domingo, 20 de outubro de 2019

Ain't She Sweet? (UA - 1º Capítulo)

Olá, pessoal!

Hoje vou postar mais uma beatlefic mas esta é diferente: não se passa no universo da Grindhouse e sim num alternativo e é na mesma época que se passa a fanfic da Maris Campos, Our Love Was no blog Peripécias de uma Garota Qualquer. Rapidamente vou apresentar as personagens.

Bruna Schneider - Maris Campos
Ivanna Lee - Inara Araujo (eu)
Louise Maier - Maris Grey
Victoria Stephens - Vit Arantes

Agora vamos ao primeiro capítulo. Boa leitura!




Ain’t She Sweet__ Maya Amamiya

Capítulo 1: It’s been a hard day’s night

Bruna Schineider é a típica garota de dezoito anos que abandonou a cidade de Munique da Alemanha Ocidental, unicamente para vir estudar em Londres. Não que detestasse sua cidade. Mas aguentar sua família falando sobre a guerra que perderam para os Aliados, estava lhe cansando. E essa viagem a Londres se tornou seu ritual de independência. Ganhar a bolsa de estudos era tudo que queria. Ou ao menos pensava nisso...
Para o ano de 1964, ela fez uma série de planos. E se desse certo, fixaria residência em Londres, terminaria sua faculdade de Letras e se puder, outra de Filosofia e começaria sua tese. No entanto, percebeu algo estranho. O trem no qual embarcou andava devagar e parou na estação. De repente, três rapazes correram até o vagão e embarcaram, escapando da histeria de um bando de jovens que os perseguiam.
Os três seguiram no corredor e um deles, o mais jovem, se encantou pela garota alemã. Bruna olhou bem para ele e corou ao perceber que estava flertando. Desviou o olhar. Poucos minutos depois o trem andou, distanciando do bando louco juvenil.
-- Com licença. – Uma garota loira, baixinha e de vestido e um cardigã cinza bateu na porta da cabine. – Posso ficar aqui? As cabines estão cheias.
-- Claro. – respondeu Bruna.
A jovem alemã não gostava de conversar com gente que não conhecia e para disfarçar sua insegurança, pegou um livro na mala.
-- Esse é bom. – comentou a menina baixinha.
Bruna olhou a capa.
-- “O Médico e o Monstro”?
-- Isso. – disse, sorrindo. – Meu nome é Louise Maier.
-- Maier? – Bruna se espantou. Será que a menina ali era da Alemanha? – Você... Me perdoe perguntar. Mas você é da Alemanha?
-- Sim. – ela riu. – Metten.
-- Somos quase vizinhas. Eu sou de Munique. Me chamo Bruna Schineider.
-- Prazer em te conhecer, Bruna. Então, o Lester te chamou também?
-- Quem é Lester?
-- Ué? Não conhece Richard Lester? O diretor?
-- Eu não estou entendendo nada.
Louise deu risada e explicou cuidadosamente para Bruna a respeito do filme de uma banda de rock chamado Os Beatles e Richard Lester filmava a cena do trem, mostrando a era da beatlemania. Os jovens que ali corriam atrás da banda, eram contratados figurantes e Louise era um deles. Bruna escondeu o rosto no livro, de vergonha. Embarcou no trem sem saber que era tudo parte de uma filmagem.
-- Meu Deus! – Bruna colocava as mãos no rosto, ainda escondendo sua vergonha. – A última coisa que queria era participar de um filme de uma banda de rock. E agora?
-- O jeito é aproveitar. – Louise era mais animada. – Mas hoje eu tenho um plano.
-- De que?
-- Eu verei o Ringo Starr. O problema é que tem um grupo de garotas que vai filmar com eles no trem e uma delas... É a mais bonita.
Bruna entendeu tudo.
-- Não acha que pode dar um problema? E se você for presa?
-- O plano é simples e ninguém sai ferido. Só preciso ser cuidadosa. Vem comigo.
Bruna, sempre certinha, não gostava daquilo, mas ao lembrar do rapaz bonito visto no corredor ser um dos Beatles, animava mais. O único defeito era que não sabia seu nome. Ela e Louise encontraram um grupo de garotas se arrumando e conversando. As roupas lembravam um pouco os uniformes colegiais e das comissárias de bordo sem chapéu de acompanhamento. Louise furta duas destas roupas e Bruna olha numa das cadeiras das atrizes escrito “Patricia Boyd”.
-- Vamos, Bruna!
Elas voltaram para sua cabine e se trocaram rapidamente. No exato momento que saíram, foram chamadas para gravar.
-- Aí estão vocês. – chamou um figurinista. – Entrem logo no próximo vagão. O diretor chama todos.
Elas compareceram junto com parte do elenco. Richard colocou Bruna e Louise para gravarem na cena onde os Beatles e junto com ator Wilfrid Brambell, o que faz o avô de Paul McCartney no vagão onde guardam as bagagens pesadas e gaiolas de animais.
-- É o nosso dia de sorte, Bru! – Louise mostrava mais animação.
No exato momento que os Beatles apareceram, o tal rapaz jovem olhou Bruna e paralisou. A alemã tremia as mãos e queria emitir uma palavra.
-- Você deve ser a Pattie, não é? – perguntou o beatle mais jovem.
Bruna não respondeu. Tamanha sua alegria e surpresa, misturada com um pouco de indignação por ser chamada de Pattie.
-- Sim! – respondeu Louise, prontamente.
-- Sou George.

