terça-feira, 26 de julho de 2016

CSI München (What if Grindhouse - 3º Capítulo)


Capítulo 3: A Origem de Tudo


Paul Breitner e Uli Hoeness não acreditavam no que viam ali. De todos os assassinatos, Helmut não era esperado. Ainda mais no estádio Olímpico. Na mente mil questionamentos sobre o que poderia ter acontecido pro velho morrer daquele jeito e ser encontrado ali no gramado. Uli observava atentamente o legista Sepp Maier agir e assim como Paul, tentava encontrar algum argumento aceitável para dizer a imprensa. Ou talvez guardasse suas idéias para o delegado e o capitão, pois eram muito bons na lábia.
-- Daqui a pouco mais jornalistas cairão do céu para uma entrevista. – Comentou Uli, tirando mais uma foto do cadáver antes da ordem do legista de levá-lo para o necrotério.

-- Eu sei... – Observava Paul ao redor, cheio de policiais bloqueando as vistas dos curiosos. – Tudo que devemos fazer é esperar pelo delegado ou pelo capitão.

Outra vez visualizou o corpo inerte de Helmut. Cada vez mais não acreditava que alguém tão influente pudesse ser morto. Tentou imaginar quais possíveis inimigos que o velho tenha feito nos últimos anos.  Aparentemente ninguém. Seus pensamentos foram interrompidos com gritos de mulheres.

-- AI MEU DEUS!!!! NÃO, NÃO.... AH!!!! --- Gritava histericamente uma jovem de cabelos castanhos, acompanhada do namorado.

Paul seguiu na direção da jovem enquanto Uli conversava com o legista.

-- Dianna, por favor, pare... – Davy não estava conseguindo consolar a amada.

Emma também viu aquela multidão e perguntou o que aconteceu. Após a explicação, entrou em pânico, sendo amparada por Micky.

Paul resolveu interrogar aquelas meninas.

-- Quem são vocês?

-- Eu... sou Dianna Mackenzie. Era uma das administradoras do herr Schön. – Respondia Dianna, limpando as lágrimas no lençol dado por Davy.

-- Meu nome é Emma Carlisle. Eu também era do escritório da Industries...

-- Ok. Poderiam me acompanhar a delegacia? Somente para um pequeno interrogatório.

Elas aceitaram e seus namorados concordaram em ir junto, caso fossem também interrogados. Antes de partirem, Paul recebe uma ligação do capitão.

-- Breitner.

-- Vá para Haidern. Os Romanov ligaram para esclarecer algo sobre Helmut.  – Dizia Bobby Moore, capitão da policia, dirigindo a viatura.

-- Sim, mas tem umas funcionárias da Industries. Vão ser interrogadas. O que faço com elas?

-- Deixe comigo e com delegado. Está a caminho neste momento.

-- Está bem. Irei para Haidern.

Agora só restava saber o que uma família de russos tinha a dizer sobre esse acontecimento. Era só o começo...





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1 ano antes...

-- ISSO AÍ! – Gritava Graham Nash, abraçando sua namorada, Carrie Anne e seus amigos vindos logo atrás, num passeio pela cidade. – ESTAMOS EM MUNIQUE!

O grupo, denominado como Hollies, acabara de se mudar para a cidade alemã, após uma bem sucedida formatura da Universidade de Cambridge. E decididos a mudarem de vida, resolvera tentar a sorte numa cidade alemã.  Porém um dos integrantes possuía um pequeno desvio mental. E esse era o guitarrista Tony Hicks.

Por ser o mais fechado do time, nunca disse algo sobre seu passado. Apenas sabe-se que ele amou uma moça chamada Alana e esta o dispensou por ser perturbado. Além disso, Hicks sofria de ansiedade extrema, o que impossibilitava de tocar em alguns momentos. Após semanas morando em Munique com a banda, resolveu procurar um psiquiatra. Seu nome é Wolfgang Overath.

O especialista ajudou Tony a contornar essa sensação de um modo diferente. Algum tempo depois o guitarrista descobriu um segredo deste médico. É um canibal que vive escondendo numa fachada de bom psiquiatra. E por incrível que pareça, Hicks desenvolveu isso com ele. Tanto que sua primeira vitima foi Carrie Anne. Matou quando estavam sozinhos no apartamento e com socos no rosto. Antes de Nash dar por falta, levou o corpo até um deposito longe da cidade e lá começou a dissecá-lo. Nash e companhia entraram em pânico e temeram por suas vidas até decidirem voltar para Londres.

-- Vou ficar aqui! – Disse Tony, veemente.

-- Está louco? Munique não é um bom lugar de se viver. Olha o que aconteceu com Carrie. – Disse Nash, desesperado.

