Boa noite, pessoal!
Hoje o capítulo tá bombando. E tô na vibe ainda de Castlevania (Reborn vai voltar). Boa leitura.
PS: tem dobradinha de lutas e um casal yaoi a vista!
Parte 16
Fefe acordou ofegante e assustada. Era dia em Londres. Na
noite passada dormiu tarde por conta do evento assustador. Na realidade seu
corpo não estava tão habituado a dormir pela noite. Em seu casamento com
Manuel, ela dormia de dia e só acordava no início da tarde, para seus afazeres
domésticos e cuidar das crianças. E agora o que restou dela?
Neste momento o criado Sembene abriu a porta, trazendo uma
bandeja com o café da manhã.
-- Bom dia, senhorita.
-- Bom dia.
Ela se ajeitou e se alimentou. Em seguida chorou.
-- Me desculpa...
Neste momento, seu irmão mais velho, Moses, entrou no quarto
e vendo a irmã chorando, consolou e dispensou Sembene.
-- Nada do que aconteceu é sua culpa. – disse ele.
-- Até mesmo a morte do meu marido?
Moses havia previsto isso meses atrás e tocou a mão da irmã,
sentindo um enorme peso de culpa, tristeza, ressentimento e dúvidas. Além de
profeta, Moses tem uma capacidade de sentir o que realmente as pessoas sentem
ao toca-las. Um empata.
-- Ele a protegeu. Foi um homem honrado.
Uma hora depois, ela estava arrumada e de banho tomado. Moses
e Serguei prontos para sair.
-- Já voltamos, Felicity. – avisou Serguei.
Logo que saíram, Fefe sentiu a presença de uma terceira
pessoa. Viu uma mulher de cabelo curto e usando roupas masculinas.
-- A irmã do Moses... – comentou a garota, se aproximando da
profetisa e cheirando ela. – Você cheira a banho tomado, campo úmido e um pouco
de luxúria.
-- E você é Mary McGlory.
-- Sabe o que sou?
-- Uma loba. Conheço pessoas como você. Em Munique.
Mary puxou Fefe para a mesa. E confidenciou.
-- Eu quero ir para lá. Reencontrar a alcateia inglesa que
vive. Você os conhece?
-- Talvez.
-- Se não for pedir muito, convença o Moses de ir com você.
Eu quero ir para lá, mas não posso abandoná-lo. Ele é meu imprinting.
Fefe não respondeu, mas internamente prometeu ajudar Mary. Só
não garantia se Moses aceitaria a proposta...
Munique
Mike olhava para janela e pensava em Alana. A cada dia que
passava, a saudade pela loba aumentava. Ela sabia que tinha culpa e ao mesmo
tempo não. Ele nunca foi interessado em Alberta Mann, mesmo ela sendo bonita.
Desde a batalha da retomada da Ilha dos Lobisomens, ele cogitava em ir atrás da
amada e traze-la de volta em sua vida. Se Gerd Müller, o chamado de “sacripanta”,
foi capaz de recuperar Louise, ele mesmo pode trazer Alana. Pensou em avisar os
amigos e quem sabe os próprios irem com ele nesta jornada. No entanto, lembrou
das esposas e filhos. Davy e Dianna criavam as gêmeas Cecilia e Rebecca e agora
Di está grávida novamente e o vampiro adotou Freddie, o filho de Louise, como seu
próprio após a morte desta. Micky era outro que é pai de dois filhos com Emma e
está criando Karin, a filha vampira de Felicity e Manuel. Peter e Erin tinham
Sally contudo, o feiticeiro ainda estava de luto pelo fazendeiro vampiro e
tinha certas dúvidas com relação aos seus sentimentos.
Diante destes pensamentos, reconsiderou em chama-los e
decidiu seguir sozinho. Mike era um lobo experiente em longas viagens. Levava
apenas algumas armas cortantes, um pote de ervas medicinais e uma bússola.
Micky passou pelo quarto de Mike e assistiu tudo.
