Novo capítulo (mas demorado) de Laços do Blues e um feliz natal aos leitores e as garotas blogger Maria Alice, Mariana "Walrus Girl" Campos e Mariana "Greyjoy" Pereira.
Capítulo 9: You Make Me Feel
Rosie POV
-- Só mais quinze dias, meu amor. Logo voltarei te ver! – Falava meu
namorado no telefone.
A turnê estendeu para outros lugares, agora o alvo são os Estados
Unidos. Mari conseguiu viajar para lá e eu fiquei em Oxford por causa do
aguardo na faculdade. Havia solicitado para mudar de curso. Não agüentava mais
Direito e resolvi tentar História. Para minha alegria, três dias após o
telefonema de Clapton, consegui a tão cobiçada mudança de curso. E ainda bem
que foi bem a tempo das aulas começarem.
Apesar do prédio de Historia ser muito classudo, havia algo de antigo,
lembrando um museu, o que era bem compreensível. Duas semanas depois Mari retorna de viagem e
passa a me contar as novidades passadas e suas fugas românticas com Ginger
Baker. Até hoje não entendo como alguém como Ginger gosta de fugir pra lugares
que nunca pensaríamos que fosse visitar. Bem, isso é algo que pretendo um dia
descobrir.
Num belo dia de março, aconteceu algo muito legal. Mike Winters, nosso
colega de quarto na republica, conseguiu num sorteio da rádio BBC, ingressos
pro jogo de futebol pela Liga dos Campeões da UEFA. O confronto será do
Manchester United contra o time alemão Bayern de Munique.
Não entendia bem de futebol, embora acompanhasse toda a Copa do Mundo
no ano passado e vi a Inglaterra conseguir ser vitoriosa. O jogo seria no sábado no estádio White Hart
Lane, no norte de Londres. Partimos na sexta à tarde. Jane e Mari acabaram
cabulando as aulas, enquanto que o restante conseguiu ou ser liberado mais cedo
ou simplesmente assistiu de manhã. Por
sorte, Sam não precisaria de mim na sexta, por isso me concedeu folga.
Nos hospedamos num hotel legal perto do estádio, assim pouparíamos
energia na caminhada. Mike estava super ansioso, pois queria autógrafos dos
craques do momento, que eram George Best (M.United), Franz Beckenbauer e Gerd
Müller (ambos do Bayern). Por sua vez,
Mary suspirava por Gerd e devo admitir uma coisa: o alemão é realmente lindo.
Um deus grego! Ok, melhor sossegar o facho, ruiva! Você tem o Eric Clapton, o
guitarrista com cara de tímido, mas com talento que parece mexer com meu
intimo.
Chegamos ao estádio e conseguimos os melhores lugares para acompanhar
os lances. Mari estava com caderno já pronto para coletar os autógrafos, Mike
com a camiseta do Bayern e do United e eu torcendo para ver Gerd Müller. Quando os jogadores do time inglês apareceram,
Jane gritou feito louca.
-- BEST!, GEORGE BEST, EU TE AMO!
Para nossa surpresa, o jogador saiu da fila e foi se até as
arquibancadas e localizou Jane. Ela o abraçou e George soube bem aceitar.
-- Por favor, autografe pra mim? – Jane fez algo que até hoje se
tornou comum: tirou a blusa e mostrou os seios (ela vestia um sutiã, ainda
bem!) e George pegou uma caneta preta e assinou ali mesmo e finalizou com um
beijo daqueles. Jane desmaiou e Mary Kate e eu a socorremos. Mari e eu tiramos
fotos e percebemos que George lançou umas piscadelas para nós. Isso mesmo,
leitor. Best estava lançando seu charme.
Iniciou o jogo e todos ficaram numa torcida bem agitada. No primeiro
tempo, o United marcou um gol, feito por George Best. Agora o Bayern precisava
recuperar esse prejuízo. No segundo tempo, houve empate. Na metade do tempo,
aconteceu um pênalti para o Bayern e quem faria o gol seria o camisa nove Gerd
Müller, que conseguiu fazer um lindo gol de falta.
Gritei feito louca comemorando a vitoria do Bayern. Fim de jogo, com
United perdendo, mas George Best ainda sorria.
-- Rosie, vamos pedir autografo aos alemães? – Pedia Mary, que
escondia o peito assinado com a caneta de Best.
-- Certo. Vamos nessa!
Quando o time germânico ia embarcar no ônibus, corri até Gerd e mais
uma vez não surtei como daquela vez que peguei o famoso autografo de John
Lennon no Palladium em 1963.
-- Mr. Müller, por favor, assine? – Pedi para ele assinar meu caderno.
Muito gentil, o alemão assinou e ainda falou comigo em inglês com
sotaque, para minha sorte já que não manjo na linguagem.
-- Muito obrigado pelo carinho. – Disse o jogador em seguida me deu um
beijo na bochecha, me deixando corada.
Após a partida viajei legal na maionese que nem ouvi Mari reclamando
do George Best, que ficou cantando ela.
-- Rosie, vamos embora? George é tarado!
Antes de ir embora, fui ao banheiro e na saída, George Best ficou
parado e se aproximou de mim, sussurrando com uma voz muito sensual e devo
admitir, fiquei muito excitada. Apesar da leve vergonha, eu havia gostado.
