terça-feira, 28 de maio de 2019

Lady McCartney's Lover (3º Capítulo)

Olá, pessoal!
Tenham uma boa noite e recuperando a escrita aos poucos, vamos para o terceiro capítulo desta adaptação do romance de D.H. Lawrence. Boa leitura!


Capítulo 3: Desejos


Felicity começou sua manhã de terça-feira com um banho quente em seu quarto particular. Já era décima noite que dormia sozinha e seu marido não a chamava para compartilhar da mesma cama. Não dormia direito pensando numa forma de recuperar seu amor. De uns tempos pra cá a madame reparou na nova empregada da casa, uma ruiva miúda chamada Jane Asher. Ela é a única que dava banho no Lord McCartney. Felicity diversas vezes se dispôs a isso e Paul a negava veemente, preferindo a delicadeza de Jane do que a disponibilidade e boa vontade de sua esposa legítima, o que aborrecia Fefe bastante.

Quando saiu da banheira e alcançou a toalha para se secar, avistou da janela o guarda-caça escocês George.  Ele andava de novo com a camisa aberta, devido o calor. Fefe observava o belo rapaz e sem querer gemeu, pensando em seu toque. Só foi desperta no exato momento que Nora, a irmã dele, adentrou o quarto.

-- Lady Felicity!

-- Ai minha nossa! – se assustou e cobrindo seu corpo com a toalha. – Sra. Moon, não apareça mais assim!

-- Perdoe-me, milady! – Nora abaixou a cabeça em sinal de respeito. – Quer ajuda para colocar o espartilho?

-- Pode.

Nora terminou de secar o corpo de sua patroa e a ajudava a se vestir. Por alguns momentos vacilava por conta da perfeição diante de seus olhos. Felicity compunha tudo aquilo de bom e cheio de pecado. Na hora de apertar o espartilho do vestido, a escocesa exagerou a ponto de sufocar sua senhora.

-- Nora, não! – berrou Felicity, com o aperto da peça.

-- Oh céus, me desculpe outra vez, milady. – abrindo só um pouco o espartilho e não deixar tão sufocante.

-- Nora, está dispensada. Pode voltar aos seus afazeres na cozinha.

Decepcionada, Nora se retira do quarto, culpando-se pelos erros com a lady. Voltou para cozinha e chorou. Sua filha, Mandy, observou a mãe e deu um pequeno grunhido, como se quisesse perguntar algo pra ela.

-- Calma, minha fofinha. – parando de chorar. – Foi apenas um contratempo.

O café estava pronto e faltava Nora entregar para o Lord McCartney. E antes dessa entrega, Felicity surgiu na porta da cozinha, para o espanto da criada.
-- Milady!

-- Sra. Moon. – Fefe tinha o rosto corado e sem jeito pra falar. – Me desculpe pela minha grosseria.

-- Não foi minha intenção. – Nora justificou.

-- Eu sei, acontece.

Num momento lindo as duas sorriram num entendimento único.

-- Faria meu chá com bolachas? – solicitou a lady. – Como uma forma de aceitar minhas desculpas.

-- Claro!

-- Vou esperar aqui. – Fefe sentou numa das cadeiras e segurou a bebezinha Mandy no colo.

Jane correu para a cozinha e pediu a bandeja com o café da manhã de Paul. Antes de se retirar, trocou olhares nada amigáveis para a esposa do patrão e se retirou.

-- Abusada! – resmungou a lady. – Só não a ponho na rua porque meu marido gosta do trabalho dela!

Nora não comentou e seguiu preparando o chá e separando num prato as bolachas. George entrou pela porta dos fundos e gritou.

-- Nora, estou com fome. Preciso comer antes que os patrões me vejam. – ele então viu a lady na cozinha e se assustou. – Madame, me perdoe pelos maus modos de minha pessoa.

-- Fique à vontade, Sr. Smith. – sorrindo para ele. – Paul esta dormindo.

-- Obrigado, madame. – entregando as flores para ela.  – Eu as colhi para madame.

