Capítulo 9: Festa Underground
Nora POV
A campainha
tocou. Demorei um pouco para atender, porque ainda estava terminando de me
arrumar.
-Já vai –
gritei enquanto eu driblava a mesinha da sala, enquanto calçava a sapatilha e
ia em direção da porta e encontrei Keith com um largo sorriso entre os lábios.
-Olá boneca
– disse ele roubando-me um beijo, ainda na porta. Uma vizinha minha passou por
nós e gritou “Pervertido” e Keith a mandou ir a merda.
-Vamos entre
– respondi rindo.
-Sua casa é
maravilhosa – disse ele olhando meu pequeno apartamento – eu realmente gostei
daqui, é confortável, bem o seu jeitinho, gostei!
-Oh obrigada
– respondi um pouco envergonhada – Espere só um pouco, só irei deixar um pires
de leite e um pouco de comida pro Godard e a gente já vai pra festa, tá?
-Quem é
Godard? – perguntou ele enquanto se acomodava no sofá e acendia um cigarro –
Não, espere, eu acabei de conhecer ele! – Ele se levantou e foi à cozinha, onde
eu estava, segurando Godard no colo – ele lembra muito o Robespierre, só que o
seu é amarelado, o dela é uma raça vinda lá da Rússia, chique não é?
-Sim, mas
quem é Robespierre? – perguntei.
-É o gato da
Anastacia – respondeu ele colocando Godard no chão e este indo correndo ao
pires de leite que tinha acabado de colocar no chão. Keith se aproximou de mim,
segurou minha cintura, limpei seu casaco marrom que estava repleto de pelos de
gato e então ele sussurrou – Pete deve estar louco, nos esperando! Mas dane-se!
– Ele me roubou novamente outro beijo e sorriu – Agora a gente tem que ir.
Quando
chegamos a portaria do prédio encontramos Pete, impaciente do lado de fora do
carro de Keith, praguejando para o motorista que não aguentava mais nos
esperar. Ele me cumprimentou e cumprimentei de volta e depois começou a brigar
com Keith sobre estarmos atrasados. Pete ainda falou que teríamos que passar na
casa de Ana para pegar e John, que também iam para festa da Marianne Faithfull.
-Olha, só
porque a sua garota não vai a festa, você necessariamente não precisa ficar
triste,tá bom? – Disse Keith, enquanto abria a porta esquerda de traz do carro,
para eu entrar. Eu sabia que eles estavam de Felicity.
-Keith você
já pode calar essa sua boca – Disse Pete entrando no banco do carona e batendo
furiosamente a porta do carro. Keith o xingou e os dois começaram a brigar,
deixando eu e o motorista, entediados. Depois de brigarem, Pete disse ao
motorista para primeiro irmos a casa de
Anastacia para buscarmos ela e John e depois seguirmos para a festa.
Depois de 10
minutos calmos namorando Keith, chegamos ao apartamento de Ana e John e depois
finalmente fomos tagarelando até a casa de Marianne, enquanto somente Pete
estava quieto ,pensando em Felicity. Quando descemos do carro, já enfrente do
prédio onde Marianne vivia, Pete me perguntou:
-Nora, eu
sei que é meio estranho pedir isso, mas você tem o endereço de Felicity?
-Tenho sim –
respondi meia sem jeito.
-Ora Pete!
Depois você pega o endereço da garota – ralhou-lhe John – você não vai visitar
ela agora, não é? São 20h00,ela não te atender agora!
-Por favor!
– pediu Pete.
-Tudo bem –
respondi. Abri minha bolsa, peguei meu bloquinho de anotações e uma caneta,
entreguei minha bolsa a Keith e anotei o endereço de Felicity, rasguei-o e
entreguei a Pete, seus olhos brilhavam mais que as estrelas.
-Oh muito
obrigado – respondeu ele guardando o papel dentro do bolso de sua camisa e John
o puxou pelo braço gritando que era hora de entrar.
Pete tocou o
interfone, disse que o resto do Who havia chegado já que Marie e Roger foram os
primeiros a chegar. A porta do prédio se
abriu e topamos com o porteiro, sentado numa cadeira atrás de um balcão,
tentado dormir, mas não conseguia, pois o som vindo da cobertura de Marianne o
impedia. Cumprimentemos ele, e nos esprememos dentro do elevador e chegamos a
cobertura.
Logo que
saímos do elevador, topamos de cara com John Dunbar, o ex-marido de Marianne
saindo do apartamento desta com uma tampa de papel de um abajur, segurando uma
garrafa de champanhe. Ele ainda a visita,
pensei, ele ainda a ama. Ele nos
cumprimentou e me perguntou se ainda tenho visto Marianne —já que toda vez que
ela pulava a cerca, ele vinha chorar no meu ombro e Felicity achava que ele precisava
controlar a esposa dele — Respondi que quase não a tinha visto, perguntei sobre
Nicholas, o filho deles dois que haviam acabado ter e depois ele me entregou um
papel com o novo endereço dele pedindo para visita-lo e depois ele partiu. E
Keith me fez milhares perguntas de onde eu havia o conhecido.
Quando
entramos no apartamento, foi a própria Marianne que nos recebeu junto com seu
novo namorado, Mick Jagger. Olhei para o apartamento, estavam um “caos
organizado”, em comparação as últimas festas dela que eu havia participado. Dessa
vez não tinha um bebê chorando, John Dunbar brigando Marianne, os Stones – com
exceção de Charlie sempre muito comportado é claro – nem tão bêbados assim e gritando uns com os
outros. Agora só Brian e Keith estavam fumando um cigarrinho questionável
somente de cueca com cinco garotas envolta destes e quase todo o cenário underground de Londres no apartamento
-Eleonora! A
quanto tempo que eu não te vejo! – gritou ela, tentando equilibrar um copo de
uísque e um cigarro, para me abraçar –Não acredito que você esta com o Keith
agora!Parabéns, você tem uma garota de ouro com você! Ela já até trocou com as
fraldas do meu filho!
