Terceira parte da oneshot!
Parte 3
No outro lado da cidade,
Rick Wright escrevia mais um artigo filosófico para mandar ao jornal de
Londres. Sua noiva, Meg Johnson dormia tranquilamente na cama e o jovem se
dedicava a escrever aqueles textos. Uns eram poemas parecidos com eddas
nórdicos, outros são os artigos de jornal. Desde que sua antiga namorada e
noiva, Louise, desapareceu sem mais nem menos, as coisas se complicaram para
ele. Embora a amasse no fundo, ele preferia o lado obscuro da vida. A noite se
divertia nas tabernas com seus amigos e se deitava com as prostitutas. Meg era
uma delas e caído de amores, resolveu transforma - lá numa dama e depois sua
noiva.
-- Ricky... – gritou Meg
ainda no quarto. – Venha pra cama, quero você!
Ele não respondeu.
Continuou a escrever até ouvir um abafado grito, mas ignorou isso. Depois de
terminado o texto, o filósofo subiu as escadas e sentiu um forte cheiro de
sangue vindo do quarto. Temeu um pouco isso e abrindo a porta, espantou-se por
ver sua amada na cama, totalmente ensangüentada e com a garganta cortada. Rick
arregalou os olhos, tamanha era seu horror vendo aquilo e correu até o corpo
inerte de Meg, segurando a cabeça dela e chorando.
-- MEG!!! – Gritou desesperado
e chorando. Se perguntou quem poderia ter feito isso e como conseguiu entrar no
quarto dela.
De repente um arrepio foi
sentido em seu corpo. Alguém estava no quarto além dele. Wright não sabia se
olhava para trás ou para o lado ou simplesmente esquecia-se disso. Ouviu a
madeira se quebrando ao longe e assustado, se levantou da cama e revistou o
quarto. Sem sinal de alguma pessoa ali. Se convencendo que tudo aquilo é uma
ilusão, Rick se virou e dá de cara com o ser perto do cadáver de Meg. Ele
vestia roupas de um nobre e seus olhos reluziam a tons avermelhados.
-- QUEM É VOCÊ? –
Questionou o jovem, recuando da criatura. Este por sua vez, caminhava em
direção ao humano, decidido. – QUEM É VOCÊ?
-- Pra quê responder se logo
servirá de alimento para ela? – Respondeu e em questão de segundos segurou a
cabeça do humano e deu dois giros rápidos nele, quebrando o pescoço.
Rick não teve tempo de
reagir e sem vida, tombou ao chão. Segurando uma faca, o ser rasga a garganta
dele, coletando todo o sangue da vítima em mais uma garrafa. Minutos depois,
estava saindo de casa quando teve uma grande idéia. E envolvia os cadáveres...
-- Ela está assim há mais
de uma semana, senhor. – Comentou Sepp, enquanto seguia o conde na caçada.
-- Louise fez sua
escolha... e tem suas conseqüências.
-- Mas, ela não merece
isso. Já nos deu certeza de que não ter sido ela que arrastou Alice para morte.
Eu imploro, senhor. Vamos alimenta- lá.
Franz não costumava reagir
a piedade dos inimigos ou até mesmo de seus aliados contudo, Louise não mereceu
a acusação e queria preservar a vampira em beneficio a Gerd.
-- Está bem. Quando
voltarmos ao castelo, leve um pouco de sangue para Louise.
Sepp concordou e seguiram
juntos ao ataque numa taberna.
Chegando ao castelo, Gerd
subiu rapidamente as escadas e abriu a porta do quarto de Louise. Viu o estado
deplorável dela. Cabelo louro antes ondulado, agora desgrenhado. Os olhos não
continham aquela aura reluzente, pareciam sem vida. A boca ressecada e a pele
muito mais branca. Acima de tudo, ela gemia demais por conta da fome e dor. Foi
torturante para o vampiro ver sua amada assim. Ele deixa as garrafas na mesa e
pegando um copo, serviu com o liquido vermelho e ofereceu a Louise, que sentiu
o cheiro característico do sangue.
