Para encerrar outubro no Halloween, vamos ler meu capítulo com 3 Pov's. E devo confessar que está meio grande e deu trabalho mas rendeu boas ideias! Boa leitura!
Capítulo 8: Surpresas da vida
Louise POV
O próximo
passo foi abraçá-lo. Pela primeira vez senti algo incrível, uma proteção e
segurança nele. E sem falar que ele é realmente fofo, tão fofo que parece um
urso de pelúcia.
-- Oh Gerd,
como você é fofo. – Eu dizia.
Ele por sua
vez estava completamente envergonhado e não sabia se me abraçava ou pedia
ajuda. Só o ouvi falando algo em alemão para o goleiro Sepp Maier e eu
continuava abraçando-o.
Mickey e Chris
aproveitaram a chance e tiraram foto nos seus celulares. Outra vez falei o
quanto ele é fofo.
-- Err...
desculpe. Eu não falar em inglês. – Respondia ele, num inglês muito esquisito
porém engraçado.
Me afastei
dele e continuei a olhar em seus olhos. Eram lindos. Agora não sabia como
manifestar a ele minha paixão. Não tive outra escolha se não dizer o que ouvi
no meu sonho anterior.
-- Ich liebe
dich, Gerd Müller! – Falei.
A conseqüência
disso tudo foi que todos, eu disse todos, no hospital pararam o que estavam fazendo
e direcionaram seus olhares a mim. Até o Bayern inteiro me olhou.
Fiquei tão
constrangida e corri para fora do hospital, ignorando Odile que saía do quarto
onde estava Franz Beckenbauer.
-- Lulu,
volte! Mickey, vem me ajudar!
-- Ok! Muito
obrigado pessoal, sou fã de vocês! – Falava Mickey, que conseguiu autografo de
todos os jogadores na camiseta.
Do lado de
fora comecei a chorar de vergonha. Nunca passei por esse tipo de coisa. Agora
era certo que afastei Gerd de mim. Depois disso não irei mais aos estádios com
Odile ou com meu irmão.
-- Louise, o
que deu em você? Por que disse aquilo?
-- Eu falei
aquelas palavras dita no meu sonho. Poxa, era a única forma que encontrei para
ele notar que eu o adoro. Eu... não sabia....
Odile me
consolou e Mickey chegou logo atrás. No final agradecemos ao segurança que nos
levou ao hospital e desejamos uma boa recuperação a Beckenbauer. A mesma van
nos levou até o hotel onde estamos hospedados.
No domingo, acordamos cedo para poder aproveitar um passeio de turismo
pelas ruas de Madri. Mesmo desanimada, continuei a caminhar com eles e
conversando sobre muitos assuntos. Odile também conta do beijo que acabou dando
em Franz.
-- Você beijou
o Franz Beckenbauer? – Perguntei um tanto chocada e Mickey ouvindo tudo.
-- Beijei sim.
Ele me beijou, mas foi um pouco leve. Ai eu acabei continuando, só que mais
quente. – Sorria Odile, por lembrar do beijo.
-- Puxa, pelo
menos você realizou seu sonho. E eu estraguei tudo. – Me lamentei e em seguida
baixando a cabeça.
-- Acontece,
Louise. Procura esquecer esse fato e vamos aproveitar o turismo por aqui, pois à
tarde precisamos partir ao aeroporto e voltar imediatamente para Londres.
E conseguimos
aproveitar muito bem nosso passeio. Tiramos fotos e selfies de nós três juntos.
Foi num desses momentos de tirar fotos que acontece algo.
Mickey queria
tirar minha foto na praça principal e percebi que Odile ficou um tanto estática
e tentou fazer gestos para notar algo.
-- Não se
mexa, Lulu. Vou agora tirar a foto.
Mesmo querendo
sorrir, desejava saber o que deixou Odile assim.
-- Pronto.
Pode ver a foto. – Respondeu meu irmão.
Fui na direção
deles e já questionei minha amiga.
-- O que
aconteceu?
-- Olha ali
perto do restaurante.
Acabei vendo
uma parte dos jogadores do Bayern. Estavam ali Uli Hoeness, Paul Breitner, Sepp
Maier e... Gerd Müller. Quando o vi, gelei depressa.
-- Caramba,
são eles de novo! – Mickey estava empolgado desta vez.
