De novo vou postar algo. Vamos ler a oneshot "Athena", que é uma prequel da fanfic Love Sell Out. O encontro de uma noite só e um pouco da rivalidade Mods vs Rockers. Boa leitura!
Athena__ Maya Amamiya
1966
Aquela
sexta-feira estava chuvosa em Londres. O que não impediu de um grupo de jovens
freqüentarem seu lugar favorito: o Marquee Club. Uma banda formada por quatro
rapazes, usando ternos pretos e cinzas com três botões e calça slim justa no
corpo. E sapatos bico fino de couro sempre lustrados, tocavam alegremente seus
hits e os “mods”, como eram chamados os jovens que se vestiam daquela maneira,
dançavam ao som deles. Meio furioso, meio rítmico.
Um táxi parou
em frente ao Marquee e dali saltaram quatro garotas abrindo um enorme guarda
chuva. Uma delas, a maior, pagou o taxista e entraram juntas, sendo bem
recebidas pelos seguranças e a recepcionista. Pagaram e deixaram seus casacos e
o guarda chuva nos armários disponíveis.
-- Da próxima
vez eu mesma vou chamar um táxi antecipado. – reclamava uma delas de sotaque
francês.
De repente o
público começou a dançar loucamente com som do grupo.
People try to put us down
(Talkin' 'bout my generation)
Just because we get around
(Talkin' 'bout my generation)
Things they do look awful cold
(Talkin' 'bout my generation)
Hope I die before I get old
(Talkin' 'bout my generation)
It's my generation
It's my generation, baby
Why don't you all fade away
(Talkin' 'bout my generation)
And don't try to dig what we all say
(Talkin' 'bout my generation)
I'm not trying to cause a big sensation
(Talkin' 'bout my generation)
Just talkin' 'bout my generation
(Talkin' 'bout my generation)
It's my generation
It's my generation, baby
Why don't you all fade away
(Talkin' 'bout my generation)
And don't try to dig what we all say
(Talkin' 'bout my generation)
I'm not trying to cause a big sensation
(Talkin' 'bout my
generation)
Just talkin' 'bout my generation
(Talkin' 'bout my generation)
It's my generation
It's my generation, baby
My, my, my, my generation
People try to put us down
(Talkin' 'bout my generation)
Just because we get around
(Talkin' 'bout my generation)
Things they do look awful cold
(Talkin' 'bout my generation)
Hope I die before I get old
(Talkin' 'bout my generation)
It's my generation
It's my generation, baby
Talking 'bout my generation (my generation)
Talking 'bout my generation (my generation)
Talking 'bout my generation (my generation)
Talking 'bout my generation (my generation)
Com
dificuldade foram para o balcão e pediram as bebidas ao barman. Observaram o público. Só mods, pensou a
garota alta de cabelo preto e botas. Embora vestida como um deles, ela se
considera tanto “rocker” quanto mod.
-- Até que
eles têm um som bom. – Concordou a menina de traços russos.
-- O
baterista é tão lindo. – Disse a escocesa de olhos grandes e azulados.
As outras
riram. O último namorado da jovem foi um guitarrista, chamado George Harrison,
do grupo The Beatles.
-- Pela
primeira vez Nora não se apaixona pelo guitarrista ou vocalista. – Ria sua
amiga, a francesa e em seguida lançou um olhar para o cantor. – Mas esse
vocalista tem uma pinta de deus grego.
As quatro
beberam um pouco seus drinques e conversavam alegremente durante a música.
-- Ele tem. –
Apoiou a mais alta e galesa. – Contudo, parece um anão de jardim.
-- E o nariz
daquele guitarrista. – Apontou a jovem russa. – É imenso e ele parece maior que
você, Felicity.
Felicity
sorriu. Ela não se importava com o nariz dele e sim com os olhos azuis. Como o
mar do Norte.
-- Não me
importo com o narigão dele e sim com os olhos. – Disse a galesa chamada
Felicity, conhecida como Fefe. – Agora só queria saber o que o baixista tem.
-- O mocinho
que toca baixo?
-- Isso. Meu
Deus, ele parece uma máquina. Não reage. Está vendo, Ana?
Anastacia, ou
somente Ana, olhava encantada para o baixista.
-- Ele é bem
bonito.
-- Estamos
aqui há um bom tempo falando sobre esses moços bonitos, mas alguém sabe o nome
da banda? – questionou a escocesa de nome Nora.
