segunda-feira, 31 de julho de 2017

Stop! In Name of Love! (22º Capítulo)

Olá pessoal!
Tenham um bom fim de tarde e começo de  noite e fiquem com novo capítulo decisivo de Stop! Boa leitura!



Capítulo 22: Prova de Fogo


Rosie POV
Esta é uma prova de fogo
Você vai dizer
Se gosta de mim.
Sei que você não é bobo,
Porém seu reinado
Vai chegando ao fim...



O trecho da música que toca no rádio combina bem com o momento que vou ter. Uma prova de fogo. Por um lado estava aliviada por sair de um casamento que por sinal não deveria ter acontecido. E por outro tive pena do Best. Ele não merecia toda minha raiva e ciúme que tinha da Marianne. Eu não devia descontar nele tudo isso.

E fomos para o camarim, fechamos a porta. Encarei meu marido, sentada na cadeira.

-- Por favor... – ele suspirava para evitar mais prantos. – Me diz que isso é uma piada e de mau gosto.

-- Piada é esse casamento. – disse. Eu devia falar a verdade. – Eu disse pra você que não queria casar. Mas não adiantou. Você disse pra toda sua família, pro time, pros seus amigos, pro mundo que vamos nos casar. Eu nem disse se aceitava. E no outro dia a igreja pronta, o salão pronto e até providenciado um vestido com todas as minhas medidas! EU NÃO QUERIA ME CASAR COM VOCÊ!

-- Mas nos amávamos. – Best ainda insistia com a conversa de amor. – Por quê?

-- Amar? – me espantei. Sai da cadeira e fiquei cara a cara com ele, muito brava. – Best, nós tínhamos começado a namorar logo depois que o Bobby Moore me deixou. Eu falei um milhão de vezes. Não quero me casar ainda.

E continuamos falando. Best parecia uma garota inconformada. Me dava mais pena dele.

-- Então por que me deixou acreditar? – indagou Best.

-- Eu sempre fui clara que não quero me casar. E sim viver um relacionamento bom.

Uma pausa na nossa conversa. Percebi que uma parte do elenco ouvia meus gritos. Dou razão pra eles. Literalmente não dava pra falar calmamente.

-- Vou ser mais direta. Praticamente você tomava todas as decisões por mim. Começando por nosso casamento, depois essa escalação para o filme da Odile. Você sabe que não gosto dela, mesmo ter ficado com ela uma vez e eu já tinha aceitado um trabalho com Lars Von Trier. E por sua culpa e da francesa eu perdi minha oportunidade. E pra piorar, ainda chamaram aquele embuste da Rússia chamada Anastacia Rosely pra escrever o roteiro. Você mais do que ninguém sabe que não gosto daquela mulher por razões óbvias. – chorei. – E então eu desisti. Procurei a única pessoa que realmente viu que estava sofrendo. Edmund.

Best se calou mais e não ouvi os burburinhos dos curiosos que encostavam as orelhas na porta ou na parede.

-- Quer saber como nós concebemos o bebê? Foi na noite que você saiu com Charlton e o Law. E foi a melhor noite de minha vida. E quando descobri que estava grávida, deu tudo errado porque você achou que era seu.

-- Achei que ia gostar de atuar comigo. – ele comentou. – Você reclamava que nunca estava presente.

-- Admito, eu reclamava. Mas depois desejava que você ficasse longe de mim. Meu Deus, eu rezei que você se apaixonasse por outra ou pela Odile. Enfim, depois das gravações da minha parte, vou entrar com pedido de divórcio.

A próxima atitude foi do Best. Ele saiu do camarim sem dizer nada. Absolutamente nada. Minhas mãos tremiam mesmo não ter me arrependido do que disse. Quando me retirei, todos me olhavam estranho. Até mesmo Ana.

-- Se eu soubesse que você tinha aceitado trabalhar com Von Trier, não teria te convidado. – disse Odile.