-- Para onde vai?
-- Encontrar Alana. Me acertar com ela e trazer de volta para
a Ilha.
-- Não acha perigoso? Podia ter falado para mim, Peter e
Davy?
-- E suas esposas e filhos? – replicou Mike. – Não posso
exigir isso. E duvido que o pessoal do Moore me ajude. Muitos estão sofrendo
com as baixas que tiveram na batalha.
Antes de falar mais, Peter e Davy viram a cena.
-- Onde você vai? – perguntou Peter.
-- Buscar Alana.
-- E sabe para onde ela foi? – foi a vez de Davy perguntar.
-- Não. Eu vou farejar o rastro dela. Não deve ser difícil.
-- E se não encontrar? – indagou Micky, preocupado.
Tanto Davy quanto Peter perceberam algo no ar e se retiraram
do quarto, fechando a porta.
-- Sei me cuidar, Micky.
-- Mike, eu me preocupo com você. Está totalmente vulnerável a
qualquer coisa.
-- Não estou.
-- Mike...
-- Micky!
Eles se olharam. Realmente algo entre eles acontecia. Micky
beijou Mike na boca com uma vontade imensa de fazer o lobo ficar. O beijo durou
cinco minutos. Tempo suficiente para Micky entender.
-- Me desculpa!
-- Micky...
-- Você ama mesmo Alana. E faria qualquer coisa para
resgata-la e seu filho. Independente do que for.
-- Quer ir comigo, Micky?
Não foi preciso uma reposta. O lobo da Califórnia aceitou na
hora. E na sala, estava mais do que definido quem ajudaria Mike.
-- Vocês também?
-- Falamos com nossas esposas e elas aceitam nossa decisão. –
disse Davy.
-- Erin pediu apenas algo para mim. Que traga Alana imediatamente.
– respondeu Peter.
-- Eu também irei com vocês. – Renée se prontificou.
-- E Mike, se importa se mais um for conosco?
-- Quem?
Minutos depois o quarteto e mais Rénee estavam diante da
porta principal do castelo Beckenbauer.
-- Espero que não seja quem estou pensando. – resmungou o
lobo texano.
-- Eu também não o quero! – Davy passou a culpar Gerd pelo sacrifício
de Louise.
-- Não é para ele que estamos pedindo ajuda.
Bateram na porta e foram recebidos por Oliver Kahn.
-- O conde foi caçar, mas chamarei o Dr. Cruyff.
Esperaram no hall de entrada pacientemente e nas escadas
avistaram Johan descendo, tentando vestir uma camisa e a calça quase caindo.
Peter deduziu que ele estivesse acompanhado, mas de quem? Davy leu a mente do
médico e se constrangeu em dobro. Primeiro por saber quem era que o doutor dava
atenção e segundo.... poderia prejudicar Mike.
-- Peter... Pessoal... – o médico se recompôs. – Aconteceu algo?
-- Você quer nos ajudar a resgatar Alana Watson? – convidou Peter.
– Ela é esposa do nosso amigo, Mike Nesmith.
-- Por mim tudo bem. Só que... Por que precisam de mim?
-- Precisaremos de um médico, caso algo nos aconteça e
ninguém melhor do que você com conhecimentos medicinais pode nos ajudar.
Johan não se opôs, contudo, teve medo que algum dos amigos de
Peter descobrissem que ele estava dormindo com Alice Stone e lhe denunciar para
Mike.
Londres
Naquele fim de tarde Felicity saiu um pouco sozinha para
caminhar. Entrou numa biblioteca e ao pegar um livro qualquer, outra mão lhe
encosta, no intuito de pegar também o livro. Ela vê o dono. Um rapaz pálido com
uma marca de costura no rosto, loiro e usando sobretudo preto e pesado.
-- Pode pegar, senhorita. – disse em seguida se afastando. –
É “Madame Bovary”. Muito bom.
-- Eu nunca o li.
-- Deve ler.
