quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Rush - No Limite da Paixão (10º Capítulo)

Olá pessoal!
Tenham uma boa noite e fiquei com o capítulo 10 de Rush. Muito ousado e quase novas paixões...



Capítulo 10: I Need Love

Louise POV
Faltam dois dias para a grande ida ao Brasil com Niki e James.  Acordei com aquele ânimo, chegando a ser capaz de dançar freneticamente. E para isso fui louca o bastante para colocar um single do Dave Clark Five, um dos grupos mais famosos da chamada Invasão Britânica na década passada. Aumentei um pouco o volume e sai dançando enquanto preparava o café. O gato Meia Noite me olhava curioso, achando que talvez tivesse enlouquecido.
Ao arrumar a mesa, Odile sai do quarto com cara estranha. Era óbvio que tenha se acordado com som e foi até o toca discos e baixou o volume.
-- O que deu em você hoje? – Perguntou minha amiga, descabelada e cara de sono, indo pegar uma garrafa de leite e enchendo a tigelinha do gato.
-- Estou feliz, só isso. Estou a fim de dançar, fazer tudo!
-- Ok, mas não precisa acordar o apartamento todo. O que os vizinhos vão pensar?
-- Dane-se os vizinhos, Odile. Hoje é dia de alegria! Sorria, logo iremos ao Brasil. Meu pai que visitou o Brasil nos anos 50, disse que o Rio de Janeiro é perfeito, ainda mais suas praias. Uma maravilha. E ele conheceu uma arquiteta chamada Lota, responsável pelo Parque do Flamengo.
-- Puxa vida... – Comentou enquanto se servia de leite.
Neste momento resolvi tirar o single do Dave Clark e colocar um disco mesmo. A primeira faixa, Because, por um breve momento me lembrou Gerd Müller.
It's right that I should care about you
And try to make you happy when you're blue
It's right, it's right to feel the way I do
Because, because I love you

-- Louise! – Odile me chamou a atenção estalando os dedos perto dos meus olhos. – Vamos sair pra comprar umas coisas pra viagem?
-- Ah, sim. Fiquei “viajando” na música. – Menti. Se bem que não deixa de ser verdade. Acontece que o  jogador bávaro não saia dos meus pensamentos.
Enfim saímos de casa e caminhamos um pouco pelas ruas calmas de Londres. Aproveitamos para comprar na banca umas revistas de viagem e sem querer visualizei no jornal The Guardian a matéria do próximo GP da Fórmula 1 no Brasil e descobri, para minha decepção, não seria no Rio de Janeiro e sim em São Paulo.
-- Ah não, Odile. Veja isso! – Mostrei na capa o local e minha amiga também desanimou.
-- Será em São Paulo. Poxa, queria tanto ir ao Rio... – Comentou minha amiga e em seguida sorrindo. – Deixaremos a visita às praias pra depois. Agora iremos a um GP. E torcer pro nossos amados.
-- Tem razão. Vamos aproveitar o momento. – Respondi no exato momento que comprava as revistas e o jornal.
Também cruzamos ao supermercado onde fazemos nossas mesmas compras da semana. Odile e eu sempre escolhemos juntos os produtos e alimentos a serem levados.  Quando chegamos nas prateleiras de laticínios, avistei de longe os jogadores alemães. Gerd está ali. Meu coração está batendo rápido que posso ouvir.
-- Vamos logo, Odile. Quero ir embora. – Apressei e torcendo para eles não nos verem aqui.
-- Calma, estou escolhendo entre o requeijão e o queijo. – Disse ela de forma calma e segurando um pote de requeijão numa mão e na outra um pedaço de queijo mussarela.
-- Pega logo o mussarela e vamos!
Saímos logo dali evitando mais “problemas”. Odile como toda chocólatra, aproveitou e pegou umas quatro ou cinco barras de chocolate belga.
-- Não acha exagero levar tudo isso de chocolate? – Perguntei enquanto esperava na fila do caixa.
-- Que nada! Nós merecemos e eles também. – Disse Odile sorrindo.
-- Se refere ao Niki e o James? Não será preciso.
-- E quem disse que são pros nossos namorados?
A principio não acreditei nas palavras dela e na saída compreendi tudo. Os jogadores estavam ali no estacionamento colocando as sacolas no porta malas do carro e nos avistaram.
-- Vamos, Lulu. – Odile praticamente me arrastou junto. 
E o próximo passo a ser presenciado foi de a minha amiga conversar com seu amado ídolo Beckenbauer sobre... Chocolates. Aquilo não podia estar acontecendo. Nestas horas rezei para Niki ou James aparecerem e nos levar embora. E ainda vi Odile oferecer aquelas barras compradas aos dois jogadores. Nota mental: internar Odile no manicômio mais próximo de Paris, pensei comigo mesma.
A minha maior frustração era ter de fazer tudo sozinha. Guardei com cuidado os pacotes no meu carro até sentir uma mão masculina tocar a minha e em seguida sussurrar com uma voz tão envolvente, mexendo em meu intimo.
-- Ich will dich, will dich, mein bitte (Te quero, te desejo, seja minha por favor)
Olhei para o dono e levo um susto por vê-lo ali com seus olhos negros. Uma pena não ser meu amado James.               Outra vez ouço as batidas frenéticas do meu coração e meu rosto ficar vermelho. Se bem que um dos meus desejos mais íntimos era puxar Gerd para perto de mim e arrancar um delicioso beijo. Algo que não poderei fazer.
-- Me deixa em paz. Eu tenho namorado e você é casado...
Sai de perto dele depois da tentativa de me beijar, corri até Odile e puxei a força minha amiga para o carro e fomos embora, deixando-os para trás, consternados. Não é preciso dizer que minha amiga ficou brava comigo com minhas atitudes. Pensei em dizer o motivo, de verdade. Evitei mais aborrecimentos.
À noite os Pythons nos visitaram e conversaram mais com Odile do que comigo. Estive no quarto o tempo todo pensando naquela voz... aqueles lábios. Juro que não sabia o motivo pra recusar a boca dele. Ah, claro que sabe. E é James Hunt. Fui até a cozinha e me servi com copo de água, bebendo e me acalmando. Tira esse chucrute da cabeça, você não é o bastante para ele, pensei.
No outro dia após o café visitei o estúdio musical Track Records e vi minha prima Felicity , a baixista Alana Watson e o baterista Biff McFly ensaiando umas músicas.
-- Bom dia, prima! – Cumprimentei e a abracei.
-- Bom dia, querida prima Lulu. Como está?
-- Péssima. – Respondi enquanto me sentava na cadeira mais próxima.
-- O que aconteceu?
-- Estou confusa entre um piloto e um jogador de futebol.
-- Meu deus, Louise. Apenas uma noite e bastou se apaixonar pelo George Best?
-- Credo, Fefe! Isso não! Na verdade o jogador é... alemão!
-- Nossa, e quem é ele?
-- Gerd Müller.
Neste momento uma corda da guitarra da Fefe saltou fora, causando um som estranho e quase ensurdecedor.
-- Caramba! Até minha guitarra ficou chocada! – Disse ela, brincando.
Rimos um pouco e sai do estúdio. Segui para a loja de discos e encontrei a namorada de Palin, Alice Stone.
-- Oi, Louise. – Ela me abraçou e desta vez senti algo confortante e suave. – Como você está?
-- Muito animada. Odile e eu vamos viajar depois de amanhã.
-- Que maravilha! Olha, vamos tomar chá?
Fomos a uma cafeteria e continuei sobre a viagem ao Brasil, os lugares que gostaria de conhecer e outros assuntos. Alice falava sobre seu relacionamento com Palin e também dos seus sonhos. Ela inclusive me confessa sobre uma possível queda advinha por quem? Sim, o mesmo jogador alemão que mexe com minha alma, também provoca desejos ardentes em Alice.
-- Puxa, estou surpresa. – Se ela soubesse que conheci Gerd através do Niki, ela ia pirar. – Não sabia que aprecia o futebol, quer dizer, Odile sempre foi esportiva.
-- Quer dizer, sou pouco esportiva. – Ela ria um pouco nervosa e me olhava de um jeito lindo e intenso.
-- Eu também entendo pouco de esportes. Meu negócio mesmo é atuar. – Retribui o olhar para ela.
A conversa durou pouco e depois nos despedimos. Alice foi para o estúdio BBC e eu para a companhia de teatro. Repassei as cenas com Odile e depois recebemos uma ligação do Palin. Odile conversou com ele no telefone e eu segui lendo o roteiro.
-- Mike Palin nos convidou para uma festa na casa dele hoje à noite. Vamos?
Aceitei na hora, até porque precisava me divertir e esquecer a ansiedade. Hunt ficou na casa dos pais e ainda tinha compromissos a serem cumpridos com Hesketh no dia seguinte antes da viagem. E ai anoiteceu e chegamos a casa do Palin. Muito bonita. Os Pythons estavam bem agitados. Chapman abraçou Odile e eu cumprimentei todos. Alice apareceu e trocamos saudações. Entre bebidas e papo furado, resolvemos jogar Verdade ou Conseqüência com a garrafa de vinho vazia.
John Cleese girou a garrafa e parou na direção de Palin para Chapman.
-- Muito bem. Verdade ou Conseqüência, Graham?
-- Verdade!
-- Você teria coragem de fazer amor com... uma mulher?
Sabíamos que Chapman é homossexual assumido e agora responder aquela pergunta... poderia por dúvida sua opção sexual.
-- Ora, Palin. É claro que tenho coragem. Mesmo com uma mulher. – Respondeu Graham.
Rimos diante disso e novamente a garrafa gira e para justamente para mim.  Escolhi a verdade.
-- Além do James Hunt, você sente atração por outro homem? Se sim, diga o nome dele. – Exigiu Chapman.
-- Sim. Eu... estou atraída por outro cara. O nome dele é Gerd Müller.
Quando terminei de responder, Alice quase cuspiu o vinho, alegando ter se engasgado. Acho que ela não gostou de saber disso. A turma toda ria, até mesmo Odile.
Na vez de Chapman, ele escolheu conseqüência. E então completei com a pergunta anterior e resposta.
-- Eu desafio você, Graham Chapman, a fazer amor com... a Odile!
Minha amiga ficou bastante surpresa e me olhava do tipo querendo me xingar e Graham parecia aceitar isso. Ele a pegou pela mão e levou para o quarto de hóspedes. Não demorou muito para o pessoal, inclusive eu, resolver subir as escadas e ouvir na porta se eles estavam mesmo trepando ou Chapman iria surtar. Para nossa surpresa, ficamos bem surpreendidos. Ouvimos a cama rangendo e gemidos altos.
-- Ele realmente está fazendo amor com a Odile! – Falou Terry Jones, com o copo na porta e ouvindo.
-- ... Oh Graham... isso... mais... mais... ooohhh... – Odile gemia bastante e Graham avançava nas estocadas.
De repente, alguém toca meu ombro. Era Alice, com seu sorriso lindo e olhos... que olhos! 
-- Parece que Chapman está gostando... – Comentou Alice.
-- É sim. – Concordei. Não sei o que deu em mim, mas confesso que tenho vontade de beijar Alice.
Parei de pensar nos meus desejos secretos ao ouvir o grito (certamente de orgasmo) dos dois. Mais risos. Voltamos para a sala, tentando ao menos disfarçar aquele senso hilariante. Alguns até beberam mais um pouco e outros conversaram. Alice e eu trocamos vários olhares até Graham e Odile aparecerem. Coitada, ela estava com as pernas bambas e Chapman com dores, muitas dores.
-- O que estão olhando? – Perguntou, daquele jeito cômico. – Eu fiz amor com ela e gostei pra caramba, se querem saber!
Ninguém falou nada, apenas risos. Voltamos a brincadeira e Odile girou a garrafa, parando  na jornalista.
-- Alice, verdade ou conseqüência?
-- Verdade!
-- Muito bem. – Disse Odile, respirando fundo. – Você sente atração por outra mulher? E diga o nome dela.
-- Estou atraída por uma mulher. O nome dela é Louise McGold.
Eric Idle e Terry Gilliam tossiram engasgados e Chapman deu risadas. Palin de olhos arregalados com a revelação e Odile chocada, mas sorria. E eu... bem, não sabia o que dizer. Confesso que senti uma atração por ela.
Alice girou a garrafa e parou em Terry Jones. Não prestei bem a atenção, contudo sabia que era verdade. Na vez de Jones, a garrafa parou em mim, de novo.
-- Louise, verdade ou conseqüência?
-- Conseqüência.  – Respondi.
-- Ok, eu te desafio a beijar... a Alice!
Todo mundo berrou de espanto e outra vez os risos. Palin dizia pra namorada ter calma e ela respondia que estava tudo bem. Me sentei no meio da sala e Alice se juntou a mim. Antes disso ela bebeu um pouco mais de Martini e depois olhou em meus olhos e disse.
-- Feche os olhos, pequena.
Obedeci e aí... Senti lábios macios e quentes tocando os meus e uma língua atrevida invadindo tudo e balançando devagar com minha língua. Nossa, é o beijo mais apaixonado que recebi de uma mulher. Me causou arrepios, um tesão...
Quando paramos, trocamos um sorriso e encaramos nossos amigos. Todos surpresos, até o Palin. Quando a brincadeira terminou, colocamos uma música e ficamos nos divertindo. Chapman e Odile gostaram de ficar juntos e eles permaneceram aos beijos e amassos na sala, com direito ao Eric Idle dizer.
-- Vai com calma, Chapman. Assim você vai matá-la com sua língua na garganta dela.
Odile expulsou Idle jogando almofada nele.  Palin e os “Terrys” dançavam e cantavam meio desafinado a canção Lumberjack Song. Fui beber Martini na cozinha e outra vez a mão no ombro e um sussurro.
-- Quando todos forem embora, fica aqui, comigo.
Ao terminar de falar, ela apertou meu bumbum, provocando mais excitação.
-- Hoje você será minha!
Empurrei a jornalista e prensei-a na parede.
-- Quero ser sua, agora! – Beijando-a de modo furioso e bagunçando seu cabelo.
Minutos depois os Pythons foram embora e Odile voltou pra casa com Chapman. Palin arrumou um pouco a bagunça e foi tomar banho. Alice e eu subimos para o quarto, onde seguimos com o beijo e ela passou a mão em minhas pernas, levantando meu vestido e me tocando. Sim, estava molhada e pronta.
Tiramos a roupa e fiquei maravilhada com sua nudez. Beijei Alice e deslizei minha mão em sua intimidade, também úmida. Deitamos na cama e ficamos naquele jogo sedutor de toques íntimos e suspiros. Numa dessas, passei a língua em seus seios e depois fui descendo até ali embaixo. Enquanto o sexo oral rolava, ouvi o chuveiro sendo desligado e mais tarde Palin aparece no quarto, chocado.
-- Minha nossa!
Levantei o rosto e Alice com seu jeito tão provocante, olhou pro namorado e perguntou.
-- Quer participar?
Ele aceitou na hora. Palin e Alice fizeram amor e eu fiquei assistindo, impressionada e excitada a mulher mais atraente que já vi se entregando aos prazeres do lenhador inglês sexy. Sim, Michael Palin é um homem maravilhoso. Quando terminaram, foi minha vez de amar Alice e o lenhador até participou, para trocar beijos com ela e apertando meus seios. Minha primeira experiência de ménage à trois foi incrível.
Acordei cedo e me vesti. Quando peguei minha calcinha, deixei nas mãos de Alice, que dormia abraçada ao Palin e a beijei em seus lábios.
-- Eu te amo, meu amor!
Sai da casa do Palin e peguei um táxi. Ao chegar ao apartamento, encontrei as roupas da Odile e do Chapman na sala. Recolhi as roupas deles e fui entrar de supetão no quarto dela. Para minha supresa, Odile estava praticando sexo oral no Chapman.
-- Ai, Louise! – Ela parou ali e o Python tentava se cobrir com o lençol.
-- Desculpem, só vim entregar as roupas!
Entreguei para eles e minutos depois, Chapman se despediu de mim e notei que ele estava usando apenas o blazer. Odile e eu trocamos mais despedidas para ele e ai arrastei minha amiga para o quarto, beijando com ardor.
-- Louise... – Apertava seus seios e tirava a camisa do Python que ela vestia. – Oh, amiga...
-- Shhh... – Colocando o dedo indicador em seus lábios, silenciando suas palavras.
Nuas e deitadas, fizemos amor de modo intenso. Deixei Odile mais excitada e levando minha amiga a orgasmos fantásticos. Enquanto o sexo rolava, não havia percebido que a porta do apartamento não estava trancada e a do quarto da Odile bem escancarada. Neste momento quando paramos os toques, olhei para a porta e vi meu namorado James Hunt, parado e nos olhando com um sorriso meio safado.
-- Opa, meninas... – Ele se desculpava. – A porta estava aberta.
Puxei meu namorado e apertei ali entre suas pernas. Sem dúvida ele estava bem excitado e pronto.
-- Vem participar, loirão! – Tirando sua camisa.
Mais diversão em trio e envolve desta vez minha melhor amiga e meu namorado.

