Feliz dia dos namorados e hoje vamos ler It's Only Love, songfic dos Beatles que retorna com o beatle casal mais epic das fanfics, John Lennon e Rosie Donovan. O universo da songfic é próprio mas a personagem é da Grindhouse. Ah, a songfic é levemente inspirada no livro "A Culpa É das Estrelas", de John Green. Boa leitura!
It’s Only Love__ Maya
Amamiya
John POV
Quando se espera a morte, tudo lhe parece normal. Ao menos não sofrerá
as dores físicas e a do mundo ao seu redor. Quando se aproveita a vida de forma
intensa, tudo é tão diferente. Surreal. Se ao menos soasse com alguma música
conhecida, talvez enxergasse o mundo como todo mundo vê. Costumava idealizar as
coisas, realização de milagres. Eu sonhava com mundo melhor. Contudo, o que eu
via era realidade. E esta é minha vida,
minha história.
Todo protagonista tem em seu caminho alguém que o tire da sua rotina.
No meu caso, todos os dias eu escrevia poemas, tocava guitarra ao mesmo tempo
em que ia a clinica para minhas consultas habituais. Nada mudou no meu câncer
do pulmão, resultado das extremas temperaturas baixas no inverno de Liverpool.
E agora estou eu, vinte e quatro anos, morando com meus tios e respirando com
ajuda de inaladores e bombinhas contra asma. E muitas vezes carregando meu tubo
de oxigênio na mochila quando ia sair em viagens. Ah e freqüentar grupos de apoio aos
jovens com câncer. Tia Mimi achava que eu sofria de depressão devido aos
sintomas que não via, que eram ler o mesmo livro muitas vezes, não sair, pensar
na morte e ser muito mas muito conformista. Este sou eu, divagando durante a
palestra... até ela adentrar o recinto.
I get high
when I see you go by
My, oh, my
When you sigh, my mind inside just flies
Butterflies
(Eu me animo quando vejo você passar
Meu, oh, meu
Quando você suspira minha mente voa
Borboleta)
My, oh, my
When you sigh, my mind inside just flies
Butterflies
(Eu me animo quando vejo você passar
Meu, oh, meu
Quando você suspira minha mente voa
Borboleta)
Aquela sensação estranha. Era tão novo pra mim. Conheci muitas
meninas e todas elas me causaram desejos avassaladores, mas ela... era
diferente. Um sorriso lindo, olhos tão brilhantes como duas pedras de
esmeraldas, cabelos soltos e tão vermelhos como o fogo e um rosto delicado, uma
perfeita boneca de porcelana. E eu me senti um boboca, um inútil. Tímido.
-- Então – Falou Brian, o organizador do grupo de apoio. – Qual é
o seu nome, jovem?
-- Meu nome é Rosie Donovan, tenho dezessete anos e sofro de osteossacroma, o que me levou a
abandonar a faculdade de Artes. Hoje estou bem, mesmo com minha bela prótese! –
Ela respondeu de forma alegre, sem demonstrar por um momento sua dor. Ela
encarava a doença como quem ri de um palhaço de circo.
-- Ótimo, Rosie. Quer dividir conosco seus
medos?
-- Esquecimento. Este é meu medo. Das pessoas
que amei e tanto desejei bem, acabarem me varrendo de suas vidas.
Compreendi o que ela disse. Era perfeitamente
normal para jovens como ela não saberem deixar sua marca no mundo. Notei em seu
olhar um pouco de lamentação. Talvez por deixar a faculdade por causa da
doença, resultando na amputação da perna e o uso da prótese. Ela usava uma saia
parecida com dos anos 50, uma blusa branca com estampas florais e um cardigã
azul. Após isso, Brian passou cantar o tempo todo, e eu trocava olhares
minuciosos com minha bela colega.
Why am I so shy
When I'm beside you?
(Por que sou tão tímido
Quando estou ao seu lado?)
Quando estou ao seu lado?)
