Uma boa noite e para começar com os últimos posts de 2015, vamos conhecer a fanfic (Maris Grey deu a ideia quando viu uma ursinha de pelúcia caolha) inspirada no livro/filme Ensaio sobre a Cegueira, de Jose Saramago. Vamos conhecer as personagens da Grind sofrendo com alguns problemas de visão e outras enfermidades.
Ensaio sobre a visão do mundo__ Maya Amamiya
Capítulo 1: A visão de um todo
-- Deseja mais alguma
coisa, filha? – Perguntou Lilian Stone, para a filha.
Alice se encontrava
enferma na cama. Suas pernas não obedeciam e ela lia um livro da sua coleção.
-- Quero mais um livro,
mãe. – Falou a filha, ríspida.
Os pais não sabiam bem as
palavras para confortar Alice e no final se despediram dela, prometendo trazer
outro livro. Desde que contraiu uma doença no qual paralisou suas pernas, Alice
trancou a faculdade e passou o tempo todo em casa, apenas freqüentando a
clínica para consultas de fisioterapia e exames. Ela recebia as constantes
visitas de suas amigas e paixões, Belle Blue e Louise McGold.
Ela guardou o livro e
pegou o tablet, digitando uma mensagem para a amada.
Olá, “Nick Fury”. Como foi a
consulta?
Alice costuma chamar
Louise de “Nick Fury”, personagem da Marvel, devido ao uso de tapa olho. Ela
recebeu a mensagem.
Oi, doçura da minha vida! Minha noite
mais densa e apaixonada. Acredita que estou esperando o doutor faz uma hora?
Veja isso. Acabei de saber que o Dr. Pilton não será mais meu oftalmologista e
sim um outro. Parece que é alemão. Tenho medo.
Alice sabia bem o quanto
as consultas são importantes para Louise. De todas as amigas com enfermidades,
Lulu era a única que encarava com um sorriso e com bom humor. Respondeu para a
amada.
Calma! Vai dar tudo certo! A Força
estará com você e não se preocupe meu amor, sei que esse doutor vai cuidar
muito bem de você!
Em instantes, ela recebeu
a mensagem.
Obrigada, Alice Kenobi. Ou melhor,
Lady Alice Guinevere.
Acho que o doutor chegou. Torça para
que seja desta vez um McDreamy.
Até depois, minha noite!
Ps: Vou trazer o DVD da temporada 7
de Grey’s Anatomy e um pouco de chocolate.
-- Só você mesmo pra me
alegrar, meu sol!
Pelo menos Alice teve um
bom dia, retornando sua leitura e dividindo mais um pouco do tempo em casa com
Belle.
*------*------*------*
Lulu guardou o celular e
esperou que a enfermeira a chamasse.
-- Srta. Louise McGold? –
Perguntou a mulher, magra e alta.
-- Sou eu! – Ela se
levantou.
-- O doutor Müller vai
atender. Siga-me!
A enfermeira a conduziu
para a sala do médico e ficou sentada na cadeira, esperando mais um pouco. Na
cabeça achava se tratar de mais um médico que se espantaria por ver seu globo
ocular destruído e usando tapa olho. Para passar o tempo, pegou da mochila seu
livro favorito, Ensaio Sobre a Cegueira,
de Jose Saramago. Tão absorta na leitura que a jovem não percebeu que o médico
havia entrado na sala e se sentou na cadeira, de frente para ela. O doutor
esperou por mais alguns segundos e pigarreou, tentando chamar atenção dela.
Nada feito.
-- Fraulein McGold? – Ele
a chamou, despertando atenção nela.
-- Opa! – Louise se
assustou, fazendo-a fechar o livro com marca página que ganhou de Alice. – Me desculpe, senhor, digo, doutor.
-- Me chamo Gerhard
Müller, vou substituir seu antigo médico. – Ele olhava o prontuário dela e em
seguida para a paciente. – Se quiser pode me chamar de Gerd.
Apesar do susto, Louise se
impressionou com ele. Cabelos negros, um visual quase anos 70, um ar meio
selvagem e olhos castanhos incrivelmente lindos.
-- Vamos aos exames de
rotina? – Ele olhou para o tapa olho personalizado dela, com um monte de
gatinhos. – E retire isso, por favor.
