domingo, 30 de janeiro de 2022

Holiday Romance (Extra Chapter 2 - Parte 3)

 E encerrando o capítulo!

Nesta hora mordi a língua e pedi desculpas pela Taylor. Tinha me esquecido que eu a venci! Agora posso dizer que minha festa da ressaca teve um desfecho muito legal.

 

Durante os outros meses, foi puro estudo. E no começo de outubro começou a preparação para festa de Halloween e quem organizava era Fefe, Mary Anne McCartney e Evanna Davies. Neste tempo começou as eleições para presidente do curso. Hã? Como assim? É tipo um grêmio estudantil?

 

-- Eu não acredito nisso. – Resmunguei para Odile e os Monkees na cantina. – Eu me livrei desta palhaçada no ensino médio e tem aqui? Achava que se aplicava nas universidades americanas.

 

-- Eu também. – Concordou Davy.

 

-- Amo essa época do ano. – comentou Odile. – Amo até mais que o Natal.

 

-- Odile, você ouviu o que eu disse?

 

-- Você odeia eleições. Mas veja bem, não tem candidato confiável.

 

-- Tem sim! – Micky Dolenz até fez pose de político. – Eu!

 

-- Meu voto vai ser anulado! – eu ri disso. – Por que se você for o candidato, estamos perdidos.

 

Todos rimos.

 

-- E você sabe que adoro política e Halloween.

 

Antes mesmo de sair da sala de aula, avistei Jeff Beck e Meg Johnson desfilando pelo campus e ao mesmo tempo uma das meninas distribuía o tabloide da faculdade e advinha quem estampava a capa? Eles! O casal lindo e nojento! Rasguei em mil pedaços.

 

-- Sabia que custou caro? – disse a menina que distribuía.

 

-- E sabia quantas árvores cortou pra imprimir essa porcaria? Não se preocupe, vou jogar no lixo reciclável!

 

Me afastei logo dali. Meus amigos conversaram comigo no objetivo em me distrair. Odile e Micky se candidataram. Enquanto a preparação da festa rolava, os debates e a campanha política eram quentes e desafiadoras. Pela primeira vez, Micky Dolenz falava sério quando ia ser concorrente político. Americanos! E nem sei de que lado é, se é democrata ou republicano.

 

-- Eu voto em você se implantar o comunismo. – Disse Ana, na biblioteca para o meu irmão.

 

-- Ana, eu não vou me candidatar para presidente do meu curso.  – Respondeu Mickey enquanto grampeava mais um trabalho.

 

-- Se você fosse de Artes Cênicas, pediria pra votar na Odile. – falei.

 

Executei meu voto e nem quero ver como vão reagir o resultado, que por sinal, é no fim de outubro. E voltando a festa de Halloween, consegui a fantasia perfeita: a noiva vampira do Drácula. Odile optou em ser Mina Harker na versão da Winona Ryder. Mickey conseguiu se transformar no Michael Jackson zumbi do clipe Thriller. E chegamos na festa. Cumprimentei todo mundo. Reparei que havia uma galera que nunca vi e as fantasias um tanto originais. Festa estranha com gente esquisita, já ouvi isso antes...

 

Em meio a tudo isso me distanciei da Odile e do meu irmão e fui procurar outras tribos para me socializar. No canto dos morcegos de borracha, vi uma garota alta com quatro caras. O mais tagarela era loiro. Lembro dele. É do curso de Odontologia e fica caçando garotas. O outro, um bem cabeludo, é nerd e astrofísico. Esse será um futuro Einstein. O outro, bocudinho, cara de príncipe da Pérsia e delicado, usava roupa purpurinada. Acho que ele pretendia ser uma versão gay do Drácula. E realmente gostei do estilo dele. A moça em questão, também lembro dela, mas do curso de Moda e é colega do príncipe da Pérsia. Acho que o nome dela era Beth ou Bettina e ela tava vestida de Malevola. E o outro cara, caladão e vestido de Van Hellsing e com direito uma espada, só ouvia e exibia um sorriso. Em seguida surgiu outra moça. Ela é ruiva e me lembrou um pouco de uma personagem das revistas do Archie. E ela roubou um beijo do Van Hellsing quieto. E pelo visto a fada alta não curtiu e se despediu do quarteto. Queria fazer amizade com eles. O problema era que talvez não queiram falar com uma caloura e aquele grupo são dos veteranos.

 

Voltei para a festa. Ou melhor, não entrei no salão. Mandei mensagem pro Gerd, até descobrir que a Fefe trouxe não só ele como também os alemães. A festa continuou no alojamento delas. Naquele instante fiquei triste porque Odile e eu nos inscrevemos para conseguir um alojamento, mas eramos só duas e precisavam de pelo menos 4 ou 5 pessoas. Quando Fefe fazia os pedidos, fiquei na janela do alojamento que dá de cara para a rua. Ainda se ouvia o som da festa.

 

-- Opa! Opa! Opa! – Berrava Mickey, falando com a Fefe. – Eles estão namorando?

 

E pelo visto, ele descobriu a verdade por trás das mensagens.

 

-- Ah qual é? – Fefe é que respondia. – Os dois se gostam. Deixa assim.

O resto da noite vocês sabem o que aconteceu. E agora pulemos para a véspera de natal, onde aconteceu na casa do Chris e da Ana, reunimos a English Band e as garotas e tivemos os Monkees e as Monkettes de penetra. E claro, a tentativa da minha prima dar uma de Cupido para Uli e a Rosie. Não vai dar certo. E ainda assumo que tive ciúmes da Alice e o Gerd conversando. Então sai de casa e fiquei no jardim, chorando.

 

Gerd veio logo em seguida.

 

-- Ursinha...

 

-- Me deixa! – Falei e me afastando dele. – Ela gosta de você mais do que eu. E é bonita.

 

-- Alice é gentil. E tem o texano. – Ele justificou. – Ursinha...

 

-- Eu...

 

Fui interrompida com a chegada de mais dois carros e uma... moto Honda. Puxei Gerd e entramos para dentro.

 

-- Tem gente chegando! – Gritei em meio a partida do Just Dance com Paul e Uli.

 

Todo mundo parou o que fazia naquele instante e Chris e as gêmeas abriram a porta. A maior surpresa aconteceu.

 

-- É aqui que tem uma festa de natal? – Quem perguntou era Bobby Moore, do West Ham, de mãos dadas com Marianne Jones.

 

 

 

Continua...


Holiday Romance (Extra Chapter 2 - Parte 2)

 Continuando...

Alice POV

 

Olhava mais para os desenhos e escolhi um no qual Louise me desenhou nua, como Leonardo DiCaprio desenhou a Kate Winslet em Titanic. Preparei uma moldura e deixei pronto meu presente para Mike. Um fator meio preocupante foi ter visto Lulu dando maior gelo na Emma. Afinal, o que aconteceu entre elas? Que eu saiba, Emma e Lulu embora se falando pouco, elas se dão bem e nunca houveram queixas. E agora isso?

 

Suspeito eu que a irmã de Mickey acha Emma parecida com a Taylor Swift. Espero que esteja errada e faça essas duas se acertarem.  Olhei para o celular e era ele me mandando mensagem, com um questionamento que me deixou mais preocupada.

 

Por acaso sabe o que está havendo com a Louise?

Desde que chegou em casa, ela anda triste. E também vi Odile chorando debruçada numa camiseta do Bayern...

Algo me diz que é aquele jogador...

O que você acha?

  Vou aí te ver, linda.

 

Quase duas horas da tarde e Mickey apareceu. Nos beijamos assim que entramos no meu quarto e ficamos deitados por algum tempo.

 

-- Pobre Odile... – Ele comentou, me deixando um pouco enciumada. – Ela está sofrendo por... aquele.... Aquele...

 

-- Esquece, Mickey! – Beijei mais uma vez.