-- Mas você
não conseguiu autografo de todos? – Questionou minha amiga.
-- Sim, mas quero
ajudar minha irmã. – E terminando a
afirmação, Mickey me arrastou junto para onde eles estavam.
-- Mickey, o
que pretende?
-- Esclarecer
umas coisas pro seu ídolo!
Não foi
preciso mais alguns passos. Os únicos que nos reconheceram foram Sepp Maier e
Uli Hoeness.
Tentei fugir
igual a uma criança quando vê a agulha da vacina e começa a chorar de medo.
Contudo, Mickey segurava meu pulso bem forte para não escapar. Olhei para o
lado e vi Paul Breitner conversando com Chris Romanov alguma coisa e Ana bem
desligada, fotografava outras paisagens, como se não estivesse nem aí. Pensei
em gritar para ela me ajudar. Quer saber, eu gritei mesmo.
-- ANA! Por
favor, me ajuda aqui! – Gritei e Ana veio em minha direção.
Só que, Mickey
parou diante de Gerd Müller que olhava para o nada.
-- Sr. Müller!
– Meu irmão falou como se fosse um chefe. E Gerd se virou para nós. Aquele
olhar poderoso... agora posso dizer que os olhos dele eram hipnóticos. A
vergonha antes sentida, sumiu rápido. – Eu sou Michael McGold. E esta é minha
irmã Louise.
Ana percebeu
pelos gestos de Mickey seu pedido de tradução e ela conversou com o jogador com
seu conhecimento de alemão fluente.
Ele também
começou a dizer mais algumas coisas e Ana responde na tradução.
-- Gerd está
pedindo desculpas pela atitude sem ação dele, de quando o abraçou e quando
disse “eu te amo”.
Meu deus,
outra vez aquela cena de ontem. O constrangimento retornou e acabei cobrindo
meu rosto com as mãos, só para ele não me ver daquele jeito. Pude ouvir Gerd
dizendo mais coisas e através das minhas mãos, entreabri os dedos e vi que ele
estava bem perto de mim.
-- Louise, Gerd
está dizendo que seu “eu te amo” foi sincero. Ele gostou e quer lhe retribuir.
Retribuir como? Eu pensei. Recusava-me a tirar as mãos
do rosto, para encobrir o mico pagado no hospital. Contudo, um par de mãos
grossas tocaram as minhas, me fazendo parar de cobrir a face e finalmente olhei
para quem era. Pude então ver mais
claramente a cor daqueles olhos. São pretos. E confesso mais: adoro caras de
olhos negros, mesmo que meus “amados” de mentira sejam azuis ou outras cores.
No mesmo
instante o atacante tocou meu rosto com as duas mãos e me deu um beijo na
bochecha, daquele tipo demorado cinco segundos. Meu coração parou um momento e
depois voltou a bater rápido. Era a mesma sensação que tive quando me apaixonei
por Jeff Beck.
Pena que o
encanto daquele dia terminou. Os rapazes do Bayern tiveram de ir embora e nós
para voltarmos logo para Inglaterra.
Durante o vôo,
toquei a bochecha direita onde foi depositado o beijo. Deu pra ver o quão
tímido ele era. O que importa? Eu gosto dele mesmo assim. Talvez volte com
Odile para o estádio em algum novo jogo pela Liga dos Campeões.
Agora era hora
de voltar à realidade. Ou seja, para faculdade de Londres. Na segunda-feira,
Odile e eu almoçamos juntas no restaurante do campus e depois vimos minha prima
Felicity e Marie aparecendo para almoçar junto e carregavam um jornal.
-- Suas
doidas, onde se meteram? – Perguntou Felicity, em seguida jogando o jornal, London Evenning Standard, na mesa e na
primeira página, já mostra Odile e seu cartaz com a seguinte manchete: “Jovem
torcedora conquista o coração do kaiser Beckenbauer.”
-- Fomos para
Madri assistir um jogo pela Liga dos Campeões. E foi épico! – Respondeu
alegremente minha amiga.
-- Odile, a
mamãe ficou preocupada. Sorte sua que papai não surtou. – Falava Marie, a irmã
dela.
-- Estou
pasma, Louise. – Agora Fefe demonstra um pouco mais de indignação. – Poxa,
tentei te mandar mensagens no domingo e você não me respondeu. Quase que os
tios me ligam e eu não saber responder.
