Uma boa noite e demorou mas está aqui mais um capítulo da troca-destroca. Boa leitura!
Capítulo 12: She Hangs Out
Louise POV
Não dormi naquela noite.
Mesmo que Davy e eu tivemos um bom momento na cama, pela primeira vez em toda
minha vida, não me senti bem. Não sei se Davy percebeu (gostaria que não
percebesse), mas passei a ser exigente na cama. Na hora da penetração, queria
que fosse mais forte e principalmente que ele sussurrasse para mim. E eu
desacostumei com a voz dele. Passei a preferir a voz grave e rouca de Gerd.
Definitivamente não era normal.
Sai para o shopping e Davy
para o estúdio. Quando fechou meio dia, liguei para ele.
-- Alô?
-- McCutie, sou eu. Estou
ligando para te convidar para um almoço aqui no shopping Harrods.
-- Ah, está bem. – Pela
voz dele, demonstrou uma má vontade. – Te encontro no restaurante italiano que
eu gosto às 12h30.
Antes que eu pudesse dizer
algo, ele desligou. Davy nunca foi de desligar na minha cara assim. E lá fui eu no restaurante italiano. O meu
tempo de espera? Foi de uma hora e meia. Fiquei bastante aborrecida. Davy sabe
da minha impaciência e principalmente odiava que me fizessem esperar, por isso
procurava ser sempre pontual. E pior, não me ligou para avisar de um imprevisto
ou atraso. Nem sms ou mensagem no What’sApp.
Aquilo me enervou e sai do restaurante, bufando de raiva.
Para me acalmar, fui à
livraria. Entre muitas estantes, encontrei o livro que marcou minha vida, O Conde de Monte Cristo, de Alexandre
Dumas. Quando ia pegar o livro, outra mão, só que maior, encostou com a minha.
Olhei para quem é e advinha? O intérprete de Felix Helström ali. Segura a vontade de chamá-lo de misógino, falei para mim mesma nos pensamentos.
-- Pode pegar. – Disse
Gerd, com uma voz triste. – Vou encontrar outro.
-- Pegue você. – Eu
entreguei o livro de boas. – Talvez a Di goste, já que ela é dada a leitura.
-- Acha que ela vai gostar
desse livro? – Perguntou.
-- Ela é fã mesmo da
poesia, mas tenta. – Eu sorri.
Me afastei dele e percebi
o quanto ele estava bem decepcionado. Ele ligava e pude ouvir que sempre caia
na caixa de mensagens.
-- Dianna, atenda, por
favor. – Ele falava a mensagem. – Me desculpa por ter sido um grosso com você.
Me perdoa.
O que pode ter acontecido
com ele e a Di? Espero que não seja por minha causa. Naquele momento me
arrependi de ter chamado Gerd de misógino. Fui conversar com ele.
-- Hey! – Ele me olhou. –
Eu quero... Pedir...
-- Sobre a cena de agressão,
olha, eu não sei o que deu em mim. – Gerd gesticulava e ainda falava. – Devo
ter misturado meus sentimentos com atuação. E você não me ensinou isso.
-- Acidentes acontecem. –
Me limitei a dizer isso.
Ficamos um pouco em
silêncio e nos sentamos no sofá disponível da livraria.
-- Briguei de novo com a
Dianna e a chamei de “hobbit mimada”.
-- Ah, Gerd... – suspirei
pesadamente.
-- Desta vez eu fiquei com
raiva. Porque eu fazia tudo por ela e não ganhava um reconhecimento. Às vezes
me culpava se fiz algo de errado.
-- Não acho que deva se
culpar. – tentei amenizar. – Gosto da Dianna, mas ela não é minha alma gêmea.
-- Então o que devo fazer?
Já que você não me quis.
-- Gerd...
-- Você e o anão de jardim
voltaram. Ele inclusive me deu um soco. Não nego que mereci mas...
Se calou e me encarou.
-- Vamos esquecer isso.
Meu dia não foi bom. – pedi. – Eu preciso me alegrar. Quer ajuda pra procurar um livro? Para Di?
