruyff. Ele é o Capitão do pelotão holandês que recentemente
veio a Brandemburgo.
Johan foi cortês com as
jovens e seus olhos se fixaram na bela Felicity. Entre uma conversa e outra, Louise ansiava por
dançar e decidiu convidar Gerhard para tal.
-- Dança comigo, herr
Müller?
Gerd não respondeu e em
vez disso corou demais.
-- Está tudo bem? –
preocupou-se Lulu.
Ele se retirou, deixando a
galesa loira transtornada.
-- Não fica assim, Louise.
– disse Odile, mais calma. – Gerd é tímido.
-- Ele não gosta de
dançar. – respondeu Franz, rindo um pouco. – Não deveria rir disso, já que ele é
meu amigo.
Johan continuava olhar
para Felicity, criando mil maneiras de abordar a jovem. Dançou com outras
moças, de diversos tipos e mesmo assim, nada parecia abalar ou mostrar alguma
expressão no rosto dela.
-- Desisto... – comentou consigo
mesmo.
Do outro lado do salão
Josef procurou seu amigo e o encontrando sentado numa das mesas, sozinho e com
as mãos na cabeça.
-- Was ist passiert? (O que aconteceu?) – perguntou o ruivo.
-- Ich wusste nicht was ich zu ihr sagen. (Não sabia o que responder para
ela.) – Gerd bebia um gole de cerveja e ofegava.
-- Entspannen Sie sich, sie werden verstehen. (Relaxa, ela vai entender.)
E por fim Louise dançou
com outro rapaz. Felicity conversava com Marie e não deixou de notar tudo.
-- Já viu que o holandês não
para de olhar pra você? – Marie balançava seu leque e sorria, dando certo
charme.
-- É, eu percebi. –
Felicity só observava sua prima. Seus pais não quiseram vir ao baile e
permaneceram em Londres com os Smiths. – E como disse, qualquer selvagem pode
dançar e imagino até um zumbi dançando com certo sucesso.
-- Fefe! –- repreendeu
Marie, rindo. – Não seja tão desrespeitosa.
-- Marie, você sabe que não
danço bem quando não conheço meu par. Ademais, você dançou com o único rapaz
encantador daqui.
-- Mas e o holandês? Ele
também é agradável.
Fefe lançou outro olhar
para Johan. Ele conversava com outros do seu pelotão e com Franz e Odile. Se
virou para amiga e disse:
-- Perfeitamente tolerável
mas não o bastante pra me tentar.
No exato momento da
resposta, Johan se aproximou um pouco para ouvir. Ofendeu-se. Quem aquela
galesinha pensava que era? Uma moralista? Ele se retirou, zangado com as
palavras ouvidas e sem querer sua espada encostou-se a uma garrafa e derrubou
ao chão, causando espanto nos presentes.
-- Que lástima.
Com passos largos
provocados pelo barulho de sua bota, Johan saiu do baile, bufando de raiva e
ficando perto numa das fogueiras, resmungando aos quatro ventos sobre Felicity.
-- Madame hipócrita... –
disse chutando forte uma pedra. – Menina mimada! Moralista insuportável!
-- Felicity McGold? –
perguntou uma voz masculina, surgindo atrás de Johan. – Odeio essa garota! Tão
orgulhosa e convencida, eu não a suporto!
-- É verdade. Eu não
dançaria com ela nem que fosse... --- ele parou de falar, pois reconheceu a
voz. – Coronel... Rinus Michels?
Ele se virou e quase caiu
pra trás. Rinus Michels, o coronel das tropas holandesas que chegaram aos portões
de ferro e que desapareceu sem deixar rastros, agora retornou como um zumbi,
com a farda em pedaços e o rosto desfigurado com algumas explosões de pus no nariz
e os olhos muito vermelhos. Ele fez sinal de silêncio para Cruyff.
-- Eu vim lhe contar uma
coisa...
Uma explosão aconteceu,
assustando Johan. A cabeça de Rinus Michels não existia mais e o corpo tombou.
Felicity surgia armada com um revólver apontado para o morto-vivo.
Alguns soldados e os
convidados saíram do salão para ver o que aconteceu.
-- Johan! – gritou Neeskens,
outro holandês, acompanhado de Rudi Krol e Johnny Rep. – O que houve?
-- Salvei sua vida por
pouco. – disse a galesa, mais séria de costume.
-- Do coronel Rinus
Michels? – Johan se indignou.
-- De um coronel Rinus
Michels morto-vivo.
-- Curioso. Eu descobri
que ele é bem tolerável. – replicou o capitão, lançando um olhar furioso.
O dois irmãos mais jovens
de Fefe também foram de encontro à irmã.
-- Ainda bem que atirou
nele, irmãzinha. – concordou Bran, armado com sua katana.
-- Eu tenho certeza. –
garantiu Johan. – O coronel queria me dizer algo.
