Longo tempo que não posto aqui. Mas deixo aqui o segundo episódio da comédia escrachada desses três caras. Boa leitura!
Episódio 2: O bingo de domingo
O domingo não
prometia nada de bom, aparentemente. Graham Nash levantou cedo para o preparo
do café.
Abriu as janelas e contemplou a manhã cinzenta de Londres e também pensava no dia de amanhã, no qual ia ligar para a central de atendimento e resolver
o problema de seu cartão
de crédito
ainda bloqueado.
Seus pensamentos foram interrompidos quando avistou um automóvel razoavelmente grande e vermelho
estacionar em frente ao prédio
e de dentro saíram
quatro rapazes meio estranhos. Um é baixo e um penteado de menino comportado, o outro era um
tipo alto e cara de bravo. O terceiro também era alto mas não tanto quanto o primeiro e contava piadas igual a um
comediante de stand-up. O último
era loiro... e muito enrolado. Se atrapalhava no carregamento de alguns
instrumentos.
-- Vai com calma, Peter! – ajudou o mais baixo. – Hoje é
domingo.
-- Mas não
tem ninguém
na vizinhança.
–
respondeu o tal Peter.
-- Mas tem outros vizinhos. – replicou o mais alto. – Será
que a Louise está
em casa?
-- Hey! –
o baixinho deu um tapa na cabeça
do maior. –
Eu sei que está
de olho na Alice.
-- Ela não
tenho mais chance....Mas a Louise...
-- Já
chega, rapazes! –
berrou o carinha de comediante. –
Vamos entrar.
Nash observava os quatro entrando no prédio e carregando instrumentos musicais,
cavaletes e quadros. E mais curioso ainda: eles entraram no apartamento das
vizinhas bissexuais. E mais surpreendido era que Louise os recebeu muito bem e
o baixinho... Foi beijado por ela.
-- Pelas saias da rainha Victoria! A loirinha popozuda tá podendo...! – exclamou Nash, espantado.
-- Quem está
podendo? –
Gerd surgiu atrás
de Nash.
-- Olha, sugiro que esqueça sua crush pela vizinha popozuda! – sugeriu o inglês. – Ela....
Gerd abriu a porta disfarçadamente e viu algo. Sua vizinha loira... e o baixinho aos
beijos.
-- Mas que p....—tampou a boca, pra não ser ouvido mas sua vontade era dizer mil palavrões na língua germânica
e britânica
por conta da cena.
Nash puxou Gerd para dentro do apartamento e deu um tapa na
cara do amigo.
-- Para com isso! Vai estragar tudo.
-- Ah não!
Eu vou acabar com essa palhaçada!
–
ele disse e saiu do apartamento e indo para a porta onde vivem as vizinhas.
Bateu forte na porta. Nenhum sinal. E pelo visto a música estava muito boa e as vozes mais
animadas. Bateu mais forte. Alice abriu a porta, assustando-se.
-- Gerd! Bom dia! – ela sorria.
A música
foi desligada e tudo que viu eram instrumentos conectados nas caixas de som e
os rapazes chocados. Já
Alice ruborizou. Gerd cheirava a perfume e a considerar a toalha na cintura e o
cabelo molhado, era óbvio
que tinha saído
do banho.
-- Precisa de alguma coisa?
-- Bem... –
reuniu coragem e falou. –
Onde está
Louise?
Alice o guiou para o ateliê da menina e a encontrou pintando um quadro de seus modelos,
o casal de amigos seus.
-- Olá,
vizinho! –
ela cumprimentou, mesmo focada na pintura. – Estes são
Davy e Dianna. Meus amigos e modelos.
O casal posava de maneira sensual e quase sem roupas, com
Dianna sentando no colo de Davy. Ela fechou a blusa por conta da visita.
-- Oi! –
direcionando uma saudação
a eles e depois para a vizinha. –
Eu... Tinha me acordado com o som vindo daqui. Sabe que o dono não gosta de...
-- Nós
sabemos. –
respondeu Alice. –
Por isso falamos com Sr. Sullivan e ele permitiu a visita deles.
-- Eu gosto quando os Monkees venham ensaiar suas músicas aqui. – justificou Louise. – Parece que no apartamento deles, o
senhorio chamado Babbitt não
tolera som alto. E aqui é
mais flexível.
Ao mesmo tempo surgia o rapaz alto, trazendo uma bandeja de
nachos.
-- Quem quer nachos? – oferecendo para as moças e os modelos que recusaram.
-- Aceito. –
Louise pegou um e comeu. –
Está
muito bom, Nesmith.
-- Fiz especialmente pra vocês. –
brilhando os olhos para Louise e Alice.
Por mais esforço fazia, Gerd não escondia a raiva de ver o tal Nesmith jogando um charme
para elas. Pelo menos o baixinho estava com uma loira que não era Louise.
-- Acho que podemos pausar. – avisou Louise. – Davy e Di, podem se vestir.
-- Eu fiz ontem uma torta de nozes. – os olhos de Alice cintilaram. – Fiquem aqui. Vou trazer para vocês.
