domingo, 29 de junho de 2014

Laços do Blues (8º Capítulo)

E ai pessoas?
Neste capítulo dão-se o inicio do interligamento das fanfics da Grindhouse. Laços com Love Sell Out e a entrada de 1967. Boa leitura!


Capitulo 8: Strange Brew


Rosie POV

Naquela tarde ensolarada de inverno, Eric e eu resolvemos passear pelo parque principal, localizado perto da prefeitura. Ele estava segurando minha mão de forma firme. Até firme demais. Quando apertou a ponto de me doer, falei.

-- Ai, amor!

-- Me desculpe! – Disse Clapton, parando de caminhar e largando minha mão. – Não quis te machucar.

-- O que está havendo, Eric? Desde que te encontrei, você anda calado, pensando e agora machucou minha mão.  Por quê?

-- Quer mesmo saber? Hoje quando cheguei na agência, te vi junto com Benson atendendo três músicos. Eu sei quem são eles. Os Hollies. O que tem um bigode... ele te olhava... como eu te olhei quando nos conhecemos.

Depois da revelação, senti o quanto Eric tinha ciúmes. Não nego que notei o olhar  quase intenso de Graham Nash (ele se apresentou para mim na saída, juntamente com Allan Clarke e Tony Hicks) contudo, procurei ignorar isso. E agora Eric Clapton me dá uma demonstração ciumenta.

-- Amor, tenha calma. – Disse, tocando seu rosto e fazendo carinho. – Tenho olhos somente para você. PRA VOCÊ! Me entendeu? – Sorri, vendo que consegui tranqüilizá-lo.

-- Ah... ok. Me convenceu. – Eric me beijou, mas depois que terminou, me olha com jeito de alerta. – Ainda tem aquele beatle casado e o show para agora na véspera de natal.

-- Já te falei que Lennon é passado. Eric Patrick Clapton, você é meu presente!

-- E você é meu presente, Roselyn Anne Donovan.

É, a vida era muito boa.

Dias após a visita dos Hollies em Oxford, ajudei novamente o grêmio estudantil a preparar o palco para os shows. Os Beatles apareceram por estes dias e conseguiram ensaiar, embora o número de alunos que cabularam a aula no objetivo de ver, tirar fotos e conseguir autógrafos dos Fab’s, fosse muito grande.  O reitor pediu que fosse agilizado todo aquele movimento e inclusive queria que o show fosse antecipado, coisa que não foi permitida por Benson. Felizmente, tudo correu bem.  A semana do natal chegou com muita neve, enfeites, arvores montadas e presentes. E dois super shows. O Cream foi o primeiro a se apresentar e agitou como da outra vez. Depois os Beatles causaram mais ainda. Tocaram alguns sucessos anteriores e faixas selecionadas do disco Revolver.
Após as apresentações, tentei ir conversar com Lennon mas ele estava acompanhado da esposa. Epa, olhando bem, não era a Cynthia e sim... minha colega de quarto Jane Thompson (N/A: não confunda esta “Jane” com a “Jane Berkley”, a amiga de infância de Rosie nas primeiras beatlefics). Não quis me manifestar, até para não causar desgosto no Clapton.

Voltei para a republica junto com guitarrista e fomos pro quarto onde nos entregamos mais uma vez ao amor. De madrugada, fui tomar água e encontrei na mesa da sala, um presente e um bilhete escrito, direcionado a mim.

“Me perdoa pelo sofrimento que lhe causei.
Mas não esqueça que te amo, minha eterna garota de Liverpool.
Minha musa!
Do seu eterno beatle casado, John Lennon!”

Abri a caixa e nela havia um disco dos Beatles (era o Rubber Soul), o primeiro livro do Lennon, In His Own Write e um caderno, cheio de poemas. Li um deles e reconheci ser o manuscrito da música Girl, só que com outras palavras e uns versos... que confesso, continham um pequeno nível de erotismo romântico nele.

Não mostrei para ninguém (com exceção de Mari e Felicity – esta última um pouco mais tarde) aquelas relíquias.

No dia seguinte, Mari aprontou suas malas e disse que vai passar o natal em casa com a família e que vai levar o Ginger Baker para todos o conhecerem. Eram dez horas e Ginger encosta o carro em frente a republica, ajuda Mari a carregar as malas e já partindo.

Só ficou eu, Mary Kate, Jane Thompson, Mike Tennant, Peter Carmichael e James Winfield. Todos reunidos na republica pensando em como tornar o feriado de natal algo inesquecível. James, que é aluno de medicina e gay, sugeriu uma festa (festa para ele era regado de bebida e muitos espécimes masculinos, de preferência que sejam salva-vidas), Mary Kate quis algo caseiro. Jane e Mike concordam e Peter (também homossexual, namorado de James e amante do teatro) também adere a festa, mas que fosse como os shows da faculdade, para haver mais agito no campus.

No final todos optaram em comemorar o natal primeiramente num pub e depois mais tarde na republica.  Contudo, algo aconteceu inesperado: a previsão do tempo dizia fazer sol e um pouco de calor no feriado. Quando foi dia 23, acordei com a visão totalmente esbranquiçada das ruas de Oxford. Havia nevado a noite toda e agora estava muito frio, registrando temperaturas muito mais baixas que o normal e pra piorar, estava nublado demais. Resultado disto tudo é que mudamos os planos. Não íamos mais ao pub charmoso.

Mary Kate, Jane e eu ficamos cozinhando, enquanto Mike, James e Peter preparavam a casa, colocando os enfeites e arrumando a mesa. E também ajeitar os discos para haver um momento de dança.  Fiquei pensando em Clapton e o quanto o ciúme dele foi demonstrado. Afinal, só conversei normal com Nash. Refleti também isso em relação ao John Lennon e a treta que ele teve com meu namorado em frente a agencia. Se acontecesse com Lennon, certamente jogaria uma cadeira proposital nas costas do guitarrista dos Hollies.

