quinta-feira, 12 de junho de 2014

It's Only Love (Songfic)

Olá pessoal!
Feliz dia dos namorados e hoje vamos ler It's Only Love, songfic dos Beatles que retorna com o beatle casal mais epic das fanfics, John Lennon e Rosie Donovan. O universo da songfic é próprio mas a personagem é da Grindhouse. Ah, a songfic é levemente inspirada no livro "A Culpa É das Estrelas", de John Green. Boa leitura!



It’s Only Love__ Maya Amamiya

John POV

Quando se espera a morte, tudo lhe parece normal. Ao menos não sofrerá as dores físicas e a do mundo ao seu redor. Quando se aproveita a vida de forma intensa, tudo é tão diferente. Surreal. Se ao menos soasse com alguma música conhecida, talvez enxergasse o mundo como todo mundo vê. Costumava idealizar as coisas, realização de milagres. Eu sonhava com mundo melhor. Contudo, o que eu via era realidade.  E esta é minha vida, minha história.
Todo protagonista tem em seu caminho alguém que o tire da sua rotina. No meu caso, todos os dias eu escrevia poemas, tocava guitarra ao mesmo tempo em que ia a clinica para minhas consultas habituais. Nada mudou no meu câncer do pulmão, resultado das extremas temperaturas baixas no inverno de Liverpool. E agora estou eu, vinte e quatro anos, morando com meus tios e respirando com ajuda de inaladores e bombinhas contra asma. E muitas vezes carregando meu tubo de oxigênio na mochila quando ia sair em viagens. Ah e freqüentar grupos de apoio aos jovens com câncer. Tia Mimi achava que eu sofria de depressão devido aos sintomas que não via, que eram ler o mesmo livro muitas vezes, não sair, pensar na morte e ser muito mas muito conformista. Este sou eu, divagando durante a palestra... até ela adentrar o recinto.


I get high when I see you go by
My, oh, my
When you sigh, my mind inside just flies
Butterflies
(
Eu me animo quando vejo você passar
Meu, oh, meu
Quando você suspira minha mente voa
Borboleta)



Aquela sensação estranha. Era tão novo pra mim. Conheci muitas meninas e todas elas me causaram desejos avassaladores, mas ela... era diferente. Um sorriso lindo, olhos tão brilhantes como duas pedras de esmeraldas, cabelos soltos e tão vermelhos como o fogo e um rosto delicado, uma perfeita boneca de porcelana. E eu me senti um boboca, um inútil.  Tímido.

-- Então – Falou Brian, o organizador do grupo de apoio. – Qual é o seu nome, jovem?

-- Meu nome é Rosie Donovan, tenho dezessete anos e sofro de osteossacroma, o que me levou a abandonar a faculdade de Artes. Hoje estou bem, mesmo com minha bela prótese! – Ela respondeu de forma alegre, sem demonstrar por um momento sua dor. Ela encarava a doença como quem ri de um palhaço de circo.

-- Ótimo, Rosie. Quer dividir conosco seus medos?

-- Esquecimento. Este é meu medo. Das pessoas que amei e tanto desejei bem, acabarem me varrendo de suas vidas.

Compreendi o que ela disse. Era perfeitamente normal para jovens como ela não saberem deixar sua marca no mundo. Notei em seu olhar um pouco de lamentação. Talvez por deixar a faculdade por causa da doença, resultando na amputação da perna e o uso da prótese. Ela usava uma saia parecida com dos anos 50, uma blusa branca com estampas florais e um cardigã azul. Após isso, Brian passou cantar o tempo todo, e eu trocava olhares minuciosos com minha bela colega.   

Why am I so shy
When I'm beside you?
(Por que sou tão tímido
Quando estou ao seu lado?)