 

Adoro Michael McGold desde a amizade dele com meu irmão. Nesses últimos dias meu namorado, Mike Nesmith, ficava irritado comigo. Só por causa que ando falando sobre o jogo do Bayern, sobre Gerd e às vezes de minhas amigas, Belle, Irene e Annie. E agora... sobre Lulu.

 

Apesar de gostar muito do Mickey, tenho um carinho pela irmã dele. Sei lá, ela é tão pequena, meiga e fofa. E também muito adorável. Tem vezes que quero ficar mais perto dela do que qualquer outra menina. E depois daquele desenho... tenho mais certeza que gosto dela. E ainda vou roubar um beijo dela.

 

Ao fim da tarde, Mickey vai embora e eu fiquei de papo com as garotas no grupo do Whats. Louise não conversou, mas vi que está online. Decerto papeando com Harry Daniels e a turma de otakus da universidade. Amanhã ela virá...

 

Como prometido Louise apareceu de manhã. Ela trazia sua mochila costumeira, carregando mangás, graphic novels e o caderno de desenhos e, claro, seu vídeo game portátil inseparável. Mostrei para ela o pôster gigante do Gerd que Jim havia conseguido no estágio do jornal.

 

-- Não é demais esse McDreamy? – Praticamente beijava o pôster.

 

-- Seria demais se ele deixasse a Taylor. – Disse Louise, em seguida tampando a boca. – Desculpe, foi sem querer, mas...

 

-- Eu sei, Lulu. Eu também não aceito ela com o McDreamy. – E realmente não aceito.

 

De repente, me veio algo na mente. Criar um mangá. Não sabia desenhar, mas criar um roteiro, uma história eu sabia. Ainda mais postava minhas fanfictions em sites conhecidos como o Fanfiction.Net e algumas obras de ficção original no Fiction Press.

 

-- Quero produzir uma HQ ou mangá, contigo Lulu. – Disse, segurando suas mãos macias. – O que acha, pequena?

 

-- Eu adorei! – Ela me abraçava e tinha cheiro de lavanda e rosas. Como amo lavanda e rosas. – Sempre quis fazer isso. E você tem uma idéia?

 

-- A principio será shoujo. Algo romântico e leve. Deixa que eu mesma crio o roteiro.

 

Louise estava empolgada e eu também. Enquanto falávamos sobre quem seriam as personagens, escolhia o lugar para pendurar o pôster e no fim colocamos na parede ao lado do closet. Depois disso almoçamos todos com mamãe. Papai trabalha de manhã no jornal junto com Jim e mamãe só trabalhava de tarde, na prefeitura como professora de dança.

 

Na parte da tarde ficamos assistindo o jogo do Bayern contra o Hamburgo. Notei que Lulu fixava o olhar no McDreamy. Eu amo Gerd. E também amo a Louise. Principalmente quando ela olha para ele daquele jeito. Olhei para Louise e ela também me olhava. Por impulso a beijei na boca. Simples, porém, com vontade depois que notei que ela me correspondia.

 

Tranquei a porta do quarto e puxei ela para perto de mim, continuando nosso beijo. Aos poucos tirávamos nossas roupas e ficamos nuas. Louise cobria os seios com as mãos e olhava para baixo.

 

-- Você estava assim quando ficou com a Odile? – Questionei, sorrindo.

 

-- Não... É que... Ela me beijava e sussurrava...

 

Resolvi fazer o mesmo. Puxei as mãos dela e vi aqueles seios, pequenos e lindos. Os mamilos endurecidos e róseos, o ventre perfeito e as pernas mais lindas. De uma maneira divertida, começamos a dançar juntas, com nossos corpos uma na outra.

 

-- Pequena, não se preocupe. – Sussurrei no ouvido dela. – Hoje você vai ser só minha e vou te dar carinho.

 

Deitei-a na cama e mordi o lóbulo da orelha dela bem provocante.

 

-- Ahhh... Alice....

 

-- Shhhh! – Silenciei com um dedo na boca macia dela.

 

Enquanto a beijava, minha mão deslizou sobre o meio das pernas dela, sentindo a intimidade de Louise, úmida e quente. Toquei Louise de forma sensual e provocante e ao mesmo tempo fiz sexo oral nela. Louise gemia demais.

 

-- Alice... ahhhh... Amorzinho... Mais...Mais...

 

Chupava mais minha menina e depois voltei aos beijos. Louise retribuiu da mesma forma, me deixando louca.

 

--- Ohhh... ooohhh... Louise... por favor...—Disse enquanto passava a mão nos cabelos fofos dela.

 

Em outro momento resolvemos aumentar nosso prazer. Louise deitou por cima de mim no sentido contrário. Ali mesmo fizemos a posição 69. E devo confessar: foi maravilhoso.

 

Quanto tudo acabou voltamos a nos vestir, com medo de alguém aparecer. Até que sugeri:

 

-- Vamos tomar banho juntas?

 

-- Ficou doida? E se sua mãe nos flagra? O que vão pensar? – Louise tinha medo de ser reeprendida.

 

Mesmo assim peguei duas toalhas e arrastei Lulu para o banheiro. Foi bem divertido. E excitante. Estar com ela não havia preço, estar com ela no banho era tudo. Fizemos tudo rápido para mamãe não no ver e voltamos para o quarto. Jantamos juntas e notei o quanto Jim olhava para ela.

 

Adormecemos na minha cama e lá pelas cinco da manhã, ouvi uns gemidos abafados de Louise e quando acordei, estava ela, beijando meu irmão.

 

-- Hmmm... Louise? – Afaguei seus cabelos.

 

-- Desculpe por te acordar, amor.

 

-- Tudo bem. Se quiser... pode ir para o quarto do Jim. – Voltei a dormir.

 

Acordei eram nove horas e Louise se preparava para ir embora.

 

-- Pequena, promete manter contato? – Abracei bem forte Louise. 

 

-- Nós duas sempre conversamos, Alice. Só em raros momentos quando você está falando com a Belle e Irene ou com a Di e... — Notei aí que ela não queria falar o nome da Emma.

 

-- O que você tem contra a Emma, pequena? – Perguntei. – Você sempre se dá bem com as pessoas, mesmo você e minha amiga não se conversarem muito, ainda assim se dão bem.

 

-- Parece mentira, mas... Quando olho para ela... me lembra a Taylor! Pronto, falei!

 

-- Pequena, não se preocupe com essas coisas, sei que desde que ela ficou com o McDreamy eu também parei de escutar as musicas dela e sei que a Emma se parece com ela, mas nem por isso brigo com ela. – Beijei Louise na testa e olhei para os olhos dela. -- Boa viagem minha pequena, tome cuidado e leve várias blusas para não ficar resfriada, por favor, me escreva, me mande e-mails, mensagens, o que for.

 

-- Farei isso, meu amorzinho. – Ela roubou um beijo meu. – Se cuida e sobre seu irmão...

 

-- Eu sei, pequena. Relaxa.

 

Só de pensar que ficarei quase uma semana sem Louise por perto me doía no coração, porém, eu sei que vamos manter contato, já aconteceu das outras vezes. Minha pequena....

 

 

Louise POV

 

Nestas horas queria dizer que me arrependo de ir para França. Sabe por quê? Uma palavra resume: gripe. Se não fosse minha baixa imunidade, diria que o clima frio de Paris não provocaria a minha gripe. Em vez disso, subestimei o clima e a umidade da cidade. Passei a viagem inteira tossindo, espirrando, coçando o nariz, escorrendo coriza e dor de garganta. Pior ainda. Estou com febre.

 

Não sei como os pais da Odile não me repreenderam e foram super compreensivos. Fiquei no quarto dela e foi preparada uma caminha para mim. Tomei banho e já vesti o pijama. Tomei chá e remédios para gripe.

 

-- Desculpa, Odile. – disse finalizando com um espirro.

 

-- Sem problemas. – ela me deu duas caixas de lenços descartáveis. – Devia saber que você é fraca em questão de mudança de clima.

