Menos de 24 horas e temos mais um capítulo da mega fic da Grindhouse. Maris Campos é quem escreve! Em breve, o extra chapter de um único personagem... Boa leitura!
Capítulo 19: Ciúme e Cinema
(Davy’s POV)
Tudo parecia estar correndo bem. Eu
estava tirando boas notas nas minhas provas finais, tinha tempo para me dedicar
aos ensaios de Grease... Não, não estava tudo correndo bem. Eu tinha
um sério problema. E esse problema era o ciúme de Dianna.
Di sempre teve um pequeno ataque de
ciúmes ou outro. Absolutamente normal. Porém, eu jamais imaginei que ela fosse
ficar tão enciumada por causa da Odile.
Ela não pareceu se importar com as outras cenas, entretanto, quando
Marianne, aluna de Psicologia e Psiquiatria e diretora da peça, anunciou que
Danny e Sandy deveriam se beijar, minha namorada protestou, irritada:
- Como assim? Meu Cuddly
Toy não vai beijar nenhuma garota que não seja eu!
- Mas, amor, você deveria
saber que eu teria que fazer isso! Você mesma concordou que eu pegasse o papel!
– eu disse a ela de cima do palco.
- Cale essa boca, David! –
Dianna gritou, e eu gelei. Se ela me chama de David, significa que estou em
apuros.
- Di, vamos conversar. –
desci do palco e fui até ela.
- Não, não vamos conversar
coisa nenhuma! Você pensa que me engana, David Jones, mas eu sei muito bem que
você adora ser o centro das atenções femininas!
- De só duas atenções
femininas, Dianna Mackenzie: da sua e da minha mãe!
- Aham, sei. – ela se
virou e foi embora.
- Di! Espere!
Ela me ignorou. Tive vontade
de segui-la, contudo, Felicity disse:
- Deixe-a ir, Davy. Quando
ela se acalmar você a procura para conversar.
- Tem razão, Fefe. –
suspirei.
Marianne disse:
- Bom, agora que ela foi,
acho que podemos ensaiar o beijo! Davy, Odile, preparem-se!
- Ok... – nós dois respondemos.
Tentei agir como se fosse
beijar minha Di. Peguei Odile pela cintura, e ela colocou os braços em volta do
meu pescoço. E então trocamos o beijo técnico que fazia Di e Franz Beckenbauer
arrancarem os cabelos.
- Ótimo! – exclamou Mari.
– A parte mais importante está ok, então acho que o casal principal está
dispensado! Agora, Alice, Jane, Emma e Lulu, quero mais um ensaio daquela cena
no quarto da Frenchy, em que a Rizzo canta Look
At Me, I’m Sandra Dee!
As quatro subiram ao palco, e
eu resolvi ficar no auditório por mais um tempinho, pois tinha quase certeza de
que Mari pediria que os rapazes e eu ensaiássemos Greased Lightnin’ mais uma vez.
Enquanto as meninas ensaiavam,
mandei uma mensagem no WhatsApp para Di:
“Amor,
me desculpe, eu não quis magoar você! Este mês vamos completar três anos de
namoro... Depois de todo esse tempo, você não acredita em quanto eu te amo? Eu
jamais trocaria você! Jamais!”
Desejei com todas as minhas
forças que ela lesse e me perdoasse.
Meus amigos se aproximaram de mim e tentaram me animar:
- Relaxa, cara. – disse
Mike. – Quem entende as garotas? Depois elas dizem que nós somos complicados!
- É verdade. – disse
Micky. – Não vê a Sue e a Emma? Antes elas se odiavam por minha causa, mas hoje
são superamigas!
- Por falar na Sue... Eu preciso tomar coragem. – disse Peter.
- Precisa sim. – Mike,
Micky e eu concordamos.
* * *
(Dianna’s POV)
Eu estava triste. Toda aquela dedicação
de Davy aos ensaios de Grease estava
me matando de ciúme. Eu sei que dei permissão a ele para fazer o papel. Mas não
imaginei que ficaria tão enciumada. Davy ficava exasperado por eu não querer
que ele beijasse Odile Greyhound, de forma alguma.
Mas o que ele vira na anglo-francesa?