-- Bru... Digo, Pattie. – Disfarçou a menina.

A tomada foi anunciada e a claquete batida. Bruna tenta ser autêntica e sorria tanto para George, quanto para os outros. Louise ficou no lado de fora da cabine, junto com mais 3 meninas. Como por ironia do destino ou o universo quisesse conspirar a favor de Bruna e George, a música tocada era I Should Have Known Better.

I should have known better
With a girl like you.
That I would love everything
That you do
And I do,
Hey, hey, hey,
And I do.
Whoa, oh, I never realized
What a kiss could be.
This could only happen to me.
Can't you see?
Can't you see?
That when I tell you that I love you,
Oh,
You're gonna say you love me too,
Oh,
And when I ask you to be mine,
You're gonna say you love me too
So, oh, I should have realized
A lot of things before.
If this is love
You've gotta give me more.
Give me more,
Hey, hey, hey,
Give me more.
Whoa, oh, I never realized
What a kiss could be.
This could only happen to me.
Can't you see?
Can't you see?
That when I tell you that I love you,
Oh,
You're gonna say you love me too,
Oh,
And when I ask you to be mine,
You're gonna say you love me too
You love me too.
You love me too.
You love me too
.


Ao final da música, a cena a seguir a banda tinha que correr para o carro e escapar de novo dos fãs. Antes da retirada, George lança outro olhar para Bruna e seguiu junto com os outros.

-- Corta! – gritou o diretor. – Muito bom!

Louise e Bruna ficaram um pouco distantes do elenco de figurantes.

-- Sua sortuda. A gente se conhece há 40 minutos e já ganha o coração do George?!

-- Eu... não sou muito ligada a música, mas... George é tão lindo!

-- Harrison não é meu beatle favorito contudo ele canta muito bem. – Louise percebe que o diretor conversava com outros figurantes e assistentes.  – Bruna, vamos para nossa cabine e rápido. Pegue suas coisas e vamos cair fora!

-- Mas por que?

Quando elas chegaram, deixaram as roupas do elenco na cadeira, pegaram as malas e saíram do trem.

-- Vou te contar. Quem deveria estar na cena na cabine com os Beatles enquanto cantavam, era uma atriz chamada Patricia Boyd. As roupas que pegamos era dela.

-- Puta merda! Trapaceamos! – berrou Bruna. – A gente pode ser presa!

-- Calma! Ninguém saberá quem somos. E veja o lado bom. Você estava diante dos Beatles, bem mais perto do George. E eu que só olhei pro Ringo.

-- Quer saber, chega de bandas de rock. Preciso me focar na faculdade.

Louise, também estudante universitária de Londres, guiou Bruna até o alojamento central e mostrou o quarto de sua nova amiga.

-- O que achou?

-- É legal. – Olhou para janela e avistou um estúdio branco. – Que prédio é aquele?

-- É o Abbey Road. É um estúdio de gravação.

Um novo começo de vida para Bruna e novos rumos para ela e sua nova amiga, Louise, iniciaram no trem... O restante... Era ver para crer.


Continua...

domingo, 13 de outubro de 2019

Athena (Oneshot - Grindhouse)

Olá, pessoal!

De novo vou postar algo. Vamos ler a oneshot "Athena", que é uma prequel da fanfic Love Sell Out. O encontro de uma noite só e um pouco da rivalidade Mods vs Rockers. Boa leitura!


