quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Laços do Blues (9º Capítulo)

Olá pessoal!
Novo capítulo (mas demorado) de Laços do Blues e um feliz natal aos leitores e as garotas blogger Maria Alice, Mariana "Walrus Girl" Campos e Mariana "Greyjoy" Pereira.




Capítulo 9: You Make Me Feel

Rosie POV

-- Só mais quinze dias, meu amor. Logo voltarei te ver! – Falava meu namorado no telefone.

A turnê estendeu para outros lugares, agora o alvo são os Estados Unidos. Mari conseguiu viajar para lá e eu fiquei em Oxford por causa do aguardo na faculdade. Havia solicitado para mudar de curso. Não agüentava mais Direito e resolvi tentar História. Para minha alegria, três dias após o telefonema de Clapton, consegui a tão cobiçada mudança de curso. E ainda bem que foi bem a tempo das aulas começarem.

Apesar do prédio de Historia ser muito classudo, havia algo de antigo, lembrando um museu, o que era bem compreensível.  Duas semanas depois Mari retorna de viagem e passa a me contar as novidades passadas e suas fugas românticas com Ginger Baker. Até hoje não entendo como alguém como Ginger gosta de fugir pra lugares que nunca pensaríamos que fosse visitar. Bem, isso é algo que pretendo um dia descobrir.

Num belo dia de março, aconteceu algo muito legal. Mike Winters, nosso colega de quarto na republica, conseguiu num sorteio da rádio BBC, ingressos pro jogo de futebol pela Liga dos Campeões da UEFA. O confronto será do Manchester United contra o time alemão Bayern de Munique.
Não entendia bem de futebol, embora acompanhasse toda a Copa do Mundo no ano passado e vi a Inglaterra conseguir ser vitoriosa.  O jogo seria no sábado no estádio White Hart Lane, no norte de Londres. Partimos na sexta à tarde. Jane e Mari acabaram cabulando as aulas, enquanto que o restante conseguiu ou ser liberado mais cedo ou simplesmente assistiu de manhã.  Por sorte, Sam não precisaria de mim na sexta, por isso me concedeu folga.

Nos hospedamos num hotel legal perto do estádio, assim pouparíamos energia na caminhada. Mike estava super ansioso, pois queria autógrafos dos craques do momento, que eram George Best (M.United), Franz Beckenbauer e Gerd Müller (ambos do Bayern).  Por sua vez, Mary suspirava por Gerd e devo admitir uma coisa: o alemão é realmente lindo. Um deus grego! Ok, melhor sossegar o facho, ruiva! Você tem o Eric Clapton, o guitarrista com cara de tímido, mas com talento que parece mexer com meu intimo.

Chegamos ao estádio e conseguimos os melhores lugares para acompanhar os lances. Mari estava com caderno já pronto para coletar os autógrafos, Mike com a camiseta do Bayern e do United e eu torcendo para ver Gerd Müller.  Quando os jogadores do time inglês apareceram, Jane gritou feito louca.

-- BEST!, GEORGE BEST, EU TE AMO!

Para nossa surpresa, o jogador saiu da fila e foi se até as arquibancadas e localizou Jane. Ela o abraçou e George soube bem aceitar.

-- Por favor, autografe pra mim? – Jane fez algo que até hoje se tornou comum: tirou a blusa e mostrou os seios (ela vestia um sutiã, ainda bem!) e George pegou uma caneta preta e assinou ali mesmo e finalizou com um beijo daqueles. Jane desmaiou e Mary Kate e eu a socorremos. Mari e eu tiramos fotos e percebemos que George lançou umas piscadelas para nós. Isso mesmo, leitor. Best estava lançando seu charme.

Iniciou o jogo e todos ficaram numa torcida bem agitada. No primeiro tempo, o United marcou um gol, feito por George Best. Agora o Bayern precisava recuperar esse prejuízo. No segundo tempo, houve empate. Na metade do tempo, aconteceu um pênalti para o Bayern e quem faria o gol seria o camisa nove Gerd Müller, que conseguiu fazer um lindo gol de falta.

Gritei feito louca comemorando a vitoria do Bayern. Fim de jogo, com United perdendo, mas George Best ainda sorria.

-- Rosie, vamos pedir autografo aos alemães? – Pedia Mary, que escondia o peito assinado com a caneta de Best.

-- Certo. Vamos nessa!

Quando o time germânico ia embarcar no ônibus, corri até Gerd e mais uma vez não surtei como daquela vez que peguei o famoso autografo de John Lennon no Palladium em 1963.

-- Mr. Müller, por favor, assine? – Pedi para ele assinar meu caderno.

Muito gentil, o alemão assinou e ainda falou comigo em inglês com sotaque, para minha sorte já que não manjo na linguagem.

-- Muito obrigado pelo carinho. – Disse o jogador em seguida me deu um beijo na bochecha, me deixando corada.

Após a partida viajei legal na maionese que nem ouvi Mari reclamando do George Best, que ficou cantando ela.

-- Rosie, vamos embora? George é tarado!

