quarta-feira, 5 de agosto de 2015

I Kissed A Girl (What If - Grindhouse - Parte 1)

Olá pessoal!
Uma boa noite e vamos iniciar com outra oneshot dividida em varias partes e será uma what if bem diferente em muitos termos. Aqui será mostrado a dupla de amigas, Felicity McGold e Nora Smith, dividindo amores, momentos amorosos e fofo e claro, teremos OT3's muito boas. Fiquem com a leitura da primeira parte!




I Kissed A Girl__ Maya Amamiya


Felicity POV

O maldito despertador me incomoda. Talvez seja a conseqüência por desacostumar em acordar cedo, como fazia antigamente quando era estudante de Jornalismo na Universidade de Cambridge. Acordei e me arrastei para o banheiro feito uma lesma. Após o banho, me vesti e fui tomar café. Meu pai acorda cedo para seguir no trabalho da gerência do hotel Hilton no centro de Londres. Mamãe é dona de uma boutique e socialite. Meus irmãos estão no colegial e eu... sou formada em Jornalismo e não tenho um emprego decente.

E desesperadamente preciso não só arranjar um emprego, mas também um apartamento. Não que menosprezasse meus pais. Simplesmente tinha necessidade em morar sozinha, sem depender de ninguém. Por vários meses procurei um emprego e consegui um de fotógrafa e colunista na revista Rolling Stone. É bem legal e pagam bem. Naquele dia, enquanto lia as mensagens de Pete, meu celular toca e era justamente Nora Smith, minha amiga.

-- Alô?

-- Oi, amiga? Estou te interrompendo em algo?

-- Estou no intervalo de trabalho. Ah preciso te perguntar. Já conseguiu um lugar para ficar?

-- Um lugar que não seja a casa dos meus pais e nem o apartamento sujo que meu irmão mora com os outros estudantes de biologia marinha aqui em Londres? Não eu não consegui. – Houve uma pausa e depois ela continuou. -- Na verdade eu achei um apartamento confortável, três quartos em Northing Hill. que não tenho toda a grana para o aluguel.

Era a oportunidade perfeita! Mesmo sendo aluguel, era um começo. Nora conseguiu o lugar, mas não tem dinheiro e conhecendo bem minha amiga, ela não ousará pedir nada ao seu pai. E então disse:

-- Eu tenho um dinheiro guardado, desde antes da formatura. Posso pagar e me ajude quando conseguir um emprego. O que acha?

-- Eu topo, se puder me encontrar amanhã, te mostro onde fica e podemos fechar o acordo.

-- Tudo bem. Amanhã no primeiro horário da tarde, no Hyde Park?

-- Perfeito! Até amanhã, Felicity.

-- Até amanhã, Nora!
Quando cheguei em casa, contei logo para minha mãe.

-- Vou morar sozinha. – Anunciei enquanto me servia de limonada e mamãe preparava um pão.

-- E onde é o apartamento?

-- Na verdade, eu não consegui. E sim a Nora. Apenas vou entrar com dinheiro e ela vai me ajudar depois. Vamos morar juntas.

Por incrível que pareça, pensar na possibilidade de morar ao lado da minha melhor amiga, me dava uma alegria imensa. Muito grande mesmo. Na verdade, uma excitação que não sabia bem.

Mamãe deu apoio e no outro dia, encontrei Nora no Hyde Park e ela me levou para o bairro Nothing Hill. Bem comum, nem tanto longe do centro. Vimos um apartamento que mais parecia ser o mesmo que o personagem de Hugh Grant morou no filme Um Lugar Chamado Nothing Hill. Bem aconchegante. E sem falar nas possibilidades de dar festas. Falamos com a senhoria e fechamos o acordo. Nora e eu paramos numa confeitaria e ali continuamos a falar sobre nossas vidas.

-- Tudo dando errado pra mim. Hoje participei de três entrevistas de emprego, sendo que na semana passada foram cinco e nenhuma me chamou. E pra piorar, também está chato levar o Moonie na casa dos meus pais. Meu pai fica fazendo a gente ficar na sala vendo jornal com ele.