Fefe se afastou dele e saiu da biblioteca. O tempo que ficou
na floresta, longe da civilização e cuidando de uma fazenda, um marido e dois filhos,
a fez desacostumar com o contato de outras pessoas. Interagir. Voltou para casa
e ficou no quarto, pensando sobre sua vida.
Voltando para casa, se acalmou no quarto. Moses sentiu a presença
da irmã.
-- Fefe...
-- Não consigo.
-- O quê?
-- Conversar com as pessoas normais. – ela parou de chorar. –
As últimas que conheci foram lobos, vampiros, feiticeiros, alquimistas e
cientistas.
O irmão a abraçou e depois de um tempo, perguntou sobre sua
vida.
-- Você lembra do Manuel?
-- O fazendeiro que vendia chocolate, verduras e legumes na
rua? Eu lembro.
-- Ele virou um vampiro. E me casei com ele. Tivemos dois
filhos.
-- E o que houve com ele?
-- Assassinaram meu marido.
Moses pôde entender o sofrimento dela.
-- Foi... O barão?
-- Sim. – Ela suspirou e após isso, tentou falar sobre o
assunto que Mary McGlory havia pedido. – Sei que não quer ir a Munique, mas
seria melhor para nós, irmão.
-- Eu não tenho essa coragem. – Disse Moses, receoso.
-- Tem a mim e a loba.
-- Mas...
-- Afinal de contas, o que te prende, Moses? – se exaltou a
profetisa.
-- Eu quero saber quem matou nosso pai!
Fefe se chocou. Será possível que depois de todos aqueles
anos de tortura psicológica e verbal, com direito agressão física, Moses se
importe com Robb, o pai deles.
-- Você não quer saber? – Ele perguntou.
-- Não. Eu não nego que fiquei triste em saber que ele morreu,
mas por um lado estou aliviada.
-- Ele é nosso pai.
-- Não interessa! Ele fez coisas contra mim. Me odiava por
ter esse poder. Me forçou a casar com o conde pra manter as aparências. Me batia,
me humilhava, me fazia chorar seja na frente de todos, seja sozinha e até teve dias
que ele me trancou num sótão sujo, passando fome e sede. E ainda quer que eu
diga que me importe com ele porque é meu pai? Nunca espere isso de mim, Moses.
Moses se calou. Era óbvio que a irmã não teria esse pensamento.
Contudo, ele tem e sabia que envolvia algo muito além de suas habilidades...
Nuremberg
A alcateia de lobos que vive na floresta de Nuremberg ficara em
volta das duas lobas. Jason se escondia nos braços de Gram Parsons e todos
estavam apreensivos.
-- Não sabia que estava viva. – dizia Kathy, maléfica. – Achava
que tivesse morrido quando Harry e Edward sofreram aquele ataque dos vampiros
do Barão Lauda ou até mesmo não sobrevivesse sem uma alcateia para acolher.
-- Eu posso muito bem viver sozinha. Só com meu filho. Mas
você ficou dependente de homem. Ainda bem que o Hillman largou você.
-- Ora, sua...
O ataque das lobas começou. Kathy na sua forma lupina,
arranhou Alana e mordeu forte a orelha e as patas. A loba menor se esquivava e num
rápido movimento empurrou forte Kathy, atingindo num tronco de árvore e
arranhando bastante a inimiga. Voltando a forma humana, as duas se encaram.
Alana cheia de feridas no rosto e as mãos sujas de sangue e terra. Kathy suada
e com a roupa rasgada.
-- Não vou deixar barato. – Kathy se enfureceu e parte para
cima de Alana.
Alana entrou em desvantagem. Kathy era 7 centímetros mais
alta e em combate corpo a corpo, era mais habilidosa, enchendo a loba
liverpooliana de pancadas. Todos compadeciam por Alana, com exceção de Roger McGuinn,
que desejava que Allie morresse de qualquer jeito. Ainda deitada, ela pensou que a derrota já
estava ali. Olhou para seu filho. Não poderia morrer ali. Pensou em Mike, Erin,
seu amor. Seus amigos. E lembrou do treinamento da ilha. Se levantou com
dificuldade.
