Uma boa noite e aqui deixo com vésperas do dia dos namorados mais uma oneshot romântica e dentro da subsérie O Casamento. Se chama Burning Love e tem George Best e Rosie Donovan (antes shipados em The Night Before). Boa leitura e em breve teremos mais novas what ifs da subsérie. A fic é dividida em duas partes!
Burning Love __Maya
Amamiya
O dia nasceu ensolarado em Oxford. Nem parecia ter chovido
durante a semana toda. George acordou e viu o sol ali na janela do quarto dela.
Abriu um pouco as cortinas para ver melhor a rua calma da cidade universitária.
Olhou mais uma vez para ela, dormindo
tranquilamente. Apesar do momento, sentiu prazer. Mais que o habitual. Contudo,
precisava retornar a Londres o quanto antes.
Vestiu rápido suas roupas e beijou a testa de sua amada. Saiu do quarto
em silencio e em seguida foi embora do apartamento deles. Talvez essa seria a
última vez...
Dias depois...
-- Cretino! – Reclamava
Rosie enquanto cozinhava. – Como ele pode fazer isso comigo? CRETINO!
-- Calma! Não é o fim do
mundo. Ele só foi embora. Talvez ele volte. – Dizia Mari, otimista na volta de
George Best.
Desde que elas e seus
colegas assistiram o jogo do Manchester United contra o time alemão Bayern de
Munique pela Copa dos Campeões, Rosie adquiriu um certo contato com jogador
norte-irlandês , gerando pela primeira vez algo avassalador na ruiva, que
namora o guitarrista Eric Clapton. E depois ele a procurou em Oxford e não
resistindo aquela paixão, se entregou livre e espontânea vontade.
-- Ele não vai voltar! Ele
é um cretino. Eu deveria ter mais cuidado. Clapton não merece minha traição...
Não conseguia comer,
tamanha era sua angustia. Antes de Best entrar na sua vida daquela maneira,
Rosie e Clapton andavam infelizes. E tudo isso aconteceu quando a ruiva
percebeu o interesse do guitarrista na modelo Pattie Boyd. Tentou de diversas
formas salvar seu namoro, chegando acompanhá-lo nas turnês do grupo Cream e
levando Marianne junto. Algo que não deu bons resultados.
Algumas semanas depois a
banda retorna para novas apresentações em Oxford. Tocaram novamente na Universidade
de Oxford e após o show, Rosie e Eric conversaram amigavelmente.
-- Eu sinto muito. – Dizia
a ruiva, chorando um pouco.
Eric olhava pro chão e
pelo semblante, também estava frustrado. Ele amava intensamente sua ruiva.
Lutou contra John Lennon e Charlotte Martin unicamente por ela. Contudo, não
podia negar a atração imediata por Pattie. E mesmo amando-a, sofreria mais pela
modelo.
-- O único culpado sou eu.
Te deixei muito tempo sozinha. Sei que tentou nos salvar... Mas era tarde.
Deveria ter te amado mais. Bem mais do que merece.
Aquela conversa foi
enriquecedora para a ruiva. Conseguiu aliviar o peso em sua alma e também
Clapton admitia não ter sido um bom namorado. De volta para casa, Rosie custou a entender as
informações do fim do namoro e quando finalmente compreendeu as coisas, deitou
mais lágrimas no quarto. Chorava em dobro. Primeiro por terminar com Clapton e
segundo se descobrir amando George Best. O problema era que desde o dia da
visita dele no apartamento, não se soube mais noticias dele e nem sequer entrou
em contato ou mandou alguma carta.
Alguns meses se passaram e
Rosie decidiu viajar aos Estados Unidos com seu novo amante, Graham Nash, agora
ex-guitarrista do grupo Hollies. Durante a estadia conheceu David Crosby e
Stephen Stills, amigos de Nash e também reencontrou Suzan Hardison, sua amiga
de infância e agora casada com Micky Dolenz, músico que faz parte da banda The
Monkees.
-- Sinceramente, o que viu
no Micky? – Perguntava à ruiva, enquanto davam um passeio pelo parque.
-- Pra falar a verdade,
nem eu sei. Quer dizer, eu era apenas uma universitária fazendo intercambio na
America e fui visitar o estúdio com uma colega e lá vi os Monkees. Micky tem um senso de humor parecido com meu.
Deve ser por isso. – Respondeu Suzan, sorrindo ao se lembrar de quando conheceu
seu marido.
Desde que se conhecem,
Rosie sabia como sua amiga era e se comportava. Sobre a escolha por Micky
Dolenz, não quis questionar. Cuidou dela nos últimos dias de gravidez e quando
nasceu à filha, Sue aproveitou pra convidar ela e Nash a serem os padrinhos por
parte dela, já que Micky trouxe o restante dos Monkees para o batismo.
No aeroporto, Rosie e Nash
se despedem com um simples beijo.
-- Quando puder, venha me
visitar. Adorei sua companhia, ruiva.
-- Eu também adorei a sua.
Agora preciso retornar a Inglaterra. – Disse Rosie abraçando Nash e em seguida
pegando a mala e se afastando um pouco. – Adeus, Graham Nash!
-- Adeus, Rosie Donovan.
Enquanto vislumbrava as
nuvens no vôo, Rosie chorou um pouco. Apesar da viagem aos Estados Unidos ter
sido muito boa e mais ainda por rever sua amiga de infância, sofria em seu
coração. Talvez seja melhor viver
sozinha, pensou a ruiva e em seguida dormindo.
No estádio, George Best
fazia mais uma jogada excelente contra seu rival, Arsenal, pela Copa dos
Campeões. No fundo, ele não estava muito
disposto a jogar. Desde que viajou a Oxford e conheceu a bela ruiva Rosie, ele
não a tirava de sua mente. Todos os dias ele pensava nela, sonhava com ela toda
noite e não muito raro falava seu nome enquanto dormia. E isso despertou ciúmes
em Angie, sua namorada.