Desde que nos conhecemos, Davy repetia sempre que eu era a sua amada, a sua
querida, a sua princesa. E ele era meu pequenino, meu Cuddly Toy, e, sobretudo,
meu príncipe encantado. Desde o fim do segundo ano do Ensino Médio.
*
Flashback ON *
Desde o primeiro ano do
Ensino Médio, minha amigas Alice e Emma, minha prima Erin e eu tínhamos uma
banda, a SMCH, nome formado com as iniciais de nossos sobrenomes: Stone,
Mackenzie, Carlisle e Hudson. Alice era
guitarrista, Emma era baterista, Erin era baixista e eu era a vocalista.
Certa vez, já no segundo
ano, ficamos sabendo que haveria um concurso de bandas no colégio. O grupo
vencedor, além de faturar 200 dólares, ganharia o direito de tocar na festa de
encerramento do ano letivo. Estávamos
loucas para vencer, pois queríamos um pouco de visibilidade para nosso
quarteto. Porém, ao irmos à sala do
diretor para fazer nossa inscrição, tivemos uma grande surpresa:
- Perdão, senhoritas, mas
são aceitas apenas bandas mistas.
- Como assim, sr.
McMillan? – fiquei indignada.
- Srta. Mackenzie, nosso concurso sempre foi assim. É
uma tradição.
- Mas, diretor, isso é um
absurdo! – exclamou Erin.
- Regras são regras, srta.
Hudson.
Desanimadas, fomos à
casa de Emma para ensaiar.
- Isso é ridículo! –
exclamou Alice.
- E extremamente injusto.
Mas duvido de que possamos mudar a opinião do sr. McMillan. – disse Erin,
suspirando resignada.
- Meninas, nós não vamos
desistir! – disse Emma.
- E o que você sugere,
Emma? Não podemos substituir nenhuma de nós por um garoto. – eu disse.
- Não digo substituir...
Mas podemos vestir uma de nós como homem.
– disse minha amiga.
- Vestir? - Erin, Alice e eu ficamos olhando para Emma
com espanto. – Vestir quem?
- Dianna.
- Só porque sou a
vocalista?
- E porque é a que tem
mais jogo de cintura. Vai convencer melhor do que qualquer uma de nós.
- Tem razão, Emma! –
concordaram Alice e Erin.
- Não, nem pensem nisso!
Não vou me vestir de garoto, por nada neste mundo!
Apesar de todos os meus
protestos, comecei a me vestir de homem para ensaiar, prendendo meu cabelo loiro-avermelhado
e usando algumas roupas do meu irmão mais velho, Giles. Além disso, comecei a empostar minha voz,
para parecer um homem ao cantar. Não que isso adiantasse muito. Eu
decididamente era um rapaz com voz de taquara rachada.
Depois de semanas assim,
chegou a semana das audições.
- Você está perfeita como
Dylan Mackenzie, Dianna. – minhas amigas e minha prima riam.
- Se ganharmos essa
porcaria de concurso, eu juro que vou cantar como eu mesma na festa de
encerramento!
- Está bem, mas por
enquanto tem que aguentar como menino. – disseram elas.
Eu dizia ser o meu próprio
primo. Está bem, eu não tinha nenhum primo, mas o diretor não precisava saber
disso. Todo mundo nos adorou, e
empatamos com uma banda chamada The Monkees, cuja vocalista tinha uma voz um
pouco grave demais.
Alice logo se interessou
pelo guitarrista deles, Mike Nesmith. Emma desenvolveu uma queda pelo
baterista, Micky Dolenz. E Erin começou
a sair com o baixista, Peter Tork. Certo dia, Alice e Erin iriam sair com Mike
e Peter, e Emma resolveu ir junto para tentar a sorte com Micky, que iria
acompanhar seus amigos. Elas tentaram me persuadir a ir junto, mas eu me
recusava a sair com elas tendo de assumir meu disfarce masculino. Então fiquei em casa.
Porém, eu não aguentava ficar
sozinha naquela tarde de sábado. Pedi permissão aos meus pais para sair e fui
tomar um sorvete. Estava sentada numa
mesa tomando meu milk-shake de chocolate tranquilamente, quando o cara mais
lindo e fofo que eu já tinha visto na vida se sentou na cadeira à minha frente.