-- Aceito.
Passamos o resto do tempo
ali nas estantes, conversando e por vezes rindo. Pela primeira vez estava me
sentindo bem com ele. Descobri que Gerd não é tão bruto assim e ainda sabe dar
um pouco de alegria. Me perguntava o que Di esperava nele? Poxa, ele é tão
perfeito... Será que toda essa perfeição não era o bastante?
De qualquer maneira,
saímos da livraria, ainda rindo das historias engraçadas que um contava para o
outro. E mal demos três passos e encontramos na rua, Dianna e... Davy? Os dois
juntos?
-- McLovely? – indagou
Davy por me ver com sacolas. – O que faz aqui?
-- Bem... – Fiquei um
pouco com medo e lembrei-me da decepção deixada no restaurante. --- Eu fiquei
te esperando por uma hora e meia no restaurante italiano, não comi nada e vim
para a livraria pra passar o tempo. E acabei encontrando Gerd.
Davy pensou em dizer algo
e Dianna ia abrir a boca pra falar, mas não deixei.
-- Mas antes que sua cabeça
pense merda, só conversamos, compramos livros e outras besteirinhas.
Agora os dois não
reagiram.
-- Certo... – Davy
suspirou. – Então, vamos pra casa.
-- Ok...
E nos afastamos, Davy
segurou minha mão e eu não quis. De qualquer maneira ele pegou de novo contra
minha vontade. Voltamos para o apartamento e nada. Na minha impaciência e raiva
não fiz o jantar e Davy encomendou uma pizza. Droga! E eu não estava com saco
pra comer pizza. Liguei então pedindo comida chinesa. Quando fui guardar os
livros, um pedaço de papel caiu no chão. Peguei e vi que era... O número do
Whats do Gerd. Meu coração acelerou e sorri. Ainda bem que Davy conversava com
Micky no telefone, comendo pizza e vendo TV.
Salvei o número no celular
e já tratei de mandar uma mensagem, apenas como teste. E para minha surpresa,
ele respondeu.
Hallo! Você demorou para me
responder. Estava contando quantos minutos levará pra receber uma mensagem de
você.
Meio convencido, agora vou
responder.
Fiquei desconfiada. Davy poderia ter
visto.
Até parece...
Quando a comida chegou,
fiz a refeição na cama (sei que Davy proibiu comer na cama) e ainda digitava
mensagens.
Estou meio ansioso para as próximas
cenas.
A ansiedade dele é bem
compreensiva.
Eu te entendo.
Quando fechou dez da
noite, nos preparamos para dormir. Nem eu e nem Davy tivemos vontade de fazer
amor e devo confessar que fiquei aliviada. Davy adormeceu fácil e eu peguei de
novo o celular.
Quer jantar comigo amanhã?
O convite de Gerd me pegou
de surpresa.
Mas onde?
Aqui no apartamento da Alice. Ela vai
sair com aquele piloto sueco e deixou o apartamento para mim... e você.
Ah minha lua amada. Só
você pra pensar nas coisas. Respondi na hora.
Que horas devo ir?
Venha às 20h.
Ok. Vou levar um vinho!
Desliguei o celular e
dormi, sonhando com ele. No outro dia acordei cedo, animada e fiz o café pro
Davy, inclusive fiz os famosos ovos mexidos da mãe dele, pois sei que meu
McCutie adora. Espera um momento! Davy é “meu” McCutie? E o Gerd e sua
animação? Melhor não pensar nisso. Davy até se surpreendeu com tamanha alegria,
já que ontem tinha vontade de jogá-lo na janela. E tudo isso completou ouvindo
Rolling Stones e Queen. Enquanto tomava banho me veio um pensamento relevante.
Dianna. Desta vez não nego e devo parar de fingir. Mesmo que não ame o Davy
daquela maneira antiga, ele ainda é meu amigo e sinto que aos poucos ele se
afasta de mim e não é a Odile a culpa (como se a culpa fosse dela) e sim... da
Dianna. Já me afastei por enquanto dela por causa da Emma, a girafa que luta
mais que a Holly Holm (já que Fefe é praticamente a Ronda Rousey de cabelo
preto), agora ela quer me afastar do Davy? ISSO NÃO!