-- Quem é ela? –
Questionou Angie, enquanto arrumava a cama e George olhava para a janela.
-- Ela?
-- Quem é Rosie?
Arregalou os olhos.
Amaldiçoou-se por alguns segundos e depois respondeu calmamente a pergunta.
-- Não faço idéia.
-- NÃO MINTA PRA MIM,
GEORGE BEST! Há noites que percebi que anda sonhando com essa Rosie e fala
dormindo o nome dela. Quem é?
-- Já falei que não sei de
nada. Agora vou dormir.
Aparentemente a discussão
deles terminou por ali. Contudo, Angie ainda desconfiava de tudo e jura que vai
descobrir quem é a garota que domina até nos sonhos de George Best.
De volta a Oxford, Rosie
se prepara para se mudar a Londres, onde continuaria trabalhar para o
empresário Sam Benson, que transferiu seu escritório na capital. Pouco tempo
depois veio a formatura e despedidas. Eis uma revelação no dia da partida de
Rosie.
-- Preciso te dizer uma
coisa. – Mari carregava as malas e ia em direção a amiga. – Antes de falar, eu
posso ir com você a Londres?
-- Claro. Voltaremos a
dividir o apartamento juntas. Mas o que aconteceu?
-- Estou grávida... e... –
Não conseguiu terminar o restante da frase. Tomada pela tristeza e pena, Rosie
abraçou Mari e se perguntou como tudo aconteceu.
-- E cadê o Ginger?
-- Não sei.
-- Como assim não sabe? –
Perguntou Rosie, irritada. – Ele é o pai do seu filho não é?
-- Sim. É ele. Eu falei
disso pros meus pais... Foi horrível. Não só fui expulsa de casa como também
fui abandonada. Não sei o que fiz, eu juro.
Naquele momento a ruiva
sentiu raiva elevada. Já bastava George Best, agora Ginger Baker larga Marianne
num momento crucial de sua vida. Sem apoio familiar e afetivo.
-- Quem precisa daquele
ruivo? Vou te ajudar a criar essa criança. Serei uma “tia” pra ele.
-- Gostaria que fosse ela.
– Dizia Mari, sorrindo e tocando o ventre. – E já sei o nome. Sofia.
-- Gostei do nome. – Disse
e se abaixando para ficar perto do ventre da amiga. – Viu, Sofia? Vamos cuidar
de você! Seremos sua família!
Um ano depois...
Uma família se formava
ali. Formada por duas garotas e um bebê. Marianne estava feliz, aprendia a
cuidar de sua filha e às vezes recebia a visita da mãe, auxiliando nos cuidados
do bebê, enquanto Mari se virava para trabalhar junto com Rosie.
Sua amiga ruiva também
trabalhava intensamente. Os motivos eram incontestáveis. Pela Sofia e pelo
esquecimento de George Best. Inclusive,
fechara um ano que ele não deu mesmo noticias. Até aquele dia...
Mari resolveu ficar em
casa cuidando da filha e Rosie saiu sozinha para o pub. Na realidade queria se
encontrar com suas amigas londrinas da revista Rolling Stone. Pela demora, resolveu pedir um Martini,
começando sua noite com um pouco de animação. Bem, essa animação foi quebrada
quando o avistou.
-- Eu não acredito! –
Reclamou Rosie. – Depois de um ano, esse cafajeste retorna?!
Não pensou duas vezes e
foi embora. Mas antes George viu sua amada ruiva e se desviando das jovens que
tentavam lhe agarrar, alcançou a ruiva.
-- Oi meu amor! – Disse
ele, sorrindo. Rosie não queria saber de mais nada. Apenas jogou o restante de
Martini na cara do jogador.
-- Meu amor uma ova! Some
da minha frente, canalha! – Disse Rosie de forma grossa e depois saindo rápido
do pub.
George tentava se
recuperar e limpava o rosto com a toalha no banheiro. Aquilo não poderia
terminar assim. Ele tinha de recuperar sua amada ruiva.
No dia seguinte procurou
por todas as partes de Londres por vários dias. Quando pensava em desistir,
surgiu uma oportunidade de forma indireta.
A revista Rolling Stone
queria entrevista-lo e então visitou o edifício onde se encontravam as garotas
que lá trabalham. Felicity tirava as fotos de Best, enquanto Nora o
entrevistava e naquele momento elas recebem a visita inesperada de Rosie.
George a viu por breves
momentos e teve se seguir com as perguntas da jornalista. Marie foi a primeira
a perceber isso e sabe que Best é um dos melhores amigos de sua irmã, a atriz
Odile.
-- Muito obrigada pela
atenção, Mr. Best.
Antes de George ir embora,
resolveu investigar sua ruiva, através da irmã de sua amiga French Girl,
apelido que deu a Odile.
-- Ah, só uma pergunta,
Marie. Vocês conhecem aquela garota ruiva que estava conversando com a
fotógrafa?
-- Sim. O nome é Rosie Donovan.
Ela trabalha naquele escritório. – Apontando para outro prédio, poucos
quarteirões da imprensa. – Você a conhece?
-- Sim... podemos dizer
que sou um... amigo dela. E tem o endereço de onde mora?
-- Claro. Espere um pouco.
Em seguida a francesa pegou
o bloco de anotações e escreveu rápido o endereço de Rosie e alcançando nas
mãos do jogador.
-- Muito obrigado, Miss
Marie!
-- Não por isso!
Sentiu as esperanças
retornar. Só faltava uma coisa. Não podia simplesmente reaparecer na vida dela
sem ao menos levar presentes. Então se limitou num buquê de rosas vermelhas e
uma caixa de bombons. A noite seguiu até o endereço onde a amada mora. Pegou o
elevador e chegou ao quarto andar. Ficou parado na porta 45, onde ela se
encontra. Lá vou eu, pensou George um
pouco nervoso. Tocou a campainha. Não deu poucos segundos e a porta se abre,
revelando Rosie segurando um bebê de cabelinho vermelho e lindos olhos
azuis.
