domingo, 7 de janeiro de 2024

Summer In The City (1º Capítulo)

 E vamos ao nosso primeiro capítulo!




Capítulo 1: Novos Ciclos

 

Laurel Canyon, 3 meses antes do casamento

Louise encerrava mais uma gravação do episódio de Bonanza junto com Odile Greyhound e saiu do estúdio aborrecida.

 -- Conte-me. – Pediu a francesa enquanto se livrava do espartilho.

 -- Estou pensando numa maneira drástica e sem me causar problemas pra me livrar daquele almofadinha do Michael Landon. – Respondeu a galesa, jogando o vestido longe. – Estou farta dele!

 -- Calma amiga! – Abraçando. – Vamos pensar em algo. E hoje é sexta-feira. Encerramos nossa participação... Por enquanto.

 Louise suspirou pois lembrou que depois de Bonanza, ela vai gravar um arco de 5 episódios de Hawaii Five-O, a série policial cujo cenário é a famosa ilha com praias maravilhosas, o mar, sol e água fresca. E ainda... teria de fazer par romântico com Jack Lord.

 -- Tive uma ideia. Pra podermos nos livrar do Little Joe, faça um teste. Ouvi dizer pelas camareiras que abriu vagas de novos personagens para uma série de espionagem.

 -- O Agente da U.N.C.L.E.?

 -- Essa mesma. Tenta amiga!

 Louise se vestiu e adorou a ideia. Ela tinha que tentar outros gêneros e fugir dos romances atuais e épicos. Não que a experiência em protagonizar Mulheres Apaixonadas e O Morro dos Ventos Uivantes fosse ruim. Só que não quer ser lembrada pela fase épica.

 -- Farei esse teste. E você também vai tentar?

 -- Sim e também de A Feiticeira.

 Elas saíram do estúdio e foram jantar no seu restaurante favorito de Los Angeles, o Musso & Frank. Conversaram sobre os testes em séries e filmes e com os atores com quem contracenar.

-- Fico me perguntando se não era melhor eu ter escolhido Hogan’s Heroes? – Se perguntava Louise, pois na época se candidatou para o papel da vilã e ao mesmo tempo como coadjuvante em Bonanza. Optou pela segunda opção por adorar faroeste.

 -- Você odeia filme de guerra. – Ria Odile.

 -- Não odeio. Só que... Não curti o roteiro.

 -- Tá legal e já sabe o que me dar de aniversário?

 Louise engasgou com a comida. Odile fez aniversário e prometera um presente para sua amiga. O problema era que Louise se esqueceu de comprar o presente.

 -- Estou avaliando as opções. – Deu a desculpa.

 -- Que opções?

 -- Opções. – Sorriu a loira pequena. – Você vai gostar.

 Odile não gostava de suspense, mas se tratando de Louise McGold é surpreendente...

 


 

 

-- Eu sinto muito pessoal, mas terei de sair da banda.

 John Sebastian não acreditava no que ouvia. Seu amigo Zal Yanovsky, co-fundador do Lovin’ Spoonful anunciava sua saída do grupo. O motivo era uma acusação relacionada a um fato. No ano passado ele foi preso ao desembarcar nos Estados Unidos e foi encontrado maconha em sua mala. Zal jamais carregaria algo assim e seus amigos acreditaram nele. No entanto abalou os fãs da banda e para não ter prejuízos futuros, decidiu sair. Steve Boone o abraçou e chorou. Joe Butler fungava o nariz e lamentava sua saída. John era outro que ficou abalado. Zal era mais que um amigo. Um irmão, um cara que fazia graça em tudo. O único que arrancava risos onde quer que esteja.

 -- Mas ainda vai viajar com a gente pra Laurel? – Questionou Steve, secando os olhos.

 -- Eu não sei... Eu devo?

 -- Cara, por nós! – Insistiu Joe. – Nossos amigos precisam saber. Principalmente a Mama Cass.

 -- Já contei pra ela e pro Denny. Tudo bem. Eu vou e depois voltarei para o Canadá.

