quinta-feira, 11 de junho de 2015

Burning Love (Oneshot - What If Grindhouse Parte 1)

Olá pessoal!
Uma boa noite e aqui deixo com vésperas do dia dos namorados mais uma oneshot romântica e dentro da subsérie O Casamento. Se chama Burning Love e tem George Best e Rosie Donovan (antes shipados em The Night Before). Boa leitura e em breve teremos mais novas what ifs da subsérie. A fic é dividida em duas partes!



Burning Love __Maya Amamiya


O dia nasceu ensolarado em Oxford.  Nem parecia ter chovido durante a semana toda. George acordou e viu o sol ali na janela do quarto dela. Abriu um pouco as cortinas para ver melhor a rua calma da cidade universitária.  Olhou mais uma vez para ela, dormindo tranquilamente. Apesar do momento, sentiu prazer. Mais que o habitual. Contudo, precisava retornar a Londres o quanto antes.  Vestiu rápido suas roupas e beijou a testa de sua amada. Saiu do quarto em silencio e em seguida foi embora do apartamento deles. Talvez essa seria a última vez...


Dias depois...

-- Cretino! – Reclamava Rosie enquanto cozinhava. – Como ele pode fazer isso comigo? CRETINO!

-- Calma! Não é o fim do mundo. Ele só foi embora. Talvez ele volte. – Dizia Mari, otimista na volta de George Best.

Desde que elas e seus colegas assistiram o jogo do Manchester United contra o time alemão Bayern de Munique pela Copa dos Campeões, Rosie adquiriu um certo contato com jogador norte-irlandês , gerando pela primeira vez algo avassalador na ruiva, que namora o guitarrista Eric Clapton. E depois ele a procurou em Oxford e não resistindo aquela paixão, se entregou livre e espontânea vontade.

-- Ele não vai voltar! Ele é um cretino. Eu deveria ter mais cuidado. Clapton não merece minha traição...

Não conseguia comer, tamanha era sua angustia. Antes de Best entrar na sua vida daquela maneira, Rosie e Clapton andavam infelizes. E tudo isso aconteceu quando a ruiva percebeu o interesse do guitarrista na modelo Pattie Boyd. Tentou de diversas formas salvar seu namoro, chegando acompanhá-lo nas turnês do grupo Cream e levando Marianne junto. Algo que não deu bons resultados.

Algumas semanas depois a banda retorna para novas apresentações em Oxford. Tocaram novamente na Universidade de Oxford e após o show, Rosie e Eric conversaram amigavelmente.

-- Eu sinto muito. – Dizia a ruiva, chorando um pouco.

Eric olhava pro chão e pelo semblante, também estava frustrado. Ele amava intensamente sua ruiva. Lutou contra John Lennon e Charlotte Martin unicamente por ela. Contudo, não podia negar a atração imediata por Pattie. E mesmo amando-a, sofreria mais pela modelo.

-- O único culpado sou eu. Te deixei muito tempo sozinha. Sei que tentou nos salvar... Mas era tarde. Deveria ter te amado mais. Bem mais do que merece.

Aquela conversa foi enriquecedora para a ruiva. Conseguiu aliviar o peso em sua alma e também Clapton admitia não ter sido um bom namorado.  De volta para casa, Rosie custou a entender as informações do fim do namoro e quando finalmente compreendeu as coisas, deitou mais lágrimas no quarto. Chorava em dobro. Primeiro por terminar com Clapton e segundo se descobrir amando George Best. O problema era que desde o dia da visita dele no apartamento, não se soube mais noticias dele e nem sequer entrou em contato ou mandou alguma carta.

Alguns meses se passaram e Rosie decidiu viajar aos Estados Unidos com seu novo amante, Graham Nash, agora ex-guitarrista do grupo Hollies. Durante a estadia conheceu David Crosby e Stephen Stills, amigos de Nash e também reencontrou Suzan Hardison, sua amiga de infância e agora casada com Micky Dolenz, músico que faz parte da banda The Monkees.

-- Sinceramente, o que viu no Micky? – Perguntava à ruiva, enquanto davam um passeio pelo parque.

-- Pra falar a verdade, nem eu sei. Quer dizer, eu era apenas uma universitária fazendo intercambio na America e fui visitar o estúdio com uma colega e lá vi os Monkees.  Micky tem um senso de humor parecido com meu. Deve ser por isso. – Respondeu Suzan, sorrindo ao se lembrar de quando conheceu seu marido.

Desde que se conhecem, Rosie sabia como sua amiga era e se comportava. Sobre a escolha por Micky Dolenz, não quis questionar. Cuidou dela nos últimos dias de gravidez e quando nasceu à filha, Sue aproveitou pra convidar ela e Nash a serem os padrinhos por parte dela, já que Micky trouxe o restante dos Monkees para o batismo.

No aeroporto, Rosie e Nash se despedem com um simples beijo.

-- Quando puder, venha me visitar. Adorei sua companhia, ruiva.

-- Eu também adorei a sua. Agora preciso retornar a Inglaterra. – Disse Rosie abraçando Nash e em seguida pegando a mala e se afastando um pouco. – Adeus, Graham Nash!

-- Adeus, Rosie Donovan.

Enquanto vislumbrava as nuvens no vôo, Rosie chorou um pouco. Apesar da viagem aos Estados Unidos ter sido muito boa e mais ainda por rever sua amiga de infância, sofria em seu coração. Talvez seja melhor viver sozinha, pensou a ruiva e em seguida dormindo.

No estádio, George Best fazia mais uma jogada excelente contra seu rival, Arsenal, pela Copa dos Campeões.  No fundo, ele não estava muito disposto a jogar. Desde que viajou a Oxford e conheceu a bela ruiva Rosie, ele não a tirava de sua mente. Todos os dias ele pensava nela, sonhava com ela toda noite e não muito raro falava seu nome enquanto dormia. E isso despertou ciúmes em Angie, sua namorada.

