quarta-feira, 25 de maio de 2016

Love Sell Out (25º Capítulo)

Olá pessoal!
Tenham uma boa noite e comemorem! Hoje, depois de um ano de hiatus, a fic Love Sell Out retorna. Contudo, ela está bem na reta final. É o penúltimo capítulo e tenham boa leitura!



Capítulo 25: Eurovision

Felicity POV
Enfim chegamos a Viena, na Áustria. Eram umas seis da tarde quando desembarcamos e nos dirigimos ao hotel que fora reservado para nós. Além das minhas amigas, convidei Fanny Fitzwilliam e seu namorado, mas acho que ela aparecerá mais tarde ou esteja aqui só que em outro hotel. Telefonei ao meu pai sobre minha chegada e prometeu acompanhar todo o circuito de música. Faltava apenas quatro dias para o grande evento e já me encontrava em estado de nervos.  Marie me fala que o Who entrou em turnê por parte da Europa e possivelmente tocará na cidade austríaca.
Pensei em Pete para me confortar naquele momento. Deitei na cama e o sono não veio. Comecei a chorar. Era saudade do narigudo. Uma saudade muito torturante.  Quando eram umas duas da madrugada peguei meu caderno e fiquei escrevendo mais canções.
Uma delas, Small Truths, seria sobre a verdade da minha separação com Pete. Na volta para casa, vou desenvolve - lá melhor. A segunda canção, Always Dreaming of You, bem relativo à minha insônia e quando durmo finalmente, a imagem do guitarrista invade minha mente.  Maze of Emotions é a minha confusão emocional, a divisão sentida entre Brian Wilson e Pete.  Três canções ganharam vida com as palavras e, no entanto queria mais. Nora se acordou e foi até a cozinha beber água e veio até meu quarto.
-- Insônia te atacando? – Perguntou enquanto tomava água.
-- Como sempre... – Me espreguicei um pouco e voltei para cama. – Estou aproveitando a noite para escrever.
-- Que ótimo. Ai, estou com saudades do Moonie e do Godard. Espero que mamãe cuide bem dele.
Foi aí o surgimento do título da próxima música. Escrevi lembrando dos gatos que Nora teve ao longo do tempo, desde a faculdade até nossa estadia em Londres e se chama All Cats Are Blue.  Mostrei para Nora e ela adorou, tanto que ela pediu expressamente que fosse o próximo single e a primeira pessoa que receberia o compacto será ela própria. A última canção se chama Visions of the Future. Esta última é meio estranha.  Fala de uma visão que tive do futuro de algumas pessoas e uma delas envolvia Louise, a ex-namorada de Mike Nesmith, Alice e... um jogador de futebol. Será que é o troncudo? Se for... não quero imaginar. Até por que Louise não está nem aí e ela detestou o cara. 
Após o papo com Nora, fui dormir às três e meia da madrugada. Sonhando com Pete... Bem... melhor não dizer o que sonhei pois o conteúdo disso é erótico. Mas foi maravilhoso.  Acordei tarde e minhas amigas tinham saído. Tomei café e comi umas bolachas e pão com manteiga. Telefonei para Richard e este logo me veio com novas missões.
-- Felicity minha querida, assim que retornar a Inglaterra, você e Nora terão uma entrevista a ser feita.
-- Certo e de quem estamos falando?
-- Falo de dois jogadores de futebol e são alemães. Eles estão em ascensão no Bayern de Munique. Seus nomes são Franz Beckenbauer e Gerd Müller. Pode dar conta deles?
-- Acho que sim. Falo pouco alemão e recentemente me encontrei com esse tal Beckenbauer dias atrás no jogo da Copa dos Campeões. Eu o beijei.
-- COMO ASSIM BEIJOU FRANZ BECKENBAUER, SUA LOUCA? E o Pete não quer mais?
-- Claro que quero. Foi só um beijo e era pra agradecer pelo autógrafo e gentileza prestada a mim e meus irmãos. Nada demais. – Ok, admito que gostei do beijinho no alemão e se não fosse meus sentimentos profundos pelo Pete, teria ido a Munique para beijá-lo novamente.
-- Certo, certo e como está aí em Viena?
-- Muito bom. Daqui a pouco mais vou ao estúdio pra ensaiar.
-- Ok, vou desligar minha querida. Abraços para todas vocês e boa sorte. Teddy e eu estamos torcendo por você.
-- Obrigada, Richard. Beijos.
Quando fui me arrumar, minhas amigas apareceram com sacolas de compras e Nora foi falar sobre o papo com Ritchie.
-- Liguei pro chefinho e ele disse que quer...
-- Uma entrevista com Herr Beckenbauer e Herr Müller. Já sei disso. – Nem deixei de terminar de falar e segui dizendo. – Alias, Nora, ainda fala alemão?
-- Bem pouco. Confundo fácil francês e alemão.
-- Por favor, quero que entreviste Beckenbauer. Tudo bem que o beijei, mas não tenho coragem de olhar na cara dele depois disso.
-- Como assim beijou Beckenbauer? – Marie acabou se metendo na conversa e Ana veio junto.
-- Foi num jogo da Copa dos Campeões. – Expliquei. Agora minhas amigas ficam sabendo do fato. – Fui pegar um autógrafo dele e quis agradecer com um beijo.
Ao dizer isso elas caíram na risada por vários minutos e até eu ri disso.
-- Onde estava com a cabeça pra fazer uma coisa dessas? – Perguntou Ana, ainda rindo.
-- Olha, confesso que esperava essa atitude vindo da minha irmã e não sua. – Dizia Marie.
-- Opa, sua irmã é fã desse jogador?
-- Sim. Ela o adora demais desde a Copa do Mundo do ano passado. E tem foto dele no espelho do apartamento.
-- Agora entendi por que ela se calou quando falei disso dias atrás.
Bem, suas chances com belo alemão de olhos azuis como cobalto se foi, contudo, tem o guitarrista inglês de olhos azulados como o mar da Europa te esperando. No mesmo instante, Ana me entrega um cartão postal da Inglaterra. A principio achei ser do meu pai ou Pete. Era do Keith Richards, guitarrista dos Stones e meu ex-namorado.

Boa sorte na Eurovision, meu pecado.
Saiba que ainda te adoro e me lembrarei de você para sempre, amada.
K.R.

Guardei aquele postal no livro Anna Karenina e sai com minhas amigas pelas ruas de Viena. Conversamos e rimos de muitas coisas. Elas inclusive me contaram muitos acontecimentos enquanto estive nos Estados Unidos com os Beach Boys, sobre Barbara ter entrado para Rolling Stone, as gravações do álbum do Who, Sell Out, Pete começando com Barbara e a armação da festa dos bateristas. O resto todos nós sabemos. Chegamos ao parque municipal e encontramos o The Who por ali. Marie correu até Roger e deu um beijo daqueles. Ana e Ox foram discretos. Já Moonie e Nora são escandalosos, me lembra um pouco Louise e Chris Dreja quando começaram a ficar juntos. Pete ficou distante deles e o segui.
-- Como você está? – Perguntei enquanto olhava para a fonte.
-- Um pouco estressado. – Respondeu. – Tem mais duas faixas para finalizar a gravação do álbum.
-- Entendo. – Comentei de volta. Tive vontade de consolá-lo, dar algum carinho, dizer mais alguma palavra de conforto, o que seja. Tudo para ele não se sentir sozinho.
 Ficamos em silêncio por bastante tempo e na hora de ir embora, as garotas se separaram deles e Pete falou.
-- Vamos tocar em Viena daqui a quatro dias. Se quiser... pode vir com as meninas.
-- Claro. Estarei lá. Até mais, Pete.
-- Até mais, Felicity e boa sorte na Eurovision.
-- Obrigada...
Todos me desejavam boa sorte na Eurovision. Era certo do meu destino. Voltamos ao hotel e dormimos. Desta vez a insônia não atacou. Por dois dias ensaiei a beça as músicas e fiz as seleções de quais faixas poderia tocar. Com certeza Flight of the Phoenix será meu maior sucesso depois de Here’s Love. 
Enfim, veio o dia da Eurovision. Paul e Biff estavam tão preparados quanto eu. Meu coração batia forte e não sabia se minha guitarra iria agüentar. Ouvi a apresentadora Erica Vaal explicando todas as regras da competição em sete línguas. Dez jurados se apresentaram na platéia e agora se juntavam a bancada, para observar os competidores.
O primeiro a se apresentar foi da Áustria. Um cantor chamado Peter Horton. O segundo era da Alemanha. Passei a ver os próximos sete competidores e de repente me senti mal a ponto de desmaiar.
-- Fefe! – Paul me segurou e me levou para dentro do camarim. – Não é bom ficar... olhando os nossos concorrentes.
-- Tenta relaxar, mulher. – Biff me serviu um pouco de água. – Beba um pouco.
Bebi só uma gota de água. De repente me veio uma vontade de chorar. Me dei conta que a música escrita, mesmo em parceria com Alana, não teria condições de impressionar os jurados e o público. Foi muita sorte por eu ter desbancado a cantora revelação Sandie Shaw e sua música Puppet On A String no júri popular britânico.
No entanto, dois competidores conseguiram obter notas entre 50 e 64 pelos jurados e esses eram Eduardo Nascimento, um cantor negro e português com a música O Vento Mudou e Vicki Leandros, de Luxemburgo, com L'amour est bleu. Esses dois lideram por enquanto o campeonato. Faltam mais três países para tocar: Suíça, Espanha e Inglaterra. Antes de chamarem o representante suíço, foi chamado o grupo The Spotinicks. Eles cantaram seu maior hit de sucesso, Hava Naglia.
E neste intervalo continuei sozinha, concentrada e evitando chorar até que alguém bate na porta.
-- Felicity!
Pensei que era alguma das garotas.
-- Sou eu. Nora. Por favor, abra a porta.
Me calei e abracei meus joelhos.
-- Me deixa, Nora. Preciso ficar sozinha.
-- Por favor...
Não podia mais negar e então abri a porta. Nora me abraçou tão forte que chegava a me machucar.
-- Nora! – berrei. – Está me machucando.
-- Desculpa. – ela me olhava tão diferente. Talvez fosse preocupação. – Sei que não está bem. Está ansiosa, como no dia que apresentou seu trabalho de conclusão de curso. É como se o mundo vai te engolir mas calma.
-- É muito pior, Nora. – engoli a vontade de chorar. – É o medo da humilhação. Em rede nacional e continental.
-- Felicity! – Paul entrou no camarim, pegando seu contrabaixo e Biff as baquetas. – Suíça já se apresentou. Falta Espanha e depois pra encerrar, a Inglaterra. Esteja preparada!
Eles se retiraram, nos deixando sozinhas.
-- Daqui a pouco vou tocar. – pegando a guitarra.
Meu peito doeu, as palpitações estavam mais fortes. Coloquei a mão no peito e Nora me abraçou por trás.
-- Calma. Fica calma. – ela dizia enquanto massageava meu peito.
-- Nora... Eu...
Naquele minuto pensei mesmo que ia morrer... Fechei os olhos pra sentir a dor indo embora, ao mesmo tempo ouvi Nora cantar uma música que há anos não ouvia.
Sing me a song of a lass that is gone
Say, could that lass be I?
Merry of soul she sailed on a day
Over the sea to Skye
Tão terminada o trecho e me senti tão bem. Aquela música remetia minha infância, entre viagens a Newport para Edimburgo. Foi lá que conheci minha melhor amiga e o irmão dela, George, num desembarque da balsa que atracou no porto escocês. Nora vestia cinco blusas mesmo no outono e usava botas vermelhas impermeáveis para pisar na lama. E eu era uma menina, de vestido cinza, com um casaco que parecia de tartan e segurava meu cachorrinho na época, Blinky.
-- Sente-se bem? – perguntou minha amiga.
-- Melhor eu diria.
-- Não vai passar vergonha. Sei que tem ótimas músicas no setlist e que as ensaiou muito bem. Eu confio tanto em você que deixaria minha vida em suas mãos.
-- Não diga isso, Nora. – toquei sua mão e imediatamente um tipo de calor invadiu meu corpo e meu pulso. – Sabe perfeitamente que sou capaz de me sacrificar por alguém que amo e estimo. Talvez fosse isso na minha família. Sacrificar nossas vidas por alguém.
-- Você é a única coisa com que me importo, Felicity. Ganhando ou perdendo, você é a melhor guitarrista que conheço.
Ficamos tão próximas que trocamos um selinho inocente e outra vez Paul entrou no camarim de supetão.
-- Agora, Felicity! Vamos ao palco!
-- Está na hora. – Nora beijou minha testa.
-- Sim. Eu vou. Mas antes, levarei isso comigo.
Puxei minha amiga para o beijo. Um beijo mesmo, na boca. E quente. E depois segui para o palco após Erica Vaal me anunciar. O resto... Só voltaria a lembrar após as apresentações...