Athena__ Maya Amamiya


1966

Aquela sexta-feira estava chuvosa em Londres. O que não impediu de um grupo de jovens freqüentarem seu lugar favorito: o Marquee Club. Uma banda formada por quatro rapazes, usando ternos pretos e cinzas com três botões e calça slim justa no corpo. E sapatos bico fino de couro sempre lustrados, tocavam alegremente seus hits e os “mods”, como eram chamados os jovens que se vestiam daquela maneira, dançavam ao som deles. Meio furioso, meio rítmico.

Um táxi parou em frente ao Marquee e dali saltaram quatro garotas abrindo um enorme guarda chuva. Uma delas, a maior, pagou o taxista e entraram juntas, sendo bem recebidas pelos seguranças e a recepcionista. Pagaram e deixaram seus casacos e o guarda chuva nos armários disponíveis.

-- Da próxima vez eu mesma vou chamar um táxi antecipado. – reclamava uma delas de sotaque francês.

De repente o público começou a dançar loucamente com som do grupo.

People try to put us down
(Talkin' 'bout my generation)
Just because we get around
(Talkin' 'bout my generation)
Things they do look awful cold
(Talkin' 'bout my generation)
Hope I die before I get old
(Talkin' 'bout my generation)

It's my generation
It's my generation, baby

Why don't you all fade away
(Talkin' 'bout my generation)
And don't try to dig what we all say
(Talkin' 'bout my generation)
I'm not trying to cause a big sensation
(Talkin' 'bout my generation)
Just talkin' 'bout my generation
(Talkin' 'bout my generation)

It's my generation
It's my generation, baby

Why don't you all fade away
(Talkin' 'bout my generation)
And don't try to dig what we all say
(Talkin' 'bout my generation)
I'm not trying to cause a big sensation
(Talkin' 'bout my generation)
Just talkin' 'bout my generation
(Talkin' 'bout my generation)

It's my generation
It's my generation, baby

My, my, my, my generation

People try to put us down
(Talkin' 'bout my generation)
Just because we get around
(Talkin' 'bout my generation)
Things they do look awful cold
(Talkin' 'bout my generation)
Hope I die before I get old
(Talkin' 'bout my generation)

It's my generation
It's my generation, baby

Talking 'bout my generation (my generation)
Talking 'bout my generation (my generation)
Talking 'bout my generation (my generation)
Talking 'bout my generation (my generation)


Com dificuldade foram para o balcão e pediram as bebidas ao barman.  Observaram o público. Só mods, pensou a garota alta de cabelo preto e botas. Embora vestida como um deles, ela se considera tanto “rocker” quanto mod.

-- Até que eles têm um som bom. – Concordou a menina de traços russos.

-- O baterista é tão lindo. – Disse a escocesa de olhos grandes e azulados.

As outras riram. O último namorado da jovem foi um guitarrista, chamado George Harrison, do grupo The Beatles.

-- Pela primeira vez Nora não se apaixona pelo guitarrista ou vocalista. – Ria sua amiga, a francesa e em seguida lançou um olhar para o cantor. – Mas esse vocalista tem uma pinta de deus grego.

As quatro beberam um pouco seus drinques e conversavam alegremente durante a música.

-- Ele tem. – Apoiou a mais alta e galesa. – Contudo, parece um anão de jardim.

-- E o nariz daquele guitarrista. – Apontou a jovem russa. – É imenso e ele parece maior que você, Felicity.

Felicity sorriu. Ela não se importava com o nariz dele e sim com os olhos azuis. Como o mar do Norte.

-- Não me importo com o narigão dele e sim com os olhos. – Disse a galesa chamada Felicity, conhecida como Fefe. – Agora só queria saber o que o baixista tem.

-- O mocinho que toca baixo?

-- Isso. Meu Deus, ele parece uma máquina. Não reage. Está vendo, Ana?

Anastacia, ou somente Ana, olhava encantada para o baixista.

-- Ele é bem bonito.

-- Estamos aqui há um bom tempo falando sobre esses moços bonitos, mas alguém sabe o nome da banda? – questionou a escocesa de nome Nora.

A francesa chamada Marie encontrou um cartaz na parede do bar com a estampa de um alvo com as cores azul, vermelho e branco e o nome em letras grandes.

-- Segundo o cartaz, eles são The Who.

-- The Who? – Fefe nunca ouvira falar. – Que raio de nome é esse pra uma banda?

-- Será que eles têm uma música chamada “quem é você”? – Ana zombou um pouco.

Elas riram e beberam mais um pouco.

-- O guitarrista canta bem... – Fefe não poupava elogios ao guitarrista. – Ou essa bebida tem efeito afrodisíaco?

Percebendo isso, Marie afastou o copo de sua amiga.

-- Vamos com calma.