 

-- Sim... cof cof... Odile... E sobre o Franz? O que fará?

 

-- Não entendi.

 

-- O que vai fazer? Já que ele está com a Marion.

 

Mal conseguia falar por causa da dor de garganta e neste momento a mãe de Odile trouxe uma bandeja com uma tigela de sopa, algumas bolachas doces, mais remédios e um chá de própolis. Odeio própolis, mas é tão medicinal que sou obrigada a tomar.

 

E quanto a Odile, ela disfarçou e respirou fundo. Ela pôs a mão no peito.

 

-- Eu vi na internet... – ela disse, triste. – Vou seguir minha vida e fazer como Aretha Franklin. “Fazer uma pequena oração”.

 

-- Aposto que ele nem manda mais mensagens no Whats. – disse enquanto mergulhava as bolachas na sopa e comia.

 

-- Ele mandou uma na verdade dizendo: "quero falar com você pessoalmente".

 

-- E você vai?

 

-- Vou! – ela garantiu. -- Quero falar pra ele parar com esse jogo comigo. Se ele quer a Marion ou a Brigitte ou qualquer uma, fique com ela.

 

-- Ele não falou nada do Gerd? – questionei por curiosidade.

 

-- Sim, se você puder ir pra falar com ele.

 

-- Não quero e dou dois motivos. Primeiro, gripe e segundo, Taylor Swift. – cada vez que me lembro disso à mágoa vem com força.

 

-- Taylor está numa festa com a Selena lá na Califórnia. – Odile mostrava a noticia no celular e ria.

 

-- Mas estou com gripe. – disse e soei o nariz, jogando o lenço no lixo. -- Não quero vê-lo. Eu... Bloqueei-o no Whats. Se quiser pode ver no meu celular.

 

-- Eu sei, eu vi você fazendo isso no trem se quiser, digo que acabou.

 

-- Agradeço amiga. Faz isso que estou... cof cof... horrível.

 

Depois das refeições, fui escovar os dentes e voltei pra cama, debaixo dos cobertores e Odile ligou a TV smart, conectando no Netflix. Assistimos alguns filmes adolescentes dos anos 90 e 2000.

 

-- Amanhã quero que me sugira uma roupa pra eu quebrar o coração daquele alemão! – Odile sentou-se na beira da minha cama de abrir e fechar.

 

Notei que ela se segura pra não chorar.

 

-- Você quer chorar?

 

Ela desatou em lágrimas e a consolei.

 

-- Usa aquele vermelho que você comprou pra festa dos veteranos e sambou na cara daquelas peruas veteranas.

 

-- Vou usar...  – ela secava os olhos nos lenços descartáveis.

 

-- Você me quer junto?  Para que... Não chore na frente dele? – perguntei, solícita.

 

-- Por favor, eu cuidarei de você. – ela aceitou. -- Pode até usar o casaco de pele da minha mãe.

 

-- Eu podia infectar Franz com meu vírus da gripe A. – falei, meio maldosa e acabei rindo e tossindo. -- Eu estou brincando, Odile.

 

-- Eu sei, mas se ele terminar o rolo, pode passar sua gripe pra ele. – permitiu Odile.  -- Eu deixo e vou pegar mais um cobertor pra você.

 

-- Obrigada, amiga. – depois perguntei ao receber a coberta. -- Será que devo arranjar outro crush?

 

-- Acho que você devia investir na Alice. Fazer amor com garotas é mais gostoso do que meninos.

 

-- Como você sabe sobre eu... E Alice?

 

-- Eu vi vocês se beijando e ela me ligou perguntando sobre como estava o solzinho dela.

 

Dei risada e tossi ao mesmo tempo.

 

-- O solzinho tá gripado e eu gosto muito dela.

 

-- Eu sei! Eu shipo vocês, eu avisei! E disse que se tivesse dinheiro ela estaria aqui.

 

-- Aproveitando que está shipando geral, sem querer... shipei você e a Joanna.

 

Joanna Martin é também caloura do curso de Artes Cênicas e é hippie. Veio de Swansea e divide o alojamento com Renée Chapelle (prima da Fefe), Alberta Mann e com Miranda, sua irmã mais nova.

 

-- Sabe que eu tenho crush naquela good vibe comunista. – ela admitiu. -- Às vezes queria prensa-la na parede e beija-la.

 

-- Você e sua queda por ruivas.  Eu vi também que você olhava pra Rosie e ela é do curso de História.

 

-- Sim, Marie me contou. Eu acho ruivas lindas demais... na próxima festa que tiver, vou roubar um beijo das duas.

 

-- Uiaaa está podendo, Odile.

 

Se passaram três dias e embora apresentasse melhora, ainda estava gripada. Foi no terceiro dia que aconteceu um jogo da Champions League. E ironia do destino: Bayern de Munique e Paris Saint-Germain.

 

Marie conseguiu os ingressos com o pai e assim Odile e eu a acompanhamos. O clima desta vez estava gostoso e mesmo assim eu usei um vestido florido e jaqueta jeans e calcei meu tênis All Star. Odile usou mesmo o vestido sugerido. Na bolsinha levava meus remédios, lenços, o celular, fone de ouvido e o livro Macbeth, de Shakespeare.

 

Já Odile usava além do vestido um cachecol vermelho do Bayern e um sobretudo preto.

 

-- Pensei que ia secar o Bayern. – considerando a raiva que Odile estava.

 

-- E vou mesmo. – ela parecia determinada. – Vou enforcar aquele alemão.

 

Agora sim. Gostei. Durante o jogo não acompanhei direito os lances e muito menos vi Odile e seus trejeitos de torcedora, só resmungos. Peguei o livro e li um pouco. Só voltei minha atenção no fim do segundo tempo quando o Bayern reagiu e ganhou por 2  x 1. Placar comum e razoável.

 

Ao fim do jogo Odile e eu caminhamos para a Avenida Champs- Elysées. Já estava chegando ao Arco do Triunfo quando avistei... eles!

 

-- Odile...

 

-- Eu sei!

 

Ela caminhou em direção a eles e eu fiquei longe deles. Notei que Gerd está vindo em minha direção. Minha nossa! A primeira coisa que pensei era fugir. E fugi mesmo. Apressei o passo e ele quer me alcançar, então corri. Parei em frente em uma loja de brinquedos e me escondi. Fiquei olhando algumas sessões e avistei Gerd entrando na loja, me procurando. Ele me viu e tentou me seguir.

 

-- Eu achar você. – dizia ele.

 

Corri para a sessão de bichinhos e ursos de pelúcia.

 

-- Por que se esconder? Quero ver você.

 

Sabem aquela raiva? Eu tenho e é de jogar uma montanha de bichos de pelúcia contra ele, por me enganar com a Taylor “Emma Carlisle” Swift.

 

O que não poderia contar eram duas coisas. A primeira era da chamada do meu celular com o toque de Hooked On A Feeling. O número não pude ver e mesmo assim atendi.

 

-- Alô?

 

Um silêncio.

 

-- Alô? ALÔ?

 

Se não responde, eu desligo. Ouço passos e vejo na sombra que era do Gerd. Putz, ele está perto. Já ia sair da sessão quando a alergia me ataca e espirrei. E a coriza se manifesta, forçando-me a pegar o lenço e soar o nariz. E na saída da sessão estava ali, o alemão urso me esperando.

 

-- Ursinha?

 

Não respondi e outra vez, espirrei. Gentilmente ele tirou um lenço e estendeu para mim.

 

-- Isso... – tossi um pouco. – Não muda nada.

 

-- Eu terminar há muito tempo com a Taylor. – justificou. -- Ela veio com um papo de fiz uma canção pra você.

 

-- A internet não mente, Gerd. Eu vi as notícias de vocês dois juntos dias atrás.

 

Esbravejei mal e tive uma crise de tosse forte. Outra vez o cavalheirismo dele me conquista ao tirar seu casaco esportivo e o coloca em meus ombros. Tocou minha testa e se espantou.