-- Quem é ela? – Questionou Angie, enquanto arrumava a cama e George olhava para a janela.

-- Ela?

-- Quem é Rosie?

Arregalou os olhos. Amaldiçoou-se por alguns segundos e depois respondeu calmamente a pergunta.

-- Não faço idéia.

-- NÃO MINTA PRA MIM, GEORGE BEST! Há noites que percebi que anda sonhando com essa Rosie e fala dormindo o nome dela. Quem é?

-- Já falei que não sei de nada. Agora vou dormir.

Aparentemente a discussão deles terminou por ali. Contudo, Angie ainda desconfiava de tudo e jura que vai descobrir quem é a garota que domina até nos sonhos de George Best.

De volta a Oxford, Rosie se prepara para se mudar a Londres, onde continuaria trabalhar para o empresário Sam Benson, que transferiu seu escritório na capital. Pouco tempo depois veio a formatura e despedidas. Eis uma revelação no dia da partida de Rosie.

-- Preciso te dizer uma coisa. – Mari carregava as malas e ia em direção a amiga. – Antes de falar, eu posso ir com você a Londres?

-- Claro. Voltaremos a dividir o apartamento juntas. Mas o que aconteceu?

-- Estou grávida... e... – Não conseguiu terminar o restante da frase. Tomada pela tristeza e pena, Rosie abraçou Mari e se perguntou como tudo aconteceu.

-- E cadê o Ginger?

-- Não sei.

-- Como assim não sabe? – Perguntou Rosie, irritada. – Ele é o pai do seu filho não é?

-- Sim. É ele. Eu falei disso pros meus pais... Foi horrível. Não só fui expulsa de casa como também fui abandonada. Não sei o que fiz, eu juro.

Naquele momento a ruiva sentiu raiva elevada. Já bastava George Best, agora Ginger Baker larga Marianne num momento crucial de sua vida. Sem apoio familiar e afetivo.

-- Quem precisa daquele ruivo? Vou te ajudar a criar essa criança. Serei uma “tia” pra ele.

-- Gostaria que fosse ela. – Dizia Mari, sorrindo e tocando o ventre. – E já sei o nome. Sofia.

-- Gostei do nome. – Disse e se abaixando para ficar perto do ventre da amiga. – Viu, Sofia? Vamos cuidar de você! Seremos sua família!


Um ano depois...

Uma família se formava ali. Formada por duas garotas e um bebê. Marianne estava feliz, aprendia a cuidar de sua filha e às vezes recebia a visita da mãe, auxiliando nos cuidados do bebê, enquanto Mari se virava para trabalhar junto com Rosie.
Sua amiga ruiva também trabalhava intensamente. Os motivos eram incontestáveis. Pela Sofia e pelo esquecimento de George Best.  Inclusive, fechara um ano que ele não deu mesmo noticias.  Até aquele dia...

Mari resolveu ficar em casa cuidando da filha e Rosie saiu sozinha para o pub. Na realidade queria se encontrar com suas amigas londrinas da revista Rolling Stone.  Pela demora, resolveu pedir um Martini, começando sua noite com um pouco de animação. Bem, essa animação foi quebrada quando o avistou.

-- Eu não acredito! – Reclamou Rosie. – Depois de um ano, esse cafajeste retorna?!

Não pensou duas vezes e foi embora. Mas antes George viu sua amada ruiva e se desviando das jovens que tentavam lhe agarrar, alcançou a ruiva.

-- Oi meu amor! – Disse ele, sorrindo. Rosie não queria saber de mais nada. Apenas jogou o restante de Martini na cara do jogador.

-- Meu amor uma ova! Some da minha frente, canalha! – Disse Rosie de forma grossa e depois saindo rápido do pub.

George tentava se recuperar e limpava o rosto com a toalha no banheiro. Aquilo não poderia terminar assim. Ele tinha de recuperar sua amada ruiva.
No dia seguinte procurou por todas as partes de Londres por vários dias. Quando pensava em desistir, surgiu uma oportunidade de forma indireta.

A revista Rolling Stone queria entrevista-lo e então visitou o edifício onde se encontravam as garotas que lá trabalham. Felicity tirava as fotos de Best, enquanto Nora o entrevistava e naquele momento elas recebem a visita inesperada de Rosie.

George a viu por breves momentos e teve se seguir com as perguntas da jornalista. Marie foi a primeira a perceber isso e sabe que Best é um dos melhores amigos de sua irmã, a atriz Odile.

-- Muito obrigada pela atenção, Mr. Best.

Antes de George ir embora, resolveu investigar sua ruiva, através da irmã de sua amiga French Girl, apelido que deu a Odile.

-- Ah, só uma pergunta, Marie. Vocês conhecem aquela garota ruiva que estava conversando com a fotógrafa?

-- Sim. O nome é Rosie Donovan. Ela trabalha naquele escritório. – Apontando para outro prédio, poucos quarteirões da imprensa. – Você a conhece?

-- Sim... podemos dizer que sou um... amigo dela. E tem o endereço de onde mora?

-- Claro. Espere um pouco.

Em seguida a francesa pegou o bloco de anotações e escreveu rápido o endereço de Rosie e alcançando nas mãos do jogador.

-- Muito obrigado, Miss Marie!

-- Não por isso!

Sentiu as esperanças retornar. Só faltava uma coisa. Não podia simplesmente reaparecer na vida dela sem ao menos levar presentes. Então se limitou num buquê de rosas vermelhas e uma caixa de bombons. A noite seguiu até o endereço onde a amada mora. Pegou o elevador e chegou ao quarto andar. Ficou parado na porta 45, onde ela se encontra. Lá vou eu, pensou George um pouco nervoso. Tocou a campainha. Não deu poucos segundos e a porta se abre, revelando Rosie segurando um bebê de cabelinho vermelho e lindos olhos azuis. 

