Continuando...
Alice
POV
Olhava
mais para os desenhos e escolhi um no qual Louise me desenhou nua, como
Leonardo DiCaprio desenhou a Kate Winslet em Titanic. Preparei uma moldura e deixei pronto meu
presente para Mike. Um fator meio preocupante foi ter visto Lulu dando maior
gelo na Emma. Afinal, o que aconteceu entre elas? Que eu saiba, Emma e Lulu
embora se falando pouco, elas se dão bem e nunca houveram queixas. E agora
isso?
Suspeito
eu que a irmã de Mickey acha Emma parecida com a Taylor Swift. Espero que
esteja errada e faça essas duas se acertarem. Olhei para o celular e era ele me mandando
mensagem, com um questionamento que me deixou mais preocupada.
Por acaso
sabe o que está havendo com a Louise?
Desde que
chegou em casa, ela anda triste. E também vi Odile chorando debruçada numa
camiseta do Bayern...
Algo me diz
que é aquele jogador...
O que você
acha?
Vou aí te ver, linda.
Quase
duas horas da tarde e Mickey apareceu. Nos beijamos assim que entramos no meu
quarto e ficamos deitados por algum tempo.
--
Pobre Odile... – Ele comentou, me deixando um pouco enciumada. – Ela está
sofrendo por... aquele.... Aquele...
--
Esquece, Mickey! – Beijei mais uma vez.
Adoro
Michael McGold desde a amizade dele com meu irmão. Nesses últimos dias meu
namorado, Mike Nesmith, ficava irritado comigo. Só por causa que ando falando
sobre o jogo do Bayern, sobre Gerd e às vezes de minhas amigas, Belle, Irene e
Annie. E agora... sobre Lulu.
Apesar
de gostar muito do Mickey, tenho um carinho pela irmã dele. Sei lá, ela é tão
pequena, meiga e fofa. E também muito adorável. Tem vezes que quero ficar mais
perto dela do que qualquer outra menina. E depois daquele desenho... tenho mais
certeza que gosto dela. E ainda vou roubar um beijo dela.
Ao
fim da tarde, Mickey vai embora e eu fiquei de papo com as garotas no grupo do
Whats. Louise não conversou, mas vi que está online. Decerto papeando com Harry
Daniels e a turma de otakus da universidade. Amanhã ela virá...
Como
prometido Louise apareceu de manhã. Ela trazia sua mochila costumeira,
carregando mangás, graphic novels e o caderno de desenhos e, claro, seu vídeo
game portátil inseparável. Mostrei para ela o pôster gigante do Gerd que Jim
havia conseguido no estágio do jornal.
--
Não é demais esse McDreamy? – Praticamente beijava o pôster.
--
Seria demais se ele deixasse a Taylor. – Disse Louise, em seguida tampando a
boca. – Desculpe, foi sem querer, mas...
--
Eu sei, Lulu. Eu também não aceito ela com o McDreamy. – E realmente não
aceito.
De
repente, me veio algo na mente. Criar um mangá. Não sabia desenhar, mas criar
um roteiro, uma história eu sabia. Ainda mais postava minhas fanfictions em
sites conhecidos como o Fanfiction.Net
e algumas obras de ficção original no Fiction
Press.
--
Quero produzir uma HQ ou mangá, contigo Lulu. – Disse, segurando suas mãos
macias. – O que acha, pequena?
--
Eu adorei! – Ela me abraçava e tinha cheiro de lavanda e rosas. Como amo
lavanda e rosas. – Sempre quis fazer isso. E você tem uma idéia?
--
A principio será shoujo. Algo
romântico e leve. Deixa que eu mesma crio o roteiro.
Louise
estava empolgada e eu também. Enquanto falávamos sobre quem seriam as
personagens, escolhia o lugar para pendurar o pôster e no fim colocamos na
parede ao lado do closet. Depois disso almoçamos todos com mamãe. Papai
trabalha de manhã no jornal junto com Jim e mamãe só trabalhava de tarde, na
prefeitura como professora de dança.