Seguimos para o estúdio e
ri sozinha. Lembrei da pergunta de Davy por conta do meu bom humor misterioso e
eu justifiquei que era melhor esquecer. Chegamos lá e fomos atacados pelos dois
produtores, Bob Rafelson e Bert Schneider.
-- Graças a Deus
encontramos vocês. – Rafelson parecia desesperado. – Falta aqueles três
atrasados mas ao menos estão aqui vocês dois.
Nem deu tempo de subir no
outro apartamento pra falar com Odile. Rafelson e Schneider já nos disseram que
os Monkees gravarão um vídeo clip e a música escolhida é She Hangs Out.
-- Certo, Sr. Rafelson mas
agora Davy e eu precisamos trabalhar. Temos uma sessão fotográfica. Vamos,
Davy?
Davy olhava fixo pra
xícara do Schneider. E quando ele fica com olhar perdido é porque pensava em
outra coisa. E isso definitivamente me irritava.
-- DAVY! – gritei.
-- O que?
-- Vamos subir! Pra sessão
de fotos.
-- Ah sim. – ele sorriu
amarelo. – Desculpem.
E fomos para o outro
apartamento e conheci a fotógrafa Emily Fitzwilliam, que trabalha na revista
Vogue da Inglaterra. Ela é prima de Fanny, uma das amigas de Fefe. A sessão de
fotos era pra divulgar o filme e o elenco se vestiu com as roupas do figurino
feito por ninguém menos que Chelsea O’Malley e Holly Grey. No meu caso, minha
personagem, Poppy, usa vestidos floridos e cores mais alegres como sua
personalidade. Dianna apareceu no camarim junto com Odile, Fefe, Nora, Rosie e
Marianne.
-- Meninas! Vamos dar as
boas vindas para Marianne Jones. Ela e Bobby Moore acabaram de integrar o
elenco!
Aplaudimos. A personagem
de Mari era de uma colega comum de Poppy e namoradinha ninfeta do personagem de
Bobby Moore, que aliás, ele será Harry, o tio da protagonista e o único da
família dela que sabe do romance da sobrinha com o professor alemão. Troquei de
roupa e abri um pouco a porta. Os rapazes faziam as poses e tudo mais nas
lentes. Na vez de Gerd, abri um sorriso. Cada vez mais esse alemão que parece
um urso me fascina. Alguém me cutucou. Era Dianna.
-- Ai, Di! Que susto! –
imagina se eu suspiro e falo o nome dele. O que ela ia pensar?
-- Desculpa... Está tudo
bem? – ela sorria também.
-- Estou legal. – fechei a
cara e voltei para o camarim.
Minutos depois foi minha
vez e das garotas. Cada uma fazia uma pose. No meu caso tinha de ser uma
estudante.
-- Louise, agora deve
ficar perto do Gerd. – ordenou Emily.
O problema era olhar pra
ele sem rir. Só de lembrar-se das histórias engraçadas contadas ontem na
livraria me dava vontade de dar risada.
-- MAS QUE PORRA É ESSA? –
Felicity perdeu a paciência. – Vocês parecem hienas. Não param de rir.
-- Gerd, para de fazer
graça pra Lulu. – pediu Franz.
-- Não é isso... –
definitivamente ele também foi tomado pelo senso hilariante.
-- Gerd, olha pra mim. –
eu também ria mas tentava ficar séria. – Presta atenção. Ouça, morda a ponta da
língua.
-- Pra quê?
-- A dor retira a vontade
de rir. – respondi.
E ele fez o que mandei e
voltou à postura séria.
-- Obrigado! – me olhando
com certa intenção.
-- De nada.
Na vez de Davy e Di percebi
os olhares. Agora o riso pra mim se foi sem que eu mordesse a língua e depois
disso fui dizer pra ele.