-- Ainda não desistiu? – Kathy esperava que Alana se
rendesse. – É melhor se render. Vai ser melhor pra você e seu filho. Eu prometo
te poupar.
-- Mas eu não! – insistiu Alana.
Era mais um ataque. Desta vez Alana acertou mais socos e um
chute que desestabilizou a adversária. Kathy por sua vez, carregava uma adaga grande
e cravou no braço de Alana.
-- Trapaceira! – gritou Graham Nash.
-- Jogou sujo! – concordou Stephen Stills.
-- Mandou bem, Kathy! – McGuinn não escondia sua torcida por
Kathy. – Acaba com a raça dela!
-- CALA A BOCA! – gritaram todos.
A loba menor gritou de dor à medida que Kathy aprofundava a
adaga no braço. Se concentrando ao máximo, Alana reagiu e agarrou os dois
braços da outra e empurrou para uma parte distante da floresta, chegando até
uma região mais escura, cheia de árvores com pedaços de tronco pontiagudos e
cipós. Chutou Kathy e se livrou da adaga.
-- Vou te matar!
E no último embate, Alana pegou um dos braços de Kathy,
imobilizando forte a loba, golpeou no nariz e pegando um dos cipós, enrolou no
pescoço dela de modo que não haveria como desfazer o laço. Apertou com força,
asfixiando Kathy e empurrou a loba contra uma das árvores, matando em seguida.
Kathy Giordano morreu empalada e sufocada, com a boca aberta jorrando sangue.
Neste momento, os moradores da floresta encontraram Alana mais
ferida e cansada.
-- Alana... – Marianne Faithfull tocou nos ferimentos dela. –
Calma. Ela está desmaiada.
-- Levem ela para minha cabana! – Ordenou uma voz grave e poderosa.
Todos se viraram e era o líder da comunidade.
-- Sr. Presley... – Marianne carregava Alana em seus braços. –
Ela precisa de cuidados.
Elvis observou Alana. Retirou seu casaco de pele e a
envolveu.
-- Eu mesmo cuido dela. E Hillman, deixe o garoto também na
cabana.
-- Sim, senhor!
Mais tarde Hillman e Parsons se afastaram do bando e
conversam.
-- Isso vai dar um problema. – Comentou Parsons. – Se Elvis
quer desposar a Alana, você não só ganhará outro concorrente, Chris, mas teremos
de ser mais convincentes.
-- E quanto a Phillys? Ela vai manter o Nesmith fora.
-- Eu sabia! -- Os dois se assustaram quando viram que Roger
McGuinn escutou toda conversa. – Vocês tiraram Alana do lugar onde estava
segura e a trouxeram pra cá!
-- Olha, Roger... – Parsons ia falar, mas Roger o
interrompeu.
-- Olha nada! Escutem, se vocês não me obedecerem, eu conto
tudinho pra Alana. Que vocês armaram pra ela se separar do marido.
-- E quem ela vai acreditar? – Chris debocha. – Não esqueça
que Alana nunca gostou de você.
-- Ah, ela vai. Não vou contar pra ela. E sim pro Elvis. E ele
certamente, vai fazer a cabeça dela. E aí terá raiva de vocês e vão se dar mal.
-- Eu dei muito trabalho encontrando a minha loba, sofri
quando soube que ela casou com outro, eu a separei e não vou perde-la para
nosso líder.
-- Então pense num plano de fazer a lobinha voltar pra você.
Na cabana, o líder limpava os ferimentos de Alana e a deixava
dormir sossegada. O menino também dormia junto da mãe. Fazia dias que procurava
uma esposa para governar a comunidade recém-formada em Nuremberg. E Alana
Watson é a escolha mais que perfeita.
