Olá pessoal!
Tarde linda pra uma leitura, não é? Vamos para mais um capítulo da saga extensa dos Vampiros Modernos da Cidade. Surpresas terão! Boa leitura!
Parte 15
Londres,
Inglaterra
A neve não atrapalhava aquelas pessoas de seu passeio matinal
e alegre. Muitos traziam crianças para brincarem e outros só observavam. Se
neve fosse purificadora, limparia os pecados das pessoas e até mesmo as livrava
de suas maldições. Esse pensamento foi o que Moses Smith teve. Quem o olhava,
se tratava de um rapaz comum de vinte e cinco anos, alto, olhos azuis vivazes, cabelo
preto e traços galeses. Contudo seu sotaque o denunciava. Ele nasceu escocês.
Ele caminhava na praça, totalmente despreocupado quando ouviu
uma série de vozes lhe sussurrando. Olhou para os lados, ninguém era suspeito.
Depois as vozes se tornaram mais audíveis. Era uma espécie de oração diabólica
proferia em outra língua. De repente suas pernas perderam as forças e ele
fraquejou em plena luz do dia. Algumas pessoas tentaram prestar alguma ajuda e
o jovem recusou, se reerguendo altivamente e continuando a andar e ignorando a
voz.
Em voz baixa rezou em latim e fez o sinal da cruz. As vozes
pararam. Era sempre assim e Moses nunca soube como carregava aquela maldição de
ouvir, enxergar fantasmas e a clarividência. Já de volta pra casa, ele sentou
na poltrona e acendeu um cigarro.
-- Aconteceu de novo, Moses? – perguntou uma voz feminina.
-- Sim. – confirmou, sem receios.
-- O que dizia?
Moses tentava se lembrar, mas não queria preocupar Mary
McGlory, sua companheira estável que veio de Liverpool.
-- Ele falava algo que não entendia bem, mas pelo modo como
era dito, seja maligno.
Mary se vestia como um rapaz, igual a Moses e possui cabelo
curto bem penteado. Além de tudo, a moça possui um segredo que só ele sabe: ela
é uma loba. Possivelmente, uma das últimas de sua raça.
Ela abraçou o amado e o beijou calmamente.
-- Acha que podem estar atrás de você?
-- Talvez... – Moses duvidada em toda sua ingenuidade. – As
mortes de Sophie e do Bran foram uma coincidência.
-- E quanto ao seu pai?
-- O suicídio dele foi uma ponta do iceberg. De algo muito
acima de minhas capacidades.
-- Bruxaria?
Moses não respondeu o que confirma a resposta de Mary. Então,
ela sugeriu.
-- Ouça, eu soube que há lobos liverpoolianos e de outras
partes da Inglaterra vivendo em outro país. – ela disse, muito feliz.
-- E onde eles vivem?
-- Em uma cidade da Alemanha. Deve ser... Munique.
Quando ouviu o nome da cidade, imagens invadiram a mente do
profeta, de um trio de rapazes se transformando em vampiro, uma moça que traz
os mortos de volta a vida, uma vampira de coração partido e virando cinzas e
diversas criaturas...
-- Não, Mary! – Moses saiu do sofá e encarou a loba. – Não
quero ir para lá.
-- Mas, amor. Meus amigos, meus compatriotas vivem lá. Se o
Conde de Londres sobreviveu, há uma esperança.
-- Já falei que não! – jogando o vaso contra a parede. – Eu
previ, Mary. Existe um vampiro poderoso que vive lá.
-- Moses, pense bem. Se ficar aqui, eles vão te atingir. Já
tentaram pela manhã. Que dirá amanhã ou depois?
-- Planejava ir a Berna, onde se tem a matriz da Ordem.
Eles... Podem me curar e curar você.
-- EU NÃO QUERO SER CURADA! – uivou Mary, brava. – QUANTAS
VEZES PRECISO DIZER QUE NASCI ASSIM? É DO MEU SANGUE?
Se calaram por uns minutos e Mary voltou para o quarto,
resignada e triste. Moses permaneceu na sala, pegando a Bíblia para ler e
rezar...
