domingo, 22 de maio de 2016

Hey, That's No Way To Say Goodbye (Oneshot - Grindhouse - Parte 1)

Olá pessoal!
Tenham uma boa noite e mesmo me recuperando da cirurgia da vesícula, não me impede de escrever e agora fiquem com a nova fic McGreyhound com carga dramática pesada e ainda com romance Romagold yaoi. Esta é a primeira parte!



Hey, That’s No Way to Say Goodbye__ Maya Amamiya


Michael guardava as roupas na mala e pegava alguns pertences, deixando-os numa sacola. Enquanto isso na sala Odile acalmava os filhos, que praticamente ficaram contra Franz Beckenbauer. Tudo desencadeou quando Mickey retornou de viagem e os filhos tinham ido ao aeroporto esperar por ele. Jacques, o filho mais novo, havia saído cedo da escola para acompanhar seus quatro irmãos na espera.  Com a chegada de Mickey. Todos rumaram para casa e quando entraram... Se tornou a queda de tudo.

Todos viram o beijo intenso e apaixonado que Odile e Franz trocavam. Quando
terminaram, Odile se espantou por ver o marido e os filhos ali...

Eram oito horas da noite e Mickey chegou a seu antigo apartamento que hoje pertence à Sage, o filho mais velho de Odile. Ele abriu a porta, dando de cara com o padrasto. Os olhos dele estavam vermelhos e ele carregava suas malas.

-- Papa Mickey!

-- Sage, meu filho! – Mickey abraçou Sage. Ele tem o hábito de chamá-lo assim em sinal de carinho. – Sua mãe... Me separei dela!

-- O que disse? – Sage ficou chocado.

Os dois permaneceram na sala de estar e enquanto bebia um pouco de água, Mickey explicou toda situação para o enteado. Este ouvia tudo e na mente não conseguia conceber a idéia de sua mãe ter feito isso na frente do marido e de todos os filhos.

-- Sage, eu vou ficar até o ano que vem. – Avisou Mickey. – Só até o Jacques terminar o colegial e depois vou para Cardiff.

-- Você... vai se separar da mamãe? – Indagou o enteado.

-- Sim! E nada do que me disser vai me fazer mudar de idéia. Amanhã vou falar com advogado, depois pegar o que resta de minhas coisas e ficar aqui, só até janeiro de 2007.

-- Mas, Papa Mickey, por que isso? O que realmente aconteceu?

-- Eu vi sua mãe beijando Franz Beckenbauer, na minha frente e dos seus irmãos.

-- Mamãe...

Sage não sabia bem como reagir, mas permitiu que Mickey morasse no apartamento e inclusive abriu pela primeira vez o quarto antigo dele, fechado há anos.

-- Às vezes abro esse quarto para limpeza. – Explicou Sage. – Agora ele é seu de novo, Papa Mickey.

-- Obrigado, Sage.

Ele deitou na cama, tirando os sapatos e com a roupa no corpo. E chorou no travesseiro.

Na casa de Odile, os irmãos tentavam conter Jacques, que queria socar o pai de Noel e agora esbravejava a todo pulmão.

-- SUA.... VACA! – Xingava o adolescente. – COMO PODE FAZER ISSO COM PAPAI? E COM TODOS NÓS? ME SOLTEM!

Josy e Charlie levaram Jacques para o quarto, enquanto Noel discutia com os pais.

Charlie empurrou Jacques, deixando o menino caído no chão.

-- Como você pode chamar a nossa mãe desse jeito! – Repreendeu Charlie.

-- Mas não é isso que ela é? Uma grande puta!

Josy desferiu um tapa na cara do irmão e se surpreendeu. Nunca foi de levantar a mão contra ninguém e naquele momento se mostrou apropriado.

-- Você pode ser nosso irmão e entendemos sua raiva, mas chamar a mamãe de puta eu não aceito, Jacques!

-- Vocês são idiotas! Vocês a defendem! Vocês deviam ficar do lado do meu pai! Ele cuidou de todos como se fosse o pai de vocês, ele as ama demais! Mais do que o pai verdadeiro de vocês.

Mais uma vez Josephine agiu. Ela chutou seu irmão mais novo por pura raiva.

-- Você não sabe o que não é conhecer seu verdadeiro pai, seu pirralho mimado! Eu falei pra mamãe não te mimar! Mas não, o pequeno Jacques, fazia tudo o que você queria!

-- Nestas horas eu queria que você morresse, Jacques. Tudo o que você disse contra a mamãe deve servir de seu castigo! – Berrou Charlie, cega de raiva e não medindo palavras.

Os três se calaram e as duas irmãs viram o que fizeram com seu irmão mais jovem. Jacques chorava demais.

-- Jacques... me perdoa... eu não queria ter dito isso...

O menino saiu do quarto de Josy e se trancou, ignorando a presença da mãe, de Noel e do pai dele.

Poucos minutos depois ele saiu do quarto, carregando duas mochilas.

-- Para onde vai, Jacques? – Questionou Odile.

-- Vou procurar o Oleg! Vou ficar na casa dele e amanhã procurarei meu pai e morar com ele porque se esse chucrute velho ficar, eu não fico!

-- Menino! Volte aqui e peça desculpas pra sua mãe! – Ordenou Franz.

-- Você não é meu pai, seu nazista desgraçado! Adeus!

-- Jacques Anthony Greyhound McGold volte aqui! – Odile agarrou o braço do adolescente e este se desviava.

-- Eu odeio você! Eu odeio você demais! Você é uma puta que se deita com qualquer um! Odeio o fato de ter saído de você!

-- Do que você a chamou?!DO QUE VOCÊ A CHAMOU? – Noel ouviu aquilo e se enfureceu, partindo pra cima do irmão e não se importando se ele é menor de idade ou não tão forte.

Jacques chutava contra Noel mas errava e levava socos no rosto e teve o nariz quebrado, os olhos roxos e um dos dedos quebrados. Vendo que seu filho poderia matar o menor, Franz e as duas filhas seguraram Noel e no canto Odile estava pasma com tudo que aconteceu e as ofensas do filho.

