Hoje vamos para o sexto capítulo de Laços do Blues. O título seria "Wrapping Paper", mas por motivo que teremos a participação especial dos Beatles, mudamos para "Run For Your Life". Boa leitura.
Capítulo 6: Run For Your Life
Rosie POV
Aquilo não podia
estar acontecendo. Os Beatles aqui em Oxford. Minha mente custava a processar a
informação dita por Jane e Marianne e pelo visto pegou Eric e Ginger de
surpresa.
-- Ok, eu... só
preciso tomar banho e trocar de roupa.
Volto em 15 minutos.
Demorei mais que
míseros 15 minutos. Não parava de pensar na incrível possibilidade de me
encontrar com John Lennon. Meu último encontro com ele achava que seria em
1964, mas foi no show do Shea Stadium no ano passado, quando tive a audácia de
invadir o camarim dele e... repetimos a dose de ocorreu em 1964.*
Quando voltei
para sala, não encontrei mais Eric e Ginger.
-- Mari, o que
houve com Eric e o Ginger? Onde estão?
-- Eles foram
embora. Tinham de voltar pro apartamento deles para que o Jack não desconfie de
nada, afinal, aquele maluco é doido por você.
-- Ah, tá. Achei
que fosse algo referente a noticia dos Beatles na faculdade de Oxford. Menos
mal, eu acho.
Embora Mari me
garantisse que Clapton não ficou um pouco estremecido com isso, no fundo não
conseguia ficar tranquila, só pelo fato de ver outra vez Lennon.
Não tomei nem o café com torradas preparado pelas meninas. Jane e Mary
foram acordar os rapazes e só ficou Marianne e eu conversando. Esta, por sua
vez percebeu meu nervosismo e perguntou.
-- O que está
havendo, Rosie?
-- Não há nada.
Por que me perguntou isso?
-- Está tão
estranha e nervosa. Deveria ficar feliz. Primeiro o Cream se apresenta, agora é
a vez dos Beatles. Quem deveria ser a próxima banda a se apresentar na
faculdade? Talvez The Who, Yardbirds, Hollies ou trazer aqueles cantores Peter
& Gordon. O que você acha?
Não havia
prestado atenção na minha amiga. A vontade que sentia era de chorar. Por que
tinha de acontecer logo agora, que me sentia tão feliz e sentido finalmente ter
encontrado alguém para amar de verdade?
-- ROSIE! –
Gritou Marianne, para chamar minha atenção. – Está me ouvindo?
-- Desculpe, eu
não estou legal hoje. Vou pro quarto. – Falei e procurando evitar as lágrimas
nos olhos.
Antes mesmo de
entrar no meu quarto, alguém bate na porta. Mari foi atender e era meu chefe,
Sam Benson.
-- Olá, Marianne.
A Rosie está?
-- Está sim. Só
um momento que vou chama-la.
-- Não precisa,
eu já estou descendo.
Desci as escadas
com a cara de desanimo. Sam e eu ficamos conversando na sala e Mari e o
restante se retirou para ficar tudo a vontade.
-- Rosie, vou
precisar mais uma vez de sua ajuda.
-- É a respeito
dos Beatles?
-- Isso e como
soube? Ah, isso não importa. O importante é que estou com os Beatles e o Cream,
que felizmente fecharam contrato para mais uns shows para temporada agora de
inverno e a chegada do natal. O problema é que os Beatles chegaram da sua
última turnê finalizada em São Francisco e terminaria o ciclo de viagens. Agora
Brian Epstein me aparece na agência em pleno domingo para avisar que pretende
que os Beatles façam uma apresentação na faculdade de Oxford. Ele gostou da
repercussão que o Cream teve e gostaria que seus “meninos” tivessem o mesmo,
como forma de fechar com chave de ouro o ciclo de turnês de vez. E pra piorar,
Brian deu uma data de show que já fechei com Cream. Eu não sei o que dizer e
nem o que fazer.
-- Bom... Marque
uma reunião com Brian e os Beatles na segunda-feira e eu vou estar junto com o
senhor para persuadir a mudar de data.
-- Obrigado,
Rosie. Sabia muito bem que posso contar com você. Agora descanse, aproveite o
domingo e desculpe o incomodo.
-- Tudo bem,
senhor. Eu estava no ócio mesmo hehehe. Tenha um bom dia!
Tenha um bom dia! Juro que meu dia
não estava tão bom assim. Se ao menos Sam soubesse do caco emocional que me
encontro...
Na segunda-feira,
assisti as duas primeiras aulas do Código Penal Inglês e depois parti para
agencia. Nem esperei meu chefe ordenar para fazer o chá de maçã, já estava na
cozinha preparando quando ouvi dois carros estacionando em frente à porta. Ali
desceram Brian Epstein, John Lennon e Paul McCartney e no outro carro George Harrison
e Ringo Starr.