-- Preciso falar com você
quando chegarmos em casa.
Almoçamos juntos no
estúdio com toda equipe. Não aconteceu nada de anormal, exceto que Peter olhava
pra Fefe como um cachorrinho indefeso, mesmo com a Erin ao seu lado. E Felicity
estava mesmo decidida a não querer mais o poetinha. Tanto que ela digitava no
celular sem parar. Como estava ao lado dela, perguntei.
-- Tá falando com seu
carcamano? – achei mesmo que fosse o Buffon, o goleiro da Juventus.
Fefe suspirou e respondeu.
-- Johan Cruyff.
Peter cuspiu o suco,
assustando Erin e o pessoal.
-- Me engasguei. – ele
disse.
Ri um pouco da cara dele e
Felicity se divertia mais ainda, contudo, tinha pena dela. Ela realmente
gostava de Peter. Na verdade ela o ama. Já vi Fefe chorando pelos cantos e
falando sozinha o nome do Peter e isso na época que ele estava com a Erin.
Depois do almoço Rafelson
arrastou os Monkees e eu para o outro estúdio. O inicio da gravação do vídeo
clip e iria ser gravado uma tomada só. Ou seja, sem erros. A banda ficaria num
palco tocando e as chamadas “monkees girls”, no caso Erin, Emma e eu (não quero
ficar perto dessa Holly Holm) teríamos de dançar com a música.
How
old d'you say your sister was? (sister was, sister was)
How
old d'you say your sister was? (sister was, sister was)
You
know you'd better keep an eye on her (eye on her, eye on her)
Do the ronde ronde ronde do the rond
rond
She
hangs out
She
hangs out
I
heard you taught your sister the bugaloo (bugaloo, bugaloo)
I
heard you taught your sister the shigaling too
(shigaling
too,
shigaling too)
Well,
she can teach you a thing or two (a thing or two, thing or two)
Do the ronde ronde ronde do the rond
rond
She
hangs out
She
hangs out
Well,
she hangs out, hangs out
every
night, every night
You
know you best get down here on the double
Before
she gets her pretty little self in trouble
She's...so
fine...so fine
I
say, how old d'you say your sister was? (sister was, sister was)
How
old d'you say your sister was? (sister was, sister was)
You
know you'd better keep an eye on her (eye on her, eye on her)
Do the ronde ronde ronde do the rond
rond
She
hangs out
She
hangs out
She's
very, very, very, very, very fine
And
she's gonna be mine, so fine
She
hangs out
She
hangs out
Olhei para Dianna e pela
cara dela, não gostou. Desculpe, amadinha. Uma coisa é perder o Davy no amor,
agora na amizade, jamais! Porém, quando olhei para Gerd, ele também gostou. Ok,
isso machucou. Não deveria ser egoísta mas quando se trata dos meus amigos fico
tão assustada. Continuei dançando, sorrindo e por dentro magoada. Quando terminou, Peter teve de retornar para
o estúdio de cima. Ele finalmente vai gravar a cena com Fefe e Erin o seguiu.
Dei risada. A prima da Dianna seguia Peter feito a Yoko Ono com John Lennon,
credo!
E na hora de arrumar
minhas coisas, o celular vibrou. Era Gerd. E advinha?
Melhor não vir hoje à noite. Não
estou bem.
Certo. Meu lado egoísta
estragou o dia de hoje. Então fui pra casa, sozinha. Davy também apareceu no
apartamento, abalado. Agora eu tinha de falar.
-- O que está havendo,
Davy?
-- Como assim? Havendo?
Nada! – ele ignorava.
Joguei minha sapatilha na
parede.
-- PARA COM ISSO! –
berrei, chorando. – Eu percebi tudo. Davy você está se cansando de mim? Até
como amigo?
-- Não... – parece que ele
se tocou. – Eu...
-- Eu vejo como olha pra
Dianna, seu obcecado. Você a prefere a mim. E prefere não ser mais meu amigo
por inúmeros motivos.
-- McLovely... Eu nunca
quis isso. Não pense assim.
