terça-feira, 24 de abril de 2012

Laços do Blues (2º capitulo)

Aqui vai o segundo capitulo!

Capitulo 2-- The Coffee Song


Eric Clapton POV

-- Droga, Ginger! – A voz briguenta de Jack Bruce ressonava naquele estúdio minúsculo que nosso empresário conseguiu. – Quantas vezes eu disse que o solo de bateria em “Toad” será no meio da música e não de cara no começo?
-- Não me lembro de você dizer isso, caro Bruce. – Agora Ginger começa a irritá-lo com seu toque de ironia. – E olha que para te agüentar, eu presto a atenção, mas desta vez não vi mesmo e pronto!
-- Não viu porquê não quis e...
-- Ok, pessoal. Já chega com essa infantilidade! – Ainda bem que Danny Gillian* apareceu para botar ordem na casa, se isso pode se chamar de “casa”.
O resto do dia segui tocando guitarra, fumando e pensando sobre minha vida.  Fiquei imaginando se os Yardbirds estão se saindo bem, sem mim. Se ainda estão naquela coisa de tocar rock ao invés de blues. Dava-me bem com todos, sem exceção. Mas depois que os rumos musicais estavam mudando, cai fora o quanto antes. Por sorte encontrei um amigo, John Mayall. Ele estava montando uma banda e precisava de um guitarrista talentoso e que sabe bem do blues. Bingo, o emprego era meu! Ficar na Bluesbreakers me fez bem. Uma pena que não durou muito.
Daí pensei em formar minha própria banda de blues. Primeiro convidei Ginger Baker e ele aceitou na hora. Ginger é um ótimo baterista e amante do blues. Depois chamei Jack Bruce e esse quase bateu o carro quando soube quem era o baterista. Eu sabia da rixa dele com Baker, porém, convenci a todos que se queremos fazer um ótimo som, misturando rock com blues, esse era o momento. E nasceu esse trio entrosado na música...
-- Merda, Jack! Quer nos matar aumentando a porra do volume no amplificador ao máximo? Você não é o Pete Townshend para fazer isso, droga!
... E desentrosado como pessoas.
Saí de tarde, sozinho, para conhecer mais Oxford, a cidade universitária da Inglaterra. Por enquanto não sofri nada parecido com surto histérico que os Beatles costumavam fazer no começo. Caminhei perto de um pub e fiquei olhando as pessoas em suas mesas, tomando café. Numa das mesas avistei ela. A jovem ruiva que conheci na reunião com agenciador Benson.
Juro que me encantei a primeira vista seus olhos e desde então não os esqueci tão facilmente. Ela era muito bonita e doce. Mas tinha medo em me aproximar das garotas e sofre rejeição. Já me aconteceu antes em Ripley, onde nasci e morei.
Não suportei aquele medo e resolvi entrar. Discretamente fui em direção a mesa onde ela se instalou. Estava lendo um livro e tomando um café. Chamei a atenção com um pigarro educado, que acabou assustando a ruiva.
-- Nossa! Vo.. Você, por aqui!? – Pelo visto a deixei bem surpresa com minha visita.
-- Eu... – Droga, outra vez gaguejando, Mr. Clapton? Precisava me livrar desse gaguejo ou ficaria igual ao Roger Daltrey em “My Generation.” – Estava... Passando por aqui e vi esse pub tão legal e acabei te vendo.
-- Legal. Por um momento, achei que me perseguia. – Ela riu do próprio comentário e depois sorriu tão lindamente.