O adolescente se levantava com dificuldade, tossia e cuspia sangue e pegou as duas mochilas e seguiu porta fora, sem olhar para trás. Minutos depois ele chegou à nova residência dos Entwistles e lá vivia Oleg, o filho de Ana e seu melhor amigo. Ana abriu a porta e se espantou com estado do garoto.

-- Jacques! O que houve? – Ana deu entrada pro menino e ele chorava.

-- Meu pai abandonou minha mãe, porque ela o traiu com o pai do Noel. E tudo isso bem na minha frente, do papai e dos meus irmãos. EU OS ODEIO!

Oleg saiu do quarto e viu o amigo ali.

-- Jacques, andou brigando com alguém? Encrenca de novo?

Ele contou toda história para o amigo e para Ana e Igor, que cuidavam dos ferimentos dele e procuravam acalmá-lo.

-- O que pretende fazer amanhã? – Perguntou Ana, enquanto enfaixava a mão onde teve o dedo quebrado.

-- Vou procurar meu pai e morar com ele!

-- Jacques, não gosto de me intrometer na vida das pessoas, mas acho que deve pedir desculpas a sua mãe. – Ana entendeu toda história e resolveu conversar com o menino.

-- Não quero fazer isso! – Recusou Jacques.

Neste momento, Igor, o novo marido de Ana, surgia no quarto e também deu sua opinião.

--Deve fazer isso rapaz, ela é a sua mãe!

-- Ela é uma... – Jacques não terminou de falar devido à dor que Ana infligia ao tocar o dedo dele.

--Mãe! Pára com isso! Poxa o Jacques está transtornado! – Pediu Oleg. -- Veja o que aconteceu com ele! Compreenda!

-- Filho eu entendo o Jacques está passando! Mas o que ele chamou a mãe dele é errado!

Depois de cuidado dos ferimentos, Jacques adormeceu no quarto de Oleg no beliche. O menino chorou um pouco.

Na casa de Odile, um mero silêncio. Franz estava na sala, refletindo. Os três filhos foram no quarto de Jacques e encontraram a mãe, transtornada, deitada e abraçando o travesseiro do filho sob as lágrimas.

-- Eu liguei para tia Ana. Jacques está lá. – Informou Josy.

-- Mãe, você não vai buscar o Jacques não é? – Charlie queria descartar essa possibilidade.

-- Ele disse aquelas coisas contra você. Por que quer aquele pirralho de volta? – Noel se encontrava indignado e notou depois que a mãe estava silenciosa. -- Mãe? Está tudo bem?

Odile respirava com dificuldade devido às palpitações. Franz subiu as escadas e viu os três filhos socorrendo Odile.

-- Mein liebe! – Entregando para ela um saquinho de papel. – Respira, respira!

-- Jacques precisa refletir o fez! – Disse Odile, enquanto se recuperava da taquicardia. -- Ele é meu filho como vocês!

Os outros filhos não disseram nada, apenas voltaram para o quarto, exceto Noel. Permaneceu na sala, pensativo.

-- O que está pensando? – Franz se juntou ao filho na sala.

-- Eu andei refletindo... – Suspirou um pouco e continuou. – E se fosse com você, pai? Quer dizer, se fosse você, casado com mamãe e de repente nós todos encontrássemos ela e o Papa Mickey se beijando?

A pergunta pegou Franz de surpresa. De fato ele faria coisa pior. Gritaria com Odile, ofenderia os filhos dela e principalmente, o pai.

-- Eu entendo o lado do Jacques e realmente não gostei das ofensas contra a mamãe, contudo, o que eu fiz...

-- Você defendeu sua mãe.

-- MAS EU PODIA TER MATADO O JACQUES! – Berrou Noel, socando a parede. -- Pai eu iria matar meu irmão! Meu irmão! Eu não queria ser Caim matando Abel.
Eu ainda lembro quando o segurei nos meus braços, pai, de como eu acalmei Papa Mickey dizendo "Vai dar tudo certo, mamãe vai ficar bem, o nosso irmãozinho também". Ele segurava a Charlie quando o médico disse que Jacques tinha nascido. Quando vimos mamãe segurando ele, todos nós estávamos chorando e lembro de mamãe dizendo “Mon amour,posso dar o nome do meu pai a ele?” Vovô Jacques estava bem velho, ele morreu um mês depois que meu irmão nasceu. Eu me sinto tão culpado.

Franz abraçou o filho bem forte e compreendeu toda a dor. Ao mesmo tempo entendeu bem toda situação. Sentiu pena de Odile e ao mesmo tempo de Mickey. Por mais que sentisse raiva do galês, reconhecia que ele foi muito importante. Agora que ele deixou Odile, pode ser a oportunidade que aguardou por anos. De reconquistar seu amor pela francesa.

No dia seguinte, Jacques acordou cedo e ficou sentado na cadeira reconfortante do jardim, pensando em suas atitudes. Sentia falta da mãe e no fundo estava arrependido pelas ofensas. Contudo, a raiva que sentia por Franz e Noel era maior. Antes que pudesse fazer algo, Igor surgiu diante dele, conversando com o jovem em francês.

-- Avez-vous bien dormi? (Dormiu bem?)

-- Oui ... Pourquoi es me parlez-vous en français?  (Sim... Por que está falando comigo em francês?)

-- Elle est l'une des techniques la KGB. Pour les approches, nous avons besoin de parler dans leur langue maternelle(É uma das técnicas da KGB. Para abordagens, é preciso falar em sua língua materna.) – Explicou Igor, ainda mantendo diálogo com Jacques na língua francesa.

-- Vous allez me tuer? (Você vai me matar?) – Questionou Jacques, temeroso.

-- Je tué de nombreux rebelles qui voulaient à l'information gouvernementale, pourquoi aurais-je un enfant turbulent tuer? (Eu matei muitos rebeldes que queriam informações do governo, por que eu mataria um filho desordeiro?)