E o melhor de tudo: ele era idêntico ao Pavel Chekov, meu personagem favorito
de Star Trek, a série que eu mais amo
no mundo.
- Oi, gatinha. – ele me
cumprimentou.
- Bem, oi. – eu devolvi o
cumprimento, tão vermelha quanto o casaco e os tênis dele.
- Qual é o seu nome?
- Dianna Mackenzie. E o
seu?
- David Jones, mas
normalmente me chamam simplesmente de Davy.
Eu me apaixonei por ele naquele
momento. Depois de um tempo conversando, ouvi vozes conhecidas: Alice, Emma e
Erin, acompanhadas por Mike, Micky e Peter.
Naquele momento, Davy me disse:
- Desculpe, Dianna, mas
preciso ir.
- O que houve, Davy?
- Minha mãe acabou de me
mandar uma mensagem de celular dizendo para voltar para casa. Adeus, gatinha.
Até qualquer dia. – ele beijou minha mão e foi embora correndo.
- Espere, você esqueceu...
O sapato. – peguei aquele All Star
vermelho e guardei na minha bolsa, que era grande. Quem sabe um dia eu o veria
novamente e teria chance de devolver o tênis. Era como a história da Cinderela,
com os papéis invertidos.
Dois dias depois, haveria a
grande final. Nos bastidores, enquanto eu andava em direção à salinha onde
Dianna se transformaria em Dylan, encontrei a vocalista dos Monkees. Ela usava
apenas um pé de All Star vermelho, e me cumprimentou:
- Ei, Dianna! Lembra-se de
mim?
- Ah, sim, você é a
vocalista dos Monkees... Mas como sabe meu nome?
- A vocalista não. O
vocalista. – disse, puxando o cabelo, que na verdade era uma peruca.
- Davy! – eu sorri. – Mas
por que você está com essa roupa de mulher?
- O diretor impediu meus
amigos e eu de nos inscrevermos para o concurso pelo fato de a banda ser
composta apenas por garotos. Então Mike,
Micky e Peter decidiram me vestir de garota. Naquele dia em que nos
encontramos, saí correndo porque eles apareceram na sorveteria, e não podiam
saber que eu havia saído de casa, já que eu havia dito que me recusava a sair
com eles por ter que usar a roupa de menina.
- Bem... – eu peguei meus
cabelos e grampos, e fiz um coque que ficava extremamente parecido com cabelos
masculinos.
- O vocalista da SMCH. Ou
melhor, a vocalista. A mais linda que eu já vi.
Abaixei a cabeça, com
vergonha, e comecei a mexer no celular. Davy aproximou-se, e me beijou. Deixei
cair meu celular. Normalmente eu levaria um susto e o pegaria antes que caísse
no chão. Porém, eu estava recebendo meu primeiro beijo, e justamente do cara
por quem havia me apaixonado depois de míseros quinze minutos de conversa. Soltamo-nos quando começamos a sentir falta
de ar.
- Ah, bem, esse celular é
seu. – disse ele, me entregando o celular como se fosse o príncipe da Cinderela
colocando o sapatinho de cristal no pé dela.
- E eu tenho uma coisa que
é sua. – eu disse, abrindo minha bolsa e tirando de lá o tênis de Davy.
- Mamãe quase me matou
quando eu cheguei a minha casa com apenas um pé de tênis. – ele riu, calçando o
tênis perdido.
- Bem, não podemos
continuar com essa mentira. Precisamos dizer a verdade ao sr. McMillan.
- Eu concordo. Mas acabei
de ter uma grande ideia.
Fomos até o diretor e revelamos
tudo. Ele nos deu uma bronca muito grande, mas não pôde desclassificar nem a
SMCH nem os Monkees. Davy e eu transformamos as duas bandas em uma, com dois
vocalistas, dois guitarristas, dois bateristas e dois baixistas. E foi com essa
formação que tocamos na festa de encerramento daquele ano letivo.
* Flashback OFF *
Desde então, Davy e eu éramos
namorados, e Mike e Alice também. O
namoro de Peter e Erin não sobreviveu à aprovação dele para a Universidade de
Londres (para onde todos os oito se inscreveram e foram aprovados) e à necessidade
da minha prima de ir para a UCLA, nos Estados Unidos, pois era lá que minha tia
morava. E só agora, já na universidade, Micky e Emma ficaram juntos.
