terça-feira, 22 de junho de 2021

Drabbles Grindhouse Part One (Décimo terceiro capítulo)

 E vamos pra mais um!


13 – Você Não Andará Sozinho

 

21 de dezembro de 2019 – 20h30 – Estádio Internacional Khalifa, Doha

 

Era início da prorrogação. No camarote, Bran estava sentado, olhando o jogo com a ansiedade interna a ponto de roer as unhas e batucar frequentemente os dedos na cadeira. Ele se levantou e olhou mais com as mãos no corrimão. Seus sobrinhos e netos pequenos o encaravam preocupados. Em dias de jogo do Liverpool, o homem pirava quando perdia ou empatava e resultava em desmaios e ameaças de infarto. Ele desistiu de olhar e mirou para a mesa que continha algumas caixas de comprimidos.

 

-- Vou tomar mais um. – Disse indo para uma das cartelas e já mexendo no remédio.

 

Rupert impediu o pai.

 

-- Não! Você já tomou um faz duas horas.

 

-- Mas...

 

-- Pai, não! Vem assistir o jogo e toma água.

 

O problema era que Bran já esgotara mais de 3 garrafas de água mineral. De qualquer jeito, ele voltou para sua poltrona e justamente quando um jogador brasileiro dos Reds marcou seu decisivo e único gol. Os mais jovens comemoraram. Bran permanecera na mesma posição anterior. Uma coisa que ele aprendeu com pai era nunca comemorar antes do tempo. E foi desse jeito quando na juventude, jogando pelo Liverpool, venceu o Borrusia Mönchengladbach em 1977 no ardente duelo ocorrido no Estádio Olímpico de Roma.

 

-- Falta pouco pra terminar! – Anunciou Joey, segurando os copos de champanhe.

 

3... 2... 1!

 

Bran fechou os olhos e abriu para ter certeza que não era um sonho. Ele não andou sozinho em 77. E nem o time andou sozinho em 2019.




Drabbles Grindhouse Part One (Décimo segundo capítulo)

 Boa noite gente!

Voltando após algum tempo e desta vez, passei nas provas! E vamos postar drabbles. Já peço desculpas pois os capítulos a seguir, já estavam prontos há meses e postei no Social Spirit. E vamos lá!



12 – Sonhador

 

Ele só tinha 12 anos quando o pai o levou para o Anfield Road. Era um dia útil numa manhã nublada em Liverpool. Bran olhava a enorme sala dos troféus e se entristeceu. A parca quantidade mostrava que o time ainda era franco e não parecia ter aquela disposição de quando voltaram para elite do futebol inglês. Nos anos 60, os times que mandavam no país e pontuavam a tabela da primeira divisão era Manchester United, Everton e West Ham.

 

Com o advento da Copa do Mundo em 1966, aumentou a valorização dos outros times que não estavam entre os 3 melhores. E o Liverpool pouco recebeu essa atenção.

 

Enquanto segurava uma edição atualizada do Melody Maker, Bran fixava seu olhar para a estante vazia de troféus. Seu pai, Robert, também fazia o mesmo e disse:

 

-- Falta a “Orelhuda”, filho.

 

A Orelhuda. A enorme taça de alças grandes semelhantes a orelhas de abano. Pertencente a Taça dos Clubes Campeões Europeus, o símbolo de vitória continental.

 

-- Um dia vamos trazê-la pra cá! – Disse o pai, otimista.

 

Bran virou-se para o pai e respondeu:

 

-- E um dia vou trazer esta taça pro senhor.

 

Aquele sorriso tão esperançoso trouxe novamente a alegria pro velho. Não imaginando o que o futuro reserva...