Como havia dito nos posts anteriores, Love Sell Out está caminhando para reta final. A partir deste capítulo inicia-se a contagem regressiva para o final. Boa leitura!
Capítulo 21: Combat Band 2 – Pete
Towshend vs Brian Wilson
Rosie POV
Afinal de contas, estava no século anterior para presenciar algo assim?
Se bem que desde que coloquei os pés na festa, pressenti que algo iria
acontecer. Uma treta que desta vez alguém ia sair com a cara no chão. Pensei em ir até lá apartar aquela confusão
toda, mas alguém me impede. Era Graham Nash.
-- É perigoso ir até lá. Não vê que são dois selvagens brigando sem
motivo?
-- E não vê que “esses selvagens” brigam por causa da minha amiga?
-- Você tem muitas amigas. Qual delas se refere?
-- Falo da Felicity!
-- Felicity? Aquela ali no sofá?
Quando Nash apontou onde estava Fefe, fiquei envergonhada. Ela estava
bêbada por completo. Pelo visto ela se confessou para Brian naquele
estado. E para piorar, a prima dela, a
tal Louise, também bebia demais e ficava cantando Shape Of Things, dos
Yardbirds e Marie era carregada por Anastacia e levada pro mesmo sofá onde
Felicity estava.
-- Eu não ligo, Graham! Vou impedir essa briga!
Os dois artistas estavam completamente furiosos. Brian girava a guitarra
e Pete se esquivava com muita facilidade e por sua vez tentava acertar golpes
no americano. Brian era grande e gordo (não tanto quanto Graham Bond) e tinha
muito mais massa muscular que Pete. Já o guitarrista do Who que tem fama de
quebrar tudo no palco, apesar de magrelo, tinha vontade de estraçalhar o
instrumento no ianque.
-- VOCÊ ME PAGA, SEU DESGRAÇADO! – Dizia Brian, muito furioso. – TIROU
DE MIM MINHA SURFER GIRL. A FEZ SOFRER!
-- ELA NÃO TE AMA! NUNCA O AMOU, SEU SURFISTA METIDO! SMILE!
Porém, quando Pete falou “Smile”, Brian parou no ar. Os rapazes
começaram se entreolhar e a próxima cena que vi foi do irmão de Carl e Dennis
Wilson ficar em posição fetal e falar coisas sem nexo algum.
-- Não... Smile... Por que não dá certo?... Smile... Smile...
Pete aproveita e pega Brian pelo colarinho e desfere socos na cara dele.
Dennis e Carl tentam impedir mas não eram páreo para o guitarrista durão. Os
socos continuavam até Brian Wilson reagir e pegar uma garrafa de cerveja e
quebrar na cabeça de Pete.
-- DESGRAÇADO! – Gritei muito indignada. – VOCÊ É UM COVARDE, BRIAN
WILSON!
-- Não, ruiva! – Dizia Jack Bruce. – Não estraga a treta. É bom para os
negócios. E ai quem mais aposta na briga?
Ignorei os avisos de Jack e parti pra cima de Brian e acertei não um,
mas dois tapas na cara dele. Todos ficaram
me olhando pela minha atitude tão inesperada.
-- Isso foi pela agressão e isso pela Fefe! – Gritei na cara de Brian.
Mike Love socorreu Brian que estava muito consternado e os rapazes
também. Roger e John também ajudaram Pete.
O que não esperava era que Brian correu até a guitarra e arremessou bem
forte na direção de Pete.
-- TOMA ESSA, BASTARDO! PELA SURFER GIRL! – Gritou Brian, jogando a
guitarra.
Roger Daltrey foi mais esperto e tirou Pete do caminho, mas a guitarra
voava perto da irmã de Marie, Odile.
-- NÃO! – Odile deu um grito e Roger Waters puxou- a pelo braço,
salvando de uma possível pancada de guitarra.
-- Obrigada! – Agradeceu Odile, feliz.
-- De nada, moça linda e... fofa. – Pelo visto, Waters se apaixonou a
primeira vista pela atriz francesa e melhor amiga de Louise.
A treta recomeçou com Brian correndo em direção de Pete como um touro e
quando finalmente o tinha em suas mãos o socou no nariz grande dele e Pete
reagiu legal, acertando um chute na canela do americano e outro no estomago,
livrando- se do golpe de chave de Brian.
O que a principio seria o fim, teve outra treta mas esta terminou
rápida. Era Mari e Nora surrando umas strippers que apareceram no bolo que os
Stones prepararam aos aniversariantes e vi também Brian Jones gritando
loucamente (mas muito consciente) que amava Anastacia. Resultado: John
Entwistle o calou com um soco! Jones caiu outra vez desacordado e sendo
amparado por Bill Wyman e Annie Collins.
Quando fui dar atenção para Fefe, alguém de novo agarra meu braço e não
era Graham Nash. Era... Mick Jagger.
-- Oi, ruivinha do Clapton. --- Dizia ele, muito sedutor com seus olhos
azuis e a boca carnuda. – Venha comigo se afastar desta confusão toda. Eu te
protejo.