-- Tem certeza que quer isso? – Agora é Allan Clarke quem indaga para o colega.

-- Sim. E boa sorte na ida pra casa.

E eles se foram embora para Londres, deixando Tony na cidade alemã. Aquele seria o começo.

A segunda vitima é um casal inglês que mora no bairro, perto da casa de Hicks. Para se aproximar dos Collins, Tony usou o truque do “bom vizinho”, ganhando a confiança deles. Um dia o casal convida Hicks para um almoço.
O que seria apenas uma confraternização de Ação de Graças, virou um conto de terror.

Graças ao veneno que Overath lhe cedeu, Hicks conseguiu colocar um pouco no vinho em que bebiam e poucos segundos eles já estavam caídos no chão. E o médico canibal aparece na casa deles, ajudando no banquete macabro.

Ali se formava um grande vinculo entre mestre e discípulo. Quando Overath foi preso, Hicks foi ao interrogatório, alegando ser apenas um paciente que não sabia disso sobre o doutor. Não houve mais acontecimentos desde então. O segundo vinculo de Hicks também foi com outro médico e este era um pouco pior que Overath. O que o separava era o fato de não comer carne humana. Mas matar por prazer e por conveniência disso ele sabia e muito bem...




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No Hospital Central, um doutor se encontra em sua sala, olhando para janela enquanto sua amante, uma enfermeira ajeitava sua roupa. Haviam se amado poucos minutos e a jovem sabia que ele nunca a quis de forma amorosa. Tudo era desejo carnal. Na mente dele apenas uma pessoa povoava sua mente, mesmo depois de um ano e meio separados. A bela fraulein.

-- Estou indo, herr Manuel. – Disse a enfermeira chamada Kathrin, se retirando e fechando a porta com cuidado.

O doutor ajeitou um pouco a calça e sentou-se na poltrona, mirando a janela. Encobrir rastros, apagar dados e relatórios e sumir com certas pessoas é a missão do Dr. Manuel. Sua primeira vítima foi um antigo médico do setor de pediatria. Ao descobrir sobre o desvio de verba do hospital, Manuel preparou uma armadilha: trancou seu colega na sala e aplicou rapidamente uma injeção fatal, causando parada cardíaca. Esperou até tarde da noite para chamar seu amigo, o músico Tony Hicks para disfarçar o cadáver e levá-lo para o depósito. O resto deixou por conta do canibal. Depois disso não parou mais de eliminar quem estivesse em seu caminho.

Bastava um olhar torto e seu desafeto não era encontrado no outro dia. Até mesmo algum pretendente de sua ex-fraulein se tornava desaparecido.
Ele segura um porta retrato com a foto dela, contemplando sua beleza.

-- Ainda será minha outra vez, fraulein Felicity. É questão de tempo... – Murmurou o médico, sorrindo.



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1 Ano e meio atrás

Mais um dia de trabalho para Felicity McGold na revista Rolling Stone, sede Alemanha. Seu plano inicial era morar em Barcelona, trabalhar no mundo da moda, cobrir desfiles e fotografar roupas e modelos. Em vez disso seguiu os conselhos de sua amiga Nora Smith de tentar a sorte na cidade alemã.

Apesar das dificuldades encontradas, conseguiu se adaptar naqueles meses de trabalho intenso, sofrendo um pouco de abuso do chefe ao trabalhar mais que os outros. Tudo isso para provar que pode mesmo ser profissional. Nesta época, Felicity não teve contato com a onda de criminalidade e procurava se cuidar.  Por isso ela e Nora freqüentavam pubs conhecidos da cidade. Certa vez Nora acabou passando a noite na casa do seu então namorado Ray Davies, um músico. E Felicity resolveu seguir sozinha para o lugar.

O pub cujo nome The Valentine, tinha pouca popularidade, porém é um local a se freqüentar, devido a pouca agitação para as pessoas que aparecem depois de um dia de trabalho duro.  Naquele estava frio e ameaçava chuva na madrugada e Felicity chegou ao pub, segurando seu casaco e indo até o balcão fazer seu pedido.

-- Hey Fritz! – Gritou a fotógrafa, sorrindo. – Me traz o de sempre!

O dono chamado Fritz conhecia a jornalista britânica e como tem bastante simpatia pelos seus clientes, atendeu ao pedido. Fefe ficou ali sentada e observou as poucas pessoas ali nas mesas. Pegou uma moeda na bolsa e caminhou até o jukebox e selecionou uma música. Escolheu uma de suas favoritas, Baby It’s You, versão da cantora Smith.

Depois disso seguiu de volta ao balcão, dançando ao som da música, sem saber que atraiu os olhares de um rapaz que se encontrava ali mesmo.

-- Aqui está, galesa! – Disse Fritz, trazendo uma tigela de batatas fritas e uma garrafa de cerveja.