Antes de se retirarem do ateliê, ouve-se uma série de gritos e palavras trocadas.
-- Acho que é
o Micky. –
Davy ria das discussões
de seu amigo, Micky Dolenz e da namorada dele, Emma.
Um ledo engano. A garota que Micky discutia não era Emma. E sim...Felicity.
-- ... Você
nunca desiste, Micky! –
berrava a galesa briguenta. –
Me solta!
Quando o pessoal seguiu para a sala, encontraram Fefe e
Micky cara a cara, discutindo. Peter bebia um pouco de água e olhava para as longas pernas
encobertas um pouco pelo vestido e as botas.
-- Meu amor... Minha Vênus de Gales.... – Micky se rastejava e agarrava as pernas de Fefe e a mesma
chutava. –
Eu te amo. Largo a Emma e fico com você.
Ela acerta um soco não muito forte em Micky.
-- Mais uma declaração sua e chuto seu traseiro californiano!
-- Pessoal! –
Alice trazia a famosa torta para a sala e os pratos. – Vamos comer?
-- Eu dispenso, Alice. – respirou fundo e entregou um pacote para Louise. -- Obrigada, Louise.
Ao se retirar, todos ficaram chocados e olharam para Micky.
-- Ainda amo aquela mulher, Louise. – respondeu Micky.
-- Pena que ela não pensa o mesmo de você. –
debochou Louise. –
Quero um pedaço
da torta.
Gerd já
estava na porta, segurando sua toalha na cintura.
-- Junte-se a nós, vizinho.
-- Eu vou declinar....
Ele voltou correndo para o apartamento com o coração bombeando sangue e o rosto vermelho.
-- E a vizinha está mesmo com o baixinho? – Nash se culpava por mostrar isso para o amigo.
-- Não!
–
respondeu e riu demais. –
Ela... A garota era outra. O baixinho não tem nada com a vizinha lésbica!
Antes de fazerem alguma coisa, mais batidas na porta e desta
vez Gerd atende. Eram elas.
-- Trouxemos esses pedaços para vocês.
–
Alice entregava os pratos com pedaço de torta para os dois.
Na vez de Gerd um pequeno acidente aconteceu: a toalha caiu,
revelando sua masculinidade “elevada”. Não é
preciso dizer que as duas olharam muito bem aquele tamanho olímpico e Gerd agarrou a toalha, encobrindo
ali.
-- Desculpem! – correndo para o quarto.
Elas se despedem dos rapazes e ficam no corredor, ouvindo o
som.
-- Você
viu, meu sol? –
Louise, ruborizada, estava rindo. – O tamanho... dele?
-- Vi. –
Alice abanada com a mão
e passa a língua
nos lábios.
–
Deve ser uma delícia
cair de boca ali e fazer o garganta profunda.
-- Só
de imaginar nos revezando entre o rosto dele e “ali”,
me deixa excitada. –
Louise apertava os seios e gemia, ao mesmo tempo Alice agarrava sua amada e a
tocava.
-- Você
quer, meu solzinho?
-- Oh, sim...
E no apartamento deles, Nash parou de comer o bolo e quando
abriu a porta se deparou com a cena e imediatamente fechou sem fazer barulho
mas deixando entreaberto.
-- Meu Deus! –
disse baixinho.
-- O quê?
–
Bond se aproximou dele, ainda comendo o pedaço.
-- As vizinhas estão... se pegando.
Bond olhou e surpreendeu.
-- Nossa! Elas estão mesmo.
-- O que disse? – Gerd ouviu a conversa e apareceu ainda de toalha.
-- As vizinhas estão transando no corredor.
Os três
se fascinaram com que viam ali, o que poderia ser chamado de “pornô ao vivo”,
entre duas mulheres lindas. Alice sugava a intimidade de Louise e a mesma gemia
e puxava a cabeça
dela. Depois afundou o rosto nos seios fartos e lindos da maior.
-- Nunca tinha visto uma coisa dessas... – dizia Nash.
-- Isso é
melhor que filme pornô.
–
Bond já
preparava o celular para filmar.
-- Se a gente filmar, ganharemos um Oscar?
-- E muito dinheiro! Não é,
Gerd?
-- Cadê
o Gerd?
Mal terminaram de falar e ouviram os gritos no quarto
dele...
E a noite aconteceu o famoso bingo da terceira idade. Todo
domingo Gerd reserva o bar para o entretenimento das velhinhas. Além do bingo, também há bebidas e danças e pequenas gincanas.
-- Vou avisando. Não vou beijar nenhuma velhinha sem dentadura. - avisou Bond.
Nash e Gerd deixaram tudo preparado. O palco, o globo contendo as bolas numeradas, as
cartelas do bingo em casa mesa e foram receber as senhoras um por um.
Para surpresa de Bond, chegou uma senhorinha chique, fumando
um cigarrinho e junto estava sua neta e as três amigas delas. Reconheceu ser as jovens que apareceram no
bar na noite anterior.