-- Desculpe! – Falei tranquilamente enquanto tirava a mão dele de perto
do meu braço. – Não sou mais a ruiva do Clapton e nem irei contigo pro quarto.
A mim você não leva no bico. Com licença!
-- Ei, volta aqui, doçura!
-- NÃO ME CHAMA DE DOÇURA! – Gritei e Graham Nash veio me ajudar. – Você
pode conquistar muitas mulheres, Mick Jagger, mas nunca terá sorte!
Falei isso e Mick ficou calado e se afastou imediatamente. Nash me
olhava com um pouco de medo.
-- Caramba! Não sabia que era assim, Rosie.
-- Muita gente não sabe. – Falei um pouco sem jeito e depois vi que ele
sorria pra mim. – Vou levar a Fefe pra casa e depois ajudar a Mari e o pessoal.
-- Permita em te ajudar! Faço questão!
Carregamos Fefe que falava coisas de modo enrolado e cheirava a álcool
no carro. Nash dirigia e eu dava as
instruções no caminho. Pensei em deixar
no apê dela, mas lembrei que o pai e os irmãos dela estão lá para passar um
feriado com ela. Seria meio vergonhoso isso e então decidi deixar na casa de
Nora. Como havia pegado as chaves da casa dela, abri com cuidado e deixei Fefe
deitada no sofá e cobrindo- a com edredon pego no armário de Nora.
Quando voltamos para festa que capengou legal, devolvi as chaves para
Nora (ela estava calma e me agradeceu por cuidar de Fefe e leva – lá para a
casa.) e fui tentar auxiliar Mari em alguma coisa.
-- Quando esta festa terminar, vem comigo para America? – Perguntou
Graham, segurando minha mão.
No fundo, tinha medo em
aceitar. No entanto, avistei algo que não desejava ver e
lembro de ter visto nas minhas “viagens” de LSD. Como tive raiva de Eric Clapton naquele
momento!
-- Eu aceito! – Respondi muito convicta.
As coisas tinham de mudar... o quanto antes!
***
Felicity POV
Acordei com uma dor de cabeça insuportável. A visão estava muito nublada
e aos poucos fui recuperando graças aos raios de sol da janela. Caminhei até lá
com muita dificuldade. Minhas pernas tremiam e mal tinha tato. De repente, veio
uma súbita onda de enjôo e corri pro banheiro. Vomitei legal tudo que possuía.
Comecei a chorar embora não soubesse o motivo das lágrimas.
-- Felicity. – Alguém me chamou e não era a Nora. A porta se abriu e
revelou ser Catelyn, a mãe dela. – Está tudo bem?
-- Me ajude, sra Smith. Estou péssima....
A sra Smith me ajudou a levantar e cedeu umas roupas da Nora pra mim,
enquanto tomava um banho frio para me recuperar. Me vesti, escovei os dentes e
fui tomar café. Encontrei Nora conversando com pai dela e me juntei a eles.
-- Oi amiga, bom dia! – Saudou Nora.
-- Bom dia, querida Felicity! – Falou agora o pai dela, Eddard ou
conhecidamente como Ned.
-- Bom dia a todos. Me desculpem pelo que fiz. – Falei, muito
envergonhada, afinal estava na casa da minha amiga e na presença dos pais dela.
-- Tenha calma. Você é a única que de certa forma compreendemos a
situação. Nora e Keith nos contaram os detalhes, não sinta culpa, Fefe. – Falou
Ned, muito compreensível.
-- Obrigada, Sr. Smith. Ah, Nora, o que houve com Brian
Wilson?—Perguntei enquanto servia de café e passava o doce de uva na torrada.
-- Brian ficou possesso e foi contido pelos Beach Boys. Estão hospedados
no hotel Stapleton, perto da Rolling
Stone. Keith foi visitá-los. Sabe como
ele é, adora eles.
Não podia culpar Keith e muito menos condenar Nora por impedir isso. Aos
poucos fui recuperando a memória até entender as coisas. Minha amiga me levou
para casa e quando fui abrir a porta, meu irmão mais novo, Brandon, me abraçou
bem forte.
-- Fefe! Tava com muita saudade!
-- Eu também, meu irmão. Onde estão papai e Jon?
-- Eles foram à padaria comprar o que falta pro café. Ah, as amigas da
Nora trouxeram suas malas hoje pela manhã e estavam acompanhadas do The Who.
Por que não disse que conhecia o The Who? – Questionou Bran, tão alegre por
saber que eu conhecia sua banda favorita.
-- Ia te contar, mas não tive tempo.—Respondi com aquele sorriso maroto
que meu pequeno irmão adora.
Após isso, conversei com Bran até a hora do meu pai e Jon voltarem. Eles
ficaram felizes em me ver. Jon falava dos planos de mamãe em expandir a
boutique para Austrália e a possibilidade de se mudar lá e cada dia que passa,
odiava mais Serge Lamarc, seu pai biológico (meu pai considera Jon como seu
filho, mesmo sabendo da verdade e é por isso mesmo que Jon ama mais meu pai do
que Serge) por conta de mais umas burradas.
