sábado, 15 de abril de 2023

A World Without Love (Greek Myth Grindhouse)

 Boa noite de novo!

Agora vamos de nova adaptação da mitologia grega. Uma versão diferente de Eros e Psiquê, com adição de outro. Espero que gostem! Ps: tem 3 cenas pós créditos. Uma das cenas meio que me empolguei.



A World Without Love__ Srta. Maya

 

Toda história é composta de um acontecimento, uma jornada heroica, um contratempo, uma batalha, reveses e um romance. O caso a seguir mostra como o amor nos encoraja a realizar tamanhas façanhas que nem mesmo nós somos capazes de tal feito.

 Esta é a história de Noel e Karin. Um deus e uma nereida. Noel é filho de Odile, a deusa do amor com Franz, o deus da guerra. Karin é filha dos governantes dos mares, Pete e Felicity, portanto, também herdeira dos oceanos. Noel é sempre solicitado por sua mãe para "flechar" os casais e uni-los amorosamente, seja por ordem de sua mãe ou pedidos eloquentes dos mortais nos templos da deusa amorosa. Era raro seus erros e por vezes acabava dando certo, como foi o caso do guerreiro Christopher, filho do centauro Alexei com Tatiana, e Vivian, a irmã de Rosie, a deusa da lua e da caças.

 No entanto Odile estava irritada e o motivo foi a filha de Pete. Karin é tida como uma das mais belas nereidas de Atlantis e seus pais e irmãos não poderiam ser mais orgulhosos. Cada vez que a jovem era vista caminhando na praia ou na cidade, as pessoas admiram sua beleza e muitas vezes diziam que ela era filha da deusa Odile ou até mesmo sua beleza se equipava com a deusa. E isso foi o suficiente para enfurece-la. Decidida em dar uma lição na garotinha, Odile ordena que Noel fleche a jovem com a criatura mais horrenda que se possa ouvir falar.

 – Mas… – Noel não conhecia alguém que fosse tão feio pra ser horrendo. – Com quem, mamãe?

 Odile ficou em dúvida. Então lembrou do filho dos governantes do Submundo. Nikolai, o irmão gêmeo de Christopher e filho de John e Ana ainda não conseguiu uma esposa, ao passo que seu irmão está muito bem arranjado com Pearl, a filha de Odile com Bran, o deus do vento oeste.

 -- Acerte a flecha do amor louco em Karin e a faça enxergar Nikolai tão loucamente que ela não pensará em outra coisa.  – Respondeu entre risinhos.

 Noel não gostou da ideia, entretanto como sempre faz, não contrariou a vontade da mãe. O plano era bem fácil. Karin é uma nereida previsível. Todas as tardes vinha para o litoral de Micenas para se encontrar com sua melhor amiga Eva. As duas deusas se alegraram com a companhia uma da outra e se divertiam no mar. Muitos rapazes apareciam para observa-las e também eram corridos de lá por causa da fúria dos pais das garotas.

 O deus do amor se escondeu atrás de algumas palmeiras da ilha e mirou a flecha no coração de Karin que estava poucos metros de distância. No entanto, a arrebentação das águas foi forte demais atingindo Noel, derrubando o deus de joelhos na areia. O arco e flecha se desfizeram de suas mãos e sem querer acertou em cheio o coração do usuário. Noel aparentou passar muito mal. Seu coração acelerava demais e provocava suor em sua testa e corpo. Depois que se equilibrou, seus olhos miraram na visão de Karin. O filho de Odile nunca reparou o quanto a nereida é bela. Os cabelos negros como a noite, pele bronzeada com o sol e maresia e as pernas mais lindas e delicadas já vistas e quando se transforma em cauda de peixe, reluzem sob as águas.

 Noel suspirou excitado e quando se deu conta, envergonhou-se e subiu para o Monte Olimpo. Ele correu para o quarto para evitar de topar com a mãe nos corredores.

 Uma semana depois Pete consultou Gerd para saber se Karin ainda tinha chance de se casar com alguém. O deus arqueiro e profético não tinha boa reação.

 -- As nuvens no céu cobrindo as estrelas de Andrômeda e Perseu... – Apontando para o céu. – E a estrela vermelha querendo atravessar nelas é o indício que Karin se casará com uma criatura estranha.

 Pete tremeu e quase derrubou seu tridente ao chão.

 -- Não tem outra opção? – Perguntou o rei dos mares.

 Gerd olha novamente para o céu e enxergou mais atentamente que a estrela vermelha se movia e fundiu-se com as que ligam as constelações, como quem quisesse unir o casal lendário.

 -- Gerd? – Exigiu Pete. – Por favor...

 -- Te acalma, narigudo! – Ralhou o deus arqueiro. – Só o tempo dirá.

 -- Como assim?

 -- Assim não consigo me concentrar.

 -- É muito importante.

 Ignorando os pedidos da divindade, Gerd seguiu olhando aquela estrela para confirmar sua interpretação. E realmente, só o tempo dirá se Karin vai sobreviver. O difícil era explicar para um deus impaciente que controla as águas com um tridente...

Em Atlantis não era bom sinal. Gerd conversou com os governantes e Fefe saiu correndo, chorando. Karin chorava mais em seu quarto consolada pelas irmãs Emma e Aminta.

 -- E se eu fugir? – Cogitou a mais jovem.

 -- Não adiantaria. – Disse Emma. – Os deuses iam te ver e leva-la de volta.

 Três dias depois Pete e Felicity organizaram uma rápida celebração de casamento no Monte Parnaso. Apenas as nereidas e tritões foram convidados. Karin usava seu vestido de noiva de seda e o véu. Depois da celebração, todos foram embora incluindo a família. Karin foi deixada sozinha no monte. Ela esperou para saber sobre seu “noivo”. Temia o pior. Ser morta ou humilhada. Ainda no período vespertino, as nuvens encobriram o sol, mudando a previsão do tempo. Talvez fosse a chegada dele. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, Karin adormeceu e sentiu seu corpo levitar, levitar e levitar. Uma sensação tão gostosa.

 A jovem nereida acorda assustada e vê que deitou numa cama de casal linda, com a cabeceira de ouro e pedaços de diamante. O quarto era uma beleza. A janela se via o céu estrelado e cortinas de cetim. Ela ainda se encontra com vestido de noiva. A janela se fechou sozinha e em seguida ela sentiu um par de mãos masculinas desfazendo de seu vestido.

 -- Quem é você? – Ela perguntava para o vazio. Não enxergava nada.

 -- Acalme-se, Karin. – O ser respondeu delicadamente e ainda passava as mãos em todo corpo da nereida. – Venha! Está na hora do banho e depois o jantar.