-- Oh muito obrigada.

O café da manhã foi muito agradável. Felicity não comeu na mesa principal e sim na da cozinha com Nora, sua filha e com George. Finalizada a refeição Nora se arrumou rápido para fazer compras na cidade.

-- Irei à cidade. A madame deseja algo?

-- Por enquanto, não desejo algo.

-- Gostaria de vir comigo?
Aquele convite alegrou Felicity. Fazia dias que não saía de casa desde o retorno do marido.

-- Adoraria, desde que seu irmão venha conosco.

Era vez de Joj sorrir. A simples menção da lady e passear com ela e com Nora aumentava sua alegria.

-- Claro, madame. – ele respondeu, sem esconder seu sotaque escocês.

Minutos depois e com o carro providenciado, os dois irmãos esperam Felicity e a viram descendo as escadas, lindamente pronta. Joj estendeu a mão da jovem e a conduziu para dentro do carro, junto com Nora. E os três se foram para o centro comercial de Londres.

Da janela Paul terminava sua refeição, ovos mexidos com torradas e uma xícara de café e ao seu lado a fiel Jane o espera pacientemente. Ela observava as reações do patrão e notou o desapontamento dele.

-- Felicity está me deixando cada vez mais sem saída. – comentou o lord McCartney, amassando o lenço. – Saindo com criados! Eu sabia que ela tem coração mole, mas não tanto assim.

-- Lord McCartney. – disse Jane, decidida a falar. – Se me permite dizer, gostaria de entender uma coisa. Todos os criados dizem que a lady McCartney é bondosa. Mas desde que cheguei ela não me tratou tão bem como o senhor me tratou.

-- Ela não está gostando que você assuma certas tarefas que deveriam ser ela pra fazer. – respondeu Paul enquanto tomava seu chá. – A bem a verdade, Srta. Asher, é que não quero que a Fefe sofra. Desde que voltei, tenho sido um fardo pra ela. Quantas vezes ela tentava me ajudar, mas seu corpo frágil não conseguia suportar o peso de um homem inválido? Então, eu a contratei. Se a lady McCartney não gostar ou olhar torto para você, reaja e seja firme. Eu não mandarei você embora, a menos que queira. E estará sob minha proteção.

-- Obrigada, lorde McCartney.

Com aquela afirmação, Jane se sentiu mais encorajada, tanto para continuar cuidando de seu lorde, quanto enfrentar a esposa dele.

Durante o passeio, os três conversaram muito, se conhecendo e comprando o que fosse necessário para mansão. Nora e George ganharam permissão de comprar seus mantimentos para casa deles e para bebê Mandy. Felicity comprara presentes para todos e para o marido. No final da tarde voltaram para casa, animados. Fefe distribuiu os presentes para os criados. Jane não recebeu nada e encarou sério a patroa. Fefe se aproximou dela.

-- Mais um olhar desses contra mim e estará na sarjeta e o lord McCartney não a salvará! Insolente!

Jane tremeu internamente e foi se para o quarto, se acalmar. Estava explodindo de raiva pela esposa do lord McCartney e jurou que não deixará isso se repetir.

No quarto, Fefe se produziu toda para agradar o marido. Quando foram para cama, trocaram um beijo gostoso e ela o tocou. Para seu espanto, Paul não sentiu nada.

-- Desculpa, minha esposa.

Fefe chorou.

-- Felicity, não é sua culpa.

-- Venho tentando salvar nosso amor, nosso casamento e você não reage. E briga sempre comigo e não aceita nada!

Em seguida, ela se trancou no outro quarto, só seu e chorou a noite toda. Paul demorou para dormir por conta do remorso.

Amanheceu com neblina em Londres. George levantou cedo para seu afazeres, mas por dentro, preocupado de novo com a patroa. Nora começou o café da manhã para servir e foi acordar a lady McCartney no quarto dela. Sabia que a mulher outra vez brigou com o marido e dormiu em seu quarto particular. Entrou com cuidado e a encontrou na cama, sem lençol e com o rosto ainda vermelho. Deduziu que a lady chorou mesmo toda madrugada e depois de muito esforço, dormiu bem tarde.

