quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Bears Comedy (1º Episódio)

Olá pessoal!
Tenha boa noite e fiquem com a outra nova fic, envolvendo um trio no mínimo inusitado: Gerd Müller, Graham Nash e Graham Bond. Foi inspirada no desenho animado Ursos Sem Curso. Um aviso: é uma comédia escrachada, com linguagem forte. Boa leitura e risadas.



Bears Comedy__ Maya Amamiya


Episódio 1: Dinheiro

(Opening: Minutemen – Corona)


Fechou-se 1 mês que aqueles rapazes moravam juntos, num apartamento razoavelmente grande e pouco luxo na área nobre de Londres. Dois ingleses e um alemão dormiam calmamente até ouvirem... o ruído da porta se abrindo e muitos passos entrando e saindo.

Graham Bond, um recém formando da faculdade de História e músico, foi o primeiro a se acordar. Saiu do quarto e bateu nas portas dos outros quartos, onde moram seus dois amigos residentes.

-- Nash! – bateu três vezes. – Acorda, cara! É a sua vez de dirigir.

Graham Nash, músico e técnico de informática, retirou sua venda dos olhos, tomou seu remédio para alergia e bocejou. Se juntou ao outro inglês, que tomava banho.

-- Ah, Nash! – Bond fechou o chuveiro, indignado. – Dá pra esperar?

-- Não dá! Eu estou...

Os ruídos que Nash fazia sentado no vaso calaram Bond e este saiu do banheiro, com a toalha enrolada na cintura com pouco sabão no corpo. Se secou e vestiu-se mas antes, bateu na porta ao lado do quarto de Nash. É onde Gerhard Müller, o barman que trabalha a noite, dormia tranquilamente.

-- Gerd! Acorda, chucrute!

Gerd só grunhiu raivoso e se cobriu de edredom. Bond arrumava a mesa para o café da manhã e ouvia os gritos lamentados de Nash. Outra vez caminhou até a porta do quarto do alemão e abriu.

-- Anda logo! O Nash não pode se atrasar!

Mal se retirou e Gerd arremessou sua chuteira contra o inglês, errando o alvo. Após muito barulho, o alemão saiu da cama, vestindo apenas uma camiseta do time de futebol, Bayern de Munique e de cueca. Ele entrou no banheiro e levou um susto por ver Graham Nash ainda no vaso.

-- Mas que porra, Nash! – berrou Müller, irritado e fechando a porta do lado de fora. – Por que não tranca a porta quando vai cagar?

-- Ela tava fechada, seu bastardo! – gritou de volta Nash.

-- Não estava. Mas devia!

-- Por favor, sai Gerd! Eu estou terrivelmente mal.

Não deu em outra. A demora de Nash preocupou os rapazes e decidiram levá-lo para o hospital. Gerd pegou sua carteira e as chaves do carro e Bond carregava Nash, que chorava de dor de barriga e o colocaram no banco de trás e o outro inglês ao seu lado.

Gerd dirigia e ouvia os gemidos do amigo.

-- Deus, acho que não vou agüentar de novo. – avisou Nash, cuja dor era insuportável e a ameaça de liberar tudo é maior.

-- Porra, Nash! Não caga no banco do meu carro! – ameaçou Gerd, parando num semáforo.

-- Segura um pouco que você consegue! – pediu Bond, acalmando o amigo.

Chegaram os três no hospital e de cara Graham Nash foi atendido na emergência. Enquanto esperavam, Bond se distraiu jogando Angry Birds no seu celular e Gerd se recostou na parede e dormiu um pouco, roncando.

Minutos depois Nash aparece na sala de espera, com o rosto pálido e segurando dois papéis.

-- O doutor receitou remédios e vou ficar de cama por uma semana. – disse com dificuldade e respirando fundo, seguiu. – Eu tive intoxicação alimentar.

Gerd pegou a receita.

-- Eu pago, Nash.

-- E eu dirijo seu carro, Gerd. – se prontificou Bond.

Com a compra dos remédios, o trio retornou para o apartamento e viram que ainda o caminhão de mudança permanecia no local, descarregando os móveis. Entraram no apartamento e Nash sentou-se no sofá. Não demorou para os três verem quem eram os novos vizinhos.

E se surpreenderam.

Duas mulheres saíram do carro. Uma era alta, cabelos negros e longos como a noite e usava um par de sapatos Prada e um vestido azul, igual a cor de seus olhos. Sua acompanhante, era completamente diferente. Era baixa, loira e um rostinho de anjo. Possui também olhos azuis e usava uma blusa branca e minissaia e calcava uma sandália delicada. A mocinha segurava seu cãozinho, um yorkshire chamado Zeus.

-- Minha nossa! – exclamou Bond, olhando para a janela. – Rapazes, vejam isso!

