Capítulo 10-- That Glitering Girl - Parte 1
Felicity POV
Volta ao trabalho, amava retornar as atividades nos
dias uteis, com exceção na sexta que já me deixa esgotada. Depois da noite de
sábado não consegui parar de pensar em Pete, mesmo ter afirmado que aquele
beijo era apenas para agradecer o que ele fez por mim. O que me deixava
angustiada era o fato de ter prometido dar uma resposta para ele se
eventualmente nos encontrarmos, independendo das circunstancias. Por isso que
hoje fui para a Rolling Stone cheia de receio de se deparar com próprio
Townshend na minha frente. Cheguei à redação e cumprimentei a todos. Fui para
cafeteria e escolhi uma mesa de quatro lugares para esperar minhas colegas de
trabalho, Nora, Marie Greyhound e Anastacia Rosely. Enquanto esperava, revi os
fatos que desencadearam na semana passada, desde o momento que Dave Davies se
revelava um possessivo até Ray Davies ser um furioso homem querendo matar Keith
Moon. Acredito que depois dessa, Ray vai encher o saco de Nora para pedir
desculpas do ocorrido e ela nem aí.
Já eram 08h30 e as meninas apareceram muito alegres e
já se sentando à mesa onde estava esperando.
-- Felicity! Não acredito que não foi na festa da
Marianne Faithfull. Estava demais! – Dizia Marie, já se sentando ao meu lado e
Nora e Ana de frente para nós duas.
-- E como estava! – Agora é Ana que completa os elogios
da festa, enquanto Marie fazia os pedidos.
-- Ah, deixa te contar uma coisa: Advinha quem estava na festa? – Dizia Nora, ao
se sentar na minha frente.
-- Ray e Dave?
-- Só vi o Ray e nem dei bola. Bem feito pra ele por
quase matar meu querido Moonie. Além dele, vi seus dois pretendentes, ou
melhor, ex-pretendentes, Keith Richards e Gordon Waller.
-- O que aquele idiota do Gordon queria comigo? Já
basta por me trair com aquela modelo sueca esquelética...
-- Ele ainda te ama, a ponto de te ligar e o Richards
com saudades de você. Mais engraçado nesta história é que o Gordon falou isso
na frente da namorada e ela ficou muito furiosa.
Acabei dando risada desse fato, imagina uma coisa
dessas. Gordon revelando na frente da atual namorada o meu amor. Meio tarde
para isso, não acham, leitores?
Marie e Ana conseguiram trazer nossos pedidos de café
da manhã e começamos a falar muito mais da festa. Nora ainda contando que
quando chegou lá, encontrou o ex-marido de Marianne, John Dunbar. Depois um
papo que ela ouviu entre Tony Hicks e Graham Nash falando sobre a excursão que
fizeram em Oxford. Que eu soube, Os Hollies se apresentaram na Faculdade de
Oxford. Apresentação agenciada por Sam Benson, o maior empresário da cidade e
chefe de minha amiga, a estudante Rosie Donovan. Inclusive, prometi um dia ligar para Rosie,
perguntando quando ela viria para Londres, com Marianne Jones e sobre o
relacionamento com Eric Clapton.
O café estava muito gostoso e a segunda-feira prometia
mais surpresas naquele dia sem que eu imaginasse. Depois do papo, pagamos pelo
café e no momento da saída, Richard Sullivan, nosso chefinho amado da Rolling
Stone, trouxe meus amigos, Paul Williams, âncora do telejornal London News e
Luke “Biff McFly” Stark, locutor da famosa rádio pirata Radio Caroline.
--E ai Fefe, vamos mais um dia tocar um pouco de rock
anos 50? – Perguntou alegremente Luke. O apelido Biff McFly é o seu nome
artístico para radio.
-- Sempre estou pronta, Luke, mas cadê minha guitarra
Epiphone?
-- Bem aqui! –Respondeu Paul, que trazia seu enorme
contra baixo clássico, usado pelos músicos dos anos 50. – Vê- se não esquece
sua guitarra na minha casa. Da última vez, saiu correndo e a Melissa não teve
tempo de devolver pra você.
-- Não irei esquecer-me desta vez. –Falei um pouco
constrangida pelo fato de ter esquecido a minha guitarra, presente de meu pai,
Robert McGold, na casa de Paul, no dia que o visitei e sua mulher, a atriz
Melissa Campbell.
-- Vamos lá? Quero mandar ver!
Fomos ao estúdio que a imprensa possui para caso de bandas fazerem uma entrevista e
um show ao mesmo tempo. Tem tudo ali, desde cabos e amplificadores e uns instrumentos
atuais e clássicos. Preparávamo-nos para uma pequena apresentação de começo de
semana. O que não esperava era que “ele” estaria aqui, me vendo cantar.
Pete POV
Um beijo. Um único beijo foi o suficiente para perceber
o quanto gostava dela. Eu sei que é meio cedo, mas sabia que era dela que tinha
uma pequena sintonia. Percebi isso quando foi nos fotografar para nosso disco.