-- Para, Davy... – disse
numa voz baixa. – Vou dormir.
Ele optou por dormir na
sala e eu fiquei sozinha. No celular sem mensagens. Não dormi naquele dia e só às
cinco da manhã consegui. Acordei eram dez da manhã e bem atrasada. Tomei banho
rápido e me arrumei meio desleixada. Apenas passei um gloss rosa. Cheguei ao
estúdio e me deparei com o terror. O que fizeram com o estúdio improvisado da
Odile? E ao fundo surgia Davy e Micky, segurados por Nez e Peter e no outro
lado, Sepp, Franz e Michael segurando Gerd e ele parecia um urso furioso. Santo
deus! O estúdio da Odile ficou um caos só. Olhei para Mickey e todos nos
olhamos, como num impasse mexicano, segundo os filmes de Quentin Tarantino.
-- Não vamos contar para
Odile, está bem? – pediu Franz para todos.
Obviamente não contamos,
mas detestava esconder isso de minha amiga. Ajudei o pessoal a “limpar” a
bagunça. Gerd parecia zangado.
-- Aquele anão
impertinente! – ele quebrou um cabo com as mãos, pura raiva. – Se safou muito
bem, mas na próxima não deixarei barato.
-- Quer parar com isso? –
já estava enervada com as reclamações dele. – Já basta o estrago que causou?
-- Agora a culpa é minha?
A culpa de tudo é minha? Poderia ser das estrelas mas não. Hoje é o dia que Gerhard
Müller é julgado culpado!
Agora Gerd se irritou e
continuou a falar pelos cotovelos. E eu? Só fiquei olhando aquela cara dele de
vítima.
-- Já acabou, Gerhard? –
perguntei em tom blasé.
-- Não! Porque quero jogar
nessa carinha de anjo o quanto você é detestável.
-- Mas que engraçado! Até
dois dias atrás você era o piadista, o cão arrependido e abandonado e agora vem
me chamar de detestável? – encarava Gerd e o olhava firme. Adoro encarar as
pessoas altas assim.
-- Detestável sim! Ainda
mais quando esqueceu o convite.
-- Espera aí, seu alemão
grosseirão! – arregalei os olhos e fechei a cara. – Você mesmo mandou mensagem
cancelando nosso jantar.
-- Não fui eu.
-- Canalha! – dei um tapa
no rosto dele. – E ainda é bem mentiroso. Olha aqui, veja!
Mostrei na tela do celular
a mensagem. Ele viu e depois se espantou.
-- A mensagem veio do meu
celular mas eu não mandei!
-- Baita desculpa...
-- É sério!
-- Não acredito em você!
E sai do estúdio.
Gerd POV
-- O que foi aquilo? –
perguntou Franz. – Sorte sua do anão inglês e os macaquinhos não terem visto a
discussão.
-- Discuti com Louise. –
justifiquei. – Joguei a culpa nela e principalmente por ela não ter aparecido
ontem no apartamento. Ela disse que recebeu uma mensagem no celular com meu número,
dizendo que foi cancelado mas eu juro que não enviei mensagem alguma.
-- Deixe-me ver.
Franz verificou o horário
da mensagem enviada, pensou um pouco e por fim disse.
-- Tem certeza que não foi
você? Não escreveu e de repente sem querer apertou o botão de “enviar”?
-- Absoluta.
-- Ouça, este estúdio tem
algumas câmeras de monitoração. Ninguém, exceto a Odile e eu, sabem da
existência disso. Vem comigo.
Franz ligou o notebook de
Odile, já com a internet conectada e acesso as câmeras. Observei cada detalhe
quando ele colocou nos vídeos da data de dois dias atrás com os horários mais
aproximados do envio da mensagem e para nossa surpresa, vimos uma pessoa
mexendo na mochila de Gerd quando a gravação do clipe dos Monkees terminou.
Foram apenas cinco segundos. Pausei o vídeo.
-- Ele! – apontei. – Foi
ele. O loirinho que é amigo do Davy.
-- Fala do Peter Tork?
