-- Você me ajudou com Ana
uma vez... Agora é minha vez de ajudá-lo e Odile.
-- Obrigado, Igor. –
Agradeceu. – Eu não sei o que fazer... Até ontem briguei feio com ela e a noite
no quarto fiz sexo. Me pergunto se isso é normal.
-- Eu e Joanna somos
exatamente desse jeito, meu bom homem. Uma vez Dimitri quebrou o carro dela, fazendo
essas coisas que os jovens ocidentais fazem, de modificar o carro e correr a
mil por hora. Nós brigamos muito, disse a ela que o menino deveria ter sido
criado pra não fazer essas coisas. Discutimos tanto que nos agarramos e
fizermos amor em todos os cantos possíveis da casa. Ela é casada e eu também,
mas sempre que posso me enrosco nela. O que estou tentando dizer é se você
acumular todo esse ódio e descontar nela e nos outros, você vai morrer e todos
vamos chorar. Você precisa se unir a sua
senhora para terem forças pra enfrentar esse momento difícil e se apegarem a
aquilo que vocês acreditam, pra tirar Jacques dessa situação. – Disse Igor.
-- Sim... Eu preciso disso
e muito.
-- Não digo Deus, pois sou
comunista, mas a última família imperial que é santa, eles podem ajudar vocês e
ontem, Oleg orou para eles.
-- O que quer dizer, Igor?
-- Mesmo que ninguém aqui
nessa casa reze muito, vi Oleg rezando para uma foto do Czar, pedindo pro
Jacques continuar vivo, porque seu filho é a razão da vida do meu enteado.
Mickey tinha de reconhecer
isso. Desde o nascimento, parecia que Jacques e Oleg eram muito unidos, como
Max Breitner e Thomas Müller. Mesmo sendo jovens, a ligação deles era mágica.
-- E quanto a Noel? –
Indagou Mickey. – Igor, eu sei que você sabia disso. Após meu filho ter
terminado, Oleg se entregou a Noel mesmo por pouco tempo.
-- Oleg é movido pelo
desejo. Ele está colhendo aquilo que plantou por ter ficado com o jovem alemão.
Mas dê um tempo pro jovem herdeiro do trono alemão, ele tem que cair em si
sobre o que fez, como em Crime e Castigo, quando perceber que cometeu um erro,
terá o seu castigo e sua redenção.
Ao que parece não seria
fácil...
Noel chorava de dores.
Aparentemente ele não tinha nenhuma dor física e sim psicológica. Se culpava
por tudo que aconteceu. Seus pais se beijando na frente de Mickey e de seus
irmãos, a revolta de seu irmão mais novo, ter provocado o ciúme através de Oleg
e por fim o acidente. Se Jacques chega a morrer, a culpa recairia sobre ele.
-- O que foi que eu fiz? –
Chorava Noel, desgrenhando o cabelo e suando de febre.
Ele dizia repetidas vezes
e ignorava os pedidos de suas irmãs, Josy e Charlie, pra abrirem a porta.
-- Ele se recusa. – Josy
não sabia mais o que fazer.
-- Vamos chamar o filho da
puta do pai dele! – Charlie discava o número do pai de Noel. – Alô, herr
Beckenbauer? Aqui é a Charlie. Pode vir aqui em casa?
Cerca de uma hora depois,
Franz apareceu na casa de Odile e abriu a porta do quarto de seu filho,
encontrando-o em desleixo total.
-- Jacques tinha razão. –
Dizia Noel, com os olhos arregalados, com olheiras, suando frio e abraçando a
si mesmo, sentado na cama. – Você ferrou com papa Mickey e eu fiz o mesmo com
Jacques.
-- Aquilo foi um erro meu.
– Admitiu Franz, abraçando o filho. – Filho, olha pra mim. O que foi feito, já
passou. Esqueça isso. Todos erramos em muitas coisas. Eu errei com sua mãe algumas vezes e reconheço que aquele
galês maluco disse é verdade. Eu sou um covarde.
-- Mas pai... – Noel
soluçava e chorava mais. – Olha o que fiz com Jacques.
-- Filho, sei que está
preocupado com seu irmão mais novo, mas se remoer não vai ajudar em nada. Você tem que ter
força pra ajudar sua mãe. Ela precisa de nós mais do que tudo agora.