-- De quem é esse sangue?
– Perguntou com a voz quase falhando e se levantando.
-- Não interessa. –
Respondeu Gerd, indiferente. – Apenas beba, por favor.
-- Mas...
-- Beba logo!
Ficou um pouco relutante
no inicio. Porém, a vontade de sangue é enorme e a considerar o tempo de
abstinência, obedeceu àquela ordem e pegou das mãos dele o copo e bebeu sem
parar, não deixando uma gota sequer. Experimentar o sangue mais uma vez reviveu
as energias da vampira e encarando o rosto de Gerd, estendeu o copo a ele.
-- Quero mais! – Pediu,
satisfeita.
Em poucos minutos Louise
esgotou a primeira garrafa de sangue e voltou a se deitar, se sentindo
recuperada. Por ela, já poderia sair e caçar mais um humano. Seguindo as
recomendações de Gerd, ela permaneceu na cama, sorrindo e olhando para o teto.
Ele também deitou na cama, ao lado dela e segurando sua mão. Por breves
momentos se olharam e Louise acaba aninhando-se nos braços do vampiro e
sussurrou.
-- Eu não matei Alice.
-- Sei disso. – Disse
Gerd, fazendo carinho no cabelo dela que em seguida dormiu.
Na noite seguinte, ela
retornou as suas atividades noturnas. Tomou banho, vestiu sua melhor roupa e
penteou o cabelo. No jantar, ela se alimentou bem. Percebendo isso, o conde
chama a vampira para uma conversa no escritório e ao entrar, viu também Gerd.
-- O que está acontecendo?
– Questionou.
-- Só quero me certificar
de algo. – Franz se sentou na poltrona e ficou mexendo nos papéis na mesa e em
seguida fitou os dois vampiros. – Acho que está bem claro para mim e para vocês
dois sobre muitas coisas.
-- Sobre o que estamos
falando? – Louise ainda não compreendeu.
Franz se levanta e
aproximando-se da vampira, tocou as mãos dela.
-- Não é a mim que você
quer. E não é Alice que Gerd deseja. Estou dando permissão a vocês ficarem
juntos.
-- Está falando sério? –
Agora é Gerd que não acreditava nas palavras ditas do conde.
-- Sim. Estão livres para
se unirem. Vivam juntos. Agora se me derem licença, tenho assuntos inacabados
para antes do amanhecer!
Terminando a conversa, o
conde se retira do escritório, deixando o novo casal a sós, um pouco
consternados e tímidos. Depois disso,
Louise perdeu a vontade de sair e seguiu para o quarto, pensativa. Não queria
que as coisas terminassem assim. E se Gerd ainda preferisse Alice?
Mesmo falando as indiretas
amorosas, ele não correspondia e muitas vezes se afastava dela, seja por medo
ou respeito à Alice. A porta se abre e Gerd entra silenciosamente. Louise
percebe sua presença e o vê se sentando na beira da cama, ao lado dela e
tocando sua mão delicada. Pensou em afastar aquela mão e em vez disso permitiu.
Não disseram uma palavra ali, apenas o olhar era a resposta de suas dúvidas.
Ele puxou o rosto da vampira e a beijou de forma calma, transpassando para a
forma sensual. Louise gemeu um pouco ao sentir as mãos dele tocando o resto de
seu corpo e tentando tirar sua roupa. Amedrontada, evitou o contato. Algo
impossível. Quanto mais Louise tentava fugir, mais Gerd queria e muito.
-- Pare... por favor... –
Louise se desvencilhava.
Cansado daquela negação da
vampira, ele começou a rasgar as roupas. Louise por sua vez começou a gritar de
pânico e ele a mantendo presa na cama. O
medo aumentou quando o vampiro também tirou sua roupa e deitou por cima dela,
começando os movimentos e abafando os gritos com uma das mãos...
-- Até quando vai
continuar com isso? – Perguntou Chris, um pouco enojado por ver o novo cadáver
que Ana trabalhava.