-- O único momento íntimo com Pete é quando meus pais saem para jantar e deixo meus irmãos vendo seriados no Netflix. Ou no apartamento dele, que alias, nem dá mais. Motivos... pessoais.

-- Deixe-me ver. Vocês gritaram?

-- O tal do Babbitt ameaçou despachar Pete caso nós não calássemos  a boca de noite. – Respondi, lembrando da cara do muquirana malvado.

-- Por isso precisamos de um lugar onde podemos morar sem ninguém pra exigir bobagens!

Concordei mentalmente com a afirmação de Nora. Na verdade admirava os olhos dela... Mas por que? Ela sempre teve os olhos azuis mais atraentes que já vi. Muitos rapazes gostaram dela. Ainda lembro de uma vez numa viagem a Munique, Nora ganhou o coração de dois rapazes alemães. Um era um goleiro chamado Josef e o outro um jogador reserva chamado Kappelmann. Com esse último parecia estar vendo uma reprodução exata do casal de O Hobbit, a elfa Taluriel e o anão Kili, por que Kappelman era baixinho e tinha uma tara por mulheres altas.

-- Lembra daquela viagem a Munique? – Perguntei ao lembrar do jogador anão.
-- Sim, eu lembro. – Nora sorria. – Aquele goleiro, Sepp, ele tem uma boa pegada e o apelido dele é Katze. Significa gato em alemão. E o Jupp... oh que fofo ele era! Parecia um anão, como o Kili.

Nora teve boas lembranças, já eu... Meus relacionamentos com alemães não foram produtivos. A começar com Manuel, um confeiteiro viciado em Nutella. Nossa relação terminou quando ele anunciou que iria se casar. Aquilo me destruiu por completo.

-- Fefe... – Nora notou minha cara fechada. – Não se torture por Manu ter te enganado.

-- Nem é por isso. – Neguei e dei outra desculpa. – É por conta da minha incapacidade de não perceber a tempo. Ah mas esquece. Já passou e o confeiteiro ta muito feliz com a esposa.

-- Ouvi dizer que Manuel se divorciou.

Cuspi o refrigerante por ouvi aquela revelação. Por breves momentos alimentei a esperança de ter aquele confeiteiro alemão grandão pra mim. Porém, ao encarar os olhos de Nora...

-- Eu não quero saber dele!

No quarto pensei outra vez nele e de novo mudava de idéia. Não consegui dormir devido a ansiedade de conhecer o tal apartamento. E quando amanheceu, só aí consegui dormir. Não consegui trabalhar direito e acabei tomando mais um pouco de café. Segui com Nora para o apartamento de Nothing Hill. Entramos ali e vimos que é quase vazio e o espaço não era nada mal.

Conversamos com o dono e acertamos o negócio.

-- Vai dar um trabalho em conseguir as coisas. – Nora olhava ao redor de tudo.

-- E para não perder tempo, vamos comprar os moveis.

E de novo não foi fácil. Mas não impossível. Ao menos conseguimos comprar uma geladeira, uma mesa, cadeiras e sofá. As camas nós mesmas tivemos que tirar de nossas casas. George Smith, o irmão de Nora, doou o velho roupeiro que havia ali no seu apartamento e passamos a usar, até que nós duas ficássemos estabilizadas financeiramente para comprar um novo.

-- Fefe, eu prometo que vou te ajudar a pagar tudo isso.

-- Fica calma... – Estava muito sonolenta. – Acho que vou dormir neste sofá.

Não dormi muito devido a muitas preocupações e ajudei Nora arrumar algumas coisas no apartamento. Quando anoiteceu, aí sim adormeci de vez na minha cama. Ou melhor, achei que era na minha cama...