Graças às palavras do pai,
Noel saiu do quarto. Tomou um banho, se vestiu enquanto suas irmãs limpavam e
arrumavam o quarto dele. Charlie neste momento se entristeceu. Josy a consolou.
-- Tudo vai ficar bem,
mana. – Dizia Josephine. – Não chora mais.
-- Eu desejei que Jacques
morresse. Mas foi sem querer. E pra piorar... Eu traí o Ben. – Confessou
Charlie, limpando as lágrimas.
-- Como é? Mas por quê? O
que o Ben te fez?
-- Nada.
-- Como assim nada?
Charlotte, explique isso! Se o Ben não te fez nada pra merecer essa traição,
então o que é? Você não o ama?
-- É claro que amo...
Mas... Meu pai não aprova o Ben.
Charlie explicou para Josy
sobre seu namoro com Ben e antes dele, namorou Bobby Banks, filho do ex-goleiro
inglês Gordon Banks e depois conheceu Harry Hughes, o produtor e amigo de Odile
e Lulu e continuou com ele, mesmo estando com Ben. Josephine estava furiosa e
ao mesmo tempo com pena da irmã.
-- Ouça bem. Você, neste
momento, vai falar com Ben e contar toda a verdade. – Mandou a irmã. – Se não
contar, eu vou e vai ser através do Tommy ou do próprio Ben!
-- Me deixe pensar sobre
isso. – Pediu Charlie.
Mais alguns dias se
passaram e Mickey cada vez estava mais angustiado e Odile também. Na verdade o
psiquiatra pressionava a si mesmo. Não pensava mais em divórcio, não enquanto
Jacques apresentar um quadro clínico de melhora. Algo que não acontecia. Duas
semanas se foram desde o dia do acidente e o filho deles tendia a piorar.
Jacques já havia sofrido quatro paradas cardíacas, sendo duas delas ele quase
morreu. E num dia de visita, os pais do menino estavam no quarto. Odile chorou
e segurou a mão de Mickey.
-- Estou com medo,
Michael...
Ele não respondeu. Não
tinha palavras para confortar Odile. Tanto ele quanto ela sofriam demais e além
do mais, Mickey apresentava problemas no coração.
-- Michael... – insistiu
Odile.
-- O que? – perguntou numa
voz quase falhando. – Não tenho palavras. Estou sofrendo, Odile. Meu coração
dói por ver meu filho assim, dói por te perder novamente pro Franz e dói por
que... Por que...
Ele ofegou e apertou o
peito com a mão.
-- Michael?Respira!Respira!
– Odile também colocou sua mão no peito do marido. --Você não vai me perder!
Michael por favor, respira. Não vou deixar você! Ficarei ao seu lado o tempo
todo.
-- Odile, eu...
Mickey desmaiou.
O que é o amor? Quando se perde mesmo
sem merecer?
Somos capazes de tudo... Até mesmo
desafiar os nossos limites. E neste meio, nós podemos... perdoar?
Michael!!! Mon Amour...
Mickey... Meu galês.... não morra! Não quero te
perder de novo!
Pai? Pai! Pai, acorde! ACORDA!
Mickey! MICKEY!
Ele despertou com o corpo
recebendo uma boa descarga elétrica do desfibrilador que Mary Amy usou do
hospital.
-- Meu deus... – Mickey
olhava ao redor e estavam ali Odile, Joj Smith e Nora e sua filha mais velha,
Mary Amélia. – Onde estou?
-- Calma, pai! – a filha
salvou a vida do pai e procurava evitar o choro. – Você teve uma parada
cardíaca. Foi fatal mas cheguei a tempo e os médicos daqui são meus amigos.
Odile abraçou o marido.
-- Tive medo de perder
você também. Já não basta o Jacques agora você... Eu não vou suportar.
Ali mesmo Nora soube e
entendeu bem que mesmo que amasse Mickey com todas as forças, não poderiam
ficar juntos. No passado Nora e Mickey quase se casaram mas no final o galês
recusou alegando que amava Odile. Essa recusa foi muito bem aceita. Neste
momento, um jovem de cabelo preto, olhos castanhos semelhantes de Odile mas um
pouco da mistura do casal surgiu na porta, ofegante. Este jovem é Luke McGold,
o filho mais novo de Michael e Odile.
-- Pai! – abraçou o
menino. – A tia Nora me ligou há três dias e só ontem consegui chegar a
Londres. Estou na casa do Nicholas. O que houve com Jacques?
