quarta-feira, 25 de maio de 2016

Love Sell Out (25º Capítulo)

Olá pessoal!
Tenham uma boa noite e comemorem! Hoje, depois de um ano de hiatus, a fic Love Sell Out retorna. Contudo, ela está bem na reta final. É o penúltimo capítulo e tenham boa leitura!



Capítulo 25: Eurovision

Felicity POV
Enfim chegamos a Viena, na Áustria. Eram umas seis da tarde quando desembarcamos e nos dirigimos ao hotel que fora reservado para nós. Além das minhas amigas, convidei Fanny Fitzwilliam e seu namorado, mas acho que ela aparecerá mais tarde ou esteja aqui só que em outro hotel. Telefonei ao meu pai sobre minha chegada e prometeu acompanhar todo o circuito de música. Faltava apenas quatro dias para o grande evento e já me encontrava em estado de nervos.  Marie me fala que o Who entrou em turnê por parte da Europa e possivelmente tocará na cidade austríaca.
Pensei em Pete para me confortar naquele momento. Deitei na cama e o sono não veio. Comecei a chorar. Era saudade do narigudo. Uma saudade muito torturante.  Quando eram umas duas da madrugada peguei meu caderno e fiquei escrevendo mais canções.
Uma delas, Small Truths, seria sobre a verdade da minha separação com Pete. Na volta para casa, vou desenvolve - lá melhor. A segunda canção, Always Dreaming of You, bem relativo à minha insônia e quando durmo finalmente, a imagem do guitarrista invade minha mente.  Maze of Emotions é a minha confusão emocional, a divisão sentida entre Brian Wilson e Pete.  Três canções ganharam vida com as palavras e, no entanto queria mais. Nora se acordou e foi até a cozinha beber água e veio até meu quarto.
-- Insônia te atacando? – Perguntou enquanto tomava água.
-- Como sempre... – Me espreguicei um pouco e voltei para cama. – Estou aproveitando a noite para escrever.
-- Que ótimo. Ai, estou com saudades do Moonie e do Godard. Espero que mamãe cuide bem dele.
Foi aí o surgimento do título da próxima música. Escrevi lembrando dos gatos que Nora teve ao longo do tempo, desde a faculdade até nossa estadia em Londres e se chama All Cats Are Blue.  Mostrei para Nora e ela adorou, tanto que ela pediu expressamente que fosse o próximo single e a primeira pessoa que receberia o compacto será ela própria. A última canção se chama Visions of the Future. Esta última é meio estranha.  Fala de uma visão que tive do futuro de algumas pessoas e uma delas envolvia Louise, a ex-namorada de Mike Nesmith, Alice e... um jogador de futebol. Será que é o troncudo? Se for... não quero imaginar. Até por que Louise não está nem aí e ela detestou o cara. 
Após o papo com Nora, fui dormir às três e meia da madrugada. Sonhando com Pete... Bem... melhor não dizer o que sonhei pois o conteúdo disso é erótico. Mas foi maravilhoso.  Acordei tarde e minhas amigas tinham saído. Tomei café e comi umas bolachas e pão com manteiga. Telefonei para Richard e este logo me veio com novas missões.
-- Felicity minha querida, assim que retornar a Inglaterra, você e Nora terão uma entrevista a ser feita.
-- Certo e de quem estamos falando?
-- Falo de dois jogadores de futebol e são alemães. Eles estão em ascensão no Bayern de Munique. Seus nomes são Franz Beckenbauer e Gerd Müller. Pode dar conta deles?
-- Acho que sim. Falo pouco alemão e recentemente me encontrei com esse tal Beckenbauer dias atrás no jogo da Copa dos Campeões. Eu o beijei.
-- COMO ASSIM BEIJOU FRANZ BECKENBAUER, SUA LOUCA? E o Pete não quer mais?
-- Claro que quero. Foi só um beijo e era pra agradecer pelo autógrafo e gentileza prestada a mim e meus irmãos. Nada demais. – Ok, admito que gostei do beijinho no alemão e se não fosse meus sentimentos profundos pelo Pete, teria ido a Munique para beijá-lo novamente.
-- Certo, certo e como está aí em Viena?
-- Muito bom. Daqui a pouco mais vou ao estúdio pra ensaiar.
-- Ok, vou desligar minha querida. Abraços para todas vocês e boa sorte. Teddy e eu estamos torcendo por você.
-- Obrigada, Richard. Beijos.
Quando fui me arrumar, minhas amigas apareceram com sacolas de compras e Nora foi falar sobre o papo com Ritchie.
-- Liguei pro chefinho e ele disse que quer...
-- Uma entrevista com Herr Beckenbauer e Herr Müller. Já sei disso. – Nem deixei de terminar de falar e segui dizendo. – Alias, Nora, ainda fala alemão?
-- Bem pouco. Confundo fácil francês e alemão.
-- Por favor, quero que entreviste Beckenbauer. Tudo bem que o beijei, mas não tenho coragem de olhar na cara dele depois disso.
-- Como assim beijou Beckenbauer? – Marie acabou se metendo na conversa e Ana veio junto.
-- Foi num jogo da Copa dos Campeões. – Expliquei. Agora minhas amigas ficam sabendo do fato. – Fui pegar um autógrafo dele e quis agradecer com um beijo.
Ao dizer isso elas caíram na risada por vários minutos e até eu ri disso.
-- Onde estava com a cabeça pra fazer uma coisa dessas? – Perguntou Ana, ainda rindo.
-- Olha, confesso que esperava essa atitude vindo da minha irmã e não sua. – Dizia Marie.
-- Opa, sua irmã é fã desse jogador?
-- Sim. Ela o adora demais desde a Copa do Mundo do ano passado. E tem foto dele no espelho do apartamento.
-- Agora entendi por que ela se calou quando falei disso dias atrás.
Bem, suas chances com belo alemão de olhos azuis como cobalto se foi, contudo, tem o guitarrista inglês de olhos azulados como o mar da Europa te esperando. No mesmo instante, Ana me entrega um cartão postal da Inglaterra. A principio achei ser do meu pai ou Pete. Era do Keith Richards, guitarrista dos Stones e meu ex-namorado.