Dois meses depois nosso apartamento estava lindo. Bem arrumado e do nosso jeito. Para comemorar nossos esforços, Nora decidiu dar uma festa e chamei nossos amigos. Até mesmo o pessoal do trabalho eu convidei. Entre bebidas e conversas cruzadas, acabei vendo Jim Stone arrastando minha prima, Louise, para o quarto de hóspedes. Alice e Belle batiam um papo com o pessoal jornalístico. Marie Greyhound, minha colega, trouxe seus dois namorados. Sim, ela namora dois rapazes ao mesmo tempo. Um é um inglês, gordo e dono de uma livraria bem conceituada de Londres e se chama Graham Bond. O outro é um alemão chamado Ulrich Hoeness. Todos o chamam de Uli e é atualmente um professor de economia na universidade.

Bebi um pouco. Pete ainda não apareceu. E pelo visto nem o Moonie. E mesmo assim Nora sorria com os convidados. Estou feliz por ela, na verdade bem mais que isso. Era como se eu me preocupasse em proteger minha amiga. Pensei até que isso não era normal. Meus pensamentos foram interrompidos quando ouvi batidas na porta do banheiro. Sai do quarto e era Anastacia Rosely, outra colega da revista e seu namorado, John Entwistle.

-- Por favor, queremos usar o banheiro! – Berrava Ana. Neste momento, Nora apareceu. – Me ajude, Nora.
                                                                
Nora e eu fomos até a porta do banheiro e ouvimos gemidos altos e uns ruídos de objetos caindo.

-- Ohhh.. ODILE... EU TE AMO, MON AMOUR!

Reconheci a voz do meu primo. Apesar da vergonha sentida ali, não poderia culpar. Eu também tenho essa mania de fazer amor gritando, expressando meu amor e meu prazer a todo pulmão. Minutos depois, Mickey sai do banheiro, gemendo de dor, com a camisa amassada e marcas roxas no pescoço.

-- Desculpem... – Se retirava dali e atrás dele, estava Odile. Mesmo estado físico que o do meu primo e estava rindo.

-- Perdoem-nos... – Abrindo a porta e dando entrada para Ana e Enty.

Fui até Mickey para repreender sobre o ocorrido.

-- Escuta aqui, Michael! Só por que é uma festa, não precisava fazer amor assim, com escândalo. Pega mal, sabia?

-- Tá fica calma, prima! Até parece que você não fez isso lá em Munique. – Disse ele, acendendo um cigarro. – Eu me lembro da zoeira que aconteceu entre você e aquele líbero que você dizia que tinha olhos azuis de cobalto.

-- Ok, já entendi! – Me afastei para não ouvir mais coisas sobre a tal viagem a Munique onde eu me dei mal.

Sem querer, acabei invadindo o quarto de hóspedes pensando ser o meu e vi uma imagem bem íntima. Louise deitada por cima de Jim Stone, algemado.

-- Foi mal, gente! – Fechei a porta rapidamente.

Outra vez fui beber e desta vez um pouco de gim, em vez de uísque. Acabei vendo Nora chamando um pessoal pro mini palco que improvisamos pois alguns dos nossos amigos são músicos, entre eles minha amiga Alana Watson que é uma baixista e o ex-namorado de Nora, George Harrison, é guitarrista. Ela cantou Why Do You Let Me Stay Here, do She & Him.

Why do you let me stay here, all by myself?
Why don't you come and play here?
I'm just sitting on the shelf
Why don't you sit right down and stay a while?
We like the same things and I like your style
It's not a secret, why do you keep it?
I'm just sitting on the shelf
I gotta get you presents, let's make it known
I think you're just so pleasant, I'd like you for my own
Why don't you sit right down and make me smile?
You make me feel like I am just a child
Why do you edit? Just give me credit
I'm just sitting on the shelf.

Eu não sei o que realmente deu em mim, mas queria a todo custo minha amiga. Talvez a bebida seja forte demais e já estou ficando doida. Contudo, antes de beber, eu sentia algo por Nora e achei que fosse o senso de proteção para com uma amiga. Acho que seja mais do que isso. Quando ela terminou de cantar, ela veio até a cozinha e a puxei para perto de mim.

-- Fefe, o que houve? – Deixei minha amiga na parede e encarei aqueles olhinhos azuis.

-- Você não vai sair daqui sem me beijar... – Encostei meus lábios na bochecha dela e depois o beijo. E devo dizer: foi perfeito.