Lulu retirou meio a contra
vontade seu tapa olho e quando Gerd viu, espantou-se.
Ela fez o exame rotineiro,
lendo as letras no aparelho sem nenhum problema.
-- Tens alguma
dificuldade? – Questionou ao anotar no prontuário.
-- Às vezes sinto que
embaça a visão boa e aí coloco os óculos. – Respondeu Lulu.
-- Seu antigo médico disse
em um relatório que tens esse hábito de não usar óculos. Deve usar mocinha! Se
não pode prejudicar a visão boa.
-- Eu não gosto e não
quero por isso. – Indicando o olho ruim. – Prefiro estar ao natural, usando meu
tapa olho e não me importo se me chamam de “pirata” ou coisa assim.
Depois foi caminhar em
linha reta, no entanto, o olho direito que tem a enfermidade, começou a tremer
devido à ansiedade, o que faz Lulu se desequilibrar e quase cair por cima do
médico.
-- Calma! – Ele a segurou
e sentiu o perfume de rosas que ela emanava. – Eu vi tudo. Tenha calma, respira
fundo.
Ela ficou sentada, se
recuperando e preparando para o próximo exame.
-- Siga a luz. – Disse
enquanto ligava a pequena lanterna, focando bem na pupila dos olhos. – Agora siga o dedo.
Ele desligou a lanterna e
fez Lulu olhar para o dedo indicador.
-- Você vai atender todas
as pacientes do antigo doutor? – Questionou Lulu.
-- Ele me contou sobre
elas. – Explicou Gerd, depois de terminado o exame. -- Duas que tem quase 8
graus em cada olho, uma não aceita a miopia e a outra quebra os óculos toda a
semana.
-- Elas são minhas amigas.
– Ela defendeu. -- Só uma delas é.... normal. É a minha prima. A gente é meio Os Vingadores míopes, sabe?
-- Deixa-me ver, você é a
“Nick Fury”? – Perguntou o médico, divertido com a idéia.
-- Já conhece a Iniciativa Vingadores, Dr. Müller? –
Louise fazia uma imitação exata do personagem, fazendo o médico rir.
-- Bem, você tem que usar
óculos ou um monóculo para o olho bom, Louise.
-- Eu já uso esse tapa
olho, se usar monóculo, Odile vai me chamar eternamente de Fritz Lang! –
Reclamou Louise.
-- Ele era um ótimo
cineasta! – Gerd tentava convencer Lulu disso.
--Sim, mas não quero ser
chamada assim!
--Ou você usa ou sua
miopia irá aumentar e você será cega de mais um olho. – Alertou o médico. -- Não
quero o seu mal, Louise, só o seu bem me preocupo com sua saúde.
Depois de muita
relutância, ela aceitou.
-- Quantos graus vai ser o
monóculo? – Perguntou.
-- 1,50 é pouca coisa. –
Ele escreveu na receita e entregou para ela. -- Nem vai notar.
-- Obrigada, doutor. – Ela
se preparava para sair quando fez uma última pergunta. – Tem certeza que não
tem interesse na Iniciativa Vingadores?
Ele novamente riu do
momento engraçado.
-- Ainda é cedo para
aceitar a proposta, “Fury”. – Entrando na brincadeira dela. – Quem sabe na
próxima.
-- Quem sabe nos Guardiões
da Galáxia? – Louise não perdia tempo.
Ele a encarou novamente e
se aproximou dela, erguendo o tapa olho de Louise e vendo o globo ocular dela
cego. Realmente parece que ela carrega a Via Láctea no olho, uma visão no
mínimo exótica, mas bonita.
-- Desde que eu seja o
Senhor das Estrelas...
Antes que pudesse dizer
algo, a enfermeira entrou na sala, observando os dois.
-- O que houve, Eva?
-- Dr. Müller, a próxima
paciente é Anastacia Rosely. – Respondeu a enfermeira.
Após isso Lulu sai da sala,
mas ainda olha pro médico.
-- Até a próxima consulta,
doutor Müller.
-- Até a próxima, Fraulein
McGold!
Ele a viu conversando com
as outras garotas, que esperavam pra próxima consulta.
-- Srta. Anastacia Rosely?
A prima de Louise,
Felicity levava Ana para a sala do doutor e este ficara abismado. A garota
procurava forçar as vistas e possuía pequenos cortes no rosto. Realmente não
seria nada fácil lidar com as pacientes do Dr. Pilton.
