Tenham uma boa noite e vamos começar 2018 com o capítulo final de Stop! pelo menos da parte de McGüller. Teremos um epílogo revelando umas coisas e dando fim a outras.A troca-destroca de casais foi boa e em breve teremos mais uma. Vamos lá!
Capítulo Final
(McGüller): We’ve Only Just Begun
Louise POV
Apesar dos
berros, profanações e outras coisas que meu pai dizia na abadia, não ligava. E
ainda vi a Sra. Müller aceitar numa boa. Logo eu que achava que a velha não ia
com a minha cara depois da pérola do quadril grande, não imaginava uma reação
dessas. Minha mãe era a única da família que não demonstrava nada. Estava
tranqüila e favorável.
Gerd e eu
tentamos falar com meu pai e levei mais pedrada.
-- O que quer
me dizer mais? Ah, quer minha benção?
-- Pai, só
quero pedir perdão. – eu disse. – Por esconder isso e revelar num lugar assim. Eu
sinto muito...
-- Sente
muito uma ova! – ele gritou e desta vez, sem drama. Ele estava bravo. – Você é
uma irresponsável! Deus do céu, é triste criar uma filha com sacrifício e
dedicação, pra depois entregar ao primeiro idiota que aparece!
-- Hey! –
Gerd se ofendeu e eu impedi.
-- É isso
mesmo que você é! Um idiota alemão, desgraçado! Afinal, o que você quer com a
minha filha? Amor com certeza não é. Eu conheço jogadores do seu tipo. Namoram
atrizes e cantoras famosas, ganham destaque maior, aparecem em todos os
jornais, revistas, a mídia inteira. E mesmo jogando terrivelmente mal, todo
mundo te elogia porque tem uma namorada famosa! Eu não vou dizer que eu lhe
avisei, mas espero quando Louise der com a cara no chão e se arrepender de
perder o namorado pra... essa menina! – apontando o dedo para Dianna.
-- Não
envolva a Di nisso tudo, pai. – pedi, mesmo com lágrimas.
-- Por quê? É
a verdade! Já tive muita decepção por hoje.
Ele não
esperou mamãe e saiu porta fora. Esperei um pouco e também saí com Gerd pra
fora da igreja. Chorei bastante. Meu próprio pai, a pessoa que mais admiro no
mundo e que está acima dos meus amados atores de cinema, foi a segunda pessoa
me condenar. A primeira foi Odile.
-- Ursinha...
-- Eu quero
ficar sozinha. – disse, soluçando e me rendendo ao abraço do meu amor. –
Desculpa, Gerd. Meu pai...
-- Está tudo
bem... Louise, vou ser sincero. Se não fosse o fato de estar numa igreja e na
frente de toda aquela gente, eu dava um soco no seu pai por todas aquelas
ofensas.
-- Não ia...
adiantar nada. – não conseguia parar de chorar e continuei falando. – Eu quero
sair daqui. Ir embora da Inglaterra e viver com você.
Ele sorriu e
tocou minha barriga.
--
Imediatamente! – confirmou.
No outro dia
a notícia espalhou-se como vírus. Todos os veículos de comunicação não paravam
de falar da “troca-destroca de casais”. Humilhante. Esqueceram o filme e
focaram na fofoca do momento. Mamãe veio sozinha me visitar.
-- Papai não
vai gostar de saber... – não terminei de falar.
-- Dane-se
seu pai! Eu vim por você. – me abraçando e dando carinho. – Daqui a pouco Dasha
aparece. Então, você vai se mudar?
-- Sim e
desta vez é pra valer. – respondi, sério. – Não é só pra fazer o povo britânico
esquecer esse incidente e sim porque eu quero. Desejo recomeçar.
-- Na
Alemanha é pouco provável um reconhecimento.
-- Vou
continuar trabalhando com diretores famosos. – sorri. – Recentemente aceitei
meu primeiro papel num filme de super herói. E da Marvel.
-- Sério? –
mamãe abriu bem os olhos. – Estou feliz por você, meu bebê. Amadureceu bastante
e que seja nos Vingadores: Guerra Infinita!
E mais risos.