-- Talvez ensinar como
abotoar o dólmã para os mais jovens. – debochou Felicity.
Numa das carruagens uma
moça caminhava com a mão no rosto, encobrindo a boca como se estivesse passando
terrivelmente mal.
-- Ria o quanto quiser,
senhorita. Mas não vou mudar minha opinião. – disse em tom desafiador.
E de repente ouve-se um
grito quase rouco e todos olham a moça na carruagem. Metade do rosto não tinha
mais carne e sim ossos e dentes. O sino foi tocado, alertando ataque de mortos
vivos.
-- Vamos! – bradou Felicity
para seus irmãos.
E dentro do salão Louise e
Odile sacaram suas adagas, juntamente com Marie. Os três irmãos McGolds se
juntaram armados. Jon com bastão, Bran e sua inseparável katana e Felicity com
seu par de espadas orientais, os sais. Ambos os grupos atacaram os zumbis,
mutilando em diversas partes e sem nenhum problema. Louise se viu cercada por
três mortos-vivos quando um machado foi arremessado, cortando rápido a cabeça
de um deles. Viu quem fez isso, era o jovem tímido Gerhard. Ele, Sepp e Franz
mataram mais dezenas de zumbis só com armas de fogo e machados.
Louise e suas amigas
recomeçaram o combate, terminando com o último morto-vivo caindo sem a cabeça
por Gerd. Ela pensou em dizer algo mas devido a timidez dele não emitiu uma
palavra. Johan e os holandeses retiraram os sobreviventes do salão e observou
Felicity. Ela pode ser orgulhosa e irritante, mas admitia que a mulher sabe
mesmo lutar. Depois disso os soldados fizeram à limpa, tirando os cadáveres e
os jogando na fogueira.
Enquanto Louise limpava
sua adaga com o lenço, Gerd apareceu atrás da mocinha.
-- Hallo! – cumprimentando
gentilmente a garota.
-- Ai meu Deus! – Louise ria
um pouco, devido adrenalina. – Olá!
-- Eu quero... Me
desculpar pela minha atitude! – respondeu Gerd, fascinado pelos olhos cor de
safira de Louise. – Não sei como me comportar em eventos sociais.
-- Oh, está tudo bem. –
sorriu a menina. – E muito obrigada por me salvar.
Alguns dias depois após o
baile e o ataque zumbi, os McGolds e Romanovs permaneceram na Alemanha. Tony e
Alexei de alguma forma ensinavam os soldados dos portões de Brandemburgo. E foi
num desses dias de treinamento que Anthony recebeu um convite de um dos capitães
germânicos para um almoço.
-- Um desses rapazes
cortejou nossa filha. – comentou Tony, lendo a carta para Mary.
Quando amanheceu, Tony
avisou a filha, mostrando o bilhete. O rosto de Louise transpareceu decepção.
-- Eu não quero ir. –
disse a jovem.
-- É só um almoço com o
rapaz. – Tony encorajava a filha. – Tudo bem que ele é... digamos, meio
enrolado, mas é um bom soldado.
Louise continuou o
treinamento, socando a árvore e seu pai novamente tocou no assunto.
-- Ainda está zangada por
causa do noivado com Chris que eu e Alexei não firmamos para vocês?
-- Também. Mas é outra
coisa.
-- Envolve seu amigo Davy?
Lulu fincou a adaga com
força no tronco e chorou. O pai a consolou e deu um lenço para ela.
-- O que ele viu nela pra
querer casar? – resmungou a menina. – Aquela mulher nem sabe lutar, ao passo
que Davy e eu treinamos com o mestre Han.
-- Bem, eu conheço um
pouco os Mackenzies. Na verdade sou amigo de Howard Hudson, o tio de Dianna. Se
eu enviar uma carta, pedindo uma audiência com os Mackenzies, falarei sobre
esse casamento mal aproveitado do Davy e com os pais dele.
-- Obrigada, pai.
-- Mas terá de aceitar
comparecer nos portões. – avisou Tony. – É apenas um almoço e este rapaz nem se
lembrará direito de você.
No outro dia Louise se
arrumava por inteira e quando colocou o pé pra fora de casa, veio mais uma
surpresa.
-- Como é? – espantou-se. –
Por que não posso usar a carruagem?
-- Seu pai emprestou para
Davy e Dianna. – respondeu Mary, enquanto encilhava a égua Andrômeda.
-- EU ODEIO AQUELA MULHER!
– resmungou a jovem, jogando uma pedra bem longe.
-- Louise! Veja o lado
bom. Dianna não veio conosco a Berlim. – depois entregou um revólver calibrado
e um mosquete. – Seu pai deixou a carruagem para eles e nós usamos a do seu tio
e agora seu pai e Alexei foram viajar.
-- Eu queria muito ir de
carruagem. – resmungou. – Sou uma dama acima de tudo.
