E vamos ao nosso primeiro capítulo!
Capítulo 1: Novos
Ciclos
Laurel Canyon, 3
meses antes do casamento
Louise encerrava mais uma gravação do episódio de Bonanza junto com Odile Greyhound e saiu do estúdio aborrecida.
-- Conte-me. – Pediu a francesa enquanto se livrava do espartilho.
-- Estou pensando numa maneira drástica e sem me causar problemas pra me livrar daquele almofadinha do Michael Landon. – Respondeu a galesa, jogando o vestido longe. – Estou farta dele!
-- Calma amiga! – Abraçando. – Vamos pensar em algo. E hoje é sexta-feira. Encerramos nossa participação... Por enquanto.
Louise suspirou pois lembrou que depois de Bonanza, ela vai gravar um arco de 5 episódios de Hawaii Five-O, a série policial cujo cenário é a famosa ilha com praias maravilhosas, o mar, sol e água fresca. E ainda... teria de fazer par romântico com Jack Lord.
-- Tive uma ideia. Pra podermos nos livrar do Little Joe, faça um teste. Ouvi dizer pelas camareiras que abriu vagas de novos personagens para uma série de espionagem.
-- O Agente da U.N.C.L.E.?
-- Essa mesma. Tenta amiga!
Louise se vestiu e adorou a ideia. Ela tinha que tentar outros gêneros e fugir dos romances atuais e épicos. Não que a experiência em protagonizar Mulheres Apaixonadas e O Morro dos Ventos Uivantes fosse ruim. Só que não quer ser lembrada pela fase épica.
-- Farei esse teste. E você também vai tentar?
-- Sim e também de A Feiticeira.
Elas saíram do estúdio e foram jantar no seu restaurante favorito de Los Angeles, o Musso & Frank. Conversaram sobre os testes em séries e filmes e com os atores com quem contracenar.
--
Fico me perguntando se não era melhor eu ter escolhido Hogan’s Heroes? – Se
perguntava Louise, pois na época se candidatou para o papel da vilã e ao mesmo
tempo como coadjuvante em Bonanza. Optou pela segunda opção por adorar
faroeste.
-- Você odeia filme de guerra. – Ria Odile.
-- Não odeio. Só que... Não curti o roteiro.
-- Tá legal e já sabe o que me dar de aniversário?
Louise engasgou com a comida. Odile fez aniversário e prometera um presente para sua amiga. O problema era que Louise se esqueceu de comprar o presente.
-- Estou avaliando as opções. – Deu a desculpa.
-- Que opções?
-- Opções. – Sorriu a loira pequena. – Você vai gostar.
Odile não gostava de suspense, mas se tratando de Louise McGold é surpreendente...
--
Eu sinto muito pessoal, mas terei de sair da banda.
John Sebastian não acreditava no que ouvia. Seu amigo Zal Yanovsky, co-fundador do Lovin’ Spoonful anunciava sua saída do grupo. O motivo era uma acusação relacionada a um fato. No ano passado ele foi preso ao desembarcar nos Estados Unidos e foi encontrado maconha em sua mala. Zal jamais carregaria algo assim e seus amigos acreditaram nele. No entanto abalou os fãs da banda e para não ter prejuízos futuros, decidiu sair. Steve Boone o abraçou e chorou. Joe Butler fungava o nariz e lamentava sua saída. John era outro que ficou abalado. Zal era mais que um amigo. Um irmão, um cara que fazia graça em tudo. O único que arrancava risos onde quer que esteja.
-- Mas ainda vai viajar com a gente pra Laurel? – Questionou Steve, secando os olhos.
-- Eu não sei... Eu devo?
-- Cara, por nós! – Insistiu Joe. – Nossos amigos precisam saber. Principalmente a Mama Cass.
-- Já contei pra ela e pro Denny. Tudo bem. Eu vou e depois voltarei para o Canadá.