-- Mas de repente deu um calor também. – Ana tirava a manta de flores estampadas e deixava no balcão junto com a bolsa de Nora.

A banda começa cantando I Can’t Explain.
Got a feeling inside (Can't explain)
It's a certain kind (Can't explain)
I feel hot and cold (Can't explain)
Yeah, down in my soul, yeah (Can't explain)

I said ... (Can't explain)
I'm feeling good now, yeah, but (Can't explain)

Dizzy in the head and I'm feeling blue
The things you've said, well, maybe they're true
I'm gettin' funny dreams again and again
I know what it means, but

Can't explain
I think it's love
Try to say it to you
When I feel blue

But I can't explain (Can't explain)
Yeah, hear what I'm saying, girl (Can't explain)

Dizzy in the head and I'm feeling bad
The things you've said have got me real mad
I'm gettin' funny dreams again and again
I know what it means but

Can't explain
I think it's love
Try to say it to you
When I feel blue

But I can't explain (Can't explain)
Forgive me one more time, now (Can't explain)

I said I can't explain, yeah
You drive me out of my mind
Yeah, I'm the worrying kind, babe
I said I can't explain


No meio da música Fefe e Marie se juntaram aos mods na dança. Apesar de ser uma rocker que se veste como mod, Felicity tem uma incrível habilidade pra dançar. Sua amiga concordava plenamente e se movimentava conforme a música e o ritmo corporal da colega. Ana e Nora se animavam demais vendo as duas e foram com elas para dançar com todos.

Quando a banda parou, uma música de fundo embalou a turma mod e as garotas voltaram para o balcão. Já os integrantes trocavam idéias, contudo Pete, o guitarrista não tirava os olhos da morena alta e bela. Desde sua entrada se fascinou de imediato por ela. Óbvio que ela não lembrava em nada Karen Astley, no entanto possuía algo, fazendo-o recordar de Annie e Evanna. Talvez o jeito mais atrevido e um pouco doce. Aquela mulher era totalmente incomum.

Ele planejou se aproximar dela até que alguém puxou seu braço. Era Roger.

-- Você não vai até lá.

-- Por que não? – desafiou Pete. – Não vejo uma garota dessas desde... Você sabe.

-- Ah, minha nossa...

Pete se aproximou da moça alta. Tentou afastar a timidez e pagou duas bebidas.

-- Para você. – disse o guitarrista e usando óculos escuros.

Fefe estava meio distante das garotas para flertar com ele e aceitou.

-- Obrigada. – Fefe sorria e se mostrava confiante, apesar da ansiedade. – Você toca muito bem a guitarra.

-- Muito obrigado pelo elogio. – Pete resistiu à vontade de tirar os óculos. Preferia manter o charme.  – Então, está gostando do Marquee?

Fefe bebericava e sem querer deu um risinho.

-- Estou. – respondeu. – O público é legal, a música não é nada ruim. E é uma das raras vezes que vejo mods.

-- Vê mods? – estranhou o guitarrista.

-- Eu não sou daqui.

-- Logo vi com esse sotaque. Veio de Liverpool?

-- Sou galesa. Mas fui criada lá. Atualmente moro com uma amiga escocesa enquanto junto dinheiro pra comprar meu próprio apartamento.

-- Isso é tão legal. Venha morar em Londres. Só não te recomendo em Sheperd’s Bush. Sabe, pela arruaça.

-- Os mods...

-- Ok, agora quero saber. – Pete denotou um pouco de irritação na voz. Não gostava como a moça falava dos mods. – Você não é mod?

Fefe largava a bebida. Prevendo o pior.

-- E se eu não for?

O silêncio de Pete foi até suspeito e a moça se preparava pra deixá-lo, mas a mão dele agarrou a sua.

-- Desculpa.

-- Sou eu que peço desculpas. Preciso te contar um segredo.

Pete e ela ficaram próximos.

-- Sou uma rocker. – respondeu sorrindo.

É a vez de Pete retribuir o sorriso. Mesmo diante da sinceridade e indo contra seu “código mod”, ele não se importou.

-- Isso é bem incomum. – admitiu. – Como nos encontrou?

-- Minha amiga francesa. – apontando para Marie, que neste momento debatia com o vocalista loiro sobre Edith Piaf e Johnny Lee Hooker. – Ela gosta de cena alternativa. E confesso que gostei mesmo. Sei que não tô vestida como vocês, mas gosto de motos e do que vejo por aqui.

-- Obrigado. – Pete sentia o coração batendo mais depressa.