-- Eu sei disso. Mas não
temos opções. – resignou Mary. – Agora vá logo! Parece que vai chover e tenha
cuidado no caminho. Os mortos surgem mais rápido em terra úmida.
E ela seguiu a cavalo para
o portão de Brandemburgo. No entanto pensou em pegar um atalho pela floresta até
que ouviu os latidos ao longe. Engatilhou o revólver e apontou na direção do
som. Esperou um pouco e alguns cães corriam, nervosos.
-- Droga! – praguejou
baixinho por ver que não era nada.
Um tremendo engano. O
tempo escurecia por conta da chuva e mesmo assim surgiu na mesma direção um
enorme zumbi caminhando devagar. Andrômeda assustou-se a ponto de derrubar
Louise e em seguida fugiu para longe. Rapidamente, Louise se levanta e pega sua
arma de fogo, apontando para o zumbi. O tiro deveria acertar na cabeça. Em vez
disso, o revólver ficou danificado com o disparo contrário, provocando um
ferimento na mão da menina.
Se afastou um pouco e se agachou,
impedindo o monstro de agarrá-la. E sacou suas adagas escondidas nas botas e
cortou os dois braços do zumbi. Com um golpe na perna para derrubá-lo, ela
pisou fortemente no crânio podre dele, encerrando a luta. Limpou as adagas e a
chuva caiu. Contudo, ainda não terminou. Rasgou um pouco a barra da saia e
enfaixou a mão machucada e queimada e seguiu para mais uma luta. Haviam mais
dois zumbis. Um casal com um bebê morto-vivo.
-- Santo Deus! – exclamou.
– Não pode ser...
O casal morto-vivo já ia
avançar contra a jovem. Em questão de segundos a cabeça do homem foi decepada
com um golpe de machado arremessado. Ela virou-se e viu Gerhard, montado no
cavalo preto e armado com o mosquete, disparou contra a mulher zumbificada e o
bebê. Ele desceu do cavalo e caminhou para perto de Louise, transtornada.
-- Eu poderia muito bem me
defender sozinha. – disse em tom de reclamação. – Eu poderia...
Devido ao cansaço e a
chuva ela desmaiou. Gerd pegou a menina a tempo e montaram no cavalo. Minutos
de cavalgada depois estavam nos portões de ferro e entrou na fortaleza,
carregando Louise.
-- O que aconteceu com
ela? – Dettmar se preocupou com a saída súbita de Gerd.
-- Está fraca. – Gerd subia as escadas em direção aos
quartos.
-- Ela não foi infectada? –
perguntou Udo Lattek, temendo uma infecção.
Abriu a mão enfaixada da
jovem e retirou o pano.
-- Graças aos céus que ela
não vai virar zumbi. – disse o coronel, mais aliviado. – Pode levá-la pro
quarto, Gerhard. Enviarei uma carta para os pais dela, avisando sobre o
ocorrido.
Ao menos não estavam mais
ameaçados...
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E na Inglaterra, Davy e
Dianna tomavam chá tranquilamente com os Mackenzies. Giles, o irmão de Di,
nunca aprovou o cunhado e torcia para que algo acontecesse para fazer sua irmã
mudar de idéia.
Porém, algo aconteceu
naquele dia.
-- Sr. Mackenzie. –
apresentou-se o criado, Edwin. – O sr. Anthony McGold está aqui!
-- Anthony McGold?
Todos se calaram. Os
Mackenzies temiam o que eles chamam de “Os Filhos do Ouro”. Lawrence, o pai de
Dianna pediu licença e se retirou. Davy notou
que todos ficaram um tanto quietos ao ouvirem o nome do pai de Louise.
-- Vocês conhecem o pai da
minha melhor amiga? – questionou Davy.
-- Pensei que conhecesse
melhor o pai dela. – resmungou Giles, arrogante para o cunhado.
-- Ele é meu padrinho e me
considera um filho.
-- Então nunca ouviu falar
nos irmãos Anthony e Robert McGold? Eles são os mais mortais guerreiros do País
de Gales. Lutaram na Segunda Grande Guerra de Kent, juntamente com Eddard
Smith, o francês Jacques Villeneuve e Alexei Romanov.
Agora Davy entendera
porque todos possuíam maior respeito por eles, como se fossem os lordes do rei
ou algo assim. Minutos depois Tony foi embora e Larry voltou para sala. Discretamente
falou algo no ouvido de Susan, sua mulher e mudou a expressão.
-- Davy... – disse Dianna,
segurando a mão dele. – Aconteceu algo com... a Louise?
-- Lulu sabe se cuidar. –
Davy duvidava bastante que sua amiga esteja em perigo.
O casal, apreensivo,
tentou seguir normal aquela reunião de família e ignorar certos momentos, ao
mesmo tempo afastaram pensamentos ruins.
Continua...