A francesa
chamada Marie encontrou um cartaz na parede do bar com a estampa de um alvo com
as cores azul, vermelho e branco e o nome em letras grandes.
-- Segundo o
cartaz, eles são The Who.
-- The Who? –
Fefe nunca ouvira falar. – Que raio de nome é esse pra uma banda?
-- Será que
eles têm uma música chamada “quem é você”? – Ana zombou um pouco.
Elas riram e
beberam mais um pouco.
-- O
guitarrista canta bem... – Fefe não poupava elogios ao guitarrista. – Ou essa
bebida tem efeito afrodisíaco?
Percebendo
isso, Marie afastou o copo de sua amiga.
-- Vamos com
calma.
-- Mas de
repente deu um calor também. – Ana tirava a manta de flores estampadas e
deixava no balcão junto com a bolsa de Nora.
A banda
começa cantando I Can’t Explain.
Got a feeling inside (Can't explain)
It's a certain kind (Can't explain)
I feel hot and cold (Can't explain)
Yeah, down in my soul, yeah (Can't explain)
I said ... (Can't explain)
I'm feeling good now, yeah, but (Can't explain)
Dizzy in the head and I'm feeling blue
The things you've said, well, maybe they're true
I'm gettin' funny dreams again and again
I know what it means, but
Can't explain
I think it's love
Try to say it to you
When I feel blue
But I can't explain (Can't explain)
Yeah, hear what I'm saying, girl (Can't explain)
Dizzy in the head and I'm feeling bad
The things you've said have got me real mad
I'm gettin' funny dreams again and again
I know what it means but
Can't explain
I think it's love
Try to say it to you
When I feel blue
But I can't explain (Can't explain)
Forgive me one more time, now (Can't explain)
I said I can't explain, yeah
You drive me out of my mind
Yeah, I'm the worrying kind, babe
I said I can't explain
No meio da
música Fefe e Marie se juntaram aos mods na dança. Apesar de ser uma rocker que
se veste como mod, Felicity tem uma incrível habilidade pra dançar. Sua amiga
concordava plenamente e se movimentava conforme a música e o ritmo corporal da
colega. Ana e Nora se animavam demais vendo as duas e foram com elas para
dançar com todos.
Quando a
banda parou, uma música de fundo embalou a turma mod e as garotas voltaram para
o balcão. Já os integrantes trocavam idéias, contudo Pete, o guitarrista não
tirava os olhos da morena alta e bela. Desde sua entrada se fascinou de
imediato por ela. Óbvio que ela não lembrava em nada Karen Astley, no entanto
possuía algo, fazendo-o recordar de Annie e Evanna. Talvez o jeito mais
atrevido e um pouco doce. Aquela mulher era totalmente incomum.
Ele planejou
se aproximar dela até que alguém puxou seu braço. Era Roger.
-- Você não
vai até lá.
-- Por que
não? – desafiou Pete. – Não vejo uma garota dessas desde... Você sabe.
-- Ah, minha
nossa...
Pete se
aproximou da moça alta. Tentou afastar a timidez e pagou duas bebidas.
-- Para você.
– disse o guitarrista e usando óculos escuros.
Fefe estava
meio distante das garotas para flertar com ele e aceitou.
-- Obrigada.
– Fefe sorria e se mostrava confiante, apesar da ansiedade. – Você toca muito
bem a guitarra.
-- Muito obrigado
pelo elogio. – Pete resistiu à vontade de tirar os óculos. Preferia manter o
charme. – Então, está gostando do
Marquee?
Fefe
bebericava e sem querer deu um risinho.
-- Estou. –
respondeu. – O público é legal, a música não é nada ruim. E é uma das raras
vezes que vejo mods.
-- Vê mods? –
estranhou o guitarrista.
-- Eu não sou
daqui.
-- Logo vi
com esse sotaque. Veio de Liverpool?
-- Sou
galesa. Mas fui criada lá. Atualmente moro com uma amiga escocesa enquanto
junto dinheiro pra comprar meu próprio apartamento.
-- Isso é tão
legal. Venha morar em Londres. Só não te recomendo em Sheperd’s Bush. Sabe,
pela arruaça.
-- Os mods...
-- Ok, agora
quero saber. – Pete denotou um pouco de irritação na voz. Não gostava como a
moça falava dos mods. – Você não é mod?
Fefe largava
a bebida. Prevendo o pior.
-- E se eu
não for?
O silêncio de
Pete foi até suspeito e a moça se preparava pra deixá-lo, mas a mão dele
agarrou a sua.