-- O-oi. – George estava
surpreso. Principalmente por ver mais
uma vez sua ruiva, contudo as circunstancias eram outras. – Ela... é nossa?
Rosie arregalou os olhos com
a pergunta e riu disso, animando a bebezinha.
-- Não. Eu tomei remédio
embora você não usasse proteção quando fizemos amor pela primeira vez. –
Respondeu, agora séria.
-- Ainda bem... Se bem
que... Poderíamos ter um bebê...
-- Se for com você, não
quero! Agora saia daqui!
-- Não sem antes te ver. E
veja, quero lhe pedir desculpas pelo meu sumiço. – Disse George mostrando os
presentes e deixando na mesa.
-- Obrigada, mas não quero
te ver mais.
Neste momento Marianne sai
do quarto com algumas roupas de bebê e levando-as para sala.
-- Amiga, qual desta
roupas fica boa na Sofia? Minha nossa.... – Mari fica surpresa ao ver George
Best na sala. – George Best, que bom que veio. Já conheceu minha filha?
-- Espere! Ela é sua
filha? Não é mesmo dela aqui? – Apontando para Rosie.
-- Ela é minha filha.
Pensei que a Rosie tivesse contado. – Comentou Mari, agora segurando sua filha.
-- Não quis contar. Bem,
agora que já sabe sobre algumas coisas, pode ir embora!
-- Por favor, só quero
conversar com você, acertar as coisas... —George implorava para a ruiva uma
chance. E ela continuava irredutível.
Irritando-se com as
insistências do jogador, Rosie corre até a cozinha e traz uma vassoura,
ameaçando.
-- Se não sair por bem,
sairá por mal e a vassouradas!
-- Está bem. – Disse Best,
enquanto caminhava até a porta. – Ainda
vou vê-la mais uma vez para uma conversa amigável e... parabéns pela bebê.
Rosie fecha a porta na
cara do jogador e Marianne troca a frauda da filha.
-- Ele veio com a melhor
das intenções e você o expulsa assim?
-- Não quero saber dele!
À noite Rosie ficou
pensando em George Best. Talvez
Marianne tenha razão. Não deveria tratá-lo daquela maneira, contudo, o tempo de
ausência que ele causou foi grande e deixou resquícios de raiva. Mas ao
reencontrá-lo, sentiu aquela atração destruidora. Se fosse seguir seu lado
emocional, com certeza iria puxá-lo para perto dela e beijar aquela boca que
ela experimentou naquele ano de 1967.
Dias depois da visita,
George não conseguia mais pensar na amada ruiva. Compreendia a raiva dela pelo
fato de sumir por tanto tempo sem ao menos deixar uma carta explicando sobre a
ausência. Queria uma forma de poder recuperar o coração daquela mulher e a
única pessoa que poderia muito bem aconselhá-lo era sua amiga anglo-francesa
Odile Greyhound, conhecidamente por ele como French Girl. Porém aquele dia não era perfeito para fazer
uma visita a ela. Decidiu se arrumar e aproveitar a noite, mesmo sozinho ou
acompanhado.
Na discoteca perto da
pista de Crystal Palace, um nobre chamado Lord Hesketh convidou muitos amigos e
celebridades. E George Best estava na lista desses convidados.
Encontrou seu amigo, o
também jogador Bobby Moore, do West Ham. Conversaram animadamente na festa.
-- Por onde andou este
tempo todo? – Perguntou Bobby, enquanto bebericava o uísque.
-- Procurando uma ruiva. –
Dizia Best enquanto se servia de cerveja. – Consegui encontrá-la, mas não me
quer.
-- Isso que dá abandonar
suas amadas fãs. Rouba o coração delas e agora desperdiça. Você é um canalha!
-- Poxa, Moore! Ela não é
uma fã. É uma garota que conheci no ano passado. Foi uma noite só e acabei
gostando dela.
-- E o que mais aconteceu?
-- Bom...—Antes de continuar
a falar, sua cabeça começou a rodar e a visão adquirir um tom quase branco,
nublado e mais alguns segundos tons coloridos. Viu as pessoas ao seu redor e
fixou o olhar numa bela mulher que dançava com um dos convidados. – Meu deus, é
ela!
Bobby olhou para a moça e
novamente dirigiu para Best.
-- Está tudo bem, George?
-- Eu vou falar com ela
mais uma vez! – Respondeu e se preparando para se encontrar com a garota.
-- George, você sabe quem
é ela?
-- Sim. Minha ruiva está
ali! Até mais, Bobby!
Não houve jeito de impedir
o colega de abordar a garota. E para piorar, Bobby percebeu que a “garota
ruiva” na qual Best seguiu, não é ruiva. E justamente Louise McGold, a melhor
amiga de Odile Greyhound, que por sinal é amiga de Best. A única coisa que
podia fazer era esperar. Talvez o amigo se arrependa da atitude e retorna ao
ponto inicial.
Do outro lado da festa,
duas mulheres conversavam entre si e bebiam um pouco de Martini. Eram Rosie
Donovan e Marianne Jones. As duas não tinham planos épicos naquela noite, a não
ser continuar cuidando de Sofia. A mãe de Marianne, Helen, apareceu no
apartamento das meninas e se ofereceu para cuidar da menininha enquanto as
jovens curtiam a noite naquela festa no Crystal Palace. Rosie fora convidada
por Lord Hesketh que é conhecido de Sam Benson.
Depois disso as duas foram
pra pista dançar um pouco e durante os movimentos Rosie avistou mais uma vez
seu amado jogador. Desta vez acompanhado de outra mulher, o que estragou sua
alegria.
-- Está tudo bem, Rosie? –
Perguntava à amiga.
-- Veja aquilo, Marianne!