-- Esse mesmo!
Agora tudo fazia sentido.
Será que Davy tenha mandado Peter fazer isso? Sendo assim... o anão sabe... E
Louise está encrencada.
-- Vou acabar com o loiro!
-- Já está com certa... má
fama e quer piorar mais ainda?
-- Franz, ele...
-- Eu sei, agora nosso
foco é como vamos dizer para minha namorada que o estúdio.
Não demorou para Odile
surtar, brigar e jogar a culpa em todos. Confesso que agora mereci mesmo pela
causa de tudo. À noite recebi um email de Odile, avisando sobre os custos de
tudo. Isso pra mim não era um problema e sim como recuperar Louise?
Felicity POV (No dia anterior)
Após a gravação do clipe
dos Monkees, tive de esperar um pouco mais por Peter. Aproveitei esse tempo de
espera para repassar as falar na minha personagem Sabrina Franklin. A cena
consistia num encontro no restaurante onde ela e Gene, seu amigo, iriam
conversar livros e no final acabaria com um beijo e, claro, com cena de sexo.
Segundo o caderno de roteiro, também está especificado que deve ser o mais real
possível. Será que foi dessa maneira que Lulu e Gerd reproduziram daquela
maneira? Porque realmente eles estavam mesmo trepando nas câmeras.
Neste momento Peter
apareceu, um pouco feliz e atrás dele, Erin. Coitada, acho que ela queria estar
no meu lugar. Tive pena dela por ter feito o que fiz e sobre o beijo que vi,
deixou claro que eu não deveria ter roubado o Peter.
-- Está pronta, Fefe? –
perguntou Odile, sentada na cadeira de diretora.
-- Sim.
-- E você, Peter?
-- Estou. – respondeu
Peter, bem agitado e me olhando com certa ternura.
-- Ok. Michael, já mostre
a claquete.
Mickey apareceu com aquele
negócio na câmera.
-- Cena romântica de Gene
e Sabrina, tomada 1!
-- Ação! – gritou Odile.
A cena começa com Sabrina
aparecendo no restaurante e já toca Baby
It’s You, da cantora Smith. O jeito como ela caminha enfeitiça Gene e ela sentou
na mesa com ele. Fazem os pedidos e conversam pouco. Esse pouco é preenchido
com silêncio, parecendo que tanto Sabrina quanto Gene querem ouvir a música que
toca no jukebox.
-- Adoro essa música. –
disse na forma de Sabrina.
-- Eu também. – concordou
Peter, como Gene.
Trocamos um olhar intenso.
Fiz algo que não estava no roteiro. Toquei os lábios de Peter e ele os beijava
e sugava um pouco na boca. Por fim completou.
-- Estou louco por você...
– notei ai que ele ia dizer meu nome, mas demorou uns segundos. – Sabrina.
Sempre a desejei mais do que um amigo. Seja minha. E você não terá motivos para
se arrepender.
Quando afastei a mão,
Peter agarrou meu pulso, com um pouco de força. Surpreendi-me ali.
-- Aquele beijo que viu
foi meu pior erro. Nunca trai e se te escolhi, foi porque te amo pra valer,
minha supernova!
Esta última fala também
não estava no roteiro e não tive tempo pra pensar ou ver o que os outros
achavam.
-- E quem garante que você
não é um buraco negro que vai engolir minhas estrelas novas? – perguntei mas não
estava no roteiro.
-- Porque se eu fosse, não
declararia isso e não a deixava viver em seu esplendor. – pegando minha mão e a
beijando.
A declaração de Peter foi
tocante. Não é a toa que ele é o poeta. E por fim aconteceu o beijo, tão
ardente, cheio de paixão. O beijo foi tão forte, envolvente e demorado que não
ouvimos o grito de “corta!” da Odile. Meu primo é que teve de nos separar.
-- Ficaram surdos, é? Já
acabou!
Estranhei um pouco e Odile
explicou.
-- Vocês não falharam. A cena
ficou ótima mas terei de avisá-los que o tempo expirou. Vamos deixar a noite de
amor de Gene e Sabrina para amanhã. Pode ser?