-- Bem vindas, senhoritas! -- saudou Bond para as moças e depois para idosa. -- E
senhora...
-- Linda! -- se apresentou a velha. -- Sou avó da Marie.
-- Eu sou Graham Bond e sou um dos anfitriões.
-- Bond sorria para as duas, sobretudo para Marie. -- Sentem-se e eu
trago um drinque.
-- Dois Martinis, por favor. -- pediu Marie. -- A vovó adora.
-- Saindo dois martinis no capricho!
Depois de servido as bebidas, Gerd cumprimentou as mulheres.
-- Guten nicht! Domingo como vocês sabem, é o meu dia favorito. -- disse sorrindo
para elas. -- Pois é
o dia que eu encontro todas vocês.
-- Encontra as jovens ou as vovós,
Gerd? Se for a segunda opção
deve estar desesperado. -- ironizou Fefe, de forma divertida.
-- É
saudade mesmo... –
confirmou o barman.
Enquanto o bingo rolava, Gerd atendia todas as senhoras. Às vezes era confundido com parente ou
marido de algumas delas e outras vezes agradava aquelas que gostavam dele por vê-lo sem roupa e dançando, em troca ganhava muitas notas
altas de euros. Obviamente Gerd não gostava mas pensava nos benefícios financeiros e isso é o que contava.
Numa parte da noite as vizinhas lésbicas se acomodaram no balcão e participaram do bingo. Gerd notava
que a loirinha não
demonstrava algo. Na realidade ela não estava satisfeita. Numa das rodadas a velha Linda
Greyhound faturou o prêmio
que era beijar Graham Bond.
-- Pode beijar minha neta. – a velhinha deu autorização.
-- Mas senhora.... – Bond não
tinha palavras para tal ato. Beijar Marie era seu desejo pessoal mas agora, na
frente da velha.
-- Vamos, não
seja tímido
e beija ela. --- incentivava a vovó. –
E você,
Marie. Não
fica parada. Beija ele também.
-- Mas vovó... – Marie tentava evitar tal momento.
-- Vamos lá, Graham. Já pensou em beijar uma jovem francesa?
E como a vovó insistia, Bond puxou Marie para um
beijo quente e com isso foi aplaudido pelas senhoras da terceira idade.
Nas outras rodadas Alice batia o
recorde de quantas vezes dizia “bingo!” e ganhava os prêmios como uma caixa de maquiagem, um
conjunto de batons e pérolas.
E também
Louise se embravecia. Nunca foi fã de bingo ou jogo de cartas, preferindo os jogos eletrônicos a isso. Nesta última vez Alice ganhou um vestido
vermelho Prada e foi ao banheiro para experimentar. E Lulu empurra a cartela
pro lado.
-- Calma. – pedia Gerd, compadecido. – Quem sabe nesta rodada você ganha...
-- Eu desisti. – pegando a bolsa. – Isto é um saco! Se Alice perguntar, diga que voltei pro
apartamento.
E saiu do bar, deixando Gerd
desapontado. Por fim o bingo daquela noite fez sucesso, mais do que o esperado.
-- Agora temos mais dinheiro pra pagar
as contas. –
avisou Bond. –
E eu ganhei o beijo da crush...
-- Bom pra você! – Nash bebia mais água.
Gerd não disse nada. Apenas pensava em Louise e agora em Alice. Ele
sabia bem que a morena o esperava no banheiro.
-- Vocês podem ir. Vou ficar no bar mais um pouco... Pra arrumar as
mesas. –
avisou o alemão,
embora seus amigos soubessem o real motivo.
-- Ok mas nos avise de algo.
Assim que os amigos foram embora, ele
chaveou a porta e abaixou as persianas das janelas e correu para o banheiro
masculino, encontrando Alice, devidamente vestida com a roupa obtida no bingo e
mostrando as pernas.
-- Estava esperando você. – ela sorria.
Gerd pode não ter se dado bem com a vizinha loira,
mas a morena compensava o prejuízo...
E enquanto isso os rapazes se
preparavam para dormir mas antes faziam planos. Nash estava decidido a ligar
para central do banco para renegociar sua dívida do cartão
de crédito
e Bond deiava sua roupa pronta para o uso. Ele conseguiu o emprego tão desejado em lecionar na escola de música do centro da cidade.
Louise estava inquieta. Não dormia e ás vezes olhava pro celular na esperança de Alice lhe responder. Nada. Sabia
que a companheira estava interessada no vizinho alemão e ele muito propenso em
corresponder. Embora se amando, havia uma pequena diferença. Louise não namorava homens faz alguns anos e
Alice volta e meia arranjava um rapaz. Portanto não era de se estranhar que ela estivesse de olho em Gerd. O
problema era que Louise também
gostava dele...
Para desapegar ela discou um número no celular. Foi atendida.
-- Alô? –
a voz masculina e forte provocou Louise.
-- Oi. Sou eu. Quer me buscar amanhã ás 10 da manhã?
-- Com certeza, principessa! –
confirmou o homem de forte sotaque italiano. -- Até amanhã!
-- Até amanhã.
Continua...

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