Eu estava com tanto medo!
Seria possível que meu querido Davy me traísse? Fui conversar com Emma, que é e
sempre será minha melhor amiga.
- Dianna, você é tão
inteligente! Como pode imaginar uma besteira dessas? Imagine só, Davy te trocar
pela Odile, ou por qualquer uma! Impossível! – Emma exclamou.
- Oh, Emma, ele fica tão
irritado quando fico com ciúmes!
- Dianna, seu namorado
atua desde pequeno! Ou melhor, desde mais novo, pequeno ele é até hoje.
Não pude deixar de rir
disso. Quando parei, Emma continuou:
- Ademais, ele fica irritado
com seus ciúmes porque ele ama você e você não confia nele! E, se você ainda
estiver com suspeitas, me ouça: eu estou na peça também. Fico observando as
cenas em que eles atuam juntos. E
garanto: não há nada ali além de dois bons atores.
- Tem razão.
Quando eu deixaria de ser
tão insegura? Sentindo-me culpada,
peguei meu celular para enviar uma mensagem para Davy.
“Eu tenho muita sorte por
ter você, Davy! Você é o cara mais lindo, fofo, meigo e carinhoso que eu já
conheci. Amo muito você, Cuddly Toy!”.
Assim que a enviei,
vi que Emma digitava apressadamente em seu celular. Deveria estar falando com
Micky. Mas por que a pressa? Eu ia fazer essa pergunta a ela, quando ela disse:
- Di, venha comigo! – e
minha amiga me pegou pela mão, quase me arrastando com ela.
- Para onde, sua louca?
- Não faça perguntas! –
respondeu Emma.
Tive que correr para
acompanhar Emma. Eu sou baixinha, e minha amiga, muito alta. Ao longo do caminho, ela não desgrudou os
olhos do celular, e quase deu de cara com uns cinco postes. Até que chegamos.
- O auditório? –
perguntei.
- Sim. – Emma respondeu. –
Entre, e fique bem quieta. Nem um pio.
Sentamos em cadeiras da
última fileira do auditório. Lá no
palco, estava Davy, usando o figurino de Danny (que ficava muito bom nele,
muito mesmo), parecendo esperar o comando de Marianne, a diretora da peça.
Marianne viu Emma e eu lá
no fundo do auditório, e olhou para Davy, dizendo:
- Davy, vamos lá, mais uma
vez! Mas daquele jeito que você vem ensaiando!
Ele finalmente olhou
para as últimas fileiras do auditório. E me viu. Ele sorriu. E eu o ignorei.
Ainda estava brava com ele. Então, ele tomou fôlego e começou a cantar, sem
tirar os olhos de mim:
Stranded at the drive-in
Branded a fool
What will they say,
Monday at school?
Dianna, can't you see, I'm
in misery
We made a start, now we're
apart,
There's nothing left for me
Love has flown, all alone
I sit and wonder whyyy, oh
why
You left me, oh Dianna
Oh Dianna, maybe some day
When high school is done
Somehow, some way, our two
worlds will be one.
In heaven forever and ever
we will be.
Oh please, say you'll stay,
oh Dianna
Dianna, my darling
You hurt me real bad
You know it's true
But, baby, you gotta
believe me when I say:
I'm helpless without you!
Love has flown
All alone
I sit, I wonder whyyy, oh
why ,you left me, oh Dianna
Oh Dianna, Dianna
Whyyyy
Oh Dianna
Ele veio subindo a plateia enquanto cantava, e
segurava minhas mãos ao cantar o último verso. Eu olhava para ele, sem acreditar. Ele havia
acabado de cantar Sandy, de Grease, trocando “Sandy” pelo meu nome.
- Oh, Davy... – eu sorri
para ele. Se ele queria amolecer meu coração, conseguiu.
- Di, eu não fiz por
mal... Perdoe-me, mesmo assim. – pediu ele, seus olhos fixos nos meus.
- Está bem. Está perdoado,
Davy. – eu disse. Ele beijou minhas
mãos. Sua barba por fazer me fez cócegas. Ele é lindo de qualquer jeito, mas
com barba fica especialmente sexy. - Vai
beijar só minhas mãos? – eu provoquei.