-- Pourquoi es manqué de respect à ma mère et mes frères me détestent. Charlie m'a dit que ce serait génial si je mourais.(Porque desrespeitei minha mãe e meus irmãos me odeiam. Charlie me disse que seria ótimo se eu morresse.)

-- Au moment de colère, nous disons ce que nous ne voulons pas. Ses frères l'ont fait et je vous garantis qu'ils se repentent. Tout comme vous êtes au sujet de sa mère. Ne le niez pas, Jacques. Et je pense que vous devriez présenter des excuses à elle. (No momento da raiva, dizemos o que não queremos. Seus irmãos fizeram assim e garanto que estejam arrependidos. Do mesmo modo que você está em relação sua mãe. Não negue isso, Jacques. E acho que deve pedir perdão a ela.)

Em casa, Oleg e Ana observavam os dois conversando em francês.

-- Mãe, Papa Igor vai matá-lo?

-- Não! – Respondeu Ana, ainda prestando atenção. – Ele não faria isso.

Quando a conversa terminou, Jacques abraçou Igor amigavelmente e depois entrou na casa.

-- Eu vou pedir perdão para minha mãe.  – Decidiu Jacques.

-- Espere! – Oleg se oferece para ir. – Vou com você!

-- Oleg, não! – Ordenou Ana. – Vá agora para o colégio!

-- Mas hoje não tem aula! – Avisou o filho. – O colégio entrou em greve!

-- Ah sim... – Ana havia se esquecido deste detalhe e acabou permitindo os meninos saírem.

Jacques e Oleg seguiram para a casa de Odile. O mais velho hesitava em tocar a campainha.
-- Vai, amor! Toque! – Incitava Oleg.

Ele tocou e não foi atendido. Oleg apertou o botão repetidas vezes e nada.

-- Quer saber, eu vou entrar! – Jacques pegava na mochila a chave de casa.

Inseriu na fechadura e depois girou a maçaneta. Entrou com cuidado e observou ao redor. Aparentemente não há ninguém.

-- Fica aqui, Oleg! Eu vou subir!

-- Ok!

Chegando ao corredor dos quartos, o adolescente entrou no quarto de seus pais e encontrou muitas caixas. Ao pegar uma das caixas de sapato, encontrou vários cadernos, blocos de anotações e diários. Um dos cadernos, havia citações sejam de autoria do pai, outras de filósofos, atores, pessoas conhecidas na mídia.  Numa delas encontrou algo em especial.

“Lidar com a perda é algo muito difícil. Mas é o que nos torna mais fortes e maduros. Para enfrentar o dia de amanhã.”

-- Bem interessante... – Comentou Jacques, guardando a caixa na mochila, que era razoavelmente grande e conseguiu caber o objeto.

Saindo do quarto, ele desceu as escadas e encontrou Oleg e Noel... aos beijos.

-- Oleg? – Chamou Jacques.

Os dois pararam o beijo. Oleg praticamente estava constrangido.

-- Errr... Jacques... Não é o que está pensando. – O mais novo tentava se explicar.

-- Jacques, podemos conversar? Em particular? – Noel estava com outra expressão. Era de pena.

-- Eu te encontro na casa da tia Ana. – Avisou Jacques para Oleg.

Antes mesmo de embarcar no carro, o mais novo impediu.

-- Jacques... Me perdoa! Mas aconteceu. – Oleg chorava. – Eu não resisto a um alemão. Me perdoa...

-- O que você faz ou deixa de fazer não me interessa. Eu não sou seu namorado nem nada. Eu vou conversar com Noel e pronto! – Disse Jacques.

-- YA znayu, chto ya isportil , ya sovershil grekh , ya zhivu pokho (Sei que eu errei, cometi um pecado,eu vivo de luxúria). – Oleg falou em russo e depois se ajoelhou. – Me perdoa, meu Louis Garrel!

-- Já falei! Faça da sua vida o que quiser! Eu não tô nem aí!

De raiva Oleg empurrou o amante. Irritado, o francês empurrou Oleg e trocou socos contra ele. Noel aparta a briga dos dois e neste momento Charlotte aparece, desembarcando no carro, um Bentley negro. Os dois adolescentes, um pouco mais calmos, se encaravam.

-- O que deu em vocês? – Perguntou Charlie.

-- Nada! – Responderam em uníssono.

-- Mais tarde eu vou à sua casa, Oleg e pego minhas coisas.

Jacques embarcou no carro de Noel. Nenhum deles trocou uma palavra. Noel se sentiu culpado por ter beijado Oleg. Admite que realmente gostou mas também não foi uma atitude legal. Afinal, ele é o grande amor de Jacques.

Os dois entraram num restaurante comum. Jacques pediu batata frita e Noel optou por um sanduíche. Minutos depois os pedidos chegaram.

-- Jacques, eu quero conversar com você...

-- Sobre o que? – Jacques não olhava para o irmão. Apenas numa mão ele digitava algo no celular e com a outra mão pegava as fritas e comia.  – Não gosto de rodeios e fale logo!

-- Eu quero pedir perdão por ter te espancado na noite anterior. Fiquei com muita raiva de você quando falou aquelas coisas contra mamãe. – Noel quase se exaltou ao lembrar-se da noite passada, mas se controlou. – E então acabei te enchendo de pancada. Quase matei você! Portanto peço perdão e queremos você de volta para a casa. A mamãe sente sua falta.

-- Hum... – Jacques não esboçava nada. Ele olhava para a tela do celular, comia e bebia seu refrigerante. – E o que mais?

Noel percebeu a frieza do irmão mais novo. Era óbvio que ele estava chateado por conta de tudo e pra piorar, viu o rapaz que tanto ama beijando outro.

-- Eu sei que você e o Oleg se amam. Me arrependo de ter feito isso. Por favor, perdoa ele. Perdoe-me por sentir atração por ele.