Distrito de Whitechapel, Londres – noite
Em um quarto de pensão encontra-se um corpo quase sem vida. O
rapaz, um jovem de quase vinte e nove anos, com a camisa semi aberta, caído no
chão e as mãos abertas. Ele tentou se suicidar ingerindo uma quantidade
exagerada de medicamentos e injetou em si um pouco de heroína. Valentin Greene,
um alienista e investigador, era seu nome e função...
Limbo
Bran McGold, um pré adolescente de treze anos e quase fazendo
catorze. Teve um fim abrupto nas mãos de um vampiro, Barão Lauda. O garoto foi
atirado do alto de um penhasco, bem diante dos olhos de sua irmã mais velha,
Felicity, que apesar das suas tentativas de salvá-lo, nada adiantou.
O jovem se encontrava na mesa, jogando sozinho xadrez quando
uma sombra se apresenta.
-- Me disseram que você não desejava morrer.
-- Eu acho que quem tem minha idade, não quer morrer. – Respondeu
Bran.
-- Eu concordo com você. – A figura deu o primeiro passo ao
mover o cavalo na frente do bispo. – E foi
difícil de trazê-lo pra cá.
-- Que quer dizer?
-- Por que achas que não foi para o inferno ou para o
paraíso?
-- Hã... – Bran não havia pensado nisso desde que morreu. –
Não sei.
-- Quero dizer que te oferto uma nova oportunidade de viver
em um novo corpo.
-- Sério? – A possibilidade fez Bran parar de jogar e deu-lhe
um sorriso. – Serei eu mesmo? Assim?
-- Não. É no corpo de um adulto. Mas sua essência estará lá.
Você aceita?
-- Eu aceito qualquer coisa.
Num segundo a mesa se desfez e se transportaram para uma sala
cheia de imagens.
-- Neste caso, fará um favor a mim. – Disse a figura.
-- Qual?
-- Levará meus filhos até a mãe deles, que vive na terra.
-- E quem são?
Imediatamente ele os chamou e dois garotos, completamente
idênticos e de olhos azuis como a entidade, se apresentaram para Bran. Os
garotos pareciam ter uns oito anos.
-- São meus filhos. Christopher e Nikolai.
Bran os cumprimentou e logo simpatizou com as crianças. Desejou
internamente que fossem seus irmãozinhos.
-- Serei o irmão deles? – Questionou o jovem.
-- Quase isso. Um tio. Melhor ainda: um pai.
Bran se espantou.
-- Cuidará deles, ajudará a mãe deles. Os meninos não podem
mais ficar aqui.
-- E se eles quiserem voltar pra cá quando forem adultos?
O pai das crianças encarou os pequenos.
-- Vocês querem voltar a morar comigo depois de um tempo?
-- Quem sabe um dia, papai. – Respondeu Chris.
-- Mas agora queremos a mamãe. – Nikolai era bem ansioso.
-- Tudo bem... – Bran segurou na mão de cada um dos gêmeos. –
E quando poderei voltar?
-- Bem... – A figura olhou para os lados e em seguida sorriu.
– Agora!
Empurrou Bran bem forte para fora da sala e a alma do pré
adolescente caiu perfeitamente no corpo de Valentin. Poucos minutos depois da
queda, o corpo, antes inerte, se mexeu e acorda ofegante e assustado, quase
gritando.
-- Ainda bem que acordou. – disse uma voz de criança.
Valentin olhou para o garoto.
-- Sei que vai demorar para você se acostumar, mas te
ajudaremos em tudo, Bran.
-- Bran? – O rapaz disse.
Os garotos pegam um espelho e ele vê seu reflexo. De um
garoto, agora era um adulto.
-- Minha nossa! Estou tão... diferente!
-- Agora você é um homem.
Levou vários dias para Bran entender sua condição e o que
aconteceu com o rapaz que está usando o corpo dele como seu receptáculo.
Upwest Downing
Felicity tinha tomado banho e se preparava para sua oração
quando a porta se abriu. Era Mary e Serguei em pânico.
-- Felicity, por favor. – Mary chorava desesperada. – Me ajuda...