-- Desculpa.
-- Sou eu que
peço desculpas. Preciso te contar um segredo.
Pete e ela
ficaram próximos.
-- Sou uma
rocker. – respondeu sorrindo.
É a vez de
Pete retribuir o sorriso. Mesmo diante da sinceridade e indo contra seu “código
mod”, ele não se importou.
-- Isso é bem
incomum. – admitiu. – Como nos encontrou?
-- Minha
amiga francesa. – apontando para Marie, que neste momento debatia com o
vocalista loiro sobre Edith Piaf e Johnny Lee Hooker. – Ela gosta de cena
alternativa. E confesso que gostei mesmo. Sei que não tô vestida como vocês,
mas gosto de motos e do que vejo por aqui.
-- Obrigado.
– Pete sentia o coração batendo mais depressa.
Enquanto isso
no bar, as amigas de Felicity ganharam total atenção dos outros integrantes da
banda. John adorou conversar com Ana, Keith afastou um mod bêbado de perto de
Nora e a protegeu e Roger e Marie em seu debate um tanto estranho. Já Pete e
Felicity pareciam desta vez se entrosar e quase acontecendo um beijo. Até que
um mod de rosto estranho, abriu a porta e deu um aviso:
-- ROCKERS!
Num curto
espaço, motocicletas Harley Davidson invadiram o local e alguns rockers
provocavam a mais barulhenta briga com seus rivais certinhos de ternos.
-- Puta
merda! – exclamou Ana, pegando a bolsa.
-- Malditos
rockers... – reclamou Moonie.
-- É a galera
da Fefe. – disse Nora, em pânico.
-- Como
assim? – o baterista não compreendeu.
-- Minha
amiga, a que está com o guitarrista. Ela é um deles. Uma rocker.
Um dos
motoqueiros, possivelmente o líder, espancava alguns mods quando avistou a
galesa alta saindo com Pete.
-- TRAIDORA!
– gritou o rocker líder. – ELA ESTÁ AQUI! COM O INIMIGO!
Fefe puxou
Pete de volta. O guitarrista não ia permitir uma coisa dessas e não era um
bando de rockers que o amedrontariam.
-- Precisamos
ir. – disse.
-- Posso
enfrentar eles. – berrou o guitarrista.
-- Não! Não
pode. Estão em grande número. – implorou a moça. – Por favor, não faça isso.
Por mim...
A briga
continuava. O líder dos rockers queria alcançar Fefe, mas cada passo que dava,
brotava mais dois ou três mods o impedindo. Obedecendo a súplica da garota,
Pete correu junto com ela para fora e chamou seus amigos. As amigas de Fefe
também foram acompanhadas com eles. Saíram do Marquee Club e ainda chovia.
-- Que droga!
– gritou Keith, saindo pelos fundos com o pessoal. – Ainda chove.
-- Não vai
ter briga? – perguntava Roger, cuja ansiedade em bater num dos invasores era
enorme. – Eu tô sedento para bater num rocker!
-- Não vamos
brigar. – anunciou Pete. – Estamos acompanhados.
-- Mas está
chovendo, docinho! – John debochava de Pete e o mesmo não se irritou.
Cada um deles
embarcaram nas lambretas e suas garotas na garupa e usando um casaco longo pra
proteger da chuva.
-- Vamos para
nosso apartamento.
-- Espera! –
John manifestou um pouco de descontentamento e apontou para Felicity. – Ela vai
junto?
-- Claro que
vai! – Pete não tinha receios e John foi convencido por fim.
-- Qualquer
lugar é melhor do que aqui. – afirmou Ana.
-- E você me
deve uma bebida, garotão. – disse Marie, dando um beijinho em Roger.
-- Com
prazer.
Dando a partida
nas motos, o quarteto distanciou do Marquee Club sob a chuva noturna, ao mesmo
tempo em que viaturas chegaram e prenderam os rockers e o líder deles. Alguns
mods não escaparam da voz de prisão e entraram no camburão e minutos depois,
levados para o Palácio da Polícia e registrando a queixa e multa.
Chegaram ao
apartamento deles, sob uma rua aparentemente calma, se não fosse outro pub com
música alta. Ao abrir a porta, as
garotas entraram e de cara o quarteto masculino arrumou a sala e guardou suas roupas
espalhadas nos armários. Roger providenciou os copos e serviu para cada uma
delas uísque com gelo. John ajeitava a vitrola e um tanto indeciso, colocou Cry
to Me cantada por Solomon Burke.