-- Calma. Deu
tudo certo e também o Mickey foi com a gente. E junto a Anastacia e o irmão
dela, Chris.
-- Anastacia
indo a um jogo de futebol? – Questionou Marie.
-- Isso é inusitado.
Nunca foi do feitio dela.
Apesar dos
questionamentos sobre os gostos de Ana, procurei ignorar e voltei aos
devaneios. E tudo por causa de Gerd Müller.
Por dias, vi
que Odile conversava muito no celular e mais tarde descobri que era o próprio
Beckenbauer. Eles haviam trocado telefones e desde então um liga pro outro e às
vezes conversam nas mensagens via What’sApp.
Quanto a mim,
segui minha rotina... até numa noite, na casa da Rosie quando me preparava para
dormir e Odile tomava banho, meu celular apitou uma mensagem. Verifiquei e era no Whats. Achei que fosse a
Fefe, me enchendo o saco por causa da viagem ou meu irmão pedindo mais alguma
coisa emprestada. Vi um número de contato jamais visto no meu celular. Conheço
todos os números de telefone e aquele com a mensagem, não tinha visto. Resolvi
abrir, temendo ser um daqueles vírus de celular. Não apitou o antivírus,
significa que não há ameaças, ufa!
Na mensagem
dizia apenas “hallo”. Pelo pouco conhecimento, aquela palavra significa olá em alemão. Outra
mensagem apareceu e foi ali que percebi quem era.
“Lembra de eu? Gerd Müller. No hospital
me abraçou, pedi desculpas e te dei um beijo.”
Era
inacreditável. Como o atacante do Bayern soube do meu telefone? Por acaso era
mágico ou sabia ler mentes como o Professor X, de X-Men?
Respondi a
mensagem.
“Lembro sim. Como pegou meu número?”
Mais uma
resposta dele.
“Franz conseguiu para mim, através do
amiga dele”
Ótimo. Foi
Odile. Deveria ter sacado, agora que ela e Beckenbauer eram unha e carne. Quando deitei na cama outra mensagem de Gerd
veio.
“Se pudesse, quero outro beijo, mas não
simples como foi este dado por último”
Então ele
gostou do beijo? E será que ele notou minha intenção em receber um beijo dele?
Mil questionamentos na mente e eu com celular trocando mensagens com um
jogador.
Aquele foi o
inicio de muitas trocas de mensagens com ele.
Ana POV
Desde a
aventura no estádio não consegui descansar direito. E muito menos estudar. Nora
e Marie chegaram a me dizer que precisava de repouso e um tempo livre só meu. E
foi o que fiz.
Quinze dias se
passaram desde que assisti o jogo de futebol pela Liga dos Campeões da UEFA e
agora estou no quarto acessando meu Facebook. Além de mim, moram Felicity, Nora
e Marie no apartamento perto do campus da Universidade. Durante as visualizações, aparece uma
solicitação de amizade de um tal de Paul Breitner.
-- Quem é ele?
– Me perguntei e resolvi dar uma “fuçada” no perfil dele, só pra confirmar se
ele existe ou é fake.
A principio vi
muitas informações dele, mas as fotos estavam bloqueadas. Resolver não dar
importância nisso e fui ver o Twitter e ouvir um pouco de música no Last Fm. E
mais surpresas. O tal Paul Breitner também me adicionou no Last Fm e ficou
comprovado que nossa compatibilidade musical é enorme. Bom saber que ele curte
The Smiths e Morrissey.
No Twitter ele
começou a me seguir. Aquilo já estava me preocupando. Resolvi dar uma passada
no Blogger onde tenho um blog só de fotos e lá coloquei as que tirei em Madri.
Nova surpresa.
Ele também segue me blog e comenta numa das fotos o seguinte.
Você fotografa muito
bem. Devia ter conhecido o outro lado da cidade.
Aquilo já é
demais! Primeiro me adiciona no Facebook, agora no Twitter, Last e Blogger. E
afinal como ele soube dos meus endereços das redes sociais que participo?
Resolvi passar
o antivírus no notebook, pois pode ser um desses tipos que invadem o sistema,
burlando todos os bloqueios.
