10 – A fé e o amor:
Parte 2
--
Posso ajudar? – O rabino o recebeu.
--
Quero entrar para o judaísmo... – Jon vacilou um pouco nas palavras e suspirou.
O
rabino olhou bem para ele. Jovem, com sotaque meio francês, jeito moderno.
--
Quando foi seu bar mitzvah?
--
Aos dezessete anos.
--
Venha comigo.
Caminharam
para fora da sinagoga e os habitantes cumprimentavam o rabino. Absurdamente,
ouviu uma música de longe vindo do rádio residencial. Olhou para um prédio e na
sacada, uma garota e sua irmã ouviam... Beatles.
Por
fim chegaram ao Muro das Lamentações. Jon e o rabino colocaram as mãos no muro
e conversaram.
--
Sabe o que acontece se entrar para igreja? – O religioso sorria.
--
Sei e por isso eu quero.
--
Qual foi o motivo para esta decisão?
--
Minhas decisões implicam nas minhas escolhas?
--
Não. Só quero ter certeza que não vá se arrepender mais tarde. Jon, eu vi em
seu olhar que quer fugir. Do quê?
--
A mulher que eu amo vai se casar com outro. Antes disso, eu havia pedido ela em
casamento e recusou. E nunca me disse o motivo. E agora ela reaparece com outro
e data pra se casar.
--
E vai se juntar a igreja de raiva?
--
Quero liquidar com minha liberdade. Não existe nada neste mundo que me importa.
O
rabino tirou os óculos e esfregou os dedos nas têmporas. Era comum essa
atitude.
--
A desilusão é a raiz de nossas atitudes, Jonathan. – Ele disse e continuou
falando enquanto olhava para frente. – A gente acha que tudo está perdido. E
acabamos não vendo o que há de melhor no mundo. Diga-me, esta mulher vale a
pena pra você?
--
Era o que pensava.
--
Então... – Ele recoloca os óculos. – Veja o mundo como vê. O sinal está mais
perto do que imagina. E existem pessoas fascinantes que o farão mudar de ideia.
Jon
sorriu. Um dia depois voltou para Inglaterra, disposto a seguir as palavras do
rabino.

Nenhum comentário:
Postar um comentário