Tenham uma boa noite e recuperando a escrita aos poucos, vamos para o terceiro capítulo desta adaptação do romance de D.H. Lawrence. Boa leitura!
Capítulo 3: Desejos
Felicity
começou sua manhã de terça-feira com um banho quente em seu quarto particular.
Já era décima noite que dormia sozinha e seu marido não a chamava para
compartilhar da mesma cama. Não dormia direito pensando numa forma de recuperar
seu amor. De uns tempos pra cá a madame reparou na nova empregada da casa, uma
ruiva miúda chamada Jane Asher. Ela é a única que dava banho no Lord McCartney.
Felicity diversas vezes se dispôs a isso e Paul a negava veemente, preferindo a
delicadeza de Jane do que a disponibilidade e boa vontade de sua esposa
legítima, o que aborrecia Fefe bastante.
Quando saiu
da banheira e alcançou a toalha para se secar, avistou da janela o guarda-caça
escocês George. Ele andava de novo com a
camisa aberta, devido o calor. Fefe observava o belo rapaz e sem querer gemeu,
pensando em seu toque. Só foi desperta no exato momento que Nora, a irmã dele,
adentrou o quarto.
-- Lady
Felicity!
-- Ai minha
nossa! – se assustou e cobrindo seu corpo com a toalha. – Sra. Moon, não
apareça mais assim!
-- Perdoe-me,
milady! – Nora abaixou a cabeça em sinal de respeito. – Quer ajuda para colocar
o espartilho?
-- Pode.
Nora terminou
de secar o corpo de sua patroa e a ajudava a se vestir. Por alguns momentos
vacilava por conta da perfeição diante de seus olhos. Felicity compunha tudo
aquilo de bom e cheio de pecado. Na hora de apertar o espartilho do vestido, a
escocesa exagerou a ponto de sufocar sua senhora.
-- Nora, não!
– berrou Felicity, com o aperto da peça.
-- Oh céus,
me desculpe outra vez, milady. – abrindo só um pouco o espartilho e não deixar
tão sufocante.
-- Nora, está
dispensada. Pode voltar aos seus afazeres na cozinha.
Decepcionada,
Nora se retira do quarto, culpando-se pelos erros com a lady. Voltou para
cozinha e chorou. Sua filha, Mandy, observou a mãe e deu um pequeno grunhido,
como se quisesse perguntar algo pra ela.
-- Calma,
minha fofinha. – parando de chorar. – Foi apenas um contratempo.
O café estava
pronto e faltava Nora entregar para o Lord McCartney. E antes dessa entrega,
Felicity surgiu na porta da cozinha, para o espanto da criada.
-- Milady!
-- Sra. Moon.
– Fefe tinha o rosto corado e sem jeito pra falar. – Me desculpe pela minha
grosseria.
-- Não foi
minha intenção. – Nora justificou.
-- Eu sei,
acontece.
Num momento
lindo as duas sorriram num entendimento único.
-- Faria meu
chá com bolachas? – solicitou a lady. – Como uma forma de aceitar minhas
desculpas.
-- Claro!
-- Vou
esperar aqui. – Fefe sentou numa das cadeiras e segurou a bebezinha Mandy no
colo.
Jane correu
para a cozinha e pediu a bandeja com o café da manhã de Paul. Antes de se
retirar, trocou olhares nada amigáveis para a esposa do patrão e se retirou.
-- Abusada! –
resmungou a lady. – Só não a ponho na rua porque meu marido gosta do trabalho
dela!
Nora não
comentou e seguiu preparando o chá e separando num prato as bolachas. George
entrou pela porta dos fundos e gritou.
-- Nora,
estou com fome. Preciso comer antes que os patrões me vejam. – ele então viu a
lady na cozinha e se assustou. – Madame, me perdoe pelos maus modos de minha
pessoa.
-- Fique à
vontade, Sr. Smith. – sorrindo para ele. – Paul esta dormindo.
-- Obrigado,
madame. – entregando as flores para ela.
– Eu as colhi para madame.
-- Oh muito
obrigada.
O café da manhã
foi muito agradável. Felicity não comeu na mesa principal e sim na da cozinha
com Nora, sua filha e com George. Finalizada a refeição Nora se arrumou rápido
para fazer compras na cidade.
-- Irei à
cidade. A madame deseja algo?
-- Por
enquanto, não desejo algo.
-- Gostaria
de vir comigo?
Aquele
convite alegrou Felicity. Fazia dias que não saía de casa desde o retorno do
marido.
-- Adoraria,
desde que seu irmão venha conosco.
Era vez de
Joj sorrir. A simples menção da lady e passear com ela e com Nora aumentava sua
alegria.
-- Claro,
madame. – ele respondeu, sem esconder seu sotaque escocês.
Minutos
depois e com o carro providenciado, os dois irmãos esperam Felicity e a viram
descendo as escadas, lindamente pronta. Joj estendeu a mão da jovem e a conduziu
para dentro do carro, junto com Nora. E os três se foram para o centro
comercial de Londres.