Nora POV
A apresentadora anunciou o nome da Felicity e surgia no palco ela e a banda de apoio dela. Neste momento Marie, Ana traziam Odile Greyhound, Louise McGold e o irmão dela, Michael, que aliás... foi um antigo amor. Ele continua o mesmo. Encantador e transbordando uma energia atrativa.
-- Fefe está nervosa. – dizia Marie, sentada ao meu lado na platéia.
-- Não sabe o quanto. – respondi.
E ela começou, aos poucos com som discreto e depois virou um ritmo mais animado. E ela cantou... cantou e cantou. Seu maestro, Kenny Woodman, soube bem conduzir a música. Se eu soubesse que Felicity tem uma voz linda, eu teria ajudado em sua carreira e daria todo apoio. Não me lembro dela mencionar se fez aulas de canto mas lembro de algumas vezes ter visto ela praticar um pouco violão e depois a guitarra e ainda sim escondido do tio Robb. Nas viagens para Escócia, meu pai deu um violão para Fefe praticar somente na nossa casa, para assim não provocar a ira do pai dela.
Um tempo depois tio Robb descobriu e proibiu Fefe de praticar. Contudo, um tempo depois, ele se arrependeu e passou a incentivá-la. Isso aconteceu quando já estava estudando em Cambridge. Enquanto estudava e trazia alguma garota pro meu quarto, podia ouvir o som do violão da Felicity.
Ao fim da música, os aplausos foram bem fortes. Ainda ouvi Lulu gritando e vibrando como uma verdadeira líder de torcida. No intervalo a procurei no camarim. O trio bebia e brindava seu sucesso.
-- Meninas! – Biff convidou todas nós para brindar. – Venham! Juntem-se a nós.
Bebemos um pouco de champanhe e Felicity me puxou para um canto.
-- Seja sincera, Nora. Eu... cantei bem?
-- Está brincando? Você foi a melhor! Estou tão orgulhosa de você. Tanto que até me emociona. – abracei minha amiga. – Como conseguiu essa voz, Felicity?
-- É o que se acontece com quem tem namorados famosos. – ela ria nervosamente. – Macca sempre me motivava a tentar liberar minha voz. Ele dizia que eu devia abrir minha alma e meu coração. Aí sim sua voz faz sua parte.
-- E pelo visto seguiu o conselho dele. – amaciava a mão de Felicity e num gesto erótico, levei a mão dela para perto de meu rosto e lambi um de seus dedos.
-- Nora...
-- Shhh...
Beijei Felicity com tanto ardor e paixão que nem sabia que existia. Neste beijo eu pude confirmar algo que sempre soube desde pequena: ela é minha alma gêmea.
-- Nora! – ela parou o beijo, ofegante. – Não estamos mais em Cambridge, onde.... fizemos aquelas coisas.
-- Sente vergonha disso? – perguntei.
-- Não. É que... Nora, nós tínhamos curiosidade e por isso rolava aquilo no quarto. Era carnal.
Ali percebi um pouco de medo por parte dela e insegurança. Fiquei mais perto dela.
-- Fefe... a gente era só carnal. A gente precisa conversar sobre isso.
-- O que foi? – seus olhos mudaram. De insegurança para espanto. – Por favor, não pense mal de mim.
-- É que eu...
Não consegui terminar de dizer. Ouvi a apresentadora Erica Vaal anunciar outro apresentador e é justamente o ator francês Alain Delon.
-- Bonsoir à tous! Mon travail est de présenter les cinq vainqueurs de l'Eurovision. La cinquième place avec 30 points selon le jury, Minouche Barelli, Monaco. (Boa noite a todos! Minha função é apresentar os cinco vencedores do Eurovision. Quinto lugar, com 30 pontos de acordo com o juri, Minouche Barelli, de Mônaco.)
Todos aplaudiram e ela subiu ao palco, cumprimentando todos e seu maestro. Fefe ficou com a atenção voltada para o ator, que anunciou o quarto e terceiro lugar, que ficou para a cantora Vicki Leandros, de Luxemburgo e Noëlle Cordier, da França.
-- Et maintenant ... Le moment que tout le monde attend. Qui va gagner ce tournoi musical? (E agora... O momento que todos esperavam. Quem vencerá este torneio musical?)
Neste momento Fefe volta-se para mim.
-- Nora, diga logo antes que o Delon anuncie quem venceu.
Fiquei nervosa e ouvi os tambores. Rufando aquele som característico e todo aquele suspense que o ator fazia. Deve ser esse sentimento que os atores têm quando falam quem ganhou o Oscar. Respirei fundo e disse naturalmente:
-- Eu amo você... como nossos pais... se amavam.
Ela emudeceu um pouco e depois perguntou, sorrindo.
-- Eu sou... Sua Sassenach?
Sorri de volta. Ela ainda lembra como meus pais se referiam os McGolds. De sassenachs, ou simplesmente de “estrangeiros”, na língua gaélica.
-- Sim. É a minha Sassenach!
Milésimos de segundos depois ouvi claramente Alain Delon gritar um nome.
-- Et la première place revient à ... Felicity McGold, la Grande-Bretagne! (E o primeiro lugar vai para... Felicity McGold, da Grã Bretanha!).
Fefe estava em estado de choque e depois passou para emoção pura. Ela chorou, igual quando foi aprovada em seu TCC na faculdade, igual em sua festa de 15 anos, igual quando foi premiada no Press Award de melhor fotografia das bandas da Invasão Britânica. Podia jurar que se ela ganhasse um Pulitzer, ela morreria de tanto chorar. Do mesmo modo que a vi subindo ao palco, ainda com o rosto banhado em lágrimas, abraçando o maestro Woodman, Erica Vaal, Alain Delon e os outros participantes e por fim segurando o troféu dourado, parecendo um microfone de rádio.
Em meio aquela platéia, pude enxergar o Pete Townshend. E pelo visto, ele ficou feliz mesmo por saber da vitória de minha amiga...

Continua... 

domingo, 22 de maio de 2016

Hey, That's No Way To Say Goodbye (Oneshot - Grindhouse - Final)

A parte final

-- Você me ajudou com Ana uma vez... Agora é minha vez de ajudá-lo e Odile.

-- Obrigado, Igor. – Agradeceu. – Eu não sei o que fazer... Até ontem briguei feio com ela e a noite no quarto fiz sexo. Me pergunto se isso é normal.

-- Eu e Joanna somos exatamente desse jeito, meu bom homem. Uma vez Dimitri quebrou o carro dela, fazendo essas coisas que os jovens ocidentais fazem, de modificar o carro e correr a mil por hora. Nós brigamos muito, disse a ela que o menino deveria ter sido criado pra não fazer essas coisas. Discutimos tanto que nos agarramos e fizermos amor em todos os cantos possíveis da casa. Ela é casada e eu também, mas sempre que posso me enrosco nela. O que estou tentando dizer é se você acumular todo esse ódio e descontar nela e nos outros, você vai morrer e todos vamos chorar.  Você precisa se unir a sua senhora para terem forças pra enfrentar esse momento difícil e se apegarem a aquilo que vocês acreditam, pra tirar Jacques dessa situação. – Disse Igor.

-- Sim... Eu preciso disso e muito.

-- Não digo Deus, pois sou comunista, mas a última família imperial que é santa, eles podem ajudar vocês e ontem, Oleg orou para eles.

-- O que quer dizer, Igor?

-- Mesmo que ninguém aqui nessa casa reze muito, vi Oleg rezando para uma foto do Czar, pedindo pro Jacques continuar vivo, porque seu filho é a razão da vida do meu enteado.

Mickey tinha de reconhecer isso. Desde o nascimento, parecia que Jacques e Oleg eram muito unidos, como Max Breitner e Thomas Müller. Mesmo sendo jovens, a ligação deles era mágica.

-- E quanto a Noel? – Indagou Mickey. – Igor, eu sei que você sabia disso. Após meu filho ter terminado, Oleg se entregou a Noel mesmo por pouco tempo.

-- Oleg é movido pelo desejo. Ele está colhendo aquilo que plantou por ter ficado com o jovem alemão. Mas dê um tempo pro jovem herdeiro do trono alemão, ele tem que cair em si sobre o que fez, como em Crime e Castigo, quando perceber que cometeu um erro, terá o seu castigo e sua redenção.

Ao que parece não seria fácil...

Noel chorava de dores. Aparentemente ele não tinha nenhuma dor física e sim psicológica. Se culpava por tudo que aconteceu. Seus pais se beijando na frente de Mickey e de seus irmãos, a revolta de seu irmão mais novo, ter provocado o ciúme através de Oleg e por fim o acidente. Se Jacques chega a morrer, a culpa recairia sobre ele.

-- O que foi que eu fiz? – Chorava Noel, desgrenhando o cabelo e suando de febre.

Ele dizia repetidas vezes e ignorava os pedidos de suas irmãs, Josy e Charlie, pra abrirem a porta.

-- Ele se recusa. – Josy não sabia mais o que fazer.

-- Vamos chamar o filho da puta do pai dele! – Charlie discava o número do pai de Noel. – Alô, herr Beckenbauer? Aqui é a Charlie. Pode vir aqui em casa?

Cerca de uma hora depois, Franz apareceu na casa de Odile e abriu a porta do quarto de seu filho, encontrando-o em desleixo total.
-- Jacques tinha razão. – Dizia Noel, com os olhos arregalados, com olheiras, suando frio e abraçando a si mesmo, sentado na cama. – Você ferrou com papa Mickey e eu fiz o mesmo com Jacques.

-- Aquilo foi um erro meu. – Admitiu Franz, abraçando o filho. – Filho, olha pra mim. O que foi feito, já passou. Esqueça isso. Todos erramos em muitas coisas. Eu errei com sua  mãe algumas vezes e reconheço que aquele galês maluco disse é verdade. Eu sou um covarde.