Continua...


domingo, 9 de agosto de 2015

The Air That I Breathe (10º Capítulo)

Olá pessoal!
Uma boa tarde e menos de 24 horas surge mais um capítulo dos Hollies. E antes da leitura, vou atualizar a lista de elenco:
Jennifer Eccles - Maria Alice Piassi
Maureen Hicks - Mariana "Walrus Girl" Campos
Suzanne Winstead - Mariana "Greyjoy" Pereira
Eleanor - Vitoria "Vit" Arantes
Carrie Anne - Inara "Maya" Araujo
Princess Eloise - ???

Agora com vocês a leitura!



Capítulo 10: Sorry Suzanne

Jenny POV
Após o ensaio onde Tony havia composto Poison Ivy, me senti um pouco mais tranqüila. Sabia que ele me ama, não há dúvidas disso. Ou melhor, até poucos dias, quando conheci a tal Eleanor, me bateu um pouco de insegurança. Confessei isso ao meu primo.
-- Já falei, Jen. – Terry me convencia que Tony não possui nada com ela. – Ele te ama demais. O que eles tiveram, está enterrado.
Por mais que estivesse convencida, algo me dizia que Eleanor não ia desistir tão fácil. E para comprovar, resolvi ficar mais perto de Tony. Praticamente fazíamos trabalhos juntos, passava mais tempo na casa dele e todos os fins de semana saímos juntos para os restaurantes, cinemas e outros lugares.
Certa vez notei que sempre quando íamos para algum lugar, Eleanor ia junto. Seguindo-nos ou coisa assim. Às vezes era alguma amiga ligada a banda ou Tony que a convidava, e pelo visto aceitava na hora. E tem mais. Ela me olhava seriamente. Era óbvio. O namorado dela preferindo a mim a ela. Uma vez perguntei para meu amado.
-- Tony, me responda algo?
-- Claro, meu amor. – Beijando minha bochecha. – O que é?
-- Você... ainda tem algum sentimento... pela Eleanor?
-- Não. – Ele respondeu e me encarando sério. – Está com ciúmes?
-- Eu... não... – Disfarcei a ponto de reconhecer isso. – Um pouco.
-- Amorzinho, o que tive com Eleanor já passou. Alias, ela me traiu com outro e terminamos. Já com você, gostei de você logo no primeiro dia de aula.
Trocamos um abraço forte ali mesmo. Oh Tony...

Carrie Anne POV
Esperei por alguns minutos e Allan comparece na lanchonete.
-- Desculpe o atraso.  Tivemos ensaio.
-- Tudo bem. – Pegando o cardápio simples e escolhendo o que comer.
Minutos depois nossos pedidos chegaram. Estava comendo tranquilamente e Allan não tocou no hambúrguer.
-- Por onde estava todo esse tempo, Carrie? – Ele questionou.
Não respondi e segui comendo.
-- Carrie!
-- Estava em Blackpool, cuidando da minha avó. –Quase chorando. – Depois... daquele dia, eu fiquei magoada e ao mesmo tempo feliz. Magoada por ainda gostar do Nash e feliz por saber que gosta de mim.
Todo esse tempo Allan era o meu amigo. Amigo de verdade, o único que me ouvia, conversava até tarde no MSN, mandava mensagens contendo algumas besteiras e rindo das piadas sem graça. Nunca o olhei mais que um amigo.
-- Eu estava com medo na verdade. – Ele dizia enquanto mordia seu hambúrguer e depois engolia.
-- Medo do que?
-- De você não me... aceitar...
-- Allan, estou confusa. – Disse com tristeza. – Eu quero um tempo pra mim. Mas também não quero perder sua amizade. Só me dê um tempo para... processar as coisas.
Me senti terrivelmente mal. Tanto que nem terminei de comer e Allan também não quis comer.  Voltei para a casa com cara de vilã numa história. No quarto chorei e peguei o celular, digitando uma mensagem pro Allan me perdoar. Ele não respondeu. E certamente não vai falar comigo mais. De repente vem outra mensagem.

Oi Anne!
Novidades a vista: vou estudar amanhã no mesmo colégio que você.
Te vejo as sete!
Eloise

Uma de minhas melhores amigas vai voltar a estudar junto comigo. O problema... vai ser esconder sua realeza.

Suzanne POV
-- Amor, me perdoa?
Graham insistia em falar comigo. E eu... não queria falar com ele.
-- Vai embora.
-- Amor...
-- Saí daqui, ursinho!
Eu não sabia o que fazer. Vi Graham beijando a irmã de Tony e bem antes disso, me apaixono pelo namorado de uma de minhas amigas, Carrie Anne. Ela sem dúvida parou de falar comigo e se isolou de todos. Ninguém sabe dela, nem mesmo Allan, que é seu melhor amigo.
No outro dia, tive aula tranqüilo de Química e o professor nos deu trabalho em dupla e advinha: Nash vai fazer comigo. Contra minha vontade. Na verdade preferia trabalhar sozinha contudo, não deixou e me obrigou a cooperar com o guitarrista.
Enquanto nos dedicávamos na matéria por quase a manhã inteira, Nash resolve puxar um papo e não era sobre a Fórmula de Mol ou Linnus Pauling.
-- Me desculpe, ursinha...
Lancei um olhar de reprovação a ele. Mesmo separado dele, insistia em me chamar de ursinha. Terminamos o trabalho rapidamente e entregamos ao professor. Sai da sala de aula rapidamente. Na verdade eu cabulei a aula de Literatura Clássica. Passei a tarde toda só estudando e depois ouvindo música. Meus pais estavam trabalhando por isso fiquei sozinha. O tempo começou a se fechar com nuvens escuras, certo que virá chuva. Quando ia tomar água, ouço a campainha e abri a porta. Era Graham.
-- Me perdoa, ursinha.
-- Você não desiste. – Aos poucos pegava raiva da insistência dele. – Sai daqui, Nash!
Fechei a porta na cara dele e ainda ouvi gritando do lado de fora.
-- Mesmo que feche essa porta, caia uma chuva e me molhe, não vou desistir de você!
Comecei a ouvir o som de um violão e Nash cantando.
I can't make it if you leave me
I'm sorry Suzanne believe me I was wrong
And I knew I was all along
Forgive me

I still love you more than ever
I'm sorry Suzanne for ever hurting you
You know I never wanted to
I'm truly sorry Suzanne

I could never ever justify
All the tears I made you cry
But I do regret it my Suzanne
You gotta believe me

I was lookin' 'round for someone new
What a foolish thing to do
All the time I knew it
Heaven knows what made me do it girl

I can't make it if you leave me
I'm sorry Suzanne believe me I was wrong
And I knew I was all along all along
I'm truly sorry Suzanne

If you would only take me back again
Things would be so different then
What I wouldn't give for
One more chance to live for you Suzanne
E mesmo cantando, Nash estava ali, exposto em plena chuva torrencial. Quando tudo parou, abri a porta e ele estava ali, no mesmo lugar, completamente molhado, tremendo de frio e espirrando e ardendo em febre.
Aquilo acabou comigo. Puxei ele para a sala e o levei até meu quarto. Tirei suas roupas e peguei umas do meu irmão mais velho, Douglas. Preparei um chá com ervas que minha mãe faz sempre quando estou gripada e fiz Nash beber. Trocamos um olhar intenso e num momento impulsivo, o beijei.
-- Eu te amo, Nash, meu ursinho guitarrista.
O resto da tarde foi tão intenso e maravilhoso.

Eleanor POV
Vi que Tony e Jenny estão bem distantes, o bastante para não olhar pra eles. Quando finalmente consigo estudar no mesmo colégio que ele, eis que me surge isso: ele está com uma garota que ao meu ver, é sem sal. Admito que fiz coisas erradas e uma delas é trair Tony. Ele nunca fez nada para merecer isso. E agora quero recuperar tudo isso e seu perdão.
Precisava pensar em algo que não pudesse chamar tanta atenção. No refeitório, me sentei sozinha... até uma garota baixa de cabelo louro e olhos cor de mel, meio atrapalhada com a bandeja de comida resolver se sentar comigo.
-- Hã, com licença, posso me sentar aqui?
-- Pode. – Disse um pouco indiferente.
-- Obrigada.
Notei que a garota era meio diferente do pessoal. Talvez pelas roupas serem um pouco elegantes. Tenho a impressão que a conheço de algum lugar.
-- Você é nova por aqui? – Questionei.
-- Sim.
-- De onde você veio, sem querer ser curiosa?
-- Liverpool. – A garota respondeu mas notei que ela suava e nem estava quente nem nada.
Antes de fazer mais uma pergunta, Carrie Anne surge diante de nós e leva a garota com ela pra uma mesa mais próxima. O que a garota misteriosa e Carrie possuem que as mantém tão ligadas?
Depois disso passei a observar a banda de Tony. Todos simpáticos. Aquele tal do Bern é uma graça. E tem uma simpatia e educação que nem eu mesma acredito... Opa. O que está havendo? Estou pensando em outro cara e me desviando do Tony? Será que esteja apaixonada... por Bern?