-- O-oi. – George estava surpreso.  Principalmente por ver mais uma vez sua ruiva, contudo as circunstancias eram outras. – Ela... é nossa?

Rosie arregalou os olhos com a pergunta e riu disso, animando a bebezinha.

-- Não. Eu tomei remédio embora você não usasse proteção quando fizemos amor pela primeira vez. – Respondeu, agora séria.

-- Ainda bem... Se bem que... Poderíamos ter um bebê...
-- Se for com você, não quero! Agora saia daqui!

-- Não sem antes te ver. E veja, quero lhe pedir desculpas pelo meu sumiço. – Disse George mostrando os presentes e deixando na mesa.

-- Obrigada, mas não quero te ver mais.

Neste momento Marianne sai do quarto com algumas roupas de bebê e levando-as para sala.

-- Amiga, qual desta roupas fica boa na Sofia? Minha nossa.... – Mari fica surpresa ao ver George Best na sala. – George Best, que bom que veio. Já conheceu minha filha?

-- Espere! Ela é sua filha? Não é mesmo dela aqui? – Apontando para Rosie.

-- Ela é minha filha. Pensei que a Rosie tivesse contado. – Comentou Mari, agora segurando sua filha.

-- Não quis contar. Bem, agora que já sabe sobre algumas coisas, pode ir embora!

-- Por favor, só quero conversar com você, acertar as coisas... —George implorava para a ruiva uma chance. E ela continuava irredutível.

Irritando-se com as insistências do jogador, Rosie corre até a cozinha e traz uma vassoura, ameaçando.

-- Se não sair por bem, sairá por mal e a vassouradas!

-- Está bem. – Disse Best, enquanto caminhava até a porta.  – Ainda vou vê-la mais uma vez para uma conversa amigável e... parabéns pela bebê.

Rosie fecha a porta na cara do jogador e Marianne troca a frauda da filha.

-- Ele veio com a melhor das intenções e você o expulsa assim?

-- Não quero saber dele!

À noite Rosie ficou pensando em George Best. Talvez Marianne tenha razão. Não deveria tratá-lo daquela maneira, contudo, o tempo de ausência que ele causou foi grande e deixou resquícios de raiva. Mas ao reencontrá-lo, sentiu aquela atração destruidora. Se fosse seguir seu lado emocional, com certeza iria puxá-lo para perto dela e beijar aquela boca que ela experimentou naquele ano de 1967.

Dias depois da visita, George não conseguia mais pensar na amada ruiva. Compreendia a raiva dela pelo fato de sumir por tanto tempo sem ao menos deixar uma carta explicando sobre a ausência. Queria uma forma de poder recuperar o coração daquela mulher e a única pessoa que poderia muito bem aconselhá-lo era sua amiga anglo-francesa Odile Greyhound, conhecidamente por ele como French Girl.  Porém aquele dia não era perfeito para fazer uma visita a ela. Decidiu se arrumar e aproveitar a noite, mesmo sozinho ou acompanhado.
Na discoteca perto da pista de Crystal Palace, um nobre chamado Lord Hesketh convidou muitos amigos e celebridades. E George Best estava na lista desses convidados.

Encontrou seu amigo, o também jogador Bobby Moore, do West Ham. Conversaram animadamente na festa.

-- Por onde andou este tempo todo? – Perguntou Bobby, enquanto bebericava o uísque.

-- Procurando uma ruiva. – Dizia Best enquanto se servia de cerveja. – Consegui encontrá-la, mas não me quer.

-- Isso que dá abandonar suas amadas fãs. Rouba o coração delas e agora desperdiça. Você é um canalha!

-- Poxa, Moore! Ela não é uma fã. É uma garota que conheci no ano passado. Foi uma noite só e acabei gostando dela.

-- E o que mais aconteceu?

-- Bom...—Antes de continuar a falar, sua cabeça começou a rodar e a visão adquirir um tom quase branco, nublado e mais alguns segundos tons coloridos. Viu as pessoas ao seu redor e fixou o olhar numa bela mulher que dançava com um dos convidados. – Meu deus, é ela!

Bobby olhou para a moça e novamente dirigiu para Best.

-- Está tudo bem, George?

-- Eu vou falar com ela mais uma vez! – Respondeu e se preparando para se encontrar com a garota.

-- George, você sabe quem é ela?

-- Sim. Minha ruiva está ali! Até mais, Bobby!

Não houve jeito de impedir o colega de abordar a garota. E para piorar, Bobby percebeu que a “garota ruiva” na qual Best seguiu, não é ruiva. E justamente Louise McGold, a melhor amiga de Odile Greyhound, que por sinal é amiga de Best. A única coisa que podia fazer era esperar. Talvez o amigo se arrependa da atitude e retorna ao ponto inicial.

Do outro lado da festa, duas mulheres conversavam entre si e bebiam um pouco de Martini. Eram Rosie Donovan e Marianne Jones. As duas não tinham planos épicos naquela noite, a não ser continuar cuidando de Sofia. A mãe de Marianne, Helen, apareceu no apartamento das meninas e se ofereceu para cuidar da menininha enquanto as jovens curtiam a noite naquela festa no Crystal Palace. Rosie fora convidada por Lord Hesketh que é conhecido de Sam Benson.

Depois disso as duas foram pra pista dançar um pouco e durante os movimentos Rosie avistou mais uma vez seu amado jogador. Desta vez acompanhado de outra mulher, o que estragou sua alegria.

-- Está tudo bem, Rosie? – Perguntava à amiga.