– Apontando para George, saindo da festa, segurando na mão a desconhecida loira
e beijando-a. – Agora entende o motivo de ter rejeitado ele? Porquê ele é um
patife de marca maior, mais que o Clapton!
-- Mas não tanto quanto
Ginger. – Respondeu Mari, um pouco triste ao se lembrar do pai da sua filha. –
Quer saber, vamos pegar mais uma rodada e depois um táxi pra nos levar?
A ruiva concordou e quando
Mari se virou, acabou criando um pequeno acidente: colidiu com um rapaz loiro e
alto e porte atlético perfeito, fazendo o copo de uísque derramar um pouco na
camisa dele.
-- Ai me desculpa. Foi um
acidente.
-- Não tem problema, essas
coisas acontecem. – Dizia o rapaz.
Marianne olhou para ele e
se impressionou internamente. Parecia um príncipe ou um nobre como Hesketh.
-- Oh, me desculpe mais
uma vez. – Mari estava praticamente desconcertada perto dele.
-- Foi um acidente,
Srta...
-- Jones. Marianne Jones e
esta é minha amiga Rosie Donovan!
-- Sou Robert Moore. Mas o
pessoal me chama de Bobby.
-- Espere! Eu conheço
você. Campeão mundial da Copa de 1966. Puxa...—Falava Rosie, impressionada.
Naquele curto espaço as
meninas se afeiçoaram a Bobby, que por sua vez simpatizara muito com as duas,
principalmente com Marianne.
-- Sr. Moore nos desculpe,
mas precisamos ir para casa. – Disse Rosie, um pouco cansada.
-- Eu entendo meninas. Foi
um prazer conhecê-las Srta. Donovan e Srta. Jones.
-- O prazer foi nosso,
príncipe Moore, digo, Sr. Moore. – Respondeu Mari, constrangida em chamar Bobby de
príncipe.
Na saída as garotas
pegaram um táxi que as levou para casa. Entrando no apartamento, encontraram a
Sra. Jones dormindo na sala e segurando Sofia. Marianne pegou sua filha dos
braços da mãe e a colocou no berço com cuidado. Quanto a Rosie, o cansaço da
festa era tão grande que só retirou as botas pretas e deitou na cama com o
vestido.
No dia seguinte, George
acordou com imensa dor de cabeça e batidas insistente na porta.
-- Quem é numa hora
dessas? – Perguntou o jogador, se levantando e tentando pegar sua cueca e
calça.
Vestiu-se e abriu a porta.
Bobby Moore e Odile Greyhound entraram no apartamento dele, muito furiosos.
-- George, seu desgraçado,
onde ela está? – Questionou Odile, querendo bater no amigo.
-- Ei, calma aí, French
Girl, quem você está falando?
-- Lembra da “ruiva” que
você abordou? – Perguntou Bobby.
-- Sim. Ela está no
quarto.
-- Ótimo. – Nem bem
terminou de falar com ele e Odile entram no quarto dele e ouviram-se uns
gritos.
-- O que está acontecendo,
Moore? Por que a French Girl está assim?
-- Vamos por partes.
Primeiro aquela garota é Louise McGold, a melhor amiga dela. E segundo ela não
é ruiva!
Best custou um pouco a
entender aquelas informações mas quando Louise apareceu vestida e com cabelo
bagunçado, compreendeu a situação e seu erro.
-- Oh meu deus! Por favor,
meninas me perdoem. Você, loirinha, me perdoa, eu confundi você com outra
garota!
Não deu outra coisa.
Louise desferiu um tapa em George e ela e sua amiga saíram dali, reclamando
demais para os vizinhos ouvirem e uns mais curiosos abrirem a porta e ver o que
se passava.
-- Um conselho: mais
cuidado com a bebida, Best! – E depois Moore foi embora, deixando seu colega
espantado e ainda passando a mão na bochecha onde recebeu a agressão.
Não havia o que se pensar
muito. Mais um mês se passou e veio a nova temporada de jogos da Copa dos
Campeões. George focou bastante em seu treinamento e terminou com Angie. Porém
continuava a sair com outras mulheres na esperança de esquecer Rosie, o que se
mostrou impossível. Todos os dias ele pensava nela e lhe doía o coração por
desapontá-la daquela maneira. Outra vez
pensou em recorrer sua amiga atriz e decidiu visitá-la numa noite. Ao aparecer
no apartamento dela, viu que a porta se encontrava aberta. Entrou com cuidado e
ao chegar lá, deparou-se com uma cena. Odile e Niki Lauda, piloto de Fórmula 1,
fazendo amor na sala e apenas com edredon cobrindo seus corpos.
-- Me desculpe por isso,
French Girl. Não devia aparecer assim sem avisar. – Dizia George, com a mão
tapando os olhos.
-- Ai, George! Como
conseguiu entrar aqui? – Odile tentava se recompor no edredom juntamente com
Niki.
-- A porta estava aberta e
não sabia que era chegada nestas coisas...
-- Desculpe-me,
Belle. – Dizia Niki, vestindo a camisa. –
Acho que larguei a porta aberta quando entrei...
-- Isso não importa agora.
– George se sentou no sofá, ao de Odile. – Preciso de ajuda. Estou apaixonado
por uma ruiva e quero reconquistá-la. O que faço?
Odile não sabia bem o que
fazer. Olhou para o namorado e este falou.
-- Eu recomendo flores.
-- Da última vez que fiz
isso ela me pôs pra fora do apartamento dela e a vassouradas.
-- Bem, leva flores, vinho
tinto e diga que veio em missão de paz. – Completou Odile.
-- Ok e tem mais a se fazer?
-- O próximo a ser dado é
fazer isso. – Segurando a mão de Odile, Niki começa a falar ainda olhando para
Odile, apaixonadamente. – Olhe bem no fundo dos olhos dela e diga: “me perdoe por tudo o que eu fiz, assumo
que fui um tolo e que errei,espero que me perdoe, pois eu estou loucamente
apaixonado por você!”
