Nada melhor do que nova oneshot pra ler no dia do rock. Hoje vou postar a continuação de I Call Your Name, da Maris Campos no blog Peripécias De Uma Garota Qualquer, pra ler também clica aqui. A oneshot se chama She Will Be Loved (título inspirado na música do Maroon 5), é a versão masculina do conto A Pequena Sereia, desta vez focando o casal McGüller. Boa leitura e se liguem nas duas cenas pós-créditos!
She Will Be Loved__ Maya
Amamiya
Muitos dias se passaram desde
que Dianna se foi e Louise, a princesa do País de Gales, chorava de saudade da
sereiazinha. Eu queria tanto te salvar e
continuar te amando, Dianna, mas você partiu e para sempre, disse Louise em
pensamentos e secando os olhos com o lenço. Passou a caminhar na praia,
segurando as sapatilhas e sentindo a fofa areia. Amava olhar para o mar e num
dado momento, avistou um vulto estranho emergindo nas águas e depois
mergulhando. Entretanto, a tal visão revelou que a criatura, parecendo humana,
possui... uma cauda de peixe.
Ela esfregou os olhos e
abriu com cuidado. Não viu mais a criatura.
-- Eu vi um...
Homem-peixe...? – Se questionou. – Não, devo estar vendo coisas. Minha cabeça
está ocupada demais com pensamentos sobre Dianna... Em tudo enxergo sereias e
tritões.
Retornou para o castelo,
esperando o navio...
No mar, ele jurava ter
avistado a princesa. Sim. Tão bela, graciosa mesmo com roupas e... ela chorava.
Contudo, notou algo: ela tem olhos azuis. Tão azuis como o oceano. Dianna não
tem olhos azulados.
-- E agora? Como vou dizer
ao rei que perdi a princesa? – Questionou Gerd Müller, o capitão da guarda do
rei Lawrence e da rainha Susan.
-- Você perdeu a Dianna? –
Alice Stone, sua namorada sereia, chorava e abraçava o tritão. – McDreamy, será
que...
-- Mein Himmel, eu não
sei. – Ele se preocupou. Sabia bem que Dianna e Alice são amigas. – Mas eu
podia jurar ter visto a princesa. Se comportando como mortal.
-- Mesmo? – Alice se
encheu de esperança.
-- Sim. Mas...
-- Mas o quê?
-- Ela tem olhos da cor do
mar.
Alice estranhou.
-- Tem certeza que a viu?
-- Não era ela. – Afirmou
o amante. – Mas parecia a Dianna.
Nadaram juntos até a
costa, onde a princesa tinha sido encontrada por Davy e levada até o castelo.
Esperaram por uma hora, até que avistaram a tal moça que se parece com Dianna.
E ao que parece está acompanhada de outro rapaz, da mesma altura que a jovem.
De maneira esquisita, Gerd
não havia gostado do que viu. Não era o fato da mortal não ser a filha do rei
dos mares e sim que ela sorria para o outro.
-- Aquele rapaz é o Davy.
– Apontou Alice.
-- É ele que a princesa...
– Gerd não terminou de perguntar e Alice confirmou com a cabeça. – Oh, não...
Eles prestaram atenção no
casal. Alice admite sobre o que seu namorado disse sobre a mortal. Era linda e
tão bela que poderia ser confundida com uma sereia. Uma pequena sereia como
Dianna. Já o tritão, por incrível que pareça, foi enfeitiçado pela mocinha. Seu
coração acelerou e de repente sentiu uma vontade de ir até a superfície e ficar
perto dela. Contudo, isso acarretaria em abandonar Alice.
Tentou esquecer seus pensamentos anteriores e retornaram para
o fundo do mar.
Alice conversou com Emma e
Erin sobre o paradeiro de Dianna e elas choraram. Gerd por sua vez duvidava que
a princesa tivesse se transformado em espuma do mar e também não parava de
pensar na moça bem vestida, que é parecida com ela. Se pudesse, ele a traria
para o mar e arranjava uma forma de transformar as pernas dela em cauda de
peixe. Depois disso ele pensou em Alice. Havia dias que a relação dos dois não era
a mesma. Antes de Dianna partir para a superfície, Gerd teve um caso com Meg
Johnson, uma bruxa do mar e Alice descobriu quando resolveu seguir seu namorado.
Obviamente, brigaram, mas reataram poucos dias depois.
E ainda sim, as coisas não
mudaram. Seus pensamentos foram interrompidos com a chegada de três tritões,
Franz Beckenbauer, Sepp Maier e Johan Cruyff.
-- Acabei de ver um navio
ancorando no mar do norte. – Disse Johan, o tritão holandês. – Eu vi uma
mortal. Ela é linda. Cabelo longo e da cor da noite, olhos de obsidiana e uma
boca vermelha. Oh meu Deus, que mulher!
-- Você só fala de mulher!
– Reclamou Sepp, um dos guardas.
-- Conseguiu encontrar a
princesa? – Indagou Franz.
-- Nein! Estou começando
acreditar sobre o que disseram. – Respondeu Gerd, decepcionado.
-- Sobre ter virado
espuma? – Inquiriu Sepp, curioso.
-- Isso.
Se calaram um pouco e Gerd
continuou a dizer.
-- Eu também vi uma moça.
-- Opa! – Johan sacou seu
punhal, se enervando. – Quem é ela? Espero que não seja a mesma que a minha!
-- Seu tolo! – Berrou o
tritão, irritado. – Não é essa. É outra. Ela se parece com a princesa, mas tem
os olhos da cor do mar.
-- Não é uma que vive no
castelo, da costa do Atlântico? – Perguntou Sepp.
-- Acho que sim.
-- O navio que avistamos,
traziam umas pessoas. Eram cinco mulheres e um homem. Ele é o noivo desta moça.
– Justificou Franz.
-- O QUE DISSE? – Gerd
quase se assustou. – Ela... era menor? Cabelo da cor do sol e olhos azuis.
-- Essa mesma. Ela tem um
noivo. Este homem é o capitão do exército.
Gerd procurou investigar e
a noite emergiu no mar, avistando o tal castelo e todo iluminado, com música e
pessoas falando em voz alta. Encontrou a mocinha parecida com Dianna e o tal
capitão. Era alto, cabelo preto e olhos igualmente azuis e brilhantes.
-- Mal posso esperar para
nosso casamento, Louise. – dizia o capitão, muito apaixonado e beijando leve a
boca da princesa.
-- Lawrence, aqui não. –
Louise se desviava e ria, provocando Larry. – Meus pais podem dar por falta.
Vamos voltar.
-- Só mais um beijo,
princesa. – pediu.
Se beijaram com paixão,
mas Louise teve a sensação de ser observada, tanto que interrompeu o beijo.
Olhou para o mar e não
encontrou nada.
-- Viu alguém? –
questionou o noivo.
-- Devo estar louca. –
comentou consigo mesma. – Eu sei que há alguém. E não vejo.
-- Calma. Mandarei dobrar
a vigilância.
Gerd se escondeu num dos
rochedos e continuou observar a bela garota. Não sabia o que sentia. Era um
pouco de raiva por não ser o tal capitão bem apessoado. E tristeza por estar
longe dela e não ter pernas para caminhar na superfície.
Aproveitando desse
momento, Meg usou o mesmo feitiço que Amber, no entanto ao invés de negociar
com Gerd... Ela optou pelo feitiço direto.
-- Pobre Gerhard... –
dizia Meg, maléfica e executando o feitiço. – Esse é o preço que pagará por me
rejeitar.
No mesmo instante um
grande vento norte apavorou t0dos do castelo e a festa foi cancelada. O mar se
agitava demais e um grande redemoinho se formou no mar. Gerd nadou bastante
para se afastar e alcançar seus amigos. Vencido pela exaustão, foi levado na
correnteza forte e também uma aura mágica o envolveu.
Franz viu tudo e tentou
resgatar o amigo.
-- GERD! – nadando até o
redemoinho.
-- Não vá! – Sepp e Johan
o impediram. – Se for até lá, vai morrer.
-- E o Gerd?
Gerd gritava e sem saber
sentia que sua voz diminuía a cada grito emitido. Meg gargalhava maldosamente e
recebeu o pequeno feixe de luz em formato esférico. Era a voz trovejante dele.
-- Finalmente! – guardando
numa garrafa. – Só o beijo de uma princesa o libertará. Caso contrário, o fim
que a princesa Dianna teve, ele terá! Hahahahahaha!
A tempestade aos poucos parou
e uma grande onda se arrebentou, jogando Gerd na praia, completamente
desacordado.
-- Precisamos trazê-lo de
volta! – berrava Sepp nadando de um lado para outro.
-- Aquilo não foi uma
tempestade qualquer. – dizia Johan. – Foi magia e não foi do rei.
Imediatamente se lembraram
de Amber e Meg, as duas bruxas do mar, no entanto, a única com poder suficiente
pra tal desastre era a segunda bruxa. Sepp se armou com a lança.
-- Não vai enfrentar a
bruxa! – Johan se intromete na frente do tritão ruivo. – Ela vai te amaldiçoar,
como fez com Gerd.
-- Mas se for pra trazer
meu amigo de volta, mereço os riscos.
-- Espere! – pediu Franz.
– Vamos pensar com calma numa forma de trazer o Gerd pro mar e sem levantar
suspeitas. O rei e a rainha não têm noticias dele desde aquele dia da busca.
Por mais que a vontade
fosse grande, Sepp e Johan se acalmaram e seguiram a idéia de Franz.
O dia começou lindamente,
com a brisa mais refrescante. Gerd se acordou sentindo algo lhe roçar os
braços. Assustou-se e viu que eram samambaias lhe cobrindo o corpo. E espantou-se
quando olhou para si mesmo. Sem a cauda de peixe e sem suas vestes da guarda
real ou sua lança. Apenas o elmo dourado estava ali, diante de si, quase
enterrado na areia. Ouviu um casal de gaivotas conversando entre si.
-- Não tinha nada de
ajudá-lo, Geoff. – dizia a gaivota zangada.
-- Elena, eu gosto de
ajudar sempre esses pobres infelizes náufragos. Não questione meu ato de
bondade. – respondeu a gaivota com nome Geoff.
Gerd se ergueu e caiu na
areia. Não estava acostumado a tudo isso. E ganhar um par de pernas fortes não
estava em seus desejos. Elena e Geoff olhavam com minúcia para aquele que
julgam como náufrago.
-- Estranho. – comentou a
gaivota. – Eu já vi esse homem em algum lugar.
Geoff concordou.
-- Ele me parece conhecido
também.
O casal de gaivotas voou
até os pés dele para uma possível aproximação.
-- Qual é o seu nome? –
questionou Elena.
Gerd respondeu e nenhum
som saiu de sua boca. Fez gestos se perguntando sobre o ocorrido.
-- Geoff! Esse homem é
mudo! – berrou Elena.
Geoff sobrevoa sobre a
cabeça de Gerd e o encara.
-- Você não sabe falar ou
o quê?
Gerd deu de ombros, muito
aborrecido e Geoff juntou-se a esposa para comentar.
-- Ele não sabe. Acho que perdeu
a voz.
As gaivotas compadeceram
do rapaz desesperado, tentando falar ou usar os sinais para entender.
-- Queridinho, por que
você não escreve seu nome na areia? – sugeriu a gaivota e apontando para areia.
Gerd concordou e escreveu
em letras maiores.
MEU NOME É GERHARD.
--
Ah sim! – falaram em uníssono.
Gerd
apertou a asa de Geoff e depois de Elena, encerrando as apresentações.
--
E de onde você veio, Gerhard?
--
Acho melhor te chamarmos de Gerd. Pode ser?
Ele
concordou e depois caminhou até a beira da praia, indicando seu lar.
--
Você veio do mar? – estranhou Elena.
Gerd
acenou e depois mostrou o capacete dourado.
--
Você era um soldado? – perguntou Geoff.
Gerd
escreveu de novo na areia.
SOU GUARDA REAL DO REI E DA RAINHA DO MAR.
As gaivotas deram um grito
de espanto.
-- Geoff, sei quem é ele! – disse Elena, se lembrando. –
Ele é aquele homem-peixe que nadava por estas águas olhando os humanos e
principalmente para a garota loira.
Geoff abria as asas com o
susto tomado.
-- Aquele que observava todas
as noites enquanto ela escovava os cabelos.... Sei quem você é. Mas, o que faz
aqui, meu caro?
-- Está apaixonado por
ela?
-- Acho que ele está
apaixonado.
O próximo gesto era de
raiva. Gerd fez sinais negando estar amando aquela desconhecida. Sentou u pouco
nas samambaias e olhou para as gaivotas. Desenhou um coração, confirmando.
Geoff e Elena suspiraram.
--Você quer conquistar
ela, meu jovem? – indagou Elena.
Outra confirmação por
parte dele e antes da próxima ação, ouviram um latido de longe. As gaivotas
levantam vôo, porém aconselharam o tritão humano:
-- Meu querido, não pode
andar assim sem roupas. – Elena voa e traz no bico um tecido encontrado nos
outros rochedos da praia. – Precisa se vestir como pessoa.
Gerd se cobria como pode e
amarrou o tecido com a corda que Geoff encontrou. O cachorro collie border
latiu e correu em direção ao jovem. Gerd tentou fugir e ouviu vozes femininas.
-- Snowball! – gritava a
jovem alta de cabelo negro e vestido bege.
– Snowball, volte aqui!
Logo atrás vinha Louise,
segurando seus sapatos.
-- Precisa controlar seu
cachorro, Felicity. – reclamou a prima.
Elas seguiram na direção
dos latidos e encontraram um desconhecido, seminu e cobrindo a cintura com o
tecido. Fefe chamou o cachorrinho e o mesmo obedeceu sua dona. Lulu aproximou
dele.
-- Lulu!
-- Calma! – pediu para a
prima não gritar e tentou falar com estranho. – Está tudo bem. De onde você
veio?
Do mesmo modo como fez com
as gaivotas, Gerd se utilizou de gestos para mostrar que não tinha mesmo sua
voz e escreveu seu nome na areia. Louise imediatamente entendeu.
-- Ah não, de novo não...
– comentou a princesa.