****____*****
Marianne ajeitava mais uma
vez sua cama de forma impecável, mesmo sem sua visão. Ela mora com os dois
irmãos mais velhos, Olive e Edmund. Olive atualmente está em turnê da Orquestra
Sinfônica. Edmund faz tratamento de seus olhos por conta do estrabismo e
Marianne ficou cega devido a um acidente de carro.
-- Essa sua amiga de
Liverpool, é gostosa? – Perguntou Ed, usando óculos escuros e ajudando a irmã a
guardar os livros.
-- Defina gostosa, Ed. –
Pediu Marianne e especificando. -- Ela é como o peru no Natal ou como o pão
fresco?
-- Pergunto se ela é mesmo
bonita.
-- Toquei o rosto dela e
senti que ela é bela demais. – Marianne suspirou e sentou na cama, bem
sonhadora.
Edmund percebeu isso. Ele
nunca conheceu Rosie... até hoje. A campainha toca e ele atende, mesmo usando
óculos escuros.
-- Bom dia, senhorita.
-- Bom dia. – Saudou
Rosie. – Eu não sabia que Marianne estava acompanhada... eu volto outra hora.
-- Relaxa. Está tudo bem.
– Ele sorria para a garota. Nos pensamentos, Edmund confirmou seu julgamento:
ela é bonita. – Você deve ser a Rosie.
-- Sim. E você é o
namorado dela? – Perguntou Rosie, com dúvidas.
Edmund pensou em falar que
é o irmão dela, porém resolveu brincar.
-- Sou namorado da
Marianne. – Ele tocou a mão dela, apertando-a. – Venha vamos entrar.
Rosie se decepcionou e
procurou disfarçar. Pensei que Marianne
fosse solteira, pensou Rosie, entrando na sala e sendo bem recebida por
Allen, o cão guia de Marianne, lambendo a mão dela.
-- Oi, Allen! – Afagando o
cão. – Cadê a Marianne?
-- Estou aqui! – Marianne
caminhava devagar e abraçou Rosie, beijando-a bem envolvente. – Senti sua
falta.
-- Eu também, meu amor...
– Rosie beijou a bochecha dela.
-- Vejo que conheceu meu
irmão mais velho, Edmund.
-- Irmão?! – Rosie se
questionou surpresa.
-- Sim, meu maninho. –
Confirmava Mari, ficando no sofá e afagando o rosto da amada. – Falta conhecer
a Olive e tem os gêmeos, mas eles morreram.
-- Errr... Marianne. –
Interrompeu Rosie. – Edmund me disse que é seu namorado.
-- Ele disse isso?
-- Sim.
Mari passou a mão no
rosto, um pouco brava e ria.
-- Ed, você sabe o que eu
acho dessa piadinha que você faz.
-- Precisamos de um pouco
de diversão, maninha! – Ed também ria.
Eles riram mais um pouco e
resolveram passear no parque. Mari levou seu cão guia. Rosie deu o braço para
os dois irmãos, ficando entre eles. Ela não nega que mesmo depois da verdade,
se encantou pelo irmão de sua alma gêmea. Quando pararam para se sentar no
banco da praça, Ed elogia Rosie.
-- Você tem uma cor de
cabelo linda, Rosie. Parece um rubi vivo.
Rosie estranhou.
-- Peraí! Você não é cego?
Edmund tirou os óculos escuros
e mostrou-se para Rosie.
-- Bem, eu sou míope.
Mais uma surpresa para a
ruiva. O irmão de Marianne sofre de miopia e tem os olhos quase separados,
porém, azulados e lindos.
-- Entendi... E você é...
-- Estrábico? Sim. Por
isso Marianne me chama de “Jean Paul Satre”. – Explicou Edmund. – Uso óculos
escuros quase sempre porque meus olhos doem um pouco.
-- E ele me chama de
“Demolidor”. – Disse Marianne, se referindo ao famoso herói cego que sabe
lutar.
-- Neste caso, eu sou a
“Foggy Nelson”? – Indagou Rosie, divertida e fazendo os dois rirem mais.
Para encerrar o passeio,
eles foram para a sorveteria da cidade e continuaram com sua diversão.
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário