11 – Tarzan Astrônomo
Quando criança Leon adorava ler as revistas do
Tarzan. E os filmes também. E sonhou com o dia em que visitaria a África. Andar,
correr e manejar os cipós, voar entre as árvores. Se comunicar com os animais.
E não é à toa que gostava de subir em árvores. Entretanto, numa noite de verão,
estava na parte alta da copa de uma macieira e olhou as estrelas. Nunca tinha
visto assim de perto. Ele desceu da árvore e pegou o velho telescópio do avô. Apontou
para o norte. Avistou a mais brilhante das estrelas. Batizou internamente de
Tarzan.
Na
fase adulta, Leon se tornou astrônomo. Enquanto tomava seu chá no escritório,
se lembrou de algo no final dos anos 60. Ele estudava na sala quando quatro mulheres
entraram. Uma delas era sua irmã, Ana. As outras três eram suas amigas. Pegou
seus livros e se retirou e deixou alguns cair no chão. Ele recolheu e ao mesmo
tempo se perdeu num belo par de pernas longas e esguias. Aquelas pernas usavam
botas pretas de salto. Olhou para o alto. Ela era uma estrela. De perto, usava um
vestido vermelho, cabelos longos e negros, lábios rosados e incríveis olhos
castanhos.
--
Tudo bem? – Ela perguntou.
Leon
não conseguia falar. Gaguejava.
--
Mim... Mim....
--“Mim”
é coisa de índio. – Ela ria.
--
Mim.... Leon...
--
Leon.... Eu, Felicity.
Leon
sorriu. Passou a noite toda pensando na mulher. Sua “Jane” real.

Nenhum comentário:
Postar um comentário