Os
amigos novamente se abraçam em grupo. Agora o futuro da banda dependia dos três
restantes...
-- Uma última festa. – Afirmou John. – Soube que é o David Crosby que vai promover. Como forma de comemorar uma nova fase.
-- Ah... – Suspirou Joe. – É ele e os passarinhos?
-- Não. – Steve respondeu. – Ele saiu dos Byrds.
-- Será ele, Stephen e um inglês chamado Nash.
Enquanto isso em outra parte de Los Angeles, David Crosby recebia a visita de dois colegas dos Byrds, Roger McGuinn e Chris Hillman. Ele tinha certeza que vai ser ali sua demissão. Apenas se limitou ouvi-los.
Chris e Roger se sentaram de frente para David.
-- Então David... – Roger tirava seus óculos escuros e guardou no bolso da camisa. – Não dá mais cara! Precisa sair da banda.
David estava ainda calado e laçou seu olhar para Chris. O baixista tinha uma certa vergonha em olha-lo e quando ergueu os olhos, teve a coragem de dizer:
-- É muita política e pouca música. E quanto tentamos fazer uma música que você não gosta, fica dormindo.
-- E aquela música sobre irmãs amantes e irmãos da água não é legal. – Acrescentou McGuinn. – É estranha.
-- E sejamos francos, você não está mais a fim. – Continuou Chris. – Você gosta de causar problemas e os piores.
David pegou um cigarro, acendeu e fumou. Fitou os dois ex-colegas tranquilamente e respondeu:
-- Eu acho que vocês estão errados. Mas beleza. Vou me mandar e tudo bem!
Os dois Byrds foram embora em cada carro e ainda ouviram David berrar na porta.
-- MAS VOU LEVAR “GUINNEVERE” E MINHAS OUTRAS MÚSICAS ESTRANHAS COMIGO, SEUS BABACAS!
Em seguida David fechou a porta, iniciando sua nova vida...
Stephen
balançava a cabeça negativamente enquanto sua ex-namorada Magdalena Nesmith
arrumava as malas, disposta em ir embora.
-- Então... – Stephen não sabia o que dizer. Ela dispensou Stills aparentemente sem razão nenhuma. Ou não. – Acabou tudo?
-- Eu demorei para entender que não é isso que quero para mim. – Justificou a escritora e irmã do compositor Michael Nesmith. – Você merece alguém melhor, Steph.
E ela saiu de casa, entrou em seu conversível e dirigiu rumo a fazenda de sua amiga Mama Cass Elliott. Stephen sentou no sofá, olhando para o vazio, ainda em choque com o fim do namoro. Poucos minutos depois um carro para em frente sua casa. É seu amigo David Crosby.
-- Hey, cara você pode... – David não completou a pergunta ao ver seu amigo quase catatônico. – O que aconteceu?
-- Ela foi embora. – Respondeu olhando para ele.
-- Calma, cara. Ela vai voltar para você. – David sentou ao lado dele, compadecido com a situação de Stills.
-- Eu acho que desta vez foi pra valer.
Stills chorou em seguida e David o abraçou. O plano de pedir dinheiro emprestado para o ex-integrante do Buffalo Springfield foi descartado. No entanto, ele conhecia outro cara que pode emprestar a grana.
--
Vem logo, Louise! O episódio de Jornada nas Estrelas vai começar! – Odile
terminava de fazer a pipoca para complementar o lanche da tarde de sua amiga,
regado com chocolate, sanduíches e refrigerante.
Louise terminava de escovar os cabelos e correu para sala. A galesa passou a gostar bastante da série americana espacial no qual a francesa e a irmã dela já eram fãs. O episódio em questão era inédito, retornando de um hiato de semanas.
-- Pelo que li nas revistas, esse episódio terá a participação especial da Bonnie Compton! – Comentou Louise, bem empolgada.
Durante o episódio, Louise bocejou indicando seu sono vindo e Odile constantemente beliscando sua amiga para mantê-la acordada. E famigerada cena do beijo, as duas gritaram completamente espantadas e felizes.