Maureen POV
Nunca me senti assim, tão desprezada e ao mesmo tempo odiada por todos. Tony me xingou tanto que nem quero dizer as palavras ditas. Jenny e as amigas delas me deram consolo. O que eu poderia fazer? Acabei gostando de um cara que tem namorada. Mas afinal, Nash traiu Carrie Anne com Sue. Então, eu não poderia ser a culpa disso tudo e todo mundo me condenar. Se bem que, desta vez, Graham está mesmo amando Suzanne...
A semana inteira só estudei e nem compareci aos ensaios da banda por castigo e evitar atritos com Nash e Sue, que finalmente voltaram e estão mais apaixonados. Contudo, algo aconteceu de bom na semana do acerto de Nash e Sue. Tinha ido a sorveteria e na hora de pagar o sundae que escolhi, surge Terry Sylvester pagando para mim.
-- Pra você, pequena dama. – Disse ele, pegando o sundae e dando-o para mim.
-- Obrigada! – Agradeci tão feliz.
Caminhamos um pouco pela avenida até me perguntar algo.
-- Nesta sexta, serão as quartas de final do Concurso de Bandas. E eu já convidei a Jenny e as meninas e gostaria de saber se quer ir comigo? Como amigos, é claro.
-- Sim. Eu quero! – Aceitei na hora.
Aos poucos a imagem de Graham Nash sumia e dava lugar ao primo querido e fofo da Jennifer Eccles. E devo confessar: ele é um amor de pessoa.


Continua...

sábado, 8 de agosto de 2015

The Air That I Breathe (9º Capítulo)

Olá pessoal!
Uma boa noite e agradeço pelas felicitações de aniversário (sim, hoje faço 26 anos) e hoje ressuscitei a fic dos Hollies que todos adoravam. Muitas surpresas neste capítulo! Boa leitura!


Capítulo 9: Poison Ivy

Tony POV
Após a apresentação senti novamente a confiança na banda. Ganhamos mais apoio dos nossos colegas e eu, claro, da minha amada Jenny. Não parecia que pouco tempo atrás sofria com a morte súbita do irmão. Fazia de tudo para ela sorrir, se sentir bem com todos.
Depois da primeira apresentação, recebemos uma novidade através de Terry.
-- Tony! – Ele apareceu na sala de aula, muito animado. – Parabéns, cara! A banda está classificada pras quartas de final!
-- Maravilha! Preciso avisar o pessoal!
Mal cheguei em casa e já corri para o computador e chamei a banda no MSN avisando de nossa classificação. Todos responderam, menos Graham. Ultimamente notei que ele anda desanimado, por vezes insatisfeito. Será que os rumos que estamos tomando o deixaram assim?
Mandei uma mensagem de texto e nada. Afinal de contas o que realmente aconteceu?
No outro dia, antes da aula de matemática começar, eis que surge uma pessoa que julgava que nunca mais veria, depois de ter quebrado meu coração.
-- Olá Tony! – Ela cumprimentou, se sentando duas mesas na minha frente.
-- Olá, Eleanor!
-- Tudo bem? Está namorando?
Antes de dar uma resposta, Jennifer aparece me abraçando e beijando. A aula inteira fiquei angustiado a ponto do meu amor notar tudo.
-- Você estava nervoso na aula. O que aconteceu?
-- Sabe aquela menina que está sentada na frente?
-- Sim. O que tem ela?
-- Ela... é minha ex-namorada!

Graham POV
Por enquanto não vi a Mo. Tive medo que ela tenha falado ao Tony algo sobre o ocorrido ou quem sabe inventar que dei em cima dela. Confessei ao David e Stephen depois da aula. E eles me disseram.
-- Por que não fala pro seu amigo sobre a irmã dele? – Perguntou David, acendendo um cigarro.
-- Tenho medo da reação do Tony.
-- Mas se não contar, a menina vai te perseguir e sua namorada vai reclamar demais. – Disse Stephen, dedilhando algo no violão.
Diante disso, vi que eles estavam certos. Precisava dar um jeito. Quando ia caminhar rumo a minha casa, Maureen me encontrou.
-- Oi Graham! – Pegando meu braço. – Vamos juntos para a casa?
-- Errrr... desculpe, Maureen! Mas vou pra minha casa. Até mais.
-- Graham... – Olhei para a menina e ela parecia chorar.
-- Maureen... – Abracei a garota e a consolei. Achando que ela estava magoada com meu jeito meio bruto, ela aproveitou desse meu momento e me puxou para um beijo.
Correspondi um pouco até lembrar de Suzanne. Sai de perto da irmã de Tony, contudo, era tarde demais. Avistei Sue ao longe, triste e correndo até o ônibus e embarcando.
-- ESTÁ VENDO O QUE FEZ? MINHA NAMORADA NÃO ME QUER MAIS POR SUA CAUSA! – Berrei enlouquecido e segui meu caminho.
No MSN conversei em privado com Allan. Falei de Maureen e do afastamento da Sue. Allan estava chocado e ainda pediu para eu comparecer no ensaio na casa de Jenny para uma nova música. Prometi comparecer, desde que Mo não esteja lá para arruinar minha vida, acho que estará tudo bem

Allan POV
Desta vez o ensaio é na casa dos pais da Jenny. Parece mentira, mas demos uma folga na garagem da avó do Bern Calvern. Os pais dela não estavam em casa e então ela aproveitou aquela tarde para chamar o pessoal para o ensaio. Graham foi o primeiro a aparecer. Enquanto Jenny preparava uma limonada, conversei com meu amigo.
-- Maureen fez o que?
-- Ela me beijou e ainda a Suzanne viu tudo e fugiu. Liguei pra ela e não me atende. Mandei mensagem no MSN e no celular e nada. Até mesmo fui falar com as amigas dela e nenhuma quis me dizer algo.
Passei a mão nos meus cabelos, demonstrando preocupação. Já bastasse a Carrie Anne ter fugido de mim e não fazendo idéia onde ela está, agora a irmã mais nova do Tony vem causar problemas para Graham.
Com a chegada do pessoal, resolvemos nos preparar. Vi que Jenny falava algo meio nervosa e rindo. Tony também estava rindo e depois chegou para perto do microfone para os testes de som. Bobby Elliot iniciou a contagem e começamos a cantar a nova música, chamada Poison Ivy,
She comes up a rose
and everybody knows
she'll get you in dutch
Well you can look but you'd better not touch

Poison Ivy Poison Ivy
Well late at night when you're sleepin
Poison Ivy comes a creepin' all around

She's pretty as a daisy
but look out man she's crazy
She'll really do you in
if you let her get under your skin

Measles make mumpy
mumps'll make you lumpy
chicken pox will make you jump and twitch
Common cold'll cool you
Whooping cough will fool you
but Poison Ivy Lord will make you itch

You're gonna need an ocean
of Calamine lotion
You'll be scratching like a hound
the minute you start to mess around

Aplaudimos ao fim da música. Jenny parecia acometida com um ataque incontrolável de risos. Descobri através de Terry que a música Poison Ivy é na verdade uma indireta para a ex-namorada de Tony, chamada Eleanor. Enciumada, Jenny quase brigou com o guitarrista e ele para tornar as coisas menos complicadas, resolveu compor sozinho a música. Realmente é engraçada se você ouvir. Graham imediatamente foi embora. Maureen não veio e mesmo assim ele foi o primeiro a se retirar. Quando já estava em casa, recebo uma ligação no celular.
-- Alô?
-- Oi. Sou eu, Carrie Anne.
-- Oi Carrie! – Cumprimentei animado por ouvir aquela voz. – Como você está?
-- Um pouco bem. – Houve uma pausa e logo depois ela perguntou. – Amanhã quer me encontrar na lanchonete perto do colégio?
-- Sim. – Aceitei. – Que horas?
-- Duas da tarde. Esteja lá, Allan! Até mais!
-- Espere! – Não deu tempo de falar mais, pois ela desligou.
Eu queria pedir desculpas pela minha declaração explicita por meio de música. Seja lá o que for, mal podia esperar pelas duas da tarde de amanhã.

Continua...

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Maybe I Love You (Oneshot - Grindhouse)

Olá pessoal!
Uma boa noite e fiquem agora com a nova oneshot ao estilo filme francês do casal Michael McGold e Odile Greyhound (agora é oficial na Grindhouse). Muitas cenas quentes desses dois. Boa leitura!


 Maybe I Love You__ Maya Amamiya

Fazia poucas horas que chegou a Paris e se hospedou. E nada lhe deixava impressionado. As lembranças do enterro de sua irmã, a culpa recaída sobre ele por parte da família Stone que também perdeu seus filhos e o genro, pesavam na consciência. Por ele, poderia muito bem chorar. Em vez disso, apenas ficou deitado na cama, assistindo pela segunda vez O Último Tango em Paris e deixou-se levar pelo tempo.

Odile estava no outro quarto, revendo as fotos de seu noivo. O tempo que Bastian havia pedido a ela estava claro. E mesmo assim, acreditou que uma viagem a Paris poderia resolver as coisas. E o segundo motivo é o mais grave. Sua mente não era mais criativa e não redigia seus roteiros. E mais ainda não sentia mais prazer com o noivo. E agora ela estava deitada na cama, olhando para a janela e pensando em como recuperar sua imaginação e o tesão pela vida.

No outro dia o jovem tomou seu café da manhã e decidido, resolveu sair do hotel para conhecer um pouco a cidade. Caminhou por vários minutos nas avenidas. Resolveu conhecer um famoso cemitério visto nos banners, chamado Cemitério de Montmartre. Pegou um táxi e seguiu para a Avenida Samson nº 18º. Ao chegar lá, relembrou novamente o enterro...

FLASHBACK ON

A mãe chorava copiosamente e o pai se encontrava impassível A família Stone o encarava friamente, embora Lilian era que mais chorava e resmungava.

-- Levaram meus filhos, meu genro e minha nora. – Ela em seguida gritou. – LEVARAM TODOS OS MEUS FILHOS!

Mickey também chorava e era consolado por sua prima Felicity, talvez a única da família que via o primo como vitima também das circunstancias. Após o enterro, Fefe havia sugerido para viajar para algum lugar que não remete as lembranças e Mickey optou por Paris. Ele viajou sem ao menos comunicar seus pais.

FLASHBACK OFF

Voltando para a realidade, ele caminha ali, observando cada túmulo. Ali também se encontravam celebridades parisienses e não-parisienses. Ouviu-se então uma voz feminina e seguindo, encontrou uma moça de cabelos lisos e castanhos claros, usando um vestido azul e um cardigã cinza. Ela rezava e depositava flores. Aproximou-se dela e viu que o túmulo pertence a François Truffaut, o famoso diretor francês.

-- Por favor, me ajude! Alguma idéia não cairá mal! – Dizia a moça, de modo suplicante. – Eu só peço um sinal!

Mickey não sabia se ria ou simplesmente fugia dali. Onde já se viu, uma garota rezando no túmulo de um diretor francês, por idéias e sinais?
Ao dar um passo para voltar ao ponto inicial, pisou num galho seco, despertando atenção da moça. Mickey encarou a jovem e viu seus traços delicados, um rosto redondo e bonito, os olhos castanhos que transmitiam algo de doçura e um pouco de sensualidade e os lábios perfeitos para o beijo.

-- Errr... Tudo bem? – Perguntou Mickey, tentando ser cordial.  – Quer dizer... Bien?

Odile segurava um cesto de flores e olhando para os lados, resolveu seguir para o próximo túmulo, o de Oscar Wilde.  Achando que a tratou mal, Mickey a segue, falando francês.

-- Mademoiselle, s'il vous plaît, ça va? (Senhorita, por favor, está tudo bem?) – Insistia o jovem.

Odile por fim parou o passo e encarou o rapaz.

--Posso falar em inglês tranquilamente. – Suspirou pesadamente. -- Algum problema? Parece que nunca viu alguém sem inspiração.

-- Sem inspiração? E reza pra um diretor? – Ainda indagava Mickey, curioso.

De alguma maneira, Odile não conseguia odiar o rapaz a sua frente. E não o culpava pela sua curiosidade. Ainda seguiu com o mesmo ritual e ainda visitou outras lápides famosas.

E isso seguiu por mais de uma hora e meia até resolverem se apresentar.

-- Odile Greyhound. – Cumprimentou a moça, com o sotaque francês que atiçou um pouco o rapaz.

-- Eu sou Michael McGold. – Retribuía com um aperto de mão e sentindo a maciez da pele dela.

-- Sabe, seu nome me lembra o Al Pacino em O Poderoso Chefão. – Comentou, sorrindo para Mickey.

-- Talvez seja aí que meu pai resolveu batizar meu nome. – Ele também ria e observava Odile depositando flores no túmulo de Serge Gainsbourg. – Ele foi um ótimo cantor.

-- Quem?

-- Serge Gainsbourg. – Respondeu.

-- Tem razão. Ele foi mesmo. – No final Odile encerrou colocando mais uma flor no túmulo que para ela, é bastante conhecido. Mickey leu e ali estava escrito “Adrien Villeneuve”.

-- Ele foi escritor? – Apontando para o túmulo.