 O banho foi tranquilo. As mesmas mãos ensaboavam seu corpo e massageavam seus cabelos. Vez ou outra a tocava intimamente, mas Karin repreendia. Após o banho, se vestiu e viu a mesa de jantar belíssima e a sala mais ainda: tudo de ouro. Desejou que não fosse o efeito de ouro que seu amigo Oleg havia sofrido...

 Satisfeita com a alimentação, Karin caminhou em todo seu novo lar. Ainda acreditava ser um sonho tudo aquilo. Um castelo feito de ouro e mármore, com estátuas nuas mostrando os movimentos amorosos. Uma hora depois ela voltou para o quarto, tirou a túnica e deitou. Quando fechou os olhos, notou a presença de alguém ao seu lado.

 -- Quem é? – Ela quase saltou fora da cama.

 -- Meu amor. Sou eu! Seu noivo.

 -- E por que não posso te ver?

 -- Minha beleza talvez a assuste o bastante para nunca mais me desejar.

 -- Desde que me recebeu, fui muito bem tratada. Sua voz é melodiosa. Suas mãos são macias.

 -- Por enquanto, fiquemos assim. Sem me ver. Mas posso ainda toca-la... – Respondia Noel, ainda invisível para Karin e aproximando a boca na dela.

 Os dois se beijaram e deitaram juntos. As estrelas riscaram o céu numa chuva brilhante, simbolizando a união do casal realizando seu exercício matrimonial. E foi assim por vários dias. Ainda que goste do seu “marido”, Karin sofria. Não o fato de não vê-lo. Era um dos motivos. O segundo era saudades da família e o terceiro... envolvia o filho do rei do submundo. Karin gostava muito de Nikolai e brincavam juntos nas vezes que seu tio Bran trazia os gêmeos para uma temporada no Monte Olimpo ou em Atlantis ou nos Jogos Olímpicos da Juventude realizados em Atenas.

 -- Tem algo que a preocupa, meu amor?

 -- Tirando que não posso te ver, sinto falta da minha família. E... Não era isso que queria. –Respondeu, chorosa. – Quero ver minha família.

 -- Tudo bem. – Disse Noel, resignado. – Hoje vista sua roupa e durma. Amanhã estará no Monte Parnaso. E seguirá seu caminho à Atlantis. Depois de dois dias, retorne para mim. Faça a mesma coisa. Venha ao monte, me espere e estará de volta.

 A nereida fez exatamente o que o marido ordenou e adormeceu. Noel depositou um beijo nela.

 -- Durma, minha nereida. E volte para terra dos mortais. E não confie em certas nereidas que desejam sua queda.

 Quando acordou, já era dia e reconheceu ser o mesmo lugar onde teve seu noivado. Karin sorriu agradecida e caminhou até a praia e finalmente mergulhou forte até o reino dos pais. A família se reuniu, feliz em ver a filha. Karin contou a verdade como foi com seu futuro marido. Os pais se espantaram, mas sabiam que era parte da profecia do deus arqueiro. As irmãs, embora chocadas, não deixaram de sentirem a felicidade da mais nova. As nereidas do reino ouviam atentamente a história. Poucas não iam com a cara da princesa.

 -- Não sei mais o que faço. – Comentou a princesa.

 -- Ora, Karin. – Disse a mais invejosa. – Se ele não quer se revelar pra você, então é você que vai descobrir. E tem um jeito.

 -- Como?

 -- Espere seu marido dormir. E depois acenda uma vela e chegue perto dele para ver. Se for um monstro, mate-o o quanto antes.

 A pérfida mulher entregou um punhal para Karin que pegou um tanto hesitante. Quando terminou os três dias, ela fez o mesmo ritual no Monte Parnaso. Dormiu sobre a relva e novamente a sensação de leveza a trouxe de volta.

 -- Como foi reencontrar sua família?

 -- Foi incrível. – Sorriu forçadamente.

 Depois da troca de carícias, o marido adormeceu e Karin se levantou com cuidado e acendeu uma vela. Caminhou sem fazer barulho e aproximou a mão com a vela perto da cama. Para surpresa da nereida, o homem ao seu lado era o ser mais belo que ela viu. Moreno, o peito definido com alguns pelos assim como seus braços, as pernas torneadas e as mãos grandes porém macias. Sem querer, derramou um pouco da cera queimada no braço dele. Noel gritou e se acorda e se depara com Karin.

 -- KARIN! – Ele gritou e se levantou bravo.

 -- Oh... Me desculpa! – Dizia a nereida em pânico.

 -- Eu disse para não confiar naquelas nereidas que só querem seu mal. – Proferiu Noel, ainda indignado e levantando a voz. – E MESMO ASSIM NÃO ACREDITOU EM MIM?

 -- Espera, por favor...

 Não adiantou. Noel desapareceu, assim como o palácio deles e seu quarto. Karin retornou para o Monte Parnaso sem nada. Abandonada, a filha de Pete e Felicity chorou desesperada e clamando pelos deuses e chamando sua amiga, Eva.

 Ao ouvir o chamado de sua amiga, Eva desceu do Monte Olimpo e a abraçou.

 -- Amiga, o que houve?

 -- Eva... – Dizia, muito chorosa e soluçando. – Descobri quem é meu marido. E não é um ser horrível como dizia na profecia.

 -- Quem era?

 -- É o arqueiro traiçoeiro do amor, Noel. O filho da Odile e do Franz.

 -- Não! – Eva se espantou. – Logo o filho do deus da guerra e da deusa do amor? Por isso que ela está tão puta da cara no Olimpo?

 Karin ouviu isso e chorou mais ainda nos braços da amiga, agora temendo o pior castigo nas mãos de Odile.

 -- Amiga, calma. Ele deve ter ficado assustado. – Inquiriu para aliviar a dor da nereida. – Ele te ama demais.

 -- Eu acho que ele não me amará mais.

 Karin contou para os pais com ajuda de Eva sobre o ocorrido e no Monte Olimpo, Odile praguejava para todos os cantos a desfeita para o filho e jurou se vingar da nereida. Eva levou sua amiga para o lar dos deuses para uma audiência com a deusa amorosa.

 -- Então? – Dizia Odile, mordaz. – Veio ver se terminou de humilhar meu filho?

 -- Jamais. – Karin caiu de joelhos, implorando para deusa. – Quero pedir perdão. Nunca ia machucar seu filho.

 -- Será mesmo? – Duvidou. – Será mesmo?

 -- Por favor. – Chorando. – Eu juro pelo Estige que farei o que a senhora quiser para me perdoar. Estou arrependida da situação que aconteceu, mas não pude deixar de saber que meu amado é ele. E agora que sei, sinto minha vida mais completa. Me perdoa.

