Hoje o dia não está muito bom. Como devem saber (pra quem acompanha as novidades do mundo classic rock), o baterista Ginger Baker morreu. E em homenagem a ele, hoje será postado o epílogo de minha fanfic. Minha primeira fanfic do Cream. Parece que foi ontem que escrevi de modo despretensioso pra expressar minha crush na época por Eric Clapton. Depois com a quantidade de outras fics, ela ficou em hiatus várias vezes e hoje é sua conclusão. Desejo-lhes boa leitura!
Rosie POV
Chegou o dia que Marianne deu à luz. Aconteceu
num dia comum da primavera e eu ouvia Yardbirds no apartamento. Quando o disco
terminou de tocar, eu a vi no sofá, se contorcendo. A bolsa estourou, ela
chorava e procurava discar o número da emergência. Eu também estou grávida, mas
meu filho está previsto pra nascer no próximo mês.
-- Me ajuda, Rosie... – ela pedia.
O que se passava na minha cabeça? Se não fosse o
barrigão estaria sentada na cadeira, assistindo de camarote o sofrimento dela e
não prestar ajuda alguma, alegando incapacidade física e ainda beberia um pouco
de Martini. Não. Esse tipo de pensamento deveria ter com a russa maldita. Então
fiz o que tinha de ser feito. Levei para o hospital e liguei para Edmund.
Um médico muito gentil veio falar comigo.
-- Srta. Donovan?
-- Sou eu.
-- Olá, me chamo Moses Smith. – ele apertou minha
mão e nossa! Ele é um gato! Traços escoceses com galeses. Certamente o pai deve
ser escocês e a mãe galesa, ou o contrário. – Marianne está sofrendo muito. As
contrações estão fortes e pra piorar, o bebê está virado.
Engoli em seco ouvindo isso. Pela primeira vez
senti medo de perder Marianne e se acontecer, não vou me recuperar tão cedo.
Uma hora depois apareceu Edmund, Ana (por que
ela?), Chelsea e os pais (sim! O pai e a mãe) de Marianne. E mais uns momentos
de parto. Ana foi obrigada entrar no quarto dela. Eu poderia, mas Ana se prontificou.
Para não me estressar concordei. Não fiquei pro nascimento do bebê e na saída
trombei com Ginger, chapado e meio louco.
-- Rosie... – ele me abraçou e o cheiro forte da
maconha exalou total. – Onde está minha pequena?
-- No quarto.
-- Obrigado...
Deveria avisá-lo que não era mais bem-vindo para
os Jones, mesmo sendo o pai do bebê. Voltei pra casa e chorei bastante. Talvez
fosse melhor ter esse bebê e deixar unicamente com Edmund e largar Marianne.
Passei o resto das horas até anoitecer e finalmente Ed retornou pra casa.
-- É uma linda menina. – ele disse e se deitando
comigo na cama.
-- Que bom... – disse, soluçando. – Meus
parabéns.
-- Rosie, calma. Não precisa chorar.
-- Só quero ficar sozinha. – respondi e me
virando.
-- Posso ficar aqui em silêncio?
-- VAI EMBORA! – gritei e joguei um livro na
cabeça dele.
-- Tudo bem...
E fechou a porta do quarto e a da sala.
Certamente foi embora mesmo. Naqueles dias todos eu vivi no inferno. Passava o
dia trancada, chorando e me recusando quem fosse ver. Marianne não voltou para
o nosso apartamento e ficou na casa dos pais. Melhor assim. Mas num domingo de novembro,
quando resolvi colocar o disco do Cream no aparelho, sinto algo úmido no meio
das pernas.
Praguejei. Era hora. No
momento que fui pedir ajuda para Edmund, me dei conta que não havia ninguém em
casa. Era eu. Gritei de dor e um pouco de raiva até alguém tocar a campainha.
Abri a porta e era... Eric Clapton.
-- Rosie...
-- Me ajuda...
Eric me levou até o
carro e fomos juntos para o hospital. A dor era imensa. Chegando na porta de
emergência, ele chamou os médicos e me colocaram na maca e em direção a sala do
parto.
-- Eric, não me
deixa...
-- Não vou te
deixar...
Na sala eu chorava,
suava e urrava de dor. Pensava o que teria feito de errado para merecer essa
dor. Isso tudo é castigo por negar Marianne? Por ofender Ana e Chelsea a ponto
de declarar guerra?
-- Não sentirá nada e
quando acordar, será mãe. – avisou o médico, sorridente.
Vi claramente a
enfermeira preparando uma seringa contendo algo. Anestesia.
-- Por favor... Não
quero anestesia... – disse, ofegante.
-- Enfermeira Randall,
faria a gentileza? – disse para enfermeira e em seguida me olhando. – Tenha calma,
srta. Donovan. Não há o que se preocupar.