-- Madame. Acorde!

Fefe se levantou com dificuldade e viu Nora ali. Envergonhada, cobriu o corpo com o lençol.

-- Oh, Sra. Moon. Não olhe... Estou horrível.

-- Ainda continua linda, madame. – Nora abria a cortina e a janela. – Vou preparar seu banho.

Nora preparou o banho e ajudou na escolha da vestimenta e a retirada da camisola da milady. Outra vez suspirou admirando o belo corpo dela. A cozinheira despejava em pequenas porções a água morna no corpo da jovem e banhava com óleo de rosas e lavanda.

-- Você tem mãos leves, Sra. Moon. – elogiou Felicity.

Elas se olharam intenso. Fefe segurou as mãos da outra e a beijou na boca. Pararam um pouco.

-- Entre nesta banheira.

-- Madame...

-- Por favor...

Obedeceu e deixou suas roupas na cadeira e se juntou a ela na banheira. Continuaram os beijos, caricias. Nora tocou em sua intimidade, provocando suspiros e gemidos prazerosos na patroa. Diante do momento, elas não eram criada e milady. Eram mulheres apaixonadas. Amantes ardorosas.

-- Passe o dia comigo, Nora. – pediu. – Não quero ficar mais sozinha.

-- Eu fico, madam... digo, Felicity.

O dia só estava começando para elas e junto uma vida. Depois foram para cama, onde Fefe e Nora se amaram furiosamente. A galesa abriu as pernas e começou a lamber Nora no meio das pernas. A escocesa gemeu e puxou mais o rosto da maior, incitando aquele sexo oral. Em seguida, Nora deitou por cima e a tocou mais e a beijou mais. Trocaram declarações, palavras de amor e um pouco de safadeza. Fefe apertava o bumbum e pedia mais pela boca suave de sua amada.

-- Você é minha!

-- Eternamente... – Nora suspirava. – Eu te amo.

-- Te amo.



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2 dias antes em Ripley...

-- Não atire! – bradou. – Estou desarmado!

-- Papai. – Louise se pôs na frente.

-- Louise? – o homem certamente era o pai da estudante. Olhou em dúvida para o rapaz. – E quem é esse?

-- Gerhard Müller... Meu marido.

-- Vão na frente. E em casa me contem tudo! – ordenou o galês, bravo. – E não escondam nada!

Seguiram todos juntos para o casarão da família McGold, dona de uma das maiores vinícolas da Inglaterra. O pai chutou a porta enfurecido e gritando pela esposa.

-- MARY! MARY!

-- Está tudo bem. – disse Gerd, pra acalmar a situação.

-- Uma ova! – berrou o pai. – Eu não vou permitir isso! Irei até o Papa em pessoa pra anular. MARY!

-- Não casamos na igreja. – tentou argumentar a filha.

A fúria de Tony continuou fazendo-o gritar. A esposa, Mary, surgiu da cozinha, um pouco nervosa.

-- Que foi, homem?

-- Eis a sua filha! – apontando para Louise.

-- Louise! Minha bebê! – A mãe abraçou forte a filha. – Qual é o problema?

-- E ainda pergunta? – Tony arregalou os olhos e direcionando para Louise. – É assim que foi criada? Traindo seus pais?

-- Não traí ninguém! – respondeu e em seguida se arrependeu.

-- Não entendo. – Mary olhava tudo ao redor. – O que realmente aconteceu?

-- O que você acha? – Tony apontou a arma para o alemão. – Ele! O gringo!

Neste momento, Amanda, avó materna de Louise, desceu as escadas apressada.

-- A Louise chegou?

-- Sim. Estou de volta! – Louise correu e abraçou a avó. – Vovó!

Tony continuava furioso e berrava mais.

-- E cadê aquele moço lindo, porém narigudo? – questionou a idosa alegre. – Lord Starkey, não é?

-- Não, sra. Black! Sua neta casou, mas não com Lord Starkey. E sim com ele!