Trocamos um olhar
significativo. Sorri para Peter.
-- Por mim, está bom.
-- Concordo com a Fefe. –
aceitou Peter.
Depois disso Odile chamou
Nora e Sepp para gravar. Deveria ser o Best e Rosie contudo, ultimamente ela não
tem se sentido bem, o que é meio suspeito.
-- Quer ensaiar comigo, na
minha casa? –convidei Peter.
-- Só nós dois? – ele se
animou.
-- Sim!
Trocamos outro beijo e ele
foi embora. Quando voltei para o camarim, encontrei Erin, me olhando feio. Me
aproximei dela.
-- Ponha uma coisa nesta
sua cabecinha. Peter não agiu como Davy. Antes que pergunte, sim, estou sabendo
que ele está saindo com sua priminha nanica maldita! Agora caia fora antes que
eu dê um bom chute em você, senhorita!
Ela saiu da minha frente e
ainda Emma estava lá, ouvindo tudo.
-- Não trate a Erin desse
jeito!
-- Ela está merecendo. –
respondi para Emma. – Ou por acaso se esqueceu o que você fez com a Louise?
Agora Emma recuou. Aos
poucos refletia se valia à pena continuar com a loira, sabendo que ela é amiga
de duas garotas que passei a odiar. Melhor esquecer isso e me focar somente
hoje à noite...
Louise POV
Se passaram dois dias após
aquele incidente do estúdio. Davy, Micky e Gerd conseguiram pagar pelos
estragos e minha convivência com meu McCutie se tornou bem delicada. Continuávamos
nos falando mas bem pouco. Ao mesmo tempo me odiava. Odiei a mim mesma por
trair Davy com Gerd, odiei o fato de ter ouvido de todos que a cena de sexo que
gravei foi realista demais, odiei Davy por criticar Odile, odiei minhas
tentativas infrutíferas de reconquistá-lo, odiei tudo. E por conta de meu erro,
estou perdendo-o para Dianna. Mas também devia ficar brava com ela. Gerd se
mostrou dedicado a ela e o resultado? Olhando somente para meu namorado. Mas
também Gerd é outro culpado. Nunca deveria ter me olhado, me beijado. E
agora... me pego absurdamente apaixonada por ele e sou correspondida.
Naquela manhã fiz o café
da manhã normalmente e Davy arrumava as malas. Outra vez penso que ele vai me
deixar pra morar com Peter.
-- Hoje começa a turnê,
McLovely. – ele disse, meio triste.
-- Durará quanto tempo? –
perguntei enquanto preparava uma torrada para mim.
-- São quinze dias. De
Londres, iremos agora para Amsterdã, Roma, Madri, Berlim, Estocolmo e pra
encerrar é em Paris. E depois volto para Londres para mais gravações de músicas
pra trilha do filme da Odile.
Ficamos um pouco em silêncio
e continuei com o café.
-- Vem comigo! – ele tocava
minha mão e me olhava como se estivesse desesperado. – Vamos reacender tudo,
Louise. Nossa amizade, nossa paixão...
Davy pegava minha mão e a
beijava igual ao cavaleiro Danceny, quando cortejava Cecile. Fomos para o
quarto e aconteceu.
Nosso beijo foi calmo e se transformou em algo
sensual, a ponto dele sugar meu pescoço como fazia antigamente. Abriu meu robe
e tocou meus seios e gemi.
-- Davy... – tentava negar isso mas, era impossível.
– Você vai se atrasar...
-- O vôo sai às 11h. – respondeu quando me deitou
na cama e tirou minha calcinha. – Ainda é cedo, McLovely... Vamos aproveitar.
Davy fez sexo oral de forma incrível e com vontade,
me fazendo gritar e puxar sua cabeça para continuar.
-- Lembra quando gravamos aquela minissérie Fight For The Glory?
-- Sim... oooooh... Davy... – a minissérie meio erótica
romana onde Davy era o guarda Marcus e eu era Lucretia, a melhor amiga dele e
por vezes amante, mesmo ela casada com o general Vetius.