Enquanto isso no bar, as amigas de Felicity ganharam total atenção dos outros integrantes da banda. John adorou conversar com Ana, Keith afastou um mod bêbado de perto de Nora e a protegeu e Roger e Marie em seu debate um tanto estranho. Já Pete e Felicity pareciam desta vez se entrosar e quase acontecendo um beijo. Até que um mod de rosto estranho, abriu a porta e deu um aviso:

-- ROCKERS!

Num curto espaço, motocicletas Harley Davidson invadiram o local e alguns rockers provocavam a mais barulhenta briga com seus rivais certinhos de ternos.

-- Puta merda! – exclamou Ana, pegando a bolsa.

-- Malditos rockers... – reclamou Moonie.

-- É a galera da Fefe. – disse Nora, em pânico.

-- Como assim? – o baterista não compreendeu.

-- Minha amiga, a que está com o guitarrista. Ela é um deles. Uma rocker.

Um dos motoqueiros, possivelmente o líder, espancava alguns mods quando avistou a galesa alta saindo com Pete.

-- TRAIDORA! – gritou o rocker líder. – ELA ESTÁ AQUI! COM O INIMIGO!

Fefe puxou Pete de volta. O guitarrista não ia permitir uma coisa dessas e não era um bando de rockers que o amedrontariam.

-- Precisamos ir. – disse.

-- Posso enfrentar eles. – berrou o guitarrista.

-- Não! Não pode. Estão em grande número. – implorou a moça. – Por favor, não faça isso. Por mim...

A briga continuava. O líder dos rockers queria alcançar Fefe, mas cada passo que dava, brotava mais dois ou três mods o impedindo. Obedecendo a súplica da garota, Pete correu junto com ela para fora e chamou seus amigos. As amigas de Fefe também foram acompanhadas com eles. Saíram do Marquee Club e ainda chovia.

-- Que droga! – gritou Keith, saindo pelos fundos com o pessoal. – Ainda chove.

-- Não vai ter briga? – perguntava Roger, cuja ansiedade em bater num dos invasores era enorme. – Eu tô sedento para bater num rocker!

-- Não vamos brigar. – anunciou Pete. – Estamos acompanhados.

-- Mas está chovendo, docinho! – John debochava de Pete e o mesmo não se irritou.

Cada um deles embarcaram nas lambretas e suas garotas na garupa e usando um casaco longo pra proteger da chuva.

-- Vamos para nosso apartamento.

-- Espera! – John manifestou um pouco de descontentamento e apontou para Felicity. – Ela vai junto?

-- Claro que vai! – Pete não tinha receios e John foi convencido por fim.

-- Qualquer lugar é melhor do que aqui. – afirmou Ana.

-- E você me deve uma bebida, garotão. – disse Marie, dando um beijinho em Roger.


-- Com prazer.

Dando a partida nas motos, o quarteto distanciou do Marquee Club sob a chuva noturna, ao mesmo tempo em que viaturas chegaram e prenderam os rockers e o líder deles. Alguns mods não escaparam da voz de prisão e entraram no camburão e minutos depois, levados para o Palácio da Polícia e registrando a queixa e multa.

Chegaram ao apartamento deles, sob uma rua aparentemente calma, se não fosse outro pub com música alta.  Ao abrir a porta, as garotas entraram e de cara o quarteto masculino arrumou a sala e guardou suas roupas espalhadas nos armários. Roger providenciou os copos e serviu para cada uma delas uísque com gelo. John ajeitava a vitrola e um tanto indeciso, colocou Cry to Me cantada por Solomon Burke.  Moonie lavava o rosto e escovava os dentes.  Pete se olhava no espelho e viu que estava bem vestido e voltou para sala.

-- Dança comigo. – convidando Fefe.

A galesa não recusou e concedeu sua mão ao jovem guitarrista. Roger e Marie continuaram de onde parou a conversa. Ana e Nora foram para a cozinha e encontraram os outros dois.

-- Não repara na bagunça, ok? – pediu John.

-- Nem reparei. – dizia Ana, entre risos.

Moonie continuava encantado por Nora.

-- Parece uma boneca, sabia?

-- Obrigada, lindinho. – agradeceu a escocesa.

Roger não perdeu tempo e tirou Marie para uma dança, junto com Pete e Fefe. Apesar de o som estar razoável por medo de despertar os vizinhos, o clima era bem romântico.

-- O que você viu nele? – indagou o guitarrista.

-- Quem?

-- Aquele cara. O rocker...

-- Ah. – Fefe riu um pouco e voltou encarar Pete. – Não sei.

-- Você é a garota mais bonita que já vi.