 Os deuses ouviram a conversa e sentiram pena da jovem. Alice admira o quanto a amizade de sua filha com a nereida é forte. Tanto que foi capaz de trazer a amiga para o Monte Olimpo e confrontar uma divindade.

 -- Ela fala a verdade. – Concordou Franz, fungando. – E o Noel se tornou um homem de verdade. E ele saberá o que fazer.

 Odile sorriu e em seguida franziu a sobrancelha, indicando algo mais. Ela já tinha um plano para se livrar de Karin. Tal qual foi com Thomas, o filho de Louise e Gerd, realizando doze tarefas impostas pelos deuses como penitência, Karin foi submetida a diversas tarefas quase impossíveis e mortais por Odile. A deusa tinha certeza que uma hora ou outra ela vai desistir ou até mesmo se cansar até a morte. O que a deusa não contava era que Karin conseguia realizar essas tarefas e não reclamava. Ela fazia e não sofria nada. Na realidade era tudo obra de Eva. A jovem deusa e musa auxiliava Karin sem ela saber e também contou com a participação do deus do vento leste Jon, que é tio de Karin.

 A última tarefa Odile tinha certeza que será o fim de Karin.

 -- Olha aqui. – A deusa escondia suas intenções. – Agora quero que você vá para o Submundo e pegue de volta minha caixa de beleza.

 -- Caixa de beleza? – Repetiu a nereida, curiosa.

 -- Sim. É a minha caixa que contém uma magia poderosa que concedo para quem necessite de beleza. Emprestei para a rainha Ana. Peça de volta para mim. E mais uma coisa: não abra aquela caixa. Nem todos conseguem controlar o poder dela. Entendeu?

 -- Entendi.

 Karin desceu para o Submundo, pagou a Caronte pela travessia no rio Estige e chegou ao templo sombrio de John e Ana. Chegando na porta, ela foi impedida por Cerberus, o cão de três cabeças, latindo forte para a intrusa.

 -- Chega! Para, Cerberus! – Nikolai surgiu para acalmar o bichinho de estimação e os alimentou com três pedaços de carne. – Karin?

 -- Nikolai!

 Ela o abraça e o beija forte. A nereida tinha sentimentos por ele, mas com o amor de Noel cada dia crescente, permitiu que ainda ame sua antiga paixão.

 -- Eu soube que... – Niko não conseguia falar com a língua atrevida de Karin invadindo sua boca. – Que casou com Noel. É verdade?

 -- Sim. Eu o amo. E mesmo assim ainda te amo. Me ajude Nikolai. Preciso obter o perdão da Odile e do Noel. E agora ela me pediu para pegar com sua mãe a caixa de beleza.

 -- Ah sim. – Compreendeu Nikolai. – Venha comigo.

 Niko levou a nereida para o hall de entrada, ficando de frente para os governantes do Submundo. Karin contou toda sua história para Ana e como seu amor por Noel trouxe essa complicação, o perdão da Odile imposta por tarefas impossíveis e finalmente a caixa de beleza. Ana se apiedou da menina e devolveu a caixa de beleza.

 -- Quando tudo isso acabar, venha me visitar aqui ou na Trácia.

 -- O que você faz na Trácia?

 -- Visito Chris e Pearl. E também o pai adotivo dos gêmeos. – Disse Ana, sorrindo ao lembrar de Bran, o deus do vento oeste e os momentos ardentes com ele. – E também Nikolai estará lá.

 -- Claro. Com prazer.

 Karin se retirou do Submundo, deixando Nikolai um pouco triste...

 De volta para terra firme, a nereida caminhava até a montanha e parou para descansar. Olhou para a caixa adornada em prata. Mesmo com os avisos de Odile, a curiosidade era enorme e Karin abriu. Em instantes um vapor negro se alojou em seu rosto, causando o desmaio imediato, dando aspecto de morta.

 Noel, por sua vez, sentia falta de sua bela esposa e nos dias que refugiou-se para o Monte Olimpo, observou seus passos, a trapaça dos amigos, tudo para ajudar Karin ser perdoada por Odile. Ao mesmo tempo viu a nereida beijando Nikolai e descobriu que ela ama o filho dos governantes do Submundo há bastante tempo. Se sentiu mal em dobro por deixa-la e por ciúmes.

 -- Noel! – Melanie entrou nos aposentos do irmão.

 -- Me deixa em paz. – Ele se encolheu todo na cama.

 -- Você sente falta da Karin?

 -- Sinto e... E ela já tem outro. – Chorou e abafou os gritos no travesseiro. – Não devia abandoná-la assim. Ela não merecia.

 Melanie entendia perfeitamente o irmão. Ela mesma tentou forçar Thomas ama-la aprisionando numa dimensão alternativa onde só existiam os dois. E quanto o semideus descobriu a verdade, se encheu de fúria a ponto de destruir a dimensão e se afastar permanentemente dela.

 -- Sempre achei que Nikolai nutrisse sentimentos por ela. – Continuava a deusa. – Mas não pode se abater. Tem que lutar por ela.

 Neste instante Josephine, a filha do deus das forjas, Niki, adentrou o quarto e chamou desesperadamente Noel.

 -- Noel! Pelo Estige resgate a Karin!

 -- O que aconteceu? – Ele se levanta.

 -- Eu acho... Eu acho que ela... está morta!

 Noel soltou um grito que todo Olimpo ouviu. Ele desceu para o mundo dos homens e encontrou Karin caída, com a pele acinzentada e pálida, os olhos abertos e sem cor. Ele segurou o corpo da amada.

 -- Karin... O que você fez? – Ele a abraçava e sentia a pele gelada e morta. Em seguida olhou a caixa ao lado dela e entendeu a situação. Era a caixa de beleza da mãe. Sua amada abriu o cubo e a nuvem grudou em seu ser. – Eu vou curá-la.

 Noel retirou com cuidado a nuvem escura e guardou de volta para caixa. Depois Karin recuperou sua vida. A pele voltou a ganhar a cor bronzeada, o azul oceano de seus olhos e a belíssima boca carnuda com a cor rubra e pronta para o beijo. Ela suspirou e se viu ao lado do marido.

 -- Noel... – Ela chorou. – Meu amor!

 -- Karin! Minha bela! – Ele tocou o rosto dela e puxou para o beijo mais ardente. Em seguida se abraçaram. – Te perdoo, meu bem.

 Finalmente o casal chegou no Monte Olimpo e se apresentaram diante dos deuses. Noel jogou com raiva a caixa de beleza aos pés da mãe.