-- Rosie! Presta atenção, não deixa a farofa e o bacon queimar demais! – Exclamou Jane, que me viu “viajando na maionese” e não mexendo a farofa e o bacon no cozimento.

Voltei às atenções na cozinha, me desculpando com todos. De novo o serviço foi interrompido com uma ligação. James atendeu e me chamou na sala.

-- É a Marianne. Rosie, ela quer falar com você.

Limpei as mãos no avental, fui pra sala e peguei o telefone.

-- Alô?

-- Oi, amiga. Sou eu, Mari.

-- Oi. Eu tava cozinhando farofa com bacon e sua ligação me interrompeu. – Falei de forma divertida. Mari deu uma risadinha na linha.

-- Me desculpe pela intromissão, “mamãe”. Como está o clima aí em Oxford?

-- Nevando como no Alasca. Ou seria na Sibéria?

-- Ai nossa... – Mais risadas por parte de Mari. – Mas só você está viva ou os outros também sobreviveram?

-- Estamos todos vivos, Mari. Pra você ter perguntado da temperatura daqui, então em Sheffield deve estar também gelado!

-- Mais ou menos. Não tem neve, mas está tão frio. E tem vento!
-- Para de reclamar, Marianne. Você tem o Ginger. Ele é seu “aquecedor”, se é que me entende.

-- Eu entendi. Vou desligar agora, minha mãe ta no quarto e pelo visto quer conversa. Beijo amiga e feliz natal!

-- Beijos, Marianne e vê-se volta para o ano novo. Feliz natal!

Quando desliguei o telefone, mais uma surpresa me acontece: Eric Clapton.

Meu namorado resolveu passar o natal comigo na republica. Meus colegas quando viram isso, tentaram se conter de alegria. James e Peter estavam loucos e queriam gritar junto com Jane e Mary Kate. Mike ficou meio indignado, mas depois aceitou. O problema era não falar para ninguém sobre isso.  E assim encerrou nossa saga natalina, com direito do Clapton ser a atração principal.

No ano novo,  mais festas, desta vez dentro da faculdade. Marianne voltou para Oxford no dia 26 perto do meio dia, nos contou da aventura com Ginger na casa dela, a surpresa dos pais com relação ao namorado e muitas outras coisas. Depois disso preparamos a festa na faculdade, o que rendeu muito sucesso, um verdadeiro baile para a entrada de 1967!

Enfim, 1967 chegou com toda glória! Confesso que ainda me sentia em 1966. Janeiro não fizemos absolutamente nada, só na republica, festas, show e muita bebedeira. Ah, e tinha também as drogas. Resolvi experimentar o LSD. O que deveria ser uma simples “viagem”, se transformou em imagens muito surreais e loucas. Ria sozinha e ao mesmo tempo flutuava na cama. Numa destas experiências, tive uma visão (nem imaginava que era profética) meio perturbadora: vi Clapton indo embora... e acompanhado com uma bela mulher mas não era a Charlotte. Era uma loira com cara de anjo e olhos azuis muito vivos. Uma modelo.

O efeito da lisergia acabou, fui vomitar e sentir uma dor de cabeça daquelas. Não
levei muito a serio aquela visão. Dias depois, Eric me telefona dizendo que a turnê de Londres foi um sucesso e eles vão para outras partes da Europa e só terão folga em março. Quando terminei de falar com Clapton, vi Mari também vomitando e ela justifica que era do efeito do acido acabar.

-- Nossa, isso foi louco! – Dizia Mari, indo sentar no sofá, meio cansada. – E mais louco ainda é que tive uma visão, sabe?

-- O que tipo de visão? – Questionei, também no sofá.
-- Eu vi que teria uma filha e ruivinha! É louco, Rosie! – Mari estava rindo daquilo. Não acreditava das visões e o modo como ela dizia, acredito que seria uma possibilidade dela ter um filho de cabelo ruivo. Ou uma filha.

-- Isso não é nada, comparado com a minha visão. – Falei sem saber.

-- Mesmo? O que tinha na sua visão? Me conta!

Estava quase falando sobre isso e de repente o telefone toca. Pensei por um momento estava salva mas seria o Ginger a querer conversar com sua “pequena”. Perfeito engano! Era Felicity McGold, a minha amiga da revista Rolling Stone.

-- Oi, Garota de Liverpool!

-- Oi, garota azarada nos relacionamentos. Quem é a vitima da vez?

-- Gordon Waller! Aquele cantor me traiu com uma modelo que contratei.

-- Caramba! E o Dave Davies? Vocês...

-- Ele terminou comigo! Ele achava que estava saindo com John Lennon, o que não é verdade.

-- Não estou te condenando, Fefe. Contudo... puxa, seus relacionamentos não duram!

-- Não tenho tanta sorte como a Nora. Nem te conto o que aconteceu aqui...

Fefe relata uma briga entre Ray Davies, dos Kinks, contra Keith Moon, baterista (doido) do The Who. Ao que parece, Fefe e Nora foram contratadas pela banda para a construção do novo disco deles e no processo, Nora se apaixonou por Keith e foi correspondida no entanto, Ray Davies não aceitou nem um pouco isso e surrou legal o baterista mas tudo acabou nos conformes. E antes disso tudo acontecer, houve outra briga mas com vitória não pros Davies. Fefe quase levou um tapa de Dave e se não fosse pelo guitarrista Pete Townshend, certamente estaria com rosto marcado pela pancada.

-- Não querendo dar uma de Matusalém mas, acho que você encontrou o cara certo e fixo para o relacionamento duradouro.

-- Quem?
-- O Pete. – Falei e Fefe não compreendendo.

-- Pelo amor de deus, Rosie. Pete Quaife não. Ele é um amigo mas não tenho coragem de ficar com um cara que parece um coala!