Nada consta de
ameaça no note. O que é bom sinal. Agora preciso saber quem foi que me
adicionou.
No dia
seguinte, resolvi procurar Odile e Lulu, já que soube que elas estavam de papo
com aqueles dois jogadores do Bayern de Munique, Franz Beckenbauer e Gerd
Müller.
-- Não fui eu,
Ana. Pode ter certeza que Franz não perguntou nada de você. – Disse Odile enquanto
ajeitava o figurino.
-- Nem de mim.
Sou inocente. – Disse Lulu, ainda digitando no celular.
-- Droga!
Afinal quem passou minhas informações? – Me questionei o tempo todo. A única
pessoa no mundo que poderia ter feito... era meu irmão!
-- Chris!
-- Que foi,
maninha? – Perguntou meu irmão, fazendo mais um dos seus desenhos
arquitetônicos.
-- Foi você
que passou meus endereços de redes sociais para um tal de Paul?
-- Se for o
McCartney, ele tem namorada, querida.
--
Engraçadinho! Falo de um tal de Paul Breitner. Quem é ele?
-- Ah sim. Ele
é jogador de futebol. É do Bayern de Munique.
Era tudo que
precisava. Meu irmão entrega minhas informações a um jogador de futebol que mal
e mal vi no jogo, com exceção do Beckenbauer e Müller.
-- Mas por
que, Chris? Se o Clapton descobre, eu...
-- Relaxa,
maninha. Me entendo depois com ele mas a verdade é que Paul gostou de você.
Quis te conhecer e saber o que estava lendo o tempo todo no IPad.
-- Juro que
não vou perdoá-lo, Chris.
Depois disso,
não fiz mais nada e nem tive mais coragem de ver. Por esses dias notei meu
namorado conversando com certa freqüência com minha amiga, Rosie Donovan. De
inicio pensei que fosse apenas por amizade ou coisa assim. Contudo, vi mais que
isso. Até quando espero alguma atenção dele, Eric parece estar distraído,
distante de tudo e fechado pro mundo. Tenho certeza que não é problema com os
pais adotivos.
Na
quinta-feira, ele e eu resolvemos conversar sobre um trabalho da faculdade e
recebi uma resposta.
-- Não dá mais,
Ana. Já solicitei minha troca de curso pro próximo semestre.
-- Amor,
prometi que vou te ajudar nos estudos. Pra quê isso?
-- Eu não
gosto de literatura russa e odeio ler aqueles livros. Já falei mil vezes pra
você. E não entendo como não vê minha insatisfação?
Fiquei quieta
com essa revelação. Eu devia ter dado apoio ao Clapton e não forçá-lo a
continuar num curso que o deixe infeliz. Em vez disso bati na mesma tecla
diversas vezes mais.
-- Me desculpe
meu amor. Eu devia ser mais atenciosa. – Abracei meu namorado e segui falando.
– E para qual pretende fazer?
-- Vou fazer
História com meu amigo Graham.
Quando ele
falou História, imediatamente lembrei-me de Rosie. Ela também cursava junto com
Graham Bond, o namorado de Marie. Será que ele....? Não pode!
Não consegui
dormir a noite pensando na possibilidade de Clapton me trocar pela Rosie.
Afinal, ela é bonita com seus cabelos vermelhos e olhos verdes. O que a deixa
“diferente” das garotas é o fato de ter uma prótese na perna esquerda, devido
um acidente de carro. Com tudo isso... existem tantos cursos melhores do que
História.
Clapton pode
muito bem optar por Música.
Para esquecer
isso, resolvi ligar o notebook e voltar a acessar meu Facebook. Lembrei que nas
solicitações de amizade, não respondi a de Paul Breitner. Mesmo com a
justificativa de Chris, não quis aceita-lo. Porém, eu não cliquei para aceitar
ou não. E mais questionamentos veio na mente do tipo, como um jogador conseguiu
me notar na multidão agitada?
Então, nada
melhor do que aceitar aquela solicitação e mandei uma mensagem para ele. Não
demorou muito e ele logo me respondeu.
Olá, Anastacia! Como
vai você?
Além de jogador, é educado. Continuei a responder.
Um pouco bem. Não
consigo dormir.
Não podia
dizer logo de cara o motivo do meu desanimo mas Paul demonstrou muito interesse
e atenção para mim. E isso admiro muito num cavalheiro.