 -- Tá aí sua caixa! – Disse em tom agressivo. – Você tentou mãe e como sempre, falhou miseravelmente.

 -- Noel! – Odile saiu da cadeira e olhou furiosamente para os dois. – Mais respeito comigo!

 -- E respeite a mim também! – Respondeu. – Eu amo a Karin e já perdoei pelo erro cometido. – Direcionou agora para o líder dos deuses. – Tio Roger, por favor aprove meu casamento. Ela pagou toda dívida que tinha com minha mãe e a aceitei.

 -- Concedido. – Decretou Roger.

 -- Mas... – Odile outra vez ia contestar e depois se calou ao ver o filho feliz ao lado da amada.

 Com a reunião acabada, Karin chamou Noel para a praia.

 -- Preciso te contar uma coisa. – Disse a nereida.

 -- É o Nikolai? – Noel já estava com a resposta na ponta da língua.

 -- Como...?

 -- Eu vi vocês. E não estou bravo.

 -- Por favor, não faça mal a ele!

 -- Jamais faria isso. – Noel segurou as mãos dela. – Eu entendo isso. E nem a afastarei dele.

 Nikolai surgiu atrás das palmeiras e seguiu o casal.

 -- Tenho uma proposta. Karin pode ficar comigo no Submundo ou aqui na terra por seis meses e os outros seis meses com o marido no Monte Olimpo. – Acrescentou o filho de Ana e John.

 Noel se incomodou um pouco com a ideia. Entretanto sabendo que sua esposa nunca esqueceria Nikolai, respeitou a decisão.

 -- Tudo bem. Mas agora Karin e eu vamos desfrutar da vida de casados. Pra valer!

 E realmente foi pra valer. O amor deles cresceu e mesmo com os seis meses para se juntar ao outro amante, Karin teve que ficar mais um pouco no Olimpo por outra razão: ela espera um filho do marido. Nove meses depois entrou em trabalho de parto. Alice e Eva cuidaram da jovem mãe e ela deu à luz um lindo menininho chamado Bobby. O menino nasceu com as mesmas asas divinas do pai, mas também adquiriu a cauda de peixe da mãe.

 -- Meu neto é meio peixe e meio “galinha”. – Comentou o deus da guerra Franz, chocado.

 Felicity beliscou o deus guerreiro e se orgulhava do netinho que chupava o dedinho, feliz.

 Já morando com Nikolai, Karin engravidou de novo e veio uma menina chamada Nina. A bebezinha nasceu com os cabelos bem pretos e os olhos brilhantes dos pais. E totalmente uma nereida. Ana e John mais felizes por serem avós, assim como os governantes dos mares Pete e Felicity.

 O amor pode mostrar muitas formas diferentes. E neste caso ambas as partes concordaram em seguir amando a mesma mulher sem haver discórdias.

 

*Cena 1 pós créditos da Marvel*

 

Com o casamento incomum de Karin e Noel, uma onda de nostalgia se abateu na rainha do Monte Olimpo, Marie. Ela olhava para Península de Ática na esperança de encontrar Jon. Ele estava lá, solitário nas montanhas e cuidando das ovelhas. Os dois tiveram um envolvimento romântico no qual resultou nos filhos Martin, Peter e Dylan.

Depois de Jon, veio outro amante. Um mortal chamado Ulrich. Uli, para os íntimos, era um exímio piloto de carruagens. Tanto que Gerd teve aulas com ele para controlar seus cavalos divinos que conduzem a carruagem solar. Com Uli, também houve frutos maravilhosos. Os semideuses Florian, Freya, Gwenevive e Sabine.

 No entanto quando foi acertar-se com os dois, ela se surpreendeu com uma revelação: o mortal e o deus do vento leste se amavam demais. E eles fizeram questão de incluí-la na relação. Eram bons tempos... E agora planejava se reencontrar com seus amados.

 

 

*Cena 2 pós crédito da Marvel*

 

Melanie caminhava solitária até à Trácia, pensando no futuro. Cada vez que se lembrava da prisão energética que ela mesma criou para ficar com Tommy e em seguida sendo destruída, ela se enchia de culpa. Tudo que ela queria era ser amada por alguém.

 Hans, o irmão e substituto de Noel na arte de unir os casais, teve pena da própria irmã e decidiu ajuda-la. Para a sorte do deus do amor e união, avistou o filho mais novo de Bran e Angie treinando na beira do cânion. Flechou os dois com amor verdadeiro. Melanie sentiu uma fisgada quente no coração e Rupert também e ao mesmo tempo uma súbita vontade de caminhar até encontrar algo. Ele não sabia o que é, mas sabia que tinha de encontrar. Por cinco minutos caminhou até a floresta e encontrou a jovem deusa gótica.

 -- Tudo bem, moça? – Rupert sorria de forma acolhedora.

 Ao ver o jovem semideus, Lanie se encantou por ele. Sim, esse é o tal. Sua paixão.

 -- Estou melhor agora.

 

*Cena 3 pós crédito da Marvel*

 

 Era noite de verão em Atenas e uma jovem caçadora caminhava em silêncio na floresta. Ela olhava para lua e pedia a proteção de sua padroeira, a deusa Rosie. Ela tinha em mente caçar uma das corças mágicas para sua oferenda. Perto do lago avistou a corça bebendo água. A caçadora mirou a flecha e segurava firmemente no arco. Calculou rápido se seria ágil para atingir o animal e teve certeza. Ao menos acreditava ser o certo. Ela disparou, mas a corça foi mais esperta e se desviou. A flecha atingiu alguém.

 --- Ai!

 Em pânico, a caçadora seguiu os sons dos gemidos. Para surpresa dela era um rapaz usando túnica e ao ver as sandálias douradas, sentiu mais medo. Ele é um deus olimpiano.

 -- Mil perdões, meu senhor. – Ela fazia reverência e ao vê-lo, reconheceu ser um dos filhos da pequena deusa com deus arqueiro. No entanto não sabia direito seu nome. – Err... Senhor?

 -- Não me chama assim. Ai! – Ele gemia demais de dor. – Tira pra mim essa flecha?

 Ela obedeceu e retirou a flecha no braço dele. Os dois se sentaram num galho e fizeram os curativos. A caçadora também era deusa. Ela massageou a ferida do braço e em seguida sumia. O outro, espantado, olhou o local do ferimento e agradeceu.

 -- Eh... Muito obrigado. – Sorria para ela.

 -- De nada senhor...

 -- Sou Heinrich.

 -- Ah eu sabia! – Exclamou em tom de alegria. – Você é o deus filósofo e preguiçoso do Olimpo.

 -- Filósofo sim. Preguiçoso é calúnia.  E qual é a sua graça?