Os amigos novamente se abraçam em grupo. Agora o futuro da banda dependia dos três restantes...

 -- Uma última festa. – Afirmou John. – Soube que é o David Crosby que vai promover. Como forma de comemorar uma nova fase.

 -- Ah... – Suspirou Joe. – É ele e os passarinhos?

 -- Não. – Steve respondeu. – Ele saiu dos Byrds.

 -- Será ele, Stephen e um inglês chamado Nash.

 Enquanto isso em outra parte de Los Angeles, David Crosby recebia a visita de dois colegas dos Byrds, Roger McGuinn e Chris Hillman. Ele tinha certeza que vai ser ali sua demissão. Apenas se limitou ouvi-los.

 Chris e Roger se sentaram de frente para David.

 -- Então David... – Roger tirava seus óculos escuros e guardou no bolso da camisa. – Não dá mais cara! Precisa sair da banda.

David estava ainda calado e laçou seu olhar para Chris. O baixista tinha uma certa vergonha em olha-lo e quando ergueu os olhos, teve a coragem de dizer:

 -- É muita política e pouca música. E quanto tentamos fazer uma música que você não gosta, fica dormindo.

 -- E aquela música sobre irmãs amantes e irmãos da água não é legal. – Acrescentou McGuinn. – É estranha.

 -- E sejamos francos, você não está mais a fim. – Continuou Chris. – Você gosta de causar problemas e os piores.

 David pegou um cigarro, acendeu e fumou. Fitou os dois ex-colegas tranquilamente e respondeu:

 -- Eu acho que vocês estão errados. Mas beleza. Vou me mandar e tudo bem!

 Os dois Byrds foram embora em cada carro e ainda ouviram David berrar na porta.

 -- MAS VOU LEVAR “GUINNEVERE” E MINHAS OUTRAS MÚSICAS ESTRANHAS COMIGO, SEUS BABACAS!

 Em seguida David fechou a porta, iniciando sua nova vida...

 

 

Stephen balançava a cabeça negativamente enquanto sua ex-namorada Magdalena Nesmith arrumava as malas, disposta em ir embora.

 -- Então... – Stephen não sabia o que dizer. Ela dispensou Stills aparentemente sem razão nenhuma. Ou não. – Acabou tudo?

 -- Eu demorei para entender que não é isso que quero para mim. – Justificou a escritora e irmã do compositor Michael Nesmith. – Você merece alguém melhor, Steph.

 E ela saiu de casa, entrou em seu conversível e dirigiu rumo a fazenda de sua amiga Mama Cass Elliott. Stephen sentou no sofá, olhando para o vazio, ainda em choque com o fim do namoro. Poucos minutos depois um carro para em frente sua casa. É seu amigo David Crosby.

 -- Hey, cara você pode... – David não completou a pergunta ao ver seu amigo quase catatônico. – O que aconteceu?

 -- Ela foi embora. – Respondeu olhando para ele.

 -- Calma, cara. Ela vai voltar para você. – David sentou ao lado dele, compadecido com a situação de Stills.

 -- Eu acho que desta vez foi pra valer.

 Stills chorou em seguida e David o abraçou. O plano de pedir dinheiro emprestado para o ex-integrante do Buffalo Springfield foi descartado. No entanto, ele conhecia outro cara que pode emprestar a grana.

 

 

-- Vem logo, Louise! O episódio de Jornada nas Estrelas vai começar! – Odile terminava de fazer a pipoca para complementar o lanche da tarde de sua amiga, regado com chocolate, sanduíches e refrigerante.

 Louise terminava de escovar os cabelos e correu para sala. A galesa passou a gostar bastante da série americana espacial no qual a francesa e a irmã dela já eram fãs. O episódio em questão era inédito, retornando de um hiato de semanas.

 -- Pelo que li nas revistas, esse episódio terá a participação especial da Bonnie Compton! – Comentou Louise, bem empolgada.

 Durante o episódio, Louise bocejou indicando seu sono vindo e Odile constantemente beliscando sua amiga para mantê-la acordada. E famigerada cena do beijo, as duas gritaram completamente espantadas e felizes.