-- Danke, Fritz!

Ela comeu poucas batatas e bebeu um pouco, ainda pensando o quão foi seu dia. Na segunda observação ao público, olhou para ele. Pela primeira vez sentiu-se paralisada, ao mesmo tempo tomada por uma sensação estranha, porém gostosa. Era medo misturado com atitude em querer conversar com o individuo. Flertou com ele por mais uns minutos. A única coisa que a fotógrafa percebeu nele foram os olhos. Azuis parecidos com cobalto ou turquesa. Seu coração dispara ao ver que ele se aproximava dela. Neste momento, Fefe parou de comer as batatas e ainda ouvia seu coração bater. Se eu continuar comendo vou ter um infarto, pensou ela.

-- Pensei que as mulheres preferissem uma salada a batatas fritas. – Comentou o homem, já sentado ao lado da jornalista e assaltando uma das fritas da tigela.

-- Isso não se aplica a mim. – Disse, um pouco nervosa diante dele. – Até por que sentia falta das fritas. Desde que me mudei, muitas coisas deixei para trás na Inglaterra.

-- Logo percebi pelo seu sotaque. De que parte da Inglaterra você veio?

-- Londres. Na verdade nasci no País de Gales e fui criada na maior parte da vida na Inglaterra.  Vim aqui apenas a trabalho.

-- Interessante... – Disse o rapaz, bebendo um pouco de cerveja. – E vem sempre aqui no Valentine?

-- Passei a ser freqüentadora daqui. Eu gosto daqui. É menos barulhento. – Respondeu a mulher e notou que a música parou. – Vou colocar mais uma música no jukebox.

-- Deixa que eu mesmo faço. – Saindo do balcão. – Tem alguma preferência?

-- Se tiver alguma do John Mayall, está de bom tamanho!

Poucos minutos depois começa a tocar Oh Pretty Woman.

-- Eu adoro essa música! – Animou-se a fotógrafa.

-- É uma das minhas favoritas. – Sorriu o gentil homem. – Quer dançar?

Felicity aceitou o convite e dançaram mais músicas tocadas no jukebox. Quando fechou quase duas horas da madrugada...

-- Eu preciso ir pra casa. – Disse pegando o casaco, a bolsa e sacando uma nota para pagar Fritz. – Fritz, quanto eu devo?

-- Não precisa pagar, Fefe. Ele já pagou a conta.

-- Mas... sou eu que te devo. – Bebendo o último gole de cerveja.

-- Nem te preocupa, galesa. E, além disso, devia se sentir agradecida. O delegado não costuma ser assim nem com as namoradas.

Quando ouviu isso, Fefe cuspiu fora a bebida.

-- Ele... ele é o delegado???

Na hora que Fritz ia responder, surge o delegado pegando o casaco e tomando a mão de Fefe, beijou levemente.

-- Posso te levar a sua residência?

-- Claro. – Respondeu Fefe, como no automático. No fundo pensou em recusar.

Na chegada do apartamento, ele subiu junto com ela.

-- Bem é aqui que eu moro. – Sacando as chaves e antes de colocar na fechadura questionou. – Por que não me disse que é o chefe de polícia?

-- Não achei que fosse necessário. Peço desculpas por não me apresentar de modo oficial. Eu sou Franz Beckenbauer, chefe do Departamento de Policia de Munique.

-- Muito prazer, Franz. – Estendeu a mão. – Eu sou...

-- Sei bem o seu nome. Felicity McGold, 25 anos, trabalha como jornalista na revista Rolling Stone da Alemanha. Fritz já me contou sobre você.

Após o aperto de mão, Fefe abre a porta e se despede do novo amigo com um beijo na bochecha.

-- Até algum dia, delegado!

-- Auf Wiedersehen, Felicity!
 
Ao fechar a porta, ela ficou pensando nele enquanto tirava os sapatos. Definitivamente gostara dele. Contudo, um homem da posição de Franz não poderia ter nada com ela. Ou teria? De qualquer forma nunca estarei por perto, pensou. E antes de ir para o quarto, a campainha toca e Fefe abriu a porta. Era ele.
 
-- Me desculpa, senhorita. Eu esqueci uma coisa. – Disse Franz.
 
-- O quê?
 
-- Isso! – Ele a puxou para perto de si e a beijou ali mesmo na porta, de modo profundo e intenso. 
 
Mesmo surpresa com aquela atitude, Fefe correspondeu ao ósculo. Nunca em seus relacionamentos fora beijada daquela maneira ou sequer imaginou uma atitude como aquela. 
 
Após o beijo, ele sussurra no ouvido dela.
 
-- Quero te ver no Valentine no mesmo horário. 
 
Depois disso ele vai embora, mas sem antes deixar nas mãos de Fefe um pedaço de papel e nele estava escrito o nome dele e o telefone. Um quase inicio para eles. No dia seguinte na Rolling Stone, Nora e Fefe ficaram conversando na gráfica sobre os encontros.
 
-- Ray é tão legal, mas tem um jeito meio estranho, sei lá. Muito neurótico.  – Nora falava enquanto selecionava as fotos.
 
-- E mesmo assim vale à pena continuar? – Questionou Fefe enquanto trocava mensagem no celular.
 
-- Vou dar mais uma chance, caso contrário mais um ataque chato dele, é tchau tchau! 
 
Fefe não disse mais nada, apenas sorria na troca de mensagens. Nora percebia isso e resolveu cutucar a amiga.
 
-- E quem é o cara?
 
A fotógrafa riu um pouco e depois lançou um olhar para a amiga. 
 
-- É um policial.
 
-- Opa! E                      qual patente? Tenente? Capitão? Coronel?
 
-- Ele é chefe do Departamento de Policia de Munique.
 
-- Nossa! Ele deve ser poderoso... Porém geralmente os chefes de policia devem ser... feios.
 
-- Mas este não! – Mostrou a foto dele no celular, fazendo Nora quase cair pra trás.
 
-- Ok, retiro o que disse. Ele é um deus! Vai fundo, amiga!
 
Após a seleção de fotos, as duas jornalistas seguiram para escrever mais matérias por cerca de duas horas de digitação e mais fotos a serem escolhidas. Antes mesmo de enviar um texto para seu chefe, o celular da fotógrafa toca a música Baby It’s You. Ela viu na tela.

-- Alô?

-- Alô Felicity McGold? Lembra de mim?

-- Hey! Tenho memória de elefante! Como vai, Franz?

-- Entediado, porém, com responsabilidades maiores e mais casos a serem resolvidos. Mas não quero falar disso. Quer sair comigo no Valentine hoje?

-- Claro. – Aceitou. – A que horas vamos nos ver?

-- Te pego aí na Rolling Stone às 19h. Pode ser?

-- Você é bem direto ao assunto e decidido. Está decidido! Te vejo as 19h, delegado!

Nora que ouviu toda a conversa, perguntou.

-- Plena sexta-feira e esse cara te convida ao Valentine? Nossa!

Não era preciso dizer que as horas seguintes pareciam passar devagar. E Fefe quase enlouquecia de espera. E para piorar, perto das 17h começa a chover de modo torrencial, desanimando a fotógrafa.

-- Droga! – Resmungou Fefe. – Chuva, por que me traiu? Agora já era meu encontro!

Quando fechou 19h, ela se preparava para ir embora com Nora, porém a chuva parecia não ter possibilidade de encerrar, o que impossibilitava os funcionários de saírem do prédio. Ray Davies apareceu de carro e Nora foi embarcar com ele, mas sem antes de conversar com a amiga.

-- Quer uma carona ao Valentine ou pro apartamento?

-- Pegarei um táxi. Só vou esperar mais dez minutos. Bom encontro amiga!

-- Pra você também e amanhã me conte os detalhes!

Fefe ficou do lado de fora junto com alguns colegas. À medida que o tempo passava, cada um deles ia embora, seja no táxi ou de carona de algum conhecido. E todos recusou a carona.

-- Cansei! Vou pra casa, me secar desta maldita chuva e descansar! – Disse para si mesma.

E ela saiu do prédio sob a chuva forte e gelada, quando ouviu alguém gritar seu nome.

-- FELICITY! ESPERE!

Ela se virou e mesmo com aqueles pingos, reconheceu o delegado, correndo até ela e completamente molhado.

-- Meu deus... Olha pra você! Está todo encharcado! – Lamentou a fotógrafa vendo o estado do delegado que nem demonstrava alguma preocupação e sim alegria.

-- Pelo menos cumpri minha promessa em te pegar às 19h. Mesmo me atrasando uns minutos. Vamos ao Valentine?

Ela olhou para as ruas úmidas e a chuva ainda caía mais forte e o clima esfriava.

-- Quer saber? Esqueça o Valentine e vamos para minha casa!

Eles pegaram um táxi juntos. Durante o trajeto, ela começou a tremer por causa do frio e Franz estendeu o casaco para ela se aquecer. Trocaram um sorriso sincero e depois conseguiram chegar ao apartamento dela, pegando o elevador e correndo até a porta onde ela mora. Felicity tremia demais por conta do frio e mal conseguia inserir a chave na fechadura. Franz acabou ajudando a moça e imediatamente entraram.

-- Caramba, eu to com frio! – Berrava a galesa. – Eu já volto, vou pegar uma toalha e tira essa roupa molhada!