 

-- Está com febre.

 

-- É claro que estou. – de novo fiquei brava. – Não estou bem. Olha, eu vou embora. Eu não devia ter feito o que fiz lá em Madri, mantido contato para acabar assim. Eu... não devia.

 

-- Terminei com ela lá mesmo.

 

-- Por minha causa.

 

O próximo ato foi um tanto inusitado. Ele me puxou para um beijo gostoso. Meu único pensamento era que o contagiei com minha virose. Mas ele viu que não estava bem, então ciente da minha situação.

 

Na saída ele comprou um ursinho de pelúcia para mim e seguimos caminhando até chegar num café. Tomei chá com remédio e comi um pedaço de torta de limão. Reencontramos Odile e desta vez, sorria com Franz. Os dois finalmente se acertaram. Nunca as músicas da Edith Piaf fizeram tanto sentido...

 

Em casa tomei banho, vesti o pijama e fui dormir cedo. Nem dei boa noite no whats de tão cansada. E alguns dias depois voltamos para saudosa Inglaterra. Me curei um pouco mas continuei com os remédios. E no fim de semana algo inusitado aconteceu. No jogo da Bundesliga, Bayern estava confrontando o Hertha Berlin e notei que Gerd não jogou. Ele... estava no banco e no rápido foco da câmera, ele não estava bem.

 

-- Odile, aconteceu algo com Gerd? – perguntei.

 

-- Você não sabe? – ela perguntou e depois justificou. – Franz me contou que ele está gripado faz uma semana.

 

-- Meu Deus! – exclamei em voz alta. – EU MATEI O URSINHO!

 

-- Como assim?

 

-- Ele me beijou... E passei a gripe! – tão envergonhada eu fiquei e me escondi no travesseiro. – Ai meu Deus! Eu não queria beijar, mas foi maior do que eu. Não resisti aquela boca...

 

O que não contava era minha mãe ouvindo o papo na cozinha.

 

-- Quem você andou beijando mesmo gripada, Louise?

 

Odile e eu nos espantamos e rimos.

 

-- Foi um torcedor francês meu amigo. – respondeu Odile, me salvando.

 

-- É apenas um crush, mãe... – eu disse e ao mesmo tempo ria.

 

-- Sempre digo a vocês: nunca beijem o cara dos seus sonhos enquanto estiverem gripados. Uma vez fiz isso no pai do Serguei. Resultado: ele não conseguiu competir no Clube da Luta Greco-Romana da universidade.

 

Depois disso mamãe se retirou, voltando aos biscuits para vender na feira.

 

-- Tenho uma idéia. Minha avó Linda faz lindos cachecóis. Ela fará um para o Franz. Pedirei que ela faça um para o Gerd e você o presenteia. O que acha? – sugeriu Odile.

 

-- Será pedir demais para fazer um suéter? – pedi.

 

-- Deixe-me ver. Quer um grande urso, bem na barriga? Sim, ela faz. Ela conseguiu assim com uma raposa para o Franz.

 

-- Neste caso tudo bem.

 

Enquanto os suéteres não eram feitos, passei os dias de greve da universidade no ócio total. Lógico que estudava, conversava com Gerd e meus amigos no Whats, dividia meu tempo com Odile e meu irmão. E aí começa uma série de eventos loucos. O primeiro foi no trem. Mickey, Chris, eu, Odile e o quarteto fantástico das garotas resolvemos ir ao Soho e pegamos o trem.

 

Como estava anoitecendo, era dia de festa, mas o problema era que naquele dia, uma sexta-feira, ia acontecer um jogo entre Arsenal e West Ham. Como é de costume, os gunners (torcedores do Arsenal), se juntaram num só vagão e se realizava uma festa, a ponto de balançar o trem. É divertido, mas perigoso porque atraia os hooligans. A nossa tática é ficar sempre juntos. No trem encontramos a English Band e a zueira entre nós começou. Percebi que Rosie Donovan estava no trem, mas um pouco distante e conversando bastante com seu melhor amigo, Graham Bond e Marianne Jones.

 

Enquanto o trem seguia para Westminster, ele parou numa estação e justo no nosso vagão, lotou de hammers, os torcedores do West Ham e um deles era Edmund Jones, veterano do curso de Jornalismo. Ele conhece Mickey e Chris e nos cumprimentou. O quarteto fantástico inteiro suspirou. Ana me confessou que Ed era um tesão e Marie e Fefe falavam que ele... digamos... era dotado de um instrumento imenso. Não entendi essa referência e não quis nem perguntar. Enquanto Ed falava com os rapazes, seu olhar se prendeu na ruiva de perna protética.

 

 Desse time, só três para mim tinham destaque. Bobby Moore, Martin Peters e Geoff Hurst. Este último ganhou mais minha simpatia pois se revelou um grande fã de Harry Potter e sem falar que ele se parece demais com Matthew Lewis, o ator que interpreta Neville Longbottom.

 

Pelo que pude ouvir dos gritos da Ro e Mari, elas diziam isso:

 

-- Só tô indo pra esse jogo por causa do Bobby Moore.

 

-- Mas você torce para o United.

 

-- Eu sei, mas Bobby será meu eterno crush!

 

Bond bocejou e ainda tirou sarro delas. Olhei para Edmund. De fato, ele é bonito. Um deus grego perfeito, bem meu tipo. Mas... Sei lá! Falta algo que me impressione e não falo sobre o “tamanho imenso” como a Fefe e Marie falam. Alias, Fefe puxou papo com ele e conseguiu prender. Por pouco tempo...

 

-- Eu poderia pedir algo, Felicity? – perguntou Ed, amável para Fefe.

 

-- Peça o que quiser, lindo. – Fefe não escondia sua paixão por ele.

 

-- Você conhece aquela garota que está ao lado da minha irmã? – apontando para Rosie. – Aquela ruiva de perna de aço?

 

Neste momento o rosto de Fefe, antes de alegria e sedução, mudava sutilmente em três segundos para decepção.

 

-- O nome dela é Rosie Donovan e cursa o primeiro ano de História. – respondi. – A mãe dela tem uma casa que aluga para os estudantes. Eu e Odile moramos com ela.

 

-- Obrigado, Louise! – Agradeceu Ed, indo de encontro ao trio.

 

Passei o resto da noite rindo da Felicity.

 

A festa no bairro mais chique de Londres, Soho, estava abarrotado de universitários. Uns de Londres e outros da Oxford e Cambridge. Odile e eu dançamos até que meu telefone vibrou na bolsa. Já imaginava que era meu pai. Nem verifiquei direito na tela, apenas atendi.

 

-- Alô, pai? Eu deixei claro vou chegar acompanhada do Mickey e a Odile vem junto. Poxa, tô na festa!

 

E desliguei. Contudo, senti que não deveria ter feito isso. Na verdade, estava com a sensação de que não era meu pai a me ligar e sim... outra pessoa.

 

No retorno para casa, Odile dormiu no meu quarto e eu fui para cozinha beber água e já falei para o meu pai. Ele e mamãe assistiam algum filme de terror na tv.

 

-- Pai, o combinado era que se eu voltasse para casa, te ligaria avisando. Não precisava me ligar, poxa.

 

Ele me olhou, espantado.

 

-- Mas eu não liguei. – disse. – Até me espantei que voltaram cedo. Tipo, meia noite e meia.

 

-- Tem certeza que não ligou, Tony? – questionou minha mãe, desconfiada.

 

Ele nega a ligação veemente e eu voltei para o quarto, cheia de dúvidas. Quando fechei os olhos, aí a resposta brilhou: foi o Gerd.

 

-- Merda!