Na
parte da tarde ficamos assistindo o jogo do Bayern contra o Hamburgo. Notei que
Lulu fixava o olhar no McDreamy. Eu amo Gerd. E também amo a Louise.
Principalmente quando ela olha para ele daquele jeito. Olhei para Louise e ela
também me olhava. Por impulso a beijei na boca. Simples, porém, com vontade
depois que notei que ela me correspondia.
Tranquei a porta do
quarto e puxei ela para perto de mim, continuando nosso beijo. Aos poucos
tirávamos nossas roupas e ficamos nuas. Louise cobria os seios com as mãos e
olhava para baixo.
-- Você estava assim
quando ficou com a Odile? – Questionei, sorrindo.
-- Não... É que... Ela
me beijava e sussurrava...
Resolvi fazer o mesmo. Puxei
as mãos dela e vi aqueles seios, pequenos e lindos. Os mamilos endurecidos e
róseos, o ventre perfeito e as pernas mais lindas. De uma maneira divertida,
começamos a dançar juntas, com nossos corpos uma na outra.
-- Pequena, não se
preocupe. – Sussurrei no ouvido dela. – Hoje você vai ser só minha e vou te dar
carinho.
Deitei-a na cama e mordi
o lóbulo da orelha dela bem provocante.
-- Ahhh... Alice....
-- Shhhh! – Silenciei
com um dedo na boca macia dela.
Enquanto a beijava,
minha mão deslizou sobre o meio das pernas dela, sentindo a intimidade de
Louise, úmida e quente. Toquei Louise de forma sensual e provocante e ao mesmo
tempo fiz sexo oral nela. Louise gemia demais.
-- Alice... ahhhh... Amorzinho...
Mais...Mais...
Chupava mais minha
menina e depois voltei aos beijos. Louise retribuiu da mesma forma, me deixando
louca.
--- Ohhh... ooohhh...
Louise... por favor...—Disse enquanto passava a mão nos cabelos fofos dela.
Em outro momento
resolvemos aumentar nosso prazer. Louise deitou por cima de mim no sentido
contrário. Ali mesmo fizemos a posição 69. E devo confessar: foi maravilhoso.
Quanto
tudo acabou voltamos a nos vestir, com medo de alguém aparecer. Até que sugeri:
--
Vamos tomar banho juntas?
--
Ficou doida? E se sua mãe nos flagra? O que vão pensar? – Louise tinha medo de
ser reeprendida.
Mesmo
assim peguei duas toalhas e arrastei Lulu para o banheiro. Foi bem divertido. E
excitante. Estar com ela não havia preço, estar com ela no banho era tudo.
Fizemos tudo rápido para mamãe não no ver e voltamos para o quarto. Jantamos
juntas e notei o quanto Jim olhava para ela.
Adormecemos
na minha cama e lá pelas cinco da manhã, ouvi uns gemidos abafados de Louise e
quando acordei, estava ela, beijando meu irmão.
--
Hmmm... Louise? – Afaguei seus cabelos.
--
Desculpe por te acordar, amor.
--
Tudo bem. Se quiser... pode ir para o quarto do Jim. – Voltei a dormir.
Acordei
eram nove horas e Louise se preparava para ir embora.
--
Pequena, promete manter contato? – Abracei bem forte Louise.
--
Nós duas sempre conversamos, Alice. Só em raros momentos quando você está
falando com a Belle e Irene ou com a Di e... — Notei aí que ela não queria
falar o nome da Emma.
--
O que você tem contra a Emma, pequena? – Perguntei. – Você sempre se dá bem com
as pessoas, mesmo você e minha amiga não se conversarem muito, ainda assim se
dão bem.
--
Parece mentira, mas... Quando olho para ela... me lembra a Taylor! Pronto,
falei!
--
Pequena, não se preocupe com essas
coisas, sei que desde que ela ficou com o McDreamy eu também parei de escutar
as musicas dela e sei que a Emma se parece com ela, mas nem por isso brigo com
ela. – Beijei Louise na testa e olhei para os olhos dela. -- Boa viagem minha
pequena, tome cuidado e leve várias blusas para não ficar resfriada, por favor,
me escreva, me mande e-mails, mensagens, o que for.
