terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Love Me (Oneshot - Greek Mythology Parte 1)

Olá pessoal!
Tenham uma  boa noite e fiquem com a segunda oneshot da linhagem Myth da Grind oficial. Boa leitura!


Love Me__ Maya Amamiya


Amanheceu em Esparta e o exército se prepara para marchar rumo a Tebas. Seu líder, James Stone, o poderoso rei de Esparta, trajando suas vestes, seguia rumo à tenda dos comandantes que executavam as inúmeras possibilidades e estratégias de conquista a cidade de Tebas.

-- Poderoso James – Saudou George Smith, o general. – Estamos em dificuldades.

-- Não vejo dificuldade nisso. Basta usar os arqueiros contra os guardas da muralha.

Apesar do otimismo inabalável do rei, os comandantes não acreditavam que a vitória fosse fácil. Comparado as outras guerras, contra Tebas será um grande desafio. Todas as cidades gregas foram tomadas por Esparta.  E todos os soldados são protegidos pelo deus da guerra. Sempre antes de lutar, o rei orava para Franz. E desde então não perdeu uma batalha sequer. Até aquele dia...

Eles marcharam até a muralha do reino onde uma parte das tropas se encontrava em guarda, prontos para o ataque. Ao primeiro sinal, James ordenou os arqueiros dispararem a enxurrada de flechas, atingindo a maioria dos sentinelas da muralha e uma pequena parcela de soldados.

-- ATAQUEM, GUERREIROS! – Bradou James, correndo até a estrada e se defendendo de mais flechas vindas da muralha com seu escudo.

O ataque iniciou-se com uma vantagem espartana. Por mais que estivesse em grande número, Tebas não conseguiu deter aqueles soldados ferozes. Os portões se abriram e os guerreiros entraram, vendo os poucos homens armados ali.

-- RENDA-SE, RICHARD! – Gritou James, a todo pulmão! – NÓS VENCEMOS!

Richard Starkey, surgiu ali diante dos soldados, usando sua lança e escudo, respondeu as provocações de James.

-- Acha mesmo que conseguiu tomar meu reino? – Sorrindo de forma maléfica.

Ele achou que se tratava de ironia forçada do rei derrotado. Um verdadeiro engano! Ainda na entrada mais soldados tebanos apareceram e bloquearam com seus escudos e mais centenas deles dentro do castelo e inclusive Bert, o guerreiro mais forte da cidade.

-- Onde está seu otimismo, reizinho espartano? – Gracejou o rei e com um grito, deu-se a ordem de mais ofensivas.

Desta vez foi revertido a favor dos tebanos e em poucos minutos, o número de espartanos vivos foi reduzido. Os poucos que resistiam ainda lutavam bravamente ao lado do rei James.  Poderoso Franz me ajude, destrua meus inimigos e serei seu servo! , orava mentalmente James ao deus da guerra. Desta vez não houve resposta e mais soldados morriam. No confronto contra Bert, o rei espartano não obtivera a tão desejosa vitória. A cada golpe recebido do grandalhão, era um sinal de sua morte. Caído no chão e vendo seus soldados sendo rendidos, James derramou uma lágrima, lamentando de seu deus abandoná-lo naquele dia e procurava saber onde havia errado se nunca faltara de devotar oferendas a ele. Porém, lembrou-se de outra divindade também atribuída a guerra. Num ato desesperado, chamou por seu nome.

-- PALAS LOUISE! 

No Monte Olimpo, Louise observava a grande guerra e ouviu o grito do rei espartano. Mesmo sabendo que ele devota a Franz, não pensou duas vezes.

-- Vou ajudá-lo. Ele precisa de mim! – Exclamou a pequena deusa, usando seu poder para incitar mais coragem e determinação a James e os poucos soldados.

James sentiu uma espécie de euforia e vontade de recomeço. Pegando sua espada e o escudo quase rachado, partiu ao ataque contra Bert. Este por sua vez percebeu que o rei o atacava de modo mais feroz e com velocidade nos movimentos com a espada, causando ferimentos graves no guerreiro. George também foi tomado por essa sensação e com apenas uma lança matou a dezena de soldados que o cercavam de forma incrível.

Richard confronta George Smith, mas não consegue. O jovem comandante tem mais experiência e num rápido movimento, aplicou a espada no coração dele, matando-o em seguida.

Os espartanos renderam Bert e o deixaram diante do rei vitorioso.

-- Me matar não adiantará de nada! – Disse o soldado derrotado.

-- Não vou matá-lo – Respondeu James, com um aspecto um pouco diferente. – Contudo, deixarei a marca de sua derrota para seus soldados que ainda vivem. Tebas enfim caiu como as outras cidades!

Abandonando Tebas em ruínas, James caminhou até a praia um pouco cansado e desmaiou na areia.

-- Alice... me espere nos Campos Elíseos... – Suspirou o rei espartano, fechando os olhos.

James esperou que as mãos ásperas do Exército das Almas enviadas por John, o deus do Submundo, pudessem levá-lo até o rio Aqueronte e assim seguir rumo aos Campos Elíseos encontrar sua irmã. Em vez disso, ouviu uma suave voz.

-- Seja forte, mortal... – Tocando seu rosto com mãos tão macias, com capacidade de amaciar até o mais selvagem dos guerreiros. – Ainda não é sua hora...

-- Me... salve... – Sussurrou James, ainda com os olhos fechados. – Me... salve...

Com um toque, a divindade curou a ferida no peito de James, fazendo-o acordar ali. Surpreso, ele se levanta e fica admirado com a bela mulher postada em sua frente. Cabelos dourados como o sol, olhos azuis como orbes preciosos e a pele tão delicada quanto porcelana. As vestes eram gregas e calçava sandálias de ouro. Ela também estava usando braceletes e segurava um elmo dourado.

-- Você...  – Ele reconheceu a pessoa ali. A divindade da guerra.

-- Lembra de mim, James? Sou Palas Louise, deusa da guerra e da sabedoria. – Respondeu a jovem deusa, se aproximando dele. – Esses tebanos mereceram a lição. Parece que desta vez meu irmão os ajudou.

-- Franz... me abandonou? – Indagou o rei, agora compreendendo o motivo para ter sido deixado de lado pelo deus anterior.

Louise apiedou-se por ele. Na verdade mais do que piedade. Era algo novo para ela, jamais sentido por um mortal.  Aproximando-se dele, disse por fim.

-- Serás o melhor rei deste lugar. – E em seguida finalizou com um beijo ardente no rei espartano.

James não sabia se correspondia ou não. Sendo a iniciativa da pequena deusa, acabou cedendo à sensação. E que sensação! Nunca em sua vida provou um ósculo tão suave e cheio de amor e paixão e aquela deusa possuía esses sentimentos. 
Quando parou, Louise desapareceu, deixando o rei um tanto atordoado, mas agradecido por ser salvo por ela.