-- Não tire minha
concentração, meu irmão. – Respondeu Ana, enquanto costurava a face desfigurada
do lenhador, encontrado morto perto de sua casa.
Ao que parece, ele teve a
cabeça esmagada contra a parede ou madeira e completamente destruído. Após o
sucesso de construir Alice, era vez dele. E achando melhor construir um noivo
para ela, aquele lenhador foi um achado de sorte. Não perdeu tempo e logo
começou moldá-lo.
No outro cômodo, Nora e
Sepp namoravam intensamente e quando o vampiro vassalo quis morder a jugular da
bruxa, foi acometido mais uma vez pelo mal estar, algo ruim que o impedia.
-- Por que não me morde
logo? – Perguntava Nora, sem saber que aquilo é o efeito da maldição que
Felicity aplicou no vampiro, por vingança.
-- N... não... posso... me
perdoa... não me sinto bem. – Respondeu o vampiro, aterrorizado e em seguida
desapareceu como a fumaça, deixando a amada com mais dúvidas.
Sepp correu o mais rápido
que pode até chegar ao castelo. Subiu as escadas e chegando ao corredor, passou
pelo quarto de Louise, ouvindo alguns ruídos abafados e vozes. Reconheceu o
grito da vampira. Se aproximou mais até o conde aparecer.
-- O que pensa que está
fazendo?
-- Louise precisa de
ajuda! – Respondeu Sepp, disposto a ajudar a amiga.
-- Deixe-a se acertar com
Gerd. Vamos conversar. – Franz seguiu até o fim do corredor e entrou em seu
quarto.
Sepp entrou também e viu
seu amigo olhando para o céu estrelado.
-- Outra vez sonhei com
aquela moça. – Comentou Franz enquanto bebia mais sangue na taça dourada.
-- A francesa? Noiva do
Barão?
-- Essa mesmo.
-- Senhor, por que não a
traga aqui? Faça dela sua noiva!
-- Mas como? Ela está de
compromisso com Barão. Devo respeitar isso.
Novamente ficaram em
silêncio, mostrando que não há saídas para os dilemas enfrentados pelo conde. E
para Sepp, o único dilema era Nora e sua vontade de morde-lá. A praga que a
profetisa aplicou serviu muito bem e agora sofria deste mal.
Antes de se retirar, o
vassalo ainda fala mais ao conde.
-- Se eu fosse você,
aproveitava que esta moça ainda está em Munique e a trazia pra cá, antes que o
Barão venha. E mais ainda por que Louise está com Gerd.
Sepp fechou a porta e
deixou o conde um tanto pensativo. Seguindo para o seu quarto, viu que Gerd ia
embora e aproveitando disso, foi-se ao quarto de Louise. Encontrou o quarto
bagunçado e os lençóis sujos com pingos de sangue e as roupas rasgadas da
jovem. Caminhou um pouco ali dentro e encontrou Louise, completamente nua,
jogada no chão e cheia de marcas no corpo.
-- Oh meu deus... – Disse
o servo de Franz, carregando a vampira na cama que gemia de dores. – O que aconteceu?
-- Eu o odeio... odeio
Gerd Müller! – Dizia Louise, com os olhos faiscando de fúria e mostrando os
dentes. -- EU O ODEIO!!!
-- Ele... fez isso com
você? – Indagou horrorizado por pensar que seu amigo tenha abusado daquela
forma sua nova parceira.
Ela fez sinal com a
cabeça, indicando a resposta positiva. Rapidamente pegou outro lençol e cobriu
o corpo da vampira e depois preparou um banho especial. Louise se banhou com
cuidado por conta do corpo inteiro doer demais.
-- Ele é assim mesmo, tão
violento? – Perguntou.
-- Olha, conheço Gerd
desde a infância e juro pra você, que esse não é o jeito dele não!
Aproveitando a última meia
hora antes do amanhecer, Sepp pegou os lençóis, lavando-os e deixando num
pequeno varal para secar quando amanhecesse o dia.