Peguei rápido meu bloco e anotei o número de telefone e endereço onde morava em
Oxford.
-- Me liga, se puder. – Sussurrei de volta para ele.
No domingo pela manhã embarcamos de volta para Oxford e chegamos a
republica perto do meio dia. Ninguém tinha capacidade para cozinhar naquele
momento devido ao cansaço da viagem.
Mal deitei na cama quando ouvi alguém exclamando, me tirando de orbita
mental. Era Marianne de novo me perturbando.
-- OLHA, ROSIE! NÓS CONSEGUIMOS!!!! – Mari gritava e ao mesmo tempo
segurava um envelope azul.
-- O que? Por deus, me diga!
-- FOMOS CONVIDADAS PARA PARTICIPAR NA RADIO CAROLINE!
A rádio pirata Caroline
ficava ancorada no mar do norte da Inglaterra, junto com outros barcos grandes
que abrigam outras rádios piratas. Essa onda surgiu no momento que a BBC passou
a tocar menos de quarenta e cinco minutos de música pop, revoltando os
ouvintes.
A participação seria na terça-feira na parte da tarde. Recebemos uma
carta explicando nosso transporte e tudo mais. Mari e eu fomos ao porto de
Oxford e lá embarcamos num barco com dois dos locutores que nos esperavam e em
pouco tempo chegamos num navio ancorado, a Caroline.
Biff McFly, o locutor do programa Top
10, nos entrevistou e foi muito legal. Vi também que ele tem um currículo
de entrevistas bem sucedido, com fotos das celebridades e bandas. Até mesmo
jogadores de futebol como Bobby Moore, campeão mundial da Copa passada e o alemão
Franz Beckenbauer. Dá para ver que além da música, ele também se especializou
em esportes.
Após as entrevistas, dançamos e conversamos com resto da equipe e
tiramos muitas fotos. Retornamos para o porto de Oxford com a lembrança mais
divertida de visitar uma rádio pirata.
Mais alguns dias se passaram e Clapton me liga, mas a sua voz estava
indiferente. Aos poucos percebia que algo na nossa relação estava se perdendo.
Sofria muito com sua ausência. Às vezes pensava que ele e Charlotte tivessem
reatado. Não foi isso. Em compensação, me tornava cada vez mais próxima de
Graham Nash. Descobri que a paixão dele é a fotografia e quase todos os dias
ele me procurava seja no estúdio ou na agência para um passeio pela cidade e ficávamos
conversando por horas. Lembro que isso aconteceu uma vez com Clapton e foi no
dia do pub, onde ele havia colocado uma música no jukebox.
Me entristecia fácil mas procurava não transparecer isso para o
pessoal e nem para Sam e Mari. Quando Nash não me procurava, ficava pensando na
vida ou lendo um livro na agência. Por incrível que pareça, lembrei de George
Best. Ele pode ser um tarado, contudo, existia algo nele que me atraia. Talvez
a voz rouca transformada em veludo quando sussurrada.
Na volta pro apartamento, fui tomar banho e jantei pouco. No quarto
peguei meu caderno e passei a escrever pequenos versos.
Na escuridão, salve-me.
Preciso de você.
Somente de você.
Sua voz meu consolo.
Nosso infinito...
Os restantes dos versos foram se tornando mais ousados. Se Mari lesse
isso, pensaria que fiquei doida. Recebo depois uma ligação do Mike avisando que
ficará na casa da mãe para cuidar dela e Jane e Mary pousariam no apto de outra
turma. Elas namoram uns caras, veteranos do curso de Medicina. Então, hoje
ficarei e Marianne também.
Por volta da meia noite a campainha tocou.
-- Fica aí, Mari. Pode ser o Benson. – Disse ao descer as escadas.
Ela deixou a porta do seu quarto entreaberto e eu segurando outra vez
o taco de cricket para me defender. Abri a porta com cuidado e vi ele. Não era
o Clapton e sim o jogador.
-- Olá, jovem ruiva.
Aqueles olhos azuis tão vivazes. Entrou no apartamento sem esperar minha
permissão e me beijou de uma forma ardente. Senti uma onda de sentimentos misturados.
Amor, luxuria e culpa. Amor talvez. A culpa
era por estar traindo Clapton. E luxuria é um dos sintomas causados no contato físico
com George Best. Quando parei de beijar, pensei em expulsa-lo. Lembrei
outra vez do guitarrista. A considerar nestes últimos dias, ele só me ligava,
ao contrário do Ginger, que liga e manda cartas para Mari. E sem falar na
frieza sentida nestas últimas vezes que ele me ligou, denotando uma pequena
ponta dele se interessar por outras garotas.
E então decidi.
-- Vem comigo. – Puxei o jogador para mais perto de mim e tivemos mais
beijos.
Vi Mari nos olhando e rindo da cena e em seguida voltando pro quarto,
muito tranqüila. Subimos para o meu quarto e fizemos amor tão intenso. Ele
realizou tudo aquilo nas palavras sussurradas no jogo para mim. E eu sabia da
sua fama de mulherengo. Mas não me importava. Apenas queria um momento de
felicidade... e com George Best.
Continua...

Nenhum comentário:
Postar um comentário