Nördlingen,
Alemanha
Ela abriu a porta enferrujada da torre Daniel, da igreja St.
Georg e contemplou a visão panorâmica da cidade. Provavelmente era a única que
não sofreu ataques dos vampiros e lobisomens. Hilda Müller era uma mulher
amargurada. Seu filho mais velho desapareceu, a nora foi morta por uma vampira,
o filho mais novo consumido pela tuberculose e seu marido assassinado. No
entanto, ela era conhecida não por ser esposa de um barão. E sim por ser uma
feiticeira muito temida e poderosa. A cidade inteira a culpa pelas calamidades
ocorridas em sua família. Aparentemente,
ela deveria ser queimada na fogueira se não fosse a manifestação energética de
seu poder, assustando os habitantes da cidade.
E agora Nördlingen não tem mais pessoas. E Hilda é a única
que vive.
Ali mesmo na torre estava uma lareira acesa e um caldeirão
fumegante. Ela preparou um poderoso feitiço para localizar seu filho, Gerhard.
-- Eu sei que está vivo, Gerhard... – resmungava Hilda,
pingando sangue de morcego decapitado e mexendo o caldeirão. – Só preciso fazer
o feitiço certo... E também me livrar da nosferatu que matou Uschi. Ah, eu sei
quem é ela... Louise McGold! Ah, é uma pena de ela estar morta... De qualquer
maneira, retirar essa maldição.
Ela riu maldosamente, sabendo que a nosferatu responsável
pela morte de muitas pessoas e amaldiçoar seu filho está no merecido lugar e
que poderá salvar seu filho.
Munique
De longe se vê um funeral com queima de fogos na lenha. Os
lobos britânicos e italianos, junto com os vampiros e humanos prestaram suas
homenagens aos dois mortos na batalha de retomada da Ilha dos Lobisomens. Rosie
derramava lágrimas, mas não emitia um gemido ou falava. Estava quieta demais e
segurando seus dois filhos no cesto. Pobres Cecília e Calum. Crescerão e nunca
saberão como era o pai deles. Seu peito ardia de raiva. Olhava para os casais,
todos felizes. Questionou-se o motivo de não conseguir sua felicidade. Tinha
George Best como parceiro, um amor para toda vida e num golpe do destino, ele
partiu para longe e nunca mais.
A raiva consumiu mais. Ela se lembrou do parto e foi Ana que
fez. Não gostava da idéia de dever algo para alguém, ainda mais a mulher que a
salvou de uma gestação arriscada e lhe tirou o amor de Marianne.
Do lado dos vampiros, Gerd também chorava e não dizia
absolutamente nada. Contudo, não tinha raiva das pessoas, exceto dele mesmo e
de Alice. Muito mais de Alice. A culpava
por separar de sua mulher, a culpava por ter sido sua noiva na primeira vez,
sendo que seu coração era e sempre foi de Louise. A culpava por ter tido
Meredith, sendo que Louise era que mais desejava ter um filho com ele e foi
motivo de desavenças entre eles. A vontade que Gerd possuía era de gritar.
Aos poucos cada um seguia para seu devido lar. Rosie e Gerd
foram os últimos. Ele carregava uma caixa contendo as cinzas de sua ursinha e
Rosie levava um lenço vermelho que era de Best.
-- Lamento por sua perda. – disse Rosie, friamente.
-- Lamento também por sua perda. – devolveu Gerd, no mesmo
tom.
-- Sabe, eu queria procurar os culpados. E só então Anastacia
figura em minha mente. – comentou a loba.
-- Ela salvou sua vida e fez o parto dos bebês. – retrucou
Gerd. – O que ela fez tão grave assim?
-- Amava Marianne, como amava o Best.
Gerd compreendeu. Neste caso concordava em parte com a lupina,
contudo, via ainda desnecessário culpá-la pela morte de George Best.
-- E por que você não matou Alice? – perguntou Rosie.
Gerd se chocou.
-- Louise poderia estar viva, se aquela mulher fosse morta
pela segunda vez.
-- Ela teve uma filha comigo. – respondeu o vampiro, ainda
digerindo as últimas palavras de Rosie.