Todos olharam para Gerd e o mesmo se encontrava tranquilo.

-- O chucrute!

-- O nome dele é Gerhard Müller! – respondeu Louise, ficando na frente do rapaz.  – Ele é meu marido!

Todos olharam espantados para o soldado alemão. E notaram também que ele caminhava estranho, um passo devagar por vez.

-- É o que vivo dizendo. – resmungava Tony. – O lugar dela é aqui em casa!

-- Não, pai! O meu lugar é onde eu quiser!

Aquela afirmação deixou todos calados. Mary afastou a filha antes que ficasse pior. Neste momento, um senhor alto, um pouco mais que Tony, de barba e cabelos brancos, chapéu e suéter apareceu na sala.

-- O que está havendo?

-- Papai. – Mary explicava. – Louise voltou e está... casada.

O velho sorriu.

-- Com este... este... Jovem. – ela não teve coragem de se referir a Gerd como um soldado alemão ou gringo.

Tony achava que o patriarca da família de sua esposa daria um jeito. Ele tinha alma dura e não aceitava certas coisas. No entanto, a história foi outra. O velho tirou as luvas de couro e estendeu a mão para o soldado.

-- Meu nome é John William Black.

-- Ich Bin... Quer dizer, o meu é Gerhard Müller. – retribuindo a saudação, com alegria.

-- Bem-vindo a nossa família tão feliz!

Tony subiu as escadas em direção ao seu quarto e Louise e Gerd foram bem recebidos pela família, embora todos fossem pegos de surpresa com a revelação.




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Londres

No pub local, um galês bebia tranquilamente o uísque exportado da Escócia e olhava a foto de uma linda jovem. Ela tinha traços ingleses, dona de um cabelo ruivo longo e olhos verdes belíssimos.

-- Ela é sua esposa?

O rapaz se espantou. Era uma linda moça. Bem vestida. Porém... Com um pomo de Adão proeminente no pescoço. Ele disfarçou e conversou com ela.

-- Não. – respondeu gentilmente. – Um amor platônico. Ela casou com outro. Um alemão.

-- Deve ter sido duro pra você. – a bela moça se sentou perto dele. – Sua amada casando com outro homem.

-- Não havia saída. Era guerra. E não tinha ideia se voltaria. Então, eu tinha que deixá-la livre.

-- Entendo. – a moça retirou um cartão com um endereço. – Caso seu coração precisar de uma cura, me procure.

Ele pegou com receio e a encarou. Não sabia ao certo contudo sentiu que com ela foi diferente e inusitado.

-- Não sei seu nome.

-- Lady Katharine.

-- Sou Brandon McGold, ao seu dispor. Madame.

-- É um prazer em conhece-lo, lord McGold.

E ela foi embora, levando consigo a lembrança do cavalheiro gentil que é o belo galês Brandon...



Continua...

sábado, 25 de maio de 2019

CSI: Munchen (7º Capítulo)

Olá pessoal!

Hoje estou de folga e aproveitei para escrever mais um capítulo da fic CSI e oficializando o chamado "Universo Expandido de Vampires" Sim eu parodiei a Marvel. Boa leitura!


Capítulo 7: O Pequeno jogo

O estudo em vermelho

Alana chorava desesperada e sendo amparada pelos companheiros de banda.  A polícia isolou o apartamento e levaram o corpo para o IML. Alguns policiais do CSI vasculhavam o local, procurando cada pedaço ou evidência que os ajudasse na identificação do assassino.

-- Conhece o cara? – indagou Uli, enquanto tirava fotos da sala coberta de sangue.

Paul olhou em seu bloco de anotações. Havia interrogado Alana.

-- Mike Nesmith, guitarrista de estúdio. Solteiro, 28 anos e texano radicalizado. Residia em Munique há dois anos e meio.

-- Espera! – Uli se lembrou de um detalhe. – Não era ele que namorava Alice, a “Meredith Grey peituda”, como chama a Louise?

-- Ele mesmo!