 -- Jehnna. – Se apresentou a jovem.

 -- Sei. Filha da deusa Renée com Denis. Mas você não parece ser do tipo seguidora das Hécates.

 -- As aparências enganam. Atualmente sou caçadora.

 Nascia ali uma amizade bem incomum de dois deuses diferentes um do outro.

 

FIM

Brit Characters: Matteo Rojas

 Boa noite pessoal!

Na vibe também de The Mandalorian (ainda não finalizei a primeira temporada, mas acompanho as imagens da terceira temporada) e algumas ideias, vamos apresentar um novo personagem e bem vindo ao daddy mais gostoso e legal do momento. Em breve será mencionado no universo das fanfics. 



Nome Real: Matteo Vargas Balmaceda Rojas


Idade: 32


Data de nascimento: 2 de abril de 1939


Cidade natal: Santiago, Chile


Cidade atual: Londres e Nova York


Profissão: Fotógrafo musical e esportivo e jornalista.


Características: Matteo sempre teve espírito aventureiro e dotado de bom gosto. Por mais que ame sua cidade, Santiago, ele queria viver o mundo da melhor forma. Uniu o gosto por esportes e música. Fotografou muitos artistas e jogadores de futebol e esteve em muitas competições esportivas, desde as Olimpíadas até a Copa do Mundo. Além disso, Matteo foi a inspiração para Anastacia Rosely escrever um livro de romance explícito no qual o personagem principal é a descrição perfeita dele. Ele também possui uma relação de amor e transparência com Felicity McGold-Townshend, mesmo sabendo que ela é casada.


Hobby: fotografar belas paisagens, deitar na rede de descanso e vida rural.


Relacionamentos: Ethel Grubber (1966 a 1968), Peggy Lipton (1968 a 1970),Felicity McGold-Townshend(1970 - 1971, 1983, 1994 e 2000), Joni Mitchell (1974 a 1978), Carole King (1980 a 1989).


Medo: claustrofobia em lugares fechados.


Do que mais gosta: cuidar dos animais e plantação, bichinhos, futebol e leitura romântica.


Do que menos gosta: pessoas desconfiadas.

domingo, 2 de abril de 2023

Across the Stars (Parte 1)

 Boa noite pessoal! 

As postagens vão reduzir, mas prometo que darei atualizadas nas fanfics clássicas. E hoje vou publicar uma para o CampNaNowrimo de Abril chamado Across the Stars. Resolvi escrever há duas semanas atrás antes de acabar março e entrei numa fase espacial (isso depois de assistir um documentário sobre o acidente da Challenger e filmes como Apollo 13, Armageddon e Interstellar). Inclusive fiz playlist de trilha sonora.Em breve será mostrado. O protagonista é Rupert McGold, o filho de Bran e Angie, que finalmente será astronauta. Será que dará certo essa experiência espacial dele? Boa leitura!

A capa é provisória. Farei outra melhor.





“A Astronomia obriga a nossa alma a olhar para cima e a levar-nos do nosso mundo para outro”

Platão

Parte 1: Anunciação

 

31 de março de 2022
 
Rupert se revezava entre escrever outro artigo acadêmico sem fins de aprovação e assistir outro filme de desastre espacial. Aos trinta e dois anos estava em sua segunda graduação de Física Quântica na Universidade de Edimburgo. Optou desta vez em ficar na Escócia. Não que a experiência em ficar quatro anos em Moscou fosse ruim. O frio extremo e a falta de aprendizagem na língua russa não foram o suficiente para deter Rupert. Ele tirou de letra essas dificuldades graças a Leon Romanov. A segunda graduação veio por dois motivos: conhecimento ampliado e chances para ingressar na NASA. Rupert almeja desde criança seu sonho em ser astronauta. Ser o primeiro escocês a viajar no espaço e quem sabe chegar a Lua. Entretanto ele sabe que era difícil de ingressar no programa espacial americano. Pelo menos era o que pensava...
 
Ele teve o treinamento básico no Johnson Space Center na cidade de Houston em 2018 e 2019 e em seguida foi para o curso avançado. Mesmo passando em todos os testes, Rupert não era selecionado. O problema era a falta de experiência. E sequer era piloto. Com a pandemia mundial, ele se focou em estudar Ciências, Matemática e tecnologia. Até que em 2021 mandou outra solicitação de participação do programa espacial. E até agora não lhe deram seu retorno.
 
 
Nasa oficializa lançamento da missão espacial Marco Polo
Nesta missão, os astronautas irão estudar, investigar e analisar durante os próximos quatro anos, os planetas Marte e Saturno, para saber se há existência de água e oxigênio
Por Wendy Banks, de Washington D.C.

A Nasa oficializou para o próximo dia 20 de abril, o lançamento de sua nova missão espacial, a Marco Polo. A decolagem do ônibus com cinco tripulantes advindos de vários países do mundo ocorrerá por volta das 20h, no Centro Espacial Lyndon B. Johnson, em Houston Texas. O projeto é coordenado pelo engenheiro George Wellby e a astrofísica Bernadette Hill.
 
Nesta missão, os astronautas irão estudar, investigar e analisar durante os próximos quatro anos, os planetas Marte e Saturno, para saber se há existência de água e oxigênio. Segundo a agência, o projeto integra o World Spacemen e irá selecionar outros cinco componentes para compor a equipe, que tem como líder o ex-fuzileiro naval, Mike Sharp.  “Será uma missão inovadora”, afirmou Hill. “Marte e Saturno ainda são locais pouco conhecidos pela humanidade e tem um grande potencial para ser habitado pela nossa sociedade nas próximas décadas”, completa.
 
-- Você viu isso? – Rita entrou no quarto, mostrando a notícia online publicada no jornal escocês.
 
 Rupert leu e voltou sua atenção para o filme. Ele concluiu o artigo e deixou salvo no pendrive.
 
-- Não vai dizer algo?
 
-- Por favor, não me faça alimentar esperanças.
 
Rita entendeu e abraçou o irmão. Entendia bem que o sonho dele era embarcar. Após sair do quarto, Melanie cumprimentou a cunhada e trazendo uma xícara de leite quente, colocou na mesa do marido e o abraçou por trás.
 
-- Talvez haja chance. – Disse Melanie referindo-se a notícia.
 
-- Acho que vou desistir. – Resignado, voltou atenção para a esposa. – Se não me chamaram ainda, não vão me chamar mais. Acabou!
 
-- Não diga isso, meu bem. Sei que sua hora vai chegar.
 