-- Farei isso, meu amorzinho. – Ela
roubou um beijo meu. – Se cuida e sobre seu irmão...
-- Eu sei, pequena. Relaxa.
Só de pensar que ficarei quase uma
semana sem Louise por perto me doía no coração, porém, eu sei que vamos manter
contato, já aconteceu das outras vezes. Minha pequena....
Louise POV
Nestas horas queria dizer que me
arrependo de ir para França. Sabe por quê? Uma palavra resume: gripe. Se não
fosse minha baixa imunidade, diria que o clima frio de Paris não provocaria a
minha gripe. Em vez disso, subestimei o clima e a umidade da cidade. Passei a
viagem inteira tossindo, espirrando, coçando o nariz, escorrendo coriza e dor
de garganta. Pior ainda. Estou com febre.
Não sei como os pais da Odile não me
repreenderam e foram super compreensivos. Fiquei no quarto dela e foi preparada
uma caminha para mim. Tomei banho e já vesti o pijama. Tomei chá e remédios
para gripe.
-- Desculpa, Odile. – disse
finalizando com um espirro.
-- Sem problemas. – ela me deu duas
caixas de lenços descartáveis. – Devia saber que você é fraca em questão de
mudança de clima.
-- Sim... cof cof... Odile... E sobre
o Franz? O que fará?
-- Não entendi.
-- O que vai fazer? Já que ele está
com a Marion.
Mal conseguia falar por causa da dor
de garganta e neste momento a mãe de Odile trouxe uma bandeja com uma tigela de
sopa, algumas bolachas doces, mais remédios e um chá de própolis. Odeio própolis,
mas é tão medicinal que sou obrigada a tomar.
E
quanto a Odile, ela disfarçou e respirou fundo. Ela pôs a mão no peito.
--
Eu vi na internet... – ela disse, triste. – Vou seguir minha vida e fazer como
Aretha Franklin. “Fazer uma pequena oração”.
--
Aposto que ele nem manda mais mensagens no Whats. – disse enquanto mergulhava
as bolachas na sopa e comia.
--
Ele mandou uma na verdade dizendo: "quero falar com você
pessoalmente".
--
E você vai?
--
Vou! – ela garantiu. -- Quero falar pra ele parar com esse jogo comigo. Se ele
quer a Marion ou a Brigitte ou qualquer uma, fique com ela.
--
Ele não falou nada do Gerd? – questionei por curiosidade.
--
Sim, se você puder ir pra falar com ele.
--
Não quero e dou dois motivos. Primeiro, gripe e segundo, Taylor Swift. – cada
vez que me lembro disso à mágoa vem com força.
--
Taylor está numa festa com a Selena lá na Califórnia. – Odile mostrava a
noticia no celular e ria.
--
Mas estou com gripe. – disse e soei o nariz, jogando o lenço no lixo. -- Não
quero vê-lo. Eu... Bloqueei-o no Whats. Se quiser pode ver no meu celular.
--
Eu sei, eu vi você fazendo isso no trem se quiser, digo que acabou.
--
Agradeço amiga. Faz isso que estou... cof cof... horrível.
Depois
das refeições, fui escovar os dentes e voltei pra cama, debaixo dos cobertores
e Odile ligou a TV smart, conectando no Netflix. Assistimos alguns filmes
adolescentes dos anos 90 e 2000.
--
Amanhã quero que me sugira uma roupa pra eu quebrar o coração daquele alemão! –
Odile sentou-se na beira da minha cama de abrir e fechar.
Notei
que ela se segura pra não chorar.
--
Você quer chorar?
Ela
desatou em lágrimas e a consolei.
--
Usa aquele vermelho que você comprou pra festa dos veteranos e sambou na cara
daquelas peruas veteranas.
--
Vou usar... – ela secava os olhos nos
lenços descartáveis.
--
Você me quer junto? Para que... Não
chore na frente dele? – perguntei, solícita.