As duas mulheres sorriam e observavam o prédio. 

-- Parece um bom lugar, minha lua. -- concordou Louise,  pegando uma tigelinha de plástico e colocando água para Zeus beber.

-- Aqui tem uma boa vizinhança e as coisas daqui são perto da vizinhança. Mercado, bazar, hospital... Tem de tudo. -- respondeu Alice beijando sua amada.

Os rapazes na janela se chocaram. Mas Gerd pareceu se fascinar com elas e não se importando com o beijo. Na verdade... ele se excitou.

-- Pois é, gente.  -- lamentou Nash, tomando remédio e se levantando com cuidado do sofá. 

-- Desperdício de mulher bonita. -- comentou Bond. -- Mas a loirinha tem um popozão...

-- Seria ela a Valesca Popozuda da Europa? -- riu Nash.

-- Parem os dois! Eu quero observar as vizinhas. -- repreendeu Gerd, depois lançando um olhar brilhoso para as vizinhas.

-- Só não esqueça que elas são lésbicas!  -- disse Bond, indo para o banheiro.

Gerd não ligava pois estava fascinado demais olhando as belas vizinhas.

Mais tarde os três almoçaram juntos. Nash era o único que sabe cozinhar e preparou uma massa bolonhesa e almôndegas.

-- Você não vai comer? – Bond comia por dois e Gerd parecia evitar a comida.

-- O médico disse pra evitar comida sólida e temperada. – Nash havia feito uma sopa de legumes para si mesmo. – Gerd, por que está evitando minha comida?

-- Eu... quero perder peso.

Ficou um silêncio e Bond e Nash riram dele.

-- Qual é o problema de comer? – Bond bebia refrigerante.

-- Se for tentar agradar as vizinhas, esqueça. avisou Nash.
O resto do dia foi tipicamente normal com algumas alterações. Nash passou o resto da manhã e tarde trancado no banheiro, Bond se deslocava de um lugar pra outro em busca de emprego e Gerd cada vez mais desesperado nas contas.

E o fim de semana chegou... para o péssimo humor de Gerd. Por sua mania de organização, horrorizou-se com os quartos de Nash e Bond.

-- Mas o que é isso, gente? berrou para os dois ingleses.

Nenhum deles respondeu.

-- Gerd, eu estava  doente e não pude trabalhar a semana toda.

-- Eu tenho uma boa notícia. avisou Bond, alegre. Consegui uma entrevista de emprego.

-- É mesmo? Onde?

-- Numa escola chique no centro de Londres. explicou Bond. Amanhã tenho uma audição pra lecionar música.

-- Espero que você consiga o emprego. Gerd jogou outra caixa na sala, contendo objetos estragados e sucatas. Porque estamos duros.

-- E com certeza vão me descontar na folha de pagamento. disse Nash, ciente.

-- Eu irei na segunda-feira, sem falta.

-- Ótimo! Então hoje vamos limpar essa casa! exigiu o alemão, bravo. Não tolero bagunça.

-- Ok... disseram os dois ingleses, acostumados com a mania do barman.

Quando Bond foi ligar o aspirador, a máquina emitiu um estalo e parou de funcionar.

-- Pessoal! chamou por eles.

-- O que foi? Gerd temia o pior.

-- O aspirador se foi... que Deus o tenha. lamentou Bond.

-- Ele era da minha tia Patti. entristeceu Nash, procurando um jeito de consertar. -- Mas ela nunca mais vai voltar pra pegar.

Gerd quase enlouquecia.

-- Droga! Vou ter que pedir emprestado pros vizinhos!
Ele saiu do apartamento e tentou com uma velha vizinha do lado. Recebeu um lindo não como resposta.

Velha muquirana! pensou o alemão e indo para o apartamento das vizinhas lésbicas. Ouviu uma música de dentro do apartamento e tocou a campainha. Uma delas, a mais alta e morena, atendeu a porta.

 -- Olá, vizinho. saudou Alice, com um sorriso estampado.

-- Olá...vizinha... ele mal conseguia prestar atenção no que dizia por estar mais atento nas pernas da vizinha e principalmente da outra garota, a loirinha baixinha. Ambas usavam shorts, porém, a mais baixa era provocante.

-- Deseja alguma coisa?

Só estar entre suas pernas, pensou o barman e depois respondendo.

-- Meu aspirador de pó quebrou e gostaria de saber se as frauleins poderiam emprestar?

-- Claro. respondeu. Louise, me ajuda a pegar o aspirador.

Elas se abaixaram e pegaram a caixa no qual está guardado o eletrodoméstico.

-- Precisa de mais alguma coisa? indagou Alice ao entregar.

Lulu percebeu algo no vizinho. Um volume se formava abaixo do corpo dele e tendia aumentar mais. Ruborizou-se e mordeu a língua pra não rir.