Apesar do efeito da bebida, estava entorpecida com aquele beijo e desejava mais e mais. Abraçava Nora como se não quisesse deixa – lá ir embora. Só paramos o beijo quando Ana surgiu na cozinha, levando um susto.
-- Opa, eu não vi nada. – Pegando uma garrafa de cerveja na geladeira e saindo de fininho. – Não vi nada e não conto pra ninguém!

Quase duas horas da madrugada o pessoal foi embora e Nora e eu arrumamos um pouco daquela bagunça deixada. Apenas um pouco e acabamos adormecendo.
No dia seguinte, acordei de ressaca e corri para o banheiro, vomitando tudo. Tomei banho, escovei os dentes e voltei para a sala, toda ruim.

-- Não está com uma boa cara. – Comentou Nora, me oferecendo uma xícara de café.

Recusei o café peguei uma aspirina no kit primeiros socorros. Neste momento Nora me aparece, com uma cara diferente. Resolvi perguntar.

-- Err... sobre ontem a noite, o nosso beijo... – Achei que tivesse deixado minha amiga constrangida. – Aquilo foi um lapso meu, por conta da bebida. Eu não quero que abale nossa amizade.

-- Não foi nada. – Ela sorria. – Não vai abalar nossa amizade de anos.

-- Isso mesmo, não vai abalar mesmo. – Sorri de volta, me convencendo disso.

Passei o fim de semana inteiro só nos filmes e acompanhando Nora no seriado favorito dela, Grey’s Anatomy. Na segunda-feira sofri mais ainda. Havia me dado conta que realmente estava amando minha amiga. Minha melhor amiga. Mesmo apaixonada por ela, isso não me impede em sentir atração por homens. Contudo, era Nora que eu desejava ardentemente.

No almoço, acabei abrindo meu coração para Anastacia.

-- Estou apaixonada, Ana. – Suspirei. – Estou amando minha melhor amiga. Desde a festa na sexta passada, não consigo esquecer aquele beijo, foi um melhores que tive na minha vida.

-- Você tem que contar esses sentimentos que você tem por ela, se não isso vai te matar mais e mais. – Disse Ana.

-- Tenho medo de perder amizade dela e principalmente ela.

-- Nora correspondeu o beijo?

-- Acho que sim.

-- Então ela te ama. E se declare sem medo.

Se passaram três dias e resolvi fazer compras. Recebi uma mensagem de Pete, avisando de uma viagem que ele vai fazer para Manchester. Pra falar a verdade, não sabia por que estou ele, afinal sei que ele sai com outras e ainda me traiu com uma de minhas inimigas, Jenna Davies. Perdoei-o, voltamos, mas não é a mesma coisa. Olhei para a janela e o tempo estava encoberto com nuvens cinzentas, sinal claro de chuva. Não deu dois minutos e caiu um temporal. E antes de guardar as compras na dispensa, Nora chegou no apartamento, toda molhada e sorrindo.

-- Amiga! – Ela pendurou a bolsa nos pregos especiais de guarda casaco para festas. – Tenho uma boa noticia!

-- Pode falar!

-- Eu consegui um emprego! – Me abraçando, mesmo com a roupa molhada. – Sabe aquela sua amiga jornalista, Alice Stone? Ela tem um site de música e me convidou para trabalhar com ela, escrevendo sobre música e cinema. E eu aceitei!

-- Oh meu deus, Nora! – Abracei bem forte. – Estou muito feliz que tenha conseguido. Puxa, você estava se esforçando demais e agora pode trabalhar!

-- Felicity, obrigada por acreditar em mim. – Ela olhava para mim, sorrindo por alguns segundos e em seguida me beijou rápido. – Me desculpe...

-- Nora! – Coloquei o dedo nos lábios dela. – Eu sei que somos amigas há muito tempo, mas não consigo mais esconder meus sentimentos por você. Eu... te amo, Nora Smith.

-- Fefe – Nora enlaçava meu pescoço. – Desde aquele em que nos beijamos, tenho de confessar que eu também estou apaixonada por você. Mas ainda tenho meu namorado.