-Obrigado –
respondeu Keith dando um pequeno beijo em minha bochecha.
-Onde esta
Felicity? – perguntou ela depois de cumprimentar todos.
-Eu liguei
para ela – Falei – Mas ela disse que queria descansar um pouco, por isso
recusou.
-Entendo – Respondeu
ela me dando um copo com um pouco de uísque – Ah sabe quem esta na festa? Eu
não queria convidar por causa de você e do Keith, mas agora ele é “amigo” do
Mick, mas o Ray Davies está aqui.
Ao ouvir
aquele nome, senti um calafrio percorrendo meu corpo e de repente, me lembrei
de tudo aquilo que aconteceu, quando ele
quase acabou com o Keith.
-Nora está
tudo bem? – perguntou Marianne.
-Esta sim –
respondi.
-Enfim, nem
te contei, fui pra França com o Mick...—E assim eu e Marianne ficamos papeando
sobre nossas vidas, Ray passou por mim uma ou duas vezes, numa dela se remoendo
de ciúmes, na outra querendo falar, mas deixei ele para lá. Vi que um pintor
começou a desenhar Mick numa das paredes e outras garotas estavam quase nuas em
cima de Brian e Charlie, que sempre fora apaixonado por mim, mas nunca
conseguiu tomar coragem e me contar, veio conversar comigo.
-Olá Charlie
– disse eu – Como você esta?
-Eu vou bem,
Nora - disse ele, um pouco tímido – E
você esta feliz com o Keith?
-Estou sim –
respondi.
-O Ray te
fazia algum mal? – perguntou ele.
-Na verdade
ele era muito ciumento – falei – e isso era horrível demais.
-É ele tem
cara de quem faz essas coisas – disse ele – mas quero que você saiba, se o
Keith não te amar mais ou te fazer algum mal, eu sempre estarei aqui, amando
você incondicionalmente.
A declaração
me pegou de surpresa, não sabia o que dizer ou agir. Sorri e depois ele pegou a
minha mãe direita e beijou ela, eu corei e ele sorriu e saiu. Olhei para os
lados procurando Keith, mas não encontrei. Fui até cozinha procurando algo
forte para beber e lá encontrei Peter & Gordon e a nova namorada de Gordon,
uma tal de Jane.
-Oi Nora –
disse os dois em coro.
-Ah Olá
rapazes – respondi.
-Onde esta a
Felicity? Porque ela não esta aqui? – perguntou Gordon. Nisso,Pete também
apareceu e eu não consegui pegar minha bebida. – Eu tento telefonar para ela ,mas
ela não me atende! Nora por favor, me diga, será que ela ainda me ama? Porque
eu a amo demais!
-Como assim você
ainda a ama? – perguntou Jane, enquanto Pete começava a prestar atenção na
conversa – Você perdeu a noção do perigo?
-Não – respondeu
Gordon – eu gosto de você ,mas amo a Felicity. Ela é minha musa inspiradora! Ai ai...
-Gordon acho
que você já pode parar... O Townshend vai me matar aqui – disse Peter. Olhei
para Pete e ele estava quase batendo em Peter e no Gordon, enquanto este falava
o quanto amava. Keith Richards se aproximou e disse que também amou Felicity, então
Townshend saiu furioso da cozinha e foi embora da festa.
-Olha, eu
falo pra ela o quanto vocês dois estão apaixonados por ela – disse eu a eles – Sendo
que eu não sou um pombo correio, ok?
Sai dali, tive
que atravessar a sala repleta de quadros e esculturas e fui em direção a sacada
do apartamento. Era um dos melhores lugares daquele apartamento inteiro e lá
encontrei Graham Nash e Tony Hicks conversando, cumprimentei-os e comecei a
observar a cidade e involuntariamente comecei a ouvir a conversa deles.
-Quando
estive em Oxford, conheci uma ruiva de tirar o fôlego! – disse Tony – mas ela
já estava comprometida!
-E quem ela
namorava? – perguntou Graham um pouco indiferente.
-Com Deus! –
respondeu Tony.
-Você se
apaixonou por uma freira? – perguntou Graham um pouco chocado e eu também
fiquei pasma ao ouvir isso.
-Não, ela
estava namorando o Clapton – respondeu ele com uma grande gargalhada.
-Vê se não
me assusta mais, seu idiota – respondeu Graham.
Então voltei
para meus pensamentos, e enquanto me
perguntava onde estaria Keith, senti um beijo em minha nuca e duas mãos
tamparam meus olhos.
-Quem é? –
perguntei.
-Hum, você
sabe – e Keith deu uma gargalhada.
-Moonie – me
virei e ele me beijou – Onde esteve?
-Por ai –
respondeu ele – mas isso não importa, onde você esteve?
-Sendo pombo
correio – respondi. Ele riu e depois contei toda a história.
-Então, boneca,
o que você quer fazer? Fugir ou sentar naquele banquinho e namorar um pouco? –
perguntou ele.
-Sentar ali
e namorar um pouco – Respondi.
Sentamos num
banquinho ali perto de onde eu estava e passamos o resto do tempo namorando. Queria
que aquele momento jamais acabasse, até que por fim, dormi no colo dele.
Continua...

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