-- Não me diz o que
preciso. Sou perfeitamente capaz... de decidir como dar à luz meu bebê.
Não deu outra. A
enfermeira injetou meu braço.
-- Mas...
-- Boa noite, Srta.
Donovan. Deixe tudo conosco.
-- Você...
Foi como adormecer de
um dia cansativo. Neste caso, meu sonho continha minhas lembranças de meu ano
em Oxford, os amigos feitos, o primeiro emprego, o namoro com Eric, os shows...
O que para mim foi um instante, foram 5 horas de sono. Acordei na cama de
hospital. Olhei para janela. Estava chovendo.
-- Rosie.
Olhei em direção a
porta. Eric carregava um bebê e a enfermeira chegou. Me entregou o bebê. Não reagi
em nenhum momento.
-- Meus parabéns. –
disse a profissional e em seguida se retirando.
Eric achou graça.
-- Ela acha que somos
os pais.
Não disse nada. Apenas
olhava aquela criança. E não demonstrava nada. Era meu filho, sim. Carreguei
por nove meses, mas não o queria.
-- Como ele vai se
chamar?
-- Dorian.
-- Como o livro... –
ele disse, em seguida sentando na beira da cama. – Lindo nome. Sei que não sou
o pai mas... sinto como se ele fosse meu.
-- Poderia ser a
gente. – respondi.
-- E não podemos?
-- E a japonesa? A
garota que você me trocou por ela?
-- Ah... Ela conheceu
um estudante de astronomia em Cambrigde. Brian, acho que era esse nome dele.
-- Sinto muito.
-- Eu mereci. O que eu
fiz pra você não merecia perdão.
-- Eu também errei.
Eric tocou minha mão e
trocamos um olhar. O mesmo que trocamos na primeira vez que nos vimos.
-- Pode me visitar
sempre. – disse.
-- Obrigado.
Nos beijamos e quando
terminou, tive a impressão que alguém observava o quarto. Dias após o
nascimento do Dorian, decidi algo: larguei a faculdade em Oxford e me mudei
para Londres. Consegui vaga para estudar na universidade pública da capital e
minha mãe cuidava do meu bebê. Eric e eu não voltamos a namorar, contudo, continuamos
amigos e de vez em quando... rolava algo entre nós.
2005
Não sei o que deu em
mim para assistir o show de reunião do Cream. O tempo passa e ainda continuam
os mesmos. As lembranças daquele ano de 1966 e 1967 foram os mais marcantes de
minha vida. Eu vivi minha vida, aprendi ser independente, amar, tive meu filho,
conquistei tudo com meu esforço e não sofri mais.
-- Rosie?
Me virei e era
Marianne e sua filha, Sofia e o outro rapaz eu sei quem é mas esqueci o nome.
-- Marianne... – disse
sem muita animação.
-- Madrinha! – Sofia me
abraçou. – Você veio...
-- Sim...
-- Lembra do Joey? Meu
marido.
-- É claro. – fingi um
sorriso. Joseph Townshend, transpirando boniteza com cafajestice. Igual o Best.
Ela casou com ele, se separaram em 2000 quando ele teve uma filha fora do
casamento e voltaram. – Como você está, Joseph?
-- Muito bem, senhora.
Nos bastidores, Eric cumprimentou
todos e veio até mim.
-- Rosie...
-- Eric...
Não estamos juntos.
Mas ainda temos aquele apelo. A química. Eu perdoei Eric em 67 e ele me perdoou.
No fim não somos perfeitos. E é melhor assim.
FIM
--- Cenas pós créditos da Marvel ----
1967
Duas semanas após o nascimento
do Dorian, fui no hospital onde Marianne ganhou a Sofia e consultar com Dr.
Smith. Chegando na sala dele, encontrei uma das amigas de Ana, a escocesa Nora
Smith e acompanhada de um senhor de uns quarenta anos e ruivo.
-- Meus parabéns pelo
bebê. – disse o doutor.
-- Ai que felicidade! –
ela vibrava de alegria e na hora que saiu da sala me viu. – Rosie! Awn! Que
bebê fofinho!
-- É o Dorian. – respondi.
– Meu filho.
-- Meus parabéns para
ele. Ah, este é meu pai. Eddard.
O homem mais velho me
cumprimentou. Aquele homem grande tinha cheiro de patchouli com animais no
campo. Deve ser fazendeiro, eu pensei. No entanto, não podia negar que ele era
bonito. Demais para alguém quarentão. E ruivo.
Depois da despedida, o
doutor me chama.
-- Pode entrar, Srta.
Donovan.
E vamos para a
consulta...
Rosie Donovan vai voltar
Marianne Jones vai voltar
Homenagem a Ginger Baker
Publicado em 2 de agosto de 2011
Finalizado em 6 de outubro de 2019

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