-- Acidente de carro. –
respondeu o pai. – Ele vai ficar bem.
E na casa de Ana, não se
acontecia aparentemente nada. Oleg se trancou no quarto, rezando em russo
diante da foto do antigo Czar russo, Nicolau, pela vida de Jacques e sob as
velas acessas.
-- YA proshu vas. Ne
prinimayte moyu lyubov' ot menya . Eto chast' moyey dushi yavlyayetsya
nedostayushchim chast' menya , i ya ne mogu yego poteryat'. Yesli ty praveden ,
tak kak on byl so svoim narodom , tozhe dlya menya . Sdelat' moy lyubimyy Zhak
zhit'. Zalechit' rany! (Eu lhe peço. Não tire o meu amor de mim. Ele faz parte
de minha alma, é a peça que me faltava e não posso perdê-lo. Se o senhor é
justo, como foi com seu povo, seja também para mim. Faça meu amado Jacques
viver. Cure-o das feridas!)
Igor ouviu toda oração e compadeceu do menino.
Agora só restava esperar...
Neste momento Mickey e Odile conversavam com o
médico, Dr. Gary Stearns.
-- Sei o quanto estejam preocupados com a
recuperação lenta de Jacques. Mas agora o único jeito é a transfusão de sangue.
-- Neste caso, eu vou doar. – prontificou-se
Mickey, determinado.
-- Lamento, Mr. McGold. O senhor não tem
condições. Ainda mais que sofreu poucos minutos uma parada cardíaca.
-- Eu vou doar... – Noel apareceu no hospital,
acompanhado do pai e de Charlie e Josy. – É o mínimo que devo fazer por...
-- Sacanear meu irmão? – Luke cortou ali. O irmão
mais novo sabia de toda história. – Até parece! Jacques não aceitaria. Doutor,
eu mesmo vou doar.
-- Não, Lucas! – deteve a mãe. – Você é menor de
idade.
-- Então me autorize, mãe! – pediu Luke. – Pai,
por favor! Eu agüento.
-- Até parece! – ironizou Mary Amy. – Lucas, você
nem agüenta ver uma gota de sangue e já desmaia, que dirá doar pro Jacques?
-- Ela tem razão. – concordou Odile e em seguida
autorizando Noel. – Noel vai doar.
Luke pensou em retrucar mas devido ao estado
frágil do pai, decidiu não se opor em nada contudo, teve medo de Jacques.
Noel já estava de jejum de seis horas seguiu para
a sala de doação de sangue. Enquanto o sangue era colocado numa bolsa especial
pelo tubo, o filho de Franz Beckenbauer pensou sobre tudo até Mickey surgir na
sala, sentando ao lado do jovem.
-- Eu tive vontade de xingar você. – disse
Mickey. – Socar você, te humilhar na rua se for preciso. Mas daí lembrei que
você não é meu filho.
Noel ouvia tudo atentamente, evitando a vontade
de chorar.
-- De todos os filhos da Odile, você era o que
mais tive pena, Noel. Porque eu o via muito triste, mesmo com as visitas de seu
pai e suas idas para Alemanha aos fins de semana. Lembro uma vez você ter
chegado em casa, muito... assustado. Tentei perguntar pra você e não tinha
resposta. Nem Odile sabia. Bastou me aproximar e você me contou que foi seu
irmão, Stefan, que te batia, te humilhava na frente dos outros meninos e dos
irmãos dele. E seu pai não acreditava.
Mickey pausou por conta da enfermeira que
verificava se a bolsa de sangue estava preenchida e os sinais vitais de Noel.
Ela se retirou.
-- Naquele dia eu conversei com seu pai. Ouvi
cada desaforo dele... Fui acusado até de tirar você de perto dele. E faria
mesmo se não tivesse dito para ele ficar de olho em você. E o que aconteceu
depois?
-- Papai viu o Stefan me batendo. Eu não fiz
nada. – chorou. – Stefan sempre dizia pra ele que eu era o culpado. Sempre levo
culpa. Naquele dia... Eu não levei. Stefan apanhou e ainda Brigitte me xingou.
Papai me defendeu. Depois disso não aconteceu mais.
Meia hora depois Noel saiu da sala, carregado por
Mickey e ficando na sala de espera. Comeu um pouco de doces e bebeu iogurte
para recuperar-se da perda de sangue.