Fefe correu até o quarto, abriu o armário e pegou uma de suas toalhas.  Ao fechar o armário, ela sai do quarto e se depara com o delegado a sua frente, com a camisa aberta revelando o peito nu do chefe de policia.

-- Volta pra sala que... – Não conseguiu terminar de falar por conta do novo beijo recebido por ele.

Eles entraram novamente no quarto dela e começaram a sessão e beijos, carinhos e toques provocantes. Ela tirava com dificuldade as roupas dele. Já Franz tem certa experiência nisso. Já tivera outras amantes e todas eram exigentes demais e mandonas. Com Felicity sentiu-se bem pela primeira vez. A fotógrafa tem liberdade e o respeita em todos os sentidos. Ao mesmo tempo ela sabe bem agradar um homem. E após se libertarem das roupas, os dois se entregam de livre e espontânea vontade. Cada toque dele, Felicity gemia e implorava mais. E foi assim por quase duas horas. Após isso, os dois ficaram abraçados e bastante eufóricos.

-- Pensando bem, tomamos uma decisão certa. – Comentou Fefe. – A chuva nem é tão traidora assim.

-- Também acho. – Ele concordou.

Minutos depois Fefe sai da cama, vestiu a calcinha e a camisola e pegou as roupas do delegado, deixando-as para secar na pequena área reservada para as roupas penduradas. Depois disso foi para a cozinha preparar o jantar.  Franz apareceu apenas de toalha enrolada na cintura e abraçou a amante.

-- Está servido, Francis?

-- Estou morto de fome. E por que me chamou de Francis?

-- Seu nome em inglês fica “Francis”. Achei muito legal.

Apesar daquele estranhamento, o delegado acabou por concordar e ajudando a amada a arrumar a mesa, colocou os pratos e os talheres na mesa.

-- Tudo bem, deixarei que me chame assim, “Ramona”.

Felicity riu disso e serviu o jantar com arroz, um pouco de bacon e salada de batatas e completando com um vinho tinto que ela e Nora compraram na semana passada. Nem deu dez minutos de refeição quando a porta do apartamento se abre, revelando Nora chorando e carregando uma cesta de piquenique.

-- FEFE! ME AJUDA! – Gritou Nora, chorando e sentando no sofá.

Felicity e Franz foram pra sala e encontraram a jornalista com o rosto banhado em lágrimas e um gatinho surgindo de dentro da cesta.

-- O que houve, amiga? – Indagou a outra, se sentando do lado de Nora.

-- Ele me enganou. – Respondeu e ao mesmo tempo soava o nariz no lenço. – Ray tem outra.

-- Aquele canalha... – Resmungava a fotógrafa e recebendo o abraço caloroso da amiga. – Esqueça ele, Nora! Bola pra frente e vamos ser felizes!

-- Eu sei, mas... – Nora ainda chorava e depois se virando pro lado, abraçou Franz que estranhou isso mas consolou a amiga da amada. – E... quem é você? E você está PELADO!

-- Eu sou Franz. – Se apresentou educadamente. – E não estou pelado. Estou com uma toalha.

-- Nora, ele é o... policial que te falei.

Ao se dar conta Nora se afastou dos dois e pegou o gatinho.

-- Me desculpem  por estragarem sua noite.

-- Tudo bem. – Disse Fefe. – Mas e esse bichinho adorável?

-- É o Godard. Ele me deu de presente e finalizou dizendo que eu era a coisa mais importante da vida dele...

-- E aí revelou ter outra?

-- Sim... – Novamente ela chora e desta recebe o abraço duplo do casal. – Obrigada Fefe e Franz. Vocês são muito legais.

 Depois daquele dia vieram mais dois encontros do casal. Nora desapegou de Ray e tentou paquerar um baterista chamado Charlie Watts. Porém no terceiro encontro de Fefe e Franz que resultou em mais uma noite de amor após o pub Valentine, ela descoberta a verdade. Novamente eles pegaram chuva e quando ela estendia a calça dele no varal ouviu um objeto caindo no chão. Ela avistou ali perto da máquina de lavar uma pequena argola dourada brilhante. Ela tocou o pequeno objeto e já deduziu. Franz chega à área dos varais e encontra Fefe chorando.

-- Ramona...

-- Não me chama de Ramona! Meu nome é Felicity! Você me enganou! ME ENGANOU!

-- Eu posso explicar...

-- O quê? Esse anel explica tudo. Você é casado. Saia da minha casa agora!

