A semana tá bem movimentada e novo capítulo do Rush. Lulu mostra seu lado furioso e a amizade com Niki Lauda. Boa leitura!
Capítulo 2: Adrenalina e conflitos
-- Ele vomitou e ainda me
beija, ai que nojo, Odile! Que
desprezível ele é! – Resmungava para Odile, que ouvia atentamente mas olhava
fixo em direção para Niki Lauda.
-- E dai, Lulu? Pode ter
sido nojento, mas veja o lado bom: provocou legal a enfermeirinha acompanhante
dele. – Odile ria da afirmação e eu concordei. Vi que a “fulana” reclamava para
Hesketh. Este por sua vez pedia calma e num dado momento acabou por ignorá-la e
concentrar a atenção em Hunt.
Marie cuidava do seu
filhinho e com a ajuda de Hesketh, por ceder uns protetores para o pequeno não
sofrer auditivamente pelos altos ruídos dos motores. O locutor mais uma vez
alerta os pilotos para começar a corrida.
-- Ééééééé!!!! VAI, NIKI!!!
VOCÊ CONSEGUE! – Torcia Odile, bem frenética. Pela primeira vez vejo minha
amiga tão animada numa pista de corrida, mesmo sendo na Fórmula 3.
-- FOI DADA A LARGADA! –
Gritou o locutor e ouviu-se os aceleradores trabalhando e dando a partida.
Todos os pilotos
aceleravam num ritmo só. Vi que eles se
arriscavam ali para vencer. Por enquanto Niki ganhava a frente e tinha
vantagem. Odile animou-se com isso. O publico delirava e até Marie, que não era
fã de velocidade, acabou por se juntar a irmã ainda segurando o bebezinho.
-- Para quem está
torcendo, Louise? – Perguntou Marie, animada.
-- Ora, pro meu amigo
Niki! Que pergunta, Marie!
-- Pensei que fosse pro
Hunt. Ele gostou muito de você.
-- Ele é nojento.
Desprezível e ...
-- E bonito! – Me interrompeu
Marie, rindo. Acabei por ser vencida pela irmã de Odile.
Voltei mais uma vez a
atenção na corrida e o locutor fala que James está em segundo, quase colado em Niki. Rezei para meu
novo amigo sair dessa e acelerar mais para ganhar, ao mesmo tempo torcia para
que nada acontecesse ao piloto rival, no caso o Hunt. Foi aí que notei. Como eu
podia me preocupar com um cara tão asqueroso como ele? Ok, desde a primeira vez
que o vi, havia me encantado por ele e hoje se repetiu.
Acordei para realidade com
um grito de Odile e do locutor. Vi também Hesketh, os membros da sua equipe de
manutenção do carro e Gemma vibrando de felicidade com a incrível (mas
perigosíssima) ultrapassagem de Hunt sobre Lauda, resultando neste último indo
parar no gramado, fora da pista. Minutos depois James Hunt vence a corrida.
Apesar da lamentação por meu amigo, fiquei feliz no fundo pelo James, mas
disfarcei. Odile não vibrou, contudo se recuperou fácil daquilo.
Voltamos ao ponto inicial
e minha amiga sugeriu que fossemos conversar um pouco com Niki. Marie e eu
concordamos e fomos para perto do palanque, onde James celebrava sua vitória.
Niki observava- o, furioso. Cutuquei seu ombro de leve.
-- Oi. – Estava um pouco
constrangida. Não sabia me dirigir a alguém assim. – Errr... foi uma ótima
corrida. Você merecia vencer.
-- É verdade! – Odile se
intrometeu mas se desculpou rápido. – Ele foi louco, aquela ultrapassagem
poderia matar você e mais pilotos que estivessem atrás. Foi horrível!
-- Obrigado, meninas. Eu
não consegui...—Agradeceu o piloto austríaco, um tanto lacônico.
-- Não tem problema. Você
vencerá na próxima vez. Não desista! – Falava Odile com tom de motivação. Niki
sorriu para ela e depois mirou para Hunt, que beijava e abraçava Gemma e seus
amigos comemoravam com ele.
Ele se aproximou da
pequena multidão. Odile me olhava do tipo “o que ele vai fazer” e eu já havia
sacado as intenções do piloto.
-- Imbecil! – Gritou Niki.
– Estava na minha linha, a pista era minha!
-- Ta querendo dizer que
depois que rodou e acabou na contramão? Eu acho que a grama era sua! Há há há
há!
Niki não se deu por
vencido e ainda continuou xingando, mesmo estando agora no seu lado.