Na sala Doreen embaralhava as cartas de tarô. Ela descobriu seu talento na astrologia depois que seu filho nasceu e graças a essas leituras, muitas coisas aconteceram. Outras nem tanto. Neste momento o patriarca dos McGolds chegou em casa. Bran caminhava devagar e usando uma bengala. Aos sessenta e seis anos ainda era um homem forte, mesmo com a saúde fragilizada depois de quatro infartos, oito stents nas veias e o joelho que foi operado três vezes. E também Bran adquiriu outra profissão: presidente do Liverpool FC, o mesmo clube que o transformou em ídolo e lenda.
 
-- Faça a leitura, filha. -- Ele se sentava ao lado de Doreen. – Meu Liverpool vai ser campeão da Copa da Inglaterra?
 
Doreen tirou 3 cartas e sorriu para o pai.
 
-- Estamos com sorte. As cartas falaram que sim.
 
-- Isso! – Vibrou o pai. – Agora me sinto bem.
 
A rotina de Rupert consistia em acordar cedo, fazer o café, preparar o lanche dos filhos trigêmeos e dos enteados e levá-los a escola. E o resto do dia estudar, pelo menos três vezes por semana teria aulas presenciais na Universidade de Edimburgo e os outros dias era online, o que facilitou em manter seus cuidados com a família. Mas também o mais novo dos McGolds se preocupava com pai presidente de clube. Só no final de 2021, Bran preocupou duas vezes a família, seja com ameaças de infarto ou acidentes com o joelho ou até mesmo a Covid-19.
 
-- Devia largar essas coisas espaciais e vir trabalhar comigo. – Disse Bran enquanto guardava outro livro na biblioteca pessoal. – Aqui também é sua casa.
 
-- Trabalhar do quê, pai? – Perguntou o filho, revirando os olhos. – Não sou bom em organização do time.
 
-- Pode me ajudar na administração. Você é muito bom com número. Pode ser gestor de finanças.
 
-- Pai, isso é nepotismo. – Rupert não concordava com as ideias do pai em inseri-lo no staff do time.
 
-- Cesare Maldini colocou os filhos Paolo e Giovanni como jogadores do Milan e ninguém contestou. A mesma coisa foi seu primo Luca quando o pai dele Giacinto Facchetti o colocou na Inter de Milão. E agora soube que o filho mais velho do Michel Platini é advogado na Juventus. E por que não posso colocar você em alguma função no Liverpool? Você não quis ser jogador, tenho que pensar numa outra coisa para seu futuro ser garantido.
 
-- Mas não gosto disso. Quero conquistar minhas coisas sem usar o nome da família ou sua influência. – Em seguida suspirou, resignado e se sentou no sofá. – Meu Deus. Estou vendo que terei de ser professor de física em alguma escola de Inverness.
 
-- Ser professor é uma profissão honrada. Ana e o Mickey foram. Até o Max e Suzanne se tornaram professores.
 
-- EU NÃO QUERO SER PROFESSOR! – Rupert se exaltou sem querer. – Quero ser astronauta.
 
-- Você quer me deixar para perseguir as estrelas e saber se Marte é mesmo um planeta habitável. – Retrucou o pai, encarando o filho. – Essa é a verdade. Você nos odeia.
 
-- Não odeio.
 
-- Por que não está entendo o que quero pra você, filho? – Bran ainda estava desesperado com aquela conformidade. – Você é meu único filho. Meu herdeiro.
 
-- Você tem seis meninas, sendo que duas são suas filhas com outras mulheres, além dos seus outros filhos adotivos como os gêmeos Chris e Nikolai, Giovanni, Giorgio Jr., e a Mia.
 
Pai e filho ficaram em silêncio e Bran finalmente perdeu argumento, se retirando da biblioteca.
 
-- Acho que já era sua festa de aniversário. – Comentou Pearl, chegando com sacolas de compras.
 
-- Não tô nem aí. Acho que ficarei na casa do tio Franz ou irei para casa do Paul e Arthur.
 
-- Papai está tenso. É a Copa da Inglaterra, semifinais da Liga, a Premier...
 
-- Não ameniza as coisas, Pearl. – Pediu Rupert. – Acabei de discutir com meu pai ao estilo de Gilmore Girls e estou mais preocupado se irei participar do programa espacial da NASA ou não.
 
-- Achei que tivesse desistido.
 
-- Estou em dúvida.
 
Sem ideias do que fazer e nervoso por brigar com pai, Rupert se vestiu para fazer sua corrida diária e percorreu 40 km. As corridas ajudavam a refletir suas ideias e reorganiza-las. Comprou lanches para as crianças e algumas lembrancinhas e livros. Voltou para casa e encontrou Melanie na sala.
 
-- São para as crianças.
 
-- Eles vão gostar. – Lanie colocava as sacolas para o lado e puxou o marido para o sofá. – Quer me contar alguma coisa?
 
-- Meu pai está puto comigo. – Justificou. – Ele quer fazer o mesmo que Cesare, Michel e o Facchetti em inserir seus filhos no futebol.
 
-- Meu pai fez o mesmo com Stefan e Noel e o tio Gerd com Tommy, Oliver e Harry.
 
-- Bem lembrado. – Ironizou Rupert, divertido.
 
-- Seu pai tem a melhor das intenções. – Melanie consola o marido. – Ele só quer o melhor pra você.
 
-- Ele não apoia meus sonhos.
 
-- É claro que te apoia se ele moveu mundos para você estudar em Moscou.
 
-- Mas quando se trata de viajar no espaço, a fronteira final, ele não quer.
 
-- Dê um tempo pra ele. Um pai não fica de mal com filho por causa das realizações dele.
 
-- Diz isso pro pai da Mia. Eu assisti Rush.
 
 
9 de abril de 2022, 22 horas.
 
Todos dormiram na residência dos McGold e Rupert foi o único que não dormiu. Os últimos dias andou agitado e sofrendo crises frequentes de ansiedade com a seleção da equipe da NASA, o projeto World Spacemen.
 
Se levantou com cuidado e retirou o braço de Melanie sem acorda-la e desceu as escadas. Foi ao banheiro, fez as necessidades e ficou na sala de estar. Ligou o aparelho de dvd e a televisão e escolheu um filme. Baixou o volume. Antes de ligar p play, notou a presença do pai.
 
-- Ah me desculpa. – Pensando em desligar tudo. – Não consigo dormir e não quero acordar a Lanie.
 
-- Não se preocupe. – Bran estava calmo e feliz. – Também não consigo dormir. Ponha um filme e vou fazer sanduíches.
 
O filme em questão é Star Trek- Sem Froteiras.
 
-- É desse jeito que imagina sua viagem um dia? – Indagou Bran, abrindo uma garrafa de coca-cola.
 