-- Sejam Bem-
Vindos a Agência Oxford Music. Sintam-se a vontade!
Deixei o medo de
ser reconhecida por eles de lado e fui servir o chá. Brian foi extremamente
educado, Paul, George e Ringo também. Mas quando foi a vez de John, me lembrei
de quando conheci e me apaixonei por Eric Clapton. John pegou a xícara e discretamente tocou de
leve minha mão e de forma proposital. Ele me olhava com aquele jeito sedutor
que uma vez tive o privilégio em 1964.
Retirei-me para
cozinha na esperança de Benson me chamar na conversa com eles e vi John
seguindo para o banheiro. Fingi que não o vi. Olhei na direção e não o vi mais
e quando me virei, ele estava na minha frente e rindo.
-- Desta vez te
assustei, musa? – Perguntou John, sempre com aquele sorriso maroto.
-- Não mesmo e,
por favor, não me chame mais assim. Já
me conformei que nunca ficaremos juntos.
-- E se eu disser
que quero realmente você ao meu lado?
-- Eu sei que não
é verdade. Não consegue e nem pode largar sua esposa por causa do filho.
-- Faço tudo por
você. Diga o que realmente gostaria de ouvir, musa. Diga!
Olhei bem no
fundo dos seus olhos. Paul também foi ao banheiro e quando saiu de lá, nos viu
e perguntou discreto.
-- Errr... Tá
tudo bem, John?
-- Tá sim, Paul. Só
agradeci a ruiva pelo chá. – Disse John, ainda olhando pra mim e conseguindo
responder para o amigo.
John voltou para
sala com Paul e eu fiquei na cozinha, pensando se poderia dizer ou não. Sim, eu
estava pela primeira vez dividida entre ele e Eric Clapton. Como poderia ser?
Tinha certeza, Eric me completava de um modo incrível e John... John foi só o “primeiro”.
Não pensei muito,
pois ouvi uma buzina em frente a agencia. Sai da cozinha e vi pela janela o
Cream saindo do carro e junto o empresário.
-- Sr. Benson, o
grupo Cream está aqui.
-- Oh meu deus.
Rosie deixe-os entrar.
Abri a porta e
cumprimentei todos e Eric estava bem feliz ao me ver. Percebi que ele desejava
me beijar, mas se conteve e só houve sorrisos. No entanto aquele sorriso do
guitarrista sumiu quando viu outro guitarrista... chamado John Lennon.
-- Pessoal, este
é o grupo Cream, banda de maior ascensão do blues e rock! E esses são os...
-- Não precisa
nos apresentar, Benson. Eles já devem saber quem somos.—Disse John, bem
arrogante e dirigindo seu olhar pro Eric.
-- John! – Repreendeu
Brian Epstein. – Me desculpe, Benson e Cream. John é às vezes cínico com as
pessoas sem saber.
Graças a deus que
Danny Gillian era bem compreensivo e levou tudo na esportiva, embora o Cream
inteiro estava ofendido e fingiu legal que foi tudo uma brincadeira.
Aquela conversa
era tão entediante que sai de fininho pra rua e depois alguém tapa meus olhos
com as mãos.
-- Advinha quem
é?
-- Clapton, o
deus!
-- Acertou e merece
um prêmio!
Eric me beijou
bem apaixonado. Nunca havia sentido nada
igual naquele beijo, nem mesmo quando Les Chadwick me beijou de forma rápida e
contendo pouca intensidade. Terminamos os beijos e logo vi o beatle John nos
olhando de forma furiosa pra mim e pro Eric na porta.
-- Rosie, minha
fada, o que houve? – Perguntou Eric, que me via assustada.
-- ELA NÃO É FADA
E NUNCA FOI. ELA É MINHA MUSA!!!!
Eric ficou amedrontado
com o aquele grito, mas se recuperou.
-- O que está
dizendo, seu maluco?
-- Estou dizendo
que ela é minha e não sua, seu magrelo! – Xingou o beatle, mais furioso,
seguindo em nossa direção e depois pegando meu braço.
-- John, me
solta!
-- Solta ela, seu
ordinário! Quem é você para dizer uma
coisa dessas? Por acaso a conhece?— Eric agora retribuiu o xingão e me salvou.
-- Por que não
pergunte isso pra ela? Fala pro Deus, Musa, sobre nós em 1964 e em 1965 no
backstage do Shea Stadium.
-- Que história é
essa, Rosie?—Eric estava em choque com aquelas coisas ditas.
Havia finalmente
chegado a hora.
-- John e eu... Tivemos
um caso em 1964 em Liverpool.