Da janela
Paul terminava sua refeição, ovos mexidos com torradas e uma xícara de café e
ao seu lado a fiel Jane o espera pacientemente. Ela observava as reações do
patrão e notou o desapontamento dele.
-- Felicity
está me deixando cada vez mais sem saída. – comentou o lord McCartney,
amassando o lenço. – Saindo com criados! Eu sabia que ela tem coração mole, mas
não tanto assim.
-- Lord
McCartney. – disse Jane, decidida a falar. – Se me permite dizer, gostaria de
entender uma coisa. Todos os criados dizem que a lady McCartney é bondosa. Mas
desde que cheguei ela não me tratou tão bem como o senhor me tratou.
-- Ela não
está gostando que você assuma certas tarefas que deveriam ser ela pra fazer. –
respondeu Paul enquanto tomava seu chá. – A bem a verdade, Srta. Asher, é que
não quero que a Fefe sofra. Desde que voltei, tenho sido um fardo pra ela.
Quantas vezes ela tentava me ajudar, mas seu corpo frágil não conseguia
suportar o peso de um homem inválido? Então, eu a contratei. Se a lady McCartney
não gostar ou olhar torto para você, reaja e seja firme. Eu não mandarei você
embora, a menos que queira. E estará sob minha proteção.
-- Obrigada,
lorde McCartney.
Com aquela
afirmação, Jane se sentiu mais encorajada, tanto para continuar cuidando de seu
lorde, quanto enfrentar a esposa dele.
Durante o
passeio, os três conversaram muito, se conhecendo e comprando o que fosse
necessário para mansão. Nora e George ganharam permissão de comprar seus
mantimentos para casa deles e para bebê Mandy. Felicity comprara presentes para
todos e para o marido. No final da tarde voltaram para casa, animados. Fefe
distribuiu os presentes para os criados. Jane não recebeu nada e encarou sério
a patroa. Fefe se aproximou dela.
-- Mais um
olhar desses contra mim e estará na sarjeta e o lord McCartney não a salvará!
Insolente!
Jane tremeu
internamente e foi se para o quarto, se acalmar. Estava explodindo de raiva
pela esposa do lord McCartney e jurou que não deixará isso se repetir.
No quarto,
Fefe se produziu toda para agradar o marido. Quando foram para cama, trocaram
um beijo gostoso e ela o tocou. Para seu espanto, Paul não sentiu nada.
-- Desculpa,
minha esposa.
Fefe chorou.
-- Felicity,
não é sua culpa.
-- Venho tentando
salvar nosso amor, nosso casamento e você não reage. E briga sempre comigo e não
aceita nada!
Em seguida,
ela se trancou no outro quarto, só seu e chorou a noite toda. Paul demorou para
dormir por conta do remorso.
Amanheceu com
neblina em Londres. George levantou cedo para seu afazeres, mas por dentro,
preocupado de novo com a patroa. Nora começou o café da manhã para servir e foi
acordar a lady McCartney no quarto dela. Sabia que a mulher outra vez brigou
com o marido e dormiu em seu quarto particular. Entrou com cuidado e a
encontrou na cama, sem lençol e com o rosto ainda vermelho. Deduziu que a lady
chorou mesmo toda madrugada e depois de muito esforço, dormiu bem tarde.
-- Madame. Acorde!
Fefe se
levantou com dificuldade e viu Nora ali. Envergonhada, cobriu o corpo com o lençol.
-- Oh, Sra.
Moon. Não olhe... Estou horrível.
-- Ainda
continua linda, madame. – Nora abria a cortina e a janela. – Vou preparar seu
banho.
Nora preparou
o banho e ajudou na escolha da vestimenta e a retirada da camisola da milady.
Outra vez suspirou admirando o belo corpo dela. A cozinheira despejava em
pequenas porções a água morna no corpo da jovem e banhava com óleo de rosas e
lavanda.
-- Você tem
mãos leves, Sra. Moon. – elogiou Felicity.
Elas se
olharam intenso. Fefe segurou as mãos da outra e a beijou na boca. Pararam um
pouco.
-- Entre
nesta banheira.
-- Madame...
-- Por
favor...
Obedeceu e
deixou suas roupas na cadeira e se juntou a ela na banheira. Continuaram os
beijos, caricias. Nora tocou em sua intimidade, provocando suspiros e gemidos
prazerosos na patroa. Diante do momento, elas não eram criada e milady. Eram
mulheres apaixonadas. Amantes ardorosas.
-- Passe o
dia comigo, Nora. – pediu. – Não quero ficar mais sozinha.
-- Eu fico,
madam... digo, Felicity.
O dia só estava começando para elas e
junto uma vida. Depois foram para cama, onde Fefe e Nora se amaram furiosamente.
A galesa abriu as pernas e começou a lamber Nora no meio das pernas. A escocesa
gemeu e puxou mais o rosto da maior, incitando aquele sexo oral. Em seguida,
Nora deitou por cima e a tocou mais e a beijou mais. Trocaram declarações,
palavras de amor e um pouco de safadeza. Fefe apertava o bumbum e pedia mais
pela boca suave de sua amada.
-- Você é minha!