--
Por favor, eu cuidarei de você. – ela aceitou. -- Pode até usar o casaco de
pele da minha mãe.
--
Eu podia infectar Franz com meu vírus da gripe A. – falei, meio maldosa e
acabei rindo e tossindo. -- Eu estou brincando, Odile.
--
Eu sei, mas se ele terminar o rolo, pode passar sua gripe pra ele. – permitiu
Odile. -- Eu deixo e vou pegar mais um
cobertor pra você.
--
Obrigada, amiga. – depois perguntei ao receber a coberta. -- Será que devo
arranjar outro crush?
--
Acho que você devia investir na Alice. Fazer amor com garotas é mais gostoso do
que meninos.
--
Como você sabe sobre eu... E Alice?
--
Eu vi vocês se beijando e ela me ligou perguntando sobre como estava o solzinho
dela.
Dei
risada e tossi ao mesmo tempo.
--
O solzinho tá gripado e eu gosto muito dela.
--
Eu sei! Eu shipo vocês, eu avisei! E
disse que se tivesse dinheiro ela estaria aqui.
--
Aproveitando que está shipando geral,
sem querer... shipei você e a Joanna.
Joanna
Martin é também caloura do curso de Artes Cênicas e é hippie. Veio de Swansea e
divide o alojamento com Renée Chapelle (prima da Fefe), Alberta Mann e com
Miranda, sua irmã mais nova.
--
Sabe que eu tenho crush naquela good vibe comunista. – ela admitiu. -- Às vezes
queria prensa-la na parede e beija-la.
--
Você e sua queda por ruivas. Eu vi
também que você olhava pra Rosie e ela é do curso de História.
--
Sim, Marie me contou. Eu acho ruivas lindas demais... na próxima festa que
tiver, vou roubar um beijo das duas.
--
Uiaaa está podendo, Odile.
Se
passaram três dias e embora apresentasse melhora, ainda estava gripada. Foi no
terceiro dia que aconteceu um jogo da Champions League. E ironia do destino:
Bayern de Munique e Paris Saint-Germain.
Marie
conseguiu os ingressos com o pai e assim Odile e eu a acompanhamos. O clima
desta vez estava gostoso e mesmo assim eu usei um vestido florido e jaqueta
jeans e calcei meu tênis All Star. Odile usou mesmo o vestido sugerido. Na bolsinha
levava meus remédios, lenços, o celular, fone de ouvido e o livro Macbeth, de Shakespeare.
Já
Odile usava além do vestido um cachecol vermelho do Bayern e um sobretudo
preto.
--
Pensei que ia secar o Bayern. – considerando a raiva que Odile estava.
--
E vou mesmo. – ela parecia determinada. – Vou enforcar aquele alemão.
Agora
sim. Gostei. Durante o jogo não acompanhei direito os lances e muito menos vi
Odile e seus trejeitos de torcedora, só resmungos. Peguei o livro e li um
pouco. Só voltei minha atenção no fim do segundo tempo quando o Bayern reagiu e
ganhou por 2 x 1. Placar comum e
razoável.
Ao
fim do jogo Odile e eu caminhamos para a Avenida Champs- Elysées. Já estava
chegando ao Arco do Triunfo quando avistei... eles!
--
Odile...
--
Eu sei!
Ela
caminhou em direção a eles e eu fiquei longe deles. Notei que Gerd está vindo
em minha direção. Minha nossa! A primeira coisa que pensei era fugir. E fugi
mesmo. Apressei o passo e ele quer me alcançar, então corri. Parei em frente em
uma loja de brinquedos e me escondi. Fiquei olhando algumas sessões e avistei
Gerd entrando na loja, me procurando. Ele me viu e tentou me seguir.
--
Eu achar você. – dizia ele.
Corri
para a sessão de bichinhos e ursos de pelúcia.
--
Por que se esconder? Quero ver você.
Sabem
aquela raiva? Eu tenho e é de jogar uma montanha de bichos de pelúcia contra
ele, por me enganar com a Taylor “Emma Carlisle” Swift.