Se quiser desabafar
comigo, não há nenhum problema.
Assim como
aconteceu com Louise e Gerd se comunicando via What’s App, Paul e eu trocamos
idéias sobre livros, aplicativos de computador, aventuras dos seriados e coisas
bem nerds.
Felicity POV
Faltava um dia
para a grande festa de Halloween, realizada por mim e outros alunos calouros da
universidade. Minhas amigas, mais as irmãs Fitzwilliam e uma turma de amigos do
quarto ano me ajudaram na decoração do salão de festas. Na semana passada
enviei para todos o convite do evento via Facebook e mensagens no What’sApp. Verifiquei quais pessoas confirmaram presença
e resolvi dedicar mais nas preparações decorativas. Percebi que minha prima
Louise anda conversando com alguém no celular.
Por muitos
meses, desde que ela inventou de assistir um jogo de futebol no estádio, vem
estado diferente. Talvez mais alegre e ria de alguma coisa no celular. Pensei
em perguntar quem era a pessoa ou se ela conheceu algum rapaz neste meio tempo.
Decidi ver
quem era a pessoa.
-- Quem é o
cara, Louise? – Perguntei e já me sentando ao lado dela pra ver. Lulu foi mais
esperta e tapou a tela com a mão.
-- Ninguém que
você conheça!
-- Ok... –
Disse e quando sai de perto, aproveitei a distração dela e peguei o celular de
sua mão.
-- Ei, Fefe!
Me devolve! – Louise tentava pegar o celular das minhas mãos e por ser mais
alta que ela, me deu vantagem.
-- Não sem
antes de me mostrar quem é essa pessoa com quem ta conversando.
Comecei a
vasculhar o bate papo e vi uma foto enviada. Abri e me deparei com um jovem
rapaz muito atraente por sinal. Cabelos e olhos negros, cara de bom moço e
usava uma camiseta de time. Reconheci de cara que era do Bayern de Munique, da
Alemanha.
-- Quem é esse
cara? – Perguntei, rindo.
-- Ninguém! –
Lulu estava furiosa comigo e tirou o celular das minhas mãos. – É... um colega,
nada mais!
-- Ele me
lembra alguém.... – Falei e parece que a deixei apreensiva.
-- Não lembra
nada! Agora me deixa!
Não pensei que
Lulu pudesse mudar assim de uma hora pra outra. Bem, era melhor se focar nas
atividades. Aproveitei a tarde para ir ao Hotel Hilton, localizado no centro de
Londres. Lá, meu pai trabalha como gerente do hotel e naquele dia iria receber
hospedes ilustres. É ninguém menos do que o time alemão Bayern de Munique. Meus irmãos, Jonathan e Brandon me pediram
expressamente autógrafos dos jogadores e eu como toda boa irmã, prometi cumprir
esta missão.
Fiquei na
recepção conversando com Harry, o porteiro, até estacionar na entrada um ônibus
bem personalizado de vermelho e o escudo do time bávaro. Primeiramente desceu o
técnico do time, Pep Guardiola e depois os outros jogadores.
-- Fique aqui,
Felicity. Vou assumir agora o trabalho. – Disse meu pai, ajeitando rápido a
gravata.
-- E o
autógrafo nas camisetas?
-- Depois,
filha. Depois.
Papai
recepcionou bem Guardiola e os outros. Eu fiquei na espera só um pouco e logo
ataquei de supetão com a ajuda do porteiro (Harry é fluente em alemão) e pedi
para alguns jogadores (não todos) para autografarem as camisetas. Lembro que
Bran pediu de somente um, o tal Gerd Müller. Harry me apontou onde o atacante
se encontrava e lá fui eu, caçar assinaturas nas camisetas. Depois de assinado,
olhei bem pra cara dele e imediatamente lembrei-me do cara na foto do celular
visto de Louise no What’sApp. Por curiosidade fui perguntar, mas eles foram
para os quartos.
Não foi desta
vez a minha decisão de investigar as coisas realmente darem certo.
Na saída,
encontrei um rapaz bem vestido e cara de nerd, me lembrando um pouco Clark
Kent, feito pelo Christopher Reeve.
-- Olá! Sou
Edmund Jones, sou jornalista do The Guardian e queria saber se o Bayern de
Munique está hospedado aqui?