-- Veja aquilo, Marianne! – Apontando para George, saindo da festa, segurando na mão a desconhecida loira e beijando-a. – Agora entende o motivo de ter rejeitado ele? Porquê ele é um patife de marca maior, mais que o Clapton!

-- Mas não tanto quanto Ginger. – Respondeu Mari, um pouco triste ao se lembrar do pai da sua filha. – Quer saber, vamos pegar mais uma rodada e depois um táxi pra nos levar?

A ruiva concordou e quando Mari se virou, acabou criando um pequeno acidente: colidiu com um rapaz loiro e alto e porte atlético perfeito, fazendo o copo de uísque derramar um pouco na camisa dele.

-- Ai me desculpa. Foi um acidente.

-- Não tem problema, essas coisas acontecem. – Dizia o rapaz.

Marianne olhou para ele e se impressionou internamente. Parecia um príncipe ou um nobre como Hesketh.

-- Oh, me desculpe mais uma vez. – Mari estava praticamente desconcertada perto dele.

-- Foi um acidente, Srta...

-- Jones. Marianne Jones e esta é minha amiga Rosie Donovan!

-- Sou Robert Moore. Mas o pessoal me chama de Bobby.

-- Espere! Eu conheço você. Campeão mundial da Copa de 1966. Puxa...—Falava Rosie, impressionada.

Naquele curto espaço as meninas se afeiçoaram a Bobby, que por sua vez simpatizara muito com as duas, principalmente com Marianne.

-- Sr. Moore nos desculpe, mas precisamos ir para casa. – Disse Rosie, um pouco cansada.

-- Eu entendo meninas. Foi um prazer conhecê-las Srta. Donovan e Srta. Jones.

-- O prazer foi nosso, príncipe Moore, digo, Sr. Moore. – Respondeu Mari, constrangida em chamar Bobby de príncipe.

Na saída as garotas pegaram um táxi que as levou para casa. Entrando no apartamento, encontraram a Sra. Jones dormindo na sala e segurando Sofia. Marianne pegou sua filha dos braços da mãe e a colocou no berço com cuidado. Quanto a Rosie, o cansaço da festa era tão grande que só retirou as botas pretas e deitou na cama com o vestido.

No dia seguinte, George acordou com imensa dor de cabeça e batidas insistente na porta.

-- Quem é numa hora dessas? – Perguntou o jogador, se levantando e tentando pegar sua cueca e calça.

Vestiu-se e abriu a porta. Bobby Moore e Odile Greyhound entraram no apartamento dele, muito furiosos.

-- George, seu desgraçado, onde ela está? – Questionou Odile, querendo bater no amigo.

-- Ei, calma aí, French Girl, quem você está falando?

-- Lembra da “ruiva” que você abordou? – Perguntou Bobby.

-- Sim. Ela está no quarto.

-- Ótimo. – Nem bem terminou de falar com ele e Odile entram no quarto dele e ouviram-se uns gritos.

-- O que está acontecendo, Moore? Por que a French Girl está assim?

-- Vamos por partes. Primeiro aquela garota é Louise McGold, a melhor amiga dela. E segundo ela não é ruiva!

Best custou um pouco a entender aquelas informações mas quando Louise apareceu vestida e com cabelo bagunçado, compreendeu a situação e seu erro.

-- Oh meu deus! Por favor, meninas me perdoem. Você, loirinha, me perdoa, eu confundi você com outra garota!

Não deu outra coisa. Louise desferiu um tapa em George e ela e sua amiga saíram dali, reclamando demais para os vizinhos ouvirem e uns mais curiosos abrirem a porta e ver o que se passava.

-- Um conselho: mais cuidado com a bebida, Best! – E depois Moore foi embora, deixando seu colega espantado e ainda passando a mão na bochecha onde recebeu a agressão.

Não havia o que se pensar muito. Mais um mês se passou e veio a nova temporada de jogos da Copa dos Campeões. George focou bastante em seu treinamento e terminou com Angie. Porém continuava a sair com outras mulheres na esperança de esquecer Rosie, o que se mostrou impossível. Todos os dias ele pensava nela e lhe doía o coração por desapontá-la daquela maneira.  Outra vez pensou em recorrer sua amiga atriz e decidiu visitá-la numa noite. Ao aparecer no apartamento dela, viu que a porta se encontrava aberta. Entrou com cuidado e ao chegar lá, deparou-se com uma cena. Odile e Niki Lauda, piloto de Fórmula 1, fazendo amor na sala e apenas com edredon cobrindo seus corpos.

-- Me desculpe por isso, French Girl. Não devia aparecer assim sem avisar. – Dizia George, com a mão tapando os olhos.

-- Ai, George! Como conseguiu entrar aqui? – Odile tentava se recompor no edredom juntamente com Niki.

-- A porta estava aberta e não sabia que era chegada nestas coisas...

-- Desculpe-me, Belle.  – Dizia Niki, vestindo a camisa. – Acho que larguei a porta aberta quando entrei...

-- Isso não importa agora. – George se sentou no sofá, ao de Odile. – Preciso de ajuda. Estou apaixonado por uma ruiva e quero reconquistá-la. O que faço?

Odile não sabia bem o que fazer. Olhou para o namorado e este falou.

-- Eu recomendo flores.

-- Da última vez que fiz isso ela me pôs pra fora do apartamento dela e a vassouradas.

-- Bem, leva flores, vinho tinto e diga que veio em missão de paz. – Completou Odile.

 -- Ok e tem mais a se fazer?

-- O próximo a ser dado é fazer isso. – Segurando a mão de Odile, Niki começa a falar ainda olhando para Odile, apaixonadamente. – Olhe bem no fundo dos olhos dela e diga: “me perdoe por tudo o que eu fiz, assumo que fui um tolo e que errei,espero que me perdoe, pois eu estou loucamente apaixonado por você!”
--Oh meu ratinho austríaco! – Disse Odile, mais apaixonada e agarrando seu amado, puxando- o para um  beijo quente.