O
que não poderia contar eram duas coisas. A primeira era da chamada do meu
celular com o toque de Hooked On A Feeling. O número não pude ver e mesmo assim
atendi.
--
Alô?
Um
silêncio.
--
Alô? ALÔ?
Se
não responde, eu desligo. Ouço passos e vejo na sombra que era do Gerd. Putz,
ele está perto. Já ia sair da sessão quando a alergia me ataca e espirrei. E a
coriza se manifesta, forçando-me a pegar o lenço e soar o nariz. E na saída da
sessão estava ali, o alemão urso me esperando.
--
Ursinha?
Não
respondi e outra vez, espirrei. Gentilmente ele tirou um lenço e estendeu para
mim.
--
Isso... – tossi um pouco. – Não muda nada.
--
Eu terminar há muito tempo com a Taylor. – justificou. -- Ela veio com um papo
de fiz uma canção pra você.
--
A internet não mente, Gerd. Eu vi as notícias de vocês dois juntos dias atrás.
Esbravejei
mal e tive uma crise de tosse forte. Outra vez o cavalheirismo dele me
conquista ao tirar seu casaco esportivo e o coloca em meus ombros. Tocou minha
testa e se espantou.
--
Está com febre.
--
É claro que estou. – de novo fiquei brava. – Não estou bem. Olha, eu vou
embora. Eu não devia ter feito o que fiz lá em Madri, mantido contato para
acabar assim. Eu... não devia.
--
Terminei com ela lá mesmo.
--
Por minha causa.
O
próximo ato foi um tanto inusitado. Ele me puxou para um beijo gostoso. Meu
único pensamento era que o contagiei com minha virose. Mas ele viu que não
estava bem, então ciente da minha situação.
Na
saída ele comprou um ursinho de pelúcia para mim e seguimos caminhando até
chegar num café. Tomei chá com remédio e comi um pedaço de torta de limão. Reencontramos
Odile e desta vez, sorria com Franz. Os dois finalmente se acertaram. Nunca as
músicas da Edith Piaf fizeram tanto sentido...
Em
casa tomei banho, vesti o pijama e fui dormir cedo. Nem dei boa noite no whats
de tão cansada. E alguns dias depois voltamos para saudosa Inglaterra. Me curei
um pouco mas continuei com os remédios. E no fim de semana algo inusitado
aconteceu. No jogo da Bundesliga, Bayern estava confrontando o Hertha Berlin e
notei que Gerd não jogou. Ele... estava no banco e no rápido foco da câmera,
ele não estava bem.
--
Odile, aconteceu algo com Gerd? – perguntei.
--
Você não sabe? – ela perguntou e depois justificou. – Franz me contou que ele
está gripado faz uma semana.
--
Meu Deus! – exclamei em voz alta. – EU MATEI O URSINHO!
--
Como assim?
--
Ele me beijou... E passei a gripe! – tão envergonhada eu fiquei e me escondi no
travesseiro. – Ai meu Deus! Eu não queria beijar, mas foi maior do que eu. Não
resisti aquela boca...
O
que não contava era minha mãe ouvindo o papo na cozinha.
--
Quem você andou beijando mesmo gripada, Louise?
Odile
e eu nos espantamos e rimos.
--
Foi um torcedor francês meu amigo. – respondeu Odile, me salvando.
--
É apenas um crush, mãe... – eu disse e ao mesmo tempo ria.
--
Sempre digo a vocês: nunca beijem o cara dos seus sonhos enquanto estiverem
gripados. Uma vez fiz isso no pai do Serguei. Resultado: ele não conseguiu
competir no Clube da Luta Greco-Romana da universidade.
Depois
disso mamãe se retirou, voltando aos biscuits para vender na feira.
--
Tenho uma idéia. Minha avó Linda faz lindos cachecóis. Ela fará um para o
Franz. Pedirei que ela faça um para o Gerd e você o presenteia. O que acha? –
sugeriu Odile.
--
Será pedir demais para fazer um suéter? – pedi.
--
Deixe-me ver. Quer um grande urso, bem na barriga? Sim, ela faz. Ela conseguiu
assim com uma raposa para o Franz.