Meses depois Tebas foi reconstruída e para selar um acordo de paz, foi feito o casamento de Nora, irmã de George Smith com soldado Bert, aparentemente arrependido. A festa foi grandiosamente esplendida, ao mesmo tempo faziam oferendas à deusa da sabedoria Louise, agora também padroeira da cidade.

-- Ó poderosa deusa! – Orava um dos sacerdotes no templo recém erguido. – Receba estes presentes como prova de nossa eterna devoção!

Os soldados deixavam diante da estátua escudos adornados em prata e ouro, lanças e espadas. Até mesmo partes de armadura como o peitoral de couraça e elmos eram oferecidos.  No Olimpo Franz se encontrava indignado em dobro. Primeiro por discutir com Odile, resultando na deusa ficar mais perto do marido, o deus da forja Niki. E segundo por perder popularidade de Esparta... para sua irmã Louise. Os tebanos antes da guerra fizeram uma grande celebração ao deus de olhos azuis como cobalto e este aceitou protegê-los. A vitória estava garantida... até James recorrer a inesperada ajuda da pequena deusa, o que lhe tirou as vantagens.

-- Louise sabe mesmo conseguir os mortais... – Resmungava o deus, girando sua lança nervosamente. – Ela sempre consegue o que quer!

-- Ela protegeu o mortal. – Disse Mickey, sentado na janela. – Não fez nada demais!

Após a festa em sua homenagem, Louise esperou os deuses irem dormir e desceu na terra, caminhando a um riacho perto do castelo espartano. Vendo que não há ninguém, ela se despiu e tirou as sandálias. Se banhou nas águas cristalinas e tranqüilas. Abandonou seus pensamentos e seus deveres para unicamente se divertir, sem alguém para atrapalhar.

Sem saber, Franz estava observando no Olimpo e resolveu pedir ajuda a sua amante. Vai pagar por isso, Palas, pensou o deus da guerra ofendido e ficou ali no jardim, onde Odile, a deusa amorosa colhia algumas rosas.

-- Preciso de sua ajuda, Odile.

-- O que queres desta vez? – Perguntou a deusa, impaciente e com raiva dele. – Não quero falar mais com você!

-- Estou pedindo sua ajuda. Se ainda me ama, pode ajudar! – Suplicou Franz, tocando as delicadas mãos de Odile.

Odile não queria em hipótese alguma ajudar Franz. Não depois da ofensa sofrida, por ver sua sacerdotisa Brigitte e ele fazendo amor em seu templo. Ela puniu a garota, transformando-a numa leoa e sendo morta pelo caçador George Best. Inconformado, o deus guerreiro percebeu que essa punição era de Odile e por conta disso passava maior parte do tempo com Niki e recusava a se encontrar com ele toda noite. Agora ele implorava por ajuda e ao que tudo indica envolvia Louise a pequena deusa e o mortal James.

-- Fale qual é o pedido?

-- Dê um jeito de James ver a pequena deusa...

-- E que se apaixone ainda mais por ela?

-- A ponto de não suportar viver sem ela. – Disse o deus, brilhando os olhos imaginando se o plano desse certo, levando a ruína o mortal e sua deusa irmã. – Leve nosso menino, quatro flechas estará de bom tamanho.

Ao terminar de falar, ele puxa o rosto de Odile, depositando um delicioso beijo, despertando novamente a paixão da deusa amorosa por ele e em seguida sumiu.

-- Noel! – Chamou a deusa. – Noel!

Surgiu diante dela, um jovem de cabelos negros e olhos também azuis como cobalto, usando uma túnica branca e arco e flecha.

-- O que desejas minha mãe?

-- Conhece o rei espartano James?

-- Sim. Alias, papai me alertou disso. Ele quer que una este rei com a pequena deusa.

-- Exato, mas não use o número solicitado de flechas no coração do mortal. E sim duas para cada um!

-- Mas mamãe... – Noel temia a fúria de seu pai caso não fosse cumprido. – Se papai descobre isso...

-- Me entendo com ele mais tarde. Agora faça o que lhe mandei!

Noel alcançou uma boa velocidade de tele transporte e conseguiu chegar ao riacho. A deusa estava lá se banhando. Só faltava trazer o mortal ali. James não conseguia dormir. Mesmo tomando um pouco de vinho, nada o fazia fechar os olhos. Caminhou até a janela e contemplou a lua cheia com estrelas. De repente ouviu uma doce e melodiosa voz o chamando.

-- James... James... – A voz era parecida com a de uma deusa. Na verdade era Noel, o jovem deus do amor, em tamanho diminuto perto do rei, se passando pela voz da pequena deusa. --- Venha até aqui, no riacho...

Apesar da voz lhe dizer isso, ele ficou um tanto receoso, temendo ser um ardil daqueles bem perigosos, armados por algum sacerdote inimigo.

-- Por favor, querido James.... – Noel foi mais insistente e suavizou mais a voz, para deixar mais parecido com de Louise.

Depois disso, a tentação ficou maior e ele resolveu caminhar até o riacho, deparando-se com a bela visão a sua frente. Sim, era ela. A deusa da sabedoria se banhando ali no rio.

-- Meu deus! – Exclamou baixinho. – És mais bela que Odile!

Tampou a boca por se culpar de tal disparate. Se a deusa do amor ouvisse isso, haveria uma guerra divina e os mortais como sempre são alvos perfeitos. Noel aproveitou-se disso e imediatamente disparou duas flechas do amor no rei e mais duas na pequena deusa, que emergia nua nas águas, devido às pequenas sensações estranhas sentidas ali mesmo.

Odile que se encontrava distante deles, observava a cena e ouviu as palavras de James. Desta vez passa mortal, pensou a deusa, perdoando pela blasfêmia dita.

James caminhou mais ainda, saindo de seu esconderijo, ainda a contemplar a beleza inebriante da deusa. Louise se preparava para se vestir quando ouviu um leve arfar de alguém. Ao se virar, assustou-se com a presença do mortal que ela mesma o salvou da morte e principalmente deu-lhe  a vitória na batalha.

-- Você...—Disse a assustada deusa, cobrindo os seios com a roupa.. – Como ousa vir até aqui?

Antes de responder, o rei é recebido com um tapa na cara bem forte pela mão delicada da deusa.  Ele não fez nada para impedir e ainda falou quando a deusa ia se preparar para desferir outro.

-- Pode me bater, mas isso não vai fazer meu amor por você acabar assim!