Neste momento Felicity
correu para o castelo e pediu ajuda para o noivo e o irmão de Louise. E
enquanto isso Gerd escreveu praticamente tudo. Sua missão de resgatar Dianna,
sua vida no fundo do mar, seus amigos e a tempestade. Até mesmo disse de seu
relacionamento malfadado com Alice.
-- Então precisa voltar
pro seu lar. – disse a princesa. – Beije sua namorada pra se libertar da maldição
e não acabe como Dianna.
Os olhos de Gerd se
abriram de espanto. Louise explicou.
-- Ela me contou tudo.
Dianna só queria amar o Davy e ser amada. Ela pediu ajudar para uma bruxa do
mar e ela concedeu uma poção e em troca perderia a voz. Porém, havia
conseqüências. Se o Davy não a beijasse em um mês, viraria espuma do mar. E foi
isso que aconteceu...
Louise desatou a chorar e
Gerd internamente tremeu.
“Vou ter o mesmo fim que a
Dianna. Não, não!”
E depois abraçou a
princesa, acalmando-a.
“Por favor, não chore.”
Escreveu na areia outra
vez.
VOCÊ É MUITO BONITA PRA CHORAR
-- Obrigada. Eu realmente
sinto muito pela Dianna. Ainda... Não me conformo... Com a morte dela. –
lamentou a princesa.
Gerd escreve na areia um
apelo para a princesa
VOCÊ PODERIA ME AJUDAR?
-- Eu não posso! – recusou
Louise. -- Não consegui quebrar a maldição.
POR FAVOR! VOCÊ É MINHA ÚLTIMA ESPERANÇA.
-- Mas não consigo. E
tenho um noivo. Você precisa voltar pro mar, reencontre Alice. – Louise
persuadia Gerd e o mesmo continuava insistindo nela.
ELA NÃO PODE AJUDAR EM NADA. EU TE IMPLORO!
-- Não quero carregar
outra morte, mas não me julgo capaz.
EU ACREDITO EM VOCÊ
-- E quanto meu noivo,
Larry?
ELE VAI COMPREENDER
Neste momento Lawrence
Rain, acompanhado de um pequeno grupo de cinco soldados encontram Louise e o
desconhecido.
-- AFASTE-SE DELA,
FORASTEIRO! – Larry sacou a espada e partia diretamente contra Gerd, mas Louise
não deixou.
-- NÃO FAZ ISSO, LAWRENCE!
– Louise se pôs na frente dele. – Ele é só um náufrago.
-- Louise!
-- Larry! – insistia Lulu.
– Ele é um soldado cuja navegação afundou na tempestade e ele não fala. Vamos
ajudá-lo.
Lawrence receou e cedeu o
pedido da noiva... em parte.
-- Guardas! Levem o
forasteiro pra cadeia!
Os guardas agarraram Gerd
com socos e pontapés e mesmo na agressão, o levaram acorrentado.
-- O que está fazendo,
Larry? – Louise se embraveceu. – Ele não é um malfeitor!
-- É para sua segurança e
ele poderia lhe fazer mal.
Louise se lamentou outra
vez por ter falhado porém não iria desistir de salvar Gerd.
Enquanto isso no mar...
Os três guardas tritões
invadiram a caverna onde vive Meg e não a encontraram. Revistaram todos os
cantos, olhavam os frascos de poções e não encontraram solução para salvar o
amigo. No instante que iam sair, a bruxa do mar surgiu em forma de tornado
diante deles.
-- BRUXA! – exclamaram os
três, atacando Meg com suas lanças.
Num estalo de dedos, Meg
transformou cada um deles em criaturas diferentes. Franz num peixe-espada, Sepp
num caranguejo e Johan num linguado alaranjado.
-- Desgraçada! – Franz era
o mais furioso e outra vez ataca Meg usando o nariz imensamente grande.
Acertou Meg no braço e
quase leva outra maldição quando Alice gritou.
-- NÃO! – encerrando a
luta. – Eu imploro, não os machuque. Só me diz como devo salvar o Gerd.
-- Ele está condenado. –
respondeu secamente e agarrando o nariz espada do guarda.
-- Deve haver uma forma! –
berrou Johan.
Meg pensou uns instantes.
Antes da invasão, observou Gerd na caldeira. Não haveria chance de ele ganhar o
beijo da princesa, contudo ele seria capaz de outra coisa pra recuperar sua voz
e sua cauda? Então se virou para Alice e os guardas. Entregou uma adaga, a
mesma que Amber cedeu a Giles para ajudar Dianna.
-- Ele deve matar a
princesa com essa adaga. Assim ele recupera a voz e a cauda ou em quinze dias
ele vira espuma!
Alice pegou o objeto sem
pestanejar e os outros foram embora, decepcionados. Ao que parecia outra vez
Meg triunfou sob a desgraça de Gerd...
Alguns dias passaram desde
a transformação deles e só Franz se adaptava sua nova vida. Sepp reclamava,
pois muitas vezes era caçado junto com Johan e quase feito de comida tanto para
humanos quanto para peixes grandes como tubarões. Alice chorava por Gerd e
sentia-se incapaz de pedir tal atrocidade contra uma humana, só para recuperar
a voz e a cauda. Entretanto, quis arriscar.
Emergiu para praia onde
Dianna vivia e a tal princesa parecida com ela foi vista. Um esguicho de água
foi acertado em seu rosto. Era Johan, o linguado laranja.
-- A princesa não foi
vista. – disse o peixe, desanimado.
-- Tudo bem. Mas quero
falar com McDreamy.
Sepp pulou para o rochedo
e ficou ao lado de Johan.
-- Nada do Gerd.
Franz também emergiu e não
disse nada e avistou o casal Geoff e Elena, as gaivotas. Nadou para o outro
lado da praia e os abordou.
-- Hallo! Boa noite! –
cumprimentou o peixe espada.
-- Boa noite! – respondeu
os dois juntos.
-- Meu nome é Franz e
estou procurando meu amigo. Ele... Era tritão. Virou humano e perdeu a voz.
Vocês o viram?
-- Espera um pouco! –
Geoff voou para perto de Franz. – Você é amigo daquele rapaz mudo e sem roupa?
Ele dizia que seu nome era Gerhard.
-- Ele mesmo!
-- Pobrezinho! – lamentou
Elena. -- Os guardas o acorrentaram.
-- Acho que o levaram para
a cadeia. – deduziu Geoff.
-- Vocês sabem em que
parte do castelo fica? – Franz entrou em desespero.
-- Se não me engano fica
na parte leste, de frente para as pedras. – Geoff apontou a direção.
-- E conseguem entrar lá?
-- Não. É muito apertado
para passarmos por aquelas grades.
-- Só um caranguejo
entraria ali. – completou a esposa.
Num lampejo, Franz teve
uma idéia e nadou até seus amigos. As gaivotas o seguiram e ele contou tudo
para eles e inclusive sobre a idéia de entrar. Sepp resmungou. Era óbvio que
Franz havia pensado nele para o plano.
-- Ah não! Eu não vou
entrar!
-- Ou você entra e fale
com ele ou te sirvo de alimento para as gaivotas! – enfureceu Franz e mostrando
o casal de aves.
Sepp engoliu em seco e
olhou para todos.
-- Tudo bem. Conseguem me
levar até lá?