Em tão pouco tempo nos tornamos não só colegas freqüentadores do
grupo de apoio e sim amigos, grandes amigos. Paul, o rapaz prestes a ficar cego
na cirurgia, também freqüenta o mesmo grupo que eu e nos tornamos amigos
através de gestos, o que demonstrava nossa insatisfação com Brian e a pena
sentida pelos integrantes. Rosie também é amiga dele. Um dia conversei com ele
sobre o amor e ele desatou a chorar. Começou a dizer que Jane Asher, que sempre
jurava que o amava, terminou com ele uma semana antes da remoção do outro olho
cancerígeno. Dei a ele o melhor consolo
de amigo: permiti a Paul que quebrasse meus troféus da estande e naquele
momento minha querida Rosie estava lá, linda como sempre.
-- Está tudo bem?
-- Está a mil maravilhas. – Falei com um sorriso amarelo, pelo constrangimento
de Paul ainda quebrar meus troféus para se livrar da fossa.
-- Trouxe minha amiga aqui. Esta é Marianne Jones, pode chamar de
Mari.
-- Oi, John! – Cumprimentou a amiga da ruiva. Mari é bem bonita e
completamente normal. Ou seja, não possui nenhuma deficiência ou coisa assim.
Paul parou de quebrar os troféus e foi dar saudações as nossas
visitantes. Notei imediatamente que ele gostou da menina normal. Aproveitei
junto com Rosie, a deixá-los mais a vontade e fomos a sacada de casa, que dava
para ver a lua e as estrelas.
It's only love
And that is all
Why should I feel
The way I do?
It's only Love
And that is all
But it's so hard
Loving you
(É
apenas amor
E isso é tudo
Por que deveria me sentir
Do jeito que sinto?
É apenas amor
E isso é tudo
Mas é tão difícil
Amar você)
E isso é tudo
Por que deveria me sentir
Do jeito que sinto?
É apenas amor
E isso é tudo
Mas é tão difícil
Amar você)
Se eu soubesse o quanto era difícil amar, iria querer meus livros.
A medida que passava ao lado dela, meus sentimentos brotavam e desenvolviam em
grande escala. Tentei me afastar dela mas era impossível. Conversávamos até via
sms. Contudo, esses sentimentos me
prejudicaram certa vez. Acordei de madrugada com falta de ar e incapacitado de
me mexer. Gritei e meus tios me
socorreram. Acordei no hospital de Liverpool. Rosie foi me visitar em casa depois de dar
alta.
Ficamos sentados no balanço que possuíamos.
-- Ficar longe ou incomunicável não diminui o que sinto por você. –
Ela disse, tão confiante e sorridente.
-- Rosie, não quero em nenhum momento te perder mas... acho melhor
pararmos aqui. Para nosso bem.
-- John...
-- Sou uma granada! – Falei quase explodindo. – Um dia eu vou
explodir e destruir tudo ao meu redor. Eu... não quero magoa – lá em nenhum
momento!
Confesso que não gostei do que disse mas era a verdade. Depois
disso ela ficou em silencio, olhou pro céu e em seguida tirou do bolso do casaco
jeans uma caixa prateada, abriu e sacou dentro um cigarro e colocou entre os
dentes.
-- Estragou tudo! – Disse, mesmo sem saber as intenções dela.
-- Eu estraguei?
-- Sim, estragou tudo!
Ela revira os olhos de forma engraçada e logo explica o motivo do
cigarro na boca.
-- É uma metáfora. Nunca acendi um cigarro, nem de brincadeira. Na
metáfora, você põe essa coisa entre os dentes, mas não dá o poder de acender
para te matar. Esta é a metáfora!
A partir daquele dia eu soube que ela é mais que tudo na minha
vida. Jurei poder viver ao lado dela.
Is it right that you and I should fight
Every night
Just the sight of you makes night time bright
Very bright
(É certo que você e eu devemos lutar
Toda noite
Somente a visão de você faz a noite brilhar
Bem brilhante.)
Toda noite
Somente a visão de você faz a noite brilhar
Bem brilhante.)
Rosie sabe como aproveitar a vida. Da maneira simples e bela. Os
dias se tornaram muito bonitos quanto ficamos juntos. Até adquirimos nossos
equivalentes “sempres” que Paul costumava trocar com Jane Asher. Dizíamos “O.K.”
nas mensagens e nas ligações. E dessas palavras eu soube do meu amor. Fizemos
piquenique no parque e lá a presenteei com uma rosa branca.
-- Oh, John! É linda. – Dizia ela tocando a flor. – Eu te amo,
John Lennon!
-- Eu também te amo, minha flor! – Eu a beijei intensamente com os
raios de sol me iluminando.