Uli mordeu a língua, evitando rir e voltou a fotografar o local do crime. Neste momento, Alana passou mal, vomitando e desmaiando. Os paramédicos a levaram para o hospital.

-- Paul! Venha aqui!

O policial seguiu para o quarto.

-- Veja isto!

O quarto totalmente barbarizado e a cama de casal contendo mais pedaços do cadáver. E na parede algo escrito;

ROT!

-- “Vermelho”, em alemão. – comentou Breitner, intrigado.

O assassinato de Mike Nesmith se torna mais uma peça a ser resolvida...


Três dias antes do assassinato...

A cada clique que dava para avançar nas fotos do Instagram, Mike sofria. Passados dois anos desde que seu namoro com Alice Stone acabou, não conseguia mais se relacionar mais. Desligou o computador e resolveu desapegar… pra valer. Chegando no pub KellerClub, não encontrou seus amigos, mas avistou uma pessoa em especial: Alana Watson.

Havia tempos que o texano gostava dela, só não deu margem por causa do relacionamento com Alice.Relacionamento esse que não teve futuro. Naquele dia, Mike não procurou culpados e deixou para lá.

Ele já ia embora quando uma mão delicada e pequena o tocou.

-- Eu te vi, Mike Nesmith. -- disse Alana, segurando um copo de martini.

-- Achei que ninguém ia me enxergar… --- disse, sem jeito. -- O que faz aqui?

-- Me divertindo. -- ela estava meio alta da bebida. -- O Phil viajou, está fora faz dois meses e meio, a banda tá de férias e tô sozinha.

-- E suas amigas?

-- Ocupadas… -- ela se agarrou e riu do texano. -- Desculpa…

-- Quer ir pra casa? Eu ainda não bebi.

-- Sim.

No dia seguinte, Alana se acordou com a dor de cabeça imensa, resultado da ressaca. Notou que não estava sozinha. Ao seu lado, Mike dormia de barriga para cima, completamente nu. Ela… também sem roupa.

-- Oh nossa…

Imediatamente, correu para o banheiro e vomitou. Chorou um pouco. Seria possível que os sentimentos por Mike voltassem agora? Ela estava muito feliz com Phillip Lahm, o produtor musical e seu namorado atual. Escovou os dentes e voltou para o quarto, se vestindo e acordando Mike.

-- Bom dia… -- disse, sonolento. -- Alana…

-- Sobre ontem… aconteceu e fica em segredo. -- ela suspirou e voltou a dizer. -- Mike, eu tenho namorado.

-- Eu sei… Mas, não podemos?

Ficaram em silêncio. Se vestiu e beijou Alana.

-- Entendo perfeitamente.

Saiu do apartamento dela, um pouco desolado. Passou o resto da manhã, ouvindo Davy falando sobre encomendas, Peter assistindo um filme e Micky envolvido numa investigação do FBI. Perto do meio dia, saiu um pouco de casa e se dirigiu para o Hospital Central. Ele queria ver Alice. Mandou mensagem para ela enquanto esperava no saguão e ao mesmo tempo a viu de longe, abraçando e beijando Gerd. Xingou o médico mentalmente de diversos palavrões.

Alice se aproximou dele.

-- O que você quer? -- perguntou com certa raiva.

-- Só falar com você. -- respondeu calmamente. -- Então… acabou mesmo entre nós?

-- Sim.

A vontade de chorar era maior e Mike segurou.

-- Só queria ter certeza que ele é o cara pra você! E sua felicidade.

Alice suavizou. No fundo não esperava isso. E tampouco magoar Mike. Aquela traição na sala de exame foi um golpe baixo, para ele e para noiva de Gerd, Uschi.

-- Talvez… -- ela disse.

-- “Talvez”? -- Mike não aceitou, mas manteve o tom de voz. -- Você me deixou por ele, transou com ele na sala de exame enquanto namoramos e ele com sua noiva e me diz que é “talvez”? Um “talvez” não é certeza. Pense bem nisso.

-- E você? Tem certeza que Alana é a garota pra você?