- Não. – disse ele, me
pegando nos braços num estilo “noivo e noiva”. E ele me beijou. – Você é minha
Sandy. – ele sussurrou no meu ouvido.
- Meu Danny. – eu
sussurrei no ouvido dele também, e o beijei novamente.
Mais tarde, em meu alojamento,
entrei no 8tracks e comecei a fuçar nas playlists com a tag “Star Trek”. Achei uma dedicada ao casal Spock e Uhura, um
dos meus favoritos, apesar de só dar certo nos filmes do remake. Eu me apaixonei pela primeira música da playlist,
Cosmic Love, do Florence & The
Machine. Enquanto a ouvia, percebi que aquela música tinha muito a ver com Davy
e eu, começando pelo título. Também identifiquei nosso relacionamento com a
letra. Peguei meu celular e abri o WhatsApp na conversa com Davy.
“Cuddly Toy, achei nossa
música!”
“Qual?”
“Cosmic Love, do Florence
& The Machine.”
“Vou ouvir, Srta. Spock.”
Dali a alguns minutos…
“Mesmo que as estrelas e a
Lua tenham explodido, sempre estarei com você, Dianna, na escuridão ou na luz!
Pois este amor cósmico é infinito como o Universo!”
Eu chorei ao ler
isso, e não encontrei mais nada para dizer além de:
“Eu também sempre estarei
com você, Davy. Eu te amo!”
“Eu também te amo, Di!”
* * *
(Fanny’s POV)
Bob e eu estávamos no alojamento
que eu dividia com minha irmã e minha prima, fazendo uma maratona de Caverna do Dragão. Quando o episódio acabou, e eu ia dar
play no próximo, ele perguntou:
- Fanny, você quer ir
comigo ao cinema na sexta-feira para ver O
Hobbit 3?
- Bob, isso não estava
combinado desde que saímos do cinema no dia da estreia de Guardiões da Galáxia?
- Só estou confirmando.
- É claro que eu quero!
Você é meu companheiro de nerdices!
Bom, pelo menos até aquele
momento. Eu tinha que admitir a mim mesma que queria ter Bob como mais do que
meu melhor amigo e companheiro de nerdices. Todo mundo dizia que ele também me
via como mais do que uma amiga. Mas isso era mesmo verdade?
Na sexta-feira, vesti minha camiseta
com estampa do pôster do primeiro filme de
O Hobbit, uma calça jeans e All Star. Não me maquiei, apenas passei
perfume. E penteei meu cabelo da forma costumeira. A maioria das garotas se arrumaria mais para
sair com o rapaz de quem gostava. Porém,
o rapaz de quem eu gostava era o meu melhor amigo. Por que eu me arrumaria mais
para ele?
Estava esperando no sofá da sala
quando ouvi a campainha tocar. Corri até a porta e atendi.
- Oi, Bob. – então vi que
ele também usava sua camiseta com a estampa do pôster do primeiro filme de O Hobbit. – Nós combinamos alguma coisa
sobre vestimenta?
- Não. Mas admita que esta
camiseta é perfeita para a ocasião.
- Óbvio. Escuta, você acha que será um bom filme? Ouvi
dizer que tem 45 minutos só de batalha! Vai precisar superar tudo o que já foi
feito em termos de batalha na indústria cinematográfica!
- O Peter Jackson já fez
tantas besteiras nos dois primeiros filmes que ele precisa se redimir. – disse
Bob. – É questão de honra fazer um filme que preste. Eu não entendo! Três
filmes de um livro de pouco menos de 300 páginas! Azog, que foi citado apenas
brevemente no livro e já estava morto fazia tempo, ressuscita! Legolas nem é
citado e aparece! Aquela elfa nem existe! E orcs andando em plena luz do dia!
Faça-me um favor! Foi esse cara quem dirigiu os três filmes de Senhor dos Anéis????
- Bob, eu fico tão
indignada quanto você. Mas vamos ver.
- Fanny, eu estou enchendo
seu saco porque sei que você vai reclamar muito se o Episódio VII de Star Wars não corresponder às
expectativas.