-- Quem disse que era o Quaife? Me refiro ao Townshend! – Acabei dando risada e Mari que ouvia toda a conversa também morria de rir.

-- AH VAI SE FERRAR, ROSIE DONOVAN! Eu e o Townshend não temos nada a ver!

-- Aposto meu salário que sim, agora vou desligar. Tchau, Felicity!

-- Tchau, Rosie. Manda um abraço pra Mari!

Desliguei o telefone e fiquei trocando umas idéias com Mari e o restante do pessoal. Mal posso esperar para os surpreendentes acontecimentos de 1967!



Continua...

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Love Sell Out (20º Capítulo)

Olá de novo!
Chegamos ao capítulo 20, pessoal! E esta fic da Grindhouse está chegando na reta final. Agora ficam com capítulo escrito por Maris Greyjoy! Boa leitura!



Capítulo 20: Revelações e Loucuras

Marianne POV
--Cara eu preciso de uma bebida, antes de me acabar nesse bolo! Você não quer uma Charlie? – Disse Ginger, enquanto conversava com Charlie Watts,ele recusou e volte-se para mim – Você não gostaria de uma, pequena?

--Depois eu bebo. – Respondi enquanto organizava o palco junto com Nora e Mary Anne. Ele beijou minha bochecha e sorriu.

Pouco depois  Pink Floyd e o Yardbirds apareceram, de primeira achei que Syd iria gritar por Nora, como no aniversário dela, mas ele estava calmo, a cumprimentou e deu felicitações ao Keith e ao Ginger também.
Terminei de arrumar o palco e fui procurar Ginger, vi Graham Bond resmungando sobre Roger ainda estar beijando Marie e se perguntando onde estava o copo de bebida.Até que os Stones apareceram com um mega bolo.

--Este unicórnio é para mim, pequena? – Perguntou Ginger. --Como você sabe que eu sempre quis um unicórnio?É o meu sonho de infância!

--Ginger, aquilo é um bolo! – Respondi preocupada.

--Quando irei montar no meu unicórnio? – Perguntou ele. Seus olhos estavam vermelhos, da mesma cor que seus cabelos.Ele estava chapado.E do nada seu humor começou a mudar, e eu comecei a ficar assustada. – Quando?!Vamos me diga!

--No final da festa meu bem! – Minha voz fraquejou um pouco e ele me abraçou.

--Eu amo você tanto!Obrigado por ter me dado o melhor presente do mundo! – Disse ele.

--Não tem de que! – Respondi. Ginger saiu do meu lado e começou a brincar com um balão,como se fosse uma criança de 7 anos.
Charlie Watts desceu do palco e veio na minha direção, me pedindo milhares de desculpas, por aquilo tudo, dizendo que aquilo tudo não foi idéia dele e nem de Bill, que era coisa do Brian Jones e Keith Richards e tudo mais.

--Tudo bem, é um presente até que legal – Respondi tranqüila.

--Não é um presente legal! – Respondeu ele. --Preciso avisar a Nora sobre isso!
Ginger tornou a me abraçar ainda chorando dizendo que aquele tinha sido o melhor presente que ele havia ganhado na vida. Olhei para o lado e vi que Angie Smith, a ex-namorada de Ginger e também prima de Nora, se aproximava junto com a namorada de Bill Wyman,Annie Collins.
--Angie! – Ginger abraçou Angie bem forte e eu vi que ela começou a fica sem ar e Annie ficou segurando a caixa com o presente. – Que bom que você veio minha flor!

No dia que eu conheci Angie, ela tinha vindo a Oxford fazer uma palestra sobre como era o mercado literário e como sobreviver nele, pois ela havia se tornado uma escritora de sucesso e um dos seus livros “A localização” tinha virado até filme recentemente e quando estava voltando para a república, a encontrei conversando com Ginger e depois que fomos apresentadas, perguntei a ele de onde ele a conhecia e ele me contou que ela era ex dele. Tivemos uma briga um pouco feia,ficamos alguns dias sem se ver, até que ele acabou dormindo na porta do apartamento onde eu vivia e quando eu acordei de manhã, Rosie encontrou-o e me acordando,ele me pediu desculpas e cabulei a aula para ficar com ele naquele dia.Ele acabou até escrevendo uma canção sobre isso e se chamava Blue Condition.
Mas hoje em dia eu não odiava mais Angie. Havíamos nos tornado amigas, e recentemente até vi ela na T.V. beijando um piloto de Formula 1 depois que ele ganhou uma corrida.

--Parabéns atrasado garotão! – Disse ela. Angie se libertou dos braços de Ginger, ofegante e pegou a caixa das mãos de Annie e entregou para o aniversariante ruivo. Ele chamou Annie de “Pequena Hobbit” e ela mandou ela calar a boca e passou por mim e disse um “Boa sorte,você vai precisar” e voltou para os braços de Bill Wyman. Ginger abriu a caixa e tirou um livro sobre Jazz.
--Você gostou? – Perguntou ela.

--Sim – Respondeu ele.

--Então você não esta tão chapado assim? – Disse ela.

--Talvez, mas ainda estou vendo alguns unicórnios saltitando por ai – Disse ele – Você também vê?

--Não! – Respondeu ela rindo.

--Veja pequena, é um livro sobre Jazz – Ele me chamou e eu me aproximei, entrelacei a minha mão dele e olhei para o livro, se chamava A História do Jazz e escrito pela própria Angie.

--Abra o livro – Disse Angie.

Ginger abriu o livro e na dedicatória do livro estava escrito: “Para Ginger Baker, o maior entendedor de Jazz que eu tive o prazer de conhecer”.Confesso que senti uma pitada de ciúmes, mas ele sabia que ela não amava mais ele e eu também.