-- Está sim
mas... – Antes de dizer mais coisas, o jornalista mostra suas credenciais e
notei o quanto ele é parecido com a amiga de Rosie, Marianne Jones. – Você é
parente de uma garota chamada Marianne Jones?
-- Sim. Sou
irmão mais velho dela. Você deve ser a Felicity, não é?
-- Sou sim. –
Respondi alegre.
-- Mari me
falou muito de você e suas amigas por email. Hoje tenho de entrevistar apenas o
técnico Guardiola, mas preciso do contato do assessor de imprensa alemã.
-- Ora, por
que não disse antes? Deixa comigo!
Falei com
Harry e pedi para ele ligar ao interfone e pedir para o assessor de imprensa do
time alemão vir conversar com um jornalista britânico. Dito e feito, o assessor
veio ao nosso encontro e Edmund foi muito educado e conseguiu não só a
entrevista do Guardiola e sim eu, Felicity, ajudá-lo a fotografá-los.
Enquanto
tirava fotos deles, Edmund recebe uma ligação de Marianne.
-- Sim, entendi
Mari. Tô aqui entrevistando os jogadores. To carregando a sacola com a fantasia
e não esqueci a focinheira...
Quando ele
falou em focinheira, visualizei a sacola e continha uma calça cinza de
presidiário (ao menos é parecida), camisa de força e lá estava a focinheira.
Franz sem
querer chutou o saco e tirou tudo dali, espantando os presentes.
-- Certo. Vou
levar amanhã. Tchau! – E em seguida desligou o celular.
O capitão do
Bayern tentou falar algo em inglês, mas sofrível.
-- Esta é seu
fantasia? – Perguntou
-- Não. É da
minha irmã. – Respondeu Edmund, arrumando e guardando tudo na sacola. – Ela tem
uma festa de Halloween na Universidade de Londres.
--
Universidade.... de Londres? – Agora quem questionou era Paul Breitner.
-- Sim. Minha irmã estuda lá.
-- Eu conheci
uma menina no jogo da Liga há uns meses atrás e quero muito ir vê lá. Tem como me levar? – Paul estava interessado.
Edmund pensou e acabou aceitando contudo, intervi nesta história.
-- Não
permitem pessoas de fora lá na festa. Só universitários. – Depois de ter dito,
acho que minei as chances deles e ficaram de repente desanimados e Edmund
desolado. Era melhor correr o risco. – Se quer ir mesmo nesta festa, terá de
usar uma fantasia que ninguém o reconheça. Se a faculdade descobre, acabo me
ferrando e junto às pessoas que me ajudaram. Você quer ir ou não?
-- Sim! – Paul
aceitou de cara.
-- Ich auch!
Eu estar lá também! – Franz que até então não se manifestou, acabou respondendo
e juntamente Gerd Müller, Uli Hoeness e Sepp Maier. E junto o reserva Manuel
Neuer.
A
responsabilidade estava caindo em mim.
Combinamos de
encontrar o grupo alemão as cinco da tarde no hall de entrada. Não sei e nem
perguntei ao Franz como conseguiram enganar o Guardiola para permitirem eles de
freqüentar a festa universitária. Para a sorte deles, o próximo jogo da Liga
seria contra o Manchester United e só daqui uma semana.
Edmund me levou
ao hotel e levamos nossos visitantes para a casa dos pais da Mari. E aproveitei
para carregar minha roupa. Um vestido medieval que minha mãe conseguiu
confeccionar e junto uma espada. Sim, uma espada estilo valiriano do mundo de
Game Of Thrones.
Marianne Jones
nos recebeu do lado de fora.
-- Edmund, que
bom que veio. Fefe, que saudades! – Mari nos abraçou e cumprimentou os jogadores.
Ela sabe do meu plano. – São eles, Fefe?
-- São sim.
Olha, tem fantasias para eles irem? De preferência algo que não os reconheça.
-- Eu e o
Edmund temos um guarda-roupa especial destas roupas. Entrem logo!
Quando
entramos na casa de Mari, o irmão dela tratou de pegar todas as roupas disponíveis
e eles aceitaram numa boa. Sepp se vestiu de Leão Covarde, do Mágico de Oz.