- Eu vou mesmo! Vou xingar
o J. J. Abrams a plenos pulmões para quem quiser ouvir!
- Fico imaginando a Dianna
xingando o Abrams enquanto vê os filmes do remake de Star Trek. – Bob deu uma risadinha.
- Ela quase deixa o Davy
doido com isso! – eu ri também.
Lá fomos Bob e eu ao
cinema. Ao chegar, encontramos duas filas de proporções épicas para comprar os
ingressos e a pipoca.
- Vamos nos dividir. – eu
sugeri. – Você compra os ingressos e eu compro os refrigerantes e as pipocas.
- Acho melhor mesmo
fazermos isso. Dê-me o dinheiro do seu ingresso.
Dei meu dinheiro para o
ingresso a ele, e ele me deu seu dinheiro para a pipoca e o refrigerante. Assim, conseguimos nos livrar mais rápido das
terríveis filas quilométricas.
Entramos na sala e
escolhemos um bom lugar. Até que o filme
não era ruim... Num certo momento, fui pegar pipoca, e senti a mão de Bob tocar
a minha.
- Hã, Bob... – sussurrei.
– Esse é meu balde de pipoca, não o seu.
- Opa. – mesmo no escuro
era possível perceber a vermelhidão do rosto dele. – Desculpe.
- Tudo bem. – eu confesso que fiquei bem feliz com aquele
gesto inconsciente.
Passou algum tempo,
e eu fiquei um pouco irritada com algumas cenas. Bob também.
- Estou me arrependendo de
ter vindo assistir a esse filme. – ele
sussurrou.
- Olha... Eu também. – respondi com um fiapo de voz.
- Que merda, Peter
Jackson. Acho que vou me ocupar com outra coisa, bem mais interessante que
essas pirações dele. – Bob resmungou.
- Com o quê você pode se
ocupar numa sala de cinema além do filme? – eu quis saber. – Dormir?
- Não. Diga-me, Fanny, por
que em toda sessão de cinema sempre há um casal?
Fiquei mais vermelha
do que Bob havia ficado quando sua mão roçou na minha.
- Hã... Por que eles tiram
proveito do escuro para se beijar?
- Exatamente. – disse Bob,
passando o braço por minha cintura e me beijando.
Sabe aquela expressão
“borboletas voando no estômago”? Pois é, no meu caso elas não estavam voando.
Estavam dando cambalhotas loucamente.
- Bob...
- Fanny, eu não posso mais
esconder. Mas entendo perfeitamente se você não sentir o mesmo.
- Acontece que eu sinto,
Bob.
Os olhos dele brilharam
mais que todo o tesouro dos anões.
- Sério?
- Sério. – eu sorri para ele.
- Acharia ridículo caso eu
decidisse usar o Um Anel como nossa aliança de namoro?
- Claro que não! Eu
acharia demais! - na última Comic Con,
Bob e eu havíamos comprado réplicas do Um Anel, e as usávamos no pescoço, como
Frodo fazia com o verdadeiro Um Anel.
- Então... Fanny, quer ser
minha namorada?
- É claro que eu quero. –
eu sorri e dei um selinho nele.
Obviamente, se Kathy e
Jenna soubessem, elas fariam questão de importunar meus ex-namorados, dizendo
que estavam certas o tempo todo sobre o fato de Bob e eu termos uma ligação
mais forte do que mera amizade.
Talvez eu já gostasse dele
quando estava com Paul ou com Ray? Não era impossível. No entanto, a verdade é
que eu havia me dado conta disso havia pouquíssimo tempo.
Bob e eu terminamos de
assistir ao filme abraçados. Num balanço geral, era um bom filme, mas uma
adaptação que deixava a desejar. Na saída do cinema, caminhamos de mãos dadas,
e foi assim que chegamos ao meu alojamento.
Elinor e Emily ficaram muito surpresas quando nos viram assim. Nunca vou me esquecer da cara de espanto das
duas.
- Fanny... E Dylan? –
minha irmã bem que tentou dizer algo, mas obviamente não conseguiu.
- Vocês... Estão...? –
Emily também não teve sucesso.
- Juntos? – Bob completou.
– Sim, nós estamos.
- Eu estava esperando por
isso. – alisei os cabelos dele, feliz como nunca.

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