-- Mas pai... – Noel soluçava e chorava mais. – Olha o que fiz com Jacques.

-- Filho, sei que está preocupado com seu irmão mais novo, mas se remoer não vai ajudar em nada. Você tem que ter força pra ajudar sua mãe. Ela precisa de nós mais do que tudo agora.

Graças às palavras do pai, Noel saiu do quarto. Tomou um banho, se vestiu enquanto suas irmãs limpavam e arrumavam o quarto dele. Charlie neste momento se entristeceu. Josy a consolou.

-- Tudo vai ficar bem, mana. – Dizia Josephine. – Não chora mais.

-- Eu desejei que Jacques morresse. Mas foi sem querer. E pra piorar... Eu traí o Ben. – Confessou Charlie, limpando as lágrimas.

-- Como é? Mas por quê? O que o Ben te fez?

-- Nada.

-- Como assim nada? Charlotte, explique isso! Se o Ben não te fez nada pra merecer essa traição, então o que é? Você não o ama?

-- É claro que amo... Mas... Meu pai não aprova o Ben.

Charlie explicou para Josy sobre seu namoro com Ben e antes dele, namorou Bobby Banks, filho do ex-goleiro inglês Gordon Banks e depois conheceu Harry Hughes, o produtor e amigo de Odile e Lulu e continuou com ele, mesmo estando com Ben. Josephine estava furiosa e ao mesmo tempo com pena da irmã.

-- Ouça bem. Você, neste momento, vai falar com Ben e contar toda a verdade. – Mandou a irmã. – Se não contar, eu vou e vai ser através do Tommy ou do próprio Ben!

-- Me deixe pensar sobre isso. – Pediu Charlie.

Mais alguns dias se passaram e Mickey cada vez estava mais angustiado e Odile também. Na verdade o psiquiatra pressionava a si mesmo. Não pensava mais em divórcio, não enquanto Jacques apresentar um quadro clínico de melhora. Algo que não acontecia. Duas semanas se foram desde o dia do acidente e o filho deles tendia a piorar. Jacques já havia sofrido quatro paradas cardíacas, sendo duas delas ele quase morreu. E num dia de visita, os pais do menino estavam no quarto. Odile chorou e segurou a mão de Mickey.

-- Estou com medo, Michael...

Ele não respondeu. Não tinha palavras para confortar Odile. Tanto ele quanto ela sofriam demais e além do mais, Mickey apresentava problemas no coração.

-- Michael... – insistiu Odile.

-- O que? – perguntou numa voz quase falhando. – Não tenho palavras. Estou sofrendo, Odile. Meu coração dói por ver meu filho assim, dói por te perder novamente pro Franz e dói por que... Por que...

Ele ofegou e apertou o peito com a mão.

-- Michael?Respira!Respira! – Odile também colocou sua mão no peito do marido. --Você não vai me perder! Michael por favor, respira. Não vou deixar você! Ficarei ao seu lado o tempo todo.

-- Odile, eu...

Mickey desmaiou.

O que é o amor? Quando se perde mesmo sem merecer?
Somos capazes de tudo... Até mesmo desafiar os nossos limites. E neste meio, nós podemos... perdoar?

Michael!!! Mon Amour...

Mickey... Meu galês.... não morra! Não quero te perder de novo!

Pai? Pai! Pai, acorde! ACORDA!

Mickey! MICKEY!

Ele despertou com o corpo recebendo uma boa descarga elétrica do desfibrilador que Mary Amy usou do hospital.

-- Meu deus... – Mickey olhava ao redor e estavam ali Odile, Joj Smith e Nora e sua filha mais velha, Mary Amélia. – Onde estou?

-- Calma, pai! – a filha salvou a vida do pai e procurava evitar o choro. – Você teve uma parada cardíaca. Foi fatal mas cheguei a tempo e os médicos daqui são meus amigos.
Odile abraçou o marido.

-- Tive medo de perder você também. Já não basta o Jacques agora você... Eu não vou suportar.

Ali mesmo Nora soube e entendeu bem que mesmo que amasse Mickey com todas as forças, não poderiam ficar juntos. No passado Nora e Mickey quase se casaram mas no final o galês recusou alegando que amava Odile. Essa recusa foi muito bem aceita. Neste momento, um jovem de cabelo preto, olhos castanhos semelhantes de Odile mas um pouco da mistura do casal surgiu na porta, ofegante. Este jovem é Luke McGold, o filho mais novo de Michael e Odile.

-- Pai! – abraçou o menino. – A tia Nora me ligou há três dias e só ontem consegui chegar a Londres. Estou na casa do Nicholas. O que houve com Jacques?

-- Acidente de carro. – respondeu o pai. – Ele vai ficar bem.

E na casa de Ana, não se acontecia aparentemente nada. Oleg se trancou no quarto, rezando em russo diante da foto do antigo Czar russo, Nicolau, pela vida de Jacques e sob as velas acessas.

-- YA proshu vas. Ne prinimayte moyu lyubov' ot menya . Eto chast' moyey dushi yavlyayetsya nedostayushchim chast' menya , i ya ne mogu yego poteryat'. Yesli ty praveden , tak kak on byl so svoim narodom , tozhe dlya menya . Sdelat' moy lyubimyy Zhak zhit'. Zalechit' rany! (Eu lhe peço. Não tire o meu amor de mim. Ele faz parte de minha alma, é a peça que me faltava e não posso perdê-lo. Se o senhor é justo, como foi com seu povo, seja também para mim. Faça meu amado Jacques viver. Cure-o das feridas!)

Igor ouviu toda oração e compadeceu do menino. Agora só restava esperar...

Neste momento Mickey e Odile conversavam com o médico, Dr. Gary Stearns.

-- Sei o quanto estejam preocupados com a recuperação lenta de Jacques. Mas agora o único jeito é a transfusão de sangue.

-- Neste caso, eu vou doar. – prontificou-se Mickey, determinado.

-- Lamento, Mr. McGold. O senhor não tem condições. Ainda mais que sofreu poucos minutos uma parada cardíaca.

-- Eu vou doar... – Noel apareceu no hospital, acompanhado do pai e de Charlie e Josy. – É o mínimo que devo fazer por...

-- Sacanear meu irmão? – Luke cortou ali. O irmão mais novo sabia de toda história. – Até parece! Jacques não aceitaria. Doutor, eu mesmo vou doar.

-- Não, Lucas! – deteve a mãe. – Você é menor de idade.

-- Então me autorize, mãe! – pediu Luke. – Pai, por favor! Eu agüento.

-- Até parece! – ironizou Mary Amy. – Lucas, você nem agüenta ver uma gota de sangue e já desmaia, que dirá doar pro Jacques?

-- Ela tem razão. – concordou Odile e em seguida autorizando Noel. – Noel vai doar.

Luke pensou em retrucar mas devido ao estado frágil do pai, decidiu não se opor em nada contudo, teve medo de Jacques.

Noel já estava de jejum de seis horas seguiu para a sala de doação de sangue. Enquanto o sangue era colocado numa bolsa especial pelo tubo, o filho de Franz Beckenbauer pensou sobre tudo até Mickey surgir na sala, sentando ao lado do jovem.

-- Eu tive vontade de xingar você. – disse Mickey. – Socar você, te humilhar na rua se for preciso. Mas daí lembrei que você não é meu filho.

Noel ouvia tudo atentamente, evitando a vontade de chorar.

-- De todos os filhos da Odile, você era o que mais tive pena, Noel. Porque eu o via muito triste, mesmo com as visitas de seu pai e suas idas para Alemanha aos fins de semana. Lembro uma vez você ter chegado em casa, muito... assustado. Tentei perguntar pra você e não tinha resposta. Nem Odile sabia. Bastou me aproximar e você me contou que foi seu irmão, Stefan, que te batia, te humilhava na frente dos outros meninos e dos irmãos dele. E seu pai não acreditava.

Mickey pausou por conta da enfermeira que verificava se a bolsa de sangue estava preenchida e os sinais vitais de Noel. Ela se retirou.

-- Naquele dia eu conversei com seu pai. Ouvi cada desaforo dele... Fui acusado até de tirar você de perto dele. E faria mesmo se não tivesse dito para ele ficar de olho em você. E o que aconteceu depois?

-- Papai viu o Stefan me batendo. Eu não fiz nada. – chorou. – Stefan sempre dizia pra ele que eu era o culpado. Sempre levo culpa. Naquele dia... Eu não levei. Stefan apanhou e ainda Brigitte me xingou. Papai me defendeu. Depois disso não aconteceu mais.

Meia hora depois Noel saiu da sala, carregado por Mickey e ficando na sala de espera. Comeu um pouco de doces e bebeu iogurte para recuperar-se da perda de sangue.

-- Você cuidou de mim e de todos nós como se você fosse nosso pai. – fitando os olhos de Mickey. – Não me esqueço do que fez por nós, papa Mickey. Peço perdão por prejudicar Jacques. Eu não sou Caim pra matar Abel. Eu... Eu não queria ter feito isso com ele. Você me acolheu como seu filho e sou muito grato por isso. Você se tornou meu pai também. Sei que falhei ao apoiar meu verdadeiro pai a conquistar minha mãe pelo simples fato de um dia querer meus pais juntos mas eu percebi, ela merece você, papa Mickey.

Mickey abraçou Noel, emocionado e de longe eram observados por Franz.

Minutos depois Jacques já recebia em suas veias o sangue de seu meio irmão e apresentava o quadro clinico de melhora com estimativa muito boa.

Neste momento Franz e Mickey ficaram cara a cara.

-- Eu repreendi Noel no dia que Jacques esteve na casa da Odile. – disse o ex-jogador. – E o forcei a ir falar com a mãe dele a verdade e pra você. Michael... eu também peço perdão.

Mickey não disse nada.

-- Sei que a última coisa que queria é me ouvir, mas digo que não quero destruir o que você e Odile construíram juntos. A vida que... eu... queria com ela. Demorei para reconhecer isso. Ela te ama, de verdade.

-- Eu aceito seu perdão, Franz. – respondeu, um pouco soturno. – E respeito que ainda a ame. Não sou carrasco de ninguém. E muito menos inimigo. Mas me tornarei um se outra vez decepcionar Odile.

As palavras de Mickey surtiram um bom efeito e Franz aceitou.

Oleg estava na janela, com lágrimas nos olhos e neste momento, sua mãe e Nicolai, seu irmão mais velho, entraram no quarto.

-- Chorar não vai adiantar. – Nicolai pegava a mochila do mais novo. – Vem, temos de ir ao hospital.

-- Mamãe não permite. – respondeu Oleg, sem mudar o rumo.

-- Agora estou. – disse Ana, abraçando o filho. – E Jacques está se recuperando bem. Vai, meu filho.

Oleg não esperou mais. Ele chegou e já seguiu para o quarto do amado. Temeu um pouco se Nicholas estivesse ali. Entrou mesmo assim. Encontrou Jacques ainda dormindo.

-- Jacques... Você pode me ouvir? – Oleg sentou-se na cadeira, perto da cama dele e afagou sua mão. – Se ainda me ouve, quero que me perdoe. Eu errei em tudo com você. E mesmo assim não deixei de te amar, por que... Somos almas gêmeas, meu Louis Garrel.

Jacques não manifestou nada, sequer mexeu o dedo. Apenas respirava. Oleg se lembrou de algo. Quando crianças, o apelido dado para o amigo era de “Jude”, por conta da música dos Beatles.