--Eu amei! – Respondeu ele. Angie sorriu, e ele abraçou de novo.
Aquilo me fez pensar nos presentes que eu havia comprado: um terno psicodélico e uma bateria nova, já que a antiga dele estava semi quebrada e senti que aqueles presentes não eram a altura de uma dedicatória num livro que muitas pessoas iriam ler.
--Fico muito feliz! – Respondeu ela.

--Eu acho que vou ao banheiro – Ele me entregou o livro e seu rosto estava pálido. Ele correu para o banheiro ele e fechou a porta com um estrondo.

--Você quer uma bebida? – Perguntou Angie para mim.

--Adoraria! – Respondi.

Fomos para a mesa de bebidas e Angie me deu um copo de uma mistura de Martini e uísque,enquanto brindávamos, vimos Marie,Roger e Graham Bond,ou “O Triangulo Amoroso”,como o pessoal estava chamando eles,conversando do outro lado da mesa.

--Bond você tem tetas grandes! – Dizia Marie, um pouco bêbada apertando os mamilos de Bond,que pareciam seios de uma mulher grávida. – Parece que você esta grávido!

--Mon Petit, pare por favor!Eu estou...Ficando...-- Marie olhou para baixo, na direção das calças dele e seus olhos estalaram.

--Uau! – Disse ela – Ursinho, se eu não estivesse com Roger agora, eu até fugiria com você para o banheiro!

Roger estava ficando estressado com aquilo e tirou Marie de perto do Bond,enquanto nós duas riamos.

--Bem, eu te contei que eu estou namorando? – Perguntou ela para mim.

--Eu vi na televisão. – Respondi, rindo.-- Não sabia que você gosta de Formula 1!

--Sim, pouca gente sabe! Só Annie, Nora, Ginger e você! – Respondeu ela.-- E Mick Jagger também. Mas eu sempre gostei, via pela televisão ou escutava pelo rádio e foi assim que eu comecei a gostar!

-- E quando foi que você conheceu o piloto? – Perguntei.

-- Foi em Mônaco, a convite de um amigo e acabei conhecendo ele, numa festa e depois do G.P ele me convidou para jantar e dois dias depois estávamos namorando – Contou ela.

--Que lindo isso! – Respondi. --Como ele se chama?

--Jackie Stewart – Respondeu ela. – Ele é escocês!

--Ele veio para a festa? – Perguntei procurando ele.

--Não, ele esta na Itália, treinando pro G.P. de Monza – Respondeu ela. – Ele mandou felicitações ao Ginger, e entendeu que eu precisava vir para a festa.

--Ah sim – Respondi.

Continuamos conversando, até que ouvimos um estrondo vindo do outro lado da festa e era Pete e Brian Wilson estavam cada um segurando uma guitarra e estavam em posição de combate, como se fossem cavaleiros da era Medieval.

--De novo não! – Gritou Nora.

--Treta!! – Gritou Ginger, saindo do banheiro – Eu amo treta!


Continua...

domingo, 22 de junho de 2014

Holiday Romance (1º Capítulo)

Olá pessoas!
Hoje temos o primeiro capítulo de Holiday Romance. Ao poucos mostraremos nossa gama de personagens. Boa leitura!


Capítulo 1: Primeiras impressões

Felicity POV

Primeiro dia na faculdade achei que tudo ia desandar. Mas deu tudo certo. Logo eu que sou considerada “estranha” pelo fato de gostar de abraçar as pessoas, sobretudo as que gostam de ler os mesmos livros que eu ou não. Fiz amizade com três meninas muito legais. A atrapalhada e alegre Nora, a fofa e meiga Marie( que me lembrava a gata Marie do desenho famoso da Disney) e a quieta e amante da leitura Anastacia (outra que me lembra o famoso filme homônimo da Disney).

No intervalo fui para biblioteca me cadastrar para poder freqüentar e retirar livros, seja para leitura habitual, criar grupos ou leitura obrigatória para meu curso de fotografia e mídia.  Fiquei tão perdida nas estantes, todas com gêneros diversificados. Tinha uma seção temática que simplesmente me encantou: leitura medieval! Minha paixão desde criança.

Havia livros desde clássicos arthurianos até os mais atuais como O Senhor dos Anéis, O Hobbit e uma saga muito conhecida, mas ainda não tive oportunidade. É chamado As Crônicas do Gelo e Fogo. Eram cinco livros na estante. Decidi retirar o primeiro da saga. Quando já ia sair da biblioteca, me esbarrei sem querer num cara alto. Ele carregava alguns livros e um caderno com folhas meio desbotadas e mais folhas só que de oficio.

-- Oh meu deus, me desculpe! Foi sem querer. – Eu falei, super constrangida e ainda mais que as pessoas e o bibliotecário ficaram olhando tudo.

-- Tudo bem. Eu que peço desculpas. Sou muito desastrado. – Falou o rapaz, que recolhia suas folhas e organizava tudo no caderno e depois foi pegar os livros caídos no chão.

Ajudei o pobre coitado e peguei um dos seus livros e justamente o primeiro livro da saga do Senhor dos Anéis, A Sociedade do Anel.

-- Você... – Estava abismada com aquele livro e mostrei a ele. – Você lê O Senhor dos Anéis?

-- Ah, sim. – Respondeu e pegando o livro de mim, ainda constrangido. – É a primeira vez que leio a saga, só vi o filme e ....

Não deixei falar, apenas o abracei super feliz.

-- Puxa, é tão legal. – Disse muito feliz.

-- Você é assim mesmo? Tipo, gosta de abraçar as pessoas? – Perguntou, eu já sabia.

-- Sim. Adoro abraçar as pessoas que gostam de ler, ainda mais meus livros preferidos. Sou Felicity McGold. E me desculpe pela bagunça.

O rapaz, agora mais calmo, conseguiu arrumar suas coisas e num suspiro disse.

-- Sou Peter Townshend. O pessoal me chama de narigudo, “birdman” ou Pete. Sou do segundo ano de Desenho Gráfico.