Felicity McGold é meu anjo. Naquele dia da festa, não suportei que aquele
engomadinho do Gordon Waller e Keith Richards gostassem dela. E quando fui no apartamento dela, senti
aquele beijo, com gosto de mel e vinho. Desse jeito pareço tão poético quanto
os Beatles em 63. Aquela manhã todos nós
acordamos cedo. Roger outra vez ajeitava seu cabelo, John fumava e suspirava
por Anastacia e Keith procurava uma roupa boa para vestir pois ele iria visitar
Nora na Rolling Stone.
Para quebrar aquele silencio, Roger perguntou.
-- Por que saiu da festa, Pete?
-- Não é da sua conta! Me deixa quieto, Ok?
-- Ora, não era você que chorou para minha boneca lhe
dar o endereço da fotógrafa?
-- O que? Pete pediu pra Nora lhe dar o endereço da
amiga dela? Há há essa é boa! – Roger riu quando Keith revelou isso. Fiquei
mais furioso com isso.
-- O que está havendo aqui? – Chegou Kit Lambert.
-- Nada não, Kit. É só o Pete em suas crises por falta
de sexo hahahaha! – Quem disse essa bobagem foi Keith, unicamente para me
provocar e todos, inclusive John que até então só pensava na Ana, gargalhou com
essa palhaçada.
-- Parem, pessoal. Vamos pro carro, temos que ir para
Rolling Stone saber da revista e Pete...
– O olhar de Kit foi direcionado para mim na próxima frase. —Arranje outra
garota para satisfazê-lo, pois Deus que me perdoe aquela Jenna não dava conta!
Quando entramos no carro, mais risos por minha causa.
Primeiro foi da festa, depois meu termino do namoro dom Jenna Davies e o sexo
entre nós ter sido naufragado por diversas vezes e por fim Roger mencionou um
dos meus momentos de sonambulismo, em que falava que iria matar ele, mas nesta
última, dizia ele e o próprio John que eu gemia e falava o nome da Felicity.
Nem eu acreditava que eu mesmo dizia no meu sonambulismo. Caso for verdade, vou
me enterrar num buraco para ninguém me achar.
Enfim, estamos no prédio da revista Rolling Stone.
Entramos e fomos recebidos pelas garotas Nora, Marie e Ana. Reparei que
Felicity não estava entre elas. Perguntei para Marie, abraçada ao Roger, se a
amiga dela viria.
-- Ela já chegou faz tempo, Pete. Felicity está tocando
neste momento no estúdio com a banda dela.
-- Banda?—Perguntei. Nunca ouvi falar de Felicity com
uma banda.—Que banda é essa?
-- É uma banda que toca só músicas dos anos 50, formada
por ela na guitarra, o jornalista Paul Williams no contra baixo e o locutor
Biff Mcfly na bateria. Vamos ver eles cantarem Buddy Holly. – Falava Anastacia,
de tão animada por saber que John estava ali com ela.
Entramos no estúdio cheio de jornalistas e fotográfos.
Encontrei personalidades como Maureen Cleave, a repórter que entrevistou John
Lennon no dia que ele afirmou que os Beatles são mais populares do que Jesus e
o nosso amigo Alan Algridge, ilustrador do nosso segundo disco, A Quick One.
A banda havia terminado de tocar Summertime Blues e
quem cantava era Paul Williams. Ao que parece, Felicity vai falar algo.
-- Agora, próxima música, é uma das minhas favoritas do
Buddy Holly e...
Notei a falha pequena na voz dela quando olhou para
mim. Estava entre a surpresa e a felicidade.
-- ... E quero dedicar a um cara que conheci no meu
trabalho. Ele salvou minha vida e se pudesse... diria que aceito sair a
qualquer dia com ele!
Percebi então o que ela quis dizer. Ela aceita sair
comigo. Ela cantou True Love Ways.
Just you know why
why
you and I
will by and by
know true love ways
Sometimes we'll sigh
sometimes we'll cry
and we'll know why
just you and I
know true love ways
Throughout the days
our true love ways
will bring us joys to share
with those who really care
Sometimes we'll sigh
sometimes we'll cry
and we'll know why
just you and I
know true love ways
Ela
canta e toca guitarra maravilhosamente bem, pensei comigo
mesmo. Todos aplaudiram por aquela música ser interpretada tão bem na bela voz
de Felicity. Nora havia filmado a banda cantando a música. Naquele instante,
confirmei mais o que realmente sinto pela fotógrafa Felicity McGold é amor. Um
amor mais puro e digno, não aquele amor de aparências como tive com Jenna e por
conveniência como aconteceu com Karen Astley, minha primeira namorada. Felicity é minha garota brilhante. Voltamos
para casa e imediatamente, peguei aquela música que John e eu escrevemos para
Anastacia e não terminamos. Era Glitering Girl. Comecei a escrever feito louco
mas de alegria.
Said the rules mama preaches
Go down when they break
The themes mama teaches
You just gotta shake
Go down when they break
The themes mama teaches
You just gotta shake
But she wasn't a fool
That slender love figure
She followed her rules
And made money bigger
That slender love figure
She followed her rules
And made money bigger
She wasn't a fool
That shining young woman
She followed her rules
She's crying for no man
That shining young woman
She followed her rules
She's crying for no man
(…)
-- Pelo visto
bateu inspiração, hein?—Espantou John Entwistle, ao me ver escrevendo no
caderno.
-- Essa garota
brilhante me inspira.
E como me inspira
a escrever as músicas!
Continua...

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