-- Hey, Jude, don't make it bad. Take a sad song and make it better. Remember to let her into your heart. Then you can start to make it better.

Oleg cantou um pouco o primeiro verso e aí ele sentiu a mão forte e grande de Jacques apertar a sua e ao mesmo tempo viu os olhos do amado se abrirem.

-- Jacques... – Oleg se emocionou.

-- Ninguém... me chama de Jude... desde o... primário. – Sorriu Jacques, sonolento e sorrindo para Oleg.

-- Você... Me perdoa?

Neste momento uma lágrima escorreu dos olhos castanhos de Jacques.

-- Sim... Eu te amo...Oleg.

-- Meu amor!

Mickey e Odile só admiravam na porta o quão lindo era o amor dos dois meninos. Ali mesmo o pai notou as enormes semelhanças do romance de Oleg e Jacques com de Alexei Romanov, o pai de Anastacia com Anthony McGold. Neste momento Ana e Igor também olharam a cena tão lindo emotiva dos jovens se beijando com paixão e a saudade acumulada.

-- Eles se merecem, Mickey. – comentou Ana. – Tanto quanto nossos pais.

-- Você também notou? – perguntou o psiquiatra.

Ana tirou da bolsa um diário trancado com cadeado de números que era de seu pai.

-- O código são três números primos...

O casal convidou Odile para um café e Mickey destrancou o diário. Quando Ana retornou, Mickey olhava para a parede.

-- Conseguiu?

-- Está em russo. – entregando para Ana. – Você deve entender melhor do que eu.

-- Eu leio pra você.

19 de dezembro de 1951 – Leningrado

Anthony e eu conseguimos chegar à cidade. O problema era andar juntos sem despertar atenção. Para minha sorte Tony é um excelente ator. Se vestiu e agiu como um verdadeiro turista inglês. Pela manhã visitamos o túmulo de Dimitri. Eu sei que aqueles desgraçados estão mortos e Thomas Jones cumpriu com sua parte. Depois disso segui para o Kremlin e só me reencontrei com Tony no hotel. Ele me questionou sobre isso e contei a verdade sobre a coleta do meu DNA e confirmar se sou mesmo um descendente da família real russa. Ele não acreditou muito e compreendi. Tony me conhecia como um homem politizado e já ter visto a luta de perto.

-- Se eu fosse ainda do império, você seria meu servo. – disse encarando aqueles olhos encantadores.

Fizemos amor naquela noite. Não tenho dúvidas o quanto Anthony me faz bem. Que nosso amor perpetue até o fim de nossos dias na terra...

Terminado de ler, Ana trancou o diario e  Mickey sorriu, sentindo o braço de Odile no pescoço.

-- O que houve, amor?

Ele afagou o rosto de Odile.

-- Mon amour... – e a beijou longamente.

No sábado Jacques ganhou alta mas antes conversou com Noel e o pai dele, pedindo perdão pelas ofensas aos dois e também para mãe.

-- Lembre-se, Jacques. – recomendou o médico. – Precisa fazer fisioterapia semanal para recuperar os movimentos das pernas. Por enquanto não deve descartar as muletas.

-- Sim, senhor.

Atrás do médico, Oleg trazia a cadeira de rodas.

-- A partir de agora, eu vou cuidar de você.

O menino russo ajudou o amado sentar na cadeira e o conduziu para fora do hospital. Nicolai transportou os dois no carro e seguiram para a casa dos pais de Jacques. Entrando na sala, os meninos depararam-se com uma verdadeira tempestade. Roupas espalhadas no chão.

-- Aconteceu algo? – indagou Jacques.

Antes de alguma resposta, ouviram uma série de gemidos e palavras em francês.

-- Odile... Mon amour...

-- Oh, Michael... mon amour, mon cher...

Os meninos se retiraram discretamente da casa.

-- Vamos para a casa de minha mãe. – sugeriu Nicolai.

Chegaram há poucos minutos e no jardim estavam à turma de amigos, a Squad Teen, alguns colegas mais chegados do colégio e os primos de Jacques.

-- Bem vindo de volta, primo. – abraçou Karin e Valentine, suas primas mais novas.
-- Agora sim, pessoal! Vamos comemorar! – gritou Nicholas, feliz pelo retorno do amigo.

E falando nele, Jacques fez Oleg e Nick se perdoarem e tudo acabou muito bem. Ao fim da festa, Oleg levou Jacques para o sótão e fizeram amor intenso, apaixonado. Quando tudo terminou, ficaram abraçados e Oleg chorou.

-- O que houve, mon cheri? – Jacques brincava com os cabelos encaracolados de Oleg.

-- Pensando no que vai ser de nós, quando o ano acabar. Vou para Oxford e você para Cardiff.

Os planos dos dois haviam sido interrompidos com a separação dos dois meses atrás e Jacques já providenciou e enviou a documentação necessária para a universidade de Cardiff, ao passo de Oleg que já conseguiu vaga na Oxford e foi muito bem aceito.

-- Faremos um pacto só nosso. – disse Jacques.

O francês tirou uma caixinha preta na mochila e abriu, mostrando um par de alianças prateadas. Segurou uma delas e colocou no dedo anelar direito de Oleg.

-- A partir de agora, juro que pertenço a você. Somos um só e se for preciso, enfrentaremos o mundo, Oleg John Alexei Ivan Romanov Entwistle. Dois contra o mundo.

O russo sorriu e fez exatamente o mesmo com Jacques.

-- Eu também juro cuidar de você. Pertenço a você e a ninguém mais. Com você tenho coragem de enfrentar o mundo. Dois contra o mundo, Jacques Anthony Greyhound McGold.

-- Ah mais uma coisa. – advertiu Jacques. – Se... se... se acontecer de você sentir atração por algum... alemão ou outro rapaz, está tudo bem.

-- Está me liberando pra ficar com quem eu quiser em Oxford? – os olhos de Oleg se espantaram.

-- Sim. Contando que não me abandone.

-- Jamais! – beijando Jacques e o puxando para deitar por cima dele. – E você também não me abandone. Mas pode se divertir em Cardiff.

-- E vamos sempre nos... – Jacques masturbava Oleg e o lambia. – Encontrar em Londres ou Paris nos feriados?

-- Todos os feriados e nos segundos fins de semana. E claro nos aniversários e reuniões da Squad.

-- E nos aniversários da Eva? – Oleg corou e riu um pouco.

-- Seu safado!

Continuaram a se amar no sótão, com direito a todos ouvirem.

Dias depois Mickey e Odile viajaram para Paris e ficaram na propriedade em Villa Nellcote. Recomeçaram seu amor com vinho, amor e carinho. Permaneceram juntos abraçados diante da lareira.

-- Se arrepende por voltar a ficar comigo? – perguntou Mickey, beijando a bochecha de Odile.

-- Nada. Não me arrependo de nada. Exceto de uma coisa.

-- O que?

-- De demorar em responder sobre meus sentimentos por você.

Trocaram outro beijo ardente.

-- Agora sabemos que nos amamos e vamos continuar assim até que a morte nos separe.

Mickey e Odile não tinham mais dúvidas. Tudo o que passaram naqueles meses serviram para uni-los e estreitar seus laços. Apaixonados... como em 1967.



FIM


CENA PÓS CREDITOS DA MARVEL (1)


Charlie Netzer chorava. Embora feliz com a recuperação de Jacques e ser perdoada por ele, ela chorava por outro motivo. Dias antes do meio irmão ganhar alta no hospital, ela contou a verdade para Benjamin sobre sua traição. Os dois não brigaram nem nada. Ben apenas se retirou, indo para a casa da mãe.

Benjamin Wright se sentiu impotente e com a cabeça cheia de perguntas. E todas relacionadas a Charlie e seu caso com Harry Hughes. Ser trocado por Bobby Banks seria uma opção aceitável, afinal, o guitarrista sabia bem o quanto os dois eram apaixonados. Agora ser trocado por um homem que tem idade pra ser pai de sua amada, era inaceitável. Ben chorou, trancado no quarto e pegou o celular, discou um número conhecido.

-- Alô?

-- Wolfgang! – soluçando. – Sou eu. Ben. Por favor, venha aqui na casa da minha mãe. Eu preciso de você.

-- Agüenta, mein liebe. Estou chegando.

Minutos depois Wolfgang e Ben ficaram no quarto, juntos e se consolando...


CENA PÓS CREDITOS DA MARVEL (2)

Thomas Müller vomitava naquele dia. Trancado no banheiro, ele disparava algumas golfadas, sendo a última a mais perigosa. Ele vomitava sangue. E não era a primeira vez. Desde o fim dos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004, ele sentiu que sua saúde não era mais a mesma. Em 2005 seus reflexos estavam mais fracos. E 2006 piorou tudo. Fez exame de sangue, conforme o Dr. Hans Schubert, médico clínico geral do Hospital de Munique e agora entregou o resultado para ele.

-- Thomas, devo confessar que estou abismado. – disse o médico, muito espantado. – Devido ao resultado disso, já deveria estar na fila de transfusão de sangue ou na espera de um doador de medula óssea.

-- Como é? – o jogador não havia entendido. – Doutor, me explica isso.

-- Vou ser mais direto. – pigarreando e encarando o jovem. – Você está com leucemia.

A noticia caiu como uma bomba para Thomas. A doença que uma vez matou Mary Black, sua avó materna, agora estava em seu sangue. Ofegou demais e chorou.

-- O que faço?

-- Deve se internar o quanto antes. Colocarei você na fila de espera com urgência para receber uma medula óssea. E a estimativa... É que você viva sete meses.

-- Sete meses?

Ali mesmo Tommy decidiu não perder mais tempo. Se tinha assuntos pendentes, devem ser resolvidos e um deles se chama Maxmilian Breitner...


Hey, That's No Way To Say Goodbye (Oneshot - Grindhouse - Parte 1)

Olá pessoal!
Tenham uma boa noite e mesmo me recuperando da cirurgia da vesícula, não me impede de escrever e agora fiquem com a nova fic McGreyhound com carga dramática pesada e ainda com romance Romagold yaoi. Esta é a primeira parte!



Hey, That’s No Way to Say Goodbye__ Maya Amamiya


Michael guardava as roupas na mala e pegava alguns pertences, deixando-os numa sacola. Enquanto isso na sala Odile acalmava os filhos, que praticamente ficaram contra Franz Beckenbauer. Tudo desencadeou quando Mickey retornou de viagem e os filhos tinham ido ao aeroporto esperar por ele. Jacques, o filho mais novo, havia saído cedo da escola para acompanhar seus quatro irmãos na espera.  Com a chegada de Mickey. Todos rumaram para casa e quando entraram... Se tornou a queda de tudo.

Todos viram o beijo intenso e apaixonado que Odile e Franz trocavam. Quando
terminaram, Odile se espantou por ver o marido e os filhos ali...

Eram oito horas da noite e Mickey chegou a seu antigo apartamento que hoje pertence à Sage, o filho mais velho de Odile. Ele abriu a porta, dando de cara com o padrasto. Os olhos dele estavam vermelhos e ele carregava suas malas.

-- Papa Mickey!

-- Sage, meu filho! – Mickey abraçou Sage. Ele tem o hábito de chamá-lo assim em sinal de carinho. – Sua mãe... Me separei dela!