Mesmo ele assumindo que é narigudo, pela primeira vez eu não liguei para este detalhe. Eu havia adorado conhecê-lo, mesmo naquelas circunstancias.

-- E eu caloura de Fotografia e Mídia. Bem... foi um prazer te conhecer, Pete.

-- Prazer é todo meu, Felicity.

Após isso recuperei o livro retirado da biblioteca e na ida pra casa encontrei Pete esperando e finalmente me perguntou.

-- Desculpe a intromissão, mas precisava te perguntar.

-- Pode falar.

-- Você lê A Guerra dos Tronos, o primeiro das Crônicas do Gelo e Fogo?

-- É a primeira vez que leio.

-- Puxa, que legal.... – Pete estava meio nervoso e ao mesmo tempo sorria. – Eu sou apaixonado pelos livros e pelo seriado, que alias, está na quarta temporada.

-- Tem seriado deste livro? – Perguntei ainda mais animada.

Ficamos naquela conversa por mais alguns minutos antes de encerrar o intervalo. Cada palavra que saia da boca de Pete eu adorava mais. Por mim ficaria horas conversando com ele apenas para ouvir sua voz. Quando ia questionar sobre sua vida, apareceu uma menina de tamanho mediano, cabelos castanhos e olhos espertos.

-- Oi amor. – Ela o cumprimentou e beijou-o na minha frente. Decerto não sabia que eu estava ali. Fiquei sem graça naquela cena. – Onde estava? Fiquei te procurando para organizar o nosso clube de leitura.

-- Ah me desculpe. É que fiquei distraído no tempo conversando com ela. A caloura. Felicity – Agora Pete se dirigia a mim. – Quero lhe apresentar Evanna Davies, aluna de jornalismo que está no segundo ano e minha namorada.

Para tudo, ele disse namorada? Não pode ser... Era bom demais para ser verdade. O rapaz que me apaixonei a primeira vista tem namorada. Ok, Felicity McGold, você é uma azarada, um zero a esquerda.

-- Oi Felicity. Sou Evanna. Seja bem-vinda a faculdade de Londres. – Evanna foi bem solícita e me deu boas vindas com educação.  Pelo seu sorriso, ela não parecia se incomodar pelo fato de seu namorado estar conversando comigo.

-- Evanna, vamos convidar a Felicity para o clube de leitura medieval? Ela adora tudo sobre a Idade Media. Ela lê a trilogia do Tolkien, sabe do mundo arthurniano e a busca do Santo Graal e agora ela iniciou a leitura das Crônicas do Gelo e Fogo.

-- Isto é maravilhoso. Felicity, quer se juntar a nós no clube de leitura medieval? Oh diga que sim! Por favor!!!

Eu adorava leitura medieval, mas participar do mesmo clube que o amor da sua vida... fica um tanto complicado. Contudo, eu ainda tinha chance com Eric Burdon, o aluno de Artes, então resolvi aceitar participar do tal clube. Como ainda estava em construção eles pediram para comparecer na biblioteca semanalmente nas terças e quintas de tarde.

Despedi-me do casal e segui para sala. Outra vez o professor bonitão da aula anterior estava lá. Professor Baldry (descobri pelas colegas que o nome dele é John, mas era chamado de Long John Baldry, por causa da altura dele) explicava a teoria das imagens e símbolos, meio parecido com Robert Langdon nos livros de Dan Brown.

Ao longe ouvi uma canção que alcançava todo corredor. Olhei para janela e vi um quarteto de rapazes cantando para uma moça loira. A garota encarava bem apaixonada o guitarrista alto. Imediatamente o reconheci. Era meu vizinho e melhor amigo John Lennon, veterano e fazia curso de Música, junto com outros três rapazes que não conhecia.  A garota loira é Cynthia Powell, colega e namorada dele de longa data. Na verdade eu não ia com a cara dela, embora como amiga de John, tinha de aprovar. Porém, há uma coisa que não gosto e vivo dizendo para Lennon não fazer: era continuar traindo Cynthia.
Lennon a trai constantemente com Yoko Ono, também veterana do mesmo curso que ele.  Mas não adianta, mesmo se disser a Cyn, ela não acreditaria em mim.

Após o fim da aula, acompanhei Nora até a biblioteca, onde iria se encontrar com Ray Davies, o popular da faculdade. Saí dali e vi Pete e Evanna namorando e mais uma vez me afastei. Sai da faculdade e encontrei uma menina ruiva de cabelos longos lisos, olhos verdes e... ela usa uma prótese na perna direita. Ela parecia meio perdida.

-- Oi. Está perdida? – Perguntei e me aproximando um pouco dela.

-- Não. Só vendo onde eu iria estudar. Amanhã eu começo no curso de História.

-- Ah legal. Eu faço Jornalismo mas a cadeira é de Fotografia e Mídia. Sou Felicity McGold. Qual é o seu nome?

-- Rosie Donovan. Muito prazer em conhecer.

Fiz mais uma amizade. A ruiva Rosie parece ser uma garota legal, assim como Nora. O ano na faculdade prometia muitas coisas.


Continua...

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Holiday Romance (Fanfic - Prólogo)

Olá, pessoal!
Para dar início ao feriado, vamos ler a mais nova fanfic da linha Grindhouse mas com universo dos tempos modernos. Essa fanfic reúne todas as personagens da linhagem e o prólogo foi escrito pela Maris Greyjoy. Boa leitura!


