domingo, 1 de setembro de 2013

Laços do Blues (6º Capítulo)

Olá pessoal!
Hoje vamos para o sexto capítulo de Laços do Blues. O título seria "Wrapping Paper", mas por motivo que teremos a participação especial dos Beatles, mudamos para "Run For Your Life". Boa leitura.


Capítulo 6: Run For Your Life


Rosie POV

Aquilo não podia estar acontecendo. Os Beatles aqui em Oxford. Minha mente custava a processar a informação dita por Jane e Marianne e pelo visto pegou Eric e Ginger de surpresa.

-- Ok, eu... só preciso tomar banho e trocar de roupa.  Volto em 15 minutos.

Demorei mais que míseros 15 minutos. Não parava de pensar na incrível possibilidade de me encontrar com John Lennon. Meu último encontro com ele achava que seria em 1964, mas foi no show do Shea Stadium no ano passado, quando tive a audácia de invadir o camarim dele e... repetimos a dose de ocorreu em 1964.*

Quando voltei para sala, não encontrei mais Eric e Ginger.

-- Mari, o que houve com Eric e o Ginger? Onde estão?

-- Eles foram embora. Tinham de voltar pro apartamento deles para que o Jack não desconfie de nada, afinal, aquele maluco é doido por você.

-- Ah, tá. Achei que fosse algo referente a noticia dos Beatles na faculdade de Oxford. Menos mal, eu acho.

Embora Mari me garantisse que Clapton não ficou um pouco estremecido com isso, no fundo não conseguia ficar tranquila, só pelo fato de ver outra vez  Lennon.  Não tomei nem o café com torradas preparado pelas meninas. Jane e Mary foram acordar os rapazes e só ficou Marianne e eu conversando. Esta, por sua vez percebeu meu nervosismo e perguntou.

-- O que está havendo, Rosie?

-- Não há nada. Por que me perguntou isso?

-- Está tão estranha e nervosa. Deveria ficar feliz. Primeiro o Cream se apresenta, agora é a vez dos Beatles. Quem deveria ser a próxima banda a se apresentar na faculdade? Talvez The Who, Yardbirds, Hollies ou trazer aqueles cantores Peter & Gordon. O que você acha?

Não havia prestado atenção na minha amiga. A vontade que sentia era de chorar. Por que tinha de acontecer logo agora, que me sentia tão feliz e sentido finalmente ter encontrado alguém para amar de verdade?

-- ROSIE! – Gritou Marianne, para chamar minha atenção. – Está me ouvindo?

-- Desculpe, eu não estou legal hoje. Vou pro quarto. – Falei e procurando evitar as lágrimas nos olhos.

Antes mesmo de entrar no meu quarto, alguém bate na porta. Mari foi atender e era meu chefe, Sam Benson.

-- Olá, Marianne. A Rosie está?

-- Está sim. Só um momento que vou chama-la.

-- Não precisa, eu já estou descendo.

Desci as escadas com a cara de desanimo. Sam e eu ficamos conversando na sala e Mari e o restante se retirou para ficar tudo a vontade.
-- Rosie, vou precisar mais uma vez de sua ajuda.

-- É a respeito dos Beatles?

-- Isso e como soube? Ah, isso não importa. O importante é que estou com os Beatles e o Cream, que felizmente fecharam contrato para mais uns shows para temporada agora de inverno e a chegada do natal. O problema é que os Beatles chegaram da sua última turnê finalizada em São Francisco e terminaria o ciclo de viagens. Agora Brian Epstein me aparece na agência em pleno domingo para avisar que pretende que os Beatles façam uma apresentação na faculdade de Oxford. Ele gostou da repercussão que o Cream teve e gostaria que seus “meninos” tivessem o mesmo, como forma de fechar com chave de ouro o ciclo de turnês de vez. E pra piorar, Brian deu uma data de show que já fechei com Cream. Eu não sei o que dizer e nem o que fazer.

-- Bom... Marque uma reunião com Brian e os Beatles na segunda-feira e eu vou estar junto com o senhor para persuadir a mudar de data.

-- Obrigado, Rosie. Sabia muito bem que posso contar com você. Agora descanse, aproveite o domingo e desculpe o incomodo.

-- Tudo bem, senhor. Eu estava no ócio mesmo hehehe. Tenha um bom dia!

Tenha um bom dia! Juro que meu dia não estava tão bom assim. Se ao menos Sam soubesse do caco emocional que me encontro...