Jacques fechou o celular, comeu a última batata frita e terminou de beber a latinha de coca-cola. Ele encara o irmão.
-- O que me diz respeito ao Oleg não me interessa mais! Não quero saber daquela boneca russa que dá pra Deus e o mundo! O meu objetivo é pedir perdão a mamãe. Eu admito que errei! Sim, eu errei! E quero me redimir. Mas com você, Josephine e Charlotte não! E muito menos com Oleg! – Jacques pega a mochila e deixa uma nota de dinheiro na mesa. – Eu perdôo você, Noel Beckenbauer. Fica com ele e sejam felizes! Afinal, seu pai fodeu com meu pai e agora você!

-- Ei! Vamos com calma, pirralho! As atitudes do meu pai não refletem as minhas. Por mais que ele errou em ter beijado mamãe, não tenho culpa disso. Admito que beijei Oleg para fazer ciúmes a você mesmo, mas o que quero dizer é que você é meu irmão mais novo e tem que voltar pra casa.

--Eu prefiro morrer a voltar a morar naquela casa, eu quero ir pro inferno só pra não olhar na sua cara de verme, eu quero morar em outro país pra não encontrar você. – Jacques destilava ódio contra Noel. -- Graças a Deus eu não sou alemão pra ter que ver sua cara em todos os jornais, seu chucrute maldito!

O adolescente voltou para a casa de Ana, onde se despediu dela e de Igor. O casal de anfitriões ficou sabendo dos últimos acontecimentos por Oleg. O filho mais novo chorava no colo da mãe.

-- Jacques! – Deteve Ana, vendo o menino carregando as mochilas pegas no quarto. – Para onde vai?

-- Morar com meu pai. Ele está na casa do Sage. – Avisou.

-- Menino, eu sei que todos erramos mas...

-- Eu sei disso, tia Ana. – Jacques falava com calma e depois afagou o rosto de Oleg. – Ouça o que tenho a dizer. Eu te perdôo, Oleg. Mas não quero voltar a ficar com você. Seja feliz com Noel.

Os dias se passaram e Mickey ainda morava com Sage e agora com Jacques. Para não dar despesa para o filho mais velho de Odile, Mickey pediu a sua irmã, Louise, que deixasse seu filho morando com ela até terminar o ano letivo dele. Lulu concordou e o adolescente passou a conviver com os tios e os primos.

Mickey manteve dando aulas na Universidade de Londres de dia, a tarde ele escrevia e a noite bebia e chorava escondido de Sage. Ele pensava se é uma boa idéia se separar de Odile. No colégio, Oleg e Jacques estavam distantes. O mais velho rejeitava muito o menor e por vezes falava mal dele nas costas, o que deixava Oleg deprimido e com ódio. Ao mesmo tempo ele dividia seus momentos com Noel. Ele adora o irmão mais velho de Jacques e sente prazer quando fazem amor.

Porém numa noite, enquanto executavam os movimentos, Oleg chorou.

-- O que houve, meu Czar? – Noel se referia Oleg assim, pelo título de nobreza russa.

-- Desculpa... – Ele chorava muito e não queria fazer Noel sofrer.  – Noel, eu não quero te fazer sofrer. Deixei bem claro que tenho... uma queda por alemães. Contudo, eu amo o Jacques. Ainda. Espero que me perdoe.

Noel se levantando, um pouco bravo e encarou o russo.

-- Quer dizer que fui mais um alemão na sua vida? – Ele perguntou, furioso. – É isso, Oleg? Quem além de mim você transou? Thomas? Ned? Florian? Quem mais?

-- Só você mesmo, mas admiro muito a beleza de vocês nórdicos. – Justificou Oleg e também se defendendo. -- Não sou essa bicha que sai dando para qualquer um.

-- Então... você ama mesmo o Jacques? Como pode, se ele não te quer mais?

-- Não desistimos das pessoas que amamos. Veja seu pai, ele nunca desistiu dela, eu jamais vou desistir daquele francês egocêntrico.

Ao ouvir aquilo Noel se comoveu internamente e abraçou Oleg. Compreendia tudo. Porém, ao mencionar seus pais, lembrou-se de Mickey. Por mais que não quisesse se meter no que diz respeito aos três, sentia uma parcela de culpa. Era como se renegasse Mickey. Logo seu padrasto, que tanto lhe quis bem e ainda o ajudou em tudo, agora estava sozinho. Mesmo desejando durante anos que seus pais se acertassem, no fundo ele quer a permanência de Mickey na vida de todos.

Vários dias se passaram e chegou a Copa do Mundo. Odile não pode acompanhar Franz. Já fazia dias que voltaram aparentemente a ficar juntos. Os filhos de Odile não se opuseram. Por dentro desejavam desesperadamente a volta de Mickey. E de Jacques. Quanto ao filho mais novo cada vez mais se dedicava aos estudos, tirava boas notas e ao mesmo tempo dividia seu tempo de estudo com procrastinação, seja com sua banda, formada por dois colegas de classe e Karin Townshend, sua prima. No mesmo mês ele recebeu a surpreendente visita de seu amigo de longa data, Nicholas Reed, filho de Lou Reed e Irene Adler.

-- Eu disse que voltaria pra você! – Dizia Nico, abraçando o amigo e amante.

-- Senti sua falta, seu tarado!

Nico Reed é um velho conhecido da banda e todos gostam dele. Embora ele estudasse em colégio particular e longe da região agitada de Londres, ele nunca deixou de se comunicar com Jacques.

-- Vai estudar aqui, Nico? – Indagou o baterista Luke Hayes, filho de Talia Hayes e Colin Black.

-- Eu queria mas vocês conhecem minha mãe.... – Dizia Nico, modesto e sorrindo.

Quando a conversa ia mais longe, a turma percebeu o clima que há entre Jacques e Nico e os três integrantes deixaram os dois sozinhos na sala de ensaio.

Na diretoria, Oleg teve suas notas avaliadas pelo coordenador e a diretora do colégio.