-- Você cuidou de mim e de todos nós como se você
fosse nosso pai. – fitando os olhos de Mickey. – Não me esqueço do que fez por
nós, papa Mickey. Peço perdão por prejudicar Jacques. Eu não sou Caim pra matar
Abel. Eu... Eu não queria ter feito isso com ele. Você me acolheu como seu
filho e sou muito grato por isso. Você se tornou meu pai também. Sei que falhei
ao apoiar meu verdadeiro pai a conquistar minha mãe pelo simples fato de um dia
querer meus pais juntos mas eu percebi, ela merece você, papa Mickey.
Mickey abraçou Noel, emocionado e de longe eram
observados por Franz.
Minutos depois Jacques já recebia em suas veias o
sangue de seu meio irmão e apresentava o quadro clinico de melhora com
estimativa muito boa.
Neste momento Franz e Mickey ficaram cara a cara.
-- Eu repreendi Noel no dia que Jacques esteve na
casa da Odile. – disse o ex-jogador. – E o forcei a ir falar com a mãe dele a
verdade e pra você. Michael... eu também peço perdão.
Mickey não disse nada.
-- Sei que a última coisa que queria é me ouvir,
mas digo que não quero destruir o que você e Odile construíram juntos. A vida
que... eu... queria com ela. Demorei para reconhecer isso. Ela te ama, de
verdade.
-- Eu aceito seu perdão, Franz. – respondeu, um
pouco soturno. – E respeito que ainda a ame. Não sou carrasco de ninguém. E
muito menos inimigo. Mas me tornarei um se outra vez decepcionar Odile.
As palavras de Mickey surtiram um bom efeito e
Franz aceitou.
Oleg estava na janela, com lágrimas nos olhos e
neste momento, sua mãe e Nicolai, seu irmão mais velho, entraram no quarto.
-- Chorar não vai adiantar. – Nicolai pegava a
mochila do mais novo. – Vem, temos de ir ao hospital.
-- Mamãe não permite. – respondeu Oleg, sem mudar
o rumo.
-- Agora estou. – disse Ana, abraçando o filho. –
E Jacques está se recuperando bem. Vai, meu filho.
Oleg não esperou mais. Ele chegou e já seguiu
para o quarto do amado. Temeu um pouco se Nicholas estivesse ali. Entrou mesmo
assim. Encontrou Jacques ainda dormindo.
-- Jacques... Você pode me ouvir? – Oleg
sentou-se na cadeira, perto da cama dele e afagou sua mão. – Se ainda me ouve,
quero que me perdoe. Eu errei em tudo com você. E mesmo assim não deixei de te
amar, por que... Somos almas gêmeas, meu Louis Garrel.
Jacques não manifestou nada, sequer mexeu o dedo.
Apenas respirava. Oleg se lembrou de algo. Quando crianças, o apelido dado para
o amigo era de “Jude”, por conta da música dos Beatles.
-- Hey, Jude, don't make it bad. Take a sad
song and make it better. Remember to let her into your heart. Then you can
start to make it better.
Oleg cantou um pouco o primeiro verso e aí ele
sentiu a mão forte e grande de Jacques apertar a sua e ao mesmo tempo viu os
olhos do amado se abrirem.
-- Jacques... – Oleg se emocionou.
-- Ninguém... me chama de Jude... desde o...
primário. – Sorriu Jacques, sonolento e sorrindo para Oleg.
-- Você... Me perdoa?
Neste momento uma lágrima escorreu dos olhos
castanhos de Jacques.
-- Sim... Eu te amo...Oleg.
-- Meu amor!
Mickey e Odile só admiravam na porta o quão lindo
era o amor dos dois meninos. Ali mesmo o pai notou as enormes semelhanças do
romance de Oleg e Jacques com de Alexei Romanov, o pai de Anastacia com Anthony
McGold. Neste momento Ana e Igor também olharam a cena tão lindo emotiva dos
jovens se beijando com paixão e a saudade acumulada.
-- Eles se merecem, Mickey. – comentou Ana. –
Tanto quanto nossos pais.
-- Você também notou? – perguntou o psiquiatra.
Ana tirou da bolsa um diário trancado com cadeado
de números que era de seu pai.
-- O código são três números primos...
O casal convidou Odile para um café e Mickey
destrancou o diário. Quando Ana retornou, Mickey olhava para a parede.
-- Conseguiu?