Moonie lavava o rosto e escovava os dentes. Pete se olhava no espelho e viu que estava
bem vestido e voltou para sala.
-- Dança
comigo. – convidando Fefe.
A galesa não
recusou e concedeu sua mão ao jovem guitarrista. Roger e Marie continuaram de
onde parou a conversa. Ana e Nora foram para a cozinha e encontraram os outros
dois.
-- Não repara
na bagunça, ok? – pediu John.
-- Nem
reparei. – dizia Ana, entre risos.
Moonie
continuava encantado por Nora.
-- Parece uma
boneca, sabia?
-- Obrigada,
lindinho. – agradeceu a escocesa.
Roger não perdeu
tempo e tirou Marie para uma dança, junto com Pete e Fefe. Apesar de o som
estar razoável por medo de despertar os vizinhos, o clima era bem romântico.
-- O que você
viu nele? – indagou o guitarrista.
-- Quem?
-- Aquele
cara. O rocker...
-- Ah. – Fefe
riu um pouco e voltou encarar Pete. – Não sei.
-- Você é a
garota mais bonita que já vi.
-- Diz isso
para todas. – ria Fefe, com certa modéstia.
-- É verdade.
Nunca vi algo tão belo e diferente como você. Sinto que.... – Pete pausou e em
seguida tocou a mão dela. – De alguma forma... Estou ligado a você.
-- Ou estamos
ligados. – ela disse, puxando de leve o guitarrista para perto.
Não demorou
muito e aconteceu um beijo. Os 3 integrantes, mais as 3 garotas vibraram e
voltaram a fazer companhia a eles. A noite prometia para ambos os quartetos...
No outro dia Pete
acordou e ao tatear o seu lado da cama, notou que Felicity não se encontrava
mais. Nem as roupas, botas e a bolsa dela estavam ali. Se levantou rápido e
encontrou o restante da banda tomando café.
-- Elas já
foram. – avisou John, pegando outra xícara para Pete.
-- A que
horas?
-- Acho que
umas seis da manhã. – respondeu Roger, com a boca cheia. – Eu vi a Marie se
arrumando e se desculpou pra mim por não ficar mais tempo.
-- A minha boneca
também foi. – lamentou Keith. – Foi a melhor transa que tive.
Pete se
sentou na mesa, um pouco frustrado. Isso até John entregar um papel para ele.
-- Que merda
é essa? – perguntou Pete.
-- É o
telefone do trabalho da Ana. A galesa altona trabalha com ela. – respondeu Enty,
enquanto bebia café.
Meses depois
foi lançado o segundo álbum do The Who, intitulado A Quick One , trazendo
uma música em questão chamada A Quick One While He Is Away, a primeira
ópera rock que Pete tentou escrever.
E o ano novo
entrou e tudo novo para ele. Mesmo com semanas de vendas do segundo álbum, Pete
já arquitetava o próximo. E foi no meio desta concepção que o destino conspirou
a seu favor naquela manhã no estúdio Grahamshire. Kit Lambert e Chris Stamp
fizeram as apresentações.
-- Miss
McGold, esse é Pete Townshend, o guitarrista do Who e o primeiro a ser
fotografado. Pete, essa é Miss Felicity McGold, a fotógrafa da revista Rolling
Stone.
Novamente os
olhares se encontraram e junto as lembranças de um primeiro encontro e noite no
Marquee Club no ano passado.
2019
-- Foi desse
jeito? – Paul McGold, o filho caçula de Pete e Fefe, havia lido os diários do
pai e comentou isso para os pais, que lhe contaram tudo em detalhes.
-- Achou o quê?
Que fosse como contos de fadas? – Fefe ria enquanto tirava uma travessa de
pudim do forno.
-- Bem... –
Karin, a filha guitarrista e dois anos mais velha que Paul, também era outra
que leu. – Era o ano de rivalidade dos mods e rockers.
-- Quero que
prestem atenção, filhos. – Pete parou de tocar violão. – Independente se a mãe
de vocês fosse mod, rocker, beatlemaníaca ou hippie, nada mudaria o amor que
tenho por ela.
-- E por que “Athena”?
– indagou Paul.
-- Quando a
conheci, para mim mesmo, me referia a Felicity como “Athena”.
Os pais se
beijaram. Paul sorria sem jeito enquanto Karin aplaudia junto com seus três
filhos, Wallace, Nina e Bobby.
FIM

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