-- Eternamente... – Nora suspirava. –
Eu te amo.
-- Te amo.
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2 dias antes em Ripley...
-- Não atire!
– bradou. – Estou desarmado!
-- Papai. –
Louise se pôs na frente.
-- Louise? –
o homem certamente era o pai da estudante. Olhou em dúvida para o rapaz. – E
quem é esse?
-- Gerhard
Müller... Meu marido.
-- Vão na
frente. E em casa me contem tudo! – ordenou o galês, bravo. – E não escondam
nada!
Seguiram
todos juntos para o casarão da família McGold, dona de uma das maiores vinícolas
da Inglaterra. O pai chutou a porta enfurecido e gritando pela esposa.
-- MARY! MARY!
-- Está tudo
bem. – disse Gerd, pra acalmar a situação.
-- Uma ova! –
berrou o pai. – Eu não vou permitir isso! Irei até o Papa em pessoa pra anular.
MARY!
-- Não casamos
na igreja. – tentou argumentar a filha.
A fúria de
Tony continuou fazendo-o gritar. A esposa, Mary, surgiu da cozinha, um pouco
nervosa.
-- Que foi,
homem?
-- Eis a sua
filha! – apontando para Louise.
-- Louise!
Minha bebê! – A mãe abraçou forte a filha. – Qual é o problema?
-- E ainda
pergunta? – Tony arregalou os olhos e direcionando para Louise. – É assim que
foi criada? Traindo seus pais?
-- Não traí
ninguém! – respondeu e em seguida se arrependeu.
-- Não
entendo. – Mary olhava tudo ao redor. – O que realmente aconteceu?
-- O que você
acha? – Tony apontou a arma para o alemão. – Ele! O gringo!
Neste
momento, Amanda, avó materna de Louise, desceu as escadas apressada.
-- A Louise
chegou?
-- Sim. Estou
de volta! – Louise correu e abraçou a avó. – Vovó!
Tony
continuava furioso e berrava mais.
-- E cadê
aquele moço lindo, porém narigudo? – questionou a idosa alegre. – Lord Starkey,
não é?
-- Não, sra.
Black! Sua neta casou, mas não com Lord Starkey. E sim com ele!
Todos olharam
para Gerd e o mesmo se encontrava tranquilo.
-- O
chucrute!
-- O nome dele
é Gerhard Müller! – respondeu Louise, ficando na frente do rapaz. – Ele é meu marido!
Todos olharam
espantados para o soldado alemão. E notaram também que ele caminhava estranho,
um passo devagar por vez.
-- É o que
vivo dizendo. – resmungava Tony. – O lugar dela é aqui em casa!
-- Não, pai!
O meu lugar é onde eu quiser!
Aquela afirmação
deixou todos calados. Mary afastou a filha antes que ficasse pior. Neste
momento, um senhor alto, um pouco mais que Tony, de barba e cabelos brancos,
chapéu e suéter apareceu na sala.
-- O que está
havendo?
-- Papai. –
Mary explicava. – Louise voltou e está... casada.
O velho sorriu.
-- Com
este... este... Jovem. – ela não teve coragem de se referir a Gerd como um
soldado alemão ou gringo.
Tony achava
que o patriarca da família de sua esposa daria um jeito. Ele tinha alma dura e
não aceitava certas coisas. No entanto, a história foi outra. O velho tirou as
luvas de couro e estendeu a mão para o soldado.
-- Meu nome é
John William Black.
-- Ich Bin...
Quer dizer, o meu é Gerhard Müller. – retribuindo a saudação, com alegria.
-- Bem-vindo
a nossa família tão feliz!
Tony subiu as
escadas em direção ao seu quarto e Louise e Gerd foram bem recebidos pela
família, embora todos fossem pegos de surpresa com a revelação.
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Londres
No pub local,
um galês bebia tranquilamente o uísque exportado da Escócia e olhava a foto de
uma linda jovem. Ela tinha traços ingleses, dona de um cabelo ruivo longo e
olhos verdes belíssimos.
-- Ela é sua
esposa?
O rapaz se
espantou. Era uma linda moça. Bem vestida. Porém... Com um pomo de Adão
proeminente no pescoço. Ele disfarçou e conversou com ela.
-- Não. –
respondeu gentilmente. – Um amor platônico. Ela casou com outro. Um alemão.
-- Deve ter
sido duro pra você. – a bela moça se sentou perto dele. – Sua amada casando com
outro homem.
-- Não havia
saída. Era guerra. E não tinha ideia se voltaria. Então, eu tinha que deixá-la livre.
-- Entendo. –
a moça retirou um cartão com um endereço. – Caso seu coração precisar de uma
cura, me procure.
Ele pegou com
receio e a encarou. Não sabia ao certo contudo sentiu que com ela foi diferente
e inusitado.
-- Não sei
seu nome.
-- Lady
Katharine.
-- Sou Brandon
McGold, ao seu dispor. Madame.
-- É um
prazer em conhece-lo, lord McGold.
E ela foi
embora, levando consigo a lembrança do cavalheiro gentil que é o belo galês
Brandon...
Continua...