O Moses...
-- O que houve com ele? – Agora a galesa se encontrava
nervosa.
-- Ele não está acordando. – Justificou Serguei.
Entraram todos juntos no quarto de Moses. Ele dormia com as
mãos segurando o crucifixo no ventre e suava, mesmo numa temperatura baixa.
Fefe tentou chama-lo e nada. Bateu de leve no rosto e Moses não acordava. No
entanto, ao tocar as mãos dele, sentiu uma onda quente que a repeliu.
-- O que é? – Mary estava sentada no outro lado da cama.
-- Alguma coisa prendeu o Moses... – Disse Fefe, temerosa. – Uma
força poderosa. A alma dele em outra dimensão.
-- Será que as mesmas bruxas que nos atacaram naquela noite, estão
fazendo isso pra ele? – Questiona Serguei.
-- Ou outra pessoa. – Disse a irmã de Moses.
Felicity fez o sinal da cruz e tocou as mãos do profeta.
-- Nora uma vez me ensinou como salvar uma pessoa cuja alma está
presa. Irei salvar meu irmão.
-- Vou com você. – A loba também juntou suas mãos com as do
amado e da cunhada.
-- Eu também. – Serguei fez o mesmo. – É assim mesmo?
-- Sim e quero avisar: Temos que ser rápidos e evitar que
nenhum de nós morra.
O trio fechou os olhos e Felicity iniciou sua oração em
latim. Na hora exata disso, as nuvens se interpõem sobre a lua e iniciando a
escuridão...
Dimensão do pesadelo
Moses caminhava na praça municipal de Inverness. Ele conhecia
bem o lugar. Ao mesmo tempo percebeu que tudo ali estava preto e branco. Como
era possível? Seguiu para a prefeitura e notou a aglomeração. Os moradores se
moviam em câmera lenta e não se ouvia algo. Porém, ele soube do que era tudo
aquilo. Avistou a mãe, Rosamund, sendo amarrada num poste de madeira e os
moradores incitando a fogueira. Era a lembrança dele. Aos dez anos, Moses viu a
mãe sendo queimada viva sob acusação de bruxaria e o responsável disso era seu
pai, Robert.
Ele colidiu nas pessoas e chegou até lá.
-- Mãe! – Gritou o profeta.
-- Essa voz... – Rosa olhou para os lados e viu seu filho. –
Moses. Meu menino.
-- Estou chegando, mãe. Vou salva-la. – Moses correu e foi
impedido pela voz da mãe.
-- Não, Moses. – Deteve Rosamund, tentando se mexer mesmo amarrada.
– Não venha aqui.
-- Mas, mãe...
-- Não tem problema. – Rosa sorria. – Se minha morte salvar
outros, estou mais do que satisfeita em aceitar.
-- Não diz isso, mãe! – Moses chorou. – Por favor...
-- Sim, Moses... E ouça bem minhas últimas palavras.
-- Sim, mãe... – O profeta estava ajoelhado, ainda em
lágrimas.
Rosa mostra um sorriso nada benéfico e um dos olhos brilha.
-- Você tem que desprezar as pessoas. – Disse a bruxa celta. –
Por nos temerem, eles têm que ser destruídos!
Moses tremeu. Que tipo de conversa era? Sua mãe nunca o
ensinou sobre o desprezo e olha que tinha motivos para tal.
-- Como?
-- É melhor assim, meu filho. Eles devem morrer do que
continuar vivendo e pecando. Mate aquele ali. -- Apontando para o homem que mais parecia uma
autoridade. Certamente, o prefeito.
-- Não... Não! – Moses se levanta e retrucou. – Isso não está
certo.
-- O que há de errado, meu filho?
-- Minha mãe nunca diria tais coisas...
-- Moses, estou ordenando! – Rosa se enerva. – Sou sua mãe e
ordeno que mate esses cretinos e traga sua felicidade!
Antes de dizer algo, o empata ouviu um grito conhecido.