--Oh meu ratinho austríaco! – Disse Odile, mais
apaixonada e agarrando seu amado, puxando- o para um beijo quente.
Ao ver que estava sobrando ali, George se
retira e agradece o casal pela ajuda prestada.
No dia seguinte, o jogador começou a jornada
para reconquistar a ruiva. Esperou a noite para visitá-la. Chegou ao
apartamento dela perto das oito da noite. Tocou a campainha. Esperou por alguns
segundos e a porta se abriu. A ruiva se mostrou um pouco indiferente com a
visita dele.
-- O que quer desta vez? – Perguntou, evitando
se irritar mais.
-- Vim em paz. – Mostrando também os presentes.
– E quero lhe dar esses presentes.
Best entrou no apartamento e depositou os
presentes na mesa.
-- Onde está sua amiga mãe solteira?
-- No quarto cuidando da Sofia. – Respondeu se
sentando no sofá, mas um pouco distante de Best, que estava na poltrona.
-- Bem, eu quero pedir desculpas por tudo que
lhe causei.
-- Pra que, Best? O que aconteceu entre nós foi
um breve momento. Pra mim... Eu gostei, mas namorava um cara, sabia? Porém, ele
e eu terminamos amigavelmente e desde então...
Não conseguiu terminar de falar. Rosie chorou e
os motivos eram claros: amava muito George Best, até mais do que Clapton. E o
segundo era ciúme. Não conseguia se conformar vê-lo sendo compartilhado com
outras mulheres mais belas do que ela. Não suportava competir.
Ele se aproximou um pouco dela, mas Rosie se
afasta.
-- Por favor, me perdoa, vai?
-- Não quero! Poxa você não dá noticias e
quando te encontro em outras circunstancias, está com outras mulheres, como na
festa no Lorde Hesketh.
Foi aí que George se deu conta.
-- Você... Esteve na festa no Crystal Palace? –
Perguntou, muito surpreso.
-- Sim. A Marianne também. Eu te vi saindo com
uma mulher loira e muito bonita.
-- Espere. Aquela garota... Eu tava chapado e
achei que era você. Para tanto quando acordei, me dei conta do que fiz. Ela é a
melhor amiga de uma conhecida chamada Odile Greyhound.
George explicou tudo para Rosie, que ouvia
atentamente. Na mente dela, havia duas escolhas a serem feitas. Ou ela aceitava
George ou simplesmente o rejeitava pela raiva e ciúme. No entanto, a primeira escolha era bem mais
tentadora.
-- É ótimo saber disso. Mas agora saia daqui!
Não quero te ver mais!
Antes que ela caminhasse até a porta, Best foi
mais rápido e a puxou para perto, sob protestos desta. Pegou a mão dela e olhou
bem para aquelas belas orbes esverdeadas que tanto admirou.
-- Me perdoa por tudo que fiz. Assumo que errei
e fui um tolo em te deixar. – Disse o jogador, suavizando sua voz e aos poucos
derrubando a resistência de Rosie. – Espero que me perdoe, pois estou
loucamente apaixonado por você.
A ruiva não disse nada, apenas olhava para os
olhos azulados do jogador do Manchester United. Percebeu a sinceridade nas
palavras dele. O ciúme não corrompia mais seu coração. Acreditara mesmo que
George passasse por tudo aquilo a ponto de confundir uma menina qualquer com
ela. E mais ainda pela ousadia em vir no seu apartamento e declara-se daquela
maneira.
Tocou as mãos dele e depois seu rosto num
carinho gostoso, excitando Best. Novamente o desejo antes sentido no ano
passado, voltou com mais força. De forma tímida, Rosie puxou o rosto dele e o
beijou calmamente. Best se permitiu no ato e trouxe mais perto de si o corpo
dela, sentindo sua pele colada na dele. Aos poucos o beijou ganhou mais força e
profundidade. Deitaram no sofá.
Marianne cuidava mais uma
vez de sua filha e colocou a bebezinha no berço. Quando foi deitar na cama e
ler um livro foi perturbada com a discussão na sala. Sabia que Rosie e George
Best estavam conversando e tentando se acertar e pelo visto aquilo não
terminaria bem. Na metade do livro percebeu um silencio estranho.
Eles pararam de brigar, pensou consigo mesma e seguiu lendo até ouvir o
chorinho da pequenina.
-- Oh não chora, mamãe ta
aqui. – Disse Mari ao pegar Sofia e dar carinho.
Aquele choro era de fome.
E também ela não tomou leite. Infelizmente, o leite materno da jovem mamãe
acabou. Ainda carregando a bebê, Mari abre a porta com cuidado e caminha até a
cozinha, mas acaba vendo algo que não deveria. Na sala George e Rosie faziam
amor no sofá gemendo baixo. Os dois param quando Rosie avista sua amiga indo
para a cozinha e George também viu e resolve parar, constrangido pelo pequeno
flagra.
-- Ai meu deus,
Marianne... – Dizia Rosie, se vestindo rápido e ajudando Best nas roupas. – Me
desculpa por aqui...
-- Ah relaxa, estou de
boa. – Marianne sorria por saber que sua amiga e o jogador enfim estão juntos. – Tudo bem com você, Sr. Best?
-- Bem melhor, agora com
minha jovem ruiva. – Respondeu enquanto colocava a calça e depois abraçando
Rosie. – Senhorita, eu posso segurar sua
filha?
-- Claro. – Entregando sua
filha para George, que segura com cuidado a bebezinha. – Cuidem dela enquanto
preparo a mamadeira.
-- Veja, ruiva. Ela é tão
linda, bonitinha e fofa. – Best brincava com a menina e sorria para ela, sendo
retribuído com o riso da bebê. – Tem certeza que ela não é nossa filha?
-- Absoluta. Já falei que
tomei remédio.
-- Bem... nem sempre o
anticoncepcional dá certo, sabia?