Holiday Romance __ Maya Amamiya e Mariana Greyjoy


Prólogo


Nora POV

Fazia uma semana que estávamos estudando juntos. Ele fazia Composição e Regência e eu Jornalismo. Eu o via todos os dias no intervalo. Nunca trocamos uma palavra, mas quando nossos olhos se encontraram, tive certeza que iríamos namorar. Meus pensamentos se perderam dele quando fui almoçar e no refeitório da faculdade, uma menina da minha sala se sentou na minha frente e me cumprimentou.
--Olá, eu sou a Felicity. – Disse ela.
--Eu sou a Nora, como vai?
--Vou bem e ai esta gostando do curso?
--Amando-respondi. E você?
--Sim!Não me vejo mais fazendo outra coisa – Disse ela sorrindo.
Começamos a conversar sobre as coisas que mais gostávamos de fazer. Contei a ela que adorava gatos, Doutor Who e Sherlock e acabei descobrindo que ela também amava e adorava escrever poesia e Senhor dos Anéis. E quando mencionei que estava lendo o Hobbit ela me abraçou, dizendo que adorava abraçar as pessoas que amassem os mesmo livros que ela.
Ela me contou que esta meio caída por um cara que cursava artes chamadas Eric Burdon e eu lhe contei que tinha ficado com meu amigo George Harrison, no colegial, mas nossa amizade não foi abalada.
--Mas to vendo que você esta louca pelo Davies! – Ela tinha razão, não conseguia tirar os olhos dele, nem por um momento. -–O nome dele é Ray Davies! E outro rapaz ao lado dele é Dave Davies, eles cursam Composição e Regência e também são do time de futebol da escola!
--Disso eu não sabia - Respondi rindo.
--Uma menina que estava me mostrando à faculdade me contou isso – Disse ela rindo ainda mais. –Temos que um dia vê-los jogar!
--Com certeza! – Respondi.
--Acho que ele tem uma queda por você! – Disse Felicity olhando para ele e depois voltando a me olhar.  Ray me deu uma piscadela e meu coração disparou.
--Tomara. - Respondi entre um risinho.
O sinal tocou e fomos em direção da nossa sala, subimos as escadas e encontrei minha prima Angie Smith, que cursava letras. E quando estávamos entrando o professor fechou a porta bem na minha cara e se Felicity não me segurasse eu teria caído no chão.
--Mil desculpas, Elenora! – Falou ele, enquanto entravamos na sala e ele fechava a porta da sala. Felicity pegou suas coisas e numa cadeira ao meu lado. Quando estava indo para a minha cadeira e tropecei novamente e Felicity me segurou de novo –Acho que você quer fazer uma visita a enfermeira não quer, Eleonora?
--Eu estou bem! – Respondi. A sala toda ria e eu estava totalmente envergonhada. Uma menina entrou na sala,enquanto o professor explicava algo sobre um trabalho que viríamos fazer no futuro,ela lhe entregou um papel e ele ficou espantado.
--Como vai a sua mãe? – Perguntou ele.
--Ela vai bem – Respondeu ela, um pouco envergonhada.
-Bem, faz tempo que não a vejo... Depois ligo para saber como ela está, mas enfim – Ele virou a garota para frente para classe, que não parava de olhar ela pra ele achando estranho. – Pessoal essa é a Marie Greyhound, ela é a nova aluna da turma e sim, antes que vocês perguntem, ela é filha da famosa escritora Serena Greyhound!
Ficamos todos os surpresos com a notícia. Uma menina que se sentava ao seu lado estava com a boca em formato de O, os olhos de Felicity estavam estalados e eu estava só um pouco chocada.
--Você pode se sentar ali, perto da Felicity e da Nora. – Disse ele.
--Como ele sabe o nossos, se essa é a nossa primeira aula com esse cara? – Perguntou Felicity para mim.
-Taí uma boa pergunta – Respondi.
Marie se sentou na cadeira ao meu lado e me deu um sorriso, ela tirou um caderno da bolsa e dei uma pequena olhada para ele e ele era perfeito! Havia ali uma montagem com o Benedict Cumberbatch e o Martin Freeman, o Sherlock Holmes e o John Watson da série Sherlock, havia ali personagens da série clássica de Star Trek e Doctor Who. Até o Louis Garrell estava ali!
--Seu caderno é perfeito! – Disse para ela.
--Obrigada! – Respondeu ela. --Eu mesma que fiz!
--Eu tentei fazer o meu uma vez, mas no final colei a cola no cabelo - Respondi.
--Como você conseguiu fazer isso? – Perguntou Felicity.
--Eu não sei, só sei que minha mãe quase me matou! – Respondi rindo.
--Você é bem doida! – Disse Marie rindo.
--Vocês não viram nada! – Respondi.
Começamos a conversar, até que o professor nos entregou algumas folhas com uma reportagem para analisarmos em um grupo de quatro pessoas. A sala toda se juntou e só sobrou uma menina, de cabelos um pouco curtos e que usava óculos,que passava a maior parte da aula lendo ou escrevendo,seu nome era Anastácia e ela perguntou se poderia fazer o trabalho conosco,ela se sentou perto de Felicity e esta viu que ela estava lendo O Hobbit e acabou dando abraço nela.
--Felicity! – Disse Marie. –Assim você mata a menina de susto!
--Ela gosta de abraçar as pessoas que gosta de ler o mesmo livro que ela – Falei, tentando acalmar Anastácia.
--Não estou acostumada com abraços – Disse ela.
--Então é melhor se acostumar! – Disse Felicity.
Pouco depois terminamos nosso trabalho e o professor nos liberou mais cedo para tomarmos café e enquanto Felicity e Anastácia iam buscar nossos cafés e sanduíches, Marie me contava sobre o fato de ter sido transferida. Até que um menino com cara de coala me entregou um bilhete e depois saiu correndo.
“Na biblioteca, segunda às 3 da tarde, perto da sessão de filosofia.
“Ray”.
--Acho que ele gosta de você! – Disse Marie.
--Eu também acho isso – Respondi com o coração batendo mais forte.



Continua...

quinta-feira, 12 de junho de 2014

It's Only Love (Songfic)

Olá pessoal!
Feliz dia dos namorados e hoje vamos ler It's Only Love, songfic dos Beatles que retorna com o beatle casal mais epic das fanfics, John Lennon e Rosie Donovan. O universo da songfic é próprio mas a personagem é da Grindhouse. Ah, a songfic é levemente inspirada no livro "A Culpa É das Estrelas", de John Green. Boa leitura!