Na segunda-feira, assisti as duas primeiras aulas do Código Penal Inglês e depois parti para agencia. Nem esperei meu chefe ordenar para fazer o chá de maçã, já estava na cozinha preparando quando ouvi dois carros estacionando em frente à porta. Ali desceram Brian Epstein, John Lennon e Paul McCartney e no outro carro George Harrison e Ringo Starr.

-- Sejam Bem- Vindos a Agência Oxford Music. Sintam-se a vontade!

Deixei o medo de ser reconhecida por eles de lado e fui servir o chá. Brian foi extremamente educado, Paul, George e Ringo também. Mas quando foi a vez de John, me lembrei de quando conheci e me apaixonei por Eric Clapton.  John pegou a xícara e discretamente tocou de leve minha mão e de forma proposital. Ele me olhava com aquele jeito sedutor que uma vez tive o privilégio em 1964.

Retirei-me para cozinha na esperança de Benson me chamar na conversa com eles e vi John seguindo para o banheiro. Fingi que não o vi. Olhei na direção e não o vi mais e quando me virei, ele estava na minha frente e rindo.

-- Desta vez te assustei, musa? – Perguntou John, sempre com aquele sorriso maroto.

-- Não mesmo e, por favor, não me chame mais assim.  Já me conformei que nunca ficaremos juntos.

-- E se eu disser que quero realmente você ao meu lado?

-- Eu sei que não é verdade. Não consegue e nem pode largar sua esposa por causa do filho.

-- Faço tudo por você. Diga o que realmente gostaria de ouvir, musa. Diga!

Olhei bem no fundo dos seus olhos. Paul também foi ao banheiro e quando saiu de lá, nos viu e perguntou discreto.

-- Errr... Tá tudo bem, John?

-- Tá sim, Paul. Só agradeci a ruiva pelo chá. – Disse John, ainda olhando pra mim e conseguindo responder para o amigo.

John voltou para sala com Paul e eu fiquei na cozinha, pensando se poderia dizer ou não. Sim, eu estava pela primeira vez dividida entre ele e Eric Clapton. Como poderia ser? Tinha certeza, Eric me completava de um modo incrível e John... John foi só o “primeiro”.

Não pensei muito, pois ouvi uma buzina em frente a agencia. Sai da cozinha e vi pela janela o Cream saindo do carro e junto o empresário.

-- Sr. Benson, o grupo Cream está aqui.

-- Oh meu deus. Rosie deixe-os entrar.

Abri a porta e cumprimentei todos e Eric estava bem feliz ao me ver. Percebi que ele desejava me beijar, mas se conteve e só houve  sorrisos. No entanto aquele sorriso do guitarrista sumiu quando viu outro guitarrista... chamado John Lennon.

-- Pessoal, este é o grupo Cream, banda de maior ascensão do blues e rock! E esses são os...

-- Não precisa nos apresentar, Benson. Eles já devem saber quem somos.—Disse John, bem arrogante e dirigindo seu olhar pro Eric.

-- John! – Repreendeu Brian Epstein. – Me desculpe, Benson e Cream. John é às vezes cínico com as pessoas sem saber.

Graças a deus que Danny Gillian era bem compreensivo e levou tudo na esportiva, embora o Cream inteiro estava ofendido e fingiu legal  que foi tudo uma brincadeira.
Aquela conversa era tão entediante que sai de fininho pra rua e depois alguém tapa meus olhos com as mãos.

-- Advinha quem é?

-- Clapton, o deus!

-- Acertou e merece um prêmio!

Eric me beijou bem apaixonado.  Nunca havia sentido nada igual naquele beijo, nem mesmo quando Les Chadwick me beijou de forma rápida e contendo pouca intensidade. Terminamos os beijos e logo vi o beatle John nos olhando de forma furiosa pra mim e pro Eric na porta.

-- Rosie, minha fada, o que houve? – Perguntou Eric, que me via assustada.

-- ELA NÃO É FADA E NUNCA FOI. ELA É MINHA MUSA!!!!

Eric ficou amedrontado com o aquele grito, mas se recuperou.

-- O que está dizendo, seu maluco?

-- Estou dizendo que ela é minha e não sua, seu magrelo! – Xingou o beatle, mais furioso, seguindo em nossa direção e depois pegando meu braço.

-- John, me solta!

-- Solta ela, seu ordinário!  Quem é você para dizer uma coisa dessas? Por acaso a conhece?— Eric agora retribuiu o xingão e me salvou.

-- Por que não pergunte isso pra ela? Fala pro Deus, Musa, sobre nós em 1964 e em 1965 no backstage do Shea Stadium.

-- Que história é essa, Rosie?—Eric estava em choque com aquelas coisas ditas.

Havia finalmente chegado a hora.