Aquelas palavras praticamente a desarmaram ali. Louise também se sentia daquela maneira. Mesmo sob a ousadia do mortal em vê-la sem roupa, no fundo gostou disso e ainda mais sendo ele a ver assim. Engoliu em seco e ficando mais perto dele, colando seu corpo quente no dele, ela tocou de leve os lábios do mortal com os dois dedos e sussurrou.

-- Beije-me...

James não negou aquele pedido e a beijou ardentemente, esquecendo-se que Louise é uma divindade. Por um momento achou mesmo que ela é mesmo uma mortal devido à perfeição nela. As mãos deles passearam por todo o corpo nu da deusa, de modo suave. Depois ele a carregou em seus braços, levando-a para seu castelo.

No quarto, ele a colocou na cama e sentado na beira, massageou as pernas dela e depois o ventre, causando sensações inebriantes em Louise.
Por sua vez, a deusa se levantou e tirou a túnica do espartano e novamente se beijaram e se deitaram trocando mais caricias e abraços. Ambos gemiam de prazer. No momento que James ficou por cima dela, questionou:

-- Tem certeza, minha deusa?

-- Me mostre o que sabe, mortal. – Concordou a deusa, abraçando e permitindo os avanços de James.

Começou devagar e aos poucos foi aumentando a velocidade, a ponto de eles gemerem alto. No último ato, Louise emitiu um grito de prazer, fazendo com que o Olimpo pudesse ouvir. James urrou como um animal, mas suspirou cansado e suado por cima dela. Atingiram o clímax.
Ficou um bom tempo abraçados e olhando para a janela aberta, revelando a belíssima lua brilhante, ao mesmo tempo ouviam os ruídos exasperados vindos do outro quarto. Eram os recém casados Bert e Nora.  Não se importaram com isso e trocaram mais um beijo apaixonado.

-- Me amaria se eu... Sumir pela manhã? – Questionou a deusa, admirando os lindos olhos verdes do rei.

-- Te amarei por toda minha vida! E não me importo se és imortal. Não haverá outra senão você!

Diante da declaração, os dois novamente foram entregues aos movimentos amorosos sob a luz do luar de Esparta. 

No outro dia,  James acorda sem a pequena deusa ali. Certo de que ela partiu ao Olimpo e suspirou. Não era um sonho de um homem desesperadamente apaixonado e sim algo verdadeiro. Ele esteve à noite toda com uma deusa. E justo ela, sua protetora.

Ao se levantar, ele inicia suas tarefas do reino e dá a seguinte ordem.

-- Esculpe outra estátua da pequena deusa. – Ordenou James ao seu melhor escultor.

-- Mas senhor – O escultor havia feito umas três de Louise e estranhou o fato do rei pedir mais uma. – Já temos o suficiente. Pra que mais uma?

-- Apenas faça o que mandei!

Sem mais palavras, ele começa a esculpir, ainda estranhando os motivos do rei em sua obsessão pela deusa da guerra.
No Olimpo Odile estava feliz. Primeiro que na noite passada conseguiu juntar Louise e o rei James, mas não de acordo com número de flechas pedidas pelo amante Franz. E falando nele, o seu segundo motivo foi por ter aceitado seu perdão e tiveram uma ótima noite juntos. E o deus da guerra sequer desconfiava se seu plano de arruinar seu súdito deu realmente certo...

Na sala todos se encontravam ocupados. Alguns nem tanto e ficaram por observar os mortais e seus acontecimentos. Mickey voava de um lado para outro, Alice brincava com sua filha, Nicole. Rosie como sempre se encontrava aborrecida. Ela descobrira que duas de suas seguidoras tiveram casos com deuses e as castigou mandando-as para o Tártaro e ainda pediu a um dos Juízes do Inferno, Steve, que a mandasse de acordo com seus crimes.

Louise apareceu na sala, bastante alegre, para o espanto de todos e uns nem tanto por conhecer bastante a deusa. Gerd, o deus arqueiro que até então esteve ocupado por conta da oferenda de um sacerdote, surgiu na sala para dar um pouco de atenção a família e percebeu aquela alegria misteriosa da pequena deusa. Será que ela conheceu alguém... melhor do que eu?, Questionou o deus internamente e desconfiado. Thomas, o deusinho filho de Louise, ficou correndo pela sala, brincando alegremente com uma espada de madeira que a mãe havia feito. Nicole, a pequenina, se agitou vendo seu amiguinho e juntos ficaram brincando, no qual Tommy era um guerreiro que carregava uma princesa e a levava para um reino fictício.  Louise admirou a brincadeira das crianças junto com Alice e ficara conversando com ela até a noite surgir.

Vendo que os deuses se retiraram, Louise se preparava para sair quando em seu caminho surgiu o deus arqueiro.

-- Onde vai? – Questionou, sério.

-- Nadar um pouco no rio.

-- Em Esparta?

-- Esparta, Atenas, Tebas, tanto faz! Qualquer lugar onde tenha privacidade! – Irritou-se a deusa. – Com licença, Gerd!

Desaparecendo das vistas do deus da profecia, Louise conseguiu chegar ao mesmo riacho onde encontrou James na noite passada. Encontrou-o se banhando calmamente e ficou admirando a nudez do mortal. Ela tirou sua túnica e caminhou nas águas, mergulhando para perto dele e tocando seu ombro, disse:

-- James!

Ele se virou e abriu um sorriso. Era ela.

-- Louise! – Abraçou-a e a beijou ali mesmo sob o luar.

Fizeram amor nas margens do riacho e depois desfrutaram mais um pouco da noite no quarto dele, onde descobriram mais sensações, trocaram mais carinhos e beijos ardentes entre gemidos. E isso se repetiu todas as noites para eles. Para os dois, nada mais importava se não o amor em seus corações. Cada dia mais James amava mais a deusa e ela preferia mais o mortal ruivo de olhos verdes. Porém, certo dia, após se amarem, James anunciou algo.

-- Esparta declarou guerra contra Corinto. – Disse, soturno. – Depois de amanhã marcharemos! E devo confessar... Estou com medo.

-- Do que, meu amor?

-- De não poder governar, não viver e ficar sem você. Tanto como meu amor quanto minha protetora.

Louise o acariciou nos cabelos e logo disse docemente.

-- Não se assuste, meu rei! Sei que vencerás todas as batalhas que enfrentar, eu sempre estarei contigo! Meu amor... – E novamente o beijou, permitindo seus sentimentos serem mais uma vez demonstrados.

No penúltimo dia o reino iniciou as oferendas a pequena deusa e James compareceu. Na reunião com os guerreiros, fez estratégias e se impressionaram. Pela primeira vez, o rei espartano não tinha aquele ar de superioridade e arrogância, como se cantasse vitória antes do tempo. Ele pensava não como rei, e sim como líder, alguém que também é um soldado, se importando com seus amigos e a quem servisse. A convivência com a pequena deusa o fez bem, pensou George Smith, o comandante que sabia do envolvimento amoroso do rei com a divindade.