Depois falamos da minha gravidez, como aconteceu meu relacionamento com Gerd e
tudo mais. Mesmo na narração, ela não demonstrou surpresa e continuou calada.
-- Diga
alguma coisa. – pedi.
-- Louise,
vou falar a verdade. Isso não me surpreendeu. Tenho percebido que desde sua
convocação no filme da Odile, o Davy se afastou de você. Deduzi milhares de
vezes o motivo e um deles seria uma briga dele com a Odile, já que eles não se
bicam. Ou vocês terem discutido ou ele conheceu uma pessoa ou vice-versa. E
confirmei com a vinda deste alemão na nossa casa. Louise, você não leva seus
colegas de trabalho pra nossa casa. Você é discreta. Seu pai desconfiou e eu
não disse nada pra ver até onde ia.
-- E chegamos
esse ponto. – lamentei.
-- Fiquei tão
brava com seu pai ontem que nem passei a noite em casa. Fui para o apartamento
do Serguei. Ele se esqueceu sobre uma coisa.
-- O quê?
Sabe o
silêncio de suspense quando alguém quer te contar algo que não sabe? Eis que
minha mãe revela algo.
-- Eu ia me
casar com o pai do Serguei. Estava exatamente como a Dianna. Thiberius
respondeu a pergunta do padre e na minha vez, o seu pai aparece na igreja,
trajando o figurino do Coronel Brandon. Ele saiu no meio da peça pra me impedir
de casar com o homem errado.
Chorou na
minha frente e eu a abracei.
-- Mas isso
não justifica o que ele fez na igreja. – repliquei.
-- Não mesmo
mas digo o motivo de ter xingado o Gerd. – ela parou de chorar. – Ele lembra o
Thisbe.
-- Thisbe?
-- Era assim
que o chamava. – mamãe riu da lembrança. – Thiberius era alto, grande, um urso
de descendência russa e fala em inglês. Gerd tem o mesmo formato. Só é alemão
puro e jogador. Decerto essa parte é por causa do relacionamento que Dasha teve
com aquele goleiro do Dínamo de Kiev e teve medo que acontecesse o mesmo com
você.
-- Puxa
vida...
-- Contudo,
eu acredito que com você e o alemão vai ser diferente. Na verdade deu uma
sorte. Caras como ele são difíceis de achar.
-- Pra falar
a verdade, não sei nem como aconteceu.
É claro que
eu sei mas era complicado demais pra explicar e entender. Os dias seguintes
foram desse jeito: arrumava minhas coisas para a mudança, falava com meus
amigos, menos com Odile. Mantinha contato com Davy e Dianna e ignorava tudo
relacionado a troca de casais.
Antes da
minha partida, procurei o único obstetra confiável que mora na Inglaterra.
Cheguei ao consultório dele e a secretária me olhava sério.
-- Bom dia. –
me cumprimentando sério. – Em que posso ajudar?
-- Quero
falar com o Dr. Smith. – disse,
sorrindo.
-- Tem hora
marcada?
-- Não.
Apenas diga que Louise McGold está aqui. Ele vai me receber.
Esperei
sentada e tomando água. Por enquanto só eu na fila de atendimento. Gerd chegou
a tempo de o doutor me chamar.
-- Ele não
está? – perguntou, meio ansioso.
-- Está.
Só... – Gerd ainda não conheceu meu médico. – Só é meio preguiçoso.
Neste momento
a secretária aparece com a cara da derrota. E me olhando irritada.
-- Pode
entrar, Srta. McGold. O doutor Smith a espera.
Entramos
juntos na sala e encontrei Moses jogando League of Legends no computador. Meio
antiético isso se um paciente o flagrar assim.
-- Dr. Smith?
-- Ah,
Louise. – ele minimizou a tela e me abraçou. – Faz tempo que não te vejo. E
este deve ser o Gerd.
-- Meu namorado.
– confirmei. – Gerd, este é o Dr. Moses Smith. Meu primo.
Gerd nos
olhos espantado.
-- Como
assim, primo?
Moses riu
comigo.
-- Vamos ter
que dizer pra ele que meu pai teve um caso com a minha mãe, antes dele casar
com a Sophie?