-- Jamais perseguiria uma mulher assim. Só considero uma coincidência. – Me defendi, sorrindo para ela.
-- Eu sei.  Falei aquilo para te fazer sorrir com alguma piada. Sente-se, eu te pago um café gostoso. O melhor café de Oxford.
Ela estava me convidando... Para tomar café em sua companhia.  Aceitei na hora. Pedi uma torta de morango junto com o café. Enquanto o pedido não chegava até nossa mesa, a garota olhava para os lados como se procurasse algo.
-- Aconteceu algo? – Perguntei na maior curiosidade.
-- Queria ver se mais alguém vai usar o jukebox. Quero ouvir blues.
Será que ela também adora blues, como eu?
Algo dentro de mim estava feliz por saber dessa revelação. Então ela se levantou, foi até o jukebox e ficou selecionando uma música. Não sei se ela fez de propósito ou por escolha, mas a música tocada era “The Coffee Song”. Nossa música!
-- Gostou da minha escolha? – Perguntou assim que nossos pedidos apareceram e se juntou a mim.
-- Seria um louco da cabeça para não gostar. Você... – Minha timidez provocava esses meus gaguejos horrorosos.  – Gosta de blues?
-- Ouço pouco esse tipo de música, mas aprecio uns cantores, como Howlin’ Wolfe, John Lee Hooker e Sonny Boy Williamson.
-- Tem bom gosto, sabia? Também adoro esses cantores e mais uns como Muddy Waters e Buddy Guy. O blues me fascina e me identifica.
-- Como assim? – Mesmo com pergunta, ela sorria de modo encantador.
-- As músicas... Parece que o cantor está solitário e frustrado. É isso que sinto em alguns momentos.
-- Sente-se assim agora com seus colegas na banda?
-- Ás vezes. O Ginger nunca se estressa comigo, a menos quando está sob efeito de umas bolinhas azuis. O Jack é se deve ter cuidado. O Dr. Jekyll é meio nervoso.
-- Hahaha! Dr. Jekyll? Adorei o apelido!
Ficamos ali naquela animada conversa até umas seis da tarde. Ela se deu conta do horário, guardou as pressas o livro na bolsa e tentou pescar umas libras e penes para pagar.
-- Não precisa fazer isso. Eu já paguei a nossa conta. 
-- O convite era meu e o correto era...
-- Um cavalheiro pagar a conta para uma dama tão linda como... Você.
Tentei ser o mais gentil dos homens mesmo com essa miserável falha na voz. O próximo passo que vi foi um beijo no rosto que ela me deu. Agora senti as entranhas entrarem numa espécie de ebulição, como numa aula de química.
-- Obrigada pela ótima tarde e a conversa. Eu adorei ficar com você.
-- Eu digo o mesmo, Srta....?
-- Rosie Donovan ao seu dispor. Mas me chame de Rosie.
-- Foi um prazer em conhece – lá, Rosie. Alias, esse é o nome da minha avó.
-- Puxa, que feliz coincidência!
Na saída, ela me deu seu número do telefone do trabalho e do apartamento onde vive com seus colegas acadêmicos.
-- Bem, nos vemos por aí, Sr....?
-- Clapton. Eric Clapton, guitarrista do grupo Cream. Não se esqueça, Rosie!
-- Não esquecerei, Sr. Clapton.  Até outro dia
-- Até outro dia!
Voltei para o apartamento onde os rapazes estavam ouvindo discos do John Lee Hooker e fumando maconha.
Deitei na cama e fechei os olhos, na esperança de encontrar nos meus sonhos a adorável dama chamada Rosie.
Mal podia esperar para vê-la novamente!