-- MOSES!
-- Mary? – Ele disse.
Se virou e enxergou a loba, acompanhada de Fefe e Serguei.
-- Ela não é sua mãe, Moses! – Avisou Fefe, abraçando o
irmão.
Ele acreditou e voltou-se para a “mãe”.
-- Tem razão. – Disse, furioso. – Quem é você, que está
assumindo a forma de minha mãe?
Em seguida risos maléficos e femininos foram ouvidos e um
feixe de luz ofuscou sua visão. E depois revelou uma figura alada, olhos
vermelhos e as presas sendo mostradas.
-- Eu achei que o Conde Benites tivesse matado você,
profetisa. – Disse a vampira. – Agora tenho oportunidade de me livrar de você,
do seu irmão e seus amigos!
Mary se transformou em loba e partiu para o ataque. A súcubo desaparece.
Serguei estava armado com a besta e a flecha pronta. Fefe se utilizava do punhal
prateado, o mesmo que usou para matar o vampiro espanhol Iker Casillas.
A profetisa era que mais tinha sensibilidade naquela
dimensão. Por um lado, admitiu que Nora e Joj a ensinaram bem. Sentiu uma onda
de calor e jogou o punhal para cima, acertando a vampira, que se encontrava invisível.
Lily gritou de dor e retirou o punhal.
-- Malditos!
A criatura lança uma série de trovões contra o quarteto.
Serguei atira as flechas e erra demais. Lily era muito rápida. Mary deu um
grande uivo, fazendo a vampira sofrer de dor de ouvido. Aproveitando disso, mordeu
ferozmente a adversária, arrancando sua mão. Lily arremessou a loba longe.
-- Vamos ver se são espertos mesmo!
A vampira num estalo de dedos, criou diversas duplicadas suas
e todas atacaram o quarteto. Embora os ferimentos causados por elas serem
reais, ao acertar um golpe numa duplicada, não era atingida e evaporava. E
parecia que quanto mais se livrava dos clones, mais apareciam.
-- E agora? – Moses estava machucado nos braços com arranhões.
-- Serguei, me empresta?
-- Pegue, Felicity.
A profetisa mirou a flecha nas duplicadas. Lily riu.
-- Tola! Como vai me acertar? Somos todos iguais.
Ela olha para a lâmina do punhal o reflexo das duplicadas.
Não mostrou nenhum, exceto uma que estava perto do palanque. Fefe enxergou a
verdadeira e atirou, acertando o ventre. As duplicadas desaparecem.
-- Não pensem que acabou! – Lily expelia sangue preto.
E antes de cair, ela disparou estacas contra os inimigos.
Fefe se desviou e Serguei também. Moses não consegue e é ferido na perna e outra
estaca voa em sua direção.
-- Moses!
A cena ali era trágica. A loba Mary se jogou, sendo acertada
em cheio no peito, protegendo Moses.
-- MARY! NÃO!
O profeta, em sua ira, arrancou a estaca na perna e caminhou rápido
em direção a Lily. Nenhuma estaca jogada o acertava. Era como se um escudo se
formou e protegeu Moses. Ele agarrou pelo pescoço a vampira e aplicou o golpe
da estaca, mas ela se desvia e socou o rosto do profeta. Fefe surge por trás e
estrangula Lily com uma força descomunal. Ela não sofreu possessão alguma. Era
tinha raiva incontida. Moses de novo agarra a estaca e desta vez acertou o alvo,
enterrou bem no coração de Lily.
A vampira gritou e em seguida se transformou em cinzas...
Realidade
Moses acorda assustado e o restante do pessoal. Todos estavam
sujos, feridos, cansados e abatidos. Ele olha para o cadáver de Mary McGlory.
Abraçou o corpo e chorou bastante. Serguei se sentou na cama e deitou. Fefe estava
trêmula. As nuvens desaparecem e a lua se mostra em seu total brilho. Venceram sua
primeira batalha contra as trevas...
Continua...