-- Sem dúvida suas notas são especulares, Mr. Entwistle. – Elogiava a diretora Lucy Kellog.  – Tens alguma universidade?

-- Já me inscrevi para estudar em Oxford.  – Respondeu, um pouco temeroso.

-- Então, o que está esperando? Vá para Oxford. Enviamos seu requerimento e eles te aceitaram. – Dizia o coordenador Gary Steele.

A alegria de Oleg era tão grande que ele poderia gritar. Ele falou com todos seus colegas e foi bem aceito. Inclusive o motivaram a conversar com Jacques, pois todos sabiam do forte laço de amizade que os mantém unidos. Aconselhado a procurar o amigo na sala de ensaio musical, ele correu até lá e ao abrir a porta, seu rosto mudou completamente.

Encontrou Jacques beijando Nick Reed. Os dois pararam de se beijar por serem interrompidos por um soluço de Oleg.

-- O que está fazendo aqui? – Perguntou Jacques, demonstrando raiva. – Sai daqui!

-- É o que vou fazer, seu francês nojento! – Berrou o russo, irado.

Ele voltou para a casa, se trancando no quarto. Ana percebeu isso e pensou em ligar para Jacques, contudo foi impedida por Igor e este a sugeriu que chamasse Noel.

Minutos depois o filho de Franz Beckenbauer abraçava o adolescente.

-- Não chore mais, Oleg! Odeio te ver assim, ainda mais pelo Jacques.

-- Ele me despreza tanto assim... – Murmurou Oleg, com a voz embargada.

-- Você vai mesmo desistir dele?

-- Eu quero comprovar isso! – Disse o menino, parando de chorar e secando os olhos. – Se não me ama mais, ele terá de olhar nos meus olhos e dizer!

Impressionado com a determinação de Oleg, o jovem resolveu confidenciar um segredo.

-- Não conte para ninguém, Oleg. Estou apaixonado pelo meu melhor amigo.

-- Mas quem?

Noel hesitou. Era a primeira vez que estava abrindo seu coração para alguém. Poderia muito bem confidenciar para a mãe ou com alguma de suas irmãs. Até mesmo para Stefan, seu outro meio irmão, filho de Franz com Brigitte, a primeira esposa.

-- Freddie Hunt. – Respondeu Noel, ofegante e nervoso.

-- E por que não diz isso para ele?

--- E como vou falar disso? . – Noel caminhou até a janela, olhando para rua. – E se ele me rejeitar e nunca mais falar comigo?

-- Ele não ousaria disso. – Alegou o adolescente. – Freddie valoriza demais as amizades. No máximo pode ser rejeitado e com certeza ele vai te ouvir. Falo isso porque eu e Jacques vimos que Freddie é um sujeito legal. Parece ser sério, mas é uma pessoa brilhante. E engraçado.

Noel não queria acreditar sobre a personalidade de seu amigo, contudo, aceitou as palavras de incentivo de Oleg.

Na casa de Louise, Jacques tocava violão lembrando-se de Oleg. A saudade o corroia por dentro. Admitia que ainda amasse o russo e sente saudades de estar com ele, falar com ele, beijar ele e amar.

--- Mais um pouco e você se torna o melhor! – Disse Freddie, seu primo, recém chegado.

Os dois se abraçaram e vendo que não havia mais ninguém, os dois prepararam seu almoço, uma lasanha com molho branco.

-- Fazia tempos que não comia essa lasanha. – Comentou Jacques, apreciando a comida.

Freddie já sabia de todos os acontecimentos, desde a separação de Mickey e Odile até as desavenças de Jacques com a família e com Oleg. Quando ficou sabendo que Noel Beckenbauer beijou o russo, teve raiva e ao mesmo tempo pena.

-- Sabe-me dizer se Noel ainda está com... – O piloto não conseguiu terminar a frase devido ao ciúme.

-- Com Oleg? Acho que sim. – Afirmou Jacques e ao mesmo tempo percebendo algo. – Você... gosta do...?

-- Deixa pra lá!

Jacques pensou em jogar Freddie contra Noel em vingança por ele ter tirado Oleg de perto. Mas pensou bem e resolveu falar.

-- Noel não ama Oleg, como eu. Mas se serve de consolo... Ele tem muitas fotos suas no quarto. E inclusive escreveu muitos textos sobre você, até intensos.

-- Mesmo?

Com aquela afirmação, o filho de James Hunt sentiu uma pequena esperança, talvez não fosse tarde para dizer o que sente para Noel...

Naquela tarde, os dois primos dormiram em quartos separados mas Jacques se acordou com a campainha tocando, abriu a porta e viu que era Ned Maier.

-- Olá, Eddard!

-- Olá, Jacques. Eu posso entrar?

Os dois ficaram conversando na sala. Obviamente o assunto era a separação dos pais do jovem e principalmente sobre a mãe.

-- Por que todo mundo quer que eu perdoe minha mãe pelo que ela fez? – Jacques se irritava por sempre mencionar esse assunto.

-- Eu sei bem o que está passando. Passei por esse tipo de situação, quando um dia vi minha mãe e meu pai se beijando enquanto ela está com papa Godard. Mas depois, compreendi tudo. A ligação entre eles é muito forte. Não pode ser quebrável. – Disse Ned, olhando para Jacques.

O adolescente ficou mirando o chão, sem jeito com aquelas palavras. Talvez fosse mesmo compreender que sua mãe e o pai de Noel fossem ligados.  Ele ergueu a cabeça e viu um lindo filhote de gato, de pelagem branca e pequenas pintas pretas.

-- É pra mim?

-- -É meu presente para você! O nome dele é Lewis!

Jacques pegou o filhote.

-- Na família Smith, temos a tradição de presentear as pessoas que amamos com um filhote de gato e este vai te seguir para toda vida.

-- Obrigado, Ned!

-- Eu torço para que você encontre seu lugar no mundo.