Na última noite em Esparta, James ficou na janela, contemplando a lua, ao mesmo tempo pensava na deusa. Mesmo com as palavras dela, ele estava inseguro. Desta vez por outro motivo: Franz, o deus da guerra. Desde que Louise se tornara sua protetora, James temia que o deus guerreiro fosse se vingar de uma forma ou de outra.

No Olimpo, Louise já estava de saída quando ouviu um estrondo. Uma estatua caindo no jardim e Noel correndo para a sala, carregando a pequena Josephine, filha de Odile e do deus da forja Niki. Ouviam-se os berros de Franz.

-- TRAIDORA! – Ele socava as colunas. – EU DISSE PARA DEIXAR O REI DE ESPARTA LOUCO DEMAIS PELA LOUISE, E NÃO APAIXONADO E AINDA SER CORRESPONDIDO!! VOCÊ ME TRAIU PELA ÚLTIMA VEZ!

-- Eu sou uma deusa, seu parvo! – Xingou Odile, peitando o deus. – Eu junto casais e se eles se amam, é outra história.

-- Eu devia... devia te matar... – Resmungava o deus, com a mão erguida contra Odile, mas abaixou. – Não farei isso por que tenho assuntos mais importantes do que sua incompetência, deusa! Amanhã eu mesmo matarei James!

Aquela afirmação deixou a pequena deusa com coração acelerado e as mãos trêmulas.  Mesmo sabendo do ardil do irmão em faze – lá se apaixonar pelo mortal, ela não se importou e prometeu a si mesma acabar com Franz se ele matar ou até mesmo ferir James.

E chegou o dia da marcha. Os soldados se preparavam e cada um com sua arma, formaram filas e ao sinal do rei, marcharam ao reino de Corinto. James usava sua mesma roupa de batalha e comanda sua biga rumo ao castelo. Chegando lá, avistou a cidade, já com os guerreiros prontos pra batalha.

-- Palas Louise, não me abandone, meu amor... – Pediu o rei em voz baixa.

No Olimpo, Franz vestia sua armadura e depois seguiu para a câmara das forjas onde se encontra Niki, seu amigo e marido (traído) de Odile.

-- Minha espada está pronta?

-- Sim! – Respondeu o deus, procurando não demonstrar insatisfação e alcançando a arma para ele. – Construída com Oricalco, o minério precioso de Atlantis.

-- Muito bem, Niki. Sabia que poderia contar com você, meu amado “irmão”. – Mesmo odiando o deus da forja, Franz tem consideração e amizade com Niki e o mesmo possui esse sentimento. Ambos fariam qualquer coisa pela deusa amorosa.

Quando Franz se retirou, Niki aproveitou para continuar sua obra: finalizar a construção do escudo de ouro, feito do mesmo Oricalco e um pouco do pó de estrelas, deixando a arma de defesa mais poderosa e resistente.  No pequeno globo transparente ele vê Odile e Franz se beijando e pedindo a benção da deusa do amor e logo em seguida ele partindo para ajudar os soldados coríntios.

Neste momento Louise, também com sua armadura, surge na entrada da câmara.

-- Meu escudo está pronto, Niki? – Questionou a deusa.

-- Agora sim, está pronto! – Disse Niki, satisfeito com o resultado e mostrando o poderoso escudo.  – Ele tem o mesmo poder que o Aegis do Roger. Poderá defender quem você quiser.

-- Até mesmo da espada mais poderosa que você forjou para meu irmão?

-- Sim.

Louise encaixou o braço no escudo e depois beijou seu amigo na bochecha, deixando-o corado.

-- Não fala para Odile sobre isso. – Sorriu a deusa, piscando para ele e desaparecendo.

Antes mesmo de sair, Louise encontrou o deus arqueiro, lançando um olhar intrigante para ela. A pequena deusa ignorou e seguiu para perto da sacada, onde visualizou os guerreiros lutando em frente às muralhas de Corinto.

-- Esta guerra não é sua. – Dizia Gerd. – Deixe os mortais e preocupe-se com você!

-- Este pensamento egoísta você teve quando conheceu Alice? – Perguntou Louise, enfurecida com que o deus havia dito.

Arrependido, Gerd tentou argumentar, mas Louise ouviu os gritos dos espartanos morrendo e vendo mais uma vez a batalha, era Franz, matando os soldados de Jim um por um, aumentando a vantagem dos coríntios.

James não sabia o que fazer. Seus inimigos lutavam como verdadeiros selvagens e estraçalhavam sem parar. Restou apenas uma fileira de soldados espartanos e Franz apontava sua espada para o rei.

-- Onde está seu exército, rei de Esparta? – Provocou o deus da guerra, vitorioso. – E onde está sua protetora?

Jim não respondeu e sabia bem que não haveria chances e largando a espada, ordenou a seus comandados que não fizessem nada. Caminhou diante do deus, com as mãos vazias.

-- Minha vida está acabada. – Disse James, sem esperança de salvação.

Imediatamente, Franz se preparou para golpear James no coração. No entanto, sua espada se deteve quando um escudo adornado em ouro, impediu o ataque e protegeu o rei espartano. Franz se afastou e viu que era a pequena deusa, segurando o artefato de defesa e vestida com sua armadura divina.

-- Pequena deusa!

-- Não posso permitir que acabe com eles, meu irmão! – Apontando sua espada para ele. – Nem que para isso lute.

-- Neste caso, não pouparei esforços em acabar com você, deusa fraca!

A luta recomeçou para os mortais. James liquidava com mais soldados e batedores coríntios, ao mesmo tempo preocupava-se com sua protetora. Louise e Franz lutavam um contra o outro de modo feroz. A espada que o deus possui era mesmo poderosa, a ponto de cada golpe, destruir uma parte da armadura de Louise. Quanto à deusa da sabedoria, ela se desviava dos ataques e usava o escudo para impedir mais avanços destrutivos.

No Olimpo os deuses observavam a luta dos dois, um tanto apreensivos. Tommy, o filho de Louise sentia medo e ficava abraçado com Noel, seu amigo. Alice não sabia o que fazer. No fundo, queria ajudar o irmão, salva-lo da guerra, mas isso implicaria num conflito maior se Roger ou Gerd descobrem sobre sua interferência na vida dos mortais.

-- Nós temos que falar com Roger! – Dizia Keith, o deus do vinho e da alegria.

-- Roger está tão ocupado com aquela mortal que nem sabe o que se passa por aqui. – Resmungou Mickey, indignado.

Odile também estava muito apreensiva. Amava Franz com todas as forças, contudo, torcia para que sua amiga pequena deusa vencesse a luta.  Gerd resistia a vontade de interferir em favor de Louise por medo de perder Alice.