Ao ver que estava sobrando ali, George se retira e agradece o casal pela ajuda prestada.

No dia seguinte, o jogador começou a jornada para reconquistar a ruiva. Esperou a noite para visitá-la. Chegou ao apartamento dela perto das oito da noite. Tocou a campainha. Esperou por alguns segundos e a porta se abriu. A ruiva se mostrou um pouco indiferente com a visita dele.

-- O que quer desta vez? – Perguntou, evitando se irritar mais.

-- Vim em paz. – Mostrando também os presentes. – E quero lhe dar esses presentes.

Best entrou no apartamento e depositou os presentes na mesa.

-- Onde está sua amiga mãe solteira?

-- No quarto cuidando da Sofia. – Respondeu se sentando no sofá, mas um pouco distante de Best, que estava na poltrona.

-- Bem, eu quero pedir desculpas por tudo que lhe causei.

-- Pra que, Best? O que aconteceu entre nós foi um breve momento. Pra mim... Eu gostei, mas namorava um cara, sabia? Porém, ele e eu terminamos amigavelmente e desde então...

Não conseguiu terminar de falar. Rosie chorou e os motivos eram claros: amava muito George Best, até mais do que Clapton. E o segundo era ciúme. Não conseguia se conformar vê-lo sendo compartilhado com outras mulheres mais belas do que ela. Não suportava competir.

Ele se aproximou um pouco dela, mas Rosie se afasta.

-- Por favor, me perdoa, vai?

-- Não quero! Poxa você não dá noticias e quando te encontro em outras circunstancias, está com outras mulheres, como na festa no Lorde Hesketh.

Foi aí que George se deu conta.

-- Você... Esteve na festa no Crystal Palace? – Perguntou, muito surpreso.

-- Sim. A Marianne também. Eu te vi saindo com uma mulher loira e muito bonita.

-- Espere. Aquela garota... Eu tava chapado e achei que era você. Para tanto quando acordei, me dei conta do que fiz. Ela é a melhor amiga de uma conhecida chamada Odile Greyhound.

George explicou tudo para Rosie, que ouvia atentamente. Na mente dela, havia duas escolhas a serem feitas. Ou ela aceitava George ou simplesmente o rejeitava pela raiva e ciúme.  No entanto, a primeira escolha era bem mais tentadora.

-- É ótimo saber disso. Mas agora saia daqui! Não quero te ver mais!

Antes que ela caminhasse até a porta, Best foi mais rápido e a puxou para perto, sob protestos desta. Pegou a mão dela e olhou bem para aquelas belas orbes esverdeadas que tanto admirou.

-- Me perdoa por tudo que fiz. Assumo que errei e fui um tolo em te deixar. – Disse o jogador, suavizando sua voz e aos poucos derrubando a resistência de Rosie. – Espero que me perdoe, pois estou loucamente apaixonado por você.

A ruiva não disse nada, apenas olhava para os olhos azulados do jogador do Manchester United. Percebeu a sinceridade nas palavras dele. O ciúme não corrompia mais seu coração. Acreditara mesmo que George passasse por tudo aquilo a ponto de confundir uma menina qualquer com ela. E mais ainda pela ousadia em vir no seu apartamento e declara-se daquela maneira.
                              
Tocou as mãos dele e depois seu rosto num carinho gostoso, excitando Best. Novamente o desejo antes sentido no ano passado, voltou com mais força. De forma tímida, Rosie puxou o rosto dele e o beijou calmamente. Best se permitiu no ato e trouxe mais perto de si o corpo dela, sentindo sua pele colada na dele. Aos poucos o beijou ganhou mais força e profundidade. Deitaram no sofá.

Marianne cuidava mais uma vez de sua filha e colocou a bebezinha no berço. Quando foi deitar na cama e ler um livro foi perturbada com a discussão na sala. Sabia que Rosie e George Best estavam conversando e tentando se acertar e pelo visto aquilo não terminaria bem. Na metade do livro percebeu um silencio estranho.
Eles pararam de brigar, pensou consigo mesma e seguiu lendo até ouvir o chorinho da pequenina.

-- Oh não chora, mamãe ta aqui. – Disse Mari ao pegar Sofia e dar carinho.

Aquele choro era de fome. E também ela não tomou leite. Infelizmente, o leite materno da jovem mamãe acabou. Ainda carregando a bebê, Mari abre a porta com cuidado e caminha até a cozinha, mas acaba vendo algo que não deveria. Na sala George e Rosie faziam amor no sofá gemendo baixo. Os dois param quando Rosie avista sua amiga indo para a cozinha e George também viu e resolve parar, constrangido pelo pequeno flagra.

-- Ai meu deus, Marianne... – Dizia Rosie, se vestindo rápido e ajudando Best nas roupas. – Me desculpa por aqui...

-- Ah relaxa, estou de boa. – Marianne sorria por saber que sua amiga e o jogador enfim estão juntos.  – Tudo bem com você, Sr. Best?

-- Bem melhor, agora com minha jovem ruiva. – Respondeu enquanto colocava a calça e depois abraçando Rosie.  – Senhorita, eu posso segurar sua filha?

-- Claro. – Entregando sua filha para George, que segura com cuidado a bebezinha. – Cuidem dela enquanto preparo a mamadeira.

-- Veja, ruiva. Ela é tão linda, bonitinha e fofa. – Best brincava com a menina e sorria para ela, sendo retribuído com o riso da bebê. – Tem certeza que ela não é nossa filha?

-- Absoluta. Já falei que tomei remédio.