No período de oitavas de final da Copa, Mickey visitou Odile. Se tornou o pior dia dos dois. Eles não só discutiram como também apresentou os papeis do divorcio.

-- Só pode estar brincando! – Berrou Odile e em seguida desferindo um tapa na cara de Mickey. – Eu não quero me divorciar de você.

-- Essa não é sua vontade e sim a minha! – Replicou Mickey, impaciente. – Está mais do que claro que tudo que vivemos foi pra nada. Eu fui apenas um suporte para não sofrer mais. Eu te dei tudo e você joga fora pra outra vez retornar para os braços do Franz! Assina logo esse divórcio e eu saio do caminho de vocês!

Odile rasgou o documento e jogou fora, encarando Mickey firmemente.

-- Eu tenho as cópias. – Disse o psiquiatra, calmamente. – O advogado aceita. Assina esses papeis e eu não te peço mais nada.

-- Eu me recuso! – Dizia Odile.

--Odile, não me tire à paciência. Assina logo! ASSINA DE UMA VEZ, DROGA!

-- NÃO VOU ASSINAR!

-- Terei de falar diretamente com seu Kaiser pra ele te convencer a assinar? – Mickey se encontrava sem paciência.

-- NÃO VOU ME DIVORCIAR DE VOCÊ!

-- Assine de uma vez, Odile ou...

Mickey não conseguiu falar mais por conta das palpitações no coração.

-- Michael? Michael, Mon dieu...

Odile e Mickey ficaram no sofá, até que ele se recupere. Trocaram um  olhar intenso. O mesmo olhar de anos. Ela segurou a mão dele e trocaram um beijo lindo e intenso.

-- Odile... pare... eu não posso... – Mickey queria se desviar mas as mãos de Odile eram alvas e ela desabotoava a camisa dele.

-- Mon amour... – Odile beijava o pescoço de Mickey e aproveitou para apalpar a região íntima dele, que se encontrava em ereção. – Deixe-me dar um pouco de carinho.

-- Não... É que... Ahhhh...

-- Sei que você está com saudades... – Odile seduzia o marido de tudo quanto é forma.

-- Odile...nós não devíamos... – Ele não terminou de falar pois sua mão apalpava os seios dela.

Os dois não resistiram e se entregaram a paixão. Mickey abria a blusa de Odile e afundou o rosto entre os seios dela, lindos e perfeitos, mesmo no fim da meia idade. Ele mordiscava e lambia os mamilos e depois se livrou da calça e a peça íntima dela.

-- Mon amour... – Ele suspirava e caia de boca na intimidade dela.

Odile gemia de puro prazer sentindo a língua atrevida de Mickey, invadindo sua região. Depois do sexo oral, ele abriu sua camisa e a esposa ajudou-o se livrar do restante das roupas.

-- Odile...

-- Sinta, meu amor...

Ela sentou ali e começou a cavalgar devagar e ao mesmo tempo colocava as mãos dele em seus seios, apertando e massageando a cintura dela. Ao mesmo tempo seus dedos desenhavam os lábios de Odile. Minutos depois a velocidade foi aumentada a ponto de atingirem um perfeito orgasmo.

Ficaram deitados no sofá, em silêncio e ofegantes. Odile esfregava suas pernas com as de Mickey, excitando-o mais.

-- Eu te amo... – Ela disse antes de adormecer nos braços dele.

Mickey não disse nada, apenas dormiu no sofá. Perto da meia noite, Charlie apareceu em casa e deparou-se com uma cena. Viu sua mãe e seu padrasto, deitados na cama e nus. Odile colocou a mão no meio das pernas de Mickey. Achando que os dois tenham se acertado, Charlie tirou seu casaco de pele e cobriu os corpos deles. Ela subiu as escadas e entrou em seu quarto. De madrugada, Mickey se acordou e se deu conta do que fez. Sentiu culpa.

-- O que? – Procurando suas roupas. – Droga, isso não devia acontecer.

-- Mon Amour... – Odile se aproximou do marido e o beijou, outra vez acendendo o desejo. – Vamos dar um tempo.

-- Não deveríamos fazer... isso. – Mickey estava quase em pânico e ao mesmo tempo excitado.

-- Então vamos para o quarto...

A noite deles foi perfeita. Charlie era única dos filhos que estava em casa e ouviu os gemidos dos pais. Sorriu e voltou a dormir.

No outro dia, Mickey saiu imediatamente da cama e Odile se acordou.

-- Foi um erro. – Comentou para a esposa. – Um erro. Odile, por favor, assine o divórcio e não te peço nada.

Odile se calou e segundos depois, disse.

-- Quando puder, me procure na minha produtora.

Aquilo estava longe de terminar.

Jacques terminava de selecionar seus documentos para faculdade de Cardiff e ao mesmo tempo ansiava para o ano letivo terminar.  Quando a aula terminou, ele seguiu calmamente para a casa da mãe e antes de entrar, viu o carro de Noel estacionado. Imediatamente, pensou que ele e o pai estivessem em casa. Mesmo assim entrou na casa e encontrou a mãe e o pai de Noel, discutindo.

-- ... Ainda bem que não assinei os papéis do divórcio. – Disse Odile, brava com Franz. – Por uns momentos eu pensei em assinar. Mas não o fiz.

-- Mein Liebe...

-- Eu quero que cale a boca!

E antes de falar mais coisas, Odile enxergou o filho na porta e sorriu.

-- Olá, mon amour! – Abraçando o filho. – Como você está?

Jacques retribuiu o carinho e ao mesmo tempo olhava com ódio para Franz. Só de lembrar do beijo e também de Noel e Oleg juntos, o sangue lhe fervia.

-- Eu... quero lhe pedir perdão por tudo que disse... contra você.

-- Está perdoado, meu bem.

Jacques aproveitou aquele amplexo e viu a chave do carro de Noel. Ali mesmo teve um plano pra sacanear o meio irmão...

-- Você já escolheu onde estudar? – Indagou a mãe.