-- Sua manobra foi
suicida! Se eu não freasse, teríamos morrido!
-- Não batemos, não foi?
Graças ao seu instinto perfeito de sobrevivência! – E depois Hunt encerra com
uma imitação (no mínimo babaca) de uma galinha.
-- Vai a merda! Qual é o
seu nome?
-- James Simon Wallis
Hunt! Lembre-se disso, alemãozinho! – Hesketh provocou Lauda. Este último
mostrou o dedo médio para eles.
-- É muito simples. Hunt
não rima com “santo”. Não vem bancar o santinho há há há!
Niki já ia dar as costas
mas não deixei. Encarei fundo nos seus olhos.
-- Esquece este babaca!
Vamos embora e venha comigo e com Odile para um lanche. – Niki aceitou e vi que
James me olhava com certa reprovação e Gemma questionou.
-- Quem era ele?
-- Não sei. Talvez um Zé
ninguém. – Falou Hunt, bem sarcástico.
-- É. Mas não gostei que
você beijou a namorada dele. Ela é tão ridícula!
Agora leitores, vocês
verão que meu humor, antes tranqüilo, se transformou em fúria cega. Talvez
assassina. Eu sou galesa e nós temos uma fama de temperamentais. Quando a
enfermeira Gemma falou aquilo de mim, peguei sem pedir o sorvete recém comprado
de Odile e fui na direção de Hesketh e sua turma. E aproximei de Gemma.
--Você deve ser a mulher
mais perfeita do mundo, para me chamar de ridícula.
-- Querida, eu tenho um
piloto campeão e você tem aquele rato fracassado. – respondeu a vadia.
-- Não, enfermeirinha. Você
tem um babaca desprezível ao seu lado e tem uma mancha na roupa.
-- Que mancha?
-- Essa mancha! – Joguei o
sorvete na roupa, mais exato perto dos peitos dela. O pessoal ficou chocado e
os próprios Hesketh e Hunt mais ainda.
-- Sua.... sua... eu...
Para completar a sessão
“Médico e Monstro”, desferi dois tapas nela, que a fizeram desequilibrar-se.
Gemma se segurou nos dois membros da equipe e falei.
-- Não fale assim de meus
amigos, enfermeirinha! Ou saberá quem é
Louise Christina McGold de verdade!
Sai dali e Niki deu
risada. Marie e Odile completamente boquiabertas.
-- Enlouqueceu, Lulu? O
Hesketh vai nos odiar! – Falou Odile.
-- Não to nem ai. A vadia
merecia, Odile! Pode me dar razão.
-- Te dou razão, Louise,
mas não precisava. – Falava Niki bem modesto.
-- Não gosto como as
pessoas falam dos meus amigos. Me deixam furiosa!
Naquela manhã nós quatro
tivemos um lanche perfeito, conversando sobre tudo. Ao meio dia, Niki foi
embora e meia hora depois Roger Daltrey apareceu e levou Marie e o pequeno Jim
para o parque. Odile e eu fizemos
compras e voltamos ao nosso apartamento, que temos desde 1967, quando nossa
amizade nasceu através do teatro. Telefonei para minha prima, Felicity. Ela
estava feliz, aprendendo a ser mãe cuidando do seu filho, Joseph e Pete também
se adaptava a vida paterna, sem perder o foco na banda.
A noite o telefone toca
enquanto Odile e eu assistíamos mais um episódio de A Feiticeira.
-- Alô? – Atendi.
-- Oi, querida musa Louise!
Preciso falar com você. Primeiramente eu sinto muitíssimo pelo o ocorrido.
-- Que nada, lord Hesketh.
Eu que peço desculpas pela minha atitude agressiva mas aquela enfermeira de meia
tigela mereceu!
-- Eu sei. O superstar não
gostou do modo como ela falava e terminou logo depois que você e seu...
-- Niki é meu amigo! – Deixei
claro para Hesketh da minha amizade com Lauda.
-- É, seu amigo piloto alemão.
Bem, eu espero que isso não estrague minha admiração que tenho por você e sua amiga
francesa. Ainda as quero na minha festa no Crystal Palace. Vai ser na sexta-feira.
Vocês vão ir?
Minha amiga imediatamente entendeu
e deu a resposta. E eu também
-- Que bom, minhas queridas.
Podem convidar quem vocês quiserem. Aguardo todos na sexta a noite no Crystal Palace.
Até logo!
-- Até logo, Hesketh.
A festa na sexta-feira. Era
perfeito para encontrar Hunt, ainda mais solitário. Para mim e Odile, era oportunidade
perfeita para diversão.
Continua...

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