Quando parou, Davy se despiu, deitando por cima de
mim e me penetrando com aquela vontade. A cada movimento era prazeroso. Abracei
o corpo dele bem forte e olhei em seus olhos. Não vi Davy... E sim... Gerd. O
urso alemão. O amor germânico de Lucretia, o gladiador Darkian, imaginei ser o
jogador alemão. Alto, musculoso, poderoso.
-- McLovely... meu amor... – Davy sussurrou bem
sensual e lambeu minha boca.
Apesar do sussurro, tinha mesmo de admitir que a
voz de Davy para mim foi desacostumada e queria ter ouvido o timbre rouco e
perfeito de Gerd com seu sotaque alemão chamativo.
-- Ursinho! – apertei Davy, incitando para mais
estocadas. – Mais forte!
Davy foi mais rápido e forte, fazendo a cama
ranger.
-- Minha leoazinha! Aaaaaah!
Estranhei um pouco ele me chamar de leoazinha. Na
verdade não gosto de ser tachada como leoa... E depois... veio o orgasmo.
Ficamos vinte minutos na
cama e Davy tomou banho e eu me vesti, um pouco sem jeito. Pela primeira vez
fiquei tímida diante dele mas não era Davy que desejava e sim Gerd. Ao sair do
banheiro, ele se vestiu e me olhou.
-- Eu não vou. – recusei. –
Eu quero ficar em casa, sair com meus amigos. Não se sinta ofendido.
Davy fez cara de quem não
gostou. Era raro eu recusar viajar com ele nas turnês. E quando isso acontecia,
era sério.
-- Você não me perdoou?
-- Eu quero pensar melhor.
– justifiquei e peguei a mala dele, entregando em suas mãos. – Se foque na turnê.
Vai se sair bem.
-- E quanto às mulheres? –
ele tentou me provocar, pra ver se me fazia mudar de idéia.
-- Mato todas, sem
exceção! – falei friamente. – E também não quero olhar na cara da Emma Carlisle
sem lembrar-se da surra que levei.
-- Emma não vai. –
garantiu Davy mas eu sei que ela vai. – Pedirei pro Micky em não levá-la.
-- Mas aí vai dar na cara que foi por minha causa. E
advinha, vou levar outra pancada daquela... daquela giganta!
-- Lulu...
-- Por favor, David Thomas
Jones. Não force a barra! Faça boa viagem!
Nos despedimos de forma
discreta e ele embarcou no carro de Micky. O resto do dia passei só arrumando o
apartamento. Quando Davy falou nas mulheres, não só lembrei das fãs fervorosas
mas também... da Dianna. Se Davy quisesse me trocar, seria melhor pela Talia
Hayes, a atual namorada de meu primo, Colin Black. Tirei esse pensamento da
cabeça e passei o resto do tempo “maratonando” minhas séries favoritas. Foi à
noite que recebi uma mensagem de texto...
Sei que está um pouco brava comigo
por conta do falso cancelamento do nosso jantar, mas peço que me perdoe por te
ofender. Me redimi com todos. Quer viajar comigo para Alemanha amanhã?
Viajar para Alemanha? Já
me basta Davy tentando me arrastar pra turnê dos Monkees agora isso? Respondi.
Não. Mas aceito seus argumentos pra
me convencer.
Ele levou alguns minutos
para digitar. Prevejo um texto.
Dianna não vai comigo. Ela quis
viajar com Emma.
Não me convenceu!
Eu quero você perto de mim. Quero te
conhecer melhor, como pessoa. E essa viagem vai ser boa. Terei amistoso contra Suécia.
E podemos ver Alice.
Ok, agora estou me
entregando. Também pensei por outro lado. Não conheço direito a Alemanha. Sorri
com a possibilidade e também vai ser bom para conhecer o urso.
Que horas é o vôo?
Por volta das 10h.
Venha ao meu apartamento às 8h.
Agora era só esperar pelo
dia seguinte...
Continua...