Neste capítulo dão-se o inicio do interligamento das fanfics da Grindhouse. Laços com Love Sell Out e a entrada de 1967. Boa leitura!
Capitulo 8: Strange Brew
Rosie POV
Naquela tarde ensolarada de inverno, Eric e eu resolvemos passear pelo
parque principal, localizado perto da prefeitura. Ele estava segurando minha
mão de forma firme. Até firme demais. Quando apertou a ponto de me doer, falei.
-- Ai, amor!
-- Me desculpe! – Disse Clapton, parando de caminhar e largando minha
mão. – Não quis te machucar.
-- O que está havendo, Eric? Desde que te encontrei, você anda calado,
pensando e agora machucou minha mão. Por
quê?
-- Quer mesmo saber? Hoje quando cheguei na agência, te vi junto com
Benson atendendo três músicos. Eu sei quem são eles. Os Hollies. O que tem um
bigode... ele te olhava... como eu te olhei quando nos conhecemos.
Depois da revelação, senti o quanto Eric tinha ciúmes. Não nego que
notei o olhar quase intenso de Graham
Nash (ele se apresentou para mim na saída, juntamente com Allan Clarke e Tony
Hicks) contudo, procurei ignorar isso. E agora Eric Clapton me dá uma
demonstração ciumenta.
-- Amor, tenha calma. – Disse, tocando seu rosto e fazendo carinho. –
Tenho olhos somente para você. PRA VOCÊ! Me entendeu? – Sorri, vendo que
consegui tranqüilizá-lo.
-- Ah... ok. Me convenceu. – Eric me beijou, mas depois que terminou,
me olha com jeito de alerta. – Ainda tem aquele beatle casado e o show para
agora na véspera de natal.
-- Já te falei que Lennon é passado. Eric Patrick Clapton, você é meu
presente!
-- E você é meu presente, Roselyn Anne Donovan.
É, a vida era muito boa.
Dias após a visita dos Hollies em Oxford, ajudei novamente o grêmio
estudantil a preparar o palco para os shows. Os Beatles apareceram por estes
dias e conseguiram ensaiar, embora o número de alunos que cabularam a aula no
objetivo de ver, tirar fotos e conseguir autógrafos dos Fab’s, fosse muito
grande. O reitor pediu que fosse
agilizado todo aquele movimento e inclusive queria que o show fosse antecipado,
coisa que não foi permitida por Benson. Felizmente, tudo correu bem. A semana do natal chegou com muita neve,
enfeites, arvores montadas e presentes. E dois super shows. O Cream foi o
primeiro a se apresentar e agitou como da outra vez. Depois os Beatles causaram
mais ainda. Tocaram alguns sucessos anteriores e faixas selecionadas do disco
Revolver.
Após as apresentações, tentei ir conversar com Lennon mas ele estava
acompanhado da esposa. Epa, olhando bem, não era a Cynthia e sim... minha
colega de quarto Jane Thompson (N/A: não confunda esta “Jane” com a “Jane
Berkley”, a amiga de infância de Rosie nas primeiras beatlefics). Não quis me
manifestar, até para não causar desgosto no Clapton.
Voltei para a republica junto com guitarrista e fomos pro quarto onde
nos entregamos mais uma vez ao amor. De madrugada, fui tomar água e encontrei
na mesa da sala, um presente e um bilhete escrito, direcionado a mim.
“Me perdoa pelo sofrimento que lhe causei.
Mas não esqueça que te amo, minha eterna garota de Liverpool.
Minha musa!
Do
seu eterno beatle casado, John Lennon!”
Abri a caixa e nela havia um disco dos Beatles (era o Rubber Soul), o
primeiro livro do Lennon, In His Own
Write e um caderno, cheio de poemas. Li um deles e reconheci ser o
manuscrito da música Girl, só que com outras palavras e uns versos... que
confesso, continham um pequeno nível de erotismo romântico nele.
Não mostrei para ninguém (com exceção de Mari e Felicity – esta última
um pouco mais tarde) aquelas relíquias.
No dia seguinte, Mari aprontou suas malas e disse que vai passar o
natal em casa com a família e que vai levar o Ginger Baker para todos o
conhecerem. Eram dez horas e Ginger encosta o carro em frente a republica,
ajuda Mari a carregar as malas e já partindo.