It’s Only Love__ Maya Amamiya

John POV

Quando se espera a morte, tudo lhe parece normal. Ao menos não sofrerá as dores físicas e a do mundo ao seu redor. Quando se aproveita a vida de forma intensa, tudo é tão diferente. Surreal. Se ao menos soasse com alguma música conhecida, talvez enxergasse o mundo como todo mundo vê. Costumava idealizar as coisas, realização de milagres. Eu sonhava com mundo melhor. Contudo, o que eu via era realidade.  E esta é minha vida, minha história.
Todo protagonista tem em seu caminho alguém que o tire da sua rotina. No meu caso, todos os dias eu escrevia poemas, tocava guitarra ao mesmo tempo em que ia a clinica para minhas consultas habituais. Nada mudou no meu câncer do pulmão, resultado das extremas temperaturas baixas no inverno de Liverpool. E agora estou eu, vinte e quatro anos, morando com meus tios e respirando com ajuda de inaladores e bombinhas contra asma. E muitas vezes carregando meu tubo de oxigênio na mochila quando ia sair em viagens. Ah e freqüentar grupos de apoio aos jovens com câncer. Tia Mimi achava que eu sofria de depressão devido aos sintomas que não via, que eram ler o mesmo livro muitas vezes, não sair, pensar na morte e ser muito mas muito conformista. Este sou eu, divagando durante a palestra... até ela adentrar o recinto.


I get high when I see you go by
My, oh, my
When you sigh, my mind inside just flies
Butterflies
(
Eu me animo quando vejo você passar
Meu, oh, meu
Quando você suspira minha mente voa
Borboleta)



Aquela sensação estranha. Era tão novo pra mim. Conheci muitas meninas e todas elas me causaram desejos avassaladores, mas ela... era diferente. Um sorriso lindo, olhos tão brilhantes como duas pedras de esmeraldas, cabelos soltos e tão vermelhos como o fogo e um rosto delicado, uma perfeita boneca de porcelana. E eu me senti um boboca, um inútil.  Tímido.

-- Então – Falou Brian, o organizador do grupo de apoio. – Qual é o seu nome, jovem?

-- Meu nome é Rosie Donovan, tenho dezessete anos e sofro de osteossacroma, o que me levou a abandonar a faculdade de Artes. Hoje estou bem, mesmo com minha bela prótese! – Ela respondeu de forma alegre, sem demonstrar por um momento sua dor. Ela encarava a doença como quem ri de um palhaço de circo.

-- Ótimo, Rosie. Quer dividir conosco seus medos?

-- Esquecimento. Este é meu medo. Das pessoas que amei e tanto desejei bem, acabarem me varrendo de suas vidas.

Compreendi o que ela disse. Era perfeitamente normal para jovens como ela não saberem deixar sua marca no mundo. Notei em seu olhar um pouco de lamentação. Talvez por deixar a faculdade por causa da doença, resultando na amputação da perna e o uso da prótese. Ela usava uma saia parecida com dos anos 50, uma blusa branca com estampas florais e um cardigã azul. Após isso, Brian passou cantar o tempo todo, e eu trocava olhares minuciosos com minha bela colega.   

Why am I so shy
When I'm beside you?
(Por que sou tão tímido
Quando estou ao seu lado?)



Em tão pouco tempo nos tornamos não só colegas freqüentadores do grupo de apoio e sim amigos, grandes amigos. Paul, o rapaz prestes a ficar cego na cirurgia, também freqüenta o mesmo grupo que eu e nos tornamos amigos através de gestos, o que demonstrava nossa insatisfação com Brian e a pena sentida pelos integrantes. Rosie também é amiga dele. Um dia conversei com ele sobre o amor e ele desatou a chorar. Começou a dizer que Jane Asher, que sempre jurava que o amava, terminou com ele uma semana antes da remoção do outro olho cancerígeno.  Dei a ele o melhor consolo de amigo: permiti a Paul que quebrasse meus troféus da estande e naquele momento minha querida Rosie estava lá, linda como sempre.

-- Está tudo bem?

-- Está a mil maravilhas. – Falei com um sorriso amarelo, pelo constrangimento de Paul ainda quebrar meus troféus para se livrar da fossa.

-- Trouxe minha amiga aqui. Esta é Marianne Jones, pode chamar de Mari.

-- Oi, John! – Cumprimentou a amiga da ruiva. Mari é bem bonita e completamente normal. Ou seja, não possui nenhuma deficiência ou coisa assim.

Paul parou de quebrar os troféus e foi dar saudações as nossas visitantes. Notei imediatamente que ele gostou da menina normal. Aproveitei junto com Rosie, a deixá-los mais a vontade e fomos a sacada de casa, que dava para ver a lua e as estrelas.


It's only love
And that is all
Why should I feel
The way I do?
It's only Love
And that is all
But it's so hard
Loving you
(É apenas amor
E isso é tudo
Por que deveria me sentir
Do jeito que sinto?
É apenas amor
E isso é tudo
Mas é tão difícil
Amar você)



Se eu soubesse o quanto era difícil amar, iria querer meus livros. A medida que passava ao lado dela, meus sentimentos brotavam e desenvolviam em grande escala. Tentei me afastar dela mas era impossível. Conversávamos até via sms.  Contudo, esses sentimentos me prejudicaram certa vez. Acordei de madrugada com falta de ar e incapacitado de me mexer.  Gritei e meus tios me socorreram. Acordei no hospital de Liverpool.  Rosie foi me visitar em casa depois de dar alta.
Ficamos sentados no balanço que possuíamos.

-- Ficar longe ou incomunicável não diminui o que sinto por você. – Ela disse, tão confiante e sorridente.