-- Podemos fazer isso. –
garantiu Elena, pronta pra voar.
-- Mas se você morrer,
vamos te comer. – avisou o marido, quase louco para devorar o pequeno
crustáceo.
Elena carregou Sepp e ele
segurou-se no pescoço dela, evitando arrancar alguma pena. Chegando a pequena
grade onde é a prisão, Sepp entrou na fresta e encontrou seu amigo, chorando e
preso.
-- Gerd! – caminhou até
ele. – Sou eu.
Gerd sorriu e pegou Sepp
com uma mão.
-- Ouça, tenho pouco tempo
para te falar. A bruxa Meg me transformou nisso e o Franz e Johan foram
afetados também. Existe uma maneira de voltar a ser o que era antes. Ela deu
uma faca para Alice e você deve matar a princesa antes de quinze dias. Só assim
você recupera a voz e sua cauda.
Obviamente a idéia não era
agradável a Gerd. Matar a princesa. Ele era um guarda, um tritão valente e não
um assassino.
-- Gerd...
“Não posso, Sepp. Sou
incapaz de fazer mal, ainda mais para uma princesa. Jamais!”
-- Meu Deus, você...
Sepp entendeu algo.
Arrependeu-se de falar. Gerd nunca faria algo assim.
-- Independendo do que
acontecer, vou te ajudar, meu amigo. – retornando para a grade e embarcando com
Elena.
Sobrevoaram para o mar e
Sepp voltou para perto dos amigos.
-- Ele não quer matar a
princesa.
Alice bateu na água, de
raiva.
-- Quando ele vai entender
que só assim pode se salvar? O que ele espera? Ser beijado por ela? Aquela moça
nem o ama!
Elena pensou em defender
Gerd, mas Geoff a manteve de bico calado para não piorar a situação.
-- Deve ter algo que
possamos fazer pra evitar que alguém saia ferido. – comentou Franz.
-- Podemos consultar na
biblioteca. – Johan sugeriu por ter mais acesso. – Pra encontrarmos algum
feitiço.
Uma semana se passou e
Gerd estava pior. Passando fome, o cabelo empoeirado e barbudo, usando apenas
uma túnica. A porta da prisão se abre, revelando ser Louise, o irmão dela,
Michael e Lawrence.
Larry liberta Gerd das algemas
enferrujadas e o encara muito bravo.
-- Ficará aqui mais uma
semana e depois partirá com os soldados para Groelândia! – disse muito zangado
e voltando o olhar para Louise. – Espero que esteja satisfeita. Isto vai ser
sua ruína se este homem cometer algum crime.
-- Gerd não fará isso. –
garantiu Lulu.
Louise e Mickey levaram
Gerd para o quarto, onde já estava preparada a bacia para um banho quente,
roupas limpas na cama e toalhas.
-- Este é meu irmão,
Michael. – Louise fez as apresentações. – Ele vai te ajudar em tudo e junto com
os criados.
-- Olá! – Mickey estendeu a
mão e viu que Gerd não sabia como agir. – Sei que não está acostumado com as
coisas aqui. Vou lhe ajudar no que posso, certo?
Gerd balançou a cabeça e
se banhou na bacia. Mickey e Louise perceberam que ele se sentia... travado.
-- Vou me retirar. – disse
a princesa, constrangida.
-- Eu também. – em seguida
se juntou o irmão dela.
O banho foi relativamente
gostoso e o tritão outra vez teve dificuldades em se adaptar sua vida humana e
as pernas. Enquanto se secava e vestia as roupas, pensou na princesa. De fato,
Louise lembrava demais Dianna em sua estonteante beleza. Houve um tempo que ele
cobiçou secretamente a filha do rei e da rainha do mar, contudo sufocou a
paixonite dando chance para amiga dela, Alice. E agora com Louise, era mais
real. Dianna era doce e Louise era muito mais. Nos dias que a viu, achando se
tratar da princesa do mar, Gerd não se importou. Estava fascinado demais por
ela. O modo como Louise age, o sorriso, a pele de pêssego, as maçãs do rosto
quando coradas lembrando uma fruta madura e deliciosa e a boca rosada. Apenas
ouvindo a melodiosa voz da jovem deixava o guarda excitado.
Antes de levantar a calça,
ele nota algo. Ergue a camisa e se espanta com que há no meio das pernas. Os
tritões não possuíam aquilo.
“Como se usa isso?”
Intrigado, tocou ali. Era
duro e levantado. Num misto de surpresa e um pouco de prazer, ele continuou
tocando, descobrindo mais sensações. O que ele não sabe era que Louise entrou
no quarto, trazendo outra bacia, de tamanho menor e contendo uma navalha e
creme para barbeação.
-- Gerd, você está... –
ela não terminou de perguntar tamanho era o susto por vê-lo daquele jeito e
fazendo aquilo. – AI MEU DEUS!
Ela tampou os olhos e o
rosto pegava fogo pela vergonha.
-- Eu não posso olhar... Notei
que não sabe o que fazer com... “Sua coisa”, não é?
Olhando diretamente para o
rosto dele, Louise evitava ver aquilo novamente. Gerd ergueu os ombros,
indicando não saber como lidar com sua parte ou como ele cresceu.
Ela chamou o irmão,
abrindo a porta.
-- Mickey, me ajuda. Venha
cá!
Não demorou em o príncipe
de Gales aparecer.
-- O que foi?
-- Gerd não sabe o que
é... – apontando para ele. – Aquilo.
-- Sério? – indignou-se. –
De verdade? Mas o que esse homem é?
-- Ele era um tritão. –
respondeu Lulu. – Por favor, Mickey, me ajuda.
Mickey sabia de toda história,
se recusava acreditar que o novo hóspede era como Dianna, uma criatura mágica
do mar. Não era fácil. Mickey ajudou Gerd se vestir e o ensinou a lidar com “a
coisa” no meio das pernas.
-- Você andou pensando em
algo... indecente? -- indagou Mickey.
Olhou para a porta no
exato momento que Louise saiu e depois para o chão. Mickey entendeu tudo.
-- Seu danadinho! –
exclamou em tom divertido. – Está pensando na Louise!
Gerd faz um gesto, pedindo
silêncio. Mickey segurava o riso.
-- Certo. Não contarei a
ela, mas precisa evitar que isso fique grande perto dela.
Gerd concordou e depois de
vestido, Mickey o ajudou a se barbear e lavou o cabelo dele. Em questão de
minutos, Gerd se transformou num nobre. A próxima parte era mais
constrangedora: ensinar as necessidades básicas fisiológicas. Gerd aprendeu
mais sobre seu lado humano e ainda com “a coisa”, como era chamado por Mickey e
Louise. Depois os dois irmãos lhe cederam papéis, uma pena e tinteiro para
facilitar na conversa. Até mesmo Davy Jones, o príncipe da Inglaterra auxiliava
em tudo. Quando anoiteceu, o tritão fez uma pergunta a Mickey, escrevendo no
papel.
COMO FAZ PARA A COISA NÃO... SE AGITAR TANTO?
O príncipe galês de novo
se envergonha e respondeu:
-- Toque-o. Como fez antes
da Louise entrar. Mas faça isso de noite ou no seu quarto e sozinho. Agora boa
noite!