Cansada, Rosie pegou o cesto e lançou um olhar penoso para
seu amigo vampiro.
-- Mas sabe por que Alice teve essa filha? – indagou a loba.
– Foi de sua infidelidade. Em todo caso, você tem maior culpa nisso e na morte
da Louise! E devia se aliviar. Você é um vampiro livre e sem mais o pacto com
ela!
Quando Rosie voltou para casa na Ilha, Gerd viu a palma de
sua mão onde continha a marca do pacto de sangue. Não existia mais. Ele e
Louise não possuem mais o elo que os mantinha unidos. E neste momento uma chuva
torrencial caiu na floresta.
Nuremberg
Alana não sabia o que estava sentindo. Arrependimento por
ajudar Mike Nesmith na batalha da retomada da Ilha dos Lobisomens ou por não
ter dado ouvidos a ele. Toda essa dúvida surgiu depois que ela, seu filho
Jason, Chris Hillman e Gram Parsons chegaram ao porto muniquense e perderam o
navio que os levava para América.
-- Me desculpem. – disse Alana, com culpa.
-- Não diz isso. – Chris e ela aparentemente se acertaram
neste meio tempo. – O capitão nunca gostou de nós.
-- Tenho medo que ele seja da Ordem ou da Iscariote. – disse
Parsons, despertando curiosidade em Alana.
-- Iscariote?
Os dois se arrependeram em dizer.
-- Iscariote são como os caçadores da Ordem. – explicou
Parsons. – No entanto, em vez da fé divina, eles usam lobisomens e vampiros
como caçadores. E até dizem que curam a maldição vampiresca e lupina e injetam
sangue das criaturas nos homens para torná-los mais poderosos e exímios
caçadores.
Alana riu disso. Sabia da existência da Ordem, afinal
conhecera Paul Breitner e o padre Uli Hoeness, membros do grupo. Agora sobre a
Iscariote, era a primeira vez que conhecia.
-- Que bobagem.
Os dois não disseram nada e decidiram tomar outro rumo.
Chegando a Nuremberg, encontraram uma pequena tribo de lobos se divertindo na
fogueira. Parsons e Hillman reconheceram seus amigos, David Crosby, Gene Clark
e Roger McGuinn.
-- Olha aí! – gritou David, surpreso. – Eles voltaram e com a
Alana!
Os lobos vibraram com o retorno deles, principalmente com a
loba amiga. Estranharam o menino.
-- O nome dele é Jason. – Alana apresentou seu filho, um
tanto tímido. – É... Meu filho.
-- Nossa! – exclamou Gene. – Puxa, então bem vindos!
Novamente!
Alana novamente sentiu aquele conforto gostoso igual quando
foi integrada a Ilha dos Lobisomens, contudo, percebeu que além dos seus
amigos, haviam mais lobos que não conhecia. Uma loba loira que gosta de cantar
e tocar violão chamada Joni Mitchell, um vampiro cantor chamado Graham Nash e
um alquimista de nome Stephen Stills. Outras lobas conversavam entre si e
olhavam para Alana e seu filho. Uma delas, Marianne Faithfull, amamentava seu
filho, o pequeno Nicholas e fitava curiosa a loba baixinha.
-- Como vocês encontraram Alana? – questionou Roger. No fundo
ele não queria a loba na alcatéia.
Hillman e Parsons suavam frio e engoliram em seco. Não podiam
de jeito nenhum revelar a magia de Phyllis Barbour os ajudou na localização da
lobinha.
-- Seguimos pelos instintos. – respondeu Hillman, piscando
demais os olhos e bebendo um pouco de água.
Todos acreditaram, menos a própria Allie. Algo em seu coração
dizia que tudo aquilo era mentira e bem pior do que a traição de Nesmith.
-- VOCÊ DE NOVO?
A voz em questão era feminina e atraiu atenção de todos.
-- Fico mais impressionada que você esteja aqui em vez na
América. – respondeu Alana, sem medo. Ela conhecia a dona daquela voz. – Kathy
Giordano!
Apreensivos, os lobos se afastaram e Parsons pegou Jason,
deixando-o longe da mãe, prevendo um possível confronto entre duas lobas...