-- John e eu... Tivemos um caso em 1964 em Liverpool.

-- Na era da “beatlemania”?

-- Sim e naquela época eu era fã dos Beatles e...

-- E se envolveu com ele? POR QUE COM ELE?

-- Eric me escuta, eu gostava do John, mas sabia que não daria certo. Ok, aconteceu de novo quando fui assistir o show dos Beatles nos Estados Unidos no Shea Stadium e depois disso nunca mais. E te conheci, é você que eu amo!

-- Não acredito... não acredito... NÃO ACREDITO QUE ME DIZ ISSO, MUSA!

-- Acredite, John. Deixe de ser canalha, tome vergonha na cara e me deixe em paz. Eu te amei e agora amo ele, Eric Clapton!

-- Eu... – John estava completamente louco de ciúmes. – EU PREFIRO TE VER MORTA DO QUE COM OUTRO HOMEM!

E depois tudo foi meio rápido demais. John partiu pra cima de Eric e os dois brigavam furiosamente um contra o outro. Benson, Brian, Os Beatles e o Cream saíram da agência pra verem o que estava acontecendo e se horrorizaram com tudo.

-- Rosie, meu deus, o que deu neles?

-- Sr. Benson, eu...

Os urros e socos trocados por parte do Eric contra John interromperam tudo. Jack por sua vez ria de tudo aquilo.

-- Há há há há , isso aí, Eric! Soca ele, chuta esse besouro! E ai pessoal, façam suas apostas, o besouro que afirma ser mais popular que Jesus ou o Deus da guitarra e do blues? Vamos minha gente, apostem!

George queria apartar a briga, mas era impossível.

-- John... Para com isso! Paul, Ringo, me ajudem aqui!

Quem disse que Paul e Ringo ajudaram? Que nada!

-- Aposto 10 xelins que o John ganha! – Falou Paul, feliz e entregando o dinheiro para Jack Bruce.

-- Eu também aposto no John. Detona com ele, Lennon! – Torcia Ringo, fazendo pose de lutador de boxe.

-- Ora, vamos Marianne, eu sei que o Ginger te dá grana. Aposta vai!

-- Pare com isso, Jack. Olha lá o Eric se estropiando e ... Ginger!

-- Pago 15 xelins que o Eric esmaga o besouro! – Disse Ginger passando a grana e falando em voz alta que o Clapton esmaga.

Aquela briga estava intensa, precisava ser parada o quanto antes. O povo já estava ali vendo tudo. Ia à direção dos dois guitarristas no intuito de ajudar George a apartar aquela desavença no entanto ouvi um grito de mulher.

-- ERIC CLAPTON!—Gritou uma mulher alta, bem vestida, com sotaque francês bem proeminente e maquiagem bem feita e delicada.

-- Não!... Você é.... – Gaguejou Eric, quando ia dar um soco na cara de John, segurando seu colarinho.

-- Espere! Quem é você? – Perguntei e fiquei na frente dela.

-- Charlotte Martin, a namorada de Eric Clapton.

O que? Namorada dele? Abri a boca de espanto e como se fosse automático, minha mente ecoava com aquela afirmação. Dava pra ver que custei por uns 5 segundos que aquela francesa ruiva disse sobre isso.

-- Você é... a namorada de Eric Clapton?

-- Sim, mocinha. Sabe se ele tem outra ou se mantém sozinho?

Aquilo era demais. Levo um choque por John e Eric brigar por minha causa e agora me surge essa francesa sabe-se-lá-onde pra me dizer que ela e Eric são amantes.

-- Charlotte, o que faz aqui?—Eric largou John e foi-se na direção de nós duas. George o socorreu e a plateia viu tudo e vi rapidamente que Mari ia querer apostar, mas não deu o dinheiro só pra ver o que ia acontecer.

-- Vim falar com Sam Benson a respeito do desfile de moda em Oxford e vi essa movimentação toda. Por que batia no John Lennon.

-- Isso não é da sua conta. Volte pra casa e fale com meu chefe amanhã! – Respondi mesmo sendo meio grossa.

-- Escute aqui,  eu não vim de Sorbonne até essa cidade caipira da Inglaterra pra  receber ordens de uma anã ruiva e depois se hospedar em qualquer hotel chinfrim. Queridinha, eu quero falar com Sam Benson.

-- Ele tá ocupado! Volte amanhã!

-- Não volto nada e quem é você, sua espoleta?

-- Roselyn Anne Donovan, namorada firme do Eric Clapton!

Agora é Charlotte que fica boquiaberta e todo mundo na rua também. Naquele momento sabia que teria minha primeira rivalidade.


Continua...

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