-- O que disse? – Sage ficou chocado.

Os dois permaneceram na sala de estar e enquanto bebia um pouco de água, Mickey explicou toda situação para o enteado. Este ouvia tudo e na mente não conseguia conceber a idéia de sua mãe ter feito isso na frente do marido e de todos os filhos.

-- Sage, eu vou ficar até o ano que vem. – Avisou Mickey. – Só até o Jacques terminar o colegial e depois vou para Cardiff.

-- Você... vai se separar da mamãe? – Indagou o enteado.

-- Sim! E nada do que me disser vai me fazer mudar de idéia. Amanhã vou falar com advogado, depois pegar o que resta de minhas coisas e ficar aqui, só até janeiro de 2007.

-- Mas, Papa Mickey, por que isso? O que realmente aconteceu?

-- Eu vi sua mãe beijando Franz Beckenbauer, na minha frente e dos seus irmãos.

-- Mamãe...

Sage não sabia bem como reagir, mas permitiu que Mickey morasse no apartamento e inclusive abriu pela primeira vez o quarto antigo dele, fechado há anos.

-- Às vezes abro esse quarto para limpeza. – Explicou Sage. – Agora ele é seu de novo, Papa Mickey.

-- Obrigado, Sage.

Ele deitou na cama, tirando os sapatos e com a roupa no corpo. E chorou no travesseiro.

Na casa de Odile, os irmãos tentavam conter Jacques, que queria socar o pai de Noel e agora esbravejava a todo pulmão.

-- SUA.... VACA! – Xingava o adolescente. – COMO PODE FAZER ISSO COM PAPAI? E COM TODOS NÓS? ME SOLTEM!

Josy e Charlie levaram Jacques para o quarto, enquanto Noel discutia com os pais.

Charlie empurrou Jacques, deixando o menino caído no chão.

-- Como você pode chamar a nossa mãe desse jeito! – Repreendeu Charlie.

-- Mas não é isso que ela é? Uma grande puta!

Josy desferiu um tapa na cara do irmão e se surpreendeu. Nunca foi de levantar a mão contra ninguém e naquele momento se mostrou apropriado.

-- Você pode ser nosso irmão e entendemos sua raiva, mas chamar a mamãe de puta eu não aceito, Jacques!

-- Vocês são idiotas! Vocês a defendem! Vocês deviam ficar do lado do meu pai! Ele cuidou de todos como se fosse o pai de vocês, ele as ama demais! Mais do que o pai verdadeiro de vocês.

Mais uma vez Josephine agiu. Ela chutou seu irmão mais novo por pura raiva.

-- Você não sabe o que não é conhecer seu verdadeiro pai, seu pirralho mimado! Eu falei pra mamãe não te mimar! Mas não, o pequeno Jacques, fazia tudo o que você queria!

-- Nestas horas eu queria que você morresse, Jacques. Tudo o que você disse contra a mamãe deve servir de seu castigo! – Berrou Charlie, cega de raiva e não medindo palavras.

Os três se calaram e as duas irmãs viram o que fizeram com seu irmão mais jovem. Jacques chorava demais.

-- Jacques... me perdoa... eu não queria ter dito isso...

O menino saiu do quarto de Josy e se trancou, ignorando a presença da mãe, de Noel e do pai dele.

Poucos minutos depois ele saiu do quarto, carregando duas mochilas.

-- Para onde vai, Jacques? – Questionou Odile.

-- Vou procurar o Oleg! Vou ficar na casa dele e amanhã procurarei meu pai e morar com ele porque se esse chucrute velho ficar, eu não fico!

-- Menino! Volte aqui e peça desculpas pra sua mãe! – Ordenou Franz.

-- Você não é meu pai, seu nazista desgraçado! Adeus!

-- Jacques Anthony Greyhound McGold volte aqui! – Odile agarrou o braço do adolescente e este se desviava.

-- Eu odeio você! Eu odeio você demais! Você é uma puta que se deita com qualquer um! Odeio o fato de ter saído de você!

-- Do que você a chamou?!DO QUE VOCÊ A CHAMOU? – Noel ouviu aquilo e se enfureceu, partindo pra cima do irmão e não se importando se ele é menor de idade ou não tão forte.

Jacques chutava contra Noel mas errava e levava socos no rosto e teve o nariz quebrado, os olhos roxos e um dos dedos quebrados. Vendo que seu filho poderia matar o menor, Franz e as duas filhas seguraram Noel e no canto Odile estava pasma com tudo que aconteceu e as ofensas do filho.

O adolescente se levantava com dificuldade, tossia e cuspia sangue e pegou as duas mochilas e seguiu porta fora, sem olhar para trás. Minutos depois ele chegou à nova residência dos Entwistles e lá vivia Oleg, o filho de Ana e seu melhor amigo. Ana abriu a porta e se espantou com estado do garoto.

-- Jacques! O que houve? – Ana deu entrada pro menino e ele chorava.

-- Meu pai abandonou minha mãe, porque ela o traiu com o pai do Noel. E tudo isso bem na minha frente, do papai e dos meus irmãos. EU OS ODEIO!

Oleg saiu do quarto e viu o amigo ali.

-- Jacques, andou brigando com alguém? Encrenca de novo?

Ele contou toda história para o amigo e para Ana e Igor, que cuidavam dos ferimentos dele e procuravam acalmá-lo.

-- O que pretende fazer amanhã? – Perguntou Ana, enquanto enfaixava a mão onde teve o dedo quebrado.

-- Vou procurar meu pai e morar com ele!

-- Jacques, não gosto de me intrometer na vida das pessoas, mas acho que deve pedir desculpas a sua mãe. – Ana entendeu toda história e resolveu conversar com o menino.

-- Não quero fazer isso! – Recusou Jacques.

Neste momento, Igor, o novo marido de Ana, surgia no quarto e também deu sua opinião.

--Deve fazer isso rapaz, ela é a sua mãe!

-- Ela é uma... – Jacques não terminou de falar devido à dor que Ana infligia ao tocar o dedo dele.

--Mãe! Pára com isso! Poxa o Jacques está transtornado! – Pediu Oleg. -- Veja o que aconteceu com ele! Compreenda!

-- Filho eu entendo o Jacques está passando! Mas o que ele chamou a mãe dele é errado!

Depois de cuidado dos ferimentos, Jacques adormeceu no quarto de Oleg no beliche. O menino chorou um pouco.

Na casa de Odile, um mero silêncio. Franz estava na sala, refletindo. Os três filhos foram no quarto de Jacques e encontraram a mãe, transtornada, deitada e abraçando o travesseiro do filho sob as lágrimas.

-- Eu liguei para tia Ana. Jacques está lá. – Informou Josy.

-- Mãe, você não vai buscar o Jacques não é? – Charlie queria descartar essa possibilidade.

-- Ele disse aquelas coisas contra você. Por que quer aquele pirralho de volta? – Noel se encontrava indignado e notou depois que a mãe estava silenciosa. -- Mãe? Está tudo bem?

Odile respirava com dificuldade devido às palpitações. Franz subiu as escadas e viu os três filhos socorrendo Odile.

-- Mein liebe! – Entregando para ela um saquinho de papel. – Respira, respira!

-- Jacques precisa refletir o fez! – Disse Odile, enquanto se recuperava da taquicardia. -- Ele é meu filho como vocês!

Os outros filhos não disseram nada, apenas voltaram para o quarto, exceto Noel. Permaneceu na sala, pensativo.

-- O que está pensando? – Franz se juntou ao filho na sala.

-- Eu andei refletindo... – Suspirou um pouco e continuou. – E se fosse com você, pai? Quer dizer, se fosse você, casado com mamãe e de repente nós todos encontrássemos ela e o Papa Mickey se beijando?

A pergunta pegou Franz de surpresa. De fato ele faria coisa pior. Gritaria com Odile, ofenderia os filhos dela e principalmente, o pai.

-- Eu entendo o lado do Jacques e realmente não gostei das ofensas contra a mamãe, contudo, o que eu fiz...

-- Você defendeu sua mãe.

-- MAS EU PODIA TER MATADO O JACQUES! – Berrou Noel, socando a parede. -- Pai eu iria matar meu irmão! Meu irmão! Eu não queria ser Caim matando Abel.
Eu ainda lembro quando o segurei nos meus braços, pai, de como eu acalmei Papa Mickey dizendo "Vai dar tudo certo, mamãe vai ficar bem, o nosso irmãozinho também". Ele segurava a Charlie quando o médico disse que Jacques tinha nascido. Quando vimos mamãe segurando ele, todos nós estávamos chorando e lembro de mamãe dizendo “Mon amour,posso dar o nome do meu pai a ele?” Vovô Jacques estava bem velho, ele morreu um mês depois que meu irmão nasceu. Eu me sinto tão culpado.

Franz abraçou o filho bem forte e compreendeu toda a dor. Ao mesmo tempo entendeu bem toda situação. Sentiu pena de Odile e ao mesmo tempo de Mickey. Por mais que sentisse raiva do galês, reconhecia que ele foi muito importante. Agora que ele deixou Odile, pode ser a oportunidade que aguardou por anos. De reconquistar seu amor pela francesa.

No dia seguinte, Jacques acordou cedo e ficou sentado na cadeira reconfortante do jardim, pensando em suas atitudes. Sentia falta da mãe e no fundo estava arrependido pelas ofensas. Contudo, a raiva que sentia por Franz e Noel era maior. Antes que pudesse fazer algo, Igor surgiu diante dele, conversando com o jovem em francês.

-- Avez-vous bien dormi? (Dormiu bem?)

-- Oui ... Pourquoi es me parlez-vous en français?  (Sim... Por que está falando comigo em francês?)

-- Elle est l'une des techniques la KGB. Pour les approches, nous avons besoin de parler dans leur langue maternelle(É uma das técnicas da KGB. Para abordagens, é preciso falar em sua língua materna.) – Explicou Igor, ainda mantendo diálogo com Jacques na língua francesa.

-- Vous allez me tuer? (Você vai me matar?) – Questionou Jacques, temeroso.

-- Je tué de nombreux rebelles qui voulaient à l'information gouvernementale, pourquoi aurais-je un enfant turbulent tuer? (Eu matei muitos rebeldes que queriam informações do governo, por que eu mataria um filho desordeiro?)

-- Pourquoi es manqué de respect à ma mère et mes frères me détestent. Charlie m'a dit que ce serait génial si je mourais.(Porque desrespeitei minha mãe e meus irmãos me odeiam. Charlie me disse que seria ótimo se eu morresse.)

-- Au moment de colère, nous disons ce que nous ne voulons pas. Ses frères l'ont fait et je vous garantis qu'ils se repentent. Tout comme vous êtes au sujet de sa mère. Ne le niez pas, Jacques. Et je pense que vous devriez présenter des excuses à elle. (No momento da raiva, dizemos o que não queremos. Seus irmãos fizeram assim e garanto que estejam arrependidos. Do mesmo modo que você está em relação sua mãe. Não negue isso, Jacques. E acho que deve pedir perdão a ela.)

Em casa, Oleg e Ana observavam os dois conversando em francês.

-- Mãe, Papa Igor vai matá-lo?

-- Não! – Respondeu Ana, ainda prestando atenção. – Ele não faria isso.

Quando a conversa terminou, Jacques abraçou Igor amigavelmente e depois entrou na casa.