-- Diz isso para todas. – ria Fefe, com certa modéstia.
-- É verdade. Nunca vi algo tão belo e diferente como você. Sinto que.... – Pete pausou e em seguida tocou a mão dela. – De alguma forma... Estou ligado a você.

-- Ou estamos ligados. – ela disse, puxando de leve o guitarrista para perto.

Não demorou muito e aconteceu um beijo. Os 3 integrantes, mais as 3 garotas vibraram e voltaram a fazer companhia a eles. A noite prometia para ambos os quartetos...

No outro dia Pete acordou e ao tatear o seu lado da cama, notou que Felicity não se encontrava mais. Nem as roupas, botas e a bolsa dela estavam ali. Se levantou rápido e encontrou o restante da banda tomando café.

-- Elas já foram. – avisou John, pegando outra xícara para Pete.

-- A que horas?

-- Acho que umas seis da manhã. – respondeu Roger, com a boca cheia. – Eu vi a Marie se arrumando e se desculpou pra mim por não ficar mais tempo.

-- A minha boneca também foi. – lamentou Keith. – Foi a melhor transa que tive.

Pete se sentou na mesa, um pouco frustrado. Isso até John entregar um papel para ele.

-- Que merda é essa? – perguntou Pete.

-- É o telefone do trabalho da Ana. A galesa altona trabalha com ela. – respondeu Enty, enquanto bebia café.

Meses depois foi lançado o segundo álbum do The Who, intitulado A Quick One , trazendo uma música em questão chamada A Quick One While He Is Away, a primeira ópera rock que Pete tentou escrever.

E o ano novo entrou e tudo novo para ele. Mesmo com semanas de vendas do segundo álbum, Pete já arquitetava o próximo. E foi no meio desta concepção que o destino conspirou a seu favor naquela manhã no estúdio Grahamshire. Kit Lambert e Chris Stamp fizeram as apresentações.

-- Miss McGold, esse é Pete Townshend, o guitarrista do Who e o primeiro a ser fotografado. Pete, essa é Miss Felicity McGold, a fotógrafa da revista Rolling Stone.

Novamente os olhares se encontraram e junto as lembranças de um primeiro encontro e noite no Marquee Club no ano passado.



2019

-- Foi desse jeito? – Paul McGold, o filho caçula de Pete e Fefe, havia lido os diários do pai e comentou isso para os pais, que lhe contaram tudo em detalhes.

-- Achou o quê? Que fosse como contos de fadas? – Fefe ria enquanto tirava uma travessa de pudim do forno.

-- Bem... – Karin, a filha guitarrista e dois anos mais velha que Paul, também era outra que leu. – Era o ano de rivalidade dos mods e rockers.

-- Quero que prestem atenção, filhos. – Pete parou de tocar violão. – Independente se a mãe de vocês fosse mod, rocker, beatlemaníaca ou hippie, nada mudaria o amor que tenho por ela.

-- E por que “Athena”? – indagou Paul.

-- Quando a conheci, para mim mesmo, me referia a Felicity como “Athena”.

Os pais se beijaram. Paul sorria sem jeito enquanto Karin aplaudia junto com seus três filhos, Wallace, Nina e Bobby.



FIM







Brit Characters: Mary Julia Waterston

Olá pessoal!
Hoje venho apresentar mais uma personagem. Essa eu criei para uma fã do Who, a Maria Giulia. Em breve ela vai dar as caras em algumas fics. Espero que gostem.



Nome Real: Mary Julia Waterston

Idade: 27 

Data de nascimento: 3 de dezembro de 1944

Cidade natal: Londres

Cidade atual: Londres

Profissão: Historiadora

Características: Mary nasceu em Shepherd's Bush, um dos bairros mais conhecidos de Londres e ela presenciou todo cenário mod e psicodélico. Ela foi Mod, foi hippie e é uma grande sonhadora e ama sua profissão.

Hobby: Ouvir música, visitar locais históricos

Relacionamentos: George Harrison (1963), Pete Townshend (1964- 1965), Eric Idle (1967 a 1969), Neil Innes (1971 em diante)

Medo: Ratos e cobras 

Do que mais gosta: gente com senso de humor, sem julgamentos sobre tudo

Do que menos gosta: Preconceito 

domingo, 6 de outubro de 2019

Laços do Blues (Epílogo)

Boa tarde, pessoal.
Hoje o dia não está muito bom. Como devem saber (pra quem acompanha as novidades do mundo classic rock), o baterista Ginger Baker morreu. E em homenagem a ele, hoje será postado o epílogo de minha fanfic. Minha primeira fanfic do Cream. Parece que foi ontem que escrevi de modo despretensioso pra expressar minha crush na época por Eric Clapton. Depois com a quantidade de outras fics, ela ficou em hiatus várias vezes e hoje é sua conclusão. Desejo-lhes boa leitura!