-- Rosie, não quero em nenhum momento te perder mas... acho melhor pararmos aqui. Para nosso bem.

-- John...

-- Sou uma granada! – Falei quase explodindo. – Um dia eu vou explodir e destruir tudo ao meu redor. Eu... não quero magoa – lá em nenhum momento!

Confesso que não gostei do que disse mas era a verdade. Depois disso ela ficou em silencio, olhou pro céu e em seguida tirou do bolso do casaco jeans uma caixa prateada, abriu e sacou dentro um cigarro e colocou entre os dentes.

-- Estragou tudo! – Disse, mesmo sem saber as intenções dela.

-- Eu estraguei?

-- Sim, estragou tudo!

Ela revira os olhos de forma engraçada e logo explica o motivo do cigarro na boca.

-- É uma metáfora. Nunca acendi um cigarro, nem de brincadeira. Na metáfora, você põe essa coisa entre os dentes, mas não dá o poder de acender para te matar. Esta é a metáfora!

A partir daquele dia eu soube que ela é mais que tudo na minha vida. Jurei poder viver ao lado dela.  

Is it right that you and I should fight
Every night
Just the sight of you makes night time bright
Very bright
(É certo que você e eu devemos lutar
Toda noite
Somente a visão de você faz a noite brilhar
Bem brilhante.)



Rosie sabe como aproveitar a vida. Da maneira simples e bela. Os dias se tornaram muito bonitos quanto ficamos juntos. Até adquirimos nossos equivalentes “sempres” que Paul costumava trocar com Jane Asher. Dizíamos “O.K.” nas mensagens e nas ligações. E dessas palavras eu soube do meu amor. Fizemos piquenique no parque e lá a presenteei com uma rosa branca.

-- Oh, John! É linda. – Dizia ela tocando a flor. – Eu te amo, John Lennon!

-- Eu também te amo, minha flor! – Eu a beijei intensamente com os raios de sol me iluminando.

No mesmo dia vimos Paul e Mari andando de mãos dadas e trocando beijos. Saímos os quatro sempre na lancheria, no cinema, shopping ou na pizzaria.  Era muito bom.


Haven't I the right
To make it up, girl?
(Não tenho eu o direito
De consertar isso, garota?)



-- Eu vou morrer, John. – Rosie falava tristemente a noticia de sua morte. Ao que parece o câncer dela evoluiu rápido, resultando nas constantes dores no corpo e muitas vezes tossindo e cuspindo sangue, como se estivesse numa luta.

A vida é injusta. Fiquei rezando tanto para que pudesse viver só mais uns anos para preparar Rosie psicologicamente caso eu partisse antes. Agora é ela que partirá. Paul, junto com os outros dois amigos, George e Ringo montamos uma banda e cantamos a música que compus quando conheci minha ruiva. Chama-se “It’s Only Love”. Rosie ficou comovida e nos fez um pedido nada convencional.
-- Se não for pedir muito, quero que cantem no meu enterro. Ficarei muito feliz em poder ouvi-los cantando enquanto subo as escadarias do paraíso.

Ninguém negou aquele pedido. E junto preparei uma carta para quando for ler no funeral. Três dias depois da música mostrada para animá-la, Rosie foi internada as pressas. Tia Mimi não me deixou ir ao hospital, mas eu fui e fiquei do seu lado por dois dias. Voltei para casa, torcendo pela recuperação dela e planejando nosso futuro. Só que não...

It's only love
And that is all
Why should I feel
The way I do?
It's only love
And that is all,
But it's so hard
Loving you
Yes, it's to hard
Loving you
Loving you
(É apenas amor
E isso é tudo
Por que deveria me sentir
Do jeito que sinto?
É apenas amor
E isso é tudo
Mas é tão difícil
Amar você
Sim, é muito difícil
Amar você
Amar você)

Amar Rosie era difícil. E mesmo assim me apaixonei da mesma forma como se cai no sono profundo e relaxante. Entendi perfeitamente o motivo do padre sempre dizer “até que a morte os separe.” Só a morte poderia me separar. E foi o que aconteceu. Oito dias depois da minha ida ao hospital, Rosie Donovan não resistiu.
Tio George e Tia Mimi entraram no meu quarto e me contaram a noticia. Demorei uns cinco segundos para processar as idéias. Tico e Teco não compreendiam as palavras da morte dela até o momento. Derramei mais lágrimas do que no enterro de minha mãe e quase me juntei a ela na escadaria do paraíso pelas dores no pulmão. O enterro passou bem rápido. Li a dedicatória apaixonada e tocamos nossa canção. Após isso, Tio George me entregou uma carta. Sendo para mim, abri e um delicioso aroma floral emanou. Lembrei de Rosie e logo vi sua caligrafia delicada.

Amado John

Não sei como expressar tudo em uma carta. Certamente se estivesse em meu lugar, as palavras brotariam na mente como plantas regadas banhadas pelos raios solares. Se estiver lendo, eu já devo ter partido e meu enterro é regado por diversão. Lembra que no primeiro dia do grupo de apoio, Eu falei do meu medo de ser esquecida? Pois é, a carta serviu para você não me esquecer e principalmente, me amar... intensamente.
Se estiver em depressão, não entre em pânico, a garota certa pode estar perto, é só olhar nos olhos dela. Quero chorar mas a música da Lana del Ray me impede. 
Agora só me responde uma coisa, John. Você quer me encontrar no paraíso? Por que estou te aguardando ansiosamente. Só me responde com O.k ou não. Aqui no céu, sinto-me sem graça sem você.

Atenciosamente e apaixonadamente, Rosie Donovan.

Não é preciso responder. Ela sabia. Anoiteceu e finalmente proferi as palavras para minha resposta ao seu convite.

-- O.k.! – Eu falei, olhando as estrelas.

 A culpa não é das estrelas  e nem do universo.  


FIM