-- Não. Meu avô. – Respondeu e na saída, resolveu fazer um convite. – Quer tomar um café comigo?

-- Aceito.

Saindo do cemitério, os dois rumaram para Champs-Élysées, a avenida mais conhecida e linda de Paris. Ali tomaram café e descobriram mais sobre si mesmos.

-- Você despertou minha curiosidade. O que fazia ali no túmulo do Truffaut? – Indagou Mickey ainda abismado

-- Sou uma grande fã de Truffaut, sempre que me sinto triste ou preciso de idéias, deixo flores para ele pedindo uma ajudinha.

-- Então você é escritora ou diretora de cinema?

-- Roteirista, mas sonho em ser cineasta. – Odile exibia um lindo sorriso, ainda causando um êxtase interno em Mickey. – E você o que faz?

-- Psiquiatra e desenhista nas horas vagas. Atualmente não estou atendendo os pacientes por motivos pessoais.

-- Minha irmã ficou com um psicólogo uma vez, usei a relação dos dois num roteiro e hoje o consultório dele é cheio de pacientes. – Dizia enquanto ria da lembrança.

-- Imagino. Se estiver com dificuldade em escrever, pode redigir algo sobre mim. Sobre nós e nosso encontro. – Disse o jovem psiquiatra.

-- Tem certeza? – Odile abria um sorriso enorme. Era a primeira vez que alguém lhe dava uma autorização de utilizar uma pessoa real num personagem.

-- Sim. Não me importo com isso, mas confesso que acho interessante. – Piscou para Odile, deixando-a  corada e recebendo um sorriso dela.

Ainda na belíssima avenida, os dois continuaram seu passeio, admirando o cenário parisiense. Pararam numa livraria conhecida por Odile e ela comprou dois livros, sendo que um deles ela presenteou seu novo amigo.

-- Pra mim?

-- Uma lembrança da França. – Disse a roteirista, ainda fascinada pelo inglês e esperando sua reação.

Mickey surpreendeu-se demais. O livro em questão é Paris É Uma Festa, de Ernest Hemingway.

-- Vai te ajudar a conhecer mais sobre a cidade.

-- Obrigado! Muito obrigado! – Agradeceu. – Se eu dissesse que na cidade queria conhecer algo, você compreenderia?

-- Acho que sim. – Sorriu. – E seria a Torre Eiffel?

-- Você!

Apesar de a resposta ter causado certo impacto, Odile se sentiu muito melhor. De todos os homens que conheceu, um inglês de olhar penetrante, cabelos esvoaçantes e traços nobres, foi capaz de transmitir todas as sensações. Despertar um encanto nada igual.

-- Eu também quero conhecer você... melhor, Sr. Michael!

-- Mickey, por favor.

-- Está bem, Mickey. – Ela se preparava para ir embora. – Vou pra casa. Se algum dia te encontrar novamente, prometo que terá o melhor encontro parisiense de sua vida.

-- Estou no Hotel Chevalier. Ficarei uma semana aqui.

-- Então posso te ver amanhã às 19h?

-- Aceito! – Mickey depositou um beijo na bochecha dela, mesmo com súbito ímpeto de sentir os lábios dela.  – Até amanhã, miss Odile e muito obrigado pelo livro.

-- Até amanhã, Mr. Mickey!

E cada um seguiu seu caminho, desejando que o dia seguinte seja melhor ainda e poder vivenciar mais experiências.

Em casa, Odile caminhou até o quarto, encontrando seu noivo, o jogador alemão Bastian Schweinsteiger, sentado na cama, furioso.

-- Você foi ao cemitério fazer aquela loucura de inspiração de novo não é?

-- Sim. Tem algum problema nisso?

-- Sim! Por que não podemos fazer coisas de noivos?Como escolher o lugar onde vamos casar ou os convidados? – Ele segurava o braço dela, fazendo-a encarar seus olhos.

-- Sempre que fazemos isso, você muda as coisas conforme sua vontade, não minha. Decida tudo por nós daqui por diante. Menos o vestido que já escolhi! – Respondeu Odile, mais impaciente e saindo do quarto de casal e indo dormir no outro quarto.

Sozinha ela escreveu umas frases para o roteiro, não o bastante para poder preencher com um texto. Pegou o celular e digitou uma mensagem para a irmã, falando sobre seu novo amigo. De madrugada pensou em Mickey, seus olhos negros, a boca dele, seu jeito único e a voz. Por um momento quando adormeceu, pensou que o inglês estivesse ali na cama.

Amanhece em Paris e Basti resolveu sair mais cedo de casa, deixando Odile dormindo mais um pouco. Ele não a procurou a noite toda. E a própria roteirista começava achar que o noivado não vai levar a lugar nenhum. Até porquê não desejava casar e aconteceu tudo rápido demais. E quando finalmente encontrou alguém que lhe causasse impacto em sua alma, se encontra naquele impasse.

Mickey não dormiu na noite anterior pensando em Odile. A francesa conseguiu obter sua atenção. Comparado com a tenista Ana, por quem desenvolveu um sentimento especial e foi abandonado por um escritor, a roteirista possui algo diferente, único. Algo que só o psiquiatra sabe. E agora ele esperava longamente que o dia passe e o horário combinado soassem no sino da igreja como nos filmes. 

E assim o relógio registrou sete horas. Mickey já estava devidamente arrumado, com uma camisa cinza e calça e sapatos sociais. Ficou no hall de entrada esperando pela convidada, que surgia diante dele, usando um vestido florido e sapatilhas rosa.

-- Me desculpe. – Odile ofegava por conta da corrida. – Me atrasei por causa...

-- Esquece! – Ele colocou o dedo nos lábios dela, silenciando qualquer palavra. – Só de saber que está aqui, é o bastante.

Eles voltaram para a Avenida Champs-Élysées, onde mais uma vez apreciaram tudo de bom ali. Aquela noite prometia a eles. Mickey olhou para o céu. Não viu as estrelas.

-- Acho que vai chover. – Comentou.

-- Por que?

-- Primeiro: hoje está muito calor e estamos na primavera e segundo: as estrelas sumiram.

Odile também observou o céu.

-- Isso é normal. – Disse um tanto cética quanto a previsão do tempo do inglês. – E se é verdade o que disse, neste momento quero que caia uma chuva bem torrencial agora!

De repente ouviram-se pequenos estrondos e viram rápidas aparições luminosas no céu e depois um ruído maior. O trovão e aos poucos pingos começaram a molhar discretamente as ruas.

-- Corre! – Gritou Odile, puxando seu amigo inglês na corrida em se proteger da chuva, que aumentou seus pingos e mais trovões.

No meio do caminho e se molhando demais, Mickey dava risadas e encarando Odile, parou a corrida.

-- Viu só? Eu acertei! – Gritou o inglês sob a chuva.

Odile admitiu ali que seu amigo é muito observador sobre as coisas. Nem mesmo os franceses conseguiam adivinhar sobre a chuva nas estações do ano, era sempre imprevisível. Tomada por uma imensa alegria, ela o beija ali mesmo, na chuva de primavera, sem se importar se estavam ensopados demais.

Mickey a levou para o hotel Chevalier. Pegaram o elevador e se mantiveram abraçados e se beijando calmamente, esquecendo do frio. No quarto, ele pede seu jantar para duas pessoas e bebidas e em seguida tirou a roupa e a de Odile.

-- Quer tomar banho comigo?

A francesa cobria os seios com as mãos e olhava pro chão, demonstrando timidez e medo sobre seu segredo.

-- Acho que não devíamos fazer isso...

-- Existe algo que a impede? – Tocando os dedos da jovem e ainda vendo seus olhos.

-- Eu... não... – Odile não conseguia mais falar. Seu medo foi silenciado e as palavras não saíram por conta do beijo intenso de Mickey.

Caminharam juntos até o chuveiro e tomaram um delicioso banho quente, ao mesmo tempo se beijavam, trocavam carinhos apaixonados e se entregaram aos prazeres carnais. Após isso permaneceram deitados, abraçados na banheira com a água morna aquecendo seus corpos.

-- Eu tenho um segredo a ser compartilhado. – Disse.

-- O que? Me conte!

-- Estou noiva!

Por questão de segundos, Mickey não compreendeu e sua mente então ecoou a revelação de Odile. E ai a tristeza abateu-se. Era bom demais para ser verdade. Uma moça linda, com mente aberta para a cultura e... ainda noiva.

-- Entendi por que hesitava. – Ele olhava para as toalhas. – É errado sim o que estamos fazendo...

-- Mas é gostoso. – Ela segurava o rosto do inglês e ainda mirando os olhos dele. – Eu sei que errei. Eu... não consigo resistir a você.

-- Sabe, nossa vida é como um filme francês. – Ele sorriu. – Existe o amor e ainda o conflito existencial. No nosso caso, você tem um noivo e eu... minha tristeza.

--- É uma garota? – Achando que Mickey esteja com a típica dor de cotovelo.

Ele não respondeu e em seguida se levantou e saiu da banheira, pegando sua toalha e entregando uma para Odile.

-- Algum dia saberá...

Quando se secaram, Mickey a tomou em seus braços e a levou para a cama, executando mais uma vez os movimentos prazerosos, arrancando gemidos da francesa e causando prazer elevado para ambos. No jantar, ela comunicou que vai dormir na casa da irmã e depois se vestiu, com a roupa quase seca.

-- Odile... – Ele a segurou pelo braço. – Se ainda... quer me ver, estou aqui.

-- Amo estar com você, Michael! Estamos cientes do erro. E quero também te ajudar.

Novamente se beijaram e combinaram de se verem na parte da manhã. Na saída, a chuva havia parado e Odile ligou para Bastian.

-- Alô?

-- Oi, sou eu. Eu saí com minha irmã e vou passar a noite na casa dela.

-- Vem pra cá. Sei que fui estúpido, mas... dorme aqui comigo, Odile.

Por mais que o pedido soasse um desespero, Odile teve vontade de ficar com o noivo. A simples lembrança da noite com Mickey a fez reconsiderar.

-- Até amanhã, Basti. – E desligou, pegando um táxi para ir à casa de Marie, sua irmã.

Chegando lá, ouviu de cara alguns gritos vindos do quarto e Odile pegou rápido o taco de cricket da irmã e caminhou sorrateiramente até a porta e contando até três, abriu rápido e se envergonhou por ver sua irmã e o namorado alemão, numa posição bastante íntima.

-- AI MON DIEU! MARIE! – Odile fechou os olhos e se retirou do quarto, correndo para a sala.

-- DROGA, ODILE! DE NOVO? SAI DAQUI!

Alguns segundos depois, apareceu um rapaz de cabelos louros um pouco bagunçados, a camisa branca amassada e a calça preta quase caindo. Ele olha para a irmã de Marie, constrangido.

-- Me desculpe... – E se retira da casa dela.

Marie surgiu na sala, apenas de roupão e cara indignada.

-- Quando namorava o Roger, você me interrompia por sacanagem. Agora que estou com Uli, é também sacanagem?

-- Apenas com Roger te sacaneava. – Ria da situação. – E quem é Uli?

-- Um cara que conheci no pub. Faz um mês estou saindo com ele. – E depois servindo um copo de vinho para a irmã. – E outra vez brigou com Basti?

-- Pra variar... – Respondeu ao beber um pouco. – Conheci um rapaz incrível faz dois dias.

-- Quem é ele?

-- Inglês, nome que lembra o mafioso do Coppola, mas carrega um olhar triste, porém sabe dizer verdades, é observador da vida, é sensível.

-- Ok e o nome dele? – Marie estava bastante curiosa.

-- Michael McGold. É o nome dele.

-- Hum... esse Michael deve ser incrível mesmo, pra te causar tudo isso. E seu bloqueio ainda continua? Não visitou o cemitério?

-- Visitei e foi lá que o conheci. E falando nisso... – Odile sentiu uma vontade imensa de escrever. – Acho que vou dormir. Boa noite Marie.

-- Boa noite, Odile. – Seguiu para o seu quarto. – E boa escrita  noturna!

Ao fechar a porta, Odile pegou um dos cadernos que Marie sempre deixa na gaveta da escrivaninha para ajudar a irmã e com a caneta que guardou na bolsa, começou a escrever uma página, duas páginas, três páginas... no final foram doze páginas escritas e Odile adormeceu na cama, com mais folhas.

Ao acordar, Odile reorganizou suas folhas escritas e ao sair do quarto, novamente encontra o rapaz chamado Uli na cozinha, apenas de calça.

-- Ah me desculpe mais uma vez... Acho que sua irmã...—Ele tentou dizer algo mas Odile o interrompeu.

-- Deixa pra lá. Eu sei sobre você e minha irmã. – E caminhando até a porta, avisa. – Diga a Marie que vou tomar café em outro lugar.

Por uma incrível coincidência, Odile avistou seu amigo Mickey, desfrutando de uma manhã maravilhosa na confeitaria. Decidiu ir até lá e se aproximou dele.

-- Bonjour, Mickey! – Se sentou na mesa, sorrindo para o amigo.

-- Olá, Odile... – Mickey não estava bem.