-- Tenho e vou até o fim!

-- Tente entender. Estou gostando dele.

-- Gostar é uma coisa. Transar é outra e isso está durando há dois anos.  Mas quem sou eu pra julgar? Não quero desejar seu mal. Só quero que seja feliz e se é com ele, não seja “talvez”. Seja pra valer.

Mike finalizou e foi embora, aliviado e um pouco estranho por sua atitude. Desta vez ele tinha certeza de suas decisões. E sobre Alana, ele iria conquistar sua baixista.

No mesmo dia no hospital, Louise compareceu para a retirada dos pontos e ninguém menos do que Alice foi fazer tal procedimento, que resultou em machucar a garota.

-- PORRA! -- ela saltou da cama. -- QUAL É A SUA? QUER ME MATAR?

-- Me desculpa… estou distraída e…

Alice viu a consequência de seu erro: sangramento e abertura dos pontos. Odile chamou a enfermeira e Louise foi encaminhada para outra sala. Gerd viu tudo e chamou atenção de Alice.

-- O que você fez?

Alice chorou e abraçou o doutor. Pela primeira vez, notou uma frieza nele. O abraço não era mais o mesmo de dois anos.

-- Me distraí. Não era minha intenção.

-- Não? E por que os pontos da Louise se abriram? Ela levou um tiro no peito por minha causa! Operamos ela! Fica longe dela, Alice! Antes que Louise chegue a um ponto que não vou deter!

Por causa da reclamação da assistente do doutor, Alice ficou afastada dos blocos cirúrgicos até a segunda ordem. Joanna refez os pontos e o curativo nela.

Belle almoçou com Alice e elas conversaram.

-- Mike veio me ver.

-- E como foi?

-- Ele não brigou comigo. Mas disse algo que mexeu comigo.

-- Uma declaração de amor?

-- Ele desapegou de mim. -- Alice ainda tomava um pouco de água e voltou a falar. -- Queria ter certeza que o Gerd é o cara para mim e eu disse que talvez.

-- Vamos ser francas: Gerd é mesmo o cara pra você? -- indagou Belle.

-- Por que?

-- Primeiro: o começo do relacionamento de vocês é tão Derek e Meredith e ele ainda era noivo e você com Mike.  E segundo, desde que a assistente dele, a filhotinha de cruz credo com cara de anjo começou a pegar no seu pé, veio uma maré de azar danada. A relação de vocês não tá indo pra frente, não pensam no futuro.  

-- E o que eu faço?

-- Você decide. Ou você deixa o McDreamy seguir sua vida ou reconquiste ele de vez e não deixe aquela.... coisa nanica estragar seu namoro, como estragou o meu com Charlton.

Dito isso, Alice saiu de perto da amiga e foi para o banheiro, lavar o rosto e se acalmar.

Louise ficou sob observação por conta da abertura dos pontos de forma abrupta. Naquela solidão, refletiu sobre suas atitudes com relação a Alice. Em seu terceiro ano na polícia e sabendo do namoro dela com seu chefe, havia se manifestado e tentado de tudo para separar ela e Gerd. E agora ela salvou seu amor de um atentado e foi salva por ele e a namorada e ela falhou em tirar seus pontos. Desobedecendo as ordens médicas, saiu da cama e caminhou procurando Alice. A encontrou saindo do banheiro.

-- Alice.

Ela escutou e correu até a paciente.

-- Louise, não era pra sair da cama! – Alice conduziu Louise para o quarto. – Se acontece algo com você, o doutor Müller come meu fígado!

Ela voltou para o quarto, examinou a paciente. Tudo tranquilo.

-- Quero falar com você. – Louise suspirou. – Quero pedir perdão por tudo que andei fazendo contra você. Falei muito mal de você e conspirei contra você.

Alice se surpreendeu. Louise se arrependendo. O que teria levado ela a decidir? Por um momento lembrou de James, embora ela não mostrou mais interesse nele.

-- Aceito seu perdão. Mas quero que me responda algo. Ou melhor duas perguntas. A primeira é por que está sendo assim, tão legal comigo?