-- Não dá certo se eu me
esquecesse, ok? – Disse Rosie, um pouco irritada.
-- Ok, tudo bem.
Mais algumas semanas
depois, George se mudou para o apartamento das meninas, se tornando uma espécie
de “tio” para Sofia. Rosie e Mari contam para ele a verdade, sobre Ginger, Eric
Clapton, a separação e o abandono sem motivo algum por parte do baterista
ruivo. Best por sua vez ouvia tudo atentamente e no final manifestou ódio por
Ginger Baker pelo fato de deixar Marianne grávida e sem apoio.
-- Se quiser assumo sua
filha, Marianne. Ela não precisa de um pai babaca que abandona a namorada sem
mais nem menos. – Disse George, muito convicto.
-- Muito obrigada. Agora
tudo que quero é cuidar dela. – Disse Marianne enquanto ninava sua filha para
dormir.
-- Nós três seremos uma
família para este anjinho ruivo! – Disse Rosie, beijando a cabeça de Sofia e
depois abraçando George, levando-o ao quarto de casal, que agora pertence a
eles.
Todos os dias o trio cuida
da bebezinha e nos dias de jogos do M.United, Rosie e Marianne aproveitavam
para levar a filha, inclusive George comprou uma camisa tamanho pequena do time
para vestir a pequenina, deixando Mari bastante feliz. Em um desses momentos
grandiosos, após o jogo do campeonato inglês, Best leva as meninas e a criança
ao vestiário e apresenta para o time e o técnico Matt Busby.
-- Pessoal, estas são
Marianne e Rosie, minha ruiva e namorada. – Apresentou.
-- Olá, garotas. Sou Bobby
Charlton. E esse bebê lindo é de quem?– Cumprimentou o jogador e colega de
Best.
-- Oi. É um prazer em
conhecê-lo. É minha filha, Sofia. –
Disse Mari muito feliz.
-- É um bebê lindo. –
Comentou Denis Law
-- Olá, Sofia. – Cumprimetou
Matt Busby, o técnico. – Rapazes, sejam educados e digam oi para Sofia.
-- Oi Sofia. – Disseram em
coro o time inteiro.
George também disse que a
bebê é como se fosse sua sobrinha, para assim não abrirem questionamentos se
ele e a ruiva jovem são os pais e não Marianne. Após isso um fotógrafo do
jornal London Evening Stardard tira uma foto do time e das meninas segurando
Sofia, registrando aquele momento de felicidade.
Outro momento para a
felicidade do trio, é Sofia aprendendo a andar e falar, sendo registrado por
Rosie no aparelho super 8.
-- Venham ver, minha filha
está andando. – Mostrou a mamãe, alegre em ver sua menina dando seus primeiros
passos e consegue alcançar seu tio jogador de futebol.
-- Isso, Sofia! Nossa
sobrinha sabe caminhar! – Comemorava Best, segurando a menina.
E meio aquela euforia
Marianne e Rosie recebe mais uma novidade: Sofia dizendo sua primeira palavra.
-- Best.
De inicio o trio não sabia
de onde vinha, mas a menina repete a palavra dita na frente de todos.
-- Diz de novo, Sofia. –
Pedia a mãe atentamente.
-- Best.
-- Ela disse “Best”. Ela
falou meu nome! – George se exaltou tamanha é sua alegria ao saber que a
primeira palavra da bebezinha é seu segundo nome.
Naquele mesmo dia, só que
a noite, George e Rosie estavam em mais uma de suas noites prazerosas quando de
repente a ruiva ouviu alguém dizer seu nome e não era o namorado.
-- George, ouviu isso? –
Questionou a ruiva.
-- Hum... não. – Respondeu
ele, ainda concentrado e gemendo. – Por quê?
Por achar ser uma
alucinação, os dois retornaram a “atividade noturna” e outra vez a voz chamava
por Rosie e desta vez Best resolve parar e localizar de onde vem. Os dois olham
para o lado e levam um susto. Sofia estava ali, perto da cama e falando.
-- OH MEU DEUS! – Exclamaram
juntos, de susto.
-- Tia Rosie...
-- Como... como veio até
aqui, Sofia? – Se questionava Rosie, saindo da cama e vestindo um roupão pegou
a pequena, levando-a para o quarto de Marianne e colocando-a de volta ao berço.
-- Hum... Que houve amiga?
– Marianne se acorda com barulho da porta se abrindo.
-- Sua filha caminhou até
o meu quarto e viu Best e eu na cama e falando meu nome.
Marianne riu do fato,
imaginando o quão engraçado deve ter sido aquele momento onde sua pequena filha
invade o espaço intimo dos tios.
Dias depois Best convidou
alguns dos seus colegas do M.United para tomar chá no apartamento das jovens. A
tarde foi realmente boa. Marianne, uma grande admiradora de Bobby Charlton
desde 58, conversou com ele e a namorada, uma moça chamada Belle. Denis Law e
Best deram bastante atenção a bebê Sofia, que ainda falava o sobrenome do
jogador repetidas vezes. Semanas depois ele resolve convidar seu amigo Bobby
Moore para uma visita. Na verdade, desejava juntar o jogador do West Ham e a
jovem, pois segundo Rosie, Marianne não parou de falar em Bobby desde a festa
no Crystal Palace e agora era a oportunidade perfeita para uni-los.
1973
Sofia está com seis anos
de idade e a “grande família” numa verdadeira felicidade. Os dois casais se
revezavam para cuidar da menininha enquanto o outro casal saia à noite para
encontros românticos. Durante isso, George começa a sofrer uma pequena crise
interna. Angie, sua namorada antiga, não aceitou a ausência dele e jurou
procurá-lo e revelar a Rosie tudo sobre o jogador. Temendo isso, Best passou a
se afastar discretamente de Rosie e inclusive passou a freqüentar discotecas e
beber demais. Mas nunca ia pra cama com as mulheres. E isso irritava a ruiva.