-- Não. – Respondeu friamente. – Pensei algo mais americano. A tecnologia de Star Trek é mais avançado.
 
Bran riu e se lembrou quando a série original foi lançado. Para época, a tecnologia que a série mostrava chamava bastante atenção.
 
-- Pensei em algo como Perdidos no Espaço. Uma aeronave poderosa, com minha família e desbravando esse universo. – Em seguida, ele pega sua pasta com fotos realistas captadas do telescópio e documentos registrados. – Descobri três galáxias.
 
Bran olhava as fotos e eram lindas.
 
-- A estrelada com tons de azul se chama Melanie 3.0. – Explicou o filho. – Essa alaranjada que dá pra ver a constelação de Cassiopéia é Eleanor 7.3. E a outra mais iluminada que uma árvore de natal batizei de Cabeça de Celestial. Uma referência a Guardiões da Galáxia por causa de Lugar Nenhum.
 
-- Parece mesmo uma cabeça.
 
Rupert ainda encarava o pai, um pouco triste.
 
-- Sei que não quer que eu vá, mas meu maior sonho é conhecer esses lugares no universo. Entretanto, não fui escolhido.
 
-- Você quis dizer “ainda não”?
 
-- Quis dizer que não fui e nem serei escolhido. Morrerei sem realizar esse sonho.

-- Você pode ter outros sonhos a serem realizados... E você ainda é jovem.
 
-- Me perdoa por gritar com você semana passada.
 
-- Sou eu que peço perdão por não entender meu ponto de vista e a ideia lhe desagradar. É nepotismo meu.
 
-- Caso esteja declarado que não vou conseguir, vou aceitar o emprego no staff do time.
 
Bran abriu os olhos, espantado com a decisão do filho.
 
-- Mas não precisa filho.
 
-- Qualquer coisa é preferível do que virar professor. E vai que descubro algum talento a mais e se não der, farei estágio no Bayern.
 
Os dois sorriam nervosos e abraçaram-se. Voltaram sua atenção para o filme...
 
 
10 de abril de 2022 – 17 horas da tarde
 
Ground control to Major Tom
Ground control to Major Tom
 
A travessia no busão da cidade era suave e serviu para o jovem se imaginar num foguete e viajar como o protagonista da música Space Oddity. Apesar da travessia de três horas para universidade ser às vezes cansativa, Rupert via seu lado bom: era semanal e à medida que avançava em seus estudos, de três vezes por semana, diminuiu para duas e finalmente uma aula. Fechou os olhos e novamente se imaginou na nave espacial...
 
Check ignition, and may God’s love be with you
(two, one, lift off)
 
 Quando abriu os olhos já era o ônibus da NASA e virou-se para janela e enxergou a primeira galáxia descoberta: Melanie 3.0. Era brilhante ao olho nu e lembrou-se da vista no telescópio, contendo uma chuva de meteoros constante. Flutuou até uma das cabines e olhou em outra janela o Cinturão de Órion. Milhares de asteroides e representa ser organizado, nada fora de seu lugar. Na terceira janela um certo... absurdo: David Bowie em sua majestosa forma de Ziggy Stardust, munido de sua guitarra e saudando Rupert...

-- Bem-vindo ao inimaginável! – Ele falava com falsete divertido e com graça de recepção. – Ao fim, o meio e o começo do mundo, Rupert!

Ele olhava para os lados e para cima. O ônibus sumiu. E Rupert estava flutuando no vácuo do cosmos e ao mesmo tempo feliz ao ver a figura do seu cantor favorito.

--O... O senhor vai... – Ele mal conseguia proferir as palavras tamanha emoção em vê-lo. – O senhor vai me receber?

-- Sim e te guiarei em sua jornada. Mas antes... Precisa acorda!

O motorista do busão sacudiu de leve o ombro do passageiro e o mesmo continuava dormindo e sonhando. Não encontrando outra alternativa mais educada, acordou dando leves batidas no rosto. Rupert acordou de sobressalto no banco.
 
-- Ah nossa! – Gritou. – O quê?
 
-- Senhor, já é o final da linha. – Respondeu educadamente.
 
-- Ahhh... Que vergonha! – Rupert se constrangeu. Pagou o motorista e desembarcou com calma. Ao menos o final da linha o deixava mais perto da casa dos pais.
 
Seguiu andando até a estrada pavimentada e admirou as urzes plantadas nos canteiros e em seguida chegou a casa dos pais. Sendo um sobrado, a casa de Bran oferece todo conforto de um chalé. Recentemente, ele fez uma obra de expansão, acrescentando mais quartos de hóspedes e o jardim de Angie também foi ampliado, juntamente com a garagem que mantém o Bentley da família e a moto Harley Davidson de Emerald. Ele abriu o portão eletrônico com a chave, que trancou automaticamente e entrou na casa.
 
Ele leva um susto ao ver o enorme cartaz com os dizeres de congratulações. Ele tinha esquecido que era seu aniversário e sequer desconfiava que a família faria uma surpresa.
 
-- VIVA! – Gritaram juntos. – FELIZ ANIVERSÁRIO!
 
Rupert quase caiu para trás e ria de nervoso. Sua família em peso, seus amigos e os poucos colegas da faculdade vieram para seu aniversário.
 
-- Olha aí meu filho! Chegando na idade de Cristo. – Comentou Bran bem divertido. – Cada ano fica mais bonito. E eu já fui bonito e jovem.
 
-- Você é bonito e jovem, papai. – Replicou Rupert.
 
Os amigos eram os integrantes da extinta banda dele, Rockets from Mars, formado por seu primo Paul McGold, Oleg Entwistle e seus primos Alex e Yuri Romanov. Angie trazia o gigante bolo com um boneco de astronauta do filho segurando o capacete e as velas numerais.

-- O RUPERT É TUDO OU NADA? -- Gritou Paul para incentivar.
 
-- É TUDO! – Responderam juntos.
 
-- Assopre as velas! – Pedia Emerald e já mirando a câmera do celular.
 
Pearl e Paul filmavam o momento. Rupert fechou os olhos e por uns instantes tocou em sua mente os primeiros acordes de Starman. Abriu os olhos e assoprou as velas. Todos comemoraram.
 
-- Vou segurar a minha curiosidade em saber o que você pediu. – Bran abraçava o filho.
 
-- Se eu disser, não vai se realizar.
 
Enquanto Angie cortava o bolo, Melanie beijou o marido e as crianças dela se jogaram em cima dele.
 
-- Ah qual é gente? – Rupert segurava Howard, um dos trigêmeos. Os outros irmãos entregaram os presentes. – Pra mim?
 