-- Chorar pelo leite derramado não adianta mais, Odile. – falei, bem grosseira. – Só vim pra finalizar essa porra de filme, pelo menos da minha parte. Vamos logo gravar isso!

-- Tudo bem, Rosie. – Odile me olhava torto e foi assim o resto do dia.

As gravações ocorreram tudo bem, houve poucos erros e tomadas a serem corrigidas e feitas. A cena final seria de Candice dizer adeus pro namorado dela, Ross (definido segundo o novo roteiro) e encerrando minha participação e a do Best. Quando Odile falou corta, Best largou fora do estúdio, sem falar algo. Quanto a mim, fiz o mesmo e me juntei com Edmund. Tínhamos outros compromissos.

-- Certo, pessoal. Próxima cena será dos ursinhos e uma do Gene.

Conversei rápido com Odile.

-- Não está brava com que aconteceu?

-- Já aconteceram tantas coisas aqui neste set que não adianta me estressar por outras que estão surgindo.

 -- Acho que a destruição do seu antigo set, os surtos da Louise, o fim do meu casamento e minha briga com Marianne e Ana não é nada perto do que vem por aí daqui a dois dias... Nas bancas de revistas.

Odile abriu um pouco os olhos e só disse:

-- Tudo bem, Rosie.

Conversamos com um advogado de confiança do Ed e os documentos mais do que prontos. No entanto tinha outro problema: um casamento. De quem? Daquele alemão chamado Gerd Müller com a poetisa Dianna Mackenzie. O elenco e a equipe de filmagem foram convidados. Droga!  Vou adiar mais um pouco a assinatura do Best pra depois do casamento.

E dois dias depois aconteceu a bomba da semana. A revista Gates of Eden publicou sobre o filme da Odile, intitulado “O maior fracasso insistido do cinema!”. Contei tudo para o Ed o que se passava naquele set, inclusive das minhas desconfianças que aconteciam entre os casais reais (Davy e Lulu, Gerd e Dianna) e os da ficção, mais os surtos que Louise teve durante as gravações, as tretas e mais outras loucuras. Era minha vingança contra Odile, Marianne e Anastacia.


Mickey POV

Esses dias que se passaram foi tipo uma marcha lenta. Em compensação estava com o pressentimento que as coisas podem melhorar. Era o pensamento que tinha até comprar a revista Gates of Eden e me deparar com a bombástica manchete.

-- Puta merda!

Em casa li, reli e não tomei mais café. Santo Deus! O que fizemos para merecer isso? Como Edmund teve a audácia de publicar esses fatos ocorridos anteriormente nas filmagens?

Então me lembrei da treta que teve entre Rosie e Best e contra todo mundo. Foi ela a delatora de tudo. Puxa vida! Como se afundar Odile não bastasse, a matéria avacalha com Ana e Marianne e critica duramente Louise, dizendo que suas atuações se tornaram duvidosas por conta do alto número de aparições sem roupa.

Neste momento Louise e Ana apareceram no apartamento e me mostraram a revista. Louise gritava de raiva e Ana se segurava pra não quebrar algo do meu apartamento.

-- Esse cara é um abutre! – comentei. – E ainda se diz jornalista isento.

Odile entrou no apartamento e conversou com Louise.  Enquanto Ana e eu planejávamos o que fazer sobre Rosie, pude ouvir a quantidade de “porras” que Louise berrava pra Odile.

-- Deus que me perdoe, Odile. Você é minha melhor amiga. Mas eu juro. Foi um tremendo erro ter participado deste filme! Você disse que vou ganhar um Oscar, mas depois disso, duvido que os críticos queiram me colocar na disputa pela estatueta. Neste momento só quero que esse pesadelo termine!

Odile se sentiu mal o resto do dia. Nem Franz conseguiu animá-la de alguma maneira. Ana saiu de casa. Ela decidiu conversar com Rosie.