-- Meu bem, você pode se relacionar com os homens normalmente. Eu não me importo. Eu também estou assim. Amo eles, mas você é muito mais.

Não posso dizer que minha felicidade se tornou completa ao saber que sou correspondida e Nora aceitou numa boa. Ali mesmo nos beijamos mais e a levei para o banheiro, onde tiramos a roupa e continuamos debaixo do chuveiro.

-- Felicity... – Nora gemia sob meus toques na região intima e se molhando na água quente. – Algum dia podemos colocar uma banheira?

-- Não é uma má idéia. – Concordei, arrancando mais um beijo.

Nos secamos juntas e acabamos indo para a cama, fazendo amor de forma intensa, nossa primeira experiência juntas. Foi tudo lindo, maravilhoso. Ficamos ofegantes e abraçadas. Como eu adorava abraçar minha amiga.

-- Minha gatinha escocesa... – Beijando mais os lábios doces de Nora. – Minha pequena.
-- Fefe, eu sou apenas cinco centímetros menor que você. – Nora me beijava mais e bagunçava meu cabelo. – Vamos assistir um filme?

-- Tudo bem. – Aceitei e inclusive sugeri um. – Que tal Jackie Brown?

-- Na verdade, ia sugerir Um Lugar Chamado Nothing Hill.

-- Ok, eu vou pela sua escolha, gatinha escocesa.

Desfrutamos da noite de chuva com filme, sanduíches, vinho e muito amor entre nós. Os dias que se passaram foram os melhores. Nora e eu seguimos trabalhando, planejando nosso futuro e ao mesmo tempo nos amando. Um dia, minha amiga e eu fomos visitar sua família. Os Smiths são amigos de minha família. O pai de Nora, Eddard (ou Ned) é um amigo do meu pai, Robert. Nossas mães também se dão bem. Ou seja, tudo em família.

Nora tem um gosto por gatos e na casa dos pais dela, havia pelo menos três bichanos, todos fofos. Nora brincava com eles como uma criança.

-- Você gosta de gatos, Felicity? – Catelyn me ofereceu um suco enquanto conversamos.

-- Gosto de gatos, mas a vida inteira só tive cachorros. O último que tenho é uma collie border chamada Snowball. Meus irmãos mais novos estão cuidando dela.

Mais tarde Nora foi para o quarto dela, pegar uns livros e a segui, roubando mais um beijo.

-- Fefe, estamos na casa dos meus pais.

-- Não consigo ficar longe de você, gatinha escocesa. – Mal fechei a porta e já partimos para o beijo.

Apenas retirei a calcinha dela, uma vermelha, minha cor favorita.

-- Sabia que adoro vermelho? – Mostrando a calcinha para ela.

-- Eu sei, por isso mesmo vesti. – Rindo.

Entre beijos e carinhos feitos entre as pernas dela, acabamos sendo interrompidas pelo irmão dela, George Smith.

-- Nora, você está aí? PUXA! – Ele abriu a porta e levou um susto.

-- George! – Resmungou minha amiga.

-- Desculpe, eu não vi nada! – George se retirou dali, um pouco vermelho.
Almoçamos todos juntos e ao fim da tarde voltamos para o apartamento, para mais um pouco de amor. Certa vez quando fui ao Harrods comprar mais roupas, acabei trombando com meu ex-namorado.

-- Fraulein! É você? – Era ele, o confeiteiro casado.

-- Olá, Manuel! – Cumprimentei, sendo educada. – Estou de saída, até mais!

-- Fraulein, eu sei que a magoei, mas quero pedir perdão.

-- Está perdoado. Agora pode ir. Estou ocupada!

Me afastei depressa do confeiteiro. Manuel foi lindo quando nos relacionamos, agora não queria saber. Cheguei no apartamento, com cheiro de bolinhos.

-- Minha tigresa! – Ela surgiu diante de mim, só de avental. – Olha o que fiz para você.

Não podia acreditar. Nora segurava uma fôrma contendo pelo menos dez cupcakes.