-- A gente escolheu, papai. – Respondeu Shirley, a trigêmea, a mais sorridente. Phillip, o mais novo, era o mais quietinho, lembrando um pouco o avô galês.
 
Ele abriu a caixa de sapato e nela saiu um tênis All Star personalizado com escudo do Liverpool FC.
 
-- Quem de vocês fez isso?
 
-- Fui eu. – Assumiu Melanie.
 
--Eu adorei! Muito obrigado.
 
Enquanto todos saboreavam o bolo, o som da notificação do celular foi alto o suficiente para todos ouvirem. Rupert ignora e novamente o celular soava o barulho de notificação.
 
-- Deve ser as redes sociais. – Justificou o mais novo.
 
-- Ao menos olhe pra saber quem foi. – Pediu Bran.
 
Sob a insistência do pai, Rupert olhou o celular e sua expressão mudou. Antes de alegre se transformou em algo sério. Em seguida olhou para todas as pessoas presentes na sala.
 
-- Eu preciso ligar o PC da sala.
 
Todos seguiram o estudante e ele, meio atrapalhado e perdido, conseguiu ligar a CPU da sala que é pouco utilizável. Acessou a caixa de entrada e viu o email. Não é spam. Passou o antivírus e sem ameaças. Receoso, abriu o email e leu. Rupert ofegou.
 
-- O que está acontecendo? – Perguntou Angie, apreensiva.
 
-- Preciso ter certeza.
 
-- Do quê?
 
-- Do e-mail que recebi. – Rupert olhava novamente o conteúdo e releu. Ainda se encontrava sério.
 
-- Pelo amor de Deus, filho. O que diz neste email? – Bran estava nervoso.
 
Ele se levantou e encarou todos.
 
-- É do Centro Espacial Lyndon B. Johnson. A NASA me escolheu para o programa World Spacemen.
 
-- Não pode ser. – Comentou a mais velha, Rita.
 
Ele leu em voz alta.
 
Prezado, Sr. Rupert McGold
 
Estamos felizes em anunciar que o senhor foi selecionado para o nosso programa espacial World Spacemen. Recebemos seus relatórios anteriores e vimos sua performance no treinamento.
 
O senhor tem as qualidades para viajar ao espaço sideral junto com nossa tripulação da Marco Polo.
Solicitamos sua confirmação até dia 12 de abril respondendo este e-mail e anexando o preenchimento de seus dados no arquivo em pdf. Caso não tenha recebido o anexo, nos contate. Após responder este e-mail, mandaremos as instruções, passagens de avião e tudo pago do Centro Espacial Kennedy para se juntar a tripulação. Em breve será noticiado pelos canais de comunicação da Europa.
 
Atenciosamente.
 
Rick Hoffstein – Chefe da Seção 7 de Astronomia, NASA
 

Depois da leitura, um silêncio sepulcral se instalou na sala de estar. Oleg foi o único que esboçou um sorriso e brindou com Rupert.
 
-- Mas isso é ótimo! Finalmente alguém da Rockets from Mars vai de fato conquistar o espaço.
 
-- UM BRINDE AO NOSSO ASTRONAUTA MCGOLD! – Yuri se empolgou e deu um beijo no rosto do amigo.
 
As irmãs mal conseguiam se conter tamanha alegria em saber do irmão se tornando astronauta. Leon Romanov chorou. Desde que conheceu Rupert, acolheu em suas asas e o ensinou os caminhos da astronomia e astrofísica moderna e sempre plantava a semente do sonho em ser um astronauta. Os tios de Rupert, Felicity, Jon e Moses enchiam de mimos o sobrinho. Todos sorriam contentes, menos três pessoas: os pais e Melanie.
 
 
Edimburgh Evening News – 11 de abril de 2022 às 02:00
Missão Marco Polo: Nasa divulga novos nomes para integrar a equipe de missão.
Grande surpresa do projeto foi a convocação do escocês Rupert McGold. O astrofísico escocês é filho do presidente do Liverpool, Brandon McGold e da escritora Angela Smith-McGold.
Por Wendy Banks, de Washington D.C.
 
O projeto World Spacemen ganhou novos nomes para o programa. A Nasa divulgou neste sábado (2), por meio de um comunicado em seu site, quais serão os membros da expedição Marco Polo. O projeto é coordenado pelo engenheiro George Wellby e a astrofísica Bernadette Hill.
 
Foram integrados os pilotos alemães Hendrik Frankheimer e Michael Erikssen e o médico francês François Touissand. Na área de biologia, a australiana Susanna Wilson coordenará as pesquisas com matérias vivas e inorgânicas. O russo Fyodor Volkov e o espanhol Alejandro Diaz serão responsáveis pela manutenção da espaçonave.
Enquanto no setor de física e astronomia terão como membros o astronauta brasileiro Rodrigo Acosta, os analistas Diego Martinez (Argentina), Amanita Trevor (África do Sul) e Tatsuo Miyamoto (Japão).
Contudo, a grande surpresa do projeto foi a convocação do escocês Rupert McGold, de 33 anos. O astrofísico escocês é o mais jovem da tripulação, formado pela Universidade de Moscou, na Rússia e pós-graduado pela Universidade de Edimburgo, é filho do presidente do Liverpool FC, Brandon McGold, 66 anos, e da escritora Angela Smith-McGold.
 “Estamos animados com a nossa nova equipe. Logo iremos iniciar nosso treinamento aqui no Texas, para termos uma boa expedição.”, explicou George Wellby. A decolagem do ônibus com cinco tripulantes advindos de vários países do mundo ocorrerá por volta das 20h, do próximo dia 20 de abril no Centro Espacial Lyndon B. Johnson, em Houston Texas.
 
 Continua...

Cena pós-crédito da Marvel
 
Doreen foi a única que não conseguiu dormir. Após a festa de aniversário do irmão, houve também uma discussão acalorada do pai e Rupert e ela ouviu tudo. Entendia perfeitamente que o pai está preocupado. Depois disso ninguém mais falou algo e todos se retiraram. Aproveitou que o filho, Giorno, está dormindo profundamente e pegou suas cartas de tarô, um presente que ela recebeu de sua madrinha, Odile Greyhound.
 
Já fazia meio ano que Doreen aprendeu a fazer leitura das cartas e previa grande parte dos eventos. Embaralhou as cartas e fez a pergunta:
 
-- A viagem espacial do meu irmão dará certo?
 
Colocou as cartas na mesa viradas para baixo. Escolheu 3 delas, virou em seguida e se espantou. O Louco, O Enforcado e A Lua. Doreen guardou as cartas e voltou para o quarto. Desejou que tudo aquilo que viu nas cartas fosse mentira...