-- Eu vou pedir perdão para minha mãe.  – Decidiu Jacques.

-- Espere! – Oleg se oferece para ir. – Vou com você!

-- Oleg, não! – Ordenou Ana. – Vá agora para o colégio!

-- Mas hoje não tem aula! – Avisou o filho. – O colégio entrou em greve!

-- Ah sim... – Ana havia se esquecido deste detalhe e acabou permitindo os meninos saírem.

Jacques e Oleg seguiram para a casa de Odile. O mais velho hesitava em tocar a campainha.
-- Vai, amor! Toque! – Incitava Oleg.

Ele tocou e não foi atendido. Oleg apertou o botão repetidas vezes e nada.

-- Quer saber, eu vou entrar! – Jacques pegava na mochila a chave de casa.

Inseriu na fechadura e depois girou a maçaneta. Entrou com cuidado e observou ao redor. Aparentemente não há ninguém.

-- Fica aqui, Oleg! Eu vou subir!

-- Ok!

Chegando ao corredor dos quartos, o adolescente entrou no quarto de seus pais e encontrou muitas caixas. Ao pegar uma das caixas de sapato, encontrou vários cadernos, blocos de anotações e diários. Um dos cadernos, havia citações sejam de autoria do pai, outras de filósofos, atores, pessoas conhecidas na mídia.  Numa delas encontrou algo em especial.

“Lidar com a perda é algo muito difícil. Mas é o que nos torna mais fortes e maduros. Para enfrentar o dia de amanhã.”

-- Bem interessante... – Comentou Jacques, guardando a caixa na mochila, que era razoavelmente grande e conseguiu caber o objeto.

Saindo do quarto, ele desceu as escadas e encontrou Oleg e Noel... aos beijos.

-- Oleg? – Chamou Jacques.

Os dois pararam o beijo. Oleg praticamente estava constrangido.

-- Errr... Jacques... Não é o que está pensando. – O mais novo tentava se explicar.

-- Jacques, podemos conversar? Em particular? – Noel estava com outra expressão. Era de pena.

-- Eu te encontro na casa da tia Ana. – Avisou Jacques para Oleg.

Antes mesmo de embarcar no carro, o mais novo impediu.

-- Jacques... Me perdoa! Mas aconteceu. – Oleg chorava. – Eu não resisto a um alemão. Me perdoa...

-- O que você faz ou deixa de fazer não me interessa. Eu não sou seu namorado nem nada. Eu vou conversar com Noel e pronto! – Disse Jacques.

-- YA znayu, chto ya isportil , ya sovershil grekh , ya zhivu pokho (Sei que eu errei, cometi um pecado,eu vivo de luxúria). – Oleg falou em russo e depois se ajoelhou. – Me perdoa, meu Louis Garrel!

-- Já falei! Faça da sua vida o que quiser! Eu não tô nem aí!

De raiva Oleg empurrou o amante. Irritado, o francês empurrou Oleg e trocou socos contra ele. Noel aparta a briga dos dois e neste momento Charlotte aparece, desembarcando no carro, um Bentley negro. Os dois adolescentes, um pouco mais calmos, se encaravam.

-- O que deu em vocês? – Perguntou Charlie.

-- Nada! – Responderam em uníssono.

-- Mais tarde eu vou à sua casa, Oleg e pego minhas coisas.

Jacques embarcou no carro de Noel. Nenhum deles trocou uma palavra. Noel se sentiu culpado por ter beijado Oleg. Admite que realmente gostou mas também não foi uma atitude legal. Afinal, ele é o grande amor de Jacques.

Os dois entraram num restaurante comum. Jacques pediu batata frita e Noel optou por um sanduíche. Minutos depois os pedidos chegaram.

-- Jacques, eu quero conversar com você...

-- Sobre o que? – Jacques não olhava para o irmão. Apenas numa mão ele digitava algo no celular e com a outra mão pegava as fritas e comia.  – Não gosto de rodeios e fale logo!

-- Eu quero pedir perdão por ter te espancado na noite anterior. Fiquei com muita raiva de você quando falou aquelas coisas contra mamãe. – Noel quase se exaltou ao lembrar-se da noite passada, mas se controlou. – E então acabei te enchendo de pancada. Quase matei você! Portanto peço perdão e queremos você de volta para a casa. A mamãe sente sua falta.

-- Hum... – Jacques não esboçava nada. Ele olhava para a tela do celular, comia e bebia seu refrigerante. – E o que mais?

Noel percebeu a frieza do irmão mais novo. Era óbvio que ele estava chateado por conta de tudo e pra piorar, viu o rapaz que tanto ama beijando outro.

-- Eu sei que você e o Oleg se amam. Me arrependo de ter feito isso. Por favor, perdoa ele. Perdoe-me por sentir atração por ele.

Jacques fechou o celular, comeu a última batata frita e terminou de beber a latinha de coca-cola. Ele encara o irmão.
-- O que me diz respeito ao Oleg não me interessa mais! Não quero saber daquela boneca russa que dá pra Deus e o mundo! O meu objetivo é pedir perdão a mamãe. Eu admito que errei! Sim, eu errei! E quero me redimir. Mas com você, Josephine e Charlotte não! E muito menos com Oleg! – Jacques pega a mochila e deixa uma nota de dinheiro na mesa. – Eu perdôo você, Noel Beckenbauer. Fica com ele e sejam felizes! Afinal, seu pai fodeu com meu pai e agora você!

-- Ei! Vamos com calma, pirralho! As atitudes do meu pai não refletem as minhas. Por mais que ele errou em ter beijado mamãe, não tenho culpa disso. Admito que beijei Oleg para fazer ciúmes a você mesmo, mas o que quero dizer é que você é meu irmão mais novo e tem que voltar pra casa.

--Eu prefiro morrer a voltar a morar naquela casa, eu quero ir pro inferno só pra não olhar na sua cara de verme, eu quero morar em outro país pra não encontrar você. – Jacques destilava ódio contra Noel. -- Graças a Deus eu não sou alemão pra ter que ver sua cara em todos os jornais, seu chucrute maldito!

O adolescente voltou para a casa de Ana, onde se despediu dela e de Igor. O casal de anfitriões ficou sabendo dos últimos acontecimentos por Oleg. O filho mais novo chorava no colo da mãe.

-- Jacques! – Deteve Ana, vendo o menino carregando as mochilas pegas no quarto. – Para onde vai?

-- Morar com meu pai. Ele está na casa do Sage. – Avisou.

-- Menino, eu sei que todos erramos mas...

-- Eu sei disso, tia Ana. – Jacques falava com calma e depois afagou o rosto de Oleg. – Ouça o que tenho a dizer. Eu te perdôo, Oleg. Mas não quero voltar a ficar com você. Seja feliz com Noel.

Os dias se passaram e Mickey ainda morava com Sage e agora com Jacques. Para não dar despesa para o filho mais velho de Odile, Mickey pediu a sua irmã, Louise, que deixasse seu filho morando com ela até terminar o ano letivo dele. Lulu concordou e o adolescente passou a conviver com os tios e os primos.

Mickey manteve dando aulas na Universidade de Londres de dia, a tarde ele escrevia e a noite bebia e chorava escondido de Sage. Ele pensava se é uma boa idéia se separar de Odile. No colégio, Oleg e Jacques estavam distantes. O mais velho rejeitava muito o menor e por vezes falava mal dele nas costas, o que deixava Oleg deprimido e com ódio. Ao mesmo tempo ele dividia seus momentos com Noel. Ele adora o irmão mais velho de Jacques e sente prazer quando fazem amor.

Porém numa noite, enquanto executavam os movimentos, Oleg chorou.

-- O que houve, meu Czar? – Noel se referia Oleg assim, pelo título de nobreza russa.

-- Desculpa... – Ele chorava muito e não queria fazer Noel sofrer.  – Noel, eu não quero te fazer sofrer. Deixei bem claro que tenho... uma queda por alemães. Contudo, eu amo o Jacques. Ainda. Espero que me perdoe.

Noel se levantando, um pouco bravo e encarou o russo.

-- Quer dizer que fui mais um alemão na sua vida? – Ele perguntou, furioso. – É isso, Oleg? Quem além de mim você transou? Thomas? Ned? Florian? Quem mais?

-- Só você mesmo, mas admiro muito a beleza de vocês nórdicos. – Justificou Oleg e também se defendendo. -- Não sou essa bicha que sai dando para qualquer um.

-- Então... você ama mesmo o Jacques? Como pode, se ele não te quer mais?

-- Não desistimos das pessoas que amamos. Veja seu pai, ele nunca desistiu dela, eu jamais vou desistir daquele francês egocêntrico.

Ao ouvir aquilo Noel se comoveu internamente e abraçou Oleg. Compreendia tudo. Porém, ao mencionar seus pais, lembrou-se de Mickey. Por mais que não quisesse se meter no que diz respeito aos três, sentia uma parcela de culpa. Era como se renegasse Mickey. Logo seu padrasto, que tanto lhe quis bem e ainda o ajudou em tudo, agora estava sozinho. Mesmo desejando durante anos que seus pais se acertassem, no fundo ele quer a permanência de Mickey na vida de todos.

Vários dias se passaram e chegou a Copa do Mundo. Odile não pode acompanhar Franz. Já fazia dias que voltaram aparentemente a ficar juntos. Os filhos de Odile não se opuseram. Por dentro desejavam desesperadamente a volta de Mickey. E de Jacques. Quanto ao filho mais novo cada vez mais se dedicava aos estudos, tirava boas notas e ao mesmo tempo dividia seu tempo de estudo com procrastinação, seja com sua banda, formada por dois colegas de classe e Karin Townshend, sua prima. No mesmo mês ele recebeu a surpreendente visita de seu amigo de longa data, Nicholas Reed, filho de Lou Reed e Irene Adler.

-- Eu disse que voltaria pra você! – Dizia Nico, abraçando o amigo e amante.

-- Senti sua falta, seu tarado!

Nico Reed é um velho conhecido da banda e todos gostam dele. Embora ele estudasse em colégio particular e longe da região agitada de Londres, ele nunca deixou de se comunicar com Jacques.

-- Vai estudar aqui, Nico? – Indagou o baterista Luke Hayes, filho de Talia Hayes e Colin Black.

-- Eu queria mas vocês conhecem minha mãe.... – Dizia Nico, modesto e sorrindo.

Quando a conversa ia mais longe, a turma percebeu o clima que há entre Jacques e Nico e os três integrantes deixaram os dois sozinhos na sala de ensaio.

Na diretoria, Oleg teve suas notas avaliadas pelo coordenador e a diretora do colégio.

-- Sem dúvida suas notas são especulares, Mr. Entwistle. – Elogiava a diretora Lucy Kellog.  – Tens alguma universidade?

-- Já me inscrevi para estudar em Oxford.  – Respondeu, um pouco temeroso.

-- Então, o que está esperando? Vá para Oxford. Enviamos seu requerimento e eles te aceitaram. – Dizia o coordenador Gary Steele.

A alegria de Oleg era tão grande que ele poderia gritar. Ele falou com todos seus colegas e foi bem aceito. Inclusive o motivaram a conversar com Jacques, pois todos sabiam do forte laço de amizade que os mantém unidos. Aconselhado a procurar o amigo na sala de ensaio musical, ele correu até lá e ao abrir a porta, seu rosto mudou completamente.