Manuel optou por ser o Lanterna Verde. Uli era indeciso e ajudei a escolher uma
roupa legal e no fim quis ser o Batman. Gerd Müller logo de cara decidiu ser o Drácula
e inclusive Mari colocou um pouco de tinta vermelha na roupa para representar
pingos de sangue e um pouco na boca. Paul Breitner foi o que deu mais trabalho.
A roupa de Homem Aranha era um pouco apertada e a máscara mal dava para cobrir
sua cabeça devido ao cabelo dele que era enorme.
Foi preciso
eu, Mari e Uli para arrumar um pouco aquele cabelo e depois colocar a máscara e
ainda assim, ele se queixou por causa da dificuldade em respirar.
E por fim
restou Franz Beckenbauer. Ele demorou um bocado para escolher. Neste meio tempo
aproveitei em tomar banho e me vestir logo. Mari fez o mesmo porém não vestiu
ainda sua camisa de força, pois preferiu ajudar Franz escolher uma roupa boa
pra vestir. Retornei na sala e ainda sem resultados.
-- Poxa vida,
Franz! Não tem muitas opções. Escolha uma roupa e vamos logo! – Apressei o alemão.
Já estava impaciente.
-- Eu ser péssimo
de escolha. – Franz me responde com seu inglês quase fajuto. Tive de morder a língua
pra não rir. O único que conseguia falar em inglês fluentemente era sem dúvida
Paul Breitner.
-- Quer uma
sugestão? Use essa do Jack’O Lantern. O símbolo máximo do Halloween e ninguém
vai te reconhecer. – Disse Edumund, mostrando a roupa e vi que ela se encaixa
perfeito para o porte físico do zagueiro.
– Contudo, vai ter de usar essa abóbora na cabeça. É sério!
O irmão de
Mari mostrou a dita cuja de plástico e para a surpresa de todos, acabamos
rindo. Até eu. Tive pena do capitão.
-- Ok, vestir
isso não ser bom. Minha única escolha...
E lá foi
Beckenbauer se vestir de Jack O’ Lantern e colocar a abóbora na cabeça.
Encaixou bem só que o problema eram os furinhos dos olhos. Mari pegou um
estilete e cortou um pouco mais, aumentando os furos para dar visibilidade
maior para Franz.
Mari pede
ajuda para o irmão vesti-la com a camisa de força quando a campainha toca. Abri
a porta e revelou ser Ginger Baker, o namorado dela. Ginger faz Direito e está
vestido de Will Graham, personagem da série Hannibal, que alias, a fantasia de
Mari era justamente do famoso médico canibal. Sempre achei Mari muito doida,
mais que minha prima. Desta vez o nível de loucura ultrapassou os limites.
Ginger trazia um
carrinho igual visto nos filmes de ação, quando o prisioneiro é altamente
perigoso e é preciso transportar de uma penitenciaria pra outra, ele deve ficar
imóvel.
-- Está
pronta, pequena Hobbit? – Perguntou Ginger, ansioso.
-- Sim. Ai
Edmund, amarra direito essa camisa!
-- Eu to tentando,
calma!
Edmund consegue
amarrar Mari e eu a ajudei a colocar a focinheira. Pra falar a verdade, ela
estava uma autentica Hannibal Lecter. Os alemães estavam assustados com aquilo,
mas Paul os tranqüilizou e assim partimos rumo Universidade. Mari e eu fomos no
carro de Ginger e os alemães foram com Edmund.
Nem deu vinte
minutos e conseguimos chegar a tempo. Na
entrada do salão, avistei Mary Anne McCartney, irmã de Paul e Evanna Davies,
prima dos irmãos Davies e da detestável Jenna e... namorada de Pete. Cada vez
que pensava no narigudo meu coração doía mais, mesmo estando com Eric Burdon.
Meu namorado
me vê e logo me beija na frente dos meus convidados especiais.
-- Amor,
fiquei preocupado. Por que demorou?
-- Desculpe,
fui pra casa da Marianne ajudar nas fantasias dela e dos meus amigos. – Mostrei
a turma germânica para Burdon, que deu de ombros. Notei que Manuel não gostou
disso. Não quis me questionar mais e fomos todos juntos para a entrada.
-- Oi Fefe. –
Cumprimentou Evanna. – Adorei sua fantasia. É a Mérida do filme Valente?