-- Bem... nem sempre o anticoncepcional dá certo, sabia?

-- Não dá certo se eu me esquecesse, ok? – Disse Rosie, um pouco irritada.

-- Ok, tudo bem.

Mais algumas semanas depois, George se mudou para o apartamento das meninas, se tornando uma espécie de “tio” para Sofia. Rosie e Mari contam para ele a verdade, sobre Ginger, Eric Clapton, a separação e o abandono sem motivo algum por parte do baterista ruivo. Best por sua vez ouvia tudo atentamente e no final manifestou ódio por Ginger Baker pelo fato de deixar Marianne grávida e sem apoio.

-- Se quiser assumo sua filha, Marianne. Ela não precisa de um pai babaca que abandona a namorada sem mais nem menos. – Disse George, muito convicto.

-- Muito obrigada. Agora tudo que quero é cuidar dela. – Disse Marianne enquanto ninava sua filha para dormir.

-- Nós três seremos uma família para este anjinho ruivo! – Disse Rosie, beijando a cabeça de Sofia e depois abraçando George, levando-o ao quarto de casal, que agora pertence a eles.

Todos os dias o trio cuida da bebezinha e nos dias de jogos do M.United, Rosie e Marianne aproveitavam para levar a filha, inclusive George comprou uma camisa tamanho pequena do time para vestir a pequenina, deixando Mari bastante feliz. Em um desses momentos grandiosos, após o jogo do campeonato inglês, Best leva as meninas e a criança ao vestiário e apresenta para o time e o técnico Matt Busby.

-- Pessoal, estas são Marianne e Rosie, minha ruiva e namorada. – Apresentou.

-- Olá, garotas. Sou Bobby Charlton. E esse bebê lindo é de quem?– Cumprimentou o jogador e colega de Best.

-- Oi. É um prazer em conhecê-lo. É minha filha, Sofia.  – Disse Mari muito feliz.

-- É um bebê lindo. – Comentou Denis Law

-- Olá, Sofia. – Cumprimetou Matt Busby, o técnico. – Rapazes, sejam educados e digam oi para Sofia.

-- Oi Sofia. – Disseram em coro o time inteiro.

George também disse que a bebê é como se fosse sua sobrinha, para assim não abrirem questionamentos se ele e a ruiva jovem são os pais e não Marianne. Após isso um fotógrafo do jornal London Evening Stardard tira uma foto do time e das meninas segurando Sofia, registrando aquele momento de felicidade.

Outro momento para a felicidade do trio, é Sofia aprendendo a andar e falar, sendo registrado por Rosie no aparelho super 8.

-- Venham ver, minha filha está andando. – Mostrou a mamãe, alegre em ver sua menina dando seus primeiros passos e consegue alcançar seu tio jogador de futebol.

-- Isso, Sofia! Nossa sobrinha sabe caminhar! – Comemorava Best, segurando a menina.

E meio aquela euforia Marianne e Rosie recebe mais uma novidade: Sofia dizendo sua primeira palavra.

-- Best.

De inicio o trio não sabia de onde vinha, mas a menina repete a palavra dita na frente de todos.

-- Diz de novo, Sofia. – Pedia a mãe atentamente.

-- Best.

-- Ela disse “Best”. Ela falou meu nome! – George se exaltou tamanha é sua alegria ao saber que a primeira palavra da bebezinha é seu segundo nome.

Naquele mesmo dia, só que a noite, George e Rosie estavam em mais uma de suas noites prazerosas quando de repente a ruiva ouviu alguém dizer seu nome e não era o namorado.
-- George, ouviu isso? – Questionou a ruiva.

-- Hum... não. – Respondeu ele, ainda concentrado e gemendo. – Por quê?

Por achar ser uma alucinação, os dois retornaram a “atividade noturna” e outra vez a voz chamava por Rosie e desta vez Best resolve parar e localizar de onde vem. Os dois olham para o lado e levam um susto. Sofia estava ali, perto da cama e falando.

-- OH MEU DEUS! – Exclamaram juntos, de susto.

-- Tia Rosie...

-- Como... como veio até aqui, Sofia? – Se questionava Rosie, saindo da cama e vestindo um roupão pegou a pequena, levando-a para o quarto de Marianne e colocando-a de volta ao berço.

-- Hum... Que houve amiga? – Marianne se acorda com barulho da porta se abrindo.

-- Sua filha caminhou até o meu quarto e viu Best e eu na cama e falando meu nome.

Marianne riu do fato, imaginando o quão engraçado deve ter sido aquele momento onde sua pequena filha invade o espaço intimo dos tios.
Dias depois Best convidou alguns dos seus colegas do M.United para tomar chá no apartamento das jovens. A tarde foi realmente boa. Marianne, uma grande admiradora de Bobby Charlton desde 58, conversou com ele e a namorada, uma moça chamada Belle. Denis Law e Best deram bastante atenção a bebê Sofia, que ainda falava o sobrenome do jogador repetidas vezes. Semanas depois ele resolve convidar seu amigo Bobby Moore para uma visita. Na verdade, desejava juntar o jogador do West Ham e a jovem, pois segundo Rosie, Marianne não parou de falar em Bobby desde a festa no Crystal Palace e agora era a oportunidade perfeita para uni-los.


1973

Sofia está com seis anos de idade e a “grande família” numa verdadeira felicidade. Os dois casais se revezavam para cuidar da menininha enquanto o outro casal saia à noite para encontros românticos. Durante isso, George começa a sofrer uma pequena crise interna. Angie, sua namorada antiga, não aceitou a ausência dele e jurou procurá-lo e revelar a Rosie tudo sobre o jogador. Temendo isso, Best passou a se afastar discretamente de Rosie e inclusive passou a freqüentar discotecas e beber demais. Mas nunca ia pra cama com as mulheres. E isso irritava a ruiva.