 

E falei para Odile sobre isso. E combinamos só falar no outro dia. O segundo evento louco foi... minha festa da ressaca. O que significa? O meu aniversário. Ano que faço 17. Planejava arrancar uma grana para o vovô Bill, chamar a turma e ir na cantina da faculdade e comemorar em grande estilo, com uma banda tocando as aberturas de animes e tokusatsus preferidos. Bem, deveria ser meu plano. O que aconteceu foi que acordei, tranquilamente, verifiquei as mensagens. Todo mundo me deu os parabéns depois da meia noite no Whats, no Instagram, Twitter e Facebook. Teve ficwriter postando oneshot de presente para mim. Que fofo!

 

Mas a melhor parte foi quando cheguei na cantina e a festa estava preparada. Uma faixa, as mesas com o bolo, quitutes e doces e uma banda pronta no palco. Todo mundo me parabenizou e tiramos muitas fotos. Davy e seus amigos apareceram. Pedi desculpas para Emma e foi super compreensiva e até riu quando falei que olhava para ela e via a Taylor.

 

Mickey que era o rei das selfies, praticamente tirou com todos. Chris me deu um beijo e alguém tirou uma foto nossa juntos. Quando entardeceu, os convidados foram embora e eu cansada e triste. Não deveria, pois, fizeram algo tão legal por mim. O que estava me chateando é que uma certa pessoa não lembrou: Gerd. Olhei várias vezes o celular e as notificações eram de outros, menos dele. Pensei até que fosse dia de jogo do Bayern. Contudo, quando olhei a tabela, era no dia seguinte. Se o Gerd voltou pra Taylor... Acabou tudo!

 

E quando a festa acabou de vez, voltei pra casa da Sra. Donovan. Liguei para os meus pais e eles concordaram que a continuação seria em casa.

 

-- Nem mensagem ele mandou. – Me queixei para Odile.

 

-- Calma. Ele vai te mandar. Vai ver que ele está ocupado.

 

-- Com quem? Com a Taylor? Se for, não compro mais os CDs dela!

 

Me virei pro lado da cama e Odile mexeu no meu tablet, mostrando as postagens do pessoal. No dia seguinte, antes de ir pra casa de meus pais, voltei para cantina e ajudei o pessoal na limpeza, juntamente com a Odile. O dono ligou a tv e justamente passava o jogo do Bayern.

 

-- Não é o campeonato. – disse minha amiga. – É a Pokal.

 

-- Pokal? – eu disse porque não entendi.

 

-- Copa da Alemanha.

 

Assistimos num tempo e voltamos a trabalhar. Foi só no final do jogo, quando Bayern ganhou, que o time fez algo muito interessante. Eles pegaram uma enorme faixa e nela dizia isso:

 

FELIZ ANIVERSÁRIO LOUISE.

 

-- ODILE!

 

-- EU VI, AMIGA! – ela e eu nos olhamos. – ELE LEMBROU!

 

-- MEU URSINHO LEMBROU! – gritei de alegria e juntas pulamos e comemoramos juntas na frente de todos, que nos observavam sem saber do que estava acontecendo.

 

E para confirmar, recebi uma mensagem no Whats. Era dele.

 

Você viu o jogo na tv?

 

Respondi na hora.

 

Sim. Foi ideia sua aquela faixa?

 

Ya! Eles ajudaram!



Segue na Parte 3

Holiday Romance (Extra Chapter 2 - Parte 1)

 Boa tarde pessoal!

Começando 2022 (e no final do mês) com novo capítulo de Holiday Romance. Esse é outro extra chapter que conta o que aconteceu depois do jogo da Liga dos Campeões onde Odile e Lulu conheceram Franz e Gerd. E em breve a continuação da festa de véspera de natal na casa dos Romanovs. Boa leitura! 

OBS: O extra ficou grande demais e vou ter que dividir.



Capítulo 22: Um sentimento nivelado

 

Louise POV (uma semana depois do jogo da Liga dos Campeões: Bayern x Real Madrid)

 

A segunda-feira amanheceu com tempo nublado, contudo, sem previsão de chuva. Estava dormindo até o iPhone da Odile apitar com a música Do You Want To, do Franz Ferdinand.  Acordei pulando da cama com aquela música alta.

Odile já estava de pé. Isso sempre acontece. Ela levanta alguns minutos antes do celular despertar e deixa o aparelho perto da cama pra me acordar. Me senti como um dos zumbis figurantes do seriado Walking Dead, por conta da minha aparência assustadora, com o cabelo bem desgrenhado e o olhar... minha nossa! Estou com olheiras, iguais as da minha prima.

 

Tomei um banho e me arrumei.

 

-- Vamos, Lulu! – Apressou Odile, já com a mochila preparada. – Depois tomamos café na cantina!

 

E foi assim, sai da casa da sra. Donovan e seguimos a pé para Universidade. Meu estômago roncava de fome e eu procurava agüentar. Quando chegamos lá, ficamos um tanto surpresa com que vimos. A Universidade totalmente fechada e com uma faixa enorme com os dizeres:

 

ENQUANTO O PARLAMENTO NÃO NOS RESPEITAR, NÃO HAVERÁ AULAS!

 

GREVE!

 

Segundo as noticias nos últimos dias, o Parlamento inglês não definiu se dará aumento salarial para os professores e servidores públicos. Mas aumentar para os políticos isso sim. E o primeiro ministro havia concordado. Por essas e outras me chateio demais.

 

-- Vocês não perderam nada! – Disse Felicity, minha prima, acompanhada de Nora Smith, Ana Rosely e Marie, a irmã de Odile. – Nós também cometemos um erro em vir até aqui.

 

-- Acabei de ver aqui... – Ana mostrava no iPad o aviso de greve na página da Universidade no Facebook. – O protesto pelo aumento salarial.

 

-- Que beleza! – Suspirei pesadamente e frustada. – E quanto tempo vai durar essa greve?

 

-- Não sabemos. – Respondeu Ana. – É por tempo indeterminado.

 

No fim acabamos indo para a cantina onde encontramos alguns dos nossos colegas. Vi meu melhor amigo, Davy Jones e sua namorada, Dianna Mackenzie, juntamente com Micky Dolenz e a ficante Suzan Hardison, Peter Tork, Emma Carlisle e o “casal 20” Mike Nesmith e Alice Stone. Ela é legal, mas... devido aos últimos acontecimentos... isso meio que me deixa um pouco deprimida. Na festa dos veteranos no começo do ano, acabei bebendo um pouco no objetivo para me declarar para Nez e acabei me dando mal. Ele ouviu tudo e no final ele disse que só me via como amiga. Acabei aceitando e minutos depois, estava ele aos beijos com Alice. Mais bebida empurrada goela abaixo.

 

Todas conversavam mil assuntos e Odile falava com Marie algo sobre cinema e eu fiquei bastante de fora. Ouvia tudo, mas nunca falava. Pedi um pedaço de pizza e suco de laranja e como sobremesa musse de limão.

 

Enquanto mastigava um pedaço de pizza de peperoni, peguei o celular e ligando no What’sApp, mandei uma mensagem para Gerd. Desde que começamos a conversar via mensagem, não paramos por nada. Cada dia mais gostava de falar com ele sobre mil assuntos, até mesmo em bobagens e nas minhas piadas sem graça.

 

Bom dia, Gerd.

Espero que o treino esteja bom. Tenho uma má noticia: a universidade entrou em greve por conta de assuntos políticos e envolvendo o salário dos professores. E sem tempo de retorno das aulas. O que dificulta para os alunos.

 

Voltei a comer em paz e ao mesmo tempo trocava olhares com Christopher Romanov, o irmão (gostoso) da Ana. Ele estava em outra mesa, com seus colegas de quarto, incluindo meu irmão e estava ali até James Stone, o irmão da Alice que nunca larga do meu pé. Neste momento o celular apita com a mensagem no Whats.

 

Estava ali uma foto dele, na verdade uma selfie no pós treino com dia de sol em Munique, dizendo na legenda que “queria estar em casa”.  Segundos depois, mais uma mensagem.