-- Porque cansei de brigar e vi que não há chance pra mim e o doutor. Reneguei uma cambada de cara legal e maravilhoso por causa de um amor platônico. Então, tenho que dar chance a eles. E falei com Charlton e pedi pra ele dar uma chance pra Belle. Eles vão conversar hoje.

-- Ah que bom. – Alice sorriu e notou que Louise gostou. – A segunda pergunta... É pessoal. Você e meu irmão... vão sair?

-- Não. Como eu disse, vou dar uma chance aos outros caras. E isso não inclui seu irmão. Ele foi bom de papo no aplicativo, porém eu vi como ele é aqui. Se eu sair com um cara, que não seja um galinha.

Alice riu e não deixou de concordar.

-- Se eu não fosse irmã dele, também não sairia com ele. Mas, tenho minhas dúvidas quanto ao doutor.

Louise mudou a expressão. Ela entendia.

-- Não tenha. Estou largando fora.

Alice segurou a mão de Louise. A mesma tocou também e gostou mais.

-- Macia...

Mal terminando de falar e ela puxou a médica para um surpreendente beijo. Forte e envolvente. A médica parou um pouco para respirar e cuidar se o corte não se abriu de novo.

-- Cuidado... – Alice sorria mais. Havia gostado demais e verificou o curativo. – Seus pontos são recentes e não estão firmes o bastante.

-- Desculpa...

Ficaram um pouco em silêncio e voltaram se beijar, com mais calma e gostoso.

-- Ficaria o tempo todo assim. – Louise mal conseguia dizer por conta da língua de Alice entrando em sua boca.

-- Eu também. Mas não pode se levantar.

-- Mais beijos?

Continuaram mais um tempo. Louise deitada e Alice ainda a beijando e tendo cuidado pra não ter movimentos pra abrir.

-- Sei o beijo francês. – Alice estava louca pra mostrar.

-- Sei o beijo viking. – Louise tocava o rosto da médica.

-- Como é?

Teria acontecido outro beijo se não fosse a entrada de uma enfermeira. Elas pararam.

-- O doutor pediu para trazer Louise para os exames.

-- Ok. – e em seguida olhando para a loira. – Depois continuamos.

-- Tá bem.

Alice e a enfermeira empurram a cama com Louise deitada em direção a sala de exames, onde Gerd e mais dois médicos residentes a esperavam.

-- Como você está? – perguntou o doutor.

-- Bem melhor. – Louise respondeu e sorriu para Alice.



----- C-----S-----I-----


Eram sete da noite e Mike tinha tudo planejado. Iria ao apartamento de Alana e se declarar pra ela. E como ela chega oito horas, aproveitou esse tempo para comprar um presente pra ela: flores, um caderno de partituras e uma correntinha. Ele seguiu para o apartamento dela e quando ia tocar a campainha, alguém tocou seu ombro.

-- Com licença, senhor...

-- O que é?

Mike recebeu um golpe na cabeça que o derrubou. O desconhecido abriu a fechadura com um grampo e arrastou o corpo do guitarrista para dentro, com os pertences. Ninguém ali naquele andar ouviu ou viu algo. Em seguida ele fechou a porta.

Uma hora e meia depois, ele sai do apartamento, com uma sacola azul. Dentro dela estava sua capa de plástico ensanguentada e um machadinho. Estava apresentável da melhor forma possível sem despertar suspeitas e saiu do prédio.

Alana desembarcou do carro, cumprimentou o vigia do prédio e subiu as escadas. Ao abrir a porta e acender a luz, se deparou com o cenário digno de filmes de terror e suspense e muito pior ao enxergar o corpo mutilado de Mike Nesmith. Ela gritou repetidas vezes e os vizinhos saíram dos apartamentos e viram a cena horrenda. Uns chamaram a emergência e outros a polícia.