 -- ELA BEIJOU O KIRK!

 Com o fim do episódio, Odile ligou para a irmã mais velha, Marie, exigindo que a mesma entreviste Bonnie para saber se o beijo era real ou uma tentativa falha de ser técnico. Louise por sua vez recebe uma carta da universidade, para a formatura. Odile não queria nada extravagante e sabendo que sua família e da sua amiga iriam participar, aceitou o retorno. No outro dia pegaram voo para Paris e de lá seguiram para universidade.

 


 

David apertou a mão de Peter Tork em agradecimento pelo empréstimo do dinheiro no valor de vinte e cinco mil dólares. Peter emprestou sem pensar se David pagaria a dívida ou não, afinal, ele é seu amigo mais querido e sabia da demissão sofrida dele (ou não tão sofrida assim).

 -- Você bem que podia fazer algo melhor com essa grana, em vez de comprar um barco. – Tentou sugerir.

 -- Pois é... Mas meu objetivo é realmente velejar. Sinto que vou encontrar as respostas no mar.

 Peter se preocupou e desejou boa sorte para o amigo.

 Croz comprou o barco e com o restante do dinheiro fez a manutenção necessária. Convidou Stephen Stills e seguiram juntos velejando no mar e cantando velhas e novas canções.

 -- Sabe, a Magdalena não foi a única e nem a última mulher. Vou conhecer outras. – Decidiu Stills enquanto dedilhava outra nota no violão.

 Croz sorriu e gostou da determinação do amigo. Depois de três dias navegando, a dupla retornou e no píer encontraram um conhecido amigo da Inglaterra. Era ninguém menos que Graham Nash, dos Hollies.

 -- Meus amigos! – Nash largava as malas e abria os braços.

 -- Meu inglês favorito! – Stills pulou do barco e correu para o píer, abraçando Nash.

 David ancorou o barco e desembarcou, caminhando devagar e se juntando aos dois num abraço conjunto.

 -- E essas malas? – David logo imaginou do que se tratava. – Não me diga que te demitiram da banda?

 -- Eu, demitido? – Nash riu, debochado. – Eu que me demiti e ainda disse para eles: "adeus, otários e obrigado por tudo!"

 -- Você não disse isso. – Duvidou Stills, levantando a sobrancelha.

-- Eu disse! Desde que nós três tivemos aquela conversa em Londres, sobre potencial artístico, pensei bastante e percebi que queria algo mais.

 -- E você está disposto? – Questionou Croz.

 -- Muito.

 -- Acho que está na hora de entrarmos em estúdio, rapazes. – Avisou Stills.

 E a partir daquele dia de verão, o trio folk music surgia para moldar tudo e influenciar gerações.

 

 

Louise lançava um último olhar para o alojamento onde viveu meses com sua amiga. E agora vazio, apenas com as camas arrumadas, armários e gavetas esvaziadas e sem os pôsteres, sem o toca discos ou rádio. Quando a formatura terminou, os pais de ambas já arrumaram tudo para ser despachado para os lares delas.

 -- Agora ficará na lembrança. – Comentou Odile colocando o braço na cintura de Louise.

 -- Será que algum dia voltaremos?

 -- Só se for para acompanhar nossos futuros filhos, e ainda sim se quiserem estudar aqui.

 -- Para mim é difícil de entender que certos ciclos se encerram. Entretanto... – Suspirou, resignada e feliz. – Sei que vai começar um novo agora.

 -- Exato. – Concordou a francesa. -- Agora temos um mundo de possibilidades e vamos conquistar todas.

 Elas fecharam a porta do alojamento e foram embora, com aquela vontade de começar uma nova história só delas. E não demorou muito, pois elas seguiram novamente para os Estados Unidos e ganharam uma nova companhia: Alana Watson. A baixista foi convidada por seu amigo, Gram Parsons para ficar uns dias em Laurel Canyon e a dupla dinâmica aproveitou o embalo para passear bem no coração onde a música e a arte flui em grande escala.

 Continua...

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