-- Está em russo. – entregando para Ana. – Você
deve entender melhor do que eu.
-- Eu leio pra você.
19 de dezembro de 1951 – Leningrado
Anthony e eu conseguimos chegar à cidade. O problema era andar juntos
sem despertar atenção. Para minha sorte Tony é um excelente ator. Se vestiu e
agiu como um verdadeiro turista inglês. Pela manhã visitamos o túmulo de
Dimitri. Eu sei que aqueles desgraçados estão mortos e Thomas Jones cumpriu com
sua parte. Depois disso segui para o Kremlin e só me reencontrei com Tony no
hotel. Ele me questionou sobre isso e contei a verdade sobre a coleta do meu
DNA e confirmar se sou mesmo um descendente da família real russa. Ele não
acreditou muito e compreendi. Tony me conhecia como um homem politizado e já
ter visto a luta de perto.
-- Se eu fosse ainda do império, você seria meu servo. – disse encarando
aqueles olhos encantadores.
Fizemos amor naquela noite. Não tenho dúvidas o quanto Anthony me faz
bem. Que nosso amor perpetue até o fim de nossos dias na terra...
Terminado de ler, Ana trancou o diario e Mickey sorriu, sentindo o braço de Odile no
pescoço.
-- O que houve, amor?
Ele afagou o rosto de Odile.
-- Mon amour... – e a beijou longamente.
No sábado Jacques ganhou alta mas antes conversou
com Noel e o pai dele, pedindo perdão pelas ofensas aos dois e também para mãe.
-- Lembre-se, Jacques. – recomendou o médico. –
Precisa fazer fisioterapia semanal para recuperar os movimentos das pernas. Por
enquanto não deve descartar as muletas.
-- Sim, senhor.
Atrás do médico, Oleg trazia a cadeira de rodas.
-- A partir de agora, eu vou cuidar de você.
O menino russo ajudou o amado sentar na cadeira e
o conduziu para fora do hospital. Nicolai transportou os dois no carro e
seguiram para a casa dos pais de Jacques. Entrando na sala, os meninos
depararam-se com uma verdadeira tempestade. Roupas espalhadas no chão.
-- Aconteceu algo? – indagou Jacques.
Antes de alguma resposta, ouviram uma série de
gemidos e palavras em francês.
-- Odile... Mon amour...
-- Oh, Michael...
mon amour, mon cher...
Os meninos se retiraram discretamente da casa.
-- Vamos para a casa de minha mãe. – sugeriu
Nicolai.
Chegaram há poucos minutos e no jardim estavam à
turma de amigos, a Squad Teen, alguns
colegas mais chegados do colégio e os primos de Jacques.
-- Bem vindo de volta, primo. – abraçou Karin e
Valentine, suas primas mais novas.
-- Agora sim, pessoal! Vamos comemorar! – gritou
Nicholas, feliz pelo retorno do amigo.
E falando nele, Jacques fez Oleg e Nick se
perdoarem e tudo acabou muito bem. Ao fim da festa, Oleg levou Jacques para o
sótão e fizeram amor intenso, apaixonado. Quando tudo terminou, ficaram
abraçados e Oleg chorou.
-- O que houve, mon cheri? – Jacques brincava com
os cabelos encaracolados de Oleg.
-- Pensando no que vai ser de nós, quando o ano
acabar. Vou para Oxford e você para Cardiff.
Os planos dos dois haviam sido interrompidos com
a separação dos dois meses atrás e Jacques já providenciou e enviou a
documentação necessária para a universidade de Cardiff, ao passo de Oleg que já
conseguiu vaga na Oxford e foi muito bem aceito.
-- Faremos um pacto só nosso. – disse Jacques.
O francês tirou uma caixinha preta na mochila e
abriu, mostrando um par de alianças prateadas. Segurou uma delas e colocou no
dedo anelar direito de Oleg.
-- A partir de agora, juro que pertenço a você.
Somos um só e se for preciso, enfrentaremos o mundo, Oleg John Alexei Ivan
Romanov Entwistle. Dois contra o mundo.
O russo sorriu e fez exatamente o mesmo com
Jacques.
-- Eu também juro cuidar de você. Pertenço a você
e a ninguém mais. Com você tenho coragem de enfrentar o mundo. Dois contra o
mundo, Jacques Anthony Greyhound McGold.