Só ficou eu, Mary Kate, Jane Thompson, Mike Tennant, Peter Carmichael
e James Winfield. Todos reunidos na republica pensando em como tornar o feriado
de natal algo inesquecível. James, que é aluno de medicina e gay, sugeriu uma
festa (festa para ele era regado de bebida e muitos espécimes masculinos, de
preferência que sejam salva-vidas), Mary Kate quis algo caseiro. Jane e Mike
concordam e Peter (também homossexual, namorado de James e amante do teatro)
também adere a festa, mas que fosse como os shows da faculdade, para haver mais
agito no campus.
No final todos optaram em comemorar o natal primeiramente num pub e
depois mais tarde na republica. Contudo,
algo aconteceu inesperado: a previsão do tempo dizia fazer sol e um pouco de
calor no feriado. Quando foi dia 23, acordei com a visão totalmente
esbranquiçada das ruas de Oxford. Havia nevado a noite toda e agora estava
muito frio, registrando temperaturas muito mais baixas que o normal e pra
piorar, estava nublado demais. Resultado disto tudo é que mudamos os planos.
Não íamos mais ao pub charmoso.
Mary Kate, Jane e eu ficamos cozinhando, enquanto Mike, James e Peter preparavam
a casa, colocando os enfeites e arrumando a mesa. E também ajeitar os discos
para haver um momento de dança. Fiquei
pensando em Clapton e o quanto o ciúme dele foi demonstrado. Afinal, só
conversei normal com Nash. Refleti também isso em relação ao John Lennon e a
treta que ele teve com meu namorado em frente a agencia. Se acontecesse com
Lennon, certamente jogaria uma cadeira proposital nas costas do guitarrista dos
Hollies.
-- Rosie! Presta atenção, não deixa a farofa e o bacon queimar demais!
– Exclamou Jane, que me viu “viajando na maionese” e não mexendo a farofa e o
bacon no cozimento.
Voltei às atenções na cozinha, me desculpando com todos. De novo o
serviço foi interrompido com uma ligação. James atendeu e me chamou na sala.
-- É a Marianne. Rosie, ela quer falar com você.
Limpei as mãos no avental, fui pra sala e peguei o telefone.
-- Alô?
-- Oi, amiga. Sou eu, Mari.
-- Oi. Eu tava cozinhando farofa com bacon e sua ligação me
interrompeu. – Falei de forma divertida. Mari deu uma risadinha na linha.
-- Me desculpe pela intromissão, “mamãe”. Como está o clima aí em
Oxford?
-- Nevando como no Alasca. Ou seria na Sibéria?
-- Ai nossa... – Mais risadas por parte de Mari. – Mas só você está
viva ou os outros também sobreviveram?
-- Estamos todos vivos, Mari. Pra você ter perguntado da temperatura
daqui, então em Sheffield deve estar também gelado!
-- Mais ou menos. Não tem neve, mas está tão frio. E tem vento!
-- Para de reclamar, Marianne. Você tem o Ginger. Ele é seu “aquecedor”,
se é que me entende.
-- Eu entendi. Vou desligar agora, minha mãe ta no quarto e pelo visto
quer conversa. Beijo amiga e feliz natal!
-- Beijos, Marianne e vê-se volta para o ano novo. Feliz natal!
Quando desliguei o telefone, mais uma surpresa me acontece: Eric
Clapton.
Meu namorado resolveu passar o natal comigo na republica. Meus colegas
quando viram isso, tentaram se conter de alegria. James e Peter estavam loucos
e queriam gritar junto com Jane e Mary Kate. Mike ficou meio indignado, mas
depois aceitou. O problema era não falar para ninguém sobre isso. E assim encerrou nossa saga natalina, com
direito do Clapton ser a atração principal.
No ano novo, mais festas, desta
vez dentro da faculdade. Marianne voltou para Oxford no dia 26 perto do meio
dia, nos contou da aventura com Ginger na casa dela, a surpresa dos pais com relação
ao namorado e muitas outras coisas. Depois disso preparamos a festa na
faculdade, o que rendeu muito sucesso, um verdadeiro baile para a entrada de
1967!
