quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Soulmate (Oneshot What If - Grindhouse)

Olá pessoal!
Hoje vamos conhecer mais uma oneshot de what if mas de uma forma diferente. O cenário é na Segunda Guerra Mundial e de uma forma interessante, interliga algum momento de Holiday Romance. O casal? Melhor vocês lerem pra descobrir! Enquanto leem, ouçam Enya - I May Not Awaken.






Soulmate__ Maya Amamiya


O inevitável aconteceu. Desejou por alguns segundos que tudo voltasse ao normal. No fundo perdoava os alemães pelas inúmeras mortes. Agora Louise sabia de uma coisa: nunca mais voltaria para Londres. Nunca mais cuidaria do jardim com sua mãe. Nunca mais conversaria com irmão Michael. Nunca mais teria o carinho de seu pai. Nunca mais... veria ele.

Presa ali no quartel da Gestapo, a moça de olhos azuis e britânica foi capturada pelos soldados e junto dela seu namorado, um soldado alemão.  O julgamento foi realizado de modo isolado, onde não saberia se seria salva ou não. Independente de seu destino saberia muito bem da morte.

Seus pensamentos foram interrompidos com a porta se abrindo e dois soldados empurrando outro prisioneiro. Reconheceu seu amado. Mesmo com rosto quase desfigurado, era ele. Os soldados aproveitaram para rir e dizerem:

-- Nun, was sagen Sie dazu, Verräter? (Agora o que me diz, traidor?) – Perguntou um deles, narigudo, cujo nome era Schwarzenbeck.

-- Lassen wir es. Fast tot. Aber morgen ist der Tag! (Vamos deixar assim. Quase morto. Mas amanhã é o dia!) – Respondeu o soldado de bigode e magro chamado Kapelmann.

Em seguida fecharam a porta num estrondo capaz de ser ouvido por todo quartel.  A jovem tentou levantar o prisioneiro e o levou para a cama. Rasgou uma barra do vestido e molhou na água da pia e limpou os ferimentos dele. Gerd foi condenado e chamado de traidor pelos membros da Gestapo. E agora, capturado e julgado a sentença de morte junto com a amada.

-- Me desculpe... – ela dizia ao limpar o rosto dele, com marcas de corte e espancamento. – Era eu... devia ser eu a morrer e não você.

Ele por sua vez, tocou suavemente a mão dela, tão delicada quanto a porcelana e beijou.

-- Nein... Estar com você... – Ele falava com dificuldade em inglês em decorrência da dor. – Me deixa mais... feliz.

Louise sorriu e beijou o amado na boca. Deitados juntos, Gerd adormeceu e ela ficou olhando sob a pequena janela da prisão, a lua cheia e as estrelas. Lembrou-se do dia em que se conheceram.

Flashback ON

Ela morava sozinha numa casa de campo na região rural de Munique. Por perto haviam umas casas que serviam de esconderijo para guerrilheiros. Às vezes ouvia tiros...
Num desses passeios a um campo florido, encontrou ele, ferido. Rapidamente o socorreu e o levou para sua casa. Dos cuidados médicos, veio um carinho. Uma ternura... E depois aquele sentimento louco. Não conseguia ficar longe um do outro. Naquele momento renunciou o posto de tenente e passou a cuidar dela. Juraram ser um só!

Flashback OFF

Amanheceu em Munique e a porta mais uma vez se abre. O casal acorda de sobressalto e vêem os soldados entrando e junto o general Udo Lattek.

-- Levem- os para o muro e tragam os outros prisioneiros! Tudo isso em cinco minutos!

Imediatamente, os comandados levaram os dois para fora da prisão e os deixaram no muro e depois desamarram suas mãos.  Claramente Louise viu o olho direito de Gerd um pouco roxo e a farda rasgada. Depois o pessoal aprisionado apareceu e ficaram em filas.
Contemplaram juntos aquelas pessoas. Dois soldados começaram a construir rápido uma pequena trincheira e mais dois acabam trazendo uma metralhadora pesada e mais os cartuchos. Gerd ficou um pouco desapontado por saber que um dos atiradores seria justo seu amigo. No fundo ele o perdoava pelas circunstancias e jurou na próxima vida reencontrá-lo juntamente com sua amada.

Após o preparo da arma, o general ordena.

-- Es ist noch Zeit, Buße zu tun. Oder beabsichtigt, bis zum Ende zu folgen? (Ainda é tempo de se arrepender. Ou pretende seguir até o fim?) – Perguntou Udo, sorrindo de forma maligna.

Gerd não respondeu e abraçou Louise, dando sua óbvia resposta. Enfurecido, o superior começa a contar para atirar.

Bereiten...

Se olharam nos olhos mais uma vez e sorriram. Embora o momento não fosse de alegria, estavam felizes. Morreriam juntos.

Zeigen!

A arma engatilhada mostrou o pior para eles.
-- Ich Liebe Dich! – Disse Louise ainda feliz. – Quero te encontrar na outra vida!

-- Meine Liebe... também quero... te encontrar na próxima vida, juntos! – Em seguida Gerd a abraçou forte e fechou os olhos.


Feuer!

Em questão de segundos, a metralhadora disparou uma quantidade inexata sobre o casal. Rápidos tiros foram o suficiente para ceifar a vida deles. Seus corpos tombaram ao chão depois de alguns segundos de disparos. O vestido de Louise praticamente estava banhado de sangue. Ao cessar fogo, Udo resolve caminhar até os corpos e analisa um pouco. No fundo não queria tirar a vida daquela menina e muito menos do tenente. Contudo, eram ordens do führer e as regras eram claras.
Viu também que Gerd ainda tinha um resto de vida pairando em seu corpo. Ele mal conseguia respirar e cuspia sangue. Ele tentou pegar a mão de sua amada e teve tempo para falar uma última vez.

-- L... Louise...

O general não pensou duas vezes. Sacou sua pistola Luger e atirou na cabeça do tenente, encerrando seu sofrimento. Os prisioneiros tentaram ser fortes ao verem aquela crueldade. Muitos choraram, outros guardavam o sofrimento para mais tarde. Aquela guerra teria de acabar logo...



ANOS DEPOIS...

2013


Louise acorda muito assustada com o sonho. Ela percebe também que havia chorado enquanto dormia. Tentou acordar seu namorado, que dormia e ressonava ao mesmo tempo.

-- Gerd! Acorda, meu ursinho! – Pediu a jovem, sacudindo o namorado, acordando-o.

-- Hmm... o... o que foi, ursinha? – Gerd viu a amada chorando.

-- Estou com medo. Tive um sonho tão triste... Um casal tão parecido com nós, na segunda guerra. Eles morreram... --- Respondia, mas não conseguia falar mais por causa das lágrimas.

-- Não chorar, minha ursinha. Eu estar aqui com você sempre. – Dizia ele, acariciando o rosto de anjo da jovem e ela o encara.

-- Promete ficar sempre comigo?

-- Ja. Ich werde immer bei dir sein. Bis zum Ende der Zeit. (Sim. Estarei sempre contigo. Até o fim dos tempos.)

Apesar do pouco conhecimento da língua alemã, Louise soube traduzir aquelas palavras do amado. Tomada por uma grande felicidade, se beijaram intensamente e se entregaram aos prazeres noturnos no quarto dela. Não importava as épocas, sempre se reencontram e redescobrem o amor de muitas formas. Eram almas gêmeas.





FIM 



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