Rosie POV

A revista escrita não era dessa forma que imaginei. Mas foi o bastante pra chamar atenção da mídia e finalmente trazer as atenções pra mim e críticas para Louise.  Culpa dela e da Odile perdi trabalhos importantes, com gente importante pra atuar neste filme e ainda consegui poucos trabalhos e todos ruins. Liguei pro Best e não me atendeu mais. Liguei mais uma vez pra saber como ele está e nada. Deixei um recado no celular.

-- Best, é a Rosie. Eu sei que está me ouvindo. Me mande mensagem ou me ligue. Você saiu do estúdio sem falar com ninguém. E eu quero saber como você está. Me liga.

Mal desliguei o telefone e ouço batidas na porta. Abri me surpreendi com a presença de Ana. Ela entrou sem convite da minha parte. Já sei do que se trata.

-- Ainda tem raiva de mim? – ela perguntou.

-- Não mais. – respondi de forma cínica.

-- Rosie, independendo do que eu fiz, peço desculpas por prejudicar você. E sobre eu e Marianne, já acabou. Somos amigas. Ela só sabe falar de você.

Não proferi uma palavra. Em vez disso tomei água, ofereci pra ela e servi. Voltei a falar.

-- Ana, vou ser um pouco honesta com você. Não tenho raiva de você. Na verdade gosto de você. Meu ódio começou quando Chelsea O’Malley me trocou por você. E aumentou mais quando vi você e Marianne juntas e se beijando no restaurante e fiquei tipo sem ação. Sem pensar num argumento.

-- Rosie, fiquei com Chelsea porque vocês tinham terminado e eu terminei com a Mari porque ela se manifestou. Disse estar amando você. Sei que erramos por falta do dialogo, por falta de contato.

Por mais a raiva ter inflamado ali, me senti melhor com a honestidade de Ana. No fim eu mesma reconheço que peguei pesado.

-- Eu também peço perdão por te arruinar e não só você mas também a Marianne, Odile e Louise.

-- Tudo bem, sei que elas te desculparam mas gostaria de que você publicasse essa carta na revista do seu namorado.

-- Que carta é essa?

-- Eu escrevi em nome da equipe e Odile está ciente. É uma resposta a aquele texto do Edmund.

Quando ela se retirou, li a carta e dizia isso:

Prezado Edmund Jones

Devido às recentes matérias publicadas na revista Gates Of Eden sobre o filme, no qual traça críticas errôneas e caluniosas sobre tal obra, antes mesmo que a película estivesse nos cinema.
Por meio dessa carta veio salientar que houveram brigas e desavenças durante as gravações, mas todos souberam reconhecer seus erros e trabalharam em conjunto para que o filme fosse filmado e pronto.
Em nome da equipe, esclareço que não somos  “um bando de gente despreparada para fazer cinema” e que a diretora Odile Greyhound não é uma “estúpida francesa que não sabe traçar argumento”, que todos os atores, roteiristas e produtores deram seu melhor para que a obra fosse feita.
Cinema não é um trabalho de um só e sim de um grupo. Somos contra todos esses comentários.

Atenciosamente,

Anastácia Rosely Romanov, escritora e roteiristas




Convencer Edmund aceitar aquela carta foram outros quinhentos mas no fim ele aceitou. Mas debochou.

-- Ed, não acha que pegamos pesado com eles? – perguntei. – Talvez não sejam tão ruins, apenas deu azar de certas coisas acontecerem pra sabotar o projeto.

-- Rosie, eles são ruins. – Ed continuava negar sobre o trabalho deles.

-- Acho que ao menos devia dar esse espaço a essa carta. – mostrei. -- Por favor!

-- O que eu não faço por você, cabelos de fogo? – ele aceitou a carta.

-- Tem mais uma coisa. – avisei enquanto preparava a postagem no site. -- Vou conversar com Best. Preciso saber se ele está bem.

-- Tudo bem e ai você se divorcia quando tudo isso terminar, vamos viajar e esquecer que esse filme aconteceu.

O problema não era o filme. E sim precisava saber do Best...


Louise POV

Passei sozinha o resto do dia. Não me atrevia a ligar pro Gerd pois ele estava ocupado com Dianna na preparação do casamento. E depois do que li na revista, me desmotivei demais. Olhei-me no espelho. A barriga já estava começando ganhar uma pequena forma e minha fome aumentou. Não comia mais por estar deprimida e sim pela gravidez. A campainha toca. Rezei que fosse Alice.

-- Me desculpa, ursinha. – Gerd entrou apressado e carregando uma sacola  e uma caixa. – Decorações nunca foi meu forte e a Dianna, coitada, também não sabia responder.

Normalmente tenho respostas pra tudo. Foi diferente. Voltei pro quarto, deitei na cama e liguei a TV smart, comendo os bombons. Trinta minutos depois senti um cheiro de fritura forte, o bastante pra provocar enjôos.

-- Gerd, pare com isso. – pedi em voz alta. – Eu... Merda!

Corri para o banheiro e botei tudo pra fora. Gerd me ajudou e a fritura parou. Em compensação ele fez uma sopa leve.

-- Eu não to bem. – disse.

-- Louise, isso tudo é por causa da revista?

-- O que acha?

Gerd riu um pouco.

-- Não entendi a graça. Gerd, é sério. Você gosta de ser comparado ao Neymar Jr?

-- Louise, aprendi a lidar com comparações e críticas desse tipo. Se ele me comparou ao jogador brasileiro do Barcelona é porque sou bom no que faço.


-- Isso é verdade. – sorri.

-- A única diferença entre Neymar e eu é que ele não ganhou uma Copa do Mundo.

-- Isso também é verdade. Embora não nego que torcia pelos brasileiros na Copa passada. Aquilo foi... Foi... Sem palavras.

-- Mostramos quem é a melhor seleção! – me abraçou e tocou minha barriga. -- Nosso ursinho.

--Nosso ursinho. Quero muito segurá-lo. – comentei. Desde a gravidez aquele medo havia sumido e a vontade de ser mãe aumentou.

-- Quando tudo isso acabar você vem comigo pra Munique. Nosso bebê vai ter um grande espaço pra crescer.

-- Uma casa só nossa?

-- Só nossa.

Tomei a sopa e me recuperei do choque. Gerd se mostrava mais cuidadoso comigo. A idéia de formar uma família me pareceu boa. A casa cheia de crianças, aquela alegria contagiante.

-- Estive pensando. – terminava de lavar a louça. -- Nosso bebê não será o único... quero dizer, filho único.

-- Quero um time de futebol e já temos um técnico. – ele disse bem divertido.

-- Gerhard! – joguei o pano de secar os pratos na cara. -- Se quer um time, no futuro um dos nossos filhos terá seu nome!

-- Ótimo!

Agora vem a parte mais legal quando surpreendemos o parceiro com outra parte da moeda.

-- Mas convertido em inglês!

Gerd bebia água e quando ouviu isso cuspiu, assustado. Dei risada.

-- Vamos ver se entendi. Nosso filho terá meu nome... Em inglês? Gerald?

-- Sim.

-- Bem... acho também  muito boa a versão italiana do meu nome... Gaetano... O que acha?

Com tanta conversa e ele sem querer menciona a Itália. Por quê? O riso acabou e eu não toquei mais no assunto. Gerd dormiu de conchinha comigo e adormeci. Quando amanheceu me acordei com o ruído da campainha. Vesti o roupão bem atrapalhada e abri a porta. Alice.

-- Meu solzinho! – me abraçando e me beijando na bochecha. – Bom dia. Espera! McDreamy, digo, Gerd está aqui?

-- Dormindo. – respondi e bocejei. – Alice, são oito da manhã. Eu quero ficar na cama.

-- Não antes de receber seu presentinho.

Ela me entrega uma caixa embalada com papel presente personalizado de bebê. Abri aquilo e encontrei um lindo macacão de ursinho pardo muito fofo. Me emocionei pelo presente.

-- Alice, isso é tão lindo! – abri bem os olhos pra admirar o presente adorável. – Adorei!

E mais abraços fortes. Ela ainda completou mostrando o tablóide The Sun e na primeira página a carta de Anastacia para a revista Gates of Eden sobre a matéria que publicaram sobre o filme e críticas sobre o elenco. Alegrou meu dia e aliviou meu coração. Agora não sou mais considerada atriz duvidosa.

Alice ficou para o almoço e ela mesma cozinhou. Gerd chegou trazendo mais presentes. Almoçamos juntos, conversamos sobre seu programa na TV, a relação confirmada com Serguei e a possibilidade de terem um filho. Na parte da tarde ela foi embora e ficamos nós dois, assistindo a série Bloodline quando a campainha toca. Pelo modo como soava deduzi quem era: minha família. Confirmei no olho mágico da porta.

-- Ursinha... – Gerd quase falou alto.

-- Se esconda. – avisei. – Embaixo da cama, rápido!

Abri a porta e mamãe já foi entrando sem convite.

-- Por que demora sempre pra nos atender? – perguntou meu pai e mamãe se sentando no sofá.

Ia responder mas eles entenderam. Ou pensaram que entenderam por conta da luz fraca no quarto e a cama desarrumada. Papai fez aquela cara de espertinho.

-- Não responda, filha. – ele piscou e falou alto. – Fica tranqüilo, Davy. Não vou brigar com você.

-- Pai! – repreendi, um tanto constrangida.

-- É melhor irmos pra casa. Vamos, Mary. Nossa tumbelina está em perfeitas mãos.

-- Acho bom. Detesto saber que meu genro não está cuidando da minha filha e do meu neto.

Eles saíram e Gerd depois surgiu, todo torto e espirrando.

-- Nunca mais me escondo ali! Nunca mais!

Vou me lembrar de nunca esconder um homem de 1,76 de altura embaixo da cama. Gerd achou melhor no outro dia passar mais tempo com Alice. E foi o que fiz. Minha Lua apareceu de manhã e ele assistindo sua série.

-- Me sinto mal por dizer aquilo pra Odile. – comentei, triste e por lembrar.

-- Você pode falar com ela. – disse Alice mais solícita. – Meu sol, ela anda muito triste pela publicação da Gates of Eden. Agora não sei como se encontra, já que o The Sun publicou a carta de Ana em resposta.

Resolvi visitar Odile. Não foi uma boa recepção que tive.

-- Odile...

-- Louise eu não quero mais ouvir você! – ela falava com braveza. – Você mesma disse que não gostava da idéia do filme ter um elenco diversificado. E depois agora diante da crítica da Gates...

-- Mas Odile..

-- Mas nada! – Odile berrava e se encontrava numa fúria matadora.

-- Odile, deixa de ser dramática. – falei, sem pensar que enfureci mais. – Você fica dramática quando se embravece.

-- Dramática? Eu? Quem surtou duas vezes no estúdio com Gerd? Quem disse que meu filme não daria certo? Você! Meu Deus, onde estava com a cabeça pra te colocar no elenco? Mas não é. Minha falta de dinheiro impossibilitou de contratar atrizes de alto escalão como Marion Cotilliard e você por ser minha amiga, tive de chamá-la. E agora vejo o tremendo erro. Eu não só afundo isso, como também destruí seu relacionamento com Davy.

-- Você não destruiu. – disse. – Me dei conta tarde demais que não o amo. E sim o Gerd. Inclusive... Estou grávida dele.

Odile me olhou espantada.

-- Mesmo?

-- Sim. Por favor, não se sinta culpada...

-- Minha nossa! – Odile se sentou no sofá com as mãos na cabeça. – Meu erro ficou agora grotesco....

-- Odile, pare com esse drama...

-- CALA ESSA BOCA! – ela gritou e se voltou total contra mim. – Me chama de dramática, sendo que você botou defeito em tudo, brigou com todo mundo, agüentei você o tempo todo e engravida de outro? CAIA FORA DA MINHA CASA.