Rosie POV

Chegou o dia que Marianne deu à luz. Aconteceu num dia comum da primavera e eu ouvia Yardbirds no apartamento. Quando o disco terminou de tocar, eu a vi no sofá, se contorcendo. A bolsa estourou, ela chorava e procurava discar o número da emergência. Eu também estou grávida, mas meu filho está previsto pra nascer no próximo mês.

-- Me ajuda, Rosie... – ela pedia.

O que se passava na minha cabeça? Se não fosse o barrigão estaria sentada na cadeira, assistindo de camarote o sofrimento dela e não prestar ajuda alguma, alegando incapacidade física e ainda beberia um pouco de Martini. Não. Esse tipo de pensamento deveria ter com a russa maldita. Então fiz o que tinha de ser feito. Levei para o hospital e liguei para Edmund.

Um médico muito gentil veio falar comigo.

-- Srta. Donovan?

-- Sou eu.

-- Olá, me chamo Moses Smith. – ele apertou minha mão e nossa! Ele é um gato! Traços escoceses com galeses. Certamente o pai deve ser escocês e a mãe galesa, ou o contrário. – Marianne está sofrendo muito. As contrações estão fortes e pra piorar, o bebê está virado.

Engoli em seco ouvindo isso. Pela primeira vez senti medo de perder Marianne e se acontecer, não vou me recuperar tão cedo.

Uma hora depois apareceu Edmund, Ana (por que ela?), Chelsea e os pais (sim! O pai e a mãe) de Marianne. E mais uns momentos de parto. Ana foi obrigada entrar no quarto dela. Eu poderia, mas Ana se prontificou. Para não me estressar concordei. Não fiquei pro nascimento do bebê e na saída trombei com Ginger, chapado e meio louco.

-- Rosie... – ele me abraçou e o cheiro forte da maconha exalou total. – Onde está minha pequena?

-- No quarto.

-- Obrigado...

Deveria avisá-lo que não era mais bem-vindo para os Jones, mesmo sendo o pai do bebê. Voltei pra casa e chorei bastante. Talvez fosse melhor ter esse bebê e deixar unicamente com Edmund e largar Marianne. Passei o resto das horas até anoitecer e finalmente Ed retornou pra casa.

-- É uma linda menina. – ele disse e se deitando comigo na cama.

-- Que bom... – disse, soluçando. – Meus parabéns.

-- Rosie, calma. Não precisa chorar.

-- Só quero ficar sozinha. – respondi e me virando.

-- Posso ficar aqui em silêncio?

-- VAI EMBORA! – gritei e joguei um livro na cabeça dele.

-- Tudo bem...

E fechou a porta do quarto e a da sala. Certamente foi embora mesmo. Naqueles dias todos eu vivi no inferno. Passava o dia trancada, chorando e me recusando quem fosse ver. Marianne não voltou para o nosso apartamento e ficou na casa dos pais. Melhor assim. Mas num domingo de novembro, quando resolvi colocar o disco do Cream no aparelho, sinto algo úmido no meio das pernas.
Praguejei. Era hora. No momento que fui pedir ajuda para Edmund, me dei conta que não havia ninguém em casa. Era eu. Gritei de dor e um pouco de raiva até alguém tocar a campainha. Abri a porta e era... Eric Clapton.

-- Rosie...

-- Me ajuda...

Eric me levou até o carro e fomos juntos para o hospital. A dor era imensa. Chegando na porta de emergência, ele chamou os médicos e me colocaram na maca e em direção a sala do parto.

-- Eric, não me deixa...

-- Não vou te deixar...

Na sala eu chorava, suava e urrava de dor. Pensava o que teria feito de errado para merecer essa dor. Isso tudo é castigo por negar Marianne? Por ofender Ana e Chelsea a ponto de declarar guerra?

-- Não sentirá nada e quando acordar, será mãe. – avisou o médico, sorridente.

Vi claramente a enfermeira preparando uma seringa contendo algo. Anestesia.

-- Por favor... Não quero anestesia... – disse, ofegante.

-- Enfermeira Randall, faria a gentileza? – disse para enfermeira e em seguida me olhando. – Tenha calma, srta. Donovan. Não há o que se preocupar.

-- Não me diz o que preciso. Sou perfeitamente capaz... de decidir como dar à luz meu bebê.