Mickey saiu e o jovem
tirou as roupas e se deitou, cobrindo seu corpo com os lençóis e cobertores.
Seguindo o conselho do príncipe, tocou a si mesmo e pensando em Louise,
imaginando o contato dos lábios dela, o corpo delicado e feminino, a pele
macia... Devia ser uma delicia...
“É tão bom... Oh minha
nossa... é bom....”
Por estar sem voz, o único
ruído que conseguia emitir era um pequeno grunhido depois que conseguiu atingir
o clímax do prazer. E depois adormeceu, mais feliz.
E os dias se tornaram
melhores. Gerd aprendia andar ereto, se vestir sozinho, se barbear e se banhar.
Também conseguia se comunicar com todos por meio de sinais e a escrita. E a
amizade com Louise se transformava mais no sentimento puro. Temeu que a
princesa tivesse se esquecido do pedido. E numa tarde do terceiro dia da
segunda semana, caminharam na praia.
-- Parece que foi ontem
que Dianna foi encontrada por Davy. – comentou a jovem.
“Sinceramente, não entendo
como a princesa foi capaz de um ato desses, unicamente para ver aquele humano.”
-- Você não sente falta do
mar?
Ele balançou a cabeça e
levantando a bainha da calça, já que estava sem as botas, caminhou um pouco nas
águas e encontrou uma ostra. Com sua força, abriu e dali tirou uma pérola bem
bonita. Presenteou para Louise.
-- Oh, Gerd! É lindo!
Ele escreveu na areia mais
palavras.
O QUE ESTÁ FAZENDO POR MIM É GRANDIOSO. E SEU
SORRISO É MINHA RECOMPENSA.
Lulu corou com o
agradecimento devolvido. Ela mesma sofria com seus sentimentos. Antes amava
Lawrence com todo seu coração. No entanto com a chegada de Gerd tudo mudou. Tal
como aconteceu com Davy. Lembrou-se do destino de Dianna e a promessa feita.
-- Gerd, sobre o pedido
aquele...
“Louise, não me
desaponte.”
-- Sabe que Lawrence não
concorda que eu deixe você livre. Então...
“O que pretende?”
-- Vou lhe arranjar uma
mulher nobre para quebrar essa maldição.
Os olhos do tritão se
abrem de outro espanto. Gerd tentava entender o que Louise pretendia com
aquilo, sabendo que somente ela deve quebrar a maldição.
-- Entenda. Não posso lhe
dar o luxo de fazer isso. Beijar outro homem que não é meu noivo. Então outra
fará no meu lugar.
Ele escreveu com a mão
tremendo.
E QUEM SERÁ?
-- Amanhã lhe digo. – se
levantando e ajeitando o vestido com areia. – Vamos para o castelo. Está
ficando tarde.
Quando anoiteceu, Gerd não
dormiu de tão preocupado com a resposta da princesa. Era claro que Louise nunca
o ajudaria mas tentava de alguma forma ajudá-lo. Por falta de respostas, vestiu
a calça e a camisa. Com cuidado, desceu as escadas e abriu a porta principal
com cuidado. Olhou o mar, a praia em si. E ouviu a voz de Alice.
-- McDreamy! – ela
emergiu. – Ainda bem que te encontrei. Ouça, você precisa voltar pra casa.
Ele escreveu para ela.
LOUISE PRECISA ME BEIJAR. ELA NÃO PRECISA ME AMAR.
Alice jogou o punhal para
ele.
-- Beijo? Que beijo? –
indignou-se. – Eu não quero você outra vez sofrendo o que Dianna passou. Mate
aquela garota e sua voz e cauda de peixe voltam ao normal.
Gerd nega e afasta a arma de seus pés.
“Jamais!”
-- Pense nos seus amigos,
coitados! – mostrando Franz, Sepp e Johan na rocha. – Eles foram transformados
em peixes porque confrontaram a bruxa. Gerd, eu imploro, acabe com essa garota!
O tritão se afastou,
chorando e não olhando para trás. Alice mergulha, decepcionada e os três
observavam tudo. Permaneceram nas rochas por algum tempo, pensando.
-- E agora? – Sepp
acreditava numa alternativa.
-- Acho que ficaremos
assim para sempre.
Johan pulava de raiva e
resmungava.
-- Cara egoísta!
-- Talvez todo esse
egoísmo seja amor. – defendeu Franz.
-- Amor nada! – resmungava
Johan. – Ela nem o corresponde. Sou jovem demais para viver assim como uma
sardinha desgraçada!
-- Johan, conseguiu
pesquisar sobre o amor verdadeiro? – perguntou Franz. – Ele pode quebrar esse
feitiço?
-- Sim. – confirmou o
linguado. – E do jeito como está, Gerd nunca vai conseguir. A princesa só tem
olhos pro capitão. Gerd vai se transformar em espuma do mar e o plano já era.
-- Podemos investigar para
ver se ele está amando a jovem de verdade.
-- Só temos dois dias. –
Johan fez sinal com a barbatana. – Melhor agirmos logo.
No outro dia todos estavam
no desjejum quando Louise pediu ao tritão lhe acompanhar na biblioteca. Gerd se
animava. Gostava quando a princesa o chamava e precisava dele.
-- Quero lhe apresentar
uma pessoa muito especial. – ela disse com os olhos cintilando.
“O que pode ser?”
Numa escrivaninha com
livros está uma jovem lendo poemas em voz alta. Gerd a observou. Era a mesma
garota alta vista na praia com Louise no dia que ele foi encontrado.
-- Felicity. – chamou
Louise. – Eis o teu pretendente.
Os três trocam olhares
surpresos e duvidosos entre si.
-- Eu... -- Fefe procurava
respostas mas não conseguia. – Não entendi.
-- Você pode quebrar o
feitiço! É também uma princesa...
-- COMO É QUE É? – berrou
Felicity, largando o livro no chão. – CASAR COM ELE? ESSE MUDINHO? PELO AMOR DE
DEUS!
Gerd fazia gestos
negativos, indicando não concordar com aquela decisão.
-- Gerd infelizmente não
tenho mais idéias para te ajudar.
Ele pegou um papel
disponível na escrivaninha, banhou a ponta da pena e escreveu, muito nervoso.
NÃO ME CASO SEM AMOR. LOUISE, EU IMPLORO ME BEIJE E
NÃO TE PEÇO NADA.
Louise
pensa um pouco e fala com Felicity, sem que Gerd ouça.
--
Ele só precisa ser beijado. – dizendo para prima mais alta. – Faça isso por
mim.
--
Não consigo, Louise. – Fefe se negava. A verdade é que ela não achava Gerd tão
atraente. – Se é só um beijo, vai lá e beije o cara. Não conto pro Larry.
--
Está bem.
Lulu encarou Gerd. Ela não
o conseguia olhar diretamente.
-- Prometo não olhar. –
Fefe ficando de costas, segurando um espelho.
Ela teve a iniciativa,
começando um selinho. Aos poucos o beijo ganhou uma forma e por fim mais
movimento dos lábios de ambos e o contato com a língua. Fefe notou que uma
pequena forma de luz se formava no pescoço do tritão. O feitiço estava se
quebrando e de repente a porta da biblioteca se abre e Fefe correu até o casal
e os separou, beijando Gerd com força. Lawrence vê o rosto de Louise um tanto
vermelho e o novo “casal” se formando.