Em tão pouco tempo nos tornamos não só colegas freqüentadores do grupo de apoio e sim amigos, grandes amigos. Paul, o rapaz prestes a ficar cego na cirurgia, também freqüenta o mesmo grupo que eu e nos tornamos amigos através de gestos, o que demonstrava nossa insatisfação com Brian e a pena sentida pelos integrantes. Rosie também é amiga dele. Um dia conversei com ele sobre o amor e ele desatou a chorar. Começou a dizer que Jane Asher, que sempre jurava que o amava, terminou com ele uma semana antes da remoção do outro olho cancerígeno.  Dei a ele o melhor consolo de amigo: permiti a Paul que quebrasse meus troféus da estande e naquele momento minha querida Rosie estava lá, linda como sempre.

-- Está tudo bem?

-- Está a mil maravilhas. – Falei com um sorriso amarelo, pelo constrangimento de Paul ainda quebrar meus troféus para se livrar da fossa.

-- Trouxe minha amiga aqui. Esta é Marianne Jones, pode chamar de Mari.

-- Oi, John! – Cumprimentou a amiga da ruiva. Mari é bem bonita e completamente normal. Ou seja, não possui nenhuma deficiência ou coisa assim.

Paul parou de quebrar os troféus e foi dar saudações as nossas visitantes. Notei imediatamente que ele gostou da menina normal. Aproveitei junto com Rosie, a deixá-los mais a vontade e fomos a sacada de casa, que dava para ver a lua e as estrelas.


It's only love
And that is all
Why should I feel
The way I do?
It's only Love
And that is all
But it's so hard
Loving you
(É apenas amor
E isso é tudo
Por que deveria me sentir
Do jeito que sinto?
É apenas amor
E isso é tudo
Mas é tão difícil
Amar você)



Se eu soubesse o quanto era difícil amar, iria querer meus livros. A medida que passava ao lado dela, meus sentimentos brotavam e desenvolviam em grande escala. Tentei me afastar dela mas era impossível. Conversávamos até via sms.  Contudo, esses sentimentos me prejudicaram certa vez. Acordei de madrugada com falta de ar e incapacitado de me mexer.  Gritei e meus tios me socorreram. Acordei no hospital de Liverpool.  Rosie foi me visitar em casa depois de dar alta.
Ficamos sentados no balanço que possuíamos.

-- Ficar longe ou incomunicável não diminui o que sinto por você. – Ela disse, tão confiante e sorridente.

-- Rosie, não quero em nenhum momento te perder mas... acho melhor pararmos aqui. Para nosso bem.

-- John...

-- Sou uma granada! – Falei quase explodindo. – Um dia eu vou explodir e destruir tudo ao meu redor. Eu... não quero magoa – lá em nenhum momento!

Confesso que não gostei do que disse mas era a verdade. Depois disso ela ficou em silencio, olhou pro céu e em seguida tirou do bolso do casaco jeans uma caixa prateada, abriu e sacou dentro um cigarro e colocou entre os dentes.

-- Estragou tudo! – Disse, mesmo sem saber as intenções dela.

-- Eu estraguei?

-- Sim, estragou tudo!

Ela revira os olhos de forma engraçada e logo explica o motivo do cigarro na boca.

-- É uma metáfora. Nunca acendi um cigarro, nem de brincadeira. Na metáfora, você põe essa coisa entre os dentes, mas não dá o poder de acender para te matar. Esta é a metáfora!

A partir daquele dia eu soube que ela é mais que tudo na minha vida. Jurei poder viver ao lado dela.  

Is it right that you and I should fight
Every night
Just the sight of you makes night time bright
Very bright
(É certo que você e eu devemos lutar
Toda noite
Somente a visão de você faz a noite brilhar
Bem brilhante.)



Rosie sabe como aproveitar a vida. Da maneira simples e bela. Os dias se tornaram muito bonitos quanto ficamos juntos. Até adquirimos nossos equivalentes “sempres” que Paul costumava trocar com Jane Asher. Dizíamos “O.K.” nas mensagens e nas ligações. E dessas palavras eu soube do meu amor. Fizemos piquenique no parque e lá a presenteei com uma rosa branca.

-- Oh, John! É linda. – Dizia ela tocando a flor. – Eu te amo, John Lennon!