A luta toma proporções mais drásticas. Louise conseguiu golpear Franz, de maneira que o deixasse atordoado e antes de aplicar outro golpe, avistou Jim em desvantagem num grupo de cinco batedores coríntios e tentou ajudar rapidamente. No entanto, quando se preparava para acabar com quinto batedor, Franz lança uma rajada de raios negros contra Louise.

-- Ahhhh! – Desarmando a pequena deusa, fazendo-a cair.

O escudo de ouro foi afastado dela e Franz iniciou uma série de golpe na deusa, causando ferimentos no corpo. Os espartanos aos poucos perdiam a confiança e coragem e os coríntios comemoravam.
Num dado momento, Louise tentou pegar a espada, mas o deus da guerra num só golpe, destruiu a arma e em seguida cravou na mão dela, infligindo mais dor. Em seguida retirou a ponta da arma e puxou Louise pelo cabelo.

-- ESTA É A DEUSA QUE PROTEGE OS ESPARTANOS? – Exibindo a divindade, para a euforia extrema dos seguidores de Franz e o desespero interno de Jim. – Neste momento, Louise não é mais uma deusa da guerra.

Jim emitiu um grito e correu até o deus de olhos azuis como cobalto e o atacou, somente com sua espada. Louise estava no chão, se recompondo e vendo o mortal que ama lutando. Cansado de ser evasivo, Franz imediatamente cravou a espada no peito do rei espartano.

-- NÃO! JIM! – Gritou Louise, com os olhos cheios de lágrimas.

No Olimpo, Alice viu tudo e desmaiou, sendo socorrida por Mickey. Gerd também viu tudo e sentiu o sofrimento de Louise.

O corpo do rei tombou ao chão e Louise o segurou, colocando a mão no ferimento dele.

-- James... não morra, meu amor! – Chorava a deusa.

-- Meu amor... – Tocando o rosto de Louise, sorrindo. – Minha vida... Fico tão grato por você estar nela.

Ali mesmo James Stone emitiu seu último suspiro.

-- NÃO! NÃO! NÃO! NÃO! – Abraçando o amado e ainda chorando. – Meu amor...

Franz não sabia bem o que estava sentindo. Por mais raiva que tivesse da pequena deusa e do mortal, ao vê-lo morto e sua irmã em prantos, teve pena. Mas não o suficiente para dizer tais coisas.

-- Isso que dá por se afeiçoar aos mortais! – Disse, agora indiferente.

Louise encarou o irmão e se levantou, armando-se com o escudo.

-- De todas as coisas que já fez, esta passou dos limites, meu irmão! NÃO VOU PERDOAR POR TER MATADO JIM!

Louise ergueu a mão direita e nuvens negras se formaram. Os coríntios temiam pela fúria da deusa. Alguns mais medrosos, jogaram suas armas no chão e pediram perdão a divindade e poucos fugiram. Entre raios e trovões, formou ali na mão dela um cetro de metal. Na ponta havia o símbolo de um tipo de pássaro cujas asas estavam erguidas, fechando um circulo.

Franz sabia bem o que significava e mesmo assim atacou Louise com os mesmos raios negros para enfraquecer. Não houve o mesmo efeito. O escudo proporcionou a proteção. Outra vez usou a espada, porém Louise usou seu cetro como seu substituto. Ela destruía as partes da armadura de Franz e depois lançou uma bola de energia branca, derrubando o deus da guerra. Ele se equilibra e erguendo a espada, bradou.

-- AINDA ACABAREI COM VOCÊ!

Os dois deuses tiveram seu embate, chocando todos ao redor, até mesmo os deuses. Para a surpresa de todos, Franz era o que estava mais machucado. Louise golpeou com seu cetro no tórax e imediatamente mais raios de luzes atingiram a divindade guerreira. A dor foi tanta que o deus acabou se transportando para o Olimpo, muito mais machucado que antes. Louise permaneceu na terra e olhando para os inimigos dos espartanos.

-- VOCÊS TÊM DUAS ESCOLHAS: OU LUTAM E MORREM, OU SE RENDAM E SEREI PIEDOSA COM TODOS! A ESCOLHA É DE VOCÊS!

Os coríntios se renderam e os espartanos vencem a guerra. Louise se encontrava fraca e mesmo assim voou de volta para o Olimpo. Chegando ao hall de entrada, acabou vendo uma aglomeração em torno do trono do rei dos deuses, Roger Daltrey, que retornou a tempo de verificar o que estava acontecendo.

Franz berrava a todo instante sobre sua derrota que não foi merecida. Todos os deuses o olhavam com ódio.

-- JÁ CHEGA! – Gritou Roger, causando um grande estrondo com sua voz de trovão. – Eu saio por uns instantes do Olimpo e já me causam confusão?

-- A culpa disso tudo é da pequena deusa! – Rugiu Franz, mesmo desmaiando de dor, ele apontava para a deusa recém chegada e esta não reagiu. – Ela defendeu os espartanos, mas na verdade ela ama é o rei deles! Inclusive se deitou com ele por várias noites!

Todos ficaram chocados com a revelação. Alice mais ainda. Primeiro sabia que a pequena deusa amava seu marido, o deus arqueiro e agora dormia com o rei de Esparta, seu irmão que acabou de falecer na batalha?

-- Primeiro o Gerd e agora o Jim?! – Berrava Alice, mais enciumada. -- O que mais você quer tentar tirar de mim?!

-- Eu amo Jim mais do que tudo... não desejo mais o arqueiro, só quero meu rei de volta e não esqueça, Alice! Quando eu não estava por perto, você se aproximou do deus arqueiro e ele preferiu você a mim! – Disse Louise, olhando sério para o casal.

A deusa do parto se calou. O que a pequena deusa havia dito era verdade. Fora ela a causa por separar o deus arqueiro e a pequena deusa no passado e ainda ajudou a se transformar em imortal ao conseguir o elixir dos deuses, a ambrosia. Sim, Alice devia mesmo para Louise.

-- Atualmente ele se encontra no Tártaro. – Disse Mickey.

Imediatamente, Louise se transportou para o Submundo, decidida a salvar seu amado rei espartano. No Olimpo, os outros deuses se comentavam e Franz novamente os chama atenção.

-- Vocês não farão nada? Ela vai trazer o mortal de volta!

-- Se ela o ama, só pode falar com John e Ana sobre isso. – Respondeu Roger e em seguida erguendo o deus guerreiro pelo pescoço, diz. – E você deve ficar calado! Já sofreu uma vergonhosa derrota e quer causar mais estrago? Sem falar que desaprovamos o que fez com o mortal ao despachá-lo para o Inferno.