-- Eu vou para Cardiff. Já enviei minha documentação semanas atrás. – Em seguida encarou o casal. – E você vai ficar com... ele?

-- Sua mãe está pensando nisso. – Respondeu Franz, calmo.

-- Eu não pensei! – Replicou Odile, lançando um olhar de ódio. – Já dei minha resposta e é não.

-- Se não vai ficar com ele, porque esse nazista está aqui? Isso que não entendo. – O jovem se exaltava, mas não a ponto de querer partir pra cima do pai de Noel. – Já não bastou o que vocês fizeram com Europa nos anos 40 e querem fazer de novo com a minha família?

Neste momento, Noel desceu as escadas, ouvindo toda conversa.

-- Acho que não devia ter vindo aqui, mãe. – Disse o mais jovem, beijando a bochecha da mãe. – Amanhã eu venho conversar com você... De preferência sem esses dois chucrutes.

Ele saiu de casa, batendo a porta atrás. No lado de fora, Jacques tirou do bolso a chave do carro de Noel. Ele havia aproveitado a rápida distração da mãe e Franz e conseguiu furtar a chave. Embarcou no carro e ligou a ignição.

-- Vamos ver, Noel. Como vai reagir ao encontrar seu lindo carro avariado num ferro velho!  -- Cantarolou o francês dirigindo calmamente nas ruas.

Em meio à alegria, o estudante ligou o rádio do carro e ficou selecionando alguma estação de rádio. Quando finalmente encontrou, tocou a música In My Place, do grupo Coldplay. Porém, ele cruzou o sinal vermelho, resultando num caminhão colidir violentamente com o automóvel e o jogar contra uma árvore....

E na casa de Odile, Noel e Franz conversavam com a cineasta.

-- Então foi isso mesmo, Noel? – Perguntava Odile, ao saber pelo filho que ele separou Oleg e Jacques. – VAMOS, NOEL! FALE A VERDADE!

-- Está bem! Fui eu! – Admitiu Noel. – Eu separei Jacques e Oleg mas por raiva. Depois... Vi que não devia ter feito isso. Por mais que ele me odeie, foi covardia da minha parte.

Noel chorou mas não foi o bastante para evitar um tapa na cara que Odile aplicou.

-- Por mais coisas erradas que fez, essa foi à pior. Por que prejudicar seu irmão e através da pessoa que ele mais ama? Jacques nunca fez isso com você e com nenhum dos seus irmãos.

-- Eu sei disso, mas estava com raiva dele! Eu o queria sofrendo. Mas não imaginava que pudesse ser isso, ao extremo e a ponto de desprezar o Oleg. Ele nem sequer o procurou no colégio e nem o parabenizou quando conseguiu vaga para Oxford.

Antes que Odile pudesse falar algo, sentiu uma dor muito forte no coração e um pressentimento ruim.

-- Mãe? Mãe!

-- Mein liebe! – Os dois ajudaram Odile e a fizeram se sentar no sofá.

-- O que foi isso? – Ela tentava interpretar aquela dor. Não era infarto nem nada. – Sinto como se meu coração levasse um soco...

Neste momento a campainha tocou e Noel abriu a porta, recebendo um policial.

-- Com licença. Aqui é a casa de Odile Greyhound e Michael McGold?

-- Sim. Por quê? – Indagou Noel.

-- Aconteceu algo, policial? – Odile estava  curiosa. – Eu sou Odile Greyhound, a dona.

-- Sra. Greyhound, encontramos seu filho, Jacques.

-- O que? – A mãe quase desmaiou ao falar do seu filho mais novo. – O que... O que aconteceu com Jacques?

-- Ele dirigiu um Audi preto em alta velocidade, ouvindo música. Passou o sinal vermelho e o carro colidiu com um caminhão, jogando-o contra uma árvore. Ele foi encaminhado para o Pronto Socorro.

Odile passou mal e gritou, sendo amparada por Noel, Franz e os filhos dela. Charlie foi a última a chegar em casa e notou aquela agitação.

-- Hughes, eu vou indo. – Beijando seu amante, Harry Hughes.

-- Até mais, Charlie.

Entrando na sala, ela viu a mãe chorando.

-- Mãe, o que aconteceu?

-- Seu irmão... Ele... Ele...

-- QUEM?

-- Jacques! – Respondeu Noel, triste. – Ele sofreu acidente de carro.

Charlie quase desmaiou. Aos poucos as lágrimas brotaram de seus olhos e se juntou a mãe e os irmãos.
Oleg saiu da aula naquela tarde e foi abordado pelos colegas.

-- Sinto muito pelo Jacques. – Disse um deles, triste.

Oleg não havia entendido. A principio achou se tratar do fato dos dois estarem separados por conta de Noel e Nicholas. Enquanto caminhava no corredor outro colega disse.

-- Seja forte, Oleg. O Jacques vai sair dessa.

-- Melhoras pro Jacques.

-- Mas... Por que isso? O que aconteceu com Jacques? – Perguntou o russo, sem entender ainda.

Neste momento Karin Townshend apareceu, correndo e chorando compulsivamente, abraçando Oleg.

-- Karin! O que aconteceu? O que houve com Jacques?

-- Ah, Oleg! O Jacques tá no hospital Pronto Socorro. Ele sofreu um acidente de carro.

Ao ouvir isso, Oleg caiu de joelhos, catatônico. Parecia que as palavras de Karin geraram um eco fraco em sua mente e de repente se fez um grito.

-- Jacques... Jacques...—Repetindo o nome do amigo inúmeras vezes.

Seus colegas telefonaram para o irmão mais velho dele, Nicolai. Este veio o mais rápido o possível e buscou o jovem no colégio.

-- Vamos pro Hospital. – Dizia Nicolai, colocando o cinto de segurança em Oleg.

-- Jacques... – O jovem russo começou a chorar. – É culpa minha! Não! Meu Louis Garrel, meu Alain Delon! Ele não pode morrer!

-- Calma! Ele está sob observação. – Nicolai dirigia meio rápido e continuou a falar quando pararam no semáforo. – Mas o acidente foi destruidor. Jacques é jovem e forte. Ele sairá dessa.

Chegando no hospital, Oleg saltou pra fora do carro e perguntou para as enfermeiras onde estava seu amigo. Uma delas conduziu o estudante para um dos quartos e lá estava ele, respirando com ajuda de aparelhos, tomando soro e os batimentos cardíacos regulares.

-- Meu Jacques! – Oleg pegou a mão do amado e o colocou em seu rosto. – Eu vou cuidar de você, meu Jude!

-- Cuidará porra nenhuma! – Exclamou uma voz. Era de Nicholas Reed. – Saí daqui, Oleg! Jacques não precisa de você. E antes que reclame, eu falei com tio Michael. Ele me deu autorização para vir aqui. Mas você não!

-- Não vou deixar isso acontecer.

-- Então fale com ele! Agora saía! Fora!

Ao sair do quarto, Oleg viu o pai de Jacques chegando.

-- Sr. McGold! – Oleg tentou abraçá-lo, mas foi empurrado pelo próprio Michael.

-- O que está fazendo aqui? Veio tripudiar meu filho?

-- Nunca. – Oleg tentava se desculpar. – Sr. Eu...

-- Mas nada! Jacques me contou tudo. Seu envolvimento com Noel e o beijo trocado. Não bastasse o pai dele, agora o Noel?! Oleg, faça um favor para todos nós e se ama mesmo o Jacques, sugiro que vá embora!

O coração do menino batia rápido por conta do nervosismo. Até mesmo Mickey estava contra ele. O que Nicholas disse era verdade.

-- Senhor McGold...

-- Vai embora! – Mandou Mickey, calmamente. – Meu filho não precisa mais de você.

-- Mas eu permito! – Odile também aparece na entrada e ouvindo toda conversa. – Vá para o quarto dele, Oleg. Eu permito.

-- Obrigado, Sra. Greyhound. – Oleg beijou a mão de Odile e seguiu para o quarto de Jacques.

-- Vai ser a última vez que isso acontece, Odile. – Disse o psiquiatra, furioso. – Amanhã eu não quero ver esse moleque! É A ÚLTIMA VEZ!

-- Eu sou a mãe dele e eu permito a entrada de Oleg! – Odile peitou Mickey ali na frente dos médicos.

Mickey ia discutir mais com ela mas sentiu outra vez as dores agudas no peito. Ele foi socorrido por alguns enfermeiros, tiraram sua pressão e ouviram seus batimentos cardíacos.

-- Deve repousar, Sr. McGold. – Disse um dos médicos para Mickey. – Evite aborrecimentos.

Nem sob os avisos dos médicos o casal ainda brigou mais.

-- Mesmo sabendo da verdade ainda permite que aquele menino russo venha visitar Jacques?

-- Noel está arrependido. Ele mesmo admitiu...

-- Admitiu que gesto! – Ironizou Mickey e respirando fundo. – Mas fale isso pro Oleg, que não pensou duas vezes antes de beijar Noel na frente do Jacques e nos dias seguintes se deitar com ele. Ele não passa de uma sanguessuga!

Sem saber, a família Entwistle ouviu tudo e Mickey os viu.

-- Me desculpe, Ana e Igor... Eu estou...

Mickey simplesmente apagou na frente de todos e só acordou a noite na casa de Ana e juntamente com Odile. Quando acordou, ele estava na cama de Oleg, sem seus sapatos e ao seu lado estava Odile. Mickey tentou voltar a dormir, mas só pensava em seu filho, sua vida e sobre Odile.

No quarto de Ana, ela conversava com Oleg e o mesmo admitiu tudo o que aconteceu, deixando a mãe espantada. Ela se sentou na cama e respirou fundo.

-- Acho melhor... Você não visitar Jacques. – Sugeriu Ana. – Mickey está furioso e mesmo com Odile permitindo, evite atritos. Ainda mais ele que acabou de sofrer um quase infarto.

-- Mas mãe... – Oleg tentou se explicar.

-- Oleg! É melhor assim. Espere Jacques se recuperar e depois vocês conversam.

O menino se trancou no quarto de hóspedes e chorou...

Odile acordou e notou que o marido olhava pro teto.

-- Que bom que acordou, mon amour. – Afagando o rosto dele. – Achei que ia te perder.

-- Onde estou? – Olhou ao redor. – Sinto que pedir minhas forças... Que ia embora...

-- Você desmaiou, mon amor. Igor te trouxe no colo até aqui na casa da Ana.

-- Não consigo dormir... – Disse o psiquiatra, baixinho. – Odile, eu não vou mais tocar no assunto do divórcio. Só quero Jacques vivo...

-- Mickey, vamos esquecer isso por enquanto e focar no nosso menino.

Os dois ficaram abraçados e chorando. Poucos minutos depois os dois trocaram um beijo quente.

-- Estou com desejo... de você. – Sussurrou no ouvido dela.

-- Mickey... aqui mesmo?

-- Sim.

A cineasta retirou a calcinha e abriu a calça do marido, sentando por cima dele, cavalgando devagar.

-- Está tão linda como em 72... – Gemeu o homem. – Aaaah... aaaaahh...

-- Sei... Que me... Ama...

Fizeram sexo em silêncio para não despertar atenção. E perto de chegar ao clímax, Oleg entrou no quarto e flagrou o momento.

-- Desculpem! – Disse o adolescente, ainda com os olhos vermelhos. – Vou voltar pro outro quarto.

Quando amanheceu, o casal se juntou aos Entwistles. Oleg não desceu para a refeição.

-- Oleg não desceu. – Avisou Igor.

-- Eu vou falar com ele. – Se ofereceu Mickey.

-- Não! – Impediu Ana, séria. – Ele precisa ficar sozinho, refletir o que fez.

-- Michael, antes de ir para o hospital, quero falar com você.

Igor e Mickey foram para o escritório, falaram.

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