-- Tudo isso... pra mim? – Sorria para ela.

-- Tudo o que quiser, minha tigresa galesa!

Peguei um cupcake e provei. Nossa, que delicia. Praticamente fui ao céu e voltei para terra. Nora deixou a bandeja na mesa e me beijou a força.

-- Sua boca com doce fica mais delicioso.

-- Gata escocesa danada!  -- Carreguei Nora para o quarto e o resto... vocês sabem.

Dias após do nosso ato amoroso na casa dos pais dela, Nora trouxe Keith Moon, seu namorado para o nosso apartamento. Não fiquei com ciúme nem nada, até fiquei feliz por isso. Me dou bem com Moonie e até cheguei a dizer que acho ele um tanto selvagem e sensual. Passei a noite inteira escrevendo uma coluna musical para a revista e só ouvia aqueles gritos dos dois. Quando terminei, acabei encerrando por ver um seriado, justamente um dos meus favoritos, Sex and The City.

Nora acabou entrando no meu quarto, só de camisa.

-- Estou triste. – Disse a escocesa, se aconchegando nos meus braços.

-- Por que?

-- Porque você não está participando. – Ela me beijou e sorriu.

-- Seu namorado nos aceita?
-- Falei com ele e achou um máximo... – Nora retirava minha calcinha  e ficava entre minhas pernas. – Vamos?

Não respondi e só permiti o prazer que minha escocesa proporcionava. O que não imaginava era que Moonie estaria ali na porta, nos vendo.

-- Moon! – Exclamei e Nora parou com o ato.

-- Errr... desculpem. Eu não queria interromper. Posso continuar vendo?

Trocamos um olhar significativo e puxamos Keith para perto de nós na cama.

-- Não vai ficar olhando. Vai participar. – Disse Nora, beijando ardentemente o namorado e ele me beijou.

Segunda experiência maravilhosa: entre 3 pessoas. Moonie não só aceitou, mas também era bastante atencioso. Com Nora, ele dava carinhos e beijos, comigo era o mesmo. E nós duas retribuímos de todas as formas aquela atenção. Tanto que no outro dia, Moonie amanheceu com dores nas pernas, marcas de chupões no pescoço e batom na cara. Contudo, muito realizado.

E isso se repetiu por umas vezes, até o dia que Pete resolveu me visitar. Moonie também veio nos ver e jantamos todos juntos. Foi aí que aconteceu “o inicio de uma crise”. Se eu soubesse da reação de Pete, não teria contado pra ele, pelo menos não daquela maneira.

-- Pete, eu queria dizer algo sobre mim. – Disse, tomando um pouco de água.

-- Pode falar, amor. – Apertando minha mão.

-- Pois bem. – Toquei a mão de Nora. – Eu gosto de você, mas amo minha amiga.

Pete parecia não entender bem o que quis dizer.

-- Desculpe minha ingenuidade, mas... como assim “você ama sua amiga?”. É algum código de amizade?

-- Pete, eu amo a Felicity de verdade. Somos bissexuais. Amamos uma a outra e também os homens. – Disse Nora com desenvoltura.

Aquilo calou meu namorado. Realmente o jantar não parecia ter sido bom. Mais tarde, Nora e Moonie foram pro quarto fazerem amor e eu e Pete ficamos no meu quarto.

-- Bissexuais? Vocês são tipo, adolescentes naquelas fases? – Pete exaltava demais.

-- Não é isso. Somos mesmo. Até o Moonie aceitou numa boa isso e... eu amo a Nora de verdade!

-- Eu não aceito isso! – Chutando a cama. – Você é minha namorada, MINHA NAMORADA!

-- Pete...

-- Droga! Por que estou dando conversa pra você? Uma garota tão bonita como você, preferindo a melhor amiga a mim! Você é uma vadia!

Aquilo me deixou furiosa a ponto de acertar um tapa na cara do Pete. Algo que não adiantou. Ele revidou o tapa, me derrubando no chão. E ainda cuspia filetes de sangue.

-- Felicity... amor... me desculpe... – Tentando me ajudar.