Encontrou Jacques beijando Nick Reed. Os dois pararam de se beijar por serem interrompidos por um soluço de Oleg.

-- O que está fazendo aqui? – Perguntou Jacques, demonstrando raiva. – Sai daqui!

-- É o que vou fazer, seu francês nojento! – Berrou o russo, irado.

Ele voltou para a casa, se trancando no quarto. Ana percebeu isso e pensou em ligar para Jacques, contudo foi impedida por Igor e este a sugeriu que chamasse Noel.

Minutos depois o filho de Franz Beckenbauer abraçava o adolescente.

-- Não chore mais, Oleg! Odeio te ver assim, ainda mais pelo Jacques.

-- Ele me despreza tanto assim... – Murmurou Oleg, com a voz embargada.

-- Você vai mesmo desistir dele?

-- Eu quero comprovar isso! – Disse o menino, parando de chorar e secando os olhos. – Se não me ama mais, ele terá de olhar nos meus olhos e dizer!

Impressionado com a determinação de Oleg, o jovem resolveu confidenciar um segredo.

-- Não conte para ninguém, Oleg. Estou apaixonado pelo meu melhor amigo.

-- Mas quem?

Noel hesitou. Era a primeira vez que estava abrindo seu coração para alguém. Poderia muito bem confidenciar para a mãe ou com alguma de suas irmãs. Até mesmo para Stefan, seu outro meio irmão, filho de Franz com Brigitte, a primeira esposa.

-- Freddie Hunt. – Respondeu Noel, ofegante e nervoso.

-- E por que não diz isso para ele?

--- E como vou falar disso? . – Noel caminhou até a janela, olhando para rua. – E se ele me rejeitar e nunca mais falar comigo?

-- Ele não ousaria disso. – Alegou o adolescente. – Freddie valoriza demais as amizades. No máximo pode ser rejeitado e com certeza ele vai te ouvir. Falo isso porque eu e Jacques vimos que Freddie é um sujeito legal. Parece ser sério, mas é uma pessoa brilhante. E engraçado.

Noel não queria acreditar sobre a personalidade de seu amigo, contudo, aceitou as palavras de incentivo de Oleg.

Na casa de Louise, Jacques tocava violão lembrando-se de Oleg. A saudade o corroia por dentro. Admitia que ainda amasse o russo e sente saudades de estar com ele, falar com ele, beijar ele e amar.

--- Mais um pouco e você se torna o melhor! – Disse Freddie, seu primo, recém chegado.

Os dois se abraçaram e vendo que não havia mais ninguém, os dois prepararam seu almoço, uma lasanha com molho branco.

-- Fazia tempos que não comia essa lasanha. – Comentou Jacques, apreciando a comida.

Freddie já sabia de todos os acontecimentos, desde a separação de Mickey e Odile até as desavenças de Jacques com a família e com Oleg. Quando ficou sabendo que Noel Beckenbauer beijou o russo, teve raiva e ao mesmo tempo pena.

-- Sabe-me dizer se Noel ainda está com... – O piloto não conseguiu terminar a frase devido ao ciúme.

-- Com Oleg? Acho que sim. – Afirmou Jacques e ao mesmo tempo percebendo algo. – Você... gosta do...?

-- Deixa pra lá!

Jacques pensou em jogar Freddie contra Noel em vingança por ele ter tirado Oleg de perto. Mas pensou bem e resolveu falar.

-- Noel não ama Oleg, como eu. Mas se serve de consolo... Ele tem muitas fotos suas no quarto. E inclusive escreveu muitos textos sobre você, até intensos.

-- Mesmo?

Com aquela afirmação, o filho de James Hunt sentiu uma pequena esperança, talvez não fosse tarde para dizer o que sente para Noel...

Naquela tarde, os dois primos dormiram em quartos separados mas Jacques se acordou com a campainha tocando, abriu a porta e viu que era Ned Maier.

-- Olá, Eddard!

-- Olá, Jacques. Eu posso entrar?

Os dois ficaram conversando na sala. Obviamente o assunto era a separação dos pais do jovem e principalmente sobre a mãe.

-- Por que todo mundo quer que eu perdoe minha mãe pelo que ela fez? – Jacques se irritava por sempre mencionar esse assunto.

-- Eu sei bem o que está passando. Passei por esse tipo de situação, quando um dia vi minha mãe e meu pai se beijando enquanto ela está com papa Godard. Mas depois, compreendi tudo. A ligação entre eles é muito forte. Não pode ser quebrável. – Disse Ned, olhando para Jacques.

O adolescente ficou mirando o chão, sem jeito com aquelas palavras. Talvez fosse mesmo compreender que sua mãe e o pai de Noel fossem ligados.  Ele ergueu a cabeça e viu um lindo filhote de gato, de pelagem branca e pequenas pintas pretas.

-- É pra mim?

-- -É meu presente para você! O nome dele é Lewis!

Jacques pegou o filhote.

-- Na família Smith, temos a tradição de presentear as pessoas que amamos com um filhote de gato e este vai te seguir para toda vida.

-- Obrigado, Ned!

-- Eu torço para que você encontre seu lugar no mundo.

No período de oitavas de final da Copa, Mickey visitou Odile. Se tornou o pior dia dos dois. Eles não só discutiram como também apresentou os papeis do divorcio.

-- Só pode estar brincando! – Berrou Odile e em seguida desferindo um tapa na cara de Mickey. – Eu não quero me divorciar de você.

-- Essa não é sua vontade e sim a minha! – Replicou Mickey, impaciente. – Está mais do que claro que tudo que vivemos foi pra nada. Eu fui apenas um suporte para não sofrer mais. Eu te dei tudo e você joga fora pra outra vez retornar para os braços do Franz! Assina logo esse divórcio e eu saio do caminho de vocês!

Odile rasgou o documento e jogou fora, encarando Mickey firmemente.

-- Eu tenho as cópias. – Disse o psiquiatra, calmamente. – O advogado aceita. Assina esses papeis e eu não te peço mais nada.

-- Eu me recuso! – Dizia Odile.

--Odile, não me tire à paciência. Assina logo! ASSINA DE UMA VEZ, DROGA!

-- NÃO VOU ASSINAR!

-- Terei de falar diretamente com seu Kaiser pra ele te convencer a assinar? – Mickey se encontrava sem paciência.

-- NÃO VOU ME DIVORCIAR DE VOCÊ!

-- Assine de uma vez, Odile ou...

Mickey não conseguiu falar mais por conta das palpitações no coração.

-- Michael? Michael, Mon dieu...

Odile e Mickey ficaram no sofá, até que ele se recupere. Trocaram um  olhar intenso. O mesmo olhar de anos. Ela segurou a mão dele e trocaram um beijo lindo e intenso.

-- Odile... pare... eu não posso... – Mickey queria se desviar mas as mãos de Odile eram alvas e ela desabotoava a camisa dele.

-- Mon amour... – Odile beijava o pescoço de Mickey e aproveitou para apalpar a região íntima dele, que se encontrava em ereção. – Deixe-me dar um pouco de carinho.

-- Não... É que... Ahhhh...

-- Sei que você está com saudades... – Odile seduzia o marido de tudo quanto é forma.

-- Odile...nós não devíamos... – Ele não terminou de falar pois sua mão apalpava os seios dela.

Os dois não resistiram e se entregaram a paixão. Mickey abria a blusa de Odile e afundou o rosto entre os seios dela, lindos e perfeitos, mesmo no fim da meia idade. Ele mordiscava e lambia os mamilos e depois se livrou da calça e a peça íntima dela.

-- Mon amour... – Ele suspirava e caia de boca na intimidade dela.

Odile gemia de puro prazer sentindo a língua atrevida de Mickey, invadindo sua região. Depois do sexo oral, ele abriu sua camisa e a esposa ajudou-o se livrar do restante das roupas.

-- Odile...

-- Sinta, meu amor...

Ela sentou ali e começou a cavalgar devagar e ao mesmo tempo colocava as mãos dele em seus seios, apertando e massageando a cintura dela. Ao mesmo tempo seus dedos desenhavam os lábios de Odile. Minutos depois a velocidade foi aumentada a ponto de atingirem um perfeito orgasmo.

Ficaram deitados no sofá, em silêncio e ofegantes. Odile esfregava suas pernas com as de Mickey, excitando-o mais.

-- Eu te amo... – Ela disse antes de adormecer nos braços dele.

Mickey não disse nada, apenas dormiu no sofá. Perto da meia noite, Charlie apareceu em casa e deparou-se com uma cena. Viu sua mãe e seu padrasto, deitados na cama e nus. Odile colocou a mão no meio das pernas de Mickey. Achando que os dois tenham se acertado, Charlie tirou seu casaco de pele e cobriu os corpos deles. Ela subiu as escadas e entrou em seu quarto. De madrugada, Mickey se acordou e se deu conta do que fez. Sentiu culpa.

-- O que? – Procurando suas roupas. – Droga, isso não devia acontecer.

-- Mon Amour... – Odile se aproximou do marido e o beijou, outra vez acendendo o desejo. – Vamos dar um tempo.

-- Não deveríamos fazer... isso. – Mickey estava quase em pânico e ao mesmo tempo excitado.

-- Então vamos para o quarto...

A noite deles foi perfeita. Charlie era única dos filhos que estava em casa e ouviu os gemidos dos pais. Sorriu e voltou a dormir.

No outro dia, Mickey saiu imediatamente da cama e Odile se acordou.

-- Foi um erro. – Comentou para a esposa. – Um erro. Odile, por favor, assine o divórcio e não te peço nada.

Odile se calou e segundos depois, disse.

-- Quando puder, me procure na minha produtora.

Aquilo estava longe de terminar.

Jacques terminava de selecionar seus documentos para faculdade de Cardiff e ao mesmo tempo ansiava para o ano letivo terminar.  Quando a aula terminou, ele seguiu calmamente para a casa da mãe e antes de entrar, viu o carro de Noel estacionado. Imediatamente, pensou que ele e o pai estivessem em casa. Mesmo assim entrou na casa e encontrou a mãe e o pai de Noel, discutindo.

-- ... Ainda bem que não assinei os papéis do divórcio. – Disse Odile, brava com Franz. – Por uns momentos eu pensei em assinar. Mas não o fiz.

-- Mein Liebe...

-- Eu quero que cale a boca!

E antes de falar mais coisas, Odile enxergou o filho na porta e sorriu.

-- Olá, mon amour! – Abraçando o filho. – Como você está?

Jacques retribuiu o carinho e ao mesmo tempo olhava com ódio para Franz. Só de lembrar do beijo e também de Noel e Oleg juntos, o sangue lhe fervia.

-- Eu... quero lhe pedir perdão por tudo que disse... contra você.

-- Está perdoado, meu bem.

Jacques aproveitou aquele amplexo e viu a chave do carro de Noel. Ali mesmo teve um plano pra sacanear o meio irmão...

-- Você já escolheu onde estudar? – Indagou a mãe.

-- Eu vou para Cardiff. Já enviei minha documentação semanas atrás. – Em seguida encarou o casal. – E você vai ficar com... ele?

-- Sua mãe está pensando nisso. – Respondeu Franz, calmo.

-- Eu não pensei! – Replicou Odile, lançando um olhar de ódio. – Já dei minha resposta e é não.