 

Você ainda me dever uma foto, Louise

 

Então, ele quer uma foto? Certo! Aproveitei a chance que Odile estava comendo também um pedaço de pizza de peperoni, resolvi me ajeitar um pouco e segurando o copo de suco, tirei uma selfie... com minha amiga e sua pizza e a seguinte legenda, seguida com um emoji de fome:

 

Uma viciada em suco de laranja, a francesa pela pizza de peperoni

 

-- Louise, o que está fazendo? – Odile pegou meu celular e acabou vendo a foto que enviei pro Gerd. – Ah, sua danada! Apaga essa foto, vai!

 

-- Desculpa, eu já enviei! – Disse, rindo demais.

 

Gerd me respondeu com cinco emojis rindo da foto. Tenho certeza que ele mostrou pro Franz.  Quando Odile voltou a comer a pizza, outra vez (pra sacanear) tirei outra foto dela, com metade do pedaço na boca e na legenda escrevi “Gordices”.

Depois disso tirei das outras meninas. Ana conversando com Marie, Odile tomando soda, Nora e Fefe rindo. Minha prima percebeu isso e ficou olhando pra câmera, com cara de brava e querendo dizer “Ué?!”.

 

-- O que está fazendo? – Perguntou ela. – Abandonará a carreira de atriz e virar fotógrafa como eu?

 

-- Eu jamais quis tirar seu reinado! – Ria da cara dela e imediatamente enviei pro Gerd.

 

Terminamos de comer e acabamos indo pra casa. Ana, Fefe e Nora optaram em ficar no alojamento e eu acabei indo pra casa das Greyhounds. No caminho, Odile recebe uma mensagem do Franz com os dizeres e um emoji piscando.

 

Você é linda até comendo pizza, Odile.

 

-- Você me paga, Lulu! – Disse minha amiga, rindo e tentando se embravecer.

 

Quando chegamos a casa delas, a mãe dela, Serena, escrevia sem parar no desktop.

 

-- Bom dia, meninas! – Ela cumprimentou todas nós, antes de subir pro quarto. – Hoje não teve aula?

 

-- A Universidade está fechada por conta da greve dos professores. – Explicou Marie.

 

-- Não se importa se Louise ficar até a tarde, não é mãe? – Odile pedia autorização da mãe se eu posso ficar.

 

-- Ora, Odile. Claro que não me importo. E você, Louise, é bem vinda sempre na minha casa.

 

Fiquei no quarto da minha amiga, mexendo no celular e Odile verificava novidades no fb. Marie conversava com a mãe e depois ligava pro namorado dela, Graham Bond, o cara mais potterhead da Universidade e ele cursa História junto com a Rosie, filha da sra. Donovan.

 

Minutos depois Bond aparece e o pai dela, Jacques, acaba fazendo com que o casal fique na sala. Bem típico. Meu pai costumava fazer isso comigo e com meus namorados anteriores. Mas sempre dava um jeito de sair dali. E foi o que eles fizeram. Ficaram na sala por um tempo e depois foram pro quarto da Marie. Quando sai pra ir ao banheiro, cruzei por ali e abri a porta, vendo uma cena no qual não esqueço. Bond estava masturbando a Marie. Fechei a porta sem que eles soubessem e voltei pro quarto da Odile, que ligava o Skype.

 

Voltei pro quarto de Odile, com o rosto vermelho e me joguei na cama dela, enfurnando a cara no travesseiro.

 

-- O que houve?

 

-- Acabei de ver algo que não deveria ter visto.

 

-- O que seria?

 

-- Eu vi... Marie e Bond.... no quarto... – Minha vergonha era tanta que às vezes gaguejava. – Ele tocava a Marie... naquele lugar, sabe?

 

Gesticulei de um modo que ela entendeu e ainda riu disso.

 

-- Ah sim... – Ela disse, rindo. – Amiga, já somos grandes. Pode falar a palavra.

 

-- É que... eu... estou com vergonha...

 

Trocamos um olhar meio diferente e Odile segurou meu rosto e falou.

 

-- Louise... alguma vez você beijou... uma garota?

 

-- Nunca. – Respondi, assustada.

 

--Também não...Mas Marie me contou como foi beijar Irene e disse que foi um dos melhores beijos que ela teve... – Ela sorria e perguntou. – Quer tentar?

 

Aceitei por curiosidade. E para minha surpresa, foi maravilhoso. Os lábios de Odile são finos e gostosos. E o jeito dela de beijar é  tão... Excitante. Paramos o beijo e olhei para ela.

 

-- Eu adorei! Seria pedir demais... Outro beijo? – Olhando pra ela bem sapeca.

 

E voltamos a nos beijar bem animadas. Sem querer apertei o seio dela e ela apalpou meu bumbum.

 

-- Odile!

 

-- Nossa, Louise! Você é maravilhosa! – Exclamou Odile.

 

Minutos depois a janela minimizada do Skype pisca, indicando que tem alguém querendo falar com Odile. Ela se ajeitou e correu para o computador. Fiquei perto dela.

 

-- Adivinha amiga? Vamos conversar com eles. – Dizia minha amiga.     

 

-- Eles quem? – Não sabia quem ela estava se referindo.

 

-- Ora quem?! Nossos amados jogadores. Neste momento Franz está conectado!

 

-- Odile! – Fiquei brava e sem saber a janela do Skype se abriu com Franz e Gerd nos assistindo e ouvindo nossa conversa. – Eu não estou pronta pra conversar ao vivo com ele. Eu não quero!

 

Já me preparava pra dizer mais quando percebi dois olhares para nós e vi ali na janela maximizada. Eles. Neste momento fui tomada por uma sensação de mundo desabando e o rosto outra vez ficar quente e vermelho. Fugi dali e sem me importar, entrei no quarto de Marie. Mais cenas... ousadas. Ela praticava sexo oral no Bond e quando entrei ali, o gordinho potterhead gritou e Marie mordeu ali no “grande Bond”.

 

-- AI! – Ele gritou e ainda levantando as calças e massageando aquela parte. – Ai mon petit, não é pra morder!

 

-- Desculpa, mon amour... – E depois ela me olhou com fúria. – E você o que faz aqui? Vai pro quarto da Odile!

 

Odile por sua vez batia na porta, berrando.

 

-- Louise! Está me envergonhando na frente do Franz! Saia daí!

 

Ouvi também as vozes dos pais dela, falando em francês.

 

Bond coitado, estava com cara de choro e dor e Marie puxava meu braço, me arrastou e abriu a porta, me expulsando.

 

-- Caia fora do meu quarto!

 

Odile conversava com a mãe no quarto e ela olhava pro computador. Acho que rolou ali as apresentações. Mesmo de forma estranha, a sra. Greyhound sorria e depois me olhando, disse.

 

-- Não precisa ter medo deles, Louise. Pode conversar. – Ela sorria.

 

-- Mas Sra. Greyhound, eu sou tímida e eu paguei mico na frente de um deles! – Disse, nervosa.

 

-- Ora, se está mesmo a fim de um deles, tem que falar com eles. – Finalizou piscando pra mim e depois se despediu deles. – Até algum dia, Franz e Gerd. Espero vocês um dia na Inglaterra!

 

Assim que a mãe dela se retirou do quarto, Odile me puxou para perto dela.

 

-- O que sua mãe disse a eles? – Indaguei. – Ela falou com o Gerd?

 

-- Err.... Louise. – Ela tentou chamar minha atenção e apontou pro computador. – Ele está bem atrás de você!

 

Levei um susto e ele estava rindo.

 

-- Hallo, Louise! Menina viciado em suco de laranja.

 

-- Olá você! – Acabei me sentando e com o sorriso. – Olha, me desculpe pela minha... atitude. Eu sou tímida.

 

-- Estar tudo bem. O que houve com você? – Se referindo ao meu cabelo e minha roupa amassada.

 

-- Ah, eu estava dormindo. Odile me acordou.

 

O papo não durou muito até eu ver uma agitação na web. Ao que parece Manuel Neuer, o goleiro reserva, surgiu ali e não entendi bem o restante da conversa... até de repente o sinal ser cortado.