Certo dia, Best voltava
para o apartamento quando ao entrar, deu de cara com Angie e Rosie. A ruiva
tentava não chorar e Angie sorria, bem maléfica.
-- O que está fazendo
aqui? – Questionou o jogador.
-- Falar a verdade para
sua nova namorada e evitar que coisas como essa, aconteça! – Respondeu a loira,
pegando sua bolsa e se retirando dali.
-- Rosie...
Ela não respondeu. Best
deduziu que esteja segurando suas lágrimas e suportando tudo aquilo. Novamente
falou com ela.
-- Minha ruiva...
-- NÃO ME CHAMA DE RUIVA!
Eu quero dormir sozinha! – E se foi ao quarto, trancando a fechadura.
De madrugada, o jogador
chorou um pouco e se lamentou em dobro por não saber o que fazer para consertar
as coisas. E com Angie no caminho, as coisas complicaram para ele. Desesperado,
voltou a beber para apagar aquela cena, apagar tudo de ruim e talvez sua amada.
-- Agora ela me... hic
up... me odeia... – Disse Best, completamente embriagado na discoteca The
Warren. – Ela não me quer... hic up...
mais. O que faço, Sam?
-- Perguntou para a pessoa
errada, Best. – Respondeu o policial chamado Sam Tyler, acompanhado do seu
parceiro, o chefe de policia Gene Hunt. – Se a quer de volta, pare de beber.
Dito isso, Sam afastou a
bebida do jogador e este acabou por desmaiar e sendo amparado pelos dois
policiais. Não vendo outra escolha, eles o levam para a casa de Bobby Charlton,
colega de Best no Manchester United que vive alguns quarteirões da discoteca.
Diante da porta, Sam toca a campainha e ouve vozes dentro de casa. Gene parecia
não agüentar Best e suas lamurias. A porta se abre, revelando o jogador de
roupão e segurando um bebê.
-- Quem são vocês?
-- Sam Tyler, detetive do
Departamento de Policia de Londres.
-- Mr. Charlton – Disse
Gene, carregando Best. – Gene Hunt, Inspetor Chefe da Policia. Trago aqui seu
colega George Best. Acredito que Matt Busby deve estar arrancando os últimos
fios de cabelo que lhe restam procurando por este bêbado.
-- Charlton... – Best
tentou se aproximar do colega, mas foi impedido pelos policiais. – Me ajuda...
hic up... me leva pra... Rosie.
-- Quem é Rosie? – Indagou
Sam.
-- A namorada dele. –
Respondeu uma mulher chamada Belle surgindo atrás de Charlton e carregando
outro bebê e numa das mãos um pedaço de papel. – Tomam aqui, é o endereço onde
mora. Gostaríamos de abrigar Best, mas ele faria barulho para nossas filhas.
-- Isso mesmo, Belle. –
Depois voltando à atenção aos policiais. – Sigam neste endereço e encontrarão
Rosie.
-- Obrigado, Mr. e Mrs.
Charlton!
Minutos depois os
policiais percorrem por todas as ruas de Londres em alta velocidade, até
chegarem num bairro nobre. Entrando no prédio, eles pegam o elevador, segurando
o jogador que caia de sono e não dizia nada. Ao parar no andar desejado, eles
caminham mais um pouco e conseguem encontrar a porta onde mora a tal Rosie. Sam
tocou a campainha e eles dão de cara com Bobby Moore, vestindo um roupão.
-- Sim?
-- Meu deus... Bobby
Moore... – Disse Sam, surpreso por encontrar o maior ídolo da Inglaterra e
campeão mundial da Copa de 1966. – Quer dizer, Mr. Moore, eu sou Sam Tyler, do
Departamento de Policia de Londres e viemos trazer seu amigo, George Best.
-- Ainda bem que o
encontraram! – Disse Moore, carregando o amigo. – A namorada ruiva dele está
chorando no quarto, desesperada.
Quando os policiais foram
embora e Moore colocou o amigo sentado no sofá, surge Rosie, com o rosto
inchado e olhos vermelhos e o semblante de quem estava desesperada.
-- Seu canalha! – Ela se
sentou ao lado dele, batendo nele com tapas. – Cachorro, miserável, filho de
uma égua! Sabia que me deixou preocupada? SABIA DISSO? FALA DE UMA VEZ?
Best não conseguia encarar
a namorada tamanha a vergonha que passou e por decorrência da bebida consumida.
-- Eu... – Tentou dizer
algo. – Não... hic up... não sei...
Para a surpresa dele, ela
o abraçou forte, ainda chorando.
-- Eu te amo, Best! Não
faz mais isso, não!
Pela primeira vez ele se
sentiu o mais miserável dos homens. Aquela ruiva o ama até demais. Mais do que
ele a si mesmo. Ali mesmo no sofá
adormeceram juntos e no outro dia acordou com uma tremenda ressaca. No banheiro
vomitou tudo que havia consumido na noite anterior e tomou banho demoradamente.
No café, Marianne e Bobby Moore o encaravam nada satisfeitos e Rosie não se
encontrava ali.
-- Onde está Rosie? –
Indagou o jogador.
-- No quarto! – Respondeu
Bobby rispidamente.
Enquanto todos tomavam
café calmamente, Sofia ficou olhando para seu “tio”, também demonstrando
insatisfação.
-- Tio Best é um péssimo
tio! – Resmungava a criança. – Péssimo tio!
-- Sofia! – Repreendeu
Mari. – Não diga uma coisa dessas.
-- Até uma criança de seis
anos sabe que sou péssimo. Péssimo tio, jogador e namorado! – Best se retira da
mesa e foi pro quarto, ignorando Rosie na cama que ainda chorava.