Certo dia, Best voltava para o apartamento quando ao entrar, deu de cara com Angie e Rosie. A ruiva tentava não chorar e Angie sorria, bem maléfica.

-- O que está fazendo aqui? – Questionou o jogador.
-- Falar a verdade para sua nova namorada e evitar que coisas como essa, aconteça! – Respondeu a loira, pegando sua bolsa e se retirando dali.

-- Rosie...

Ela não respondeu. Best deduziu que esteja segurando suas lágrimas e suportando tudo aquilo. Novamente falou com ela.

-- Minha ruiva...

-- NÃO ME CHAMA DE RUIVA! Eu quero dormir sozinha! – E se foi ao quarto, trancando a fechadura.

De madrugada, o jogador chorou um pouco e se lamentou em dobro por não saber o que fazer para consertar as coisas. E com Angie no caminho, as coisas complicaram para ele. Desesperado, voltou a beber para apagar aquela cena, apagar tudo de ruim e talvez sua amada.

-- Agora ela me... hic up... me odeia... – Disse Best, completamente embriagado na discoteca The Warren.  – Ela não me quer... hic up... mais. O que faço, Sam?

-- Perguntou para a pessoa errada, Best. – Respondeu o policial chamado Sam Tyler, acompanhado do seu parceiro, o chefe de policia Gene Hunt.  – Se a quer de volta, pare de beber.

Dito isso, Sam afastou a bebida do jogador e este acabou por desmaiar e sendo amparado pelos dois policiais. Não vendo outra escolha, eles o levam para a casa de Bobby Charlton, colega de Best no Manchester United que vive alguns quarteirões da discoteca. Diante da porta, Sam toca a campainha e ouve vozes dentro de casa. Gene parecia não agüentar Best e suas lamurias. A porta se abre, revelando o jogador de roupão e segurando um bebê.

-- Quem são vocês?

-- Sam Tyler, detetive do Departamento de Policia de Londres.

-- Mr. Charlton – Disse Gene, carregando Best. – Gene Hunt, Inspetor Chefe da Policia. Trago aqui seu colega George Best. Acredito que Matt Busby deve estar arrancando os últimos fios de cabelo que lhe restam procurando por este bêbado.

-- Charlton... – Best tentou se aproximar do colega, mas foi impedido pelos policiais. – Me ajuda... hic up... me leva pra... Rosie.

-- Quem é Rosie? – Indagou Sam.

-- A namorada dele. – Respondeu uma mulher chamada Belle surgindo atrás de Charlton e carregando outro bebê e numa das mãos um pedaço de papel. – Tomam aqui, é o endereço onde mora. Gostaríamos de abrigar Best, mas ele faria barulho para nossas filhas.

-- Isso mesmo, Belle. – Depois voltando à atenção aos policiais. – Sigam neste endereço e encontrarão Rosie.

-- Obrigado, Mr. e Mrs. Charlton!

Minutos depois os policiais percorrem por todas as ruas de Londres em alta velocidade, até chegarem num bairro nobre. Entrando no prédio, eles pegam o elevador, segurando o jogador que caia de sono e não dizia nada. Ao parar no andar desejado, eles caminham mais um pouco e conseguem encontrar a porta onde mora a tal Rosie. Sam tocou a campainha e eles dão de cara com Bobby Moore, vestindo um roupão.

-- Sim?

-- Meu deus... Bobby Moore... – Disse Sam, surpreso por encontrar o maior ídolo da Inglaterra e campeão mundial da Copa de 1966. – Quer dizer, Mr. Moore, eu sou Sam Tyler, do Departamento de Policia de Londres e viemos trazer seu amigo, George Best.

-- Ainda bem que o encontraram! – Disse Moore, carregando o amigo. – A namorada ruiva dele está chorando no quarto, desesperada.

Quando os policiais foram embora e Moore colocou o amigo sentado no sofá, surge Rosie, com o rosto inchado e olhos vermelhos e o semblante de quem estava desesperada.

-- Seu canalha! – Ela se sentou ao lado dele, batendo nele com tapas. – Cachorro, miserável, filho de uma égua! Sabia que me deixou preocupada? SABIA DISSO? FALA DE UMA VEZ?

Best não conseguia encarar a namorada tamanha a vergonha que passou e por decorrência da bebida consumida.

-- Eu... – Tentou dizer algo. – Não... hic up... não sei...

Para a surpresa dele, ela o abraçou forte, ainda chorando.

-- Eu te amo, Best! Não faz mais isso, não!

Pela primeira vez ele se sentiu o mais miserável dos homens. Aquela ruiva o ama até demais. Mais do que ele a si mesmo.  Ali mesmo no sofá adormeceram juntos e no outro dia acordou com uma tremenda ressaca. No banheiro vomitou tudo que havia consumido na noite anterior e tomou banho demoradamente. No café, Marianne e Bobby Moore o encaravam nada satisfeitos e Rosie não se encontrava ali.

-- Onde está Rosie? – Indagou o jogador.

-- No quarto! – Respondeu Bobby rispidamente.

Enquanto todos tomavam café calmamente, Sofia ficou olhando para seu “tio”, também demonstrando insatisfação.

-- Tio Best é um péssimo tio! – Resmungava a criança. – Péssimo tio!

-- Sofia! – Repreendeu Mari. – Não diga uma coisa dessas.

-- Até uma criança de seis anos sabe que sou péssimo. Péssimo tio, jogador e namorado! – Best se retira da mesa e foi pro quarto, ignorando Rosie na cama que ainda chorava.