Enfim, 1967 chegou com toda glória! Confesso que ainda me sentia em
1966. Janeiro não fizemos absolutamente nada, só na republica, festas, show e
muita bebedeira. Ah, e tinha também as drogas. Resolvi experimentar o LSD. O
que deveria ser uma simples “viagem”, se transformou em imagens muito surreais
e loucas. Ria sozinha e ao mesmo tempo flutuava na cama. Numa destas experiências,
tive uma visão (nem imaginava que era profética) meio perturbadora: vi Clapton
indo embora... e acompanhado com uma bela mulher mas não era a Charlotte. Era
uma loira com cara de anjo e olhos azuis muito vivos. Uma modelo.
O efeito da lisergia acabou, fui vomitar e sentir uma dor de cabeça
daquelas. Não
levei muito a serio aquela visão. Dias depois, Eric me telefona
dizendo que a turnê de Londres foi um sucesso e eles vão para outras partes da
Europa e só terão folga em
março. Quando terminei de falar com Clapton, vi Mari também
vomitando e ela justifica que era do efeito do acido acabar.
-- Nossa, isso foi louco! – Dizia Mari, indo sentar no sofá, meio
cansada. – E mais louco ainda é que tive uma visão, sabe?
-- O que tipo de visão? – Questionei, também no sofá.
-- Eu vi que teria uma filha e ruivinha! É louco, Rosie! – Mari estava
rindo daquilo. Não acreditava das visões e o modo como ela dizia, acredito que
seria uma possibilidade dela ter um filho de cabelo ruivo. Ou uma filha.
-- Isso não é nada, comparado com a minha visão. – Falei sem saber.
-- Mesmo? O que tinha na sua visão? Me conta!
Estava quase falando sobre isso e de repente o telefone toca. Pensei
por um momento estava salva mas seria o Ginger a querer conversar com sua “pequena”.
Perfeito engano! Era Felicity McGold, a minha amiga da revista Rolling Stone.
-- Oi, Garota de Liverpool!
-- Oi, garota azarada nos relacionamentos. Quem é a vitima da vez?
-- Gordon Waller! Aquele cantor me traiu com uma modelo que contratei.
-- Caramba! E o Dave Davies? Vocês...
-- Ele terminou comigo! Ele achava que estava saindo com John Lennon,
o que não é verdade.
-- Não estou te condenando, Fefe. Contudo... puxa, seus
relacionamentos não duram!
-- Não tenho tanta sorte como a Nora. Nem te conto o que aconteceu
aqui...
Fefe relata uma briga entre Ray Davies, dos Kinks, contra Keith Moon,
baterista (doido) do The Who. Ao que parece, Fefe e Nora foram contratadas pela
banda para a construção do novo disco deles e no processo, Nora se apaixonou
por Keith e foi correspondida no entanto, Ray Davies não aceitou nem um pouco
isso e surrou legal o baterista mas tudo acabou nos conformes. E antes disso
tudo acontecer, houve outra briga mas com vitória não pros Davies. Fefe quase levou
um tapa de Dave e se não fosse pelo guitarrista Pete Townshend, certamente
estaria com rosto marcado pela pancada.
-- Não querendo dar uma de Matusalém
mas, acho que você encontrou o cara certo e fixo para o relacionamento
duradouro.
-- Quem?
-- O Pete. – Falei e Fefe não compreendendo.
-- Pelo amor de deus, Rosie. Pete Quaife não. Ele é um amigo mas não
tenho coragem de ficar com um cara que parece um coala!
-- Quem disse que era o Quaife? Me refiro ao Townshend! – Acabei dando
risada e Mari que ouvia toda a conversa também morria de rir.
-- AH VAI SE FERRAR, ROSIE DONOVAN! Eu e o Townshend não temos nada a
ver!
-- Aposto meu salário que sim, agora vou desligar. Tchau, Felicity!
-- Tchau, Rosie. Manda um abraço pra Mari!
Desliguei o telefone e fiquei trocando umas idéias com Mari e o
restante do pessoal. Mal posso esperar para os surpreendentes acontecimentos de
1967!
Continua...