Roger larga Franz no e todos os deuses se retiraram, menos o deus da guerra e Odile. Ela o olhava com pena e depois o levou para o quarto, cuidando de seus ferimentos.

-- Eu cuido de você, meu amor. – Disse Odile, ao passar o pano fino úmido na testa ensangüentada de Franz.

Ele não disse nada, apenas se encontrava furioso demais e não queria aborrecer sua amada deusa do amor com isso.

Ao chegar ao Submundo, Louise encontrou Caronte, o barqueiro, esperando pelo próximo passageiro.  Se aproximou da figura de preto e este estendia a mão aberta, exigindo a taxa de embarque. Num passe de mágica, Louise estendeu três moedas de ouro e a entidade aceitou. A deusa embarcou na gôndola gigante e juntos rumaram para o outro lado, onde se encontrava o castelo de John e Ana Entwistle, rei e rainha do Tártaro.

A gôndola consegue chegar a margem e Louise desembarca, seguindo o caminho ao castelo. Chegando na gigantesca porta, encontra Cerberus, o cão de três cabeças, guardião do inferno. O animal rosnava para a deusa e se encontrava pronto para o ataque. Louise não fez nada, apenas encarou cada uma das três cabeças por cinco minutos e eles pararam. Simplesmente se acalmaram, lambiam a mão carinhosa da deusa e permitiram sua entrada.

Ela entrou no castelo e percebeu que não havia ninguém ali. Nenhum servo a vista e sequer algum membro do poderoso exército infernal. Caminhou por todo castelo até subir as escadas e chegar ao corredor dos quartos. No primeiro deles ouviu uma série de gemidos e palavras proferidas.

-- Ooohh.. meu amor... mais, por favor... quero ser sua...

Louise abriu a porta do quarto escarlate e deparou-se com uma cena meio perturbadora e íntima. Os soberanos estavam fazendo amor de forma intensa e tresloucada. John se encontrava por cima da amada e suas asas negras ganhavam um tamanho maior. Louise exclamou, chamando atenção dos deuses.

-- OH MINHA NOSSA! – John se assustou com a presença da pequena deusa.

-- Tudo bem, eu me retiro e espero vocês... na sala do trono.

Louise esperou no hall de entrada e logo apareceram os deuses no trono, mais apresentáveis. O casal também se impressionou com a aparência da pequena deusa. Armada com o escudo poderoso, um cetro de aço e a armadura destroçada e com ferimentos no corpo.

-- Peço desculpas por estar ausente, essa hora do dia ou da noite, nunca sei o qual é, é um pouco parado.  – John se desculpava pelo flagra, um tanto constrangido.

-- Meu amado senhor perde a noção do tempo quando eu estou aqui. – Comentou Ana, beijando o marido e voltando sua atenção a pequena deusa. -- Enfim, o que trazes sua adorável visita aqui?

-- Meus senhores, houve uma guerra entre espartanos e tebanos nos últimos dias e...

Louise praticamente contara toda sua história com James Stone, desde a batalha contra Tebas, até o dia que se apaixonou pelo rei e depois a guerra contra Corinto, resultando em sua morte nas mãos de Franz, o deus da guerra.

-- Tudo que peço é que devolvam a vida dele. – Ela estava ajoelhada, chorando.
Ana se compadecia pela tristeza da deusa. Afinal, ela e Louise são grandes amigas de muito tempo. John caminhou até a pira, onde tirou uma pequena fumaça cinzenta. Era a alma de Jim.

-- Está bem. Iremos devolver a vida do mortal. – Respondeu.

-- Contudo, terá duas condições. – Ana se aproximava da deusa.

-- O que estiver ao meu alcance eu vou cumprir. – Respondeu Louise, determinada.

-- A primeira condição é que nos entregue seu escudo. – Ordenou Entwistle, com os olhos brilhando no artefato. – Ele de fato, é uma obra prima feito por Niki.

Louise retirou o escudo do braço e entregou para Ana. Apenas segurando seu cetro.

-- A segunda condição é a vida de outro mortal. E será do meu irmão, Christopher.

A pequena deusa se chocou com o pedido. No passado amou Christopher Romanov, um guerreiro ateniense poderoso por quem foi apaixonada. Desse amor intenso e louco, ela gerou um fruto...

-- Mas... Por que o Christopher? – Indagava a deusa, quase em pânico. – Eu não... posso fazer isso.

-- Terá de trazê-lo aqui ou então não terá seu rei de volta. – Ana deixou Louise mais em pânico.

-- Tem até o amanhecer para nos trazer Christopher... Ou diga adeus para James. – Disse Enty.

Louise desapareceu e retornou ao Olimpo. Retirou a armadura e guardou o cetro. Ela se banhou nas fontes olimpianas e voltou para quarto, se vestindo e chorando. No outro dia não conseguia se alimentar. Era óbvio na visão de todos que ela estava bastante abalada. Seja lá o que Enty e Ana haviam pedido a deusa, certamente desagradou muito.

Enquanto via o filho brincando com Nicole, Louise pensava num método de fazer Christopher de ir com ela para o Tártaro, de preferência morto. Neste momento Alice surge de perto dela e se senta no jardim.

-- Eu queria pedir desculpas por ter dito aquilo, sobre você em relação ao meu irmão e... – Ela vacilou um pouco nas palavras, mas logo continuou. – Sobre o Gerd. Se eu soubesse que ele estava com você, eu...

-- Você não faria nada! – Interrompeu a deusa. – A minha relação com o deus arqueiro estava mesmo abalada. Na verdade, eu queria te transformar numa ursa e deixar que fosse abatida por algum caçador. Eu não fiz. E sabe por quê? Eu gosto do Gerd, como amigo, como amante, como deus. E também gosto de você.

Alice se chocou com a revelação de Louise e ao mesmo tempo impressionada com sua honestidade. Sempre soube que ela ainda tinha um sentimento de reconsideração por seu marido, mas não esperava que ela também se importasse com ela.

-- Bem... existe algo para salvar meu irmão? – Indagou a deusa do parto, sabendo que a pequena deusa estava disposta a tudo para resgatar Jim.

-- Sim. – Respondeu, segurando as lágrimas. – Enty e Ana me impuseram duas condições. Uma era de entregar aquele escudo que usei na luta contra Franz. Eu entreguei. A segunda...

Louise começou a chorar e Alice a consolou.

-- A segunda condição... é tirar a vida de outra pessoa. O irmão de Ana, Christopher Romanov.

-- Não! – Exclamou Alice. – Louise, não faça isso.

-- Eu não quero! Não é de minha natureza tirar a vida de outro. E preciso de sua ajuda nesta empreitada.

-- Não vou te ajudar a tirar a vida de outra pessoa, mas de algum outro modo de levar ele para o Tártaro, eu ajudo.