Ele queria falar algo para confortar a amada ou até mesmo pedir mais desculpas, mas devido ao nível de culpa, não disse. Apenas vestiu uma roupa esportiva e saiu de casa, indo para o centro de treinamento. Por dias ele e Rosie dormiam no mesmo quarto, contudo, não se amavam mais daquela maneira. E sequer trocavam uma palavra, deixando o casal Moore bastante preocupado. Até mesmo o time inteiro Manchester United se preocupou com Best. Matt Busby não escondia isso.

-- Best. – Chamou o técnico escocês. – Quer me contar algo?

-- Por acaso vai resolver meu problema? – Respondeu, quase irritado. – Ninguém vai me ajudar.

-- Olha, se eu consegui juntar Belle e Charlton, eu consigo resolver o seu problema. – Disse, batendo no ombro do jogador num gesto amigável. – É a ruiva liverpooliana?

-- É sim. Sou um miserável, até mesmo um péssimo tio como disse a Sofia.

-- Mulheres são como plantas. – Disse ao olhar para as nuvens. – Elas precisam de um solo, água e cuidados especiais. E essa ruiva precisa de cuidados, Best. Você é o solo e a água.

-- E os cuidados especiais?

-- Você sabe bem o que quero dizer. – Disse malicioso, fazendo o jogador entender.

As palavras, embora simples, foram o bastante para motivar o jogador e este seguiu seu treinamento do dia. Dois dias depois aconteceu mais uma partida do campeonato inglês, com o clássico derby entre os Manchesters, United contra City. Best se encontrava concentrado para o jogo, ao mesmo tempo procurando meios de falar com a ruiva amada. A vitória é para o United e após o jogo, Best correu até o apartamento e chegando lá, encontra Rosie, tomando chá com... Eric Clapton!
--...Então eu e Pattie fizemos uma ótima viagem pelo Caribe e... – Dizia Eric, bebendo mais um gole do chá de maçã de Rosie.

-- O QUE ELE ESTÁ FAZENDO AQUI? – Gritou Best, indignado por ver o guitarrista no apartamento.

-- Estamos tomando chá, não é Eric? Continue me contando sobre o Caribe, eu e o Georgie estávamos pensando em ir fazer uma viagem para o próximo verão, o que você acha Georgie?

-- Acho que ele deve sair daqui, isso sim! – Mostrando insatisfação.

-- Só quando terminarmos o Chá! – Rosie servia mais um pouco na xícara de Clapton, ainda sorrindo.

-- Sim e minha afilhada? Soso está bem? – Indagou o guitarrista.

-- Acho que não me entendeu! – Se aproximando do guitarrista e fechando a cara ainda falou. – Eu quero que saia daqui ou eu mesmo vou chutar sua bunda e sua guitarra pra fora do apartamento, entendeu?

Eric largou a xícara e se despediu de Rosie de forma educada e saiu do apartamento. Ela por sua vez puxou o namorado para o quarto e desferiu um tapa na cara dele.

-- O que deu em você? Ele é meu amigo agora e padrinho da Sofia. – Disse a ruiva, embravecida. -- A esposa dela saiu para fazer compras com a Mari e volta já, então é melhor você parar com isso se não nada de sexo!

-- Já não estamos fazendo sexo mais, sempre que tento algo você nega ou até diz que está com dor de cabeça ou menstruada! Ficar mais dias sem fazer amor pra mim não é nada! – Debochou o jogador e abrindo a porta do quarto ainda continuou falando. – Pensando bem, era melhor ficar com a loira doida amiga da French Girl do que você!

Rosie se enfureceu mais ao ouvir que Best prefere mais a prima de Felicity McGold do que ela.

-- SAIA DAQUI, GEORGE! – Jogando as roupas do jogador no chão. – SAIA!

Ele foi embora do apartamento, sem ao mesmo falar algo para Bobby ou Mari. A amiga de Rosie entrou no quarto e encontrou a ruiva, chorando na cama.

-- Oh meu deus, não me diga que brigou com ele de novo?

-- Sim. – Disse e parando de chorar. – Ele quer aquela loira estonteante da festa do Hesketh, então ele que pegue aquela vagabunda! Vai se dar mal de novo!
A noite Best foi se divertir na discoteca The Warren e novamente bebeu, mais que no dia em que encontrou seus amigos policiais. Dançou com todas as mulheres de todos os tipos, loiras, morenas e ruivas. E mesmo assim, o buraco em seu coração se encontrava aberto. Antes da meia noite, uma moça, usando um vestido azul provocante e botas negras se sentou perto dele no balcão e pagou uma bebida.

-- Obrigado, dama da noite. – Agradeceu o norte-irlandês e bebendo o liquido.

-- Não por isso. – Disse a moça, numa voz provocante e passando a mão em sua perna, atiçando o jogador.

Numa das mesas, dois casais avistaram George Best e a garota morena na maior sintonia.

-- Aquele não é seu amigo, Odile? – Questionou Louise, parando de beijar seu namorado, Gerd Müller.

-- É sim, mas... – Odile não acreditava no que via. – Algo me diz que ele e Rosie não estão mais juntos.

-- E o que tem isso, meine liebe? – Franz não sabia da amizade de Odile com George Best e procurou entender a situação.

-- Ainda me pergunta, mon amour? Sou amiga do Best e dois anos atrás ele me pediu ajuda para reconquistar ou reencontrar Rosie e se acertar com ela. Numa das cartas me contou que estavam se amando demais.

-- Ao que parece não é bem assim. – Apontou Louise para Best e a moça se beijando. – Ou ele está traindo a Rosie ou... largou fora! E pra falar a verdade, sempre achei que eles não iam longe.

-- Você fala com certo desprezo, ursinha. – Estranhou Gerd o modo como Louise se referia Best.

-- Certas coisas prefiro não dizer, ursinho. – Respondeu bebendo um gole de Martini. – Pelo menos por enquanto.


Continua...

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