Odile compreendeu que talvez fosse  revelação de ontem a noite e o remorso começasse a pesar na consciência.

-- Se é sobre ontem à noite...

-- Nem é por isso. – Replicou, ainda triste. – Eu sei que é errado. Na verdade... Ainda sofro...

-- De quê?

Mickey começou a chorar baixinho e Odile ficou ao seu lado, abraçando-o.

-- Aconteceu há seis meses...

FLASHBACK ON

A casa de Christopher se encontrava cheia por conta da festa de noivado de Ana e Paul Breitner. Mickey foi convidado e não guardava ressentimentos para com a ex-namorada tenista e desejava tudo de bom para ela. Ele avistou a irmã e Jim Stone dançando, Felicity bebendo sozinha, as amigas dela todas acompanhadas e sua melhor amiga, Alice aos beijos com Gerd, o ex-namorado de Louise.

Num dado momento da madrugada, Louise havia pedido ao irmão que a levasse para o apartamento e junto com Jim, Alice e o namorado. O inglês  era o único que não consumiu bebida alcoólica e dirigiu por alguns minutos.

-- Mickey... hic up.. quero muito minha cama... – berrava Louise, completamente bêbada e o restante dormindo no banco de trás.

-- Pára de me incomodar que te levo. – Disse Mickey, parando na faixa por conta da sinaleira indicar a cor vermelha.
Ao abrir o sinal, o carro seguiu calmamente seu caminho... até um caminhão desgovernado colidir violentamente, deixando todos feridos....

FLASHBACK OFF

-- Não é difícil saber... – Ele dizia enquanto acendia um cigarro. – Que depois do acidente, minha mãe passou a me odiar, meu pai me despreza. A família McGold quase me excluiu, a família da Alice e Jim me odeia. As únicas pessoas que não me vêem com ódio nem nada são meus amigos, Chris, George e Giles e minha prima Felicity. O resto...

-- Acho que está precisando disso. – Odile tirou o cigarro dos dedos dele e deixou no cinzeiro.

-- O que preciso?

-- De um abraço, de alguém que escute você e entenda seu lado da história. – Novamente eles se abraçam e Mickey se entrega as lágrimas. Odile também chora com ele.

-- Cita um lugar para eu conhecer. – Mickey limpava as lágrimas e voltou a sorrir.

-- Museu do Louvre e depois a casa de Victor Hugo!

Chegando ao museu, Mickey praticamente admirou o lugar. Desde criança sonhava conhecer aquele lugar e ainda havia prometido a Louise que a levaria junto. E agora esse sonho se tornou realidade... em partes.
De maneira engraçada, os dois resolveram impor um desafio. Observar correndo todo o museu em menos tempo. Na verdade eles desejavam reproduzir a famosa cena do filme Bande à apart.

-- Se eu ganhar, posso chamar seu personagem de “John”?

-- Sem problemas. Se eu ganhar, você vai fazer algo pra mim. – Disse Mickey, se preparando pra correr igual a um atleta.

-- E o que farei?

-- Vamos dizer que... envolve poemas escritos por mim, desenhos e... uma cena muito conhecida do meu filme favorito, O Último Tango em Paris.

-- É meu filme favorito também! Agora fiquei curiosa...

Ficaram em silêncio e três segundos depois correram no museu, como duas crianças alegres.  Quando alcançou Odile, ele pega a mão dela e os dois param, ainda rindo.

-- Trapaceiro! – Ela respirava com dificuldade. – Pegou minha mão pra me vencer, não valeu!

-- Peguei sua mão para um empate! – Ele riu. – Pelo menos nós dois saímos ganhando!

-- Tem razão! Então posso usar você para a concepção de “John”.  O personagem do meu novo roteiro.

-- Estou louco pra ler!

Ao saírem do Louvre, seguiram para La Place des Voges, a lendária casa de Victor Hugo. Em meio à visão da sala de estar, a sala de jantar de inspiração medieval (idéia de Victor Hugo), a sala chinesa concebida pelo escritor, e o seu quarto, ele não percebeu que era observado. Notou minutos depois de quem se tratava quando a moça se aproximou dele.

-- Michael! É você?

-- Você é... Anastacia Rosely! – Mickey abraçou sua ex-namorada.  – O que faz aqui?

-- Lua de mel com meu marido! – Neste momento, o marido de Ana surge, colocando o braço ao redor do ombro. – Paul, este é o Michael.

-- Como vai, Michael? – Paul se mostrou bastante simpático e Mickey mesmo retribuindo, não conseguia deixar de sentir uma ponta de ciúme.

-- Um pouco melhor... – Neste momento, Odile se aproximou do amigo e segurou sua mão. – Errr... pessoal, quero que conheçam Odile. Minha... Ami... ami...

-- Sou a namorada dele! – Apresentou-se a francesa, sorrindo e tentando não mostrar a fração de ciúme sentida.

-- Nossa, meus parabéns! – Ana demonstrava felicidade e ainda abraçou mais uma vez Odile. – Tentei fazer com que ele parasse de fumar, mas não deu certo e ele é muito introvertido.

-- Vi como ele é. – Respondia a francesa ainda com um sorriso.

-- Ele é durão, mas por dentro se derrete com as pequenas coisas e ah ele gosta de bolo... – Ana mal terminou de falar por ser interrompida pelo marido, que se encontrava um tanto sem jeito com as revelações.

-- Ana, melhor voltarmos pro hotel! Já está ficando tarde!

-- Tem razão, amor. – Em seguida olhou pro casal. – Michael, adorei te reencontrar e ainda mais com sua namorada francesa. Venham nos visitar em Munique! Até mais!
-- Até mais, Ana e Paul! – Despediu-se Mickey.

Ainda andando pelo corredor dos quadros, Odile questiona.

-- Ela sabe de tudo que aconteceu com você?

-- Sim. Permaneceu ao meu lado no dia do acidente. Porém, ela me confessou que se apaixonou por outro antes. E ai quando ganhei alta, terminamos amigavelmente e ela assumiu o noivado. Inclusive fui o padrinho.

-- Ela te conhece bem... – Odile fechara a cara, mostrando seu ciúme.

-- Hey! – Ele a encarou e tocou o queixo dela. – A única pessoa que sinto coisas especiais é você.

Mickey a beija ali mesmo, sentindo também as mãos dela tocando a nuca e com isso o ósculo foi se tornando mais intenso.

-- Mickey... eu...

-- Não posso viver sem você...Odile...
                        
Ela chorou abraçada fortemente nele. Nunca ouviu algo do tipo em seus antigos amores. Com Mickey surgiu uma sinceridade nas palavras. E mais ainda comprovar o que Anastacia havia dito.

Voltando para o hotel, ficaram aos beijos por vários minutos até ele resolver criar algo.

-- Vou trazer algo. Já volto. – Disse ele saindo do hotel

Odile aproveitou ali para ver tudo do quarto dele. Encontrou na mesa muitos desenhos dele, alguns textos do trabalho dele e encontrou ali manuscritos. Logo deduziu serem os poemas dele. Enquanto lia as primeiras estrofes, logo veio as idéias para o roteiro.

-- Como queria escrever neste momento... – Lamentou-se por não carregar ao menos um bloco de notas e ainda se lembrou de Marie. Precisava mandar uma mensagem a ela pra avisar que passará a noite com Mickey.


Se Basti ligar, diga que não quero falar com ele e estou na sua casa.
Vou ficar aqui com Mickey.
Odile

Odile sabia que Bastian não iria à casa de Marie nem sob decreto depois do incidente que ocorreu cerca de dois meses atrás, quando o jogador alemão foi procurar pela namorada e gritou para toda vizinhança, causando incomodo a todos. Mas também sabe que mesmo com suas atitudes um tanto possessivas, Basti tem sentimentos por ela. A amava profundamente. Porém, Odile não conseguia mais sentir algo por ele. Ou ao menos achava isso. Decidiu por fim ainda passar a noite com Mickey e no outro dia ficaria o tempo todo com o noivo e dormir com ele, para ver se há chances de salvar seu noivado.

Mickey retornou ao quarto, um pouco frustrado, contudo, trazendo umas sacolas contendo caixas. Curiosa, Odile saiu da cama e foi ver como estava seu amigo inglês.

-- Aconteceu algo?

-- Eu recebi uma ligação dos meus amigos. Um deles ficou noivo. E me convidou pra ser o padrinho. – Comentou Michael, retirando as caixas da sacola.

-- Uau, meus parabéns “padrinho”. E por que essa cara? Deve sorrir!

-- O problema é... que recebo as ligações de todos, menos dos meus pais. Prova que ainda não se importam comigo.

-- Não deve ficar assim. – Ela puxou de leve o rosto dele, sentindo a maciez da pele dele. Decerto o inglês fez a barba. E também o abraçou.  – Ao menos tem amigos de verdade, que se comunicam com você, se importam com você, sabem de tudo e ficam do seu lado. São raros esses tipos de amizades.

-- É verdade. Uma má noticia: hoje não iremos fazer aquilo baseado numa cena do meu filme favorito. Boa noticia é que tenho um presente pra você.

Ele entrega a caixa personalizada para ela. Odile pegou com cuidado e ao abrir, viu se tratar de uma câmera Polaroid nova, um álbum e uma folha de caderno escrito um poema. Odile leu e ficou extremamente feliz, ao mesmo tempo lançou um olhar curioso para Mickey.

-- Uau, Mickey. – Impressionou-se. – Esses presentes e o poema são lindos. Eu adorei demais! E o poema... você mesmo escreveu?

-- Retirei tudo da minha alma e as sensações da minha imaginação.

Odile novamente se emocionou e tomada pela paixão, beijou Mickey e ainda pediu algo.

-- Posso usar esses poemas no meu filme?

-- Claro. “John” Dedicará para “Ann” essas palavras tão... apaixonadas e pessoais.

No mesmo momento se amaram mais intenso, a ponto de ambos gritarem pelo prazer sentido. De madrugada, Odile tentou pegar um dos cadernos de Mickey e verificando as páginas vazias, rapidamente viu a caneta do hotel na mesa e começou a escrever mais sobre o roteiro, até ouvir o amante chamar.

-- Odile! – Mickey estava quase sonolento. – Vem pra cama!

-- Já vou, mon amour!

No final ele se levantou e viu a amada escrevendo apenas de roupão e ainda num dos cadernos dele.

-- Você está escrevendo num dos meus cadernos. – Disse, surpreso.

-- Desculpa, mon amour. Esqueci de trazer meu bloco de notas. Fiquei com uma necessidade de escrever e furtei um dos seus cadernos, se importa?

-- Fica a vontade! Alias, ele é seu! Mais um presente de um inglês para uma francesa. – Mickey a acariciava nas costas e em seguida sussurrou. – Quero te amar mais um pouco.

E se entregaram aos prazeres carnais mais uma vez na cama, resultando numa ótima noite para eles. No dia seguinte Mickey outra vez acorda sem Odile ao seu lado. Ela também levara o caderno como presente. No celular havia uma mensagem dela.

Irei te ver à tarde.
À noite vou ficar com meu noivo. Por favor, não pense mal de mim.
Ainda adoro você e agradeço mais uma vez pelos presentes.

PS: quando for passar a noite com você, mostrarei meu roteiro (uma parte dele).

Com amor, Odile.


Ainda na casa da irmã, Odile formulava o que dizer para o noivo sobre sua ausência, sem jamais mencionar seu envolvimento amoroso com Mickey. Quando fechou duas horas da tarde ela se encontrou com seu amigo, ou seria amante, pelo fato de ter dormido com ele? Foram juntos para os Jardins de Monet, onde conversavam sobre o local e a francesa ainda dizia sobre seu roteiro. Quando enfim encerrar seu passeio, foram tomar café na mesma confeitaria, onde a roteirista resolveu tentar algo. Ela retirou seu sapato e um dos pés ela encostou de leve na perna do inglês.

Ele quase se assusta e tentando disfarçar sua surpresa e êxtase, olhou para Odile e a mão dele descia para o pé dela, massageando, tornando numa caricia erótica para provocar a francesa. Quase ela reconsiderou, mas resistiu.

-- Hoje não, Mickey! – Ela calçou o sapato Prada novamente. – Eu vou...

-- Eu sei, minha Didi. Você tem uma vida lá fora... e eu não faço parte dela.

-- Michael... – Ela o beijou forte e quando parou o beijo, correu até a rua e pegou um táxi, seguindo para sua casa, deixando o inglês desolado.

Chegando em casa, Odile abre a porta e encontra a sala cheia de rosas e uma trilha feita de pétalas. Ela seguiu o caminho até o quarto e encontrou o noivo, sentado na cama, olhando as fotos no celular.

-- Bastian...—Ela o chamou.

-- Me perdoa pela minha estupidez. – Ele correu até a amada e a abraçou. – Eu sou assim mesmo.

-- Bastian, estamos sofrendo demais. Vamos tentar mais uma vez viver felizes, sim?

Trocaram um olhar significativo e Bastian começou a despir a noiva aos poucos. Ela fez o mesmo com ele e houve momento quando retirou a camisa dele, visualizou o rosto de Mickey em vez de Bastian. Se amaram sob as luzes das velas de modo romântico, mesmo que a francesa ainda pense no inglês a todo momento.