Antes de ir embora, fui ao banheiro e na saída, George Best ficou parado e se aproximou de mim, sussurrando com uma voz muito sensual e devo admitir, fiquei muito excitada. Apesar da leve vergonha, eu havia gostado. Peguei rápido meu bloco e anotei o número de telefone e endereço onde morava em Oxford.

-- Me liga, se puder. – Sussurrei de volta para ele.

No domingo pela manhã embarcamos de volta para Oxford e chegamos a republica perto do meio dia. Ninguém tinha capacidade para cozinhar naquele momento devido ao cansaço da viagem.

Mal deitei na cama quando ouvi alguém exclamando, me tirando de orbita mental. Era Marianne de novo me perturbando.

-- OLHA, ROSIE! NÓS CONSEGUIMOS!!!! – Mari gritava e ao mesmo tempo segurava um envelope azul.

-- O que? Por deus, me diga!

-- FOMOS CONVIDADAS PARA PARTICIPAR NA RADIO CAROLINE!

A rádio pirata Caroline ficava ancorada no mar do norte da Inglaterra, junto com outros barcos grandes que abrigam outras rádios piratas. Essa onda surgiu no momento que a BBC passou a tocar menos de quarenta e cinco minutos de música pop, revoltando os ouvintes.

A participação seria na terça-feira na parte da tarde. Recebemos uma carta explicando nosso transporte e tudo mais. Mari e eu fomos ao porto de Oxford e lá embarcamos num barco com dois dos locutores que nos esperavam e em pouco tempo chegamos num navio ancorado, a Caroline.

Biff McFly, o locutor do programa Top 10, nos entrevistou e foi muito legal. Vi também que ele tem um currículo de entrevistas bem sucedido, com fotos das celebridades e bandas. Até mesmo jogadores de futebol como Bobby Moore, campeão mundial da Copa passada e o alemão Franz Beckenbauer. Dá para ver que além da música, ele também se especializou em esportes.

Após as entrevistas, dançamos e conversamos com resto da equipe e tiramos muitas fotos. Retornamos para o porto de Oxford com a lembrança mais divertida de visitar uma rádio pirata.

Mais alguns dias se passaram e Clapton me liga, mas a sua voz estava indiferente. Aos poucos percebia que algo na nossa relação estava se perdendo. Sofria muito com sua ausência. Às vezes pensava que ele e Charlotte tivessem reatado. Não foi isso. Em compensação, me tornava cada vez mais próxima de Graham Nash. Descobri que a paixão dele é a fotografia e quase todos os dias ele me procurava seja no estúdio ou na agência para um passeio pela cidade e ficávamos conversando por horas. Lembro que isso aconteceu uma vez com Clapton e foi no dia do pub, onde ele havia colocado uma música no jukebox.

Me entristecia fácil mas procurava não transparecer isso para o pessoal e nem para Sam e Mari. Quando Nash não me procurava, ficava pensando na vida ou lendo um livro na agência. Por incrível que pareça, lembrei de George Best. Ele pode ser um tarado, contudo, existia algo nele que me atraia. Talvez a voz rouca transformada em veludo quando sussurrada.

Na volta pro apartamento, fui tomar banho e jantei pouco. No quarto peguei meu caderno e passei a escrever pequenos versos.

Na escuridão, salve-me.
Preciso de você.
Somente de você.
Sua voz meu consolo.
Nosso infinito...

Os restantes dos versos foram se tornando mais ousados. Se Mari lesse isso, pensaria que fiquei doida. Recebo depois uma ligação do Mike avisando que ficará na casa da mãe para cuidar dela e Jane e Mary pousariam no apto de outra turma. Elas namoram uns caras, veteranos do curso de Medicina. Então, hoje ficarei e Marianne também.

Por volta da meia noite a campainha tocou.

-- Fica aí, Mari. Pode ser o Benson. – Disse ao descer as escadas.

Ela deixou a porta do seu quarto entreaberto e eu segurando outra vez o taco de cricket para me defender. Abri a porta com cuidado e vi ele. Não era o Clapton e sim o jogador.

-- Olá, jovem ruiva.

Aqueles olhos azuis tão vivazes. Entrou no apartamento sem esperar minha permissão e me beijou de uma forma ardente. Senti uma onda de sentimentos misturados. Amor, luxuria e culpa. Amor talvez.  A culpa era por estar traindo Clapton. E luxuria é um dos sintomas causados no contato físico com George Best. Quando parei de beijar, pensei em expulsa-lo. Lembrei outra vez do guitarrista. A considerar nestes últimos dias, ele só me ligava, ao contrário do Ginger, que liga e manda cartas para Mari. E sem falar na frieza sentida nestas últimas vezes que ele me ligou, denotando uma pequena ponta dele se interessar por outras garotas.  E então decidi.

-- Vem comigo. – Puxei o jogador para mais perto de mim e tivemos mais beijos.

Vi Mari nos olhando e rindo da cena e em seguida voltando pro quarto, muito tranqüila. Subimos para o meu quarto e fizemos amor tão intenso. Ele realizou tudo aquilo nas palavras sussurradas no jogo para mim. E eu sabia da sua fama de mulherengo. Mas não me importava. Apenas queria um momento de felicidade... e com George Best.

Continua...

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