Praticamente ela me expulsou de sua casa e ouvi o grito na janela.

-- Quando esse filme acabar, me lembre de não trabalhar mais com você, vadia!

Agora pegou pesado. Em nossos anos de amizade Odile nunca me chamou de vadia, nem na forma afetiva com nossos milhões de apelidos toscos e estranhos. E ainda ela gritou comigo. Isso deve ser o fato como a tratei nesses meses de trabalho no filme. Voltei pra casa e não encontrei Gerd mas um bilhete dele escrito:

Dianna me ligou. A data do casamento foi adiantada. Vou me ausentar mais, ursinha.

De tão decepcionada dormi na sala e passei o resto da semana incomunicável. Não falava com ninguém no What’s App, Facebook ou SMS. Nada. Passei dia e noite chorando na cama.


E CHEGOU A DATA DO CASAMENTO

Quando você chora a noite toda, usando um pijama horrível e seu cabelo tá uma bosta e não consegue se levantar? Pois é, essa sou eu, deprimida. Acho que Odile tinha razão. Sou mesmo dramática. Ouvi batidas fortes no apartamento. Depois parou. Em seguida o celular tocou. Atendi.

-- Alô? – com voz de sono.

-- LOUISE! – Davy berrou no telefone e nem coloquei no viva voz. – Acorde logo! É hoje!

-- Hoje o quê, bastardo?

-- Como pode ter esquecido? Hoje Dianna e Gerd vão se casar.

Tinha mesmo esquecido do plano. Abri mais os olhos, abri a porta pro Davy entrar.

-- Quanto tempo nós temos?

-- Duas horas e meia!

Duas horas e meia? É pouco tempo. Tomei banho depressa. Escovei o cabelo e coloquei um vestido qualquer por conta da barriga.

-- Como estou? – perguntei e sem querer me dei conta a irrelevância. – Esquece! Precisamos impedir um casamento.

Descemos de elevador e fomos pegar um táxi. Totalmente impossível.

-- Davy, este trânsito está bem pior que em São Paulo! – reclamei.

-- O casamento é na abadia de Westminster. Por isso esse congestionamento.

Tive vontade de vomitar quando ouvi isso. Na abadia... O casamento não era numa igreja qualquer. Era em Westminster. A igreja da família real britânica. Davy me amparou e sugeri que chamasse o Uber por ser mais fácil.

-- Tenho uma idéia melhor. – ele garantiu.

Enquanto me acalmava no hall de entrada do condomínio, pensava como ia impedir o casamento num lugar como a Abadia de Westminster. Com certeza as imprensas britânicas e alemãs estarão lá. Melhor imaginar a manchete dos jornais mostrando a famosa troca de casais em plena igreja de sua majestade.

Davy me conduziu para dentro do carro de... Mike Nesmith e... Alana Watson? O que a baixista da English Band fazia ali?

-- Oi Mike! – ele cumprimentou. – Olá, Alana. Bem vinda à nossa família.

-- Obrigada, Davy. – ela sorria e depois beijava o Nez.

Mike dirigia em alta velocidade. Não sei como ele conseguia desviar dos carros e não cruzando sinal vermelho. Resistia a vontade de perguntar pra Alana sobre ela e Nez. Deixei para depois.

-- Quanto tempo nós temos, Davy?

Olhou pro relógio. O tempo passou rápido mesmo.

-- Meia hora.

À medida que pensava no padre unindo meu ursinho com Dianna aumentava aflição e respirava fundo pra não ter um troço e perder meu filho.

-- Acelera, Mike! – pedi, impaciente.

-- Mas, Louise...

-- ACELERA!

Vamos definir um pouco ironia. Nesmith dirigia em alta velocidade enquanto o rádio tocava You Can’t Hurry Love, das Supremes. Que merda! Diana Ross, com certeza você não sabe o que é impedir o homem que você ama num casamento onde toda realeza britânica e alemã se encontram. Chegamos à igreja e as portas fechadas. Contudo, ouvimos aquelas palavras em alto e bom som.