-- Se não vai ficar com ele, porque esse nazista está aqui? Isso que não entendo. – O jovem se exaltava, mas não a ponto de querer partir pra cima do pai de Noel. – Já não bastou o que vocês fizeram com Europa nos anos 40 e querem fazer de novo com a minha família?

Neste momento, Noel desceu as escadas, ouvindo toda conversa.

-- Acho que não devia ter vindo aqui, mãe. – Disse o mais jovem, beijando a bochecha da mãe. – Amanhã eu venho conversar com você... De preferência sem esses dois chucrutes.

Ele saiu de casa, batendo a porta atrás. No lado de fora, Jacques tirou do bolso a chave do carro de Noel. Ele havia aproveitado a rápida distração da mãe e Franz e conseguiu furtar a chave. Embarcou no carro e ligou a ignição.

-- Vamos ver, Noel. Como vai reagir ao encontrar seu lindo carro avariado num ferro velho!  -- Cantarolou o francês dirigindo calmamente nas ruas.

Em meio à alegria, o estudante ligou o rádio do carro e ficou selecionando alguma estação de rádio. Quando finalmente encontrou, tocou a música In My Place, do grupo Coldplay. Porém, ele cruzou o sinal vermelho, resultando num caminhão colidir violentamente com o automóvel e o jogar contra uma árvore....

E na casa de Odile, Noel e Franz conversavam com a cineasta.

-- Então foi isso mesmo, Noel? – Perguntava Odile, ao saber pelo filho que ele separou Oleg e Jacques. – VAMOS, NOEL! FALE A VERDADE!

-- Está bem! Fui eu! – Admitiu Noel. – Eu separei Jacques e Oleg mas por raiva. Depois... Vi que não devia ter feito isso. Por mais que ele me odeie, foi covardia da minha parte.

Noel chorou mas não foi o bastante para evitar um tapa na cara que Odile aplicou.

-- Por mais coisas erradas que fez, essa foi à pior. Por que prejudicar seu irmão e através da pessoa que ele mais ama? Jacques nunca fez isso com você e com nenhum dos seus irmãos.

-- Eu sei disso, mas estava com raiva dele! Eu o queria sofrendo. Mas não imaginava que pudesse ser isso, ao extremo e a ponto de desprezar o Oleg. Ele nem sequer o procurou no colégio e nem o parabenizou quando conseguiu vaga para Oxford.

Antes que Odile pudesse falar algo, sentiu uma dor muito forte no coração e um pressentimento ruim.

-- Mãe? Mãe!

-- Mein liebe! – Os dois ajudaram Odile e a fizeram se sentar no sofá.

-- O que foi isso? – Ela tentava interpretar aquela dor. Não era infarto nem nada. – Sinto como se meu coração levasse um soco...

Neste momento a campainha tocou e Noel abriu a porta, recebendo um policial.

-- Com licença. Aqui é a casa de Odile Greyhound e Michael McGold?

-- Sim. Por quê? – Indagou Noel.

-- Aconteceu algo, policial? – Odile estava  curiosa. – Eu sou Odile Greyhound, a dona.

-- Sra. Greyhound, encontramos seu filho, Jacques.

-- O que? – A mãe quase desmaiou ao falar do seu filho mais novo. – O que... O que aconteceu com Jacques?

-- Ele dirigiu um Audi preto em alta velocidade, ouvindo música. Passou o sinal vermelho e o carro colidiu com um caminhão, jogando-o contra uma árvore. Ele foi encaminhado para o Pronto Socorro.

Odile passou mal e gritou, sendo amparada por Noel, Franz e os filhos dela. Charlie foi a última a chegar em casa e notou aquela agitação.

-- Hughes, eu vou indo. – Beijando seu amante, Harry Hughes.

-- Até mais, Charlie.

Entrando na sala, ela viu a mãe chorando.

-- Mãe, o que aconteceu?

-- Seu irmão... Ele... Ele...

-- QUEM?

-- Jacques! – Respondeu Noel, triste. – Ele sofreu acidente de carro.

Charlie quase desmaiou. Aos poucos as lágrimas brotaram de seus olhos e se juntou a mãe e os irmãos.
Oleg saiu da aula naquela tarde e foi abordado pelos colegas.

-- Sinto muito pelo Jacques. – Disse um deles, triste.

Oleg não havia entendido. A principio achou se tratar do fato dos dois estarem separados por conta de Noel e Nicholas. Enquanto caminhava no corredor outro colega disse.

-- Seja forte, Oleg. O Jacques vai sair dessa.

-- Melhoras pro Jacques.

-- Mas... Por que isso? O que aconteceu com Jacques? – Perguntou o russo, sem entender ainda.

Neste momento Karin Townshend apareceu, correndo e chorando compulsivamente, abraçando Oleg.

-- Karin! O que aconteceu? O que houve com Jacques?

-- Ah, Oleg! O Jacques tá no hospital Pronto Socorro. Ele sofreu um acidente de carro.

Ao ouvir isso, Oleg caiu de joelhos, catatônico. Parecia que as palavras de Karin geraram um eco fraco em sua mente e de repente se fez um grito.

-- Jacques... Jacques...—Repetindo o nome do amigo inúmeras vezes.

Seus colegas telefonaram para o irmão mais velho dele, Nicolai. Este veio o mais rápido o possível e buscou o jovem no colégio.

-- Vamos pro Hospital. – Dizia Nicolai, colocando o cinto de segurança em Oleg.

-- Jacques... – O jovem russo começou a chorar. – É culpa minha! Não! Meu Louis Garrel, meu Alain Delon! Ele não pode morrer!

-- Calma! Ele está sob observação. – Nicolai dirigia meio rápido e continuou a falar quando pararam no semáforo. – Mas o acidente foi destruidor. Jacques é jovem e forte. Ele sairá dessa.

Chegando no hospital, Oleg saltou pra fora do carro e perguntou para as enfermeiras onde estava seu amigo. Uma delas conduziu o estudante para um dos quartos e lá estava ele, respirando com ajuda de aparelhos, tomando soro e os batimentos cardíacos regulares.

-- Meu Jacques! – Oleg pegou a mão do amado e o colocou em seu rosto. – Eu vou cuidar de você, meu Jude!

-- Cuidará porra nenhuma! – Exclamou uma voz. Era de Nicholas Reed. – Saí daqui, Oleg! Jacques não precisa de você. E antes que reclame, eu falei com tio Michael. Ele me deu autorização para vir aqui. Mas você não!

-- Não vou deixar isso acontecer.

-- Então fale com ele! Agora saía! Fora!

Ao sair do quarto, Oleg viu o pai de Jacques chegando.

-- Sr. McGold! – Oleg tentou abraçá-lo, mas foi empurrado pelo próprio Michael.

-- O que está fazendo aqui? Veio tripudiar meu filho?

-- Nunca. – Oleg tentava se desculpar. – Sr. Eu...

-- Mas nada! Jacques me contou tudo. Seu envolvimento com Noel e o beijo trocado. Não bastasse o pai dele, agora o Noel?! Oleg, faça um favor para todos nós e se ama mesmo o Jacques, sugiro que vá embora!

O coração do menino batia rápido por conta do nervosismo. Até mesmo Mickey estava contra ele. O que Nicholas disse era verdade.

-- Senhor McGold...

-- Vai embora! – Mandou Mickey, calmamente. – Meu filho não precisa mais de você.

-- Mas eu permito! – Odile também aparece na entrada e ouvindo toda conversa. – Vá para o quarto dele, Oleg. Eu permito.

-- Obrigado, Sra. Greyhound. – Oleg beijou a mão de Odile e seguiu para o quarto de Jacques.

-- Vai ser a última vez que isso acontece, Odile. – Disse o psiquiatra, furioso. – Amanhã eu não quero ver esse moleque! É A ÚLTIMA VEZ!

-- Eu sou a mãe dele e eu permito a entrada de Oleg! – Odile peitou Mickey ali na frente dos médicos.

Mickey ia discutir mais com ela mas sentiu outra vez as dores agudas no peito. Ele foi socorrido por alguns enfermeiros, tiraram sua pressão e ouviram seus batimentos cardíacos.

-- Deve repousar, Sr. McGold. – Disse um dos médicos para Mickey. – Evite aborrecimentos.

Nem sob os avisos dos médicos o casal ainda brigou mais.

-- Mesmo sabendo da verdade ainda permite que aquele menino russo venha visitar Jacques?

-- Noel está arrependido. Ele mesmo admitiu...

-- Admitiu que gesto! – Ironizou Mickey e respirando fundo. – Mas fale isso pro Oleg, que não pensou duas vezes antes de beijar Noel na frente do Jacques e nos dias seguintes se deitar com ele. Ele não passa de uma sanguessuga!

Sem saber, a família Entwistle ouviu tudo e Mickey os viu.

-- Me desculpe, Ana e Igor... Eu estou...

Mickey simplesmente apagou na frente de todos e só acordou a noite na casa de Ana e juntamente com Odile. Quando acordou, ele estava na cama de Oleg, sem seus sapatos e ao seu lado estava Odile. Mickey tentou voltar a dormir, mas só pensava em seu filho, sua vida e sobre Odile.

No quarto de Ana, ela conversava com Oleg e o mesmo admitiu tudo o que aconteceu, deixando a mãe espantada. Ela se sentou na cama e respirou fundo.

-- Acho melhor... Você não visitar Jacques. – Sugeriu Ana. – Mickey está furioso e mesmo com Odile permitindo, evite atritos. Ainda mais ele que acabou de sofrer um quase infarto.

-- Mas mãe... – Oleg tentou se explicar.

-- Oleg! É melhor assim. Espere Jacques se recuperar e depois vocês conversam.

O menino se trancou no quarto de hóspedes e chorou...

Odile acordou e notou que o marido olhava pro teto.

-- Que bom que acordou, mon amour. – Afagando o rosto dele. – Achei que ia te perder.

-- Onde estou? – Olhou ao redor. – Sinto que pedir minhas forças... Que ia embora...

-- Você desmaiou, mon amor. Igor te trouxe no colo até aqui na casa da Ana.

-- Não consigo dormir... – Disse o psiquiatra, baixinho. – Odile, eu não vou mais tocar no assunto do divórcio. Só quero Jacques vivo...

-- Mickey, vamos esquecer isso por enquanto e focar no nosso menino.

Os dois ficaram abraçados e chorando. Poucos minutos depois os dois trocaram um beijo quente.

-- Estou com desejo... de você. – Sussurrou no ouvido dela.

-- Mickey... aqui mesmo?

-- Sim.

A cineasta retirou a calcinha e abriu a calça do marido, sentando por cima dele, cavalgando devagar.

-- Está tão linda como em 72... – Gemeu o homem. – Aaaah... aaaaahh...

-- Sei... Que me... Ama...

Fizeram sexo em silêncio para não despertar atenção. E perto de chegar ao clímax, Oleg entrou no quarto e flagrou o momento.

-- Desculpem! – Disse o adolescente, ainda com os olhos vermelhos. – Vou voltar pro outro quarto.

Quando amanheceu, o casal se juntou aos Entwistles. Oleg não desceu para a refeição.

-- Oleg não desceu. – Avisou Igor.

-- Eu vou falar com ele. – Se ofereceu Mickey.

-- Não! – Impediu Ana, séria. – Ele precisa ficar sozinho, refletir o que fez.

-- Michael, antes de ir para o hospital, quero falar com você.

Igor e Mickey foram para o escritório, falaram.