-- Vai embora daqui! – Disse um pouco calma, evitando me alterar.

-- Amor...

-- VAI EMBORA DAQUI!

Pete saiu do apartamento às pressas e eu corri para o banheiro, ligando o chuveiro tirando a roupa. Ignorei Nora que estava do lado de fora e chorei muito, com a mão na bochecha onde o tapa foi atingido. Fiquei debaixo do chuveiro por muito tempo, até ficar calma. Fui pro quarto e ainda chorei. Mais tarde a porta se abriu e era Nora, nua, se deitando comigo.

-- Minha tigresa... – Ela afagava meu cabelo. – Não chora. Estou aqui.

-- E o Moonie? – Questionei e também ele se deita comigo, me abraçando e sussurrando.

-- Pete é um canalha ciumento mesmo, um jumento tapado. Mas não fique assim. Estamos aqui para te consolar.

Nora me beijava muito e ali mesmo nós três fizemos amor na noite mais tensa de minha vida.

Algum tempo depois Keith e Nora terminaram. O motivo: ele engravidou Kim Kerrigan. Por isso ele não veio nos visitar mais. Achei que fosse por causa da briga com Pete. Pra piorar, Nora e eu não fazemos sexo faz três semanas e eu sentia falta dela, dos seus carinhos, suas palavras, sua doçura. E ainda ela chorava no apartamento inteiro. Por não agüentar mais aquele sofrimento, resolvi sair para comprar algo e acabei encontrando um filhote de gatinho, de pelagem amarela e olhos azuis como os de Nora. Ele estava na caixa de papelão, perto do lixo e resgatei o bichinho. Cuidei dele e esperei ela chegar.

Nora entrou no apartamento, ainda com o rosto triste e eu ajeitava o bichano. Esperei ela entrar no quarto e aí entrei ali.

-- Nora...—Sentei na beira da cama. – Tenho um presente pra você.

Mostrei o filhote e acredite, ver o sorriso de minha amiga mais uma vez é tão reconfortante.

-- Nossa, que lindo! – Ela afagava o bichinho. – Ele é tão fofo. Que nome vamos colocar nele?

-- Bem, você é fã de cinema... que tal... Godard? – Sugeri.

-- Perfeito. – Depois olhando pra ele. – Agora seu nome é Godard. Obrigada, Felicity. Eu te amo, meu amor.

-- Eu também, Nora. – Abraçando ela e depois ajudando-a cuidar do gatinho.

Colocamos Godard numa almofadinha e deixamos para ele uma tigelinha de leite e outra com um pouco de sardinha.
Quando voltamos pro quarto, envolvi minha amada com mais beijos na cama e ela me impediu.

-- Amor, me desculpe, mas to naqueles dias, a gente podia ficar aqui juntinhas.

-- Tudo bem, podemos ficar aqui.

Ficamos de conchinha no edredom enquanto a chuva caía. No outro dia acordamos bem, ou melhor, quase. Nora ainda estava “naqueles dias”. Na revista, encontrei Anastacia Rosely finalizando a edição.

-- Olá, Felicity.

-- Olá, Ana.

-- Está tudo bem?

-- Um pouco cansada, mas agüentando. – Suspirou. – E como anda sua relação com Nora?

-- Perfeita e muito feliz. – Observei Ana e vi que ela não anda bem. – Tem algo de errado?

-- Minha relação com Enty está decaindo... e queria algo pra renovar. Algo novo pra salvar nossa relação.

-- Talvez precise experimentar coisas novas. – Passando a mão nos cabelos de Ana. – E alias, você tem uma boca linda.

-- Err... obrigada. – Ana agradece e eu me aproximei mais dela. – Felicity... e Nora?

-- Ela sabe que pode acontecer de alguma de nós, querer algo com outra mulher. – Segurei seu rosto e a beijei devagar e Ana corresponde com ardor.

-- Oh... Fefe... você beija bem. – Ana respirava fundo e voltou a me beijar.

Prometi a mim mesma dar um momento intenso para Ana e contarei com Nora para me ajudar nesta missão.

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