No mesmo dia vimos Paul e Mari andando de mãos dadas e trocando
beijos. Saímos os quatro sempre na lancheria, no cinema, shopping ou na
pizzaria. Era muito bom.
Haven't I the right
To make it up, girl?
(Não
tenho eu o direito
De consertar isso, garota?)
De consertar isso, garota?)
-- Eu vou morrer, John. – Rosie falava tristemente a noticia de
sua morte. Ao que parece o câncer dela evoluiu rápido, resultando nas
constantes dores no corpo e muitas vezes tossindo e cuspindo sangue, como se
estivesse numa luta.
A vida é injusta. Fiquei rezando tanto para que pudesse viver só
mais uns anos para preparar Rosie psicologicamente caso eu partisse antes. Agora
é ela que partirá. Paul, junto com os outros dois amigos, George e Ringo
montamos uma banda e cantamos a música que compus quando conheci minha ruiva.
Chama-se “It’s Only Love”. Rosie ficou comovida e nos fez um pedido nada
convencional.
-- Se não for pedir muito, quero que cantem no meu enterro.
Ficarei muito feliz em poder ouvi-los cantando enquanto subo as escadarias do paraíso.
Ninguém negou aquele pedido. E junto preparei uma carta para
quando for ler no funeral. Três dias depois da música mostrada para animá-la,
Rosie foi internada as pressas. Tia Mimi não me deixou ir ao hospital, mas eu
fui e fiquei do seu lado por dois dias. Voltei para casa, torcendo pela
recuperação dela e planejando nosso futuro. Só que não...
It's only love
And that is all
Why should I feel
The way I do?
It's only love
And that is all,
But it's so hard
Loving you
Yes, it's to hard
Loving you
Loving you
(É apenas
amor
E isso é tudo
Por que deveria me sentir
Do jeito que sinto?
É apenas amor
E isso é tudo
Mas é tão difícil
Amar você
Sim, é muito difícil
Amar você
Amar você)
E isso é tudo
Por que deveria me sentir
Do jeito que sinto?
É apenas amor
E isso é tudo
Mas é tão difícil
Amar você
Sim, é muito difícil
Amar você
Amar você)
Amar Rosie era difícil. E mesmo assim me apaixonei da mesma forma como
se cai no sono profundo e relaxante. Entendi perfeitamente o motivo do padre
sempre dizer “até que a morte os separe.” Só a morte poderia me separar. E foi
o que aconteceu. Oito dias depois da minha ida ao hospital, Rosie Donovan não
resistiu.
Tio George e Tia Mimi entraram no meu quarto e me contaram a noticia.
Demorei uns cinco segundos para processar as idéias. Tico e Teco não compreendiam
as palavras da morte dela até o momento. Derramei mais lágrimas do que no
enterro de minha mãe e quase me juntei a ela na escadaria do paraíso pelas
dores no pulmão. O enterro passou bem rápido. Li a dedicatória apaixonada e
tocamos nossa canção. Após isso, Tio George me entregou uma carta. Sendo para
mim, abri e um delicioso aroma floral emanou. Lembrei de Rosie e logo vi sua
caligrafia delicada.
Amado John
Não sei
como expressar tudo em uma carta. Certamente se estivesse em meu lugar, as
palavras brotariam na mente como plantas regadas banhadas pelos raios solares.
Se estiver lendo, eu já devo ter partido e meu enterro é regado por diversão.
Lembra que no primeiro dia do grupo de apoio, Eu falei do meu medo de ser
esquecida? Pois é, a carta serviu para você não me esquecer e principalmente,
me amar... intensamente.
Se estiver
em depressão, não entre em pânico, a garota certa pode estar perto, é só olhar
nos olhos dela. Quero chorar mas a música da Lana del Ray me impede.
Agora só me
responde uma coisa, John. Você quer me encontrar no paraíso? Por que estou te aguardando ansiosamente.
Só me responde com O.k ou não. Aqui no céu, sinto-me sem graça sem você.
Atenciosamente
e apaixonadamente, Rosie Donovan.
Não é preciso responder. Ela sabia.
Anoiteceu e finalmente proferi as palavras para minha resposta ao seu convite.
-- O.k.! – Eu falei, olhando as
estrelas.
A culpa não é das estrelas e nem do universo.
FIM
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