Munique
Desde a batalha da retomada da ilha, Felicity não saiu mais
da fazenda. Isolou-se de todos e raramente procurava os filhos. Sentia-se
incapaz de cuidá-los, perdia-se em seus afazeres domésticos. Mal conseguia
manter a plantação e seu jardim. Não entendia. Conseguiu vingar seu marido e o
vazio em seu coração ainda permanecia. E com ele as dúvidas e raiva em seu
coração. Muito antes da luta começar, desenvolveu uma paixão avassaladora por
Gianluigi Buffon, um lobo italiano, depois acendeu um tesão no doutor vampiro,
Johan Cruyff e por fim reviveu o sentimento por George Smith, o irmão de Nora.
E apesar de salvar Nora e saber que sua visão dela se deitar
com Holly Grey era ilusão, Felicity não podia mais depender dela e
principalmente descobriu mais tarde que Nora foi responsável por separar Sepp e
Holly, provocando no noivado deles.
Para esquecer tudo isso, ela escreveu duas cartas. Uma para
Ana e outra para Micky Dolenz. Manteve a fazenda arrumada, as janelas fechadas
e a porta trancada. Antes de fechar o portão, Felicity fez duas torres de
pedras, uma em cada lado e desenhou com seu sangue do dedo cortado um
escorpião. Era uma proteção mágica que impede de qualquer um entrar na fazenda.
Deixou as cartas por debaixo da porta, por risco de não ser vista por ninguém.
Mas na Ilha dos Lobisomens, uma pessoa avistou a profetisa. Era Peter Tork.
And if you don't love me now
You will never love me again
I can still hear you saying
You would never break the chain
Nora chorava na cama. Tinha pesadelos e todos envolviam
Felicity a deixando para trás, como se não existisse. No entanto suas condições
a impediam de sair da cama. Ela agora sabia que esperava um filho do Sepp. E
certamente Felicity não concordava. Neste momento George entrou na casa de Ana,
completamente furioso e destruindo as coisas. Esbravejava palavras em gaélico e
era contido pelos Pythons. Ana afastou Joey da sala e o fez dormir. No quarto
lia a carta deixada por Felicity.
Anastacia...
Não sei como posso dizer... O momento que venho passando não é dos
melhores. Sinto que meus poderes estejam aumentando e temo não poder controlar
minhas possessões. Ao mesmo tempo o medo de machucar alguém é maior. Venho por
esta carta que cuide do meu filho, Joseph. Tenho certeza que vai gostar dele.
Ele é um menino obediente, bom e gentil. E ele gosta de você e muitas vezes
pediu que falasse contigo para ensiná-lo a ressuscitar seres que já morreram.
Nunca pedi nada, mas agora peço, em meu nome e do meu menino.
Prometo retornar antes do próximo inverno e faça também meu Joey não se
esquecer de mim e da irmã dele, que é cuidada pelos Dolenz.
Obrigada por tudo
Felicity Neuer
Na Ilha dos Lobisomens, Emma e Micky, intrigados, receberam a
carta. Sabiam que a única pessoa que poderia se comunicar com eles era
Felicity.
Micky e Emma..
Sinto-me constrangida em dizer por carta, o que pode ser cara a cara.
Mas sei que iriam me impedir ou persuadir a ficar. Estou indo embora
temporariamente de Munique. Como devem saber, com a batalha da retomada da Ilha
dos Lobisomens, meus poderes se desenvolveram e ameaçam todos ao meu redor,
inclusive meus filhos. Para me livrar da maldição e das visões do futuro, irei
a Londres buscar respostas. Prometo retornar antes do inverno. Peço que até lá
continuem cuidando da minha morceguinha, Karin. Ela e Joey são minha
continuação e do Manuel. E a façam não esquecer do irmão e nem de mim. Sou
grata a vocês.
Com amor, Felicity Neuer
Micky se trancou no quarto e deitou-se a chorar. Se perguntou
se teria sido melhor casar com a profetisa em vez de corresponder o imprinting com
Emma. Era inegável que desde o início, com a profetisa era algo muito além do
amor. Era uma paixão avassaladora, inesquecível. E ele tinha se mostrado muito
disposto em cuidar dela e muito ciente de suas possessões. E agora ela foi
embora, mesmo sob a promessa de retorno, Micky tinha medo de que Felicity
talvez não retorne mais...