-- Vai se casar com o
mudinho, Lady Felicity? – perguntou Larry, desconfiado com os boatos.
-- Sim. – Fefe força um
sorriso e abraça Gerd e o mesmo não exibindo reação positiva. – Louise me deu
um pretendente maravilhoso.
Larry os encarava,
principalmente Gerd. Desde que o viu com
Louise, desconfiava do mudinho, como ele o chama. Sua noiva passando mais tempo
com ele do que com homem que ama e vai se casar, ajudando Gerd e tudo mais.
Larry estava se cansando disso.
-- Curioso... --- disse o
capitão, tocando seu queixo. – Estive passando por aqui e tive a impressão de ter
ouvido você não acreditar que vai casar com ele.
-- Claro. – confirmou
Fefe. – Porque era esse meu desejo e finalmente se realizou.
-- Então, dou-lhe os
parabéns desde já. – em seguida se retirou.
Lulu não dizia nada.
Estava chocada com si mesma e mais ainda com Larry, Fefe e Gerd. Ela também
saiu da biblioteca e se trancou no quarto, chorando. Não tinha certeza do que
sentia. Se seu coração respondia ao capitão ou o tritão mudo. Uma difícil
decisão...
Enquanto isso no fundo do mar...
A bruxa Amber procurava
uma solução para atrair mais vítimas, como aconteceu com Dianna. No entanto,
Meg parecia triunfar no quesito. E quando tentou lançar um feitiço direto para
transformar outras sereias e tritões em
minhocas, algo deu errado. Nada, aparentemente, surtiu efeito como esperado.
-- O que foi? – procurando
o erro. – Fiz tudo certo. Por quê?
Neste momento ouviu um
canto melodioso conhecido. E uma pequena sombra com cauda de peixe, emergindo
nas águas.
-- NÃO! – gritou Amber,
destruindo sua caverna e a soterrando.
Amanheceu finalmente e
naquele momento Davy Jones sentiu uma grande vontade de caminhar na praia.
Chorou, lembrando-se de Dianna. Arrependia-se do que fez em não corresponder o
amor dela e salvá-la. Ao mesmo tempo ficava bravo com Louise. Amava sua amiga,
não tinha a menor dúvida. Mas ver a situação de Dianna se repetir com Gerd o
deixava com o sangue fervendo. Ele conversou com a melhor amiga, numa tentativa
vã de convencer Lulu em beijar o tritão, mesmo que sem compromisso ou
corresponder o amor dele, contando que seja para salvar sua vida. Seus
pensamentos foram interrompidos com o barulho do mar mais agitado que o normal
e olhou para o horizonte e notou um brilho maravilhoso, como se o sol lhe
indicasse um caminho. Uma cabeça loira saiu do mar e ganhava forma de uma
mulher. Uma linda mulher de vestido azul do mar, emergindo dali.
Não havia dúvida alguma.
Davy reconheceu Dianna, renascida.
-- Dianna? – se
aproximando dela. – É você?
-- Davy! – Dianna emitiu
sua voz, já recuperada.
Se abraçaram forte e
trocaram seu primeiro beijo. O primeiro de muitos e com sabor de paixão
acumulada e guardada desde o primeiro dia que se viram.
-- Minha sereiazinha...
-- Meu príncipe!
Ele a levou para o castelo
do rei de Gales, onde no quarto experimentaram seus primeiros momentos íntimos,
coisa que não tinha como ser feita na época da estadia dela...
O resto do dia foi
unicamente para a notícia do reaparecimento de Dianna. Louise a recebeu mais
abertamente. As duas conversaram no quarto sobre tudo que aconteceu e a
aparição de Gerd.
-- Minha nossa! – Dianna
lamentou. – Não queria provocar essa preocupação pros meus pais. E agora...
Gerd... Ele sofreu a conseqüência.
-- Ele me falou que uma
bruxa do mar o amaldiçoou. – disse Louise. – Você tem idéia quem seja?
-- Gerd não conhece Amber
mas... Ah sim. Megan.
-- Quem?
-- A bruxa da pior
espécie. Muito pior que Amber. Gerd teve a infelicidade de trair Alice com ela.
E arrependido foi pedir perdão. O resto não soube de nada pois Alice não tocou
mais no assunto.
-- Dianna... – a princesa
tocou a mão da sereia, outra vez sentindo vontade de chorar. – Ontem, eu beijei
aquele tritão. Podia jurar que o feitiço estava se quebrando.
-- E conseguiu?
-- Não. Lawrence apareceu,
não viu tudo, se não seria minha perdição. Não sei o que estou sentindo. Estou
arrependida do que fiz, tenho culpa por trair meu noivo, mas senti prazer
naquele beijo. E o Gerd beija tão bem...
-- Por que não o beija
amanhã? – sugeriu Dianna, com ares de sapeca. – É o último dia dele. Mesmo que
não seja amor, ao menos o salve e aproveite o beijo único.
-- Parece tão fácil... –
lamentou. – O problema é que amanhã vai ser meu casamento.
-- Oh nossa... – Dianna
desviou o olhar para janela, pensou um pouco e disse: -- Então faça isso antes
do casamento, antes de subir ao altar.
-- Dianna...
-- Amadinha, durma por
hoje. Deixe isso comigo.
Dianna se retirou do
quarto e Louise deitou na cama, sem dormir e pensando no dia de amanhã. Seja lá
o que ela planeja tinha medo...
No outro quarto Gerd
estava sentado na beira da janela, uma vez ou outra esforçava-se para falar. O
feitiço foi anulado pela metade, permitindo que o rapaz apenas solte grunhidos
mais audíveis e a única palavra que conseguia dizer era “Louise”. Neste momento
o casal de gaivotas, Geoff e Elena sobrevoam a torre e encontram seu amigo
tritão ali.
-- Gerhard. – cumprimentou
Geoff. – Então, conseguiu beijar a garota?
Através da expressão
triste, tiveram sua resposta.
-- Coitadinho. –
entristeceu Elena. – E quanto tempo lhe resta?
ATÉ AMANHÃ, APÓS O PÔR-DO-SOL.
As gaivotas se juntaram em
sua tristeza, procurando consolar o homem-peixe e ao mesmo tempo uma solução
imediata. Na outra torre do castelo, o capitão Lawrence pensava melhor sobre o
casamento com Louise. Amava muito a princesa e percebeu que seu ciúme consumia
demais. Como sua amada não merece algo assim, tomou uma decisão: cancelar o
casamento.
Meg se enfurecia no mar.
Amber está morta, seu terrível plano de matar Gerd não estava correndo bem. No
começo parecia tudo perdido para ele, até sua aproximação com a princesa ficar
muito mais visível e sua paixão por ela. E ainda ele a beijou e metade da
maldição foi quebrada, não totalmente.
-- Chegou bem, Gerd. –
socou a bruxa na caverna. – Perto demais. O desgraçado... Ele é melhor do que
eu pensava. É preciso agir logo. Amanhã é o prazo final.
A bruxa mais uma vez
refletiu na caldeira a imagem de Lawrence, conversando consigo mesmo.