-- Não será
preciso. – respondi.
-- Mas vai me
explicar. – exigiu.
-- Depois,
ursinho. – e voltei atenção pro doutor. --
Estou pronta para o ultrassom.
Receei um
pouco ali não por conta do pudor e sim por desejar que fosse uma menina. Gerd
deseja tanto um menino. Falando nisso, a frase que meu pai proferiu na abadia
sobre seu neto nascer germânico, viralizou como meme na internet.
Neste
momento, vi a forma do bebê.
-- Calma, vou
verificar... – dizia o doutor, passando o sensor em outro canto da minha
barriga. – Aí está! É um menino!
-- Menino? –
eu disse, não acreditando no que ouvi.
-- Ein junge!
(Um menino!)
-- Sim, um
menino! Forte e saudável. Olhem o coraçãozinho dele.
Imaginem um
casal. A mulher por carregar uma vida dentro da barriga, o homem que deu sua
semente e gerou com a mulher aquele ser humaninho fofo, muito feliz. Os dois felizes, embora Gerd fosse a parte
mais alegre nisso tudo, porque admito: queria mesmo uma menina. No entanto, só
de ver aquele bebê se formando no ventre e dentro de alguns meses vou segurar
em meus braços, amamentar e cuidar dele por dias, noites, todo momento, me
enche de alegria.
-- Tommy... –
disse baixinho, não o suficiente para Moses e Gerd ouvirem.
-- Este vai
ser o nome do garoto? – questionou o obstetra, terminando o exame.
-- Ya! – Gerd
concordou. – Thomas! Meu ursinho.
-- Nosso
ursinho bebê.
Nos beijamos
e minutos depois quando me vesti corretamente, a secretária apareceu com a cara
menos amarrada, porém preocupada.
-- Dr. Smith,
aquela paciente outra vez está aqui para a consulta.
Moses mudou
completamente. Antes sorridente, agora completamente sério.
-- Remarque a
consulta, Mariah. Diga para Srta. Jones que não estou em condições de atendê-la
por motivos sérios.
A secretária
Mariah voltou para a recepção e na hora da minha saída, eis que entra Marianne
Jones, a roteirista.
-- Ah, não,
não e não! Você não vai me fazer remarcar esta consulta, Moses!
Estava
chocada. O que Marianne e Moses tinham? Suspeito de algo...
-- Bem, eu já
vou, primo! – me despedi dele. – E obrigada.
-- Não tem de
quê! – agradeceu o médico e ele volta a falar com Gerd. – E não esqueça,
Gerhard. Façam posições que deixem Louise confortável.
E saímos da
clínica, sem perguntar ou teorizar os motivos de Mari e Moses estarem no mesmo
lugar.
E mais alguns
meses finalmente fechou meu tempo de gravidez. Moses previu que meu filho
nasceria antes do natal. Sempre sonhei com o nascimento no dia 24 ou 25 de
dezembro. Não dá pra desejar tudo. E neste tempo a casa dos sonhos já estava
pronta. Meus dias ali foram tranquilos, poucos aborrecimentos com a imprensa e
com meu pai. Ele se recusava a falar comigo. Será que ele não pode ser mais
compreensível?
Em meio a
esses pensamentos, parei de ler meu livro e já ia dormir quando recebo
visita de
alguém: Odile.
-- Oi.
Não respondi
e fechei a porta. Odile impediu.
-- Louise, me
perdoa por ter falado aquelas no momento que pediu desculpas.
-- Não! Você
sempre aceitou mas quando saiu aquela resenha e te xinguei, devolveu tudo pra
mim. Passei dias e meses sofrendo com essa gravidez, meu pai me renegando e
minha melhor amiga com suas palavras. ME CHAMOU DE VADIA!
-- Eu sinto
muito...
-- Vai se
f....
Não consegui
dizer. A dor começou, uma contração maior que a outra e a sensação de umidade
no meio das pernas.
-- Ai... Não...
– gemi e sentei no sofá. – Não...
Odile me
ajudou mesmo sob minhas recusas.
-- Vai
embora...