Ele queria falar algo para
confortar a amada ou até mesmo pedir mais desculpas, mas devido ao nível de
culpa, não disse. Apenas vestiu uma roupa esportiva e saiu de casa, indo para o
centro de treinamento. Por dias ele e Rosie dormiam no mesmo quarto, contudo,
não se amavam mais daquela maneira. E sequer trocavam uma palavra, deixando o
casal Moore bastante preocupado. Até mesmo o time inteiro Manchester United se
preocupou com Best. Matt Busby não escondia isso.
-- Best. – Chamou o
técnico escocês. – Quer me contar algo?
-- Por acaso vai resolver
meu problema? – Respondeu, quase irritado. – Ninguém vai me ajudar.
-- Olha, se eu consegui juntar Belle e Charlton, eu consigo
resolver o seu problema. – Disse, batendo no ombro do jogador num gesto
amigável. – É a ruiva liverpooliana?
-- É sim. Sou um miserável, até mesmo um péssimo
tio como disse a Sofia.
-- Mulheres são como plantas. – Disse ao olhar
para as nuvens. – Elas precisam de um solo, água e cuidados especiais. E essa
ruiva precisa de cuidados, Best. Você é o solo e a água.
-- E os cuidados especiais?
-- Você sabe bem o que quero dizer. – Disse
malicioso, fazendo o jogador entender.
As palavras,
embora simples, foram o bastante para motivar o jogador e este seguiu seu
treinamento do dia. Dois dias depois aconteceu mais uma partida do campeonato
inglês, com o clássico derby entre os Manchesters, United contra City. Best se
encontrava concentrado para o jogo, ao mesmo tempo procurando meios de falar
com a ruiva amada. A vitória é para o United e após o jogo, Best correu até o
apartamento e chegando lá, encontra Rosie, tomando chá com... Eric Clapton!
--...Então eu e Pattie fizemos uma ótima viagem pelo Caribe e...
– Dizia Eric, bebendo mais um gole do chá de maçã de Rosie.
-- O QUE ELE ESTÁ FAZENDO AQUI? – Gritou Best,
indignado por ver o guitarrista no apartamento.
-- Estamos tomando chá, não é Eric? Continue me
contando sobre o Caribe, eu e o Georgie estávamos pensando em ir fazer uma
viagem para o próximo verão, o que você acha Georgie?
-- Acho que ele deve sair daqui, isso sim! –
Mostrando insatisfação.
-- Só quando terminarmos o Chá! – Rosie servia
mais um pouco na xícara de Clapton, ainda sorrindo.
-- Sim e minha afilhada? Soso está bem? –
Indagou o guitarrista.
-- Acho que não me entendeu! – Se aproximando
do guitarrista e fechando a cara ainda falou. – Eu quero que saia daqui ou eu
mesmo vou chutar sua bunda e sua guitarra pra fora do apartamento, entendeu?
Eric largou a xícara e se despediu de Rosie de
forma educada e saiu do apartamento. Ela por sua vez puxou o namorado para o
quarto e desferiu um tapa na cara dele.
-- O que deu em você? Ele é meu amigo agora e
padrinho da Sofia. – Disse a ruiva, embravecida. -- A esposa dela saiu para
fazer compras com a Mari e volta já, então é melhor você parar com isso se não nada
de sexo!
-- Já não estamos fazendo sexo mais, sempre que
tento algo você nega ou até diz que está com dor de cabeça ou menstruada! Ficar
mais dias sem fazer amor pra mim não é nada! – Debochou o jogador e abrindo a
porta do quarto ainda continuou falando. – Pensando bem, era melhor ficar com a
loira doida amiga da French Girl do que você!
Rosie se enfureceu mais ao ouvir que Best
prefere mais a prima de Felicity McGold do que ela.
-- SAIA DAQUI, GEORGE! – Jogando as roupas do
jogador no chão. – SAIA!
Ele foi embora
do apartamento, sem ao mesmo falar algo para Bobby ou Mari. A amiga de Rosie
entrou no quarto e encontrou a ruiva, chorando na cama.
-- Oh meu
deus, não me diga que brigou com ele de novo?
-- Sim. –
Disse e parando de chorar. – Ele quer aquela loira estonteante da festa do Hesketh,
então ele que pegue aquela vagabunda! Vai se dar mal de novo!
A noite Best
foi se divertir na discoteca The Warren e novamente bebeu, mais que no dia em
que encontrou seus amigos policiais. Dançou com todas as mulheres de todos os
tipos, loiras, morenas e ruivas. E mesmo assim, o buraco em seu coração se
encontrava aberto. Antes da meia noite, uma moça, usando um vestido azul
provocante e botas negras se sentou perto dele no balcão e pagou uma bebida.
-- Obrigado,
dama da noite. – Agradeceu o norte-irlandês e bebendo o liquido.
-- Não por
isso. – Disse a moça, numa voz provocante e passando a mão em sua perna,
atiçando o jogador.
Numa das
mesas, dois casais avistaram George Best e a garota morena na maior sintonia.
-- Aquele não
é seu amigo, Odile? – Questionou Louise, parando de beijar seu namorado, Gerd
Müller.
-- É sim,
mas... – Odile não acreditava no que via. – Algo me diz que ele e Rosie não
estão mais juntos.
-- E o que tem
isso, meine liebe? – Franz não sabia da amizade de Odile com George Best e
procurou entender a situação.
-- Ainda me
pergunta, mon amour? Sou amiga do Best e dois anos atrás ele me pediu ajuda
para reconquistar ou reencontrar Rosie e se acertar com ela. Numa das cartas me
contou que estavam se amando demais.
-- Ao que
parece não é bem assim. – Apontou Louise para Best e a moça se beijando. – Ou
ele está traindo a Rosie ou... largou fora! E pra falar a verdade, sempre achei
que eles não iam longe.
-- Você fala
com certo desprezo, ursinha. – Estranhou Gerd o modo como Louise se referia
Best.
-- Certas
coisas prefiro não dizer, ursinho. – Respondeu bebendo um gole de Martini. –
Pelo menos por enquanto.
Continua...

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