-----V-----A-----M-----P-----I-----R-----E-----S----



Enquanto isso no castelo ao norte de Munique, os vampiros que ali residiam e descansavam em paz em seus caixões foram despertados involuntariamente por um grupo de estudantes da faculdade de Munique. Mataram o professor responsável e todos os alunos, menos um.

Jack chorava demais diante das criaturas.

-- Eu imploro, não me matem. Eu sou asmático e diabético para meu sangue ser apropriado pra vocês.

-- Quieto, humano! – o conde estava furioso e mostrava as presas. – O que está fazendo aqui? No meu castelo?

-- Pesquisar sobre o castelo....

Nenhum dos vampiros acreditou. O conde aplicou a fascinação, uma técnica hipnótica dos vampiros, que deixa a vítima totalmente à mercê de quem aplica.

-- Diga seu nome.

--  Jack Hammersmith.

-- O que você é?

-- Estudante de História e Arqueologia da Universidade de Munique. Estou no terceiro semestre.

Os vampiros gostaram.

-- Por que vieram ao meu castelo?

-- Pesquisar sobre o castelo e a lenda sobre vampiros na Alemanha e partes da Europa. E sobre indício deles na Primeira e Segunda Guerra Mundial. Eu pretendia escrever um livro sobre o assunto.

Houve um silêncio e depois o conde pediu ao médico holandês que verificasse o humano.

-- Ele tem problemas respiratórios a ponto de precisar de uma bombinha especial para o pulmão. E sofre de hipoglicemia.

-- Traduza, por favor, doutor. – pediu o vampiro ruivo.

-- Ele não pode ficar por muito tempo sem açúcar no sangue ou ele terá ataques desmaio e suor excessivo, chegando a ponto de morrer.

Em seguida o conde olhou para o humano, pegou o bloco dele com anotações.

-- Diga-me, Jack. Em que mês estamos?

-- Setembro.

-- E o ano?

-- 2014... Não. É 2013. Digo... é.... 2014.

-- 2014?—os vampiros gritaram juntos.

-- Silêncio! – mandou o conde. – Habitante do futuro, a partir de hoje será nosso servo leal e nos reportará tudo que acontece neste mundo futurístico, até o momento que o libertar.

-- Sim, senhor. Como posso começar?

-- Primeiro nos consiga roupas deste século e segundo sangue. Seja humano ou animal, nos consiga para amanhã.

-- Tá bem!

Depois disso, Jack foi liberado e foi para casa.

-- E o que faremos com os corpos, Franz?

-- Jogue todos no rio.

Começa ali o despertar dos vampiros liderados pelo conde Franz.



-----C-----S-----I-----


Rosie digitava mais um relatório no notebook e assistia dois vídeos: o primeiro das câmeras de monitoração do estádio Olímpico e outro da vigilância do prédio onde Alana Watson morava depois do assassinato de Mike Nesmith. Ela reparou em algo nos vídeos. Um dos assassinos de Helmut Schon usava um colete jeans e blusa manga longa e tênis surrado. A mesma pessoa aparece também no segundo vídeo, entrando no prédio, golpeando Mike, arrombando o apartamento de Alana e em seguida entrando nele levando a vítima e só saiu uma hora e meia depois.  Ela marcou essa pessoa em formato de imagem cortada e imprimiu a foto do sujeito. Rosie guardou na pasta. Ela ouviu o chuveiro sendo desligado e em seguida Uli Hoeness saia só de toalha.

-- Eu terminei de tomar banho e você não veio ficar comigo.

-- Vai me perdoar por isso. – Rosie o seguiu até o box, só de calcinha e blusa. – Acho que encontrei um suspeito.

-- Certo... – Uli largou a toalha, revelando sua nudez e puxou Rosie para o chuveiro, beijando. – Me conta depois.

A noite será longa para eles e Rosie só iria ver seu celular com a mensagem de Marianne Jones contendo essa mensagem:


Me ajuda. Preciso de você. Sei que não nos falamos há anos, mas agora estou em perigo e não consigo confiar em ninguém, exceto você. Me encontre amanhã na Schon Industries às 10h30 no hall de entrada.





Continua...