Não vendo alternativa, Franz se vestiu rápido e saiu do apartamento de Fefe. Os dias se passaram e nunca mais se comunicaram, embora o delegado mandasse apenas uma mensagem por dia para a fotógrafa e não recebendo nenhuma resposta. Nesta época, Brigitte passou a ser insuportável. Reclamava demais, exigia mais atenção de Franz e outras coisas. Por conta destas coisas, o chefe de policia passou a sair à noite com freqüência e muitas vezes namorava outras mulheres. Se explicasse isso a Fefe, certamente ela o rejeitaria.

Mesmo um pouco desapegada, Fefe sentiu os efeitos da ausência que Franz lhe causara. Admitia que o delegado fosse mesmo um homem carinhoso e sabe agradar e seduzir. O problema era ele ser amarrado a uma mulher. Certa vez no supermercado reconheceu-o acompanhando a esposa nas compras. Ela não foi reconhecida por ele. Depois disso mais dias de abstinência e saudade.  Quando voltou ao apartamento depois do trabalho, ela recebe uma mensagem dele.


Preciso falar com você urgente. Por favor, me encontre no Valentine às 19hs?

Naquele momento ela não estava disposta a sair de casa, então resolveu responder.


Venha ao meu apartamento às 19h.

Uma hora depois ele apareceu com o semblante sério, adentrando a sala e sentando-se no sofá, ao lado dela. Ficaram em silêncio por alguns minutos e Fefe resolveu quebrar o gelo.

-- Há quanto tempo é casado?

-- Farei quatro anos de casamento amanhã. – Respondeu tristemente.

-- Já saiu com outras antes de mim?

-- Sim... Felicity... Não é tão simples entender. Sei que você quer me falar algo do tipo “se não a ama, larga essa mulher, peça divórcio.” É bem complicado. Estou tentando salvar meu casamento e agora... Desisti.  Quando penso em pedir divorcio, me vêm mais casos, problemas a serem resolvidos.

Fefe ouvia tudo atentamente e ao mesmo tempo segurava a vontade de chorar de mais decepção. Apaixonou-se por ele e agora vem a revelação. Porém...

-- Ouça o que vou dizer Franz. Jurei a mim mesma que não quero e nem desejo ser a outra na vida de um homem casado. Porém... – Ela falhou na voz por conta das lágrimas.  – De alguma maneira, você me deixou assim.

Franz também derramou lágrimas e a abraçou.

-- Me perdoa, Ramona?

-- Perdoar é algo divino, Francis. – Disse a jornalista, sorrindo e depois beijando calmamente o delegado.

Fizeram amor ali mesmo na sala, sem se importar se Nora poderia muito bem aparecer a qualquer momento.

-- Combinaremos o seguinte. -- Felicity pegou a camisa dele e vestiu. – Se quer continuar me visitando e saindo comigo, vamos estabelecer umas regras e uma delas é básica: sem exigências do tipo “vá se divorciar da sua mulher” por que não sou sua mãe pra te importunar.

-- E se eu conhecer outra mulher?

-- Eu verei se ela vale a pena pra você me deixar. Mas ela deve te causar algo mais, sabe? Uma taquicardia ou sensação de borboletas no estomago, sabe?

-- A taquicardia é mais fácil. – Disse revirando os olhos. – E isso se aplica a mim se você conhecer outro cara?

-- Sim! Combinado?

-- Combinado! – E apertaram as mãos e seguiram para a cozinha.

E foi assim por cerca de 1 ano e meio de caso extra conjugal com conversas, idéias e experiências. Fefe acordou naquela manhã depois da noite de insônia e cuidando do delegado que teve um pesadelo na noite passada. Ela foi ao banheiro, fazendo suas necessidades e tomou banho demoradamente. Viu as horas no relógio da sala.

-- Caramba, to atrasada!

Ela se apressou pra se vestir, pegou a bolsa e seguiu a pé para o trabalho. Chegando ao suntuoso prédio da imprensa, ela se dirige ao seu escritório e liga o rádio. Ouviu a seguinte noticia:

-- Foi encontrado esta manhã o corpo do empresário Helmut Schön, dono das indústrias têxteis Schön Industries. Segundo os investigadores, se trata de um assassinato a queima roupa aqui no Estádio Olímpico de Munique.  O empresário não possuía antecedentes, mas ao que parece possuía ligações suspeitas com a máfia, o que ainda não foi confirmado totalmente pela policia. Mais informações daqui a pouco.

Fefe sentiu que neste momento seu amado delegado deve estar trabalhando no caso. Temia que desta vez a vida dele pudesse estar ameaçada. Preferiu estar errada sobre isso. E na janela ela avistou sua amiga, Nora Smith, chegando no prédio. Ela veio de carona na viatura e ainda presenciou-a beijando um policial magro, de cabelos curtos, um pequeno bigode e um pouco mais baixo que sua amiga.

-- Te vejo a noite, Kili. – Disse a jornalista, numa voz sedutora.