-- Se tiver produtos de limpeza eu aceito.

Elas trouxeram um balde e algumas garrafas contendo líquido químico para execução de limpeza.

-- Danke, frauleins!

-- De nada. agradeceu Alice, fechando a porta.

Com a saída dele, as vizinhas comentam entre si.

-- Acho que ele gostou de você. disse Alice, guardando os produtos. Viu como ele olhava?

-- Eu vi e também... procurando não rir ao se lembrar da ereção do vizinho. Ele estava se excitando.

-- Por sua causa.
-- Por sua causa! insistiu Lulu, abraçando a amada. Aliás, eu também estou excitada.

-- Bem, nós terminamos a faxina, então...

Elas começaram sua ginástica sexual de forma ardente na cama.

E no apartamento dos rapazes a limpeza acontecia tranquilamente até os gritos das vizinhas serem ouvidos por eles. Foi assim quase meia hora.

-- Essas vizinhas são fogosas. comentou Nash, terminando de lavar roupa e deixando pra secar no varal.

-- E cadê o Gerd? Bond reparou que o alemão só entrava e saía do quarto o tempo todo.

Com o fim dos gemidos das vizinhas, ouviu-se outro e mais audível. Imediatamente entendeu ser do barman.

-- Fazendo sexo consigo mesmo. disseram em uníssono.

À noite os três foram beber no bar onde Gerd gerencia há mais de dois anos. Conversaram sobre as finanças, o controle de dinheiro. Para sorte deles, não havia movimento.

-- Hoje é sábado e ninguém aparece nesta espelunca! reclamou Bond, enquanto verificava seus emails.

-- Só os bêbados e desiludidos como nós. confirmou Gerd, bebendo um pouco de aguardente  no balcão e conversando com os rapazes.

Nash pensou sobre isso e para quebrar o gelo, olhou para os dois e disse:

-- Odeio dizer isso, mas chegamos a ponto de executar aquele plano que falamos há três meses.

Bond tremeu os dedos e Gerd não engoliu a bebida.

-- Vamos rodar bolsinha!

O dono do bar cuspiu toda a bebida, fazendo Bond cair da cadeira de tanto rir.

-- Vai se foder, seu metido liverpooliano desgraçado! Bond mal se agüentava de rir. Nunca que farei isso!

-- Parem! Ninguém aqui vai se prostituir! berrou Gerd, caminhando até o jukebox e selecionando uma música. A menos que não consiga um emprego legal, Bond.
-- Se for assim, alguém deve conversar com o senhorio homossexual, sabem? Pra termos ainda um lugar pra dormir. pediu o inglês gordinho, sentando novamente e mais calmo.

-- Não sou homofóbico nem nada, mas não serei eu a falar com ele. Gerd voltou para o balcão e olhou ao redor. Tudo vazio. E se tiver que fazer pra pagar suas contas, pode pegar as clientes velhinhas de domingo, as que vão no bingo.

-- Eca! Que nojo! exclamou, horrorizado. Não vou virar michê de vovozinhas.

-- Faz quanto tempo que você não trepa? Três anos?  perguntou Nash.

-- Sete.

De novo Gerd botou a bebida fora, chegando a se engasgar.

-- Não transo com ninguém desde a faculdade. justificou.

-- Então trepa com as tias do bingo! insistiu o alemão.

-- E você, Gerd, como sobrevive? indagou Bond. Desde que veio morar na Inglaterra, não te vimos com mulher desde... foi quando, Nash?

-- Vamos ver se eu lembro... Foi há dois anos. E com aquela moça que era modelo e cheirava cocaína. Nash ria por se lembrar de Meg Johnson, a ex-namorada inglesa problemática de Gerd.

-- Mas tinha também a Darlene... lembrou Bond.

-- Ela parecia um homem. se defendeu o barman. A única que me era decente era a Felicity! Ela está feliz e ainda somos amigos.

Os dois amigos se calaram e encararam Gerd com suspeita da resposta dele. Antes de algum deles dizer algo, a porta do bar se abre, entrando um quarteto de mulheres e sentando perto do jukebox. Bond olhava para a moça que não sorria mas falava um pouco de sotaque francês. As outras riam e falavam ao mesmo tempo.

-- Tão linda... disse para si mesmo. Não merece ficar assim.

-- Por que não vai falar com ela? Nash tentou incentivar o amigo.

-- Diz que a bebida desta vez é por conta da casa. disse Gerd, entregando as bebidas para Bond. Leve para elas. Vai!

Ele fez o combinado mas para a francesa foi bem gentil.

-- Para você.

-- Oh! se surpreendeu. Muito obrigada.

-- Por conta da casa! Bond sorriu e as garotas olharam para o barman, retribuindo a gentileza.