-- Amanhã vou dizer pro
padre e para todos que esse casamento acabou e Louise pode estar livre.
A fúria era tanta que Meg
destruiu com um só golpe todos os frascos. E erguendo os braços e as mãos
começaram outra feitiçaria. Disse algumas palavras e imediatamente os olhos de
Lawrence ganharam um brilho diferente. Dos seus olhos azuis, ficaram mais
escuros. Quem o visse não perceberia esse detalhe. O mar ouvia outra risada
maléfica de Meg ecoando nos corais.
E o último dia chegou. A
celebração do casamento da princesa com o capitão da guarda estava magnífica. A
mesa posta para os convidados, o esplêndido bolo com os noivos e a chegada dos
convidados. No mar, os amigos do tritão, Alice e as gaivotas só assistiam e
nada podiam fazer para salvar Gerd, exceto permanecer com ele nos seus últimos
momentos. Nem mesmo os príncipes puderam ajudar Gerd. O tritão estava
conformado com seu fim. E antes da cerimônia, vestiu-se com esmero e tornou a
observar Louise. Uma lágrima escorreu e ele saiu do castelo.
Ele observou o mar e
encontrou seus amigos. As gaivotas apontavam o bico para ele seguir numa
direção. Caminhou até uma das torres e subindo as escadas encontrou Louise,
devidamente vestida. Belíssima.
-- Lou... Loui... Louise.
– disse o tritão com esforço.
A princesa voltou-se para
ele.
-- Gerd... – se
aproximando do rapaz, surpreendida. – Sua voz...
Embora não conseguindo
falar totalmente e apenas o nome dela, já era o bastante para a princesa
gostar. A voz dele grossa e bonita. Pensou consigo mesma se todos os tritões
possuem essa beleza em suas cordas vocais.
-- Eu não sei...
-- Por favor... – disse e
ofegando por conta do esforço e do efeito do feitiço final.
Antes de dizer algo, a
criada da rainha Mary abriu a porta e os viu.
-- Vossa alteza, está na
hora!
-- Já vou, Debby. – em
seguida olhou para Gerd, muito triste. – Preciso ir...
Era bom demais para ser
verdade. A criada levou Louise de braço dado rumo à porta da capela real. Gerd
seguiu para praia sem ver a cerimônia começando.
Enquanto a marcha nupcial
tocava e todos abaixavam a cabeça com a entrada dos noivos, Davy e Dianna,
juntamente com Mickey, fugiram para a praia na procura de Gerd e o encontram na
beira do mar, sem as botas e aos poucos tirando a roupa.
-- Não faz isso! – pediu
Dianna. – Ainda faltam quatro horas para acabar seu tempo.
“Louise não me beijou, portanto,
acabou minha vida aqui”
Ele não ouviu mais a
princesa do mar e caminhou um pouco nas águas.
-- Gerhard, por favor. –
pedia Davy.
-- Eu sei que ama minha
irmã! – disse Mickey, desesperado e puxando o tritão para perto da areia. – Não
pode desistir dela assim.
E na capela o padre ainda
dava o sermão do casamento e por fim perguntou aos noivos.
-- Capitão Lawrence
Stephen Rain, aceita a princesa Louise Christina McGold como sua legítima
esposa? Prometendo amá-la e respeitá-la, até que a morte os separe?
De repente Larry tem uma
crise de tosse e na hora de responder engasgou forte e seus olhos, antes negros
pelo feitiço de Meg, voltaram a ser azuis. Olhou para Louise, para si mesmo e
ao redor.
-- O que aconteceu? –
perguntou o capitão, sem saber. – Oh Deus! Este casamento...
-- Larry, o que deu em
você? – indagou Louise, sem entender a atitude estranha do noivo.
Os pais de Louise, o rei
Anthony e a rainha Mary não entendiam.
-- Louise, espero que não
seja outra de suas travessuras. – repreendeu o pai.
-- Papai, desta vez não
tenho culpa...
-- Louise! – pegando a mão
da jovem. – Ouça o que tenho a dizer. Eu fui um péssimo noivo pra você. Jamais
devia te tratar daquela maneira como fiz nestas últimas semanas. E
convenhamos... Você ama de verdade aquele rapaz.
-- Quem?
-- O mudinho. Eu vi,
Louise. Ele não vai casar com a Felicity e o modo como te olhava era de amor e
você merece isso.
Em seguida, Larry
depositou um beijo na bochecha de Louise e se retirou da capela, pedindo
desculpas aos convidados e para as majestades. Os convidados não sabiam o que
dizer e o rei pediu desculpas e Mary pediu explicações.
-- Que história é essa do
mudinho, Louise?
Antes de responder para a
mãe, Louise viu o relógio. Uma hora para o pôr-do-sol e saiu correndo,
ignorando todos e levantando o vestido. Correu até a praia, se livrando do véu
e dos sapatos. Avistou Dianna e Davy, voltando com as caras abatidas.
-- Davy, Dianna! –
abraçando os dois. – Cadê o Gerd?
Davy aponta para mais
adiante e Louise se apressa, desta vez encontrando Mickey.
-- Mickey....—ofegante e
se segurando nos braços do irmão. – Gerd... Onde...
Mickey mostrou o tritão
numa das rochas, sentado. Ela chegou perto e o chamou.
-- Gerd?
Ele nega ouvir e vira-se
para as águas.
-- Gerd, me escuta. Sinto
muito por te rejeitar todos esses dias. Só queria te ajudar sem envolver-me
emocionalmente mas não consegui. Porque me apaixonei por você. Não tirei aquele
beijo de ontem da minha cabeça e sua voz... Tudo em você me fascina.
Ouvindo a afirmação da
jovem, o ex-guarda real voltou-se para Louise e se levantando, tomou em seus
braços e a beijou, mais intenso e forte da primeira vez. Mickey, Dianna, Davy e
os amigos de Gerd viram, chocados e felizes depois. Até mesmo as gaivotas
vibraram com a cena romântica. Entre uma onda e outra um feixe de luz se formou
na garganta do tritão, devolvendo sua voz por completo.
-- Louise! – ele disse,
terminando o beijo e sentindo tudo normal. – Estou falando!
-- Gerd! – abraçou o
tritão. – Você pode falar! Está curado!
Todos comemoraram, no
entanto tudo que é bom, dura pouco. Trovões foram ecoados junto com as nuvens
negras que apareceram e taparam o sol. E uma risada. Olharam para a direção da
voz e encontraram... Debby.
-- Debby? -- estranhou Louise.
A criada lança raios
contra todos. Davy e Dianna escapam. Mickey é atingido, morrendo em seguida.
-- NÃO! MEU IRMÃO! –
segurou Louise o corpo do irmão, chorando. – SUA... SUA...
-- Não chore, princesinha!
Seu castigo é dez vezes pior. – Meg mostrava uma lança e apontava na direção de
Louise.
-- Não faz isso, Megan! –
Gerd se pôs na frente. – Se matar Louise, terá de matar também.
-- Essa é a intenção! –
mal terminando de falar e Meg lançou a arma contra o casal.
Ouviu-se um ruído de algo
perfurando. Gerd abriu os olhos e não sentiu dor. Mas Alice, sua ex-amada, se
colocou na frente dos dois e os protegeu, recebendo o impacto da lança no
peito.