Atingiram o clímax juntos e minutos depois, já recuperados, Bastian se levanta e pegando a mão de Odile, refaz o pedido.

-- Odile Greyhound, quer casar comigo?

Mil pensamentos e decisões. E todas incluíam Mickey. Ele ficaria pouco tempo em Paris e ai nunca mais o veria. E com o pedido feito pelo amado, resolveu aceitar. Comemoraram tomando um vinho tinto na cama.

-- Nosso casamento vai ser lindo, meu amor. – Ele dizia enquanto servia mais um pouco de vinho no copo. – E desta vez vai ter tudo que você deseja.

-- Temática de cinema francês?

-- Tudo, meine liebe!

Adormeceu abraçada no peito dele, ainda com a dor no coração, por pensar em Mickey e possivelmente sua separação dele.

Naquela noite Mickey continuou digitando sobre sua tese psiquiátrica ao mesmo tempo pensava em Odile e o quanto ela lhe fez bem. Sem dúvida a francesa lhe dava otimismo, esperança para sobreviver. De repente seu celular toca.

-- Alô?

-- Oi primo, é a Felicity! Sua voz está ótima. O que aconteceu nesta viagem?

-- Vamos dizer que conheci uma francesa. Ela me mostrou a cidade... e o amor.

-- Eu sabia! – Ela gritou no telefone. – Você está apaixonado!

-- Hey, não totalmente. – Agora adquiriu um tom um pouco triste. – Ela é noiva de um cara, um alemão. E mais: é roteirista.

-- Você conheceu uma francesa, que é roteirista e ela é noiva de outro? Você está tendo um caso com uma mulher comprometida, seu vida louca? – Felicity ria do primo.

-- É sim. Acho que desta vez vai acabar. Vou embora no domingo e ela vai voltar pra ele.

-- Ainda gosta dela?

-- Não. Eu amo Odile. – Suspirou e voltou a indagar. – E meus pais não querem saber de mim?

-- Tio Tony nem fala nada. Tia Mary esses dias se perguntava o que você anda fazendo em Paris e depois se calou.

Novamente um silêncio se instalou nos primos e Fefe quebrou o gelo.

-- Olha, comprei um apartamento legal perto do centro de Londres e quero te convidar a morar comigo. Convidei a Nora, mas ela já está noiva.

-- Até aceito, mas e você tem namorado?

-- O único que tinha era um holandês filho da puta! Voltou pra esposa.

-- Bem chato isso! Olha Fefe, eu vou desligar. Estou com sono. Até mais.

-- Até mais, primo amado e se encontrar a tal Odile, não deixe escapar de suas mãos e mostre que você é o cara pra ela! Beijos!

Desligando o telefone, voltou a sua tese até hora de dormir. Paris amanheceu com chuva e Mickey não saiu para a rua. Em vez disso optou pedir seu café da manhã, permanecendo no quarto apenas para assistir filmes  e escrever.

Bastian mesmo na chuva, havia partido para o aeroporto. Precisava retornar a Munique para resolver alguns assuntos relacionados ao time e principalmente as partidas de futebol pelo Bayern de Munique. Odile só ficou escrevendo durante a parte da manhã. Na verdade ela sentia saudade imensa de Mickey, de seus braços, seu corpo, sua boca ávida e as licenças poéticas que ele sempre recitava enquanto faziam amor. Para tornar aquela quinta-feira um pouco melhor, ela aproveitou que a chuva diminuiu seu ritmo de pingos e correu até a uma confeitaria mais próxima e comprou um bolo. No começo da tarde seguiu para o Hotel Chevalier.

Enquanto isso o psiquiatra terminava sua tese e enviava por email para seu chefe quando ouviu batida na porta. Achando se tratar da camareira, abriu a porta e viu Odile, a roupa quase molhada e sorrindo.

-- Mon Amour! – Ela o beijou e entrou no quarto. – Sentiu saudades de mim?

-- Até demais! – Ele sorria e conduzia a amada para uma parte do quarto, a do lazer, onde está uma mesa e uma cômoda. – Como está seu roteiro?

-- Hoje escrevi mais e passei a limpo a parte escrita no seu caderno. Logo devolverei.

-- Já disse que ele é seu! Pode ficar com ele. Tenho outros onde posso escrever.

Ambos comeram um pedaço de bolo, ao mesmo tempo assistiam deitados a cinebiografia de Serge Gainsbourg.

-- Minha irmã ama esse cara. – Comentou Odile. -- Ela tem vários discos dele.

-- Eu também gosto das músicas dele. Principalmente esta aqui. – Ele pegou seu iPod e tocou Je t'aime Moi Non Plus. – Ele cantou ao lado de Jane Birkin.

-- Isso mesmo... – Ainda mirando os olhos do amado, ela pegou os pratos e deixou na mesa. Em seguida voltou para a cama, onde se amaram com mais vontade e com a música embalando os amantes.

Mickey desligou a TV e ofegante, abraçou sua amada e pegou outra vez o iPod e selecionou a música La Javanaise.

-- Adoro esta também... – Odile beijava o amado e o enchia de carinho.

-- Vai fazer “Ann” e “John” ouvirem Serge Gainsbourg?

-- Certamente... – Ela respondeu, baixinho e de repente chorando.

-- Odile...

-- Mickey, eu vou me casar!

A noticia foi como uma bomba para o inglês. Ao que parece, perderia sua amada francesa para sempre e continuava naquela infidelidade. Tentou de tudo pra parar e se convencer que Odile não lhe pertenceria em seu mundo. Ambos eram como galáxias. Ela é a Via Láctea e ele é Andrômeda. Distantes por anos-luz e diferentes. E são essas diferenças que Mickey ficava atraído por Odile.  Notando que o amante estava calado demais, resolveu quebrar o gelo.

-- Mon Amour...

-- Acho que não serei mais seu “amour”. – Disse, soturno.

-- Enquanto o grande dia não chega ou minhas chances de salvar minha relação com Basti se esgotar, ainda ficarei ao seu lado. Eu preciso de você e você precisa de mim!

As palavras eram simples e verdadeiras. Mickey afagou o rosto dela e a beijou de forma ardente e apaixonada, saboreando a boca dela em cada momento. À medida que o tempo passava, os beijos ficavam mais provocativos e cheios de paixão.

Passaram a noite juntos e outra vez Odile retornou a sua escrita. Naquele momento ela entendeu algo. O sinal, o pedido que havia feito no cemitério, está dando certo. Só que de maneira estranha. Desde que começou o relacionamento clandestino com Mickey, suas idéias borbulhavam numa incrível velocidade e para não deixar as idéias fugirem, escrevia de algum modo, a ponto de pegar o caderno do amado. E agora precisava agradecer.

-- Mon Amour... – Odile acordava Mickey. – Vamos sair hoje?

-- Para onde?

-- O cemitério de Montmatre. – Ela sorria. – Quero agradecer ao Truffaut.

Tomaram banho juntos e ali mesmo fizeram amor. Aparentemente esqueceram-se do que falaram na noite passada sobre o noivado. Na verdade Mickey procurava não demonstrar isso evitando sofrimento para ambos. Tomaram café e saíram do hotel, pegando um táxi que os levou ao cemitério. Ao encontrar o túmulo do famoso cineasta francês, encontraram um filhote de gato, cuja pelagem era negra e olhos cinzentos. O filhote miava quase incessantemente.

-- Didi, venha ver! – Mickey e Odile correram até o túmulo e pegaram o bichinho com cuidado. – Coitadinho, abandonaram ele aqui.

-- Ou se perdeu da mãe. – Odile segurou o filhote e fez carinho nele. Imediatamente afeiçoou com ele. – Vou cuidar dele, mon amour!

-- Esse filhote foi protegido pelo Truffaut. – Comentou Mickey, olhando para a lápide. – Merece ser cuidado por alguém como você.

Ambos sorriram e encerram uma parte do dia com Mickey voltando para o hotel e Odile seguindo para a casa, levando o gatinho, agora batizado de Meia Noite. Bastian chegou quase oito da noite e encontrou a noiva cuidando do novo mascote.

-- O que significa isso? – Questionou Basti, estranhando tudo

-- Encontrei esse filhote no cemitério. Adotei. – Ela disse, sorrindo.

-- Só você pra adotar um gato que encontra no cemitério.

Bastian observou mais um pouco e entrou no banheiro, deixando sua noiva entretida com “novo morador”.  Ela não conseguiu dormir mais uma vez pensando em Mickey. Desta vez o motivo era a partida dele. A semana se passou tão rápido que ela quase esqueceu que seu amigo voltaria para a Inglaterra.

E veio o sábado...

Odile aproveitou que Bastian retornou para a Alemanha e seguiu para o hotel. Bateu na porta do quarto de Mickey e ele abriu, recebendo a moça com um olhar diferente.

-- O que aconteceu? – Indagou Odile, preocupada.

-- Eu... Eu... – Mickey cambaleava como se fosse um bêbado, embora Odile não sentisse nenhum cheiro suspeito. – Tentei... tomar remédios...

-- Que remédios?

-- Esses! – Mostrou um pequeno pote contendo apenas cinco comprimidos brancos. – Acho que não exagerei o suficiente. 

-- Michael, por acaso tentou se suicidar?

Não houve respostas e mesmo assim Odile estava entendendo, com o silêncio dele.

-- MICHAEL! – Gritou Odile.

-- SIM! – Ele se irritou com a insistência dela. – EU TENTEI ME MATAR E TIVE MEUS MOTIVOS.

-- Você... não... – Ela o abraçou fortemente e chorou.

-- Acabou! Nosso sonho de verão, nosso filme...

Mickey dormiu um pouco na cama e Odile passou a cuidar dele. Afastou os remédios de perto dele e ainda o socorreu quando este acordou de sobressalto e correu para o banheiro e vomitou tudo.

-- Não faz mais isso, mon amour. – Odile dava banho nele enquanto Mickey estava submerso na banheira. – Estou aqui e ficarei com você até hora de ir embora.

-- E o Bastian?

-- Ele viajou para Munique. – Respondeu e depois foi até a cama, pegou a bolsa e dali tirou de dentro uma venda preta. – Vamos fazer umas experiências?

Mickey se secou devagar, escovou os dentes e saiu dali de roupão e viu Odile apenas de calcinha de renda vermelha e nas mãos tinha a tal venda.

-- Uau... – Surpreendeu-se. – O que pretende?

Ela colocou a venda nos olhos do inglês e sussurrou no ouvido dele.

-- Uma pequena experiência. Seja meu, agora!

Odile tirou o roupão dele e o beijou. Mickey provocou Odile passando a língua nos lábios macios da francesa e depois descendo com mais beijos e lambidas no pescoço. Ela o deitou na cama e continuou o carinho ardente. Mickey gemia demais e às vezes implorava mais aqueles carinhos. Ele se deliciava apalpando os seios e o ventre da amada e depois as pernas dela.

-- Mickey... – Ela se sentava nele e esfregava seu corpo no dele. – Quero você, mon amour.

Aos poucos iniciaram os movimentos, antes lentos e agora ficavam mais rápidos e prazerosos pro casal, sobretudo para Odile, que dominava o amante e o arranhava demais.

Depois a posição foi invertida e Mickey retirou a venda e continuou as estocadas, mirando os olhos de Odile com extrema paixão e gemendo no ouvido dela.

-- Eu te amo, Odile...—Disse enquanto a penetrava fortemente. – Eu... aaahh... Odile...

-- Michael... oohhh... mon amour... ahhh!

Atingiram o clímax, gritaram juntos e Mickey deitou-se por cima dela, respirando fundo pra recuperar o fôlego e ela também, ao mesmo tempo sorria.

-- Fica até segunda? – Odile tentava convencer seu amado a ficar.

Mickey pensou por uns minutos e por fim disse.

-- Segunda-feira volto para a Inglaterra e você fica comigo o fim de semana inteiro! E ainda faremos aquela cena do meu filme favorito!

-- Por acaso é... ai meu deus....—Odile ficou com medo.

-- Se me disser que é o da manteiga, sim. Mas vai ser de outro jeito e menos brutal. – Garantiu o inglês bocejando. – Agora vamos dormir. Boa noite, Didi.

-- Boa noite, mon amour! – Adormeceu abraçada nele.

Os dois acordaram juntos, tomaram banho e Mickey aproveitou para pedir o café da manhã e fez algumas ligações. Odile ligava para Bastian, mas não conseguia. Resolveu enviar uma mensagem a ele.


Vou ficar aqui com minha mãe em Lyon.
Segunda-feira vamos conversar seriamente. É sobre o noivado.
Beijos, Odile

Ao final da mensagem, guardou o celular e recebeu o café da manhã do hotel e arrumou a mesa. Mickey ainda conversava no celular. Ficou pensando na noite passada sobre reproduzir a cena do filme favorito dele. É sem dúvida o momento mais tenso, porém tinha um toque de erotismo. Por mais que o inglês garantisse que seria menos traumatizante, ela ainda tinha receios maiores. Enquanto isso ela via o rosto de Mickey mais sorridente.