No castelo Beckenbauer, Gerd iniciou uma pesquisa na
biblioteca. Buscando uma nova forma de trazer Louise de volta a vida. Num dos
livros de magia negra, encontrou a forma. Leu cuidadosamente e compreendeu tudo.
-- Só preciso de sangue... de vampiro ou de humano.... –
disse.
Abriu a porta da biblioteca e viu Alice caminhando com a
filha. Imediatamente sorriu. Era a oportunidade perfeita para uma vingança. Ele
esperou Alice colocar Meredith pra dormir e no exato momento que entrou no
quarto, aplicou a fascinação na vampira.
-- Agora vai me obedecer, Alice.
Os olhos dela se fixaram no dele, impossibilitada de qualquer
ato pra se livrar do feitiço vampiresco.
-- Sim.... – ela se ajoelhou. – Mestre!
Gerd sorriu, maléfico.
-- Agora irá comigo para floresta e me ajudar a trazer a
ursinha de volta!
Alice não respondeu. Conforme a ordem dada, ela obedeceu. E
saíram do castelo. Numa parte isolada da floresta, distante da Ilha dos
Lobisomens, o visconde desenhou um pentagrama no chão, disse umas palavras ditas
no livro e depositou a urna que guarda as cinzas de Louise no cento.
Sacou um punhal e deixou Alice perto da urna.
-- Com seu sangue e sua vida, minha mulher viverá. E você....
– colocando a lâmina no pescoço. – Morrerá!
Ele não completou o ritual pois alguém arremessou uma pedra e
o atingiu na mão, derrubando o punhal e acordando Alice do transe. Era o médico
Johan Cruyff.
-- SEU DESGRAÇADO! – socando Gerd. – COMO OUSA FAZER ISSO?
Gerd agarrou Cruyff pelo pescoço e o estrangulou.
-- SAIA DO MEU CAMINHO, DOUTOR! – e o jogou contra um tronco.
A vampira se recupera
e quando olhou o pentagrama e aquela urna, se afastou e viu a briga dos dois.
-- Quero minha ursinha de volta! – berrou o visconde, errando um soco forte. – E essa
é a única forma de fazer acontecer.
-- Mas tanta gente pra matar, em outros vilarejos... – ele ofegava,
escapando dos socos. – Por que deseja matar Alice?
-- Ela arruinou meu casamento. Me separou da minha esposa!
-- Mas você provocou isso!
A frase causou impacto a Gerd. A culpa também era dele, por
ceder aos desejos. Na primeira noite de traição, tinha jurado nunca mais fazer
aquilo e para esconder de Louise, pensava em outras coisas para sua esposa não
ler seus pensamentos. No segundo encontro fez a mesma coisa. E no terceiro jogou
tudo pro alto e continuou a se encontrar com Alice mais vezes... até o dia que
Louise e Palin os flagraram.
-- Se tentar outra vez assassinar Alice, contarei tudo pro
conde! – disse o médico, levando Alice consigo para o castelo.
Decepcionado e enfurecido, Gerd desceu mais socos nas árvores
e seus olhos, antes castanhos, ganham a forma vermelha e despontou os caninos.
Caminhou longe até um vilarejo e provocou uma série de mortes, tudo pra retirar
sua raiva crescente no peito por conta da culpa.
Uma hora depois, um sujeito meio bêbado, usando batina e na
mão carregava seu cantil de uísque, sem querer tropeçou num tipo de caixa.
-- Ai! Maledetto! – resmungou em italiano.
Um pouco mais consciente, ele olha ao redor e descobre o
pentagrama gravado no chão e quando abriu a caixa, encontrou as cinzas. Com um
dedo, tocou aquele monte de pó e lambeu.
-- Cinzas de vampira. – sorriu o suposto padre. – Alguém deve
ter tentado ressuscitar você e não conseguiu. Mas agora eu farei isso.