-- ELA BEIJOU O KIRK!
Com o fim do episódio, Odile ligou para a irmã mais velha, Marie, exigindo que a mesma entreviste Bonnie para saber se o beijo era real ou uma tentativa falha de ser técnico. Louise por sua vez recebe uma carta da universidade, para a formatura. Odile não queria nada extravagante e sabendo que sua família e da sua amiga iriam participar, aceitou o retorno. No outro dia pegaram voo para Paris e de lá seguiram para universidade.
David
apertou a mão de Peter Tork em agradecimento pelo empréstimo do dinheiro no
valor de vinte e cinco mil dólares. Peter emprestou sem pensar se David pagaria
a dívida ou não, afinal, ele é seu amigo mais querido e sabia da demissão
sofrida dele (ou não tão sofrida assim).
-- Você bem que podia fazer algo melhor com essa grana, em vez de comprar um barco. – Tentou sugerir.
-- Pois é... Mas meu objetivo é realmente velejar. Sinto que vou encontrar as respostas no mar.
Peter se preocupou e desejou boa sorte para o amigo.
Croz comprou o barco e com o restante do dinheiro fez a manutenção necessária. Convidou Stephen Stills e seguiram juntos velejando no mar e cantando velhas e novas canções.
-- Sabe, a Magdalena não foi a única e nem a última mulher. Vou conhecer outras. – Decidiu Stills enquanto dedilhava outra nota no violão.
Croz sorriu e gostou da determinação do amigo. Depois de três dias navegando, a dupla retornou e no píer encontraram um conhecido amigo da Inglaterra. Era ninguém menos que Graham Nash, dos Hollies.
-- Meus amigos! – Nash largava as malas e abria os braços.
-- Meu inglês favorito! – Stills pulou do barco e correu para o píer, abraçando Nash.
David ancorou o barco e desembarcou, caminhando devagar e se juntando aos dois num abraço conjunto.
-- E essas malas? – David logo imaginou do que se tratava. – Não me diga que te demitiram da banda?
-- Eu, demitido? – Nash riu, debochado. – Eu que me demiti e ainda disse para eles: "adeus, otários e obrigado por tudo!"
-- Você não disse isso. – Duvidou Stills, levantando a sobrancelha.
--
Eu disse! Desde que nós três tivemos aquela conversa em Londres, sobre
potencial artístico, pensei bastante e percebi que queria algo mais.
-- E você está disposto? – Questionou Croz.
-- Muito.
E a partir daquele dia de verão, o trio folk music surgia para moldar tudo e influenciar gerações.
Louise
lançava um último olhar para o alojamento onde viveu meses com sua amiga. E
agora vazio, apenas com as camas arrumadas, armários e gavetas esvaziadas e sem
os pôsteres, sem o toca discos ou rádio. Quando a formatura terminou, os pais
de ambas já arrumaram tudo para ser despachado para os lares delas.
-- Agora ficará na lembrança. – Comentou Odile colocando o braço na cintura de Louise.
-- Será que algum dia voltaremos?
-- Só se for para acompanhar nossos futuros filhos, e ainda sim se quiserem estudar aqui.
-- Para mim é difícil de entender que certos ciclos se encerram. Entretanto... – Suspirou, resignada e feliz. – Sei que vai começar um novo agora.
-- Exato. – Concordou a francesa. -- Agora temos um mundo de possibilidades e vamos conquistar todas.
Elas fecharam a porta do alojamento e foram embora, com aquela vontade de começar uma nova história só delas. E não demorou muito, pois elas seguiram novamente para os Estados Unidos e ganharam uma nova companhia: Alana Watson. A baixista foi convidada por seu amigo, Gram Parsons para ficar uns dias em Laurel Canyon e a dupla dinâmica aproveitou o embalo para passear bem no coração onde a música e a arte flui em grande escala.
Continua...
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