Não deu outra. A enfermeira injetou meu braço.

-- Mas...

-- Boa noite, Srta. Donovan. Deixe tudo conosco.

-- Você...

Foi como adormecer de um dia cansativo. Neste caso, meu sonho continha minhas lembranças de meu ano em Oxford, os amigos feitos, o primeiro emprego, o namoro com Eric, os shows... O que para mim foi um instante, foram 5 horas de sono. Acordei na cama de hospital. Olhei para janela. Estava chovendo.

-- Rosie.

Olhei em direção a porta. Eric carregava um bebê e a enfermeira chegou. Me entregou o bebê. Não reagi em nenhum momento.

-- Meus parabéns. – disse a profissional e em seguida se retirando.

Eric achou graça.

-- Ela acha que somos os pais.

Não disse nada. Apenas olhava aquela criança. E não demonstrava nada. Era meu filho, sim. Carreguei por nove meses, mas não o queria.

-- Como ele vai se chamar?

-- Dorian.

-- Como o livro... – ele disse, em seguida sentando na beira da cama. – Lindo nome. Sei que não sou o pai mas... sinto como se ele fosse meu.

-- Poderia ser a gente. – respondi.

-- E não podemos?

-- E a japonesa? A garota que você me trocou por ela?

-- Ah... Ela conheceu um estudante de astronomia em Cambrigde. Brian, acho que era esse nome dele.

-- Sinto muito.

-- Eu mereci. O que eu fiz pra você não merecia perdão.

-- Eu também errei.

Eric tocou minha mão e trocamos um olhar. O mesmo que trocamos na primeira vez que nos vimos.

-- Pode me visitar sempre. – disse.

-- Obrigado.

Nos beijamos e quando terminou, tive a impressão que alguém observava o quarto. Dias após o nascimento do Dorian, decidi algo: larguei a faculdade em Oxford e me mudei para Londres. Consegui vaga para estudar na universidade pública da capital e minha mãe cuidava do meu bebê. Eric e eu não voltamos a namorar, contudo, continuamos amigos e de vez em quando... rolava algo entre nós.


2005

Não sei o que deu em mim para assistir o show de reunião do Cream. O tempo passa e ainda continuam os mesmos. As lembranças daquele ano de 1966 e 1967 foram os mais marcantes de minha vida. Eu vivi minha vida, aprendi ser independente, amar, tive meu filho, conquistei tudo com meu esforço e não sofri mais.

-- Rosie?

Me virei e era Marianne e sua filha, Sofia e o outro rapaz eu sei quem é mas esqueci o nome.

-- Marianne... – disse sem muita animação.

-- Madrinha! – Sofia me abraçou. – Você veio...

-- Sim...

-- Lembra do Joey? Meu marido.

-- É claro. – fingi um sorriso. Joseph Townshend, transpirando boniteza com cafajestice. Igual o Best. Ela casou com ele, se separaram em 2000 quando ele teve uma filha fora do casamento e voltaram. – Como você está, Joseph?

-- Muito bem, senhora.

Nos bastidores, Eric cumprimentou todos e veio até mim.

-- Rosie...

-- Eric...

Não estamos juntos. Mas ainda temos aquele apelo. A química. Eu perdoei Eric em 67 e ele me perdoou. No fim não somos perfeitos. E é melhor assim.


FIM



--- Cenas pós créditos da Marvel ----



1967

Duas semanas após o nascimento do Dorian, fui no hospital onde Marianne ganhou a Sofia e consultar com Dr. Smith. Chegando na sala dele, encontrei uma das amigas de Ana, a escocesa Nora Smith e acompanhada de um senhor de uns quarenta anos e ruivo.

-- Meus parabéns pelo bebê. – disse o doutor.

-- Ai que felicidade! – ela vibrava de alegria e na hora que saiu da sala me viu. – Rosie! Awn! Que bebê fofinho!

-- É o Dorian. – respondi. – Meu filho.

-- Meus parabéns para ele. Ah, este é meu pai. Eddard.
O homem mais velho me cumprimentou. Aquele homem grande tinha cheiro de patchouli com animais no campo. Deve ser fazendeiro, eu pensei. No entanto, não podia negar que ele era bonito. Demais para alguém quarentão. E ruivo.

Depois da despedida, o doutor me chama.

-- Pode entrar, Srta. Donovan.

E vamos para a consulta...




Rosie Donovan vai voltar

Marianne Jones vai voltar






Homenagem a Ginger Baker





Publicado em 2 de agosto de 2011

Finalizado em 6 de outubro de 2019