-- Na era da “beatlemania”?
-- Sim e naquela
época eu era fã dos Beatles e...
-- E se envolveu
com ele? POR QUE COM ELE?
-- Eric me
escuta, eu gostava do John, mas sabia que não daria certo. Ok, aconteceu de
novo quando fui assistir o show dos Beatles nos Estados Unidos no Shea Stadium
e depois disso nunca mais. E te conheci, é você que eu amo!
-- Não
acredito... não acredito... NÃO ACREDITO QUE ME DIZ ISSO, MUSA!
-- Acredite,
John. Deixe de ser canalha, tome vergonha na cara e me deixe em paz. Eu te amei
e agora amo ele, Eric Clapton!
-- Eu... – John estava
completamente louco de ciúmes. – EU PREFIRO TE VER MORTA DO QUE COM OUTRO
HOMEM!
E depois tudo foi
meio rápido demais. John partiu pra cima de Eric e os dois brigavam
furiosamente um contra o outro. Benson, Brian, Os Beatles e o Cream saíram da
agência pra verem o que estava acontecendo e se horrorizaram com tudo.
-- Rosie, meu
deus, o que deu neles?
-- Sr. Benson,
eu...
Os urros e socos
trocados por parte do Eric contra John interromperam tudo. Jack por sua vez ria
de tudo aquilo.
-- Há há há há ,
isso aí, Eric! Soca ele, chuta esse besouro! E ai pessoal, façam suas apostas,
o besouro que afirma ser mais popular que Jesus ou o Deus da guitarra e do blues?
Vamos minha gente, apostem!
George queria
apartar a briga, mas era impossível.
-- John... Para
com isso! Paul, Ringo, me ajudem aqui!
Quem disse que
Paul e Ringo ajudaram? Que nada!
-- Aposto 10
xelins que o John ganha! – Falou Paul, feliz e entregando o dinheiro para Jack
Bruce.
-- Eu também aposto
no John. Detona com ele, Lennon! – Torcia Ringo, fazendo pose de lutador de
boxe.
-- Ora, vamos
Marianne, eu sei que o Ginger te dá grana. Aposta vai!
-- Pare com isso,
Jack. Olha lá o Eric se estropiando e ... Ginger!
-- Pago 15 xelins
que o Eric esmaga o besouro! – Disse Ginger passando a grana e falando em voz
alta que o Clapton esmaga.
Aquela briga
estava intensa, precisava ser parada o quanto antes. O povo já estava ali vendo
tudo. Ia à direção dos dois guitarristas no intuito de ajudar George a apartar
aquela desavença no entanto ouvi um grito de mulher.
-- ERIC CLAPTON!—Gritou
uma mulher alta, bem vestida, com sotaque francês bem proeminente e maquiagem
bem feita e delicada.
-- Não!... Você
é.... – Gaguejou Eric, quando ia dar um soco na cara de John, segurando seu
colarinho.
-- Espere! Quem é
você? – Perguntei e fiquei na frente dela.
-- Charlotte
Martin, a namorada de Eric Clapton.
O que? Namorada
dele? Abri a boca de espanto e como se fosse automático, minha mente ecoava com
aquela afirmação. Dava pra ver que custei por uns 5 segundos que aquela
francesa ruiva disse sobre isso.
-- Você é... a
namorada de Eric Clapton?
-- Sim, mocinha.
Sabe se ele tem outra ou se mantém sozinho?
Aquilo era
demais. Levo um choque por John e Eric brigar por minha causa e agora me surge
essa francesa sabe-se-lá-onde pra me dizer que ela e Eric são amantes.
-- Charlotte, o
que faz aqui?—Eric largou John e foi-se na direção de nós duas. George o
socorreu e a plateia viu tudo e vi rapidamente que Mari ia querer apostar, mas
não deu o dinheiro só pra ver o que ia acontecer.
-- Vim falar com
Sam Benson a respeito do desfile de moda em Oxford e vi essa movimentação toda.
Por que batia no John Lennon.
-- Isso não é da
sua conta. Volte pra casa e fale com meu chefe amanhã! – Respondi mesmo sendo
meio grossa.
-- Escute
aqui, eu não vim de Sorbonne até essa
cidade caipira da Inglaterra pra receber
ordens de uma anã ruiva e depois se hospedar em qualquer hotel chinfrim.
Queridinha, eu quero falar com Sam Benson.
-- Ele tá
ocupado! Volte amanhã!
-- Não volto nada
e quem é você, sua espoleta?
-- Roselyn Anne
Donovan, namorada firme do Eric Clapton!
Agora é Charlotte
que fica boquiaberta e todo mundo na rua também. Naquele momento sabia que
teria minha primeira rivalidade.
Continua...

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