Num movimento com as mãos, Alice faz surgir um recipiente contendo uma quantidade de ervas.

-- Esta erva, eu uso para as mulheres não sentirem tantas dores no parto. – Mostrou a deusa. – Com essa quantia, vai deixá-lo desacordado e você pode levá-lo para o Tártaro.

Louise pegou o recipiente e agradeceu Alice, abraçando a deusa.

Elas passaram o resto da manhã e tarde planejando tudo o que será preciso para enviar Chris ao Submundo sem matar. A deusa do parto preparou o chá com todo cuidado e quando ficou pronto, já era noite, faltando duas horas para fechar o dia.

Louise desceu na terra, mais propensamente em sua amada cidade, Atenas. Avistou Christopher, treinando a noite no campo e sem roupa para melhor movimento e flexibilidade. Mesmo amando Jim, a pequena deusa suspirou, lembrando de quando foi amada pelo mortal e mesmo passado algum tempo, sentia os mesmos sentimentos e desejos insanos por ele.  Ela se aproximou dele.

-- Christopher.

Ele parou de treinar e se virou, dando de cara com ela. Sua amada deusa da sabedoria, que tanto o protegeu e o amou ardentemente.

-- Pequena deusa!

Ele a abraçou forte e roubou um beijo quente, provocando um prazer intenso em ambos. Chris a carregou para sua casa e a levou para o quarto. Quando se preparava para tocá-la, Louise o impediu.

-- Meu amor, que tal tomarmos um chá?

-- Está bem. – Concordou Chris, sorrindo e se deitando.

Louise fingiu preparar um chá. Na verdade num passe de mágica, ela fez aparecer à bebida preparada por Alice e depois ofereceu para o amado, que bebeu calmamente.

-- Me perdoa, meu guerreiro... – Lamentou a deusa.

Chris não entendeu aquelas palavras e quando ia dizer algo, sentiu uma espécie de fraqueza lhe abater e a imagem da pequena deusa ficar disforme e tudo ao redor girar.

-- Pequena... deusa... me... ajude...—Disse o mortal antes de desmaiar na cama.

Louise chorou e mesmo assim carregou o amado para a caverna sombria, um dos caminhos mais rápidos a se chegar ao Submundo. Chegando lá, alcançou a margem do rio Aqueronte e lá estava o barqueiro. Louise depositou com cuidado o corpo do amado na gôndola gigante e depois embarcou. Mais uma vez pagou a taxa de travessia e minutos depois chegou à outra margem, seguindo caminhando até o castelo e carregando em seus braços Christopher.

No castelo, Enty e Ana se encontravam preocupados. Eles sabiam que a deusa não teria coragem de matar outra pessoa, pela vida  de outra mas se tratando de Jim Stone... Tudo era possível.

Eles pararam de se perguntarem isso quando avistaram a pequena deusa, adentrando o hall e colocando o corpo do irmão da rainha, diante dos pés deles.

Ana se levantou de seu trono e correu até o corpo do irmão e berrou.

-- VOCÊ... VOCÊ MATOU MEU IRMÃO?

-- Não! Eu não seria capaz de uma coisa dessas. – Respondeu Louise, séria.

John também saiu de seu trono e olhou com cuidado para o cunhado. Resolveu certificar se não estava mesmo morto e tocou o peito dele, acordando o mortal. Ana se emociona e abraça seu irmão, que estava tão chocado por tudo que estava acontecendo e encarou a pequena deusa.

-- Você me matou?

--  Eu nunca faria isso, ainda mais com você. – Afagando o rosto do guerreiro ateniense.

-- Então por que estou aqui?

A deusa se preparava para responder quando Enty se intrometeu, sorrindo para ela.

-- Você cumpriu com o combinado. Agora poderá ter a vida de seu espartano de volta.

O rei do Submundo caminhou até a pira onde retirou dali a alma de Jim Stone e a coloca no chão, evaporando, dando o surgimento do rei de Esparta, vivo.

Louise se emociona e corre para os braços dele, deixando Chris bastante perplexo.

-- Jim! – Ela o beija com paixão. – Enfim eu consegui te trazer, meu amor.

-- Pequena deusa, serei eternamente grato a você! – Disse o rei, bastante agradecido.

Enfurecido, Chris se levanta e saca a espada, apontando para o rei.

-- VOCÊ ROUBOU A PEQUENA DEUSA DE MIM, JAMES!

Jim também retira a espada da bainha e se prepara para lutar contra Chris.

-- Não! Chris, Jim, parem, por favor! – Pedia Louise, chorando.

Não adiantou. Os dois guerreiros lutaram, com suas espadas colidindo uma com a outra, decididos a acabarem com isso e ver quem seria agraciado pela divindade. Os esqueletos servos de Enty apartaram aquela briga, separando o rei e o guerreiro.

-- Não haverá disputas aqui no meu castelo! – Ordenou Enty.

-- Mas John... – Chris tentou dizer algo.

Louise e Jim foram embora do Submundo e Ana consolou seu irmão, que chorava decepcionado por perder sua amada para seu amigo, o rei de Esparta.

-- Eu achei que ela me amava... – Chorava Chris no ombro da irmã. – Eu fiz tudo por ela, até neguei o amor de Odile por ela.

-- Agora terá de lutar por seu filho. – Disse Ana.

-- Filho? Que filho?

-- O filho que a pequena deusa tem no Olímpo... Ele é seu. Você o gerou quando se deitou com ela.

Christopher imediatamente se lembrou da noite de amor apaixonada com Louise. Onde ela apareceu usando somente a pele de tigre que ele a presenteou e depois ficara nua para ele no quarto e fizeram amor sob a luz do luar numa noite quente de Atenas. Se aquela afirmação for verdade... Chris sentiu uma onda de alegria, ao saber da existência desse filho.

Quando Jim retornou, todos da cidade e do castelo ovacionaram com a ressurreição do seu rei e ainda celebraram mais ainda em honra a deusa Palas Louise, enchendo-a de agradecimentos.

À noite, a pequena deusa e o rei se entregaram ao prazer carnal tão sôfrega e cheia de vontade. O rei adormeceu e a pequena deusa sofreu de insônia. Ela pensava em Christopher e seu rosto de decepção. Jamais queria magoá-lo e precisava de um modo de falar com ele.

Na mesma noite no Submundo os pais de Ana se reuniram no Tártaro para saber a respeito do filho e principalmente do neto que eles desconheciam...
Quando amanheceu, Louise retornou a tempo para o Olímpo. Ela tomou uma decisão ali. Antes de falar com Tommy, ela sente umas dores no ventre.

-- Será que...? – Se questionou Louise, na possibilidade de estar grávida do rei espartano.

Ignorou isso e chamou o filho para perto e conversaram no jardim. O pequenino brincava de guerra sozinho, lutando contra monstros imaginários até ser chamado pela mãe.