-- Alice! -- Gerd a
segurou e retirou a lança. – Não morra.
-- Me perdoe, Gerd. Sei
que não devia. O que sente pela humana... é puro. E lindo. – disse a sereia e
em seguida olhando para Louise e segurando a mão dela. – Entendo o motivo de
ele amar você. Cuide do McDreamy...
Alice fechou os olhos e
parou de respirar. O casal e mais Dianna choraram diante do corpo da sereia.
Meg vomitava sangue pois Alice jogou contra ela a mesma adaga que entregou para
os amigos de Gerd, no intuito de entregar em mãos para ele e matar a princesa.
-- Maldita... – Megan
perdia seus poderes e antes de cair, reuniu mais alguns raios e mirou contra o
pessoal. – Ainda não acabou!
Neste momento Franz se
preparava para um salto.
-- Está pronto? – Sepp o
ajudava afiar a espada.
-- Nunca estive tão
pronto!
-- Já!
E num impulso forte, com a
ajuda das ondas do mar, Franz saltou e atingiu Meg bem no peito, justamente no
lugar onde Alice enterrou a adaga. Meg ficava deformada e os raios, antes
aterrorizando os habitantes e destruindo torres no castelo, atingiram em cheio
a bruxa, transformando num ser totalmente horrendo e evaporando em cinzas.
Quando a luta acabou, as nuvens se foram e o sol retornou com seu brilho.
E no mesmo momento, raios
solares iluminaram Alice e a salvaram. A sereia está viva e abraçou todos,
inclusive sua “rival”. Franz, Sepp e Johan voltaram em suas formas originais,
como tritões. Quando foi a hora de ir embora e chamando Dianna e Gerd, a
resposta foi essa.
-- Eu vou ficar. – a
princesa se encontrava de mãos dadas com Davy.
-- Gerd, você vem? –
perguntou Johan.
-- Não! – e abraçou
Louise. – Também fico.
-- E quem vai assumir a
chefia da guarda? – Sepp não encontrava nenhum outro tritão que fosse como
Gerd.
-- Franz pode assumir
muito bem.
De longe o rei Lawrence e
a rainha Susan, embora chocados, respeitavam a decisão de sua filha e do seu
capitão da guarda. Num movimento do tridente, o rei concedeu aos dois que
permanecessem como humanos na superfície.
-- Majestade. Posso fazer
um único pedido? – Gerd nunca foi de pedir algo aos soberanos.
-- Pode dizer.
-- Existe possibilidade de
salvar ele? – Gerd carregava o corpo inerte de Mickey.
O rei o observou e pediu
que deixassem deitado na areia. E com uma mão, usou os raios de sol e um pouco
das águas do mar para fechar os ferimentos de Mickey e assim trazendo-o de
volta a vida.
-- O que? – se levantou o
humano e encarando os tritões. – Quem são vocês e o que aconteceu?
-- Michael, esses são
Lawrence e Susan. O rei e a rainha do mar.
-- Ah minha nossa! –
Mickey fez reverência aos dois. – Me perdoe os meus maus modos, majestades. E
obrigado.
-- Nós que agradecemos por
terem cuidado da nossa filha. – apontou o rei para Dianna. – Desejamos tudo de
bom para vocês.
E eles voltaram para o
fundo do mar, com coração leve de preocupação e cientes que Dianna está bem.
Não demorou em novamente
um casamento fosse realizado... e em dobro. Como se não bastasse Gerd e Louise,
o rei de Gales permitiu que Davy e Dianna também fossem unidos no enlace
matrimonial. Uma grande festa foi realizada e no mar todos comemoravam essa
união feliz. Franz e sua esposa Odile, Sepp e sua namorada, a sereia escocesa
Nora se encontraram felizes. Alice está acompanhada de Michael Palin, o tritão
bobo da corte e com ele só alegria, paixão e carinho sem limites.
Muitos meses depois...
Louise e Gerd levavam seu
filho, o pequeno Thomas, para se divertir no litoral. Desde o nascimento dele,
se viu que o menino possui uma fixação pelo mar. Ele brincava na areia e
chutava e levantava as águas, com toda animação infantil e ainda convidava
Cecília e Rebecca, as gêmeas filhas de Davy e Dianna para brincar.
-- Qual a probabilidade
dele querer mergulhar no fundo do mar? – perguntou Louise?
-- Alta. – respondeu e
pegando Tommy. – Ele é nosso peixinho.
Louise concordou e pegou
Tommy, permitindo o contato do menino no mar. De longe avistou uma pequena
sereia saltando e emergindo. Era Melanie, a filha de Franz e Odile, aprendendo
a nadar. E Tommy deseja muito isso.
CENAS PÓS-CRÉDITOS DA MARVEL (1)
Geoff cantava e voava de
volta para o ninho construído no velho navio enterrado na outra ilha. Encontrou
Elena dormindo. Ela chocava os dois ovos.
-- Amor. – Geoff a chamou,
trazendo a comida. Algumas minhocas e pedaços de caranguejo. – Quanto tempo
falta?
Elena acordou e saiu do
ninho quando os ovos se mexiam com freqüência e apresentar rachaduras. Quebrou-se
sozinho e de dentro duas cabecinhas de passarinho, com os olhos fechados e
bicos pequenos aparecem. Os dois recém nascidos abriram os olhos e sorriam.
-- Papai! Mamãe! –
disseram os dois irmãozinhos para os pais.
O casal de gaivotas
emocionados alimentaram os dois e sorriam.
-- É o dia mais feliz da
minha vida! – comentou Elena.
-- Mais feliz quando
juntamos aquele homem peixe e a princesa e quando ajudamos aquela ruiva com
rosto de loba se unir com aquele belo jovem. – disse Geoff.
-- Boas lembranças...
Agora o tempo dirá quando
Neville e Matthew, os dois filhotes de gaivotas, aprenderiam a voar como seus
pais...
CENA PÓS-CRÉDITOS DA MARVEL (2)
Johan Cruyff, um tritão da
guarda real e poeta de nascença, era o único que não se ajuntou com alguém. Todas as sereias o
amavam, mas nenhuma o desejava. Chegava a ser estranho isso. Certo dia após um
trabalho exaustivo, emergiu na mesma praia onde Gerd vive.
-- Pelo menos aqui é
melhor. – comentou enquanto se ajeitava na rocha pra pegar um pouco de sol.
E cinco minutos depois
ouviu um belo som de alaúde, vindo da beira da praia. Olhou de quem vinha e
surpreendeu-se. Era da moça de cabelos negros e olhos castanhos vista naquele
dia no navio.
Eu duvido que haja moça mais bonita
do que eu.
E mesmo assim todos os homens olham
para outras e não eu.
E nada do que fiz para conquistar
quem amo
Certo não deu!
Felicity, a prima de
Louise, parou de cantar e seguiu caminhando. A decepção na música se deve do
seu noivo, um italiano, rejeitá-la e desde então lutou para reconquistar. Nada
feito.
-- Ah milady, se eu ao
menos tivesse pernas, só eu posso ter você em meus braços...
Johan continuou observando
Felicity de longe e jurou continuar assim até algum dia aquela lady lhe
notar...
FIM