-- Ah mais uma coisa. – advertiu Jacques. – Se...
se... se acontecer de você sentir atração por algum... alemão ou outro rapaz,
está tudo bem.
-- Está me liberando pra ficar com quem eu quiser
em Oxford? – os olhos de Oleg se espantaram.
-- Sim. Contando que não me abandone.
-- Jamais! – beijando Jacques e o puxando para
deitar por cima dele. – E você também não me abandone. Mas pode se divertir em
Cardiff.
-- E vamos sempre nos... – Jacques masturbava
Oleg e o lambia. – Encontrar em Londres ou Paris nos feriados?
-- Todos os feriados e nos segundos fins de
semana. E claro nos aniversários e reuniões da Squad.
-- E nos aniversários da Eva? – Oleg corou e riu
um pouco.
-- Seu safado!
Continuaram a se amar no sótão, com direito a
todos ouvirem.
Dias depois Mickey e Odile viajaram para Paris e
ficaram na propriedade em Villa Nellcote. Recomeçaram seu amor com vinho, amor
e carinho. Permaneceram juntos abraçados diante da lareira.
-- Se arrepende por voltar a ficar comigo? –
perguntou Mickey, beijando a bochecha de Odile.
-- Nada. Não me arrependo de nada. Exceto de uma
coisa.
-- O que?
-- De demorar em responder sobre meus sentimentos
por você.
Trocaram outro beijo ardente.
-- Agora sabemos que nos amamos e vamos continuar
assim até que a morte nos separe.
Mickey e Odile não tinham mais dúvidas. Tudo o
que passaram naqueles meses serviram para uni-los e estreitar seus laços.
Apaixonados... como em 1967.
FIM
CENA PÓS CREDITOS DA MARVEL (1)
Charlie Netzer chorava. Embora feliz com a
recuperação de Jacques e ser perdoada por ele, ela chorava por outro motivo.
Dias antes do meio irmão ganhar alta no hospital, ela contou a verdade para
Benjamin sobre sua traição. Os dois não brigaram nem nada. Ben apenas se
retirou, indo para a casa da mãe.
Benjamin Wright se sentiu impotente e com a
cabeça cheia de perguntas. E todas relacionadas a Charlie e seu caso com Harry
Hughes. Ser trocado por Bobby Banks seria uma opção aceitável, afinal, o
guitarrista sabia bem o quanto os dois eram apaixonados. Agora ser trocado por
um homem que tem idade pra ser pai de sua amada, era inaceitável. Ben chorou,
trancado no quarto e pegou o celular, discou um número conhecido.
-- Alô?
-- Wolfgang! – soluçando. – Sou eu. Ben. Por
favor, venha aqui na casa da minha mãe. Eu preciso de você.
-- Agüenta, mein liebe. Estou chegando.
Minutos depois Wolfgang e Ben ficaram no quarto,
juntos e se consolando...
CENA PÓS CREDITOS DA MARVEL (2)
Thomas Müller vomitava naquele dia. Trancado no
banheiro, ele disparava algumas golfadas, sendo a última a mais perigosa. Ele
vomitava sangue. E não era a primeira vez. Desde o fim dos Jogos Olímpicos de
Atenas em 2004, ele sentiu que sua saúde não era mais a mesma. Em 2005 seus
reflexos estavam mais fracos. E 2006 piorou tudo. Fez exame de sangue, conforme
o Dr. Hans Schubert, médico clínico geral do Hospital de Munique e agora
entregou o resultado para ele.
-- Thomas, devo confessar que estou abismado. –
disse o médico, muito espantado. – Devido ao resultado disso, já deveria estar
na fila de transfusão de sangue ou na espera de um doador de medula óssea.
-- Como é? – o jogador não havia entendido. –
Doutor, me explica isso.
-- Vou ser mais direto. – pigarreando e encarando
o jovem. – Você está com leucemia.
A noticia caiu como uma bomba para Thomas. A
doença que uma vez matou Mary Black, sua avó materna, agora estava em seu
sangue. Ofegou demais e chorou.
-- O que faço?
-- Deve se internar o quanto antes. Colocarei
você na fila de espera com urgência para receber uma medula óssea. E a
estimativa... É que você viva sete meses.
-- Sete meses?
Ali mesmo Tommy decidiu não perder mais tempo. Se
tinha assuntos pendentes, devem ser resolvidos e um deles se chama Maxmilian
Breitner...
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