-- Mal posso esperar, minha Taluriel... – Respondeu o policial, beijando mais um pouco a moça e em seguida, embarca no carro, seguindo para o norte.

Certamente Nora teria boas novidades para contar sobre sua noite com o “hobbit” policial.




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O interrogatório na casa dos Romanov transcorreu de modo tenso, devido a noticia que pegou Alexei de surpresa. Não só para ele, mas sua esposa Tatiana e a filha Anastacia.

-- Há quanto tempo o senhor presta serviços a Schön Industries? – Indagou Paul, gravando o interrogatório no celular.

-- Fechei dez anos semana passada. – Respondeu o senhor, um pouco nervoso. 

Mais algumas perguntas depois, Anastacia apareceu na sala, carregando livros e uma carta.

-- Pai, mãe, o que está acontecendo? Por que a polícia está aqui? – Ela questionou e em seguida avistou o investigador de cabelo afro rebelde e de olhos expressivos.

-- Ana, este é o investigador Paul Breitner. – Apresentou Alexei. – Herr Breitner, esta é Anastacia, minha filha.

Apertaram as mãos brevemente e Ana mostra uma carta que abriu no caminho.

-- O que é isso? – Tatiana pegou o envelope.

-- Leiam! – Respondeu, chocada. – Vai interessar vocês.

O casal de russos retirou uma folha de caderno, escrito um texto de quase trinta linhas e mais ali uns documentos dobrados. Alexei verificou os documentos e Tatiana leu a carta. Ambos se espantaram.

-- Ana... – A mãe ficou boquiaberta na leitura.

-- O que houve, mãe?

-- Ana – Dizia Alexei, mais chocado. – Está rica!

-- Como assim? – Questionou Paul, se levantando.

-- A carta diz isso, Herr Breitner. – Mostrou Tatiana.

Paul leu atentamente e encarando os olhos de Ana, finalmente disse.

-- Fraulein Ana, você é a herdeira da Schön Industries. A única herdeira!



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Eles se beijaram pela enésima vez no Hospital Central. Não havia como negar que a atração entre eles fosse imediata, a simples presença do doutor Gerd a fazia estremecer, causar arrepios e um êxtase sem igual.

-- Gerd... – Alice tentava se desviar dos beijos do médico. – Eu preciso voltar ao trabalho.

-- Ok.—Ele parou de beijar a amada e ajeitando o casado e o jaleco, perguntou. – Hoje tem mais sessão de Grey’s Anatomy e chocolate?

-- Claro – Beijando mais um pouco. – Meu McDreamy!

-- Mais uma coisa, e sobre nós? Já decidiu?

-- Tenho quase certeza que ele esteja gostando de Alana Watson, uma amiga musicista. – Respondeu a médica, triste por lembrar-se da crise quase iminente entre ela e Mike Nesmith.

-- Eu larguei minha noiva por sua causa. – Comentou.

-- Se está arrependido, então volta pra ela!

-- Voltar? Está de brincadeira não é? – Agarrando o braço dela. – Fiz de tudo pra te conquistar e ainda me trata assim?

-- As coisas não funcionam da maneira que exige, Doutor! Agora solta meu braço!

-- Não sem antes... – Nem terminou de falar e o celular dele apitou para uma mensagem.

Ele largou o braço de Alice e viu o semblante dele mudar.


Novo caso: Helmut Schön foi assassinado e o corpo encontrado no Estádio Olímpico. Venha imediatamente para a delegacia, doutor. Contamos com você.

Capitão Moore

-- Vou para delegacia. – Já vestindo o casaco e guardando o celular no bolso e carregando o jaleco. – Talvez fique ocupado no caso.

Eles não se despediram. Outra característica daquela relação eram as discussões por causa das relações passadas. Gerd estava noivo de Uschi Ebenböck por cerca de quatro anos e foi desfeito quando conheceu Alice, na época uma jovem médica promissora. A paixão foi imediata, mas ela namorava Nez, um músico em ascensão. Esconderam a paixão até surgir às crises. Uschi praticamente se tornara insuportável e Mike e Alice começaram a discutir demais, embora esta acreditasse salvar sua relação e quase sempre se acertavam. Não deu em outra. Numa festa do hospital, os dois não resistiram e acabaram fazendo amor num dos quartos dos pacientes, sem se importarem com o pessoal ou com seus cônjuges e Alice terminou com Mike.

A única pessoa que realmente sabe do caso extra conjugal deles é Louise, a jovem assistente de Gerd, que trabalha há dois anos com doutor na delegacia. A menina foi bastante compreensiva, embora Alice achasse que ela era ingênua demais. Após a saída do médico, ela retornou para suas atividades hospitalares.