-- Não precisa fazer isso, Fefe. Só reserve meu quarto e eu mesmo reformo!

-- É melhor assim! Então, amanhã irei ao aeroporto e te busco.  Até mais, meu primo!

-- Até amanhã!

Com o fim da conversa, Mickey e Odile ficaram assistindo o filme favorito dele, ao mesmo tempo Odile apertava a mão do amado ao ver a famosa cena que para muitos cinéfilos como ela, se tornou marcante e tensa. Mickey percebeu isso e ao fim do filme, desligou a televisão e o aparelho DVD. Verificou se na mini mesa de comida que o hotel deixa havia ali uma manteiga e estava ali um restinho. Levou até o quarto do casal e deixou na cômoda ao seu alcance.

-- Mickey! – Odile respirava fundo por conta do medo. – Eu não sei se estou preparada... Ali no filme...

-- Amor, aquilo visto no filme foi realmente tenso. O que vamos fazer... vai ser igual e ao mesmo tempo diferente.

Mickey pegou o celular e tocou a música Je T'aime Moi Non Plus. Odile sorriu e olhou bem nos olhos do amado, aproximou-se dele e deixou o roupão cair no chão, revelando sua nudez. Ele fez o mesmo.

 

Ela deitou-se de bruços, esperando pelo amado. Ele ficou na cama e pegou um pouco de manteiga do pote e em seguida besuntou a área abaixo do quadril de Odile.  Se deitou por cima da amada e ainda massageou as costas, deixando tranqüilizada e deu uns beijos no pescoço dela.

 

-- Sinta tudo... – Ele dizia enquanto a penetrava por trás com cuidado. – Meu amor!

Enquanto a música de Serge Gainsbourg embalava o casal, o clima começou a esquentar para ambos. Mickey segurava as mãos de Odile e ela gemia mais de prazer.

 

-- Ma chérie je t'aime. Il est seulement le mien et personne d'autre! (Minha querida, eu te amo. Seja só minha e de mais ninguém!) – Ele se declarava em francês, para o deleite de Odile.

 

-- Michael... – Ela gemia e ao mesmo tempo reunia as palavras necessárias. -- Je serai votre femme, votre ami, votre bien-aimé. Reste avec moi, mon amour! (Serei sua mulher, sua amiga, sua amada. Fica comigo, meu amor!)

 

E quanto mais Michael avançava, mais perto do prazer máximo eles sentiam. Odile implorava mais por palavras dele e o amante não negava e também virava o rosto dela para mais beijos quentes e provocantes. Acabaram atingindo o topo do prazer juntos e Mickey saiu de cima dela e Odile se virou, beijando direito o inglês suado.

 

À noite Michael praticamente recitou os poemas escritos e Odile enfim conseguiu finalizar mais uma parte do roteiro e tomaram banho juntos para depois irem dormir.

 

E segunda-feira amanheceu. No hall de entrada, Michael assinava o protocolo de hospedagem e acertava o pagamento. Esperou ali o táxi.

 

-- Vou voltar a minha realidade. – Disse, cabisbaixo. – E você para o seu noivo.

 

Odile chorava. Não queria de modo algum que Mickey fosse embora.

 

-- Se eu te reencontrar, promete que vamos ficar juntos? – A indagou.

 

-- Prometo, mas até lá, não cometa meus erros e nem erre com seu futuro marido. – Ele a beijou e depois embarcou no táxi recém chegado. – Obrigado por me receber na França, Odile Greyhound. Eu te amo!

 

-- Eu que agradeço, Michael! Eu te amo e obrigada por me inspirar! – Despediu-se dele e o táxi seguiu para o aeroporto.

 

Ela ficou um bom tempo observando até o táxi sumir e depois seguiu caminhando pela Champs-Élysées, se lembrando dos momentos ao lado do inglês, que antes era seu amigo, virou algo mais: um amante e um namorado. Chegando ao apartamento da irmã, encontrou o gato Meia Noite tomando leite na tigelinha branca. Sentou no sofá e chorou.

 

-- Mickey... je t’aime!

 

Por mais que fosse seu desejo de ter novamente o inglês, agora as coisas eram diferentes. Ela tinha Basti e o noivado. Mickey aparentemente era abandonado. O que poderia acontecer com ele em seu retorno a Inglaterra?

Ao chegar a Londres, Michael foi bem recebido por Felicity e Chris Romanov, seu amigo de infância e os três tomaram café juntos. Ao fim da tarde ele se dirigiu para a casa dos pais. Ainda no carro, comentou com a prima.

 

-- Eu juro que vai ser a última noite nesta casa. – Disse em tom grave. – Amanhã vou morar com você, prima.

 

-- Tudo bem. – Os dois saíram do carro e ela abriu o porta-malas, tirando de dentro as malas de Mickey. – Se não conseguir ficar aí, me liga ou pro Chris.

 

-- Eu agüento!


Felicity foi embora e Mickey entrou na casa com receio, olhando tudo ao redor. Aparentemente tudo normal e calmo. A televisão ligada, um cheiro forte de comida. Deduziu rápido que se trata de uma lasanha. Pensou em ir à cozinha, mas preferiu subir as escadas e entrar pro seu quarto. Chegando lá, abriu a porta e encontrou sua mãe, Mary, lendo um dos cadernos de Mickey guardado na escrivaninha.

-- Mamãe! – Ele disse.

-- Michael! – Ela largou o caderno e se aproximou do filho. – Como você está?

O rapaz se surpreendeu com toda a atenção da mãe. Quando avisou que ia viajar, ninguém havia dado bola, exceto seus amigos e Felicity.

-- Errr... bem. Me sinto melhor, eu acho! – Respondeu o filho, um tanto sem jeito e pegando as malas e as deixando na porta do roupeiro.

-- Como foi de viagem? – Mary sorria, transbordando de alegria por ver seu filho.

-- Bem emocionante. – Respondeu, demonstrando empolgação. – Paris é uma cidade brilhante!

Mickey se sentou na cama, perto da mãe, que segurava o caderno dele, cheio de poemas e outros textos. Um silêncio pairou entre eles e Mary começou a chorar e abraçou o filho.

-- Estou feliz que tenha voltado para nós, meu filho! – Ela se emocionava nas palavras.

Mickey também tinha vontade de chorar e retribuiu o abraço, sorrindo.

-- Me perdoa por tudo, mãe!

-- Já está perdoado faz tempo, Michael! – Ela parou de chorar e se acalmando, voltou a fitar o filho. – Houve mais coisas nesta viagem? Tipo uma namorada?

-- Sim... – Ele se lembrou de sua amada francesa. – O nome dela é Odile. Ela é a criatura mais maravilhosa que conheci. Ela é bondosa, compreensiva e tão inteligente. Ela adora muitas coisas e de alguma forma nos completamos.

-- E o que aconteceu com ela? – Mary estava curiosa.

-- Eu a deixei. Poderia trazê-la aqui, contudo, o destino não quis. E ela tem um noivo alemão.

-- Ah meu filho, que pena. – Ela o abraçou mais uma vez. – Este tipo de coisa acontece. Tudo passa, Michael.

-- Eu sei... – Comentou, olhando para a janela e depois para a mãe. – Onde está papai?

-- Trabalhando no restaurante. Ele volta à meia noite. --  Depois Mary fechou a janela. – Quer jantar, Mickey? Preparei uma lasanha.

-- Eu quero!

Jantaram e seguiram a conversa sobre a viagem e Odile. Mary cada vez mais adorava a narrativa do filho e perto da meia noite, ele foi tomar banho, escovar os dentes e por fim dormir. Sonhou com Odile, se reencontrando e recuperando todo o amor que foi deixado em Paris.

Enquanto isso em Paris, Odile passou o dia inteiro passando mal, a ponto de não sair de casa e Bastian cuidou dela. Não suportando tudo aquilo, levou para o hospital. Uma hora depois o doutor que cuidou de Odile, anuncia para os dois.

-- Meus parabéns! – Lendo o exame de sangue de Odile. – Está grávida, fraülein Odile!

-- Ouviu isso, meine liebe? – Basti alegrou com a noticia. – Seremos pais! Eu vou ser pai!

Odile procurou sorrir e foi abraçada pelo noivo. No fundo ela se sentiu culpada. Prosseguir com o noivado e ainda Basti assumindo um filho que não é dele. Ela precisava acabar logo.

Mickey acordou cedo para arrumar suas roupas e por fim o quarto. Não quis tomar café e apenas consumiu uma fruta que pegou na cozinha. Ao sair do local, deu de cara com o pai na sala, lendo o jornal.

-- Michael! – Chamou o pai.

-- Sim?

Tony se levantou do sofá e deixou o jornal na mesinha da sala e caminhou em direção ao filho.

-- Está tudo bem? – Questionou o pai, com o rosto sério.

Desde pequeno Mickey teve medo do pai, embora soubesse do lado bondoso dele, sempre amando a esposa e os filhos e toda a família.

-- Sim. – Respondeu e depois desviou o olhar para as escadas. – Só irei ao meu quarto e arrumar minhas coisas.

-- Mal voltou de viagem e já vai para outro lugar?

-- Não exatamente. Só quero resolver uns assuntos referentes ao meu trabalho. – Disfarçou.

Ele subiu as escadas, mas parou na metade ao ver o pai olhando para a janela, cabisbaixo. Mickey se aproximou dele e se juntou para apreciar a vista.

-- Você tinha razão. – Comentou o pai. – Por mais que as perdas nos machucam, não podemos deixar isso nos atrapalhar.

O filho não disse nada e só ouvia. Se encararam por algum tempo e Tony o abraçou, não contendo as lágrimas.

-- Já perdemos uma filha... Não queremos perder você!

-- Pai... – Mickey também chorava. – Eu sou mesmo culpado.

-- Não, meu filho. Ninguém tem culpa. Mas eu sou. Por renegar você! Sou eu que devo pedir perdão!

Não foi preciso Mickey aceitar. Ele abraçou o pai e Mary viu essa cena, se junto aos dois num enlace familiar. Naquela tarde, o jovem telefonou para a prima, avisando sobre a mudança.

-- Eu vou ficar aqui com eles, Fefe. – Disse Mickey, enquanto guardava as roupas no armário. – Sinto que precisam de mim.

-- Isso é lindo, Mickey. Entenderei perfeitamente. Neste caso, a parte vazia do apartamento, vou transformar num estúdio artístico e uma mini biblioteca. Contudo se mudar de idéia, estou aqui!

-- Obrigado, prima! Até mais!

-- Até mais!

Ali mesmo uma nova vida para Michael surgia.

Três dias depois da descoberta da gravidez Odile tomou uma decisão: falar a verdade para Bastian. Sabendo que poderá causar decepção, a roteirista preferiu contar antes que as coisas saiam do controle. Quando o noivo apareceu na sua casa, ela o puxou para a sala e se sentaram, encarando nos olhos. Odile retira o anel e entrega para ele.

-- O que significa isso?

-- Acabou, Basti.

O jogador arregalou os olhos e pensou por breves momentos que poderia ser alguma piada ou até mesmo um lapso emocional de Odile.

-- Eu fiz alguma coisa de errado?

-- Não. – Ela respondeu. – Eu fiz. Não deveria mas...

-- Seja lá o que tenha acontecido, te perdôo, meine liebe.

-- Até mesmo minha traição?

Novamente o silencio tomou conta deles.

-- Traí você com outro... Esse filho é dele, não seu. – Ela chorava e limpava os olhos, evitando mais lágrimas.

-- Mesmo assim vou assumir! – Bastian estava determinado em ficar ao lado de Odile, mesmo que ela rompa o noivado.

Naquele instante ela chorou muito e foi consolada.

-- Bastian, me perdoa por traí-lo. – Encarando os olhos azuis dele, continuou a falar.

-- Está perdoada. – Dizia, calmamente. – Apenas me deixe assumir seu filho.

-- Se você assumir, será um erro. Um erro visível. – Odile tentava persuadir o ex-noivo de fazer isso. – Todas as vezes que olhar pro bebê, você verá que ele não é seu.

-- E quem garante que o verdadeiro pai vai aceitar?

-- Porque eu sei. Mickey e eu demonstramos esse sentimento e gerou nosso filho. Ele vai aceitar.

Ali mesmo Odile contou para Basti sobre Michael, como se conheceram por acaso no cemitério de Montmatre e os encontros. Apesar do ciúme, ele aceitou o fim do noivado, mas garantiu que a criança ele mesmo vai assumir, independendo se o pai biológico aceitará ou não.

1 ano depois...

Mickey conseguiu recuperar sua auto-estima e após concluir sua tese para a universidade, recebeu o diploma, mas não quis exercer a função. Abandonou Psiquiatria e resolveu tentar algo mais. Por cerca de um ano dedicou-se em escrever um livro, baseado em sua vida, com todos os acontecimentos desde o acidente que vitimou sua irmã até a viagem a Paris, no qual ele considera ter sido uma cura geográfica.

No quarto ele guardava as folhas datilografadas e as organizava quando sua mãe apareceu, trazendo café.