--
Neste caso tudo bem.
Enquanto
os suéteres não eram feitos, passei os dias de greve da universidade no ócio
total. Lógico que estudava, conversava com Gerd e meus amigos no Whats, dividia
meu tempo com Odile e meu irmão. E aí começa uma série de eventos loucos. O
primeiro foi no trem. Mickey, Chris, eu, Odile e o quarteto fantástico das
garotas resolvemos ir ao Soho e pegamos o trem.
Como
estava anoitecendo, era dia de festa, mas o problema era que naquele dia, uma
sexta-feira, ia acontecer um jogo entre Arsenal e West Ham. Como é de costume,
os gunners (torcedores do Arsenal), se juntaram num só vagão e se realizava uma
festa, a ponto de balançar o trem. É divertido, mas perigoso porque atraia os
hooligans. A nossa tática é ficar sempre juntos. No trem encontramos a English
Band e a zueira entre nós começou. Percebi que Rosie Donovan estava no trem,
mas um pouco distante e conversando bastante com seu melhor amigo, Graham Bond
e Marianne Jones.
Enquanto
o trem seguia para Westminster, ele parou numa estação e justo no nosso vagão,
lotou de hammers, os torcedores do West Ham e um deles era Edmund Jones,
veterano do curso de Jornalismo. Ele conhece Mickey e Chris e nos cumprimentou.
O quarteto fantástico inteiro suspirou. Ana me confessou que Ed era um tesão e
Marie e Fefe falavam que ele... digamos... era dotado de um instrumento imenso.
Não entendi essa referência e não quis nem perguntar. Enquanto Ed falava com os
rapazes, seu olhar se prendeu na ruiva de perna protética.
Desse time, só três para mim tinham destaque.
Bobby Moore, Martin Peters e Geoff Hurst. Este último ganhou mais minha
simpatia pois se revelou um grande fã de Harry Potter e sem falar que ele se
parece demais com Matthew Lewis, o ator que interpreta Neville Longbottom.
Pelo
que pude ouvir dos gritos da Ro e Mari, elas diziam isso:
--
Só tô indo pra esse jogo por causa do Bobby Moore.
--
Mas você torce para o United.
--
Eu sei, mas Bobby será meu eterno crush!
Bond
bocejou e ainda tirou sarro delas. Olhei para Edmund. De fato, ele é bonito. Um
deus grego perfeito, bem meu tipo. Mas... Sei lá! Falta algo que me impressione
e não falo sobre o “tamanho imenso” como a Fefe e Marie falam. Alias, Fefe
puxou papo com ele e conseguiu prender. Por pouco tempo...
--
Eu poderia pedir algo, Felicity? – perguntou Ed, amável para Fefe.
--
Peça o que quiser, lindo. – Fefe não escondia sua paixão por ele.
--
Você conhece aquela garota que está ao lado da minha irmã? – apontando para
Rosie. – Aquela ruiva de perna de aço?
Neste
momento o rosto de Fefe, antes de alegria e sedução, mudava sutilmente em três
segundos para decepção.
--
O nome dela é Rosie Donovan e cursa o primeiro ano de História. – respondi. – A
mãe dela tem uma casa que aluga para os estudantes. Eu e Odile moramos com ela.
--
Obrigado, Louise! – Agradeceu Ed, indo de encontro ao trio.
Passei
o resto da noite rindo da Felicity.
A
festa no bairro mais chique de Londres, Soho, estava abarrotado de universitários.
Uns de Londres e outros da Oxford e Cambridge. Odile e eu dançamos até que meu
telefone vibrou na bolsa. Já imaginava que era meu pai. Nem verifiquei direito
na tela, apenas atendi.
--
Alô, pai? Eu deixei claro vou chegar acompanhada do Mickey e a Odile vem junto.
Poxa, tô na festa!
E
desliguei. Contudo, senti que não deveria ter feito isso. Na verdade, estava
com a sensação de que não era meu pai a me ligar e sim... outra pessoa.