-- Sou Marie. ela cumprimentou Bond.

-- Graham Bond. Aquele cara ali no balcão e acessando a internet é o Graham Nash. E o dono do bar é o...

-- Eu sei quem é. sorriu a francesa. Por favor, sente-se aqui.

Bond olhou para Nash e o mesmo fez sinal para aceitar. Ele aceitou e se tornou mais amável.

-- Então, o que aconteceu?

-- Meu namorado terminou comigo e pra contribuir, fui demitida! Marie chorou mais no ombro de Bond e foi consolada.

Nora e Ana dançavam com a música do jukebox e Fefe se juntou a Nash no balcão, bebericando seu Martini e desabafando com Gerd.

-- ... E foi bem assim. Pete foge de mim e dos filhos. Não paga pensão pra eles, não contribui pra nada. reclamava a galesa. Ainda bem que não preciso dele. Mas se ele aparecer, sou eu vou pegar a guitarra dele e enfiar naquele lugar.

-- Devia intimar esse cara, pra arrancar uma grana preta e... parou de falar ao olhar para Nash. Não está assistindo o Netflix?

-- Eu cancelei. lamentou Nash. Preciso quitar a fatura do meu cartão de crédito e desbloquear. Amanhã vou ligar pra central.

Mais duas horas depois era hora de ir embora.

-- Bem, então vou indo embora. se despediu Marie e sacando algumas notas de dinheiro. Espero que isso te ajude a pagar suas contas.  Vamos meninas?

-- Vamos nessa! concordou Fefe. Quando puder, passe lá no salão. Nem que seja pra cortar esse cabelo... e tirar a barba de Rasputin do Bond.

-- Tchau rapazes!

-- Tchau meninas!

Assim que as jovens se retiraram, Nash desligou o note e o guardou na bolsa assim como Bond terminou sua bebida e Gerd já desligava o jukebox.

-- Meu cabelo me dá sorte! garantiu o gordo inglês.

-- Aham, sei... mesmo com Nash duvidando.

-- Será que seus piolhos não afetaram seu cérebro? Gerd ironizou o amigo e acabaram rindo de tudo.

Neste momento uma dupla de mulheres estava parada na porta.

--- Ainda estão abertos? indagou a mais alta.

-- Já era, senhoras. Fechou o bar. avisou Nash.

Gerd viu quem são as moças. Justamente suas vizinhas, as lésbicas como seus amigos a chamam.

-- Mas para vocês... abrindo a porta e dando entrada para elas. -- Posso fazer uma exceção.

Elas sentaram no balcão ao lado dos dois ingleses.

-- Vocês são? perguntou Nash.

-- Eu sou Alice, jornalista e esta é minha companheira, Louise.

-- Sou artista. sorria a loirinha.

-- Então como vocês se mudaram para cá, podem pedir o que quiser. servindo a bebida para ambas. -- Por conta da casa.

Elas agradeceram e beberam junto com eles.

-- Eu posso perguntar uma coisa para vocês? o técnico de informática não agüentava a curiosidade.

-- Pergunte logo. incentivou Alice.

-- Vocês são lésbicas?

Gerd tossiu e Bond queria se esconder. Não acreditava que Nash tivesse  capacidade pra isso.

-- Bissexuais. respondeu a mulher de cabelo preto. -- Somos o B do LGBT.

-- Gostamos de mulheres.  E também de homens. concordou Louise.

-- E vocês estão solteiras? desta vez Bond indagou.

-- Estamos juntas.

-- Mas existe um... Nash não conseguiu terminar a pergunta.

-- Rapaz no meio? completou o alemão.

-- Eu não tenho.

-- Estava noiva de um cara há três anos... E ele me deixou. E depois conheci um italiano lindo... mas o cara não valia um xelim. esbravejou Louise e ficando mais calma.

-- Safado! Alice se lembra do fato e abraçou sua amada. Enfim, estamos juntas, vivendo e nos amando.

A maior alegria daquela noite foi sanar a cruel dúvida da sexualidade das vizinhas. Nash comemorou internamente, Bond pensou em muitas... sacanagens. Já Gerd... Só faltou soltar rojões para comemorar.

-- Está tarde. avisou Alice. Amanhã podemos vir?

-- Com certeza! vibraram os três.

-- Então até amanhã, rapazes! se despediu Louise.

-- Até...

Na volta pra casa, os três sentaram no sofá, felizes.

-- ELAS NÃO SÃO LÉSBICAS! disseram juntos.

-- Mas esse dinheiro... Bond mostrava as notas. Dá pra pagar água e luz?

-- Acho que sim...

Já o problema da falta de dinheiro, eles teriam que enfrentar...


Nenhum comentário:

Postar um comentário