Boa sorte na Eurovision, meu pecado.
Saiba que ainda te adoro e me lembrarei de você para sempre, amada.
K.R.

Guardei aquele postal no livro Anna Karenina e sai com minhas amigas pelas ruas de Viena. Conversamos e rimos de muitas coisas. Elas inclusive me contaram muitos acontecimentos enquanto estive nos Estados Unidos com os Beach Boys, sobre Barbara ter entrado para Rolling Stone, as gravações do álbum do Who, Sell Out, Pete começando com Barbara e a armação da festa dos bateristas. O resto todos nós sabemos. Chegamos ao parque municipal e encontramos o The Who por ali. Marie correu até Roger e deu um beijo daqueles. Ana e Ox foram discretos. Já Moonie e Nora são escandalosos, me lembra um pouco Louise e Chris Dreja quando começaram a ficar juntos. Pete ficou distante deles e o segui.
-- Como você está? – Perguntei enquanto olhava para a fonte.
-- Um pouco estressado. – Respondeu. – Tem mais duas faixas para finalizar a gravação do álbum.
-- Entendo. – Comentei de volta. Tive vontade de consolá-lo, dar algum carinho, dizer mais alguma palavra de conforto, o que seja. Tudo para ele não se sentir sozinho.
 Ficamos em silêncio por bastante tempo e na hora de ir embora, as garotas se separaram deles e Pete falou.
-- Vamos tocar em Viena daqui a quatro dias. Se quiser... pode vir com as meninas.
-- Claro. Estarei lá. Até mais, Pete.
-- Até mais, Felicity e boa sorte na Eurovision.
-- Obrigada...
Todos me desejavam boa sorte na Eurovision. Era certo do meu destino. Voltamos ao hotel e dormimos. Desta vez a insônia não atacou. Por dois dias ensaiei a beça as músicas e fiz as seleções de quais faixas poderia tocar. Com certeza Flight of the Phoenix será meu maior sucesso depois de Here’s Love. 
Enfim, veio o dia da Eurovision. Paul e Biff estavam tão preparados quanto eu. Meu coração batia forte e não sabia se minha guitarra iria agüentar. Ouvi a apresentadora Erica Vaal explicando todas as regras da competição em sete línguas. Dez jurados se apresentaram na platéia e agora se juntavam a bancada, para observar os competidores.
O primeiro a se apresentar foi da Áustria. Um cantor chamado Peter Horton. O segundo era da Alemanha. Passei a ver os próximos sete competidores e de repente me senti mal a ponto de desmaiar.
-- Fefe! – Paul me segurou e me levou para dentro do camarim. – Não é bom ficar... olhando os nossos concorrentes.
-- Tenta relaxar, mulher. – Biff me serviu um pouco de água. – Beba um pouco.
Bebi só uma gota de água. De repente me veio uma vontade de chorar. Me dei conta que a música escrita, mesmo em parceria com Alana, não teria condições de impressionar os jurados e o público. Foi muita sorte por eu ter desbancado a cantora revelação Sandie Shaw e sua música Puppet On A String no júri popular britânico.
No entanto, dois competidores conseguiram obter notas entre 50 e 64 pelos jurados e esses eram Eduardo Nascimento, um cantor negro e português com a música O Vento Mudou e Vicki Leandros, de Luxemburgo, com L'amour est bleu. Esses dois lideram por enquanto o campeonato. Faltam mais três países para tocar: Suíça, Espanha e Inglaterra. Antes de chamarem o representante suíço, foi chamado o grupo The Spotinicks. Eles cantaram seu maior hit de sucesso, Hava Naglia.
E neste intervalo continuei sozinha, concentrada e evitando chorar até que alguém bate na porta.
-- Felicity!
Pensei que era alguma das garotas.
-- Sou eu. Nora. Por favor, abra a porta.
Me calei e abracei meus joelhos.
-- Me deixa, Nora. Preciso ficar sozinha.
-- Por favor...
Não podia mais negar e então abri a porta. Nora me abraçou tão forte que chegava a me machucar.
-- Nora! – berrei. – Está me machucando.
-- Desculpa. – ela me olhava tão diferente. Talvez fosse preocupação. – Sei que não está bem. Está ansiosa, como no dia que apresentou seu trabalho de conclusão de curso. É como se o mundo vai te engolir mas calma.
-- É muito pior, Nora. – engoli a vontade de chorar. – É o medo da humilhação. Em rede nacional e continental.
-- Felicity! – Paul entrou no camarim, pegando seu contrabaixo e Biff as baquetas. – Suíça já se apresentou. Falta Espanha e depois pra encerrar, a Inglaterra. Esteja preparada!
Eles se retiraram, nos deixando sozinhas.
-- Daqui a pouco vou tocar. – pegando a guitarra.
Meu peito doeu, as palpitações estavam mais fortes. Coloquei a mão no peito e Nora me abraçou por trás.
-- Calma. Fica calma. – ela dizia enquanto massageava meu peito.
-- Nora... Eu...
Naquele minuto pensei mesmo que ia morrer... Fechei os olhos pra sentir a dor indo embora, ao mesmo tempo ouvi Nora cantar uma música que há anos não ouvia.
Sing me a song of a lass that is gone
Say, could that lass be I?
Merry of soul she sailed on a day
Over the sea to Skye
Tão terminada o trecho e me senti tão bem. Aquela música remetia minha infância, entre viagens a Newport para Edimburgo. Foi lá que conheci minha melhor amiga e o irmão dela, George, num desembarque da balsa que atracou no porto escocês. Nora vestia cinco blusas mesmo no outono e usava botas vermelhas impermeáveis para pisar na lama. E eu era uma menina, de vestido cinza, com um casaco que parecia de tartan e segurava meu cachorrinho na época, Blinky.
-- Sente-se bem? – perguntou minha amiga.
-- Melhor eu diria.
-- Não vai passar vergonha. Sei que tem ótimas músicas no setlist e que as ensaiou muito bem. Eu confio tanto em você que deixaria minha vida em suas mãos.
-- Não diga isso, Nora. – toquei sua mão e imediatamente um tipo de calor invadiu meu corpo e meu pulso. – Sabe perfeitamente que sou capaz de me sacrificar por alguém que amo e estimo. Talvez fosse isso na minha família. Sacrificar nossas vidas por alguém.
-- Você é a única coisa com que me importo, Felicity. Ganhando ou perdendo, você é a melhor guitarrista que conheço.
Ficamos tão próximas que trocamos um selinho inocente e outra vez Paul entrou no camarim de supetão.
-- Agora, Felicity! Vamos ao palco!
-- Está na hora. – Nora beijou minha testa.
-- Sim. Eu vou. Mas antes, levarei isso comigo.
Puxei minha amiga para o beijo. Um beijo mesmo, na boca. E quente. E depois segui para o palco após Erica Vaal me anunciar. O resto... Só voltaria a lembrar após as apresentações...

Nora POV
A apresentadora anunciou o nome da Felicity e surgia no palco ela e a banda de apoio dela. Neste momento Marie, Ana traziam Odile Greyhound, Louise McGold e o irmão dela, Michael, que aliás... foi um antigo amor. Ele continua o mesmo. Encantador e transbordando uma energia atrativa.
-- Fefe está nervosa. – dizia Marie, sentada ao meu lado na platéia.
-- Não sabe o quanto. – respondi.
E ela começou, aos poucos com som discreto e depois virou um ritmo mais animado. E ela cantou... cantou e cantou. Seu maestro, Kenny Woodman, soube bem conduzir a música. Se eu soubesse que Felicity tem uma voz linda, eu teria ajudado em sua carreira e daria todo apoio. Não me lembro dela mencionar se fez aulas de canto mas lembro de algumas vezes ter visto ela praticar um pouco violão e depois a guitarra e ainda sim escondido do tio Robb. Nas viagens para Escócia, meu pai deu um violão para Fefe praticar somente na nossa casa, para assim não provocar a ira do pai dela.
Um tempo depois tio Robb descobriu e proibiu Fefe de praticar. Contudo, um tempo depois, ele se arrependeu e passou a incentivá-la. Isso aconteceu quando já estava estudando em Cambridge. Enquanto estudava e trazia alguma garota pro meu quarto, podia ouvir o som do violão da Felicity.
Ao fim da música, os aplausos foram bem fortes. Ainda ouvi Lulu gritando e vibrando como uma verdadeira líder de torcida. No intervalo a procurei no camarim. O trio bebia e brindava seu sucesso.
-- Meninas! – Biff convidou todas nós para brindar. – Venham! Juntem-se a nós.
Bebemos um pouco de champanhe e Felicity me puxou para um canto.
-- Seja sincera, Nora. Eu... cantei bem?
-- Está brincando? Você foi a melhor! Estou tão orgulhosa de você. Tanto que até me emociona. – abracei minha amiga. – Como conseguiu essa voz, Felicity?
-- É o que se acontece com quem tem namorados famosos. – ela ria nervosamente. – Macca sempre me motivava a tentar liberar minha voz. Ele dizia que eu devia abrir minha alma e meu coração. Aí sim sua voz faz sua parte.
-- E pelo visto seguiu o conselho dele. – amaciava a mão de Felicity e num gesto erótico, levei a mão dela para perto de meu rosto e lambi um de seus dedos.
-- Nora...
-- Shhh...
Beijei Felicity com tanto ardor e paixão que nem sabia que existia. Neste beijo eu pude confirmar algo que sempre soube desde pequena: ela é minha alma gêmea.
-- Nora! – ela parou o beijo, ofegante. – Não estamos mais em Cambridge, onde.... fizemos aquelas coisas.
-- Sente vergonha disso? – perguntei.
-- Não. É que... Nora, nós tínhamos curiosidade e por isso rolava aquilo no quarto. Era carnal.
Ali percebi um pouco de medo por parte dela e insegurança. Fiquei mais perto dela.
-- Fefe... a gente era só carnal. A gente precisa conversar sobre isso.
-- O que foi? – seus olhos mudaram. De insegurança para espanto. – Por favor, não pense mal de mim.
-- É que eu...
Não consegui terminar de dizer. Ouvi a apresentadora Erica Vaal anunciar outro apresentador e é justamente o ator francês Alain Delon.
-- Bonsoir à tous! Mon travail est de présenter les cinq vainqueurs de l'Eurovision. La cinquième place avec 30 points selon le jury, Minouche Barelli, Monaco. (Boa noite a todos! Minha função é apresentar os cinco vencedores do Eurovision. Quinto lugar, com 30 pontos de acordo com o juri, Minouche Barelli, de Mônaco.)
Todos aplaudiram e ela subiu ao palco, cumprimentando todos e seu maestro. Fefe ficou com a atenção voltada para o ator, que anunciou o quarto e terceiro lugar, que ficou para a cantora Vicki Leandros, de Luxemburgo e Noëlle Cordier, da França.
-- Et maintenant ... Le moment que tout le monde attend. Qui va gagner ce tournoi musical? (E agora... O momento que todos esperavam. Quem vencerá este torneio musical?)
Neste momento Fefe volta-se para mim.
-- Nora, diga logo antes que o Delon anuncie quem venceu.
Fiquei nervosa e ouvi os tambores. Rufando aquele som característico e todo aquele suspense que o ator fazia. Deve ser esse sentimento que os atores têm quando falam quem ganhou o Oscar. Respirei fundo e disse naturalmente:
-- Eu amo você... como nossos pais... se amavam.
Ela emudeceu um pouco e depois perguntou, sorrindo.
-- Eu sou... Sua Sassenach?
Sorri de volta. Ela ainda lembra como meus pais se referiam os McGolds. De sassenachs, ou simplesmente de “estrangeiros”, na língua gaélica.
-- Sim. É a minha Sassenach!
Milésimos de segundos depois ouvi claramente Alain Delon gritar um nome.
-- Et la première place revient à ... Felicity McGold, la Grande-Bretagne! (E o primeiro lugar vai para... Felicity McGold, da Grã Bretanha!).
Fefe estava em estado de choque e depois passou para emoção pura. Ela chorou, igual quando foi aprovada em seu TCC na faculdade, igual em sua festa de 15 anos, igual quando foi premiada no Press Award de melhor fotografia das bandas da Invasão Britânica. Podia jurar que se ela ganhasse um Pulitzer, ela morreria de tanto chorar. Do mesmo modo que a vi subindo ao palco, ainda com o rosto banhado em lágrimas, abraçando o maestro Woodman, Erica Vaal, Alain Delon e os outros participantes e por fim segurando o troféu dourado, parecendo um microfone de rádio.
Em meio aquela platéia, pude enxergar o Pete Townshend. E pelo visto, ele ficou feliz mesmo por saber da vitória de minha amiga...

Continua... 

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