-- Esqueceu da refeição matinal? – Mary sorria para o filho e deixou a bandeja com café da manhã na mesa.

-- Obrigado, mãe. – Agradeceu. – Estou tão empolgado com meu primeiro livro que nem sei o que é café.

-- Está bem. E procure guardar suas folhas aqui.  – Mostrando uma pasta amarela que Tony havia comprado na semana passada.

Mickey guardou os manuscritos e quando se preparava para tomar café, eis que o celular toca.

-- Alô?

-- Como vai, primo? – Era Felicity, sua prima.

-- Ansioso. – Ele respondeu e depois tomando um gole de café. – Já terminei meu livro e só falta enviar para a editora.

-- Maravilha! Assim que for lançado, serei uma das primeiras a ganhar seu autógrafo!

-- Não tenha dúvida disso.

-- Mickey, tenho um convite para você. Quer vir comigo numa viagem a Paris?

Ele não respondeu. Só de falar na capital francesa, lhe remetia Odile e os encontros amorosos.

-- Alô, Mickey? – Fefe havia ficado preocupada.

-- Me desculpe.... – Voltando à realidade. – O que fará em Paris?

-- Preciso comprar umas obras de arte e como você conhece a cidade um pouco melhor, precisarei da sua ajuda. Você vem?

Mickey outra vez silenciou-se e olhando para a mãe, respondeu.

-- Aceito. Quando partiremos?

-- Não me chame de apressada. Vamos amanhã. Te pego às 10h.

-- Vou esperar.

Desligando o celular, questionou a mãe.

-- Fefe me convidou para ir a Paris com ela. – Respirou fundo e continuou. – Acha que poderei encontrar Odile?

-- Não vejo por que não tentar. – Disse a mãe,  arrumando a cama. – Vale a pena, meu filho. Se ama mesmo essa garota francesa, traga de volta em sua vida!

No outro dia, Mickey se despede dos pais e embarca com Felicity no táxi que os leva para o aeroporto. Depois do check in, esperaram a hora do embarque. Mickey viu que a prima assistia um seriado online no tablet.

-- Ainda no Grey’s Anatomy? – Mickey se lembrou de sua ex-namorada, Anastacia, que adorava ver o seriado de médicos e o inglês era obrigado acompanhar.

-- Nem pensar. Nora e Marie sim, eu não! – Resmungou a fotógrafa. – Nada contra, mas sinto falta é do E.R.

-- Sou a favor. Ultimamente assisti Outlander e Penny Dreadful. – Comentou. – Lembro de a Louise assistir esse seriado com outro namorado.

-- Qual deles? James ou... o alemão? – Perguntou com certo desprezo ao mencionar o último.

-- Gerd. – Respondeu. – O nome dele é Gerd e não “alemão”. – Corrigiu Mickey.

-- Desculpe. Ele é seu amigo...

-- Me desculpe, mas Gerd nunca foi meu amigo. Aturei como cunhado até ele trocar minha irmã pela Alice. Ele pode ter sido meu amigo em alguns momentos, mas não com aquela amizade legal que tenho com Christopher.

Felicity deu de ombros depois disso. No passado ela foi apaixonada por Gerd e isso na época quando ele namorava Louise. O relacionamento da prima era uma das mais complexas. Quando o namoro terminou, ela se entregou de corpo e alma para James Stone, irmão de Alice e cunhado de Gerd, já que ele namorava a irmã deste. Certo dia, Felicity e Mickey foram ao estúdio musical para ajudar afinar os instrumentos quando ouviram alguns ruídos vindos do banheiro.  Os dois primos foram investigar e quando abriram a porta se surpreenderam quem eram as pessoas e justamente Louise e Gerd se amando, deixando todos boquiabertos e chocados.

No avião, Mickey puxou conversa com a prima.

-- Não está lembrando-se daquele dia, não é?

-- Do dia que vi Lulu traindo Jim... com o ex-namorado? – Dando pause no seriado. – Eu esqueci aquilo. O que não consigo esquecer...

Calou-se. A mais dolorosa das recordações de Felicity não foi o flagra e esconder a infidelidade de Louise. E sim outro fato. Antes de Gerd se unir a Lulu, Fefe teve breves momentos amorosos com o alemão, no qual resultou na gravidez dela. Algo imperdoável...

FLASHBACK ON

Gerd se encontrava impassível com a revelação. Felicity chorava.

-- Tem certeza que esse filho é meu? – Indagou.

-- IDIOTA! – Acertando um tapa na cara dele. – Você foi o primeiro em minha vida!

Não disseram mais sobre o assunto. Por cerca de duas semanas, Fefe escondeu de todos sua gravidez. Apenas Mickey e Nora sabiam disso. Até que um dia, Gerd reaparece.

-- O QUE? – Ela se indignou. – NÃO FAREI ISSO NEM FERRANDO!

-- É o único jeito! Nem eu e nem você queremos esse bebê. – Ele dizia, bravo. – É para seu bem, Felícia!

Na época Felicity não tinha noção das decisões e acabou cedendo a isso. Depois do fatídico dia onde seu filho nunca viu o brilho do sol, ela se decepcionou com tudo, com a vida. E passou a se dedicar no trabalho e ajudar seus amigos. Quando Mickey se sentiu abandonado pela família por causa da morte de Louise, ela foi a primeira lhe prestar apoio e solidariedade, juntamente com os amigos dele.

FLASHBACK OFF


Mickey abraçou a prima, fazendo-a parar de chorar.

-- Esquece tudo isso, minha prima. – Ele dizia. – Já passou!

Durante a viagem, Mickey e Fefe adormeceram por algumas horas até chegarem a Paris, quase anoitecendo. Ao pegarem as malas, pegaram um táxi que os levou para o mesmo hotel onde o inglês ficou durante uma semana.

Apenas restava o novo dia. E Mickey está decidido a encontrar Odile novamente. No hotel os dois primos ficaram em quartos separados no Chevalier. Mickey observou a paisagem parisiense e lembrou-se de Odile. No outro quarto, Fefe se deitou, procurando esquecer seu passado. De repente seu celular apita com duas mensagens ali. Uma era de Marie, convidando a amiga para tomar chá na casa dela. A segunda mensagem era de um número desconhecido.

Olá, “Ramona”. Lembra de mim?
Faz muito tempo que não conversamos. Estou com saudades.
Com amor, F.

-- Depois de muito tempo, ainda sabe do meu número... – Comentou Felicity, relendo a mensagem e voltando a dormir.

No outro dia, tomaram café e saíram do hotel rumo a casa de Marie. Durante o trajeto no táxi arranjado por Felicity, os dois primos não trocaram uma palavra. Mickey só observava as ruas e ao mesmo tempo com a lembrança de Odile e um desejo de reencontra - lá.  Felicity trocava mensagens com Marie e a “outra pessoa”.  Para a amiga francesa, dizia assim:

Estou levando meu primo para a visita. A sua irmã está aí com você?
Espero que sim, pois Mickey não pára de falar nela.
Vamos ver o que vai acontecer nesse encontro deles...


Já com a “outra pessoa”,  Fefe não poupou palavras.

Olá F. Você ainda existe?
Achei que tinha ido para Marte porque você nunca mais me deu notícia!
Ramona

Em seguida desligou o telefone e ao chegar na casa de Marie, foram bem recebidos por ela e o namorado alemão, Uli Hoeness. Entrando ali, viram ali outras pessoas, possivelmente amigos de Marie. Nora Smith, amiga de longa data de Felicity estava entre os convidados, Belle Blue e seu namorado, Bobby Charlton. Giles Mackenzie, um dos grandes amigos de Mickey se encontrava ali e recebeu o amigo de braços abertos.

-- Michael! – Abraçaram-se. – Como você está?

-- Bem melhor do que antes, Giles. E desta vez não com cara de esquizofrênico e estou bem apresentável. – Disse, bem divertido.

De tão entretido com a conversa do amigo que Mickey não havia notado que entre os convidados estava o amor de sua vida. Odile conversava com Felicity e avistou Mickey. A falta de coragem impediu a roteirista de se aproximar. Marie e Fefe resolveram tentar ajudar. Marie levou a irmã para o quarto e deu o sinal para a galesa levar o primo no mesmo lugar.

-- Mickey. – Chamou Felicity. – Tem uma pessoa que quer te conhecer.

A principio, o primo mais velho achou que era mais uma das tentativas de Fefe de arranjar alguém para ele. Evitando mais problemas, resolveu aceitar e pedindo licença a Giles, se retirou da sala junto da prima e chegou ao corredor com os quartos e abriu a porta de um deles.

-- Devo entrar aí? Tem certeza? – Perguntou, receoso.

-- Sim. – Respondeu, sorrindo. – Essa pessoa te conhece muito bem.

Em seguida fechou a porta, deixando Mickey ali dentro. Ele ligou a luz do quarto e revelou ser ela. Mickey se recusava acreditar que sua visão revelasse o seu desejo, ali na sua frente. Fitou-a por dez minutos, certificando-se que não é um engano ou alucinação causada pelas doses dos remédios que tomava no passado. Contudo, apenas o olhar não bastava. Ele caminhou até ela e tocou-lhe a mão dela.

-- O que foi? – Ela questionou. – Eu não sou real?

Mickey se emocionou por saber que é realmente ela. Sua amada francesa, a roteirista por quem se apaixonou, descobriu uma nova visão da vida, uma razão para se viver.

-- Meu deus... – Ele chorava. – É você mesmo, Didi. Minha Didi!

Se abraçaram forte e Mickey tomou os lábios dela num beijo desesperado e se deitaram na cama, ainda aos beijos e abraços, sem se importarem com os convidados ou se iriam dar por falta.

Enquanto isso nas visitas, Nora contava para Marie sobre o rapaz alemão que conheceu em Berlim e o quanto seu sorriso era apaixonante. Fefe se sentiu um pouco deslocada e foi até o jardim, onde ficou um pouco sozinha e ainda verificou no celular as mensagens. Pelo visto, “F” não desistia.

Eu sei que errei com você.
Em alguns momentos nós dois fomos felizes. E eu nunca deixei de te fazer feliz.
Principalmente naquela fase que você passava...
Sinto falta de sua companhia, das conversas de madrugada...
Com amor, F.

Antes de responder a mensagem, ela é surpreendida por Nora.

-- Ai que susto! – Desligando novamente o celular. – Ao menos me avise.

-- É ele de novo?

-- Não sei de quem está falando. – Disfarçando.

-- Ora, falo do rapaz chamado F...

-- Não fala o nome dele, Nora! Preciso falar com Mickey.

Antes de entrar novamente na casa, Marie se despedia dos convidados e do namorado, restando apenas as 3 amigas.

-- Onde está meu primo?

-- Vem comigo! – Marie levou Fefe e Nora para o corredor e ouviram algo vindo de um dos quartos.

-- ... Oh meu deus... como senti falta disso...

-- Parece ser a Odile... – Comentou Nora.

-- OH Odile... Ah... Eu te amo, te amo... ahhh...

-- Agora é o Mickey... gritando?! – Disse Fefe, olhando para as duas, que riam da situação.

-- Ah não, vou tirar o bebê do quarto antes que esses dois... – Ouviram então o choro de criança. – Minha nossa eles o acordaram!

No quarto, Odile se desvencilhou de Mickey e correu para cuidar do bebê.

-- Oh Niki... – Balançando o bebê de um lado pra outro. – Não chora, a mamãe está aqui.

Mickey achou tudo lindo e perguntou.

-- Seu filho?

-- Sim. – Respondeu. – E seu também.

O inglês ficou um pouco chocado.

-- Como assim? Ele não é filho do Bastian?

-- Michael, tive só uma noite com ele e com você foram várias vezes. Veja! – Mostrando o bebê.

Mickey segurou o bebezinho e viu mesmo que é seu filho. Os olhos castanhos negros como duas pedrinhas obsidianas, o cabelo preto e o sorriso.

-- É mesmo... – Se emocionou. – Qual o nome dele?

-- Nikolaus. Vem do nome Niki Lauda, piloto da Ferrari que admiro muito.

-- Bem, então vou me apresentar para ele. – Depois olhando pro menino. – Como vai, Niki? Eu sou Michael, sou seu pai!

Odile chorou ali e abraçou o amado. Mickey mostrou seu filho para a prima e as amigas desta. Mickey também conheceu dias depois o ex-namorado de Odile, o tal Bastian e logo se deram bem e poucos meses após isso ele e a cineasta se casaram numa cerimônia simples. No mesmo mês, ela lançou seu filme no Festival de Cannes.

Meses depois...

Os dois já em casa, cuidavam do pequeno Niki e em seguida foram para o quarto.

-- Quero escrever outro roteiro, mon amour! – Disse Odile, aninhada aos braços do marido.

-- Eu sei de um remédio pra isso. – Disse ele, malicioso. – Sabe qual é?

-- Não.

-- Se chama “Michael”. – Em seguida beijando a amada, amando-se de forma intensa e mais apaixonada.

Desta paixão, eles conseguiram inspirar um ao outro ao mesmo tempo à paixão nunca se acabava. E para eles, era muito bom.




FIM