-- Se fosse a Mérida,
meu cabelo seria ruivo e cacheado e não liso e preto. Adorei como vocês
ficaram, Sherlock e Watson. Benedict e Martin agradecem! – Respondi em tom de
brincadeira.
-- Obrigada, Felicity, creio que o Benny e o
Martin vão adorar. Nomes por favor... – Mary Anne pronta para anotar e sem
querer Franz responde e eu intervi mais uma vez.
-- Mary,
Evanna, é o seguinte. Eles são... – Mesmo detestando mentir, era necessário. –
Alunos intercambistas vindo da Alemanha. A recém se matricularam e eu os
convidei como forma de boas vindas.
-- Sabe que não
é aceito isso. – Alertou Mary Anne, séria.
-- Eu sei. Vou
assumir toda responsabilidade. Prometo não ferrar vocês. Por favor...
Elas pensaram um
pouco, no final foi aceito e conseguimos ficar no salão de festas totalmente
decorado da festa. Sentamos no sofá redondo, que continha uma mesa redonda
cheia de petiscos e copos para quem quisesse beber um ponche ou outra bebida.
-- Fiquem
aqui! Vou ver os convidados e .... – Parei de falar quando visualizei no
celular de Gerd uma foto de minha prima. – Escuta, onde conseguiu essa foto?
Gerd gelou um
pouco de medo e Paul veio em sua defesa.
-- Ele
conheceu a menina no hospital.
-- Hospital?
Como assim?
-- É uma longa
história...
Paul me contou
do jogo pela Liga dos Campeões ocorrido em maio deste ano, quando o Bayern
confrontou o Real Madrid. Nesta hora lembrei daquele dia ao ver no jornal a
manchete onde Odile e Lulu ficaram conhecidas pela torcida do time bávaro, ao
mesmo tempo outra recordação veio na mente: a foto do cara misterioso de Lulu. Paul
admite que tem uma foto de Ana no celular, no qual me mostrou. Sim!
Eu sabia que
conhecia aquele rosto! Ao final da história contada, encarei os alemães e falei
rindo.
-- Vocês me
aguardem só uns cinco minutos? Preciso fazer uma ligação.
Me afastei
deles e peguei logo o celular, digitando mensagens para as três amigas.
Para Lulu foi
esta aqui:
AHA! Descobri quem é o
tal carinha que você anda conversando. Por que não me disse antes?
Nem deu cinco
minutos e Louise me responde assim:
Me desculpe. Não queria
que soubesse disso por medo de me dedurar pro meu pai.
Por dentro ria
da situação e agora mandei uma mensagem para Odile:
Agora entendi por que você
ficou tão famosa no campus. Não sabia que Franz Beckenbauer está louco por você!
Odile logo me
respondeu:
Ah desculpa Fefe! Tinha medo da Marie encher de perguntas. E
como você sabe? Franz falou com você? Ele
falou de mim?
A próxima era Anastacia:
Tem um jogador alemão aqui no hotel onde pro meu pai trabalha
e tem uma foto sua no celular. Eric sabe disso?
Ana respondeu:
Foi meu irmão que fez isso. Ele passou meus contatos pro
Breitner e eu e o Eric estamos mais pra do que pra cá. Explicarei depois sobre
isso na festa.
Após a última mensagem de Ana, fiquei bastante
curiosa. Estava explicado tudo isso sobre os jogadores, seus motivos e por que
estavam animados por estarem na Universidade em plena festa.
Acabei indo ao banheiro para me acalmar e me
maquiar. Quando terminei, ouvi gemidos vindo de uma das cabines e avistei meu
namorado (agora decretado ex) transando com Meg Johnson, a ninfomaníaca da
faculdade. E pivô do termino do namoro de Louise e Jeff Beck.
Sai do banheiro enfurecida e louca pra matar
aqueles dois. Agora estou livre. Eric Burdon não faz mais parte de minha vida.
-- Felicity! – Minha amiga Alana Watson me
chama. Ela estava toda gótica e a English Band, no qual faço parte também gótica
nas vestimentas. – Vamos tocar agora?
Mesmo abalada com a revelação e com a traição imperdoável
de Burdon, não deixei que isso me impedisse de cantar. Subi no palco e cantei
alguns sucessos do indie rock!
Continua...