-- Não esquenta, Jon. Você tem a mim, Bran e papai. Pra falar a verdade,
não sei como agüenta o Serge.
Rimos daquilo e pela manhã até a hora de ir trabalhar, meu pai e eu
ficamos conversando. Bran acabou me dizer algo que não sabia.
-- Tinha me esquecido. Aquele guitarrista do Who, Pete Townshend, ele
veio antes das meninas trazerem as malas. E procurava por você.
-- Mesmo? – Perguntei bastante surpreendida. – E... o que ele perguntou
ou disse?
-- Que faz tempo que não conversa com você. Vocês... tipo... já...?
Sabia bem o que meu irmão quis perguntar e neguei. Eu sei que menti para
um menino de onze anos mas não quis dar detalhes. Meu pai ouviu tudo e não
disse nada.
No trabalho, seguiu-se como se nada tivesse acontecido e nem tocamos
direito no assunto da festa dos bateristas. Barbara ficou o turno todo me
olhando torto e vez ou outra falando alguma indireta para Teddy (lógico que a
indireta é para mim). Não liguei para isso e segui trabalhando até que por
alguma razão, refleti sobre minha vida. Por que não tentar arriscar a carreira
como cantora?
Gosto de cantar e tocar guitarra e inclusive já compus minha primeira música
mas não tive motivação o suficiente. Resolvi falar em particular com Richard
sobre isso.
-- Cantar? É meio difícil, Felicity. Tem certeza? – Richard ficou incrédulo
com minha decisão.
-- Sim. Ora, você mesmo disse que além de nossas carreiras, podemos
arriscar outra em
paralelo. E agora desejo isso. Não é nenhum capricho. Eu vou
e quero que me ajude, Richard. Por favor?
Apesar dos protestos, Ritchie acabou cedendo e na semana que entrou, ele
e eu fomos a gravadora Track Records, que pertence aos empresários do Who, Kit
Lambert e Chris Stamp. Os dois ficaram muito felizes com minha decisão e diziam
que torcem por mim. Além da produção feita por Glyn Johns, Ritchie chamou outro
cara: era Sam Benson, o empresário e produtor de Oxford e chefe de Rosie
Donovan.
Por quatro dias gravamos meu primeiro single. Com a ajuda dos meus
amigos, Paul Williams e Biff McFly (eles se tornaram minha mini banda de
apoio), gravamos minha primeira composição, Here’s
Love. Para o lado B, gravei um cover da dupla Everly Brothers, meus ídolos,
chamado Love Hurts. Na segunda semana, foi a construção da capa do single e Nora
fotografou. Posei vestida como uma legitima rocker, já que meu estilo e meu
modo de me vestir são baseados nos anos 50 e um pouco de psicodelia e
contracultura de 67.
Um mês depois recebi um postal de Rosie, dizendo que está em Nova York com Graham
Nash, David Crosby e Stephen Stills. Ela estava muito feliz e nenhum momento
mencionou Eric Clapton. Imagino o quão foi doloroso esse fim de relacionamento.
E ela me desejou sorte na carreira de cantora e falou que comprou o single e
gostou da música. Todos gostaram. As revistas de música e fofoca falavam muito
de minha mudança e minha música. A revista Mojo quis me entrevistar e enviaram
seu repórter, John Wiltmore para as entrevistas. Neste meio tempo, soube que os
Beach Boys partiram de volta para Califórnia. Ao que parece Brian Wilson
aporrinhou demais seus companheiros e Dennis e Carl entraram em pânico por
estarem em um país que não tem praia e nem mar.
Muitas semanas se passaram. O Who finalizava seu álbum, Sell Out e meu single atingiu a 5ª posição
do ranking das paradas. E ironicamente, o single do Who, I Can See For Miles
conseguiu apenas o 7º lugar. Era agora que Pete e eu não voltaríamos tão
cedo....
Na terça-feira ensolarada, enquanto fotografava umas modelos pra capa,
minhas amigas, Ritchie e Teddy, correram até meu estúdio para me entregar uma
carta.
-- FELICITY! – Gritou Nora.
-- Veja logo essa carta! Abra, abra logo! – Falava Marie, muito animada.
Peguei a carta e comecei a ler atentamente. Olhei pra janela procurando
uma reação, um sentimento. Mirei para todos ao meu redor.
-- Minha querida, diga logo. – Ritchie estava muito nervoso e Anastacia quase
roia as unhas.
-- A carta... é uma convocação do Eurovision Song Contest. Eu vou
representar a Inglaterra no Eurovision!!!! – Gritei extremamente animada.
Todos me abraçaram pela minha conquista. Participar do Eurovision seria
meu passaporte para a fama e reconhecimento de meu talento. E percebi que nem
todos compartilhavam da idéia... mas e dai? Eu sou Felicity McGold e eu vou
cantar para a Europa inteira e mais tarde, o mundo.
Continua...

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