-- O que foi, mamãe? – Abraçando a deusa-mãe.

-- Eu preciso contar algo que venho adiando. É sobre seu nascimento. Desde que nasceu, disse a todos que você não tem um pai, embora pensem que você é meu filho com o deus arqueiro.
                    
-- E não sou? – Perguntou o menino, sorrindo com essa possibilidade. Desde pequeno, tinha Gerd como figura paterna.

-- Não é. Tommy, você é meu filho... com Christopher Romanov, o filho da deusa Tatiana.  Ele é seu pai.

O rosto do filho mudou com a revelação e neste momento surge Tatiana, ouvindo tudo.

-- Então é verdade! – Exclamou a velha deusa, exultante. – Tommy é meu neto, filho do Chris!

-- Não, mãe! – Berrou o menino. – Meu pai é o deus arqueiro. O deus arqueiro!

Neste momento, o deus ouviu tudo e compadeceu do menino. Desde que Tommy nasceu, se afeiçoou a ele e quase toda vida ficou ao lado do menino, como um verdadeiro pai e inclusive ensinou a criança a praticar desde cedo o arco e flecha e o sentido da música. E agora confirmar mesmo que não é pai, era doloroso.

-- Gerd, por favor, diz para minha mãe que ela está enganada! – Abraçava Thomas. – Você é meu pai!

-- Thomas, eu queria muito ser seu pai. – Dizia Gerd segurando o menino. – Infelizmente sua mãe está falando a verdade. Seu pai... É um mortal. Ele é muito forte e você pode aprender com ele. E também posso ser seu amigo, nunca irei te abandonar!

Ali mesmo os dois se abraçaram mais, de forma paternal. O menino semideus caminhou até a mãe e disse.

-- Eu quero conhecer meu pai.

Minutos depois, a deusa e o filho chegaram ao Tártaro, sendo recebidos por Enty e Ana. A rainha se impressionou com a semelhança do menino com Christopher. Apenas a cor dos olhos é que denunciava ser da mãe dele, que possui olhos azuis. Neste momento, Chris aparece junto com o pai e avista o pequenino. Tommy estava assustado demais.

-- Venha aqui, meu pequeno. – Chris abria os braços para receber o menino. – Não tenha medo, aqui é assustador, mas não tem problema.

Tommy chorou emocionado e correu para receber seu pai verdadeiro. Ali mesmo Tatiana e Alexei também se emocionaram. Ana e Enty acabaram por permitir que Christopher voltasse para a terra junto com os pais e o filho. No Olimpo, Louise chorava e ao mesmo tempo colocava a mão em seu ventre. Ela sabia bem que estava carregando uma vida outra vez. Neste momento Tatiana trouxe Tommy, que abraçou a mãe.

-- Vou levar meu neto comigo. – Avisou a deusa. – Ele será treinado pelo meu filho e meu marido.

-- Não! – Protegendo Tommy. – Você não vai levar meu menino!

-- Acho que não entendeu, pequena deusa. Se Roger descobre sobre Tommy, obviamente irá mandar que despache a criança para os mortais. E antes que faça isso, devo levar o menino.

-- Já disse que Tommy não irá a lugar nenhum!

-- Mas eu quero, mãe! – Disse o menino. – Quero ser forte, como meu pai.

Louise percebeu a sinceridade do garoto e novamente chorou.

-- Se esta for sua vontade, não irei me opor. Só peço que não se esqueça de sua mãe.

-- Nunca me esquecerei de você, mamãe! – Respondeu Tommy, sorrindo.

Tommy seguiu com a avó para voltar na terra e antes de ir embora, encontrou sua amiguinha, Nicole.

-- Não vai embora, Tommy. – Pedia a menina, com os olhos banhados em lágrimas.

-- Eu vou voltar... por você. – Por fim Tommy beijou na bochecha da amiguinha.

A deusa da agricultura e o garoto desapareceram e Nicole olhou para a terra.

-- Eu te amo pra sempre, Thomas.

Aquele dia serviu para aumentar a saudade do filho. Vários dias se passaram e Louise sofria com isso e ainda com os sintomas de sua gravidez. Apenas Alice e Odile sabiam disso. Certo dia, Roger resolveu caminhar no jardim e sem querer ouviu Nicole, que brincava com a mãe, dizer algo.

--Tia Louise vai ganhar outro bebê, mãe. – Dizia a pequena, manifestando seus poderes de oráculo, herdados do pai.

Roger ficou surpreendido. Então tudo que Franz havia dito era verdade. Agora precisava tirar satisfações com a pequena deusa. Na sala do trono, ele chamou seu mensageiro.

-- Michael!

O mensageiro dos deuses apareceu rapidamente em suas sandálias douradas com asas.

-- O que deseja, grande Roger?
-- Onde está Louise?

-- Na arena, treinando sozinha.

-- Traga a deusa pra cá!

Minutos depois, Louise adentra a sala, segurando uma espada.

-- O que foi que eu fiz? – Ignorando qualquer suspeita dos motivos de ter uma audiência privada com o rei do Olimpo.

Roger se aproxima da deusa e toca o ventre dela. Ali mesmo viu a pequena vida surgir, um menino pra ser mais exato.

-- Grávida outra vez, Louise?

A deusa não respondeu, deixando claro a resposta da pergunta feita.

-- Sabe que não pode ficar com seu filho aqui. Semideuses devem permanecer com o pai ou a mãe mortal ou com  outra pessoa!

-- Sendo assim, deixe a irmã mortal de Odile – Encarando Roger, furiosa. – E pare de fingir que é o sacerdote com quem ela é casada!

Agora era a vez de Roger encarar a pequena deusa, mais enfurecido.

-- Como ousa dizer isso sobre sua futura rainha?

-- Rainha? – Inquiriu. – Que história é essa? O que fez desta vez?

-- Bem... – Ele caminhou até a janela, olhando para as nuvens. – Tomei a decisão de ter uma rainha e escolhi ela. Transformarei esta noite.

-- E o sacerdote? Ele certamente vai orar pro Gerd e tenha certeza que não vai ser negada!

Mesmo sob essa advertência, Roger seguiu com sua decisão. Enquanto Marie dormia, ele a faz beber um pouco. O bastante para deixar a mortalidade e viver como uma deusa.

Quinze dias depois, Marie se torna rainha do Olimpo e muito feliz com Roger. Contudo, seu marido mortal, Graham Bond, não havia desistido. No templo de Gerd, localizado em Delfos, fez sua oração pedindo que Marie seja devolvida. Foi se uma semana de oferendas e rezas. Até que Gerd se manifestou e iniciou um conflito com rei dos deuses.

Nenhum comentário:

Postar um comentário