-- Eu também te amo, minha flor! – Eu a beijei intensamente com os raios de sol me iluminando.

No mesmo dia vimos Paul e Mari andando de mãos dadas e trocando beijos. Saímos os quatro sempre na lancheria, no cinema, shopping ou na pizzaria.  Era muito bom.


Haven't I the right
To make it up, girl?
(Não tenho eu o direito
De consertar isso, garota?)



-- Eu vou morrer, John. – Rosie falava tristemente a noticia de sua morte. Ao que parece o câncer dela evoluiu rápido, resultando nas constantes dores no corpo e muitas vezes tossindo e cuspindo sangue, como se estivesse numa luta.

A vida é injusta. Fiquei rezando tanto para que pudesse viver só mais uns anos para preparar Rosie psicologicamente caso eu partisse antes. Agora é ela que partirá. Paul, junto com os outros dois amigos, George e Ringo montamos uma banda e cantamos a música que compus quando conheci minha ruiva. Chama-se “It’s Only Love”. Rosie ficou comovida e nos fez um pedido nada convencional.
-- Se não for pedir muito, quero que cantem no meu enterro. Ficarei muito feliz em poder ouvi-los cantando enquanto subo as escadarias do paraíso.

Ninguém negou aquele pedido. E junto preparei uma carta para quando for ler no funeral. Três dias depois da música mostrada para animá-la, Rosie foi internada as pressas. Tia Mimi não me deixou ir ao hospital, mas eu fui e fiquei do seu lado por dois dias. Voltei para casa, torcendo pela recuperação dela e planejando nosso futuro. Só que não...

It's only love
And that is all
Why should I feel
The way I do?
It's only love
And that is all,
But it's so hard
Loving you
Yes, it's to hard
Loving you
Loving you
(É apenas amor
E isso é tudo
Por que deveria me sentir
Do jeito que sinto?
É apenas amor
E isso é tudo
Mas é tão difícil
Amar você
Sim, é muito difícil
Amar você
Amar você)

Amar Rosie era difícil. E mesmo assim me apaixonei da mesma forma como se cai no sono profundo e relaxante. Entendi perfeitamente o motivo do padre sempre dizer “até que a morte os separe.” Só a morte poderia me separar. E foi o que aconteceu. Oito dias depois da minha ida ao hospital, Rosie Donovan não resistiu.
Tio George e Tia Mimi entraram no meu quarto e me contaram a noticia. Demorei uns cinco segundos para processar as idéias. Tico e Teco não compreendiam as palavras da morte dela até o momento. Derramei mais lágrimas do que no enterro de minha mãe e quase me juntei a ela na escadaria do paraíso pelas dores no pulmão. O enterro passou bem rápido. Li a dedicatória apaixonada e tocamos nossa canção. Após isso, Tio George me entregou uma carta. Sendo para mim, abri e um delicioso aroma floral emanou. Lembrei de Rosie e logo vi sua caligrafia delicada.

Amado John

Não sei como expressar tudo em uma carta. Certamente se estivesse em meu lugar, as palavras brotariam na mente como plantas regadas banhadas pelos raios solares. Se estiver lendo, eu já devo ter partido e meu enterro é regado por diversão. Lembra que no primeiro dia do grupo de apoio, Eu falei do meu medo de ser esquecida? Pois é, a carta serviu para você não me esquecer e principalmente, me amar... intensamente.
Se estiver em depressão, não entre em pânico, a garota certa pode estar perto, é só olhar nos olhos dela. Quero chorar mas a música da Lana del Ray me impede. 
Agora só me responde uma coisa, John. Você quer me encontrar no paraíso? Por que estou te aguardando ansiosamente. Só me responde com O.k ou não. Aqui no céu, sinto-me sem graça sem você.

Atenciosamente e apaixonadamente, Rosie Donovan.

Não é preciso responder. Ela sabia. Anoiteceu e finalmente proferi as palavras para minha resposta ao seu convite.

-- O.k.! – Eu falei, olhando as estrelas.

 A culpa não é das estrelas  e nem do universo.  


FIM





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