-- Não vou
até você ficar bem...
As dores
aumentaram e logo chorei. Partos são assim, tão dolorosos? E quanto mais
pensava, mais agia e mais dor eu tinha. Por fim segurei a mão da Odile.
-- Não me
deixa... – estava bem desesperada.
-- Não vou,
meu universo.
E realmente
se não fosse Odile, teria ganhado meu filho ali mesmo na sala de casa. Com o táxi
que conseguimos, chegamos ao hospital central e logo fui para emergência. Pensei
no Gerd. Droga! Hoje era dia de jogo pelo campeonato e ele não sabe da minha situação.
Ironia é ser colocada no bloco cirúrgico com o rádio ligado no jogo.
-- Frau Müller,
procure dormir um pouco... – logo vi que enfermeira ia injetar a anestesia e
impedi.
-- Não quero
dormir! – agarrei o pulso dela. – QUERO GANHAR MEU FILHO COMO ESTÁ! ENFRENTANDO
A DOR!
O doutor
(usando aquelas máscaras), concedeu o pedido e verificou depois.
-- Está muito
adiantado.
-- Doutor...
-- Tenha
calma, frau Müller, vai dar tudo certo...
Naquele
instante, Odile entrou, já devidamente vestida conforme os médicos e de
máscara, se ajoelhou.
-- Eu mandei
mensagens para eles e liguei. – ela suspirava e chorava. – Vou ficar do seu
lado.
-- E minha
mãe? – mal conseguia dizer por conta da dor.
-- Liguei pra
todo mundo. Estão vindo.
Gritei mais e
Odile segurava forte minha mão.
-- Frau
Müller, se esforce mais um pouco. Respire fundo e empurre com toda sua força.
Conforme os
lances narrados do jogo pelo rádio, gritava e empurrava. Cheguei a um ponto que
não conseguia e queria apagar. Odile não deixava e me acordava com tapinhas no
rosto.
-- LOUISE! –
Odile berrava. – EMPURRA DE NOVO!
Exclamei algo
que nem lembro e ouvi todo clamor da torcida do Bayern com o gol marcado pelo
ursinho.
-- É um menino,
frau Müller! – disse o médico e trazendo o bebê chorando e manchado de sangue.
Então aquele
serzinho tão pequenininho, semelhante a um grão, foi a obra que Gerd e eu
geramos no nosso amor. Odile vibrava, tirava fotos no celular. As enfermeiras
secavam meu rosto suado e me parabenizavam. E eu chorava de emoção, de
felicidade. A dor sumiu, dando lugar a uma extrema alegria.
-- Qual o
nome dele? – perguntou o doutor.
-- Thomas. –
respondi, segurando meu grãozinho. – Meu ursinho bebê.
A enfermeira depois
avisou que teria de deixar o Tommy no berçário mas antes precisava ser limpado.
E uma onda de fraqueza invadiu meu corpo.
-- Louise,
não apague agora.
-- Odile, me
perdoa...
-- Sempre,
meu universo...
Foi um sono
gostoso e no meio dele vi uma luz forte igual vista no filme Ghost. Seguia na
direção dela até alguém me chamar. A voz era familiar. E acordei com a mão
grande e quente do Gerd.
-- Ursinha?
Gerd estava
de uniforme, suado e chuteira. Seria possível ele ter saído em pleno campo pra
vir aqui?
Odile
segurava melhor Tommy, com uma toalha limpa e azul.
-- Quanto
tempo eu dormi?
-- Foram três
horas de sono. – confirmou minha amiga. Ela entregou o bebê pra mim. – Ele é
lindo.
Admiramos o bebê.
Tommy abriu os olhos. Azuis, como os meus.
-- Ele tem
seus olhos. – disse Gerd, admirado.
-- Mas o
rosto e tudo ele tem de você. – sorri e olhei para Odile. – Quer ser a madrinha
do meu filho?
-- Eu? Mas...
-- Não aceito
sua recusa.
-- Sim.
Apesar de
todas as dores, contratempos e situações, valeu a pena. Foi um ano muito
agitado mas de certa forma divertida, com alguns momentos dramáticos.
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