-- Se houver alguém que seja contra esse casamento, que fale agora ou cale-se para sempre!

Entrei em pânico.

-- Davy... – como eu estava receosa demais! Encarei meu amigo. – Você não tem medo de provocar certas... comoções?

-- Nenhum pouco. E você?

Só de saber da convicção dele, me motivou. Respirei fundo e me recuperei.

-- Não tenho medo!

Nem precisamos contar. Entramos na maior cara de pau e gritamos juntos.

-- EU SOU CONTRA!

Agora vem aquela parte que todos te olham. Maravilha, todo clã McGold estava lá. Meus pais, meus irmãos mais velhos, meus tios e primos. Até a Fefe e o Peter Tork (isso é sério?) e as amigas da Dianna. Odile e Franz, juntamente com Sepp e Nora se encontravam chocados.

-- O senhor não pode casa-los, padre! – exclamei. – Eu amo esse homem! E ele é o pai do meu filho!

A velha comoção se transformou em dúvidas nos convidados.

-- E o eu amo essa mulher! – gritou Davy, afastando Dianna do Gerd. – E... O filho que ela espera é meu.

E mais choque. O Sr. Mackenzie foi o primeiro a se levantar.

-- Dianna Sophie Mackenzie, explique isso!

-- Senhor! – me intrometi. – Não exija da Dianna uma resposta destas...

-- E por que, Srta. McGold? – Ok, admito que senti medo do pai da Di. – Ah claro, eu lhe digo! Porque você destruiu o dia mais feliz de minha filha aplicando o golpe da barriga no noivo dela! Uma vadia!

-- Hey, Mackenzie! – meu pai se levantou, com cara de bravo. – Minha filha não é nenhuma vadia.

-- ENTÃO O QUE É ISSO QUE VEJO? – ele apontou para nós quatro.

-- Vamos, Louise. – meu pai me olhou, tão furioso. – Justifique pro Sr. Mackenzie e para mim essa história toda.

Breves segundos comigo mesmo pude observar tudo ao meu redor. O padre abismado, as famílias dos noivos completamente chocados, alguns parentes riram e outros me olhavam. Meus parentes também esperavam a explicação. Os amigos de Davy e da Di nem se preocupavam, já sabiam da historia toda.

-- Eu amo outro homem. – disse na maior naturalidade e me aproxime de Gerd. – É ele, pai. E o Davy ama a Dianna pra caramba.

Papai parecia não absorver as informações. E ainda dialogou.

-- Não... Não... Louise... Não confunda as coisas do cinema com a vida real...

-- Não estou confundindo. – disse, bem séria. – Eu amo Gerd Müller.

-- Sr. Mackenzie... – Davy conversou com o pai da noiva. – Me apaixonei por sua filha no dia da festa de encerramento de Ligações Perigosas. Ali eu soube que ela é a mulher da minha vida. Louise é minha melhor amiga. Certo, nós namoramos por dois anos e ela é linda mas Dianna é muito mais. Ela tomou meu coração.

-- Faço minhas palavras as do Davy. – afirmou Dianna.

-- Mas e os bebês? – perguntaram os pais.

-- Meu filho... – Dianna tirou o véu do vestido. – É do Davy.

-- Tem certeza?

-- Se o bebê da Dianna é do Davy mesmo... Então...

Agora papai lançou um olhar espantado para mim e pro Gerd e se transformando em nojo total, soltando o mais alto grito que a igreja já ouviu.
-- OH MEU DEUS! – gritou. – MEU NETO VAI NASCER ALEMÃO!

Não sei se rio ou choro com aquele dramalhão que papai fez em plena abadia, mas Gerd e eu estamos felizes e livres. Impedi um casamento sem amor e ainda Davy e Di foram beneficiados. Mas ainda tinha mais coisas a serem resolvidas na igreja...


Continua...

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