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Louise estava com tonturas na delegacia e tomava uma água tônica pra ver se sua ressaca passasse. Sabia do caso de assassinato. E por conta disso nem tomou banho, apenas vestiu sua melhor roupa, a mochila e o celular pra manter o contato. Verificou a mensagem de Rosie.

Estou aqui na área de segurança do estádio e coletando vídeos. Ah deixa te contar o babado que um amigo do hospital me disse. Parece que o doutor e Alice tiveram mais uma das crises irritantes que merecia ser narrado pela Meredith Grey. Ainda não entendo por que essa mulher não larga o texano.  Se eu fosse ela, já partia com tudo com o doutor barbudo alemão. Não acha?


Louise não respondeu. Já estava acostumada com o circulo vicioso entre Gerd e Alice e por mais quisesse se manifestar sobre isso, pelo bem dele não se intrometia. Apenas ajudava o médico em alguns momentos como tratar uma mulher e comprar presentes. De resto o doutor recompensava Lulu ajudando a garota nos estudos e dando um pouco de liberdade a ela em seu escritório, tornando aquela parceria numa amizade verdadeira. Ou ao menos era o que alguns pensavam.

Lembrou-se do sobrinho dele, Thomas, de vinte e cinco anos. Por mais que ele fosse a criatura mais amável, ela ainda preferia o tio dele. Tommy, como ela o chama, se conformou com isso e ele voltou a Berlim para seguir na faculdade de Direito. Após tomar a bebida tônica e já começar a se sentir bem, ela responde a mensagem.


Essas coisas acontecem. E ela já terminou com Nez.

Ela ligou a playlist musical do celular e colocou novamente pra tocar alguma canção romântica. Neste momento Gerd aparece no escritório, nervoso e ofegante.

-- Sapecou de novo no hospital? – Questionou Lulu, ligando o computador.

-- Não. Discuti pra variar e nem quero saber. Hoje vamos trabalhar e... Que cara é essa?

-- Ressaca do KellerClub. – Respondeu Louise, com os olhos azuis quase se fechando e gemendo de dor de cabeça. – Tomei um gim tônico e tá passando.

-- Hum... Tudo bem. – Disse por fim enquanto foi ao banheiro. – Fique ligada para receber mais contatos.


-----C-----S-----I----


Mesmo sob a noticia da herança, Paul recebeu a ligação de seu parceiro, Uli Hoeness, pedindo para ir à casa de Helmut Schön. Chegando a casa dele, Paul encontrou os policiais ainda na verificação e foi isolada toda área. Uli o levou até o quarto da vítima. Aparentemente nada. Tudo bem arrumado, até a cama.

-- Onde está anormalidade, Uli? – Indagou Paul.

Uli caminhou até o gigante armário vermelho e abriu, revelando algo de chocante ao investigador. Eram fotos, milhares de fotos de Anastacia. Havia também uma boneca de velcro com a cara dela, velas acessas em torno do pequeno santuário e revelou uma blusa amarela curta pendurada.

-- Esse velho... – Murmurou Paul, pasmo. – ESSE CARA É UM VELHO TARADO!

-- Calma, Paul! – Acalmou Uli, segurando o amigo. – Nós iremos falar com o delegado sobre isso e continuar com o interrogatório com a família Romanov.

-- Eu não sei qual é desse cara, mas ele é louco e antes de morrer, deixou tudo para a filha de Alexei, até a fábrica.

-- Meu deus... – Uli desviou o olhar do armário. – Se essa garota herdar tudo do velho, pode ser a próxima vítima.

Um pensamento temeroso e um ar sombrio tomaram conta dos policiais. Realmente é o começo...

Enquanto isso no outro lado da cidade, Niki recebeu a noticia, como um soco no peito.

-- IDIOTAS! – Exclamou de raiva. – COMO VOCÊS O MATAM E AINDA NÃO SABERAM QUE ELE DEIXOU A FÁBRICA PARA ELA?

-- Senhor... – Dizia nervosamente o anônimo. – Estamos com a grana dele e...

-- O DINHEIRO NÃO É IMPORTANTE! E SIM AQUELA FÁBRICA E SEUS GANHOS! – Niki pegou um copo de água, bebeu tudo e já mais calmo continuou a dizer. – Olhem, procurem saber mais sobre a herdeira do Helmut e assim que descobrirem, me comuniquem!

-- E o que fará desta vez, senhor?

-- Convencer a me vender por um bom preço. E se não quiser... – Silenciou-se, imaginando as conseqüências de quem recusasse sua oferta generosa. – Vai amanhecer, com os corvos bicando os olhos da pessoa. Agora vão investigar para mim!

Ao desligar o telefone, ele foi até a janela, arquitetando mais um plano de tomada da Schön Industries. Nada poderá impedir a ambição desmedida de Niki Lauda...


Continua...


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