 

-- Acho que desligou, Odile. – Falei.

 

-- Ihh... eles podem ter perdido o sinal de internet lá. – Ela manteve o Skype ligado e eu voltei pra cama.

 

No final as irmãs convidaram a mim e Bond para passar a noite na casa delas e eu aceitei. Telefonei pra minha mãe avisando sobre isso e ela deixou. Jantamos todos juntos e quando voltei pro quarto de Odile, pude ouvir Marie gritando com Bond.

 

-- EU NÃO QUERO ASSISTIR HARRY POTTER! EU QUERO VER CLUBE DA LUTA!

 

Minha amiga ficou no Skype, desta vez conversando com Franz e então sai dali e bati na porta de Marie (sim, Marie sabe de toda história que ocorreu).

 

-- O que houve, Lulu?

 

-- Odile vai conversar com Franz e eu posso ficar aqui com vocês vendo filme?

 

-- Tudo bem! – Ela concordou.

 

A cama de Marie era um pouco maior que a da Odile e então permitiu os três ficarem ali. Volta e meia digitava no celular, seja pra caçar imagens do Ikki de Fênix no Tumblr ou conversar com o pessoal no grupo do Whats voltado para animes e mangás. Gerd ainda me mandava mensagens e num dado momento, Bond pegou meu celular.

 

-- Bond, me devolva! – Tentei pegar de volta. Contudo, Bond era enorme e ainda me impediu colocando a mão na minha cara.

 

Ele viu as fotos do Gerd, para minha vergonha.

 

-- Hum... então esse é o alemão que você está de crush? Venha ver Mon Petit!

 

-- Deixe me ver... – Marie também viu as fotos. – Minha nossa! Ele é um gigante!

 

-- Me devolvam meu celular!

 

-- Olha só! – Me mostrando na tela. – Veio mais uma mensagem Mon petit!

 

-- Me dá aqui que vou mandar uma! – Marie fugia de mim e digitava.

 

Gerd, te acho um gato e quero ser sua gata, sim?

 

Aquilo só pode ser vingança por atrapalhar o momento íntimo deles.

 

-- Olha, ursão! Ele a chamou de ursinha!

 

Marie e Bond me mostraram o texto.

 

Você ser minha ursinha e eu ser seu ursinho.

 

Retirei o celular deles depois das palhaçadas que me fizeram e ainda tive de ouvir risos e piadas deles. Pedi desculpas para Gerd.

 

Gerd, me desculpe pelas mensagens. Não era eu que escrevi aquilo...

Era a Marie, a irmã da Odile que escreveu. Por favor, me perdoe...

 

Para minha surpresa, ele não respondeu. De duas coisas, uma seria a possibilidade. Ou ele ficou sem sinal de internet ou... simplesmente não gostou das mensagens. Fiquei brava com Marie.

 

-- Olha Marie eu realmente peço desculpas por atrapalhar você e o Bond, mas agora acabei de perder contato com ele. – Em seguida sai do quarto dela e fui para o da Odile.

 

Ela havia terminado de conversar com Franz e a cama inflável já estava pronta. Pedi para Odile um pijama e recebi uma resposta.

 

-- Pra que pijama se pode dormir... sem roupa?

 

Praticamente minha amiga tirou minha roupa e me puxou pra cama. O resto... Podem imaginar.

 

No outro dia acordei sem Odile. Me levantei e fui ao banheiro só de lençol e tomei um banho. Me vesti rápido e aproveitei para acessar a internet. De zoeira acabei abrindo o site do The Sun, o tablóide de fofocas e me deparo com a seguinte noticia.

 

GERD MÜLLER E TAYLOR SWIFT FORAM VISTOS AOS BEIJOS NA FESTA.

AFFAIR DOS DOIS É CONFIRMADO.

 

Então estava aí. O motivo de não ter respondido minha mensagem. Não sabia bem se estava com raiva disso ou ficava chorando. No entanto havia outra noticia.

 

FRANZ BECKENBAUER E MARION COTILLARD FORAM VISTOS DE MÃOS DADAS.

 

Será que depois disso, Odile vai continuar amando o alemão? Já eu... queria metralhar Gerd por isso! Como sabia que Alice tem uma crush por ele, liguei pra ela.

 

-- Acabei de ver no site... que decepção! – Lamentou Alice no outro lado da linha.

 

-- Decepção total! – Respondi, de raiva. – Melhor dedicar meu amor ao Ikki e o Channing Tatum, pelo menos eles não me decepcionam.

 

Ao fim da conversa, fui tomar café com a família. Marie me pediu desculpas e acabei aceitando, não dando muita importância. Pela parte da tarde As Greyhounds e eu fomos para a casa de Alice estudar junto com o pessoal. Marie se juntou a Ana, Nora e Fefe e eu e Odile lamentando sobre nosso azar. Jim Stone também chamou seus amigos. Christopher, Mickey, Giles Mackenzie e George Smith.  Dos amigos de Alice, estavam meu melhor amigo, Davy, Micky, Peter e Mike e as garotas Dianna e... Emma. Não conseguia olhar pra cara dela sem lembrar-se da “cantora maravilha”

 

Peguei meu mp4 e apaguei todas as músicas dela. Nota mental: apagar também no notebook, tablet e desk. Odile lamentava por saber que Franz e Marion estão mesmo juntos. E eu não tive vontade de fazer mais nada. Alice percebeu isso e pegou meu braço e me levou para perto do seu grupo de estudos.

 

-- Não fica assim, Lulu. – Ela passava a mão nos meus cabelos numa caricia tão gostosa. – É uma pena que o McDreamy alemão está com ela.

 

-- McDreamy alemão? – Não havia entendido isso.

 

-- Desculpe. – Ela ria enquanto bebia um copo de refrigerante. – Lembra do seriado Grey’s Anatomy?

 

-- Ah sim. – Lembrei do lindo e paquerado Patrick Dempsey, no papel do médico Derek. Pra falar a verdade, assisti bem pouco disso porque não curto tanto assim. Contudo, assisto junto com Odile e as meninas. Fefe deixou claro não gostar.

 

Neste momento Emma apareceu e ficou conversando com Alice. Me mantive afastada da loira e com cara de brava.

 

-- Lulu, eu assisti aquele anime que me indicou, Sailor Moon. É tão fofo e adorável! Também compartilho o gosto pelo Tuxedo Mask.  – Emma sorria e estava bastante feliz.

 

-- Legal! – Falei rispidamente e me retirei, me contendo para não falar um palavrão e não a chamar de Star Collector (conforme a música que Davy escreveu um dia para Meg em homenagem de a vadia ter roubado o Jeff Beck de mim) ou de Taylor Swift.

 

Davy e eu fomos ao mercado comprar algum lanche para a turma e ele me comentou algo, enquanto dava risada.

 

-- Hoje Micky me comentou sobre o que The Sun publicou. A crush dele, a cantora Taylor Swift está saindo com aquele jogador alemão que a Alice é bem fã. Sinceramente o que elas vêem naquele cara?

 

Meus olhos se encheram de lágrimas e tentei disfarçar o choro. Algo que não adiantou.

 

-- Por que está chorando, amiga?

 

-- Nada. – Menti. – Eu não estou bem.

 

Davy me consolou e compramos pizza, mais refrigerante e sorvete. E eu peguei mais chocolate. Quando voltamos para casa da Alice, todo mundo comemorou e no fim da tarde fizemos aquele banquete legal. Emma outra vez se aproxima de mim, acho que me viu chorando.

 

-- Louise, está tudo bem?

 

-- Não. – Respondi quase grosseira. – É coisa minha, Emma. Me deixa!

 

Outra vez me afasto dela.  Como desejava que tudo isso acabasse. Fiquei um pouco sozinha no jardim quando Jim, o irmão da Alice me abordou.

 

-- Odeio te ver triste, pequena deusa. – Ele me chama de “pequena deusa” por conta do livro “Mitologia Grega :Nova versão”, onde Atena é retratada como uma moça loura e baixinha e também se envolve com mortais e deuses.

 

-- Me deixa em paz, Jimmy. Não estou para conversa.

 

-- Alice me contou que você está de mal com a Emma... Eu sei que não é da minha conta, mas, o que ela fez para você?

 

Acabei por contar a verdade, antes que todos me encham de perguntas.

 

-- Não consigo olhar pra Emma sem lembrar daquela... daquela.... cantora! – Amassei a lata de refrigerante e joguei no cesto do lixo.

 

-- Ah não me diga que você gosta também daquele chucrute de pernas enormes? – Indignou-se Jim. – Porra, primeiro é a Alice, agora você?!

 

-- Agora que já sabe, por favor, me deixe em paz!

 

Jim me agarrou e me prensou na parede.

 

-- Vou provar... – Ele aproximava seu rosto junto ao meu. – Que sou bem melhor que aquele cara.

 

O próximo passo foi um beijo daqueles bem quentes. Não pensei que Jim beijasse dessa maneira. Quando paramos, ele me levou para o quarto dele.

 

Foi aquela troca de carinho tão intensa que me deixou com o cabelo bagunçado e a roupa amassada. Paramos um pouco.

 

-- Eu já volto, pequena deusa. – Ele se ajeitava e correu para o banheiro.

 

Ajeitei meu cabelo e sai do quarto. O pessoal já havia ido embora, apenas ficou Mickey e Odile se pegando na sala e Alice e Nez no quarto. Ela saia dali com o cabelo bagunçado e umas marcas no pescoço.

 

-- É o meu irmão. – Ela comentou, sabendo que Jim se trancou no banheiro. – Sei o que aconteceu e não digo nada.

 

-- Ok, obrigada. – Agradeci um tanto sem jeito. Depois Alice me levou para o seu quarto, no qual fiquei muito... chocada. São pôsteres do Gerd por todos os lados e ainda ela tem um fichário bem personalizado, ao passo que só tenho um caderno.

 

Enquanto Alice tinha ido à cozinha beber água, aproveitei e peguei dois pôsteres menores que ficavam meio escondidos no roupeiro e escondi na bolsinha.

 

-- Louise, posso te pedir uma coisa? – Trazendo um copo de água e me oferecendo,

 

-- Claro.

 

-- Você... pode me desenhar?

 

Aquele pedido me pegou de surpresa. Alice encomendando um desenho para mim. Já imagino que é para o Mike.

 

-- Errr... bem... – Tentei disfarçar, ainda estava naquelas que não me recuperei em perder Nez para ela e ainda com ele me dizer que me vê como amiga.

 

-- Eu prometo pagar!

 

-- Tudo bem, eu aceito. – Acabei cedendo, mas não por dinheiro. – E não precisa me pagar.

 

-- Eu passo na sua casa amanhã?

 

-- Esteja lá às 14h.

 

Mickey acabou levando Odile para a casa dela e depois seguimos para a nossa. O jantar foi razoável. Ao que parece papai vai fazer hora extra no restaurante, devido umas faltas cometidas por motivo de doença. Na verdade, ele havia faltado o trabalho para seguir as recomendações do seu analista, que alegava que meu pai esteja estressado. Alias, papai trabalha como chef de cozinha no London Grill, o restaurante mais chique e caro da cidade. É estranho, mas, antes de ser chef, ele era ator e atuava no teatro e novelas.  Foi dele que quis seguir a carreira artística. Minha mãe era artista plástica, tem uma galeria e nas horas vagas ela faz artesanato e bonecos em biscuit para vender.

 

No quarto, me joguei na cama, pensando no que me aconteceu com Jim Stone.  Melhor tirar meu time de campo, pois Jim é o tipo de cara que leva uma garota para a cama numa noite e na outra ele pega outra e esquece a anterior. Ao menos as pegas nele foram bons. Meus pensamentos foram interrompidos com a mensagem no What’s App. Advinha quem? Se respondeu Gerd Müller, acertou.

 

 

Hallo, Louise.

Desculpe por não responder seus mensagens. Tinha saído para um festa.

 

Desgraçado, pensei. Amaldiçoei o dia que conheci esse jogador, a ponto de sonhar com ele, pagar mico no hospital ao dizer que o ama em alemão e ainda papear via Whats. Não respondi. No jantar mandei mensagem para Odile sobre isso e ela respondendo que está ainda triste por saber que seu amado Franz está com Marion.

Gerd outra vez enviou textos para mim.

 

Acho que você estar estudando ou vendo suas desenhos. Então... boa noite. Pode falar comigo a noite.

 

Ele que sonhe que vou responder algo.

 

No outro dia (sem aula) verifiquei as mensagens e o conteúdo era... Desesperador.

 

1)      Louise você estar bem?

2)      Estou preocupado.

3)     Você deve estar sem sinal não é?

4)     Por favor estou preocupado.

5)     Aconteceu algo e não quer falar pra eu?

 

 

Cinco mensagens simples porém mostrando que ele está preocupado, já que converso com ele á todo momento. Desta vez o resultado é diferente. E agradeça a Srta. Taylor Swift, a miss fofa do universo, a cantora country que quebra corações mais que a última namorada de Mick Jagger.

 

Pra encerrar, dei uma mensagem... no mínimo demonstrando minha insatisfação.

 

Olá, Gerd. Estava cansada e não respondi suas mensagens. Hoje vou estudar e me divertir.

PS: Não fale mais comigo quando sua namorada cantora country te dispensar!

 

 

Agora sim, acabou. Apaguei o número dele e... game over!

 

Alice apareceu em casa conforme o combinado e fiquei desenhando ela. Num dos momentos artísticos ela ficou nua (sim, um dos desenhos seria dela sem roupa e pro Mike). Notei um brilho no seu olhar azulado e um sorriso.

 

-- Sei que não devia, mas, alguma vez... já beijou uma garota? – Ela questionou. – Prometo não contar para ninguém.

 

-- Sim. – Confirmei. – Beijei a Odile e... Dormimos juntas. Foi só uma vez.

 

-- E foi bom?

 

-- Sim. E você já... fez....

 

-- Claro. Com a Belle e a Irene.

 

Belle Blue e Irene Adler são amigas de Alice e vivem num dos alojamentos da universidade. Quando mudei para outra página do caderno de desenho, Alice se deitou de lado e disse.

 

-- Pinte-me, como você pinta suas francesas.

 

Já tinha ouvido falar disso e olhei para os DVDs de filmes que tenho, eu me lembrei do Titanic. Sorri para ela e segui desenhando. E ela falando... do McDreamy alemão.

 

-- Acha que vão dar certo?

 

-- Quer que eu seja sincera? – Indaguei, temendo algo pior.

 

-- Sim.

 

-- Odeio a Taylor! E passo a odiar mais depois disso. Aposto que ela vai trocar ele por um cara tipo... Robert Pattinson.

 

-- Robert Pattinson já era! – Alice ria só de pensar nisso. – Nunca mais ele namorou depois da Kristen Stewart. Penso que a Taylor fique com alguém... do One Direction.

 

-- Aí quer acabar com ele, Alice! – Acabei rindo da possibilidade.

 

Ao terminar o desenho, Alice se vestiu e eu recebi uma ligação de Odile, me convidando para viajar com a família para França.

 

-- Quando você vai?

 

-- Daqui a três dias.

 

-- Antes de ir, você vai me visitar? Por favor...

 

Não neguei isso e voltei para casa, contudo, deixei os desenhos para Alice. Conversei com meus pais sobre a viagem.

 

-- Se estivesse na Universidade de Cardiff isso não estava acontecendo. – Reclamou meu pai, devido o tempo de greve da universidade.  – Porém, não posso priva-lá de se divertir e confio nos Greyhounds. Eu permito.

 

No quarto, mandei uma mensagem para Odile.

 

#PartiuFrança

 

Mal posso esperar.