Continua...

Laços do Blues (Fanfic)


Oi pessoal! Fique 1 mês sem postar nada no Invasão Britânica, mas prometo que isso vai mudar. Deixarei postagens nem que seja umas 3 vezes por mês, para não ficar jogado as traças hehehe. Bem, estou aqui para mostrar outra fic de banda que escrevi, além do The Who. Essa se chama "Laços do Blues" e é focado em mais uma vez na minha adorável personagem Rosie Donovan e quem será nosso galã?

Tcham, Tcham, Tcham!

Senhoras e Senhores, eu apresento Eric Clapton, guitarrista (na época) do power trio chamado Cream. A fic se passa em 1966, o ano em que o Cream lançou seu primeiro disco. Muito romance, blues, rock e comédia vai rolar nos próximos capitulos, que por sinal, os títulos dos capitulos serão baseados nas músicas (ou não) do Cream, da carreira solo do Clapton e de outros grupos no qual fez parte.
Agora com vocês, o primeiro capitulo da fic e em seguida o segundo. O terceiro pode sair no feriado. Até a próxima postagem!

Laços do Blues__ Maya Amamiya

Capitulo 1: Sunshine Of Your Love

Rosie Donovan POV

O que se pode fazer quando se forma no ensino básico e depois sua vida toma novos rumos num lugar como a faculdade de Oxford? Ou quando você deixa sua família e amigos em Mersey e passa a conviver num universo totalmente paralelo do seu espaço? Ou quando abandona aquele estilo ingênuo musical e adota um mais selvagem, puro e audível? Todas essas respostas eu consegui mesmo em Oxforshire.
Passei a morar com um grupo de estudantes num conjunto de apartamentos próximo a faculdade. Meus novos companheiros são simplesmente umas figuras e tanto. E também para não ficar só nos estudos, passei a ser uma pessoa mais participativa. Colaborava com o jornal da faculdade, ajudava na biblioteca e contribuía nas áreas culturais. O melhor de tudo isso foi que consegui um emprego fixo: o de Relações Públicas nas produções musicais. Eu era a secretária, assistente pessoal e cozinheira nas horas vagas do produtor *Sam Benson. Ele é meio parecido com Shel Talmy em questões de ser o manda-chuva do pedaço, mas o que ele faz pelas bandas e cantores locais são dignos de nota. Até bandas de fora vieram agendar shows em algum canto de Oxfordshire e ele conseguia sem maiores problemas. Foi aí que conheci uma pessoa que despertou meu coração de modo estranho. Acordou aquele sentimento que antes era pertencido a John Lennon.
Era primavera de 1966 e o Sr. Benson estava procurando desesperadamente um clube disponível para uma banda se apresentar. Estava ajeitando os papéis quando o produtor de quarenta anos me chamou na sala dele.
–- Rosie preciso de sua ajuda. —Disse com uma voz nervosa.
–- O que posso fazer pelo senhor?
–- Conhece algum lugar onde posso encaixar uma banda?
E agora? Como dizer para o chefe que não conhecia outro ponto de encontro que não fosse esses mais conhecidos da cidade? Então acabei por falar...
–- Pode fazer a tal banda se apresentar na faculdade onde estudo. Lá tem um palco razoavelmente grande para um bom público e tem os equipamentos necessários.
O Sr. Benson pensou um pouco, girou a caneta no papel e depois me olhou.
–- É uma boa idéia, Rosie. Agora torça para eles aceitarem.
–- Pode deixar e Sr. Benson quem é essa banda?
–- Na verdade é um trio bem entrosado com blues e rock chamado Cream. Deve ter ouvido falar deles não?
–- Acho que sim. Não me recordo bem. O senhor vai falar com eles?
–- Sim, Rosie. Por isso prepare seu bom chá de maçã, pois os rapazes vão chegar a qualquer momento.
Corri para cozinha, apressando meu preparo do chá. Não deu dez minutos e ouvi um carro estacionando em frente ao prédio da produção. Saíram de lá quatro caras. O que dirigia deve ser o empresário e os outros três o grupo Cream. Entrei em pânico por causa do chá. Mas relaxei e fiz o chá como sempre faço.
–- Rosie traga o chá para mim e ofereça aos garotos. —Gritou Benson mesmo de longe.
Será que ele não sabe que não se devem chamar de garotos os integrantes de uma banda? Poxa, eles não são uma cópia dos Beatles e nem são mais adolescentes. São homens crescidos.
Apareci na sala com a bandeja de xícaras de chás para todos. Primeiro ao meu patrão que agradeceu discretamente. Segundo para o empresário esquisito e os outros para o grupo. Quando entreguei para Ginger Baker, o coitado queimou os dedos, mas disse que não era nada. Pensei que estaria lascada por causa disso. Tentei me manter calma e continuei a servir os demais. Jack Bruce me deu uma piscadela e disse em tom sussurrado que eu era a secretária mais linda que já viu. Minha vontade era de chamá-lo de tarado, contudo, em respeito do Sr. Benson que foi tão bom para mim e considerando um pai, segurei minha ira e agradeci friamente. Temi que o próximo integrante fosse igual a Bruce. Entreguei a xícara e sem querer toquei (de leve) a mão de Eric Clapton (nessa hora não sabia o nome dele e nem dos outros dois) e esse me encarou nos olhos.
–- Vai ser ótimo... tomar chá. – Falou com um pequeno gaguejo na voz. Foi o suficiente para meu olhar corresponder o dele.
–- O...o...otimo.—Agora minha vez de gaguejar. Não sabia o que tinha me acontecido.
Talvez fosse meu nervosismo que me impediu de falar mais naquela só sei que depois daquilo, não parei de pensar no guitarrista amável. Nem conseguia estudar e ouvir minhas colegas de quarto falando. Aquele homem de alguma forma balançou minha alma.

Continua...