No
retorno para casa, Odile dormiu no meu quarto e eu fui para cozinha beber água
e já falei para o meu pai. Ele e mamãe assistiam algum filme de terror na tv.
--
Pai, o combinado era que se eu voltasse para casa, te ligaria avisando. Não
precisava me ligar, poxa.
Ele
me olhou, espantado.
--
Mas eu não liguei. – disse. – Até me espantei que voltaram cedo. Tipo, meia
noite e meia.
--
Tem certeza que não ligou, Tony? – questionou minha mãe, desconfiada.
Ele
nega a ligação veemente e eu voltei para o quarto, cheia de dúvidas. Quando
fechei os olhos, aí a resposta brilhou: foi o Gerd.
--
Merda!
E
falei para Odile sobre isso. E combinamos só falar no outro dia. O segundo
evento louco foi... minha festa da ressaca. O que significa? O meu aniversário.
Ano que faço 17. Planejava arrancar uma grana para o vovô Bill, chamar a turma
e ir na cantina da faculdade e comemorar em grande estilo, com uma banda
tocando as aberturas de animes e tokusatsus preferidos. Bem, deveria ser meu
plano. O que aconteceu foi que acordei, tranquilamente, verifiquei as
mensagens. Todo mundo me deu os parabéns depois da meia noite no Whats, no
Instagram, Twitter e Facebook. Teve ficwriter postando oneshot de presente para
mim. Que fofo!
Mas
a melhor parte foi quando cheguei na cantina e a festa estava preparada. Uma
faixa, as mesas com o bolo, quitutes e doces e uma banda pronta no palco. Todo
mundo me parabenizou e tiramos muitas fotos. Davy e seus amigos apareceram.
Pedi desculpas para Emma e foi super compreensiva e até riu quando falei que olhava
para ela e via a Taylor.
Mickey
que era o rei das selfies, praticamente tirou com todos. Chris me deu um beijo
e alguém tirou uma foto nossa juntos. Quando entardeceu, os convidados foram
embora e eu cansada e triste. Não deveria, pois, fizeram algo tão legal por
mim. O que estava me chateando é que uma certa pessoa não lembrou: Gerd. Olhei
várias vezes o celular e as notificações eram de outros, menos dele. Pensei até
que fosse dia de jogo do Bayern. Contudo, quando olhei a tabela, era no dia
seguinte. Se o Gerd voltou pra Taylor... Acabou tudo!
E
quando a festa acabou de vez, voltei pra casa da Sra. Donovan. Liguei para os
meus pais e eles concordaram que a continuação seria em casa.
--
Nem mensagem ele mandou. – Me queixei para Odile.
--
Calma. Ele vai te mandar. Vai ver que ele está ocupado.
--
Com quem? Com a Taylor? Se for, não compro mais os CDs dela!
Me
virei pro lado da cama e Odile mexeu no meu tablet, mostrando as postagens do
pessoal. No dia seguinte, antes de ir pra casa de meus pais, voltei para
cantina e ajudei o pessoal na limpeza, juntamente com a Odile. O dono ligou a
tv e justamente passava o jogo do Bayern.
--
Não é o campeonato. – disse minha amiga. – É a Pokal.
--
Pokal? – eu disse porque não entendi.
--
Copa da Alemanha.
Assistimos
num tempo e voltamos a trabalhar. Foi só no final do jogo, quando Bayern
ganhou, que o time fez algo muito interessante. Eles pegaram uma enorme faixa e
nela dizia isso:
FELIZ ANIVERSÁRIO
LOUISE.
--
ODILE!
--
EU VI, AMIGA! – ela e eu nos olhamos. – ELE LEMBROU!
--
MEU URSINHO LEMBROU! – gritei de alegria e juntas pulamos e comemoramos juntas
na frente de todos, que nos observavam sem saber do que estava acontecendo.
E
para confirmar, recebi uma mensagem no Whats. Era dele.
Você viu o jogo na tv?
Respondi
na hora.
Sim. Foi ideia sua aquela
faixa?
Ya! Eles ajudaram!
Segue na Parte 3