Como conhecia o ritual satânico, não foi difícil para o sujeito
rezar em latim desconhecido e pegando a adaga deixada no chão, cortou seu pulso
e derramou um pouco no desenho e nas cinzas. Em instantes um brilho irradiou no
pentagrama e por fim uma explosão energética com algumas descargas elétricas.
No meio da fumaça, uma forma pequena, feminina, sem roupas, caminhou até o homem.
-- Foi você que me trouxe de volta? – questionou a moça, de
olhos azuis brilhantes , pálida.
-- S-sim. Fui eu...
A garota o agarra e rasga a batina.
-- Muito obrigada!
Não deu tempo para Giacinto Facchetti, um falso padre, de
dizer algo. Ele simplesmente deixou que Louise o mordesse. Era seu objetivo. Virar
vampiro e graças a nofesratu viva, concluiu seu propósito.
Londres
Chegando em Upwest Downing, sua mansão, Serguei Hobbes se preparava
pra descer da carruagem quando foi abordado por outra pessoa.
-- Moses?
-- Preciso falar com você.
Serguei permitiu o embarque do rapaz e mandou o cocheiro
continuar as voltas.
-- Eu vou a Munique com Mary. – disse, um pouco soturno.
-- Tem certeza? Você falou com ela sobre a cura?
-- Disse, mas Mary não concorda. – ele gesticulava, nervoso. –
E ela quer se encontrar com seus compatriotas.
-- Foi em Munique o desaparecimento da minha irmã! – berrou Serguei.
– E Mickey foi para lá, na esperança de encontrar ela ou ao menos o corpo dela,
se estiver morta.
Moses engoliu em seco. Não tinha coragem de revelar a Serguei
que Louise não é mais uma humana. Antes de dizer mais, ouviu-se o grito do cocheiro
e o sangue manchando a janela. Os cavalos também berraram e pararam em seguida.
Serguei logo sacou sua pistola com balas de prata. Depois um corpo
desconhecido, de olhos esbugalhados vermelhos e dentes afiados tentou invadir a
carruagem e atacava Moses. Serguei o defendeu, com chutes e tiros.
Os monstros aparentemente foram embora. Moses tentou abrir a
porta.
-- Não faça isso... – pediu Serguei.
E na abertura o transporte virou, deixando os dois de cabeça
pra baixo.
-- Moses...
-- Serguei, me ajuda...
Os dois saíram com dificuldade mas uma das criaturas agarrou
Moses pelo pescoço. Ele temeu internamente. Era uma mulher, sem cabelo e roupas
e com marcas no corpo.
-- Filii lucis maledixit: sanguis ejus in lucifero serve!
(Filho amaldiçoado da luz, seu sangue servirá para Lúcifer!) – disse o ser,
pronto pra matar Moses.
Serguei apontou a arma mas foi rendido por outra semelhante a
primeira.
Moses fechou a cara e começou a dizer coisas em latim.
-- Creatura tenebrarum de me antequam patiatur mille labores
eius manducabunt et pellem diaboli consumentur carnes vestras. (Criatura das
trevas, sofrerá mil dores antes de me tocar, sua carne queimará e o demônio
rasgará sua pele e ser devorado!)
O monstro de forma feminina tremeu e a surpresa maior foi
outra pessoa dizendo a mesma língua que a de Moses.
-- Omnis qui loquitur surge et accipe ab inferno, et flammas
in tenebris, et rex non minabatur qui debet. Animal foedum movent dabo carnes
devoraremos aut sanguinis eius! (As chamas do inferno surgirão e levará todo
aquele que proferir o rei das trevas e ameaçar quem não deve. Criatura nojenta,
afaste-se ou devoraremos sua carne e entregar seu sangue para ele!)
Depois das palavras, foram embora, deixando os dois homens chocados.
Moses reconheceu a dona da voz. Sua irmã, Felicity.
-- Fefe! – Moses a abraçou.
-- Moses....
Nenhum dos dois perguntou o motivo ou outro questionamento.
Moses sabia e Fefe também. Serguei por sua vez, guardava a arma e conduziu os
dois para sua mansão. Ele sim tinha questionamentos e só Felicity poderá responder...
Continua...