Amanheceu na modesta casa
de Ana e Felicity foi a primeira a acordar. Ajudou Nora a preparar o café ao
mesmo tempo em que se lembrava de outro sonho. Desta vez não era o íncubo
atormentando seu sono e sim a personificação da morte, na face de um rapaz de
olhos azuis pálidos, semblante sério e usando roupas pretas.
A guerra contra o rato pode começar. Embora você
amando seu vampiro, outro entrará em sua vida, causando desgraça e o seu fim...
-- Em que está pensando? –
Nora arrumava a mesa enquanto sua amiga preparava o pão e as canecas.
-- Ontem à noite, depois
da visita do Manuel, a morte veio me ver. Dizendo que mais um vampiro entrará
em minha vida e causará meu fim.
-- Acha que é o íncubo?
-- Ele não mencionou a
entidade. Entretanto... — Calou-se. Fefe sabia quem era esse vampiro. Há dias
sua visão mostrava um rapaz loiro, olhos azuis serenos e boa índole. Alguém com
capacidade de salvar vidas... E capacidade de renegar sua raça por outra pessoa.
De qualquer forma,
Felicity procurou esquecer aqueles avisos.
Ao cair da noite, os
vampiros despertam, prontos para resolver seus problemas e procurar mais uma
vítima. Na sala de jantar, Franz esperava por seus amigos ao mesmo tempo bebia
mais. Sepp colocava os alimentos na mesa e a primeira a aparecer foi Louise. A
pobre vampira não conseguira dormir por conta do ocorrido. Mesmo assim ela foi
jantar e andando a passos vagarosos, conseguiu chegar à mesa do dono do castelo
e sentou-se com dificuldade, despertando curiosidade deste.
-- Está tudo bem, Louise?
-- Sim – Respondeu a
vampira com sorriso amarelo, tentando disfarçar.
Sepp serviu com sopa de
fígado o prato de Louise. A principio todos jantavam calmamente. Quando Gerd se
juntou aos demais, sentiu o horror tomar conta. Os dedos de Louise tremiam e
mal conseguia beber a taça de sangue direito.
-- Com sua licença, conde.
– Se levantou e novamente seguiu ao seu quarto.
Mesmo com dor, Louise
subiu rápido para o quarto e se trancou ali dentro, temendo outra noite de
horrores com Gerd.
-- Ele não vai me tocar! –
Disse pra si mesma e tratando de arrumar a cama.
Terminado isso, Louise
ficou lendo livro quando ouviu o barulho da chave girando. Á principio achou
que fosse algum dos quartos a mais do castelo e voltou a sua atenção literária.
Com cuidado a porta foi aberta e ele conseguiu entrar sorrateiramente, tentando
agarrar os pés dela. No momento que Louise virava mais uma página, notou o
toque de uma mão fria e imediatamente saltou da cama e viu seu “noivo” com os
olhos vermelhos e os caninos pontudos, pronto para possuir sua nova “noiva”.
Sem pensar, ela correu até a janela e pulou para o jardim. Gerd saiu
imediatamente do quarto e iniciou uma perseguição implacável.
Louise saiu em disparada e
Gerd lutava para alcançar a moça, porém em velocidade, a vampira é boa.
Entre um caminho e outro,
trocaram exclamações.
-- NÃO VAI ME POSSUIR! –
Gritou a noiva, desviando para outra rota.
-- VOCÊ É MINHA, VOLTE
AQUI! – Gerd gritou de volta sem perder atenção.
Ele quase encostou sua mão
no ombro dela, quando de súbito, conseguiu escalar a árvore e seguir seu
caminho... até adentrar a Ilha dos Lobisomens. Teve de parar por ali na
fronteira da floresta e resmungou até derrubar uma árvore com um soco. Por mais
fosse sua vontade em entrar naquela ilha, tinha de respeitar o pacto de paz dos
vampiros e lobisomens. Irritado, decidiu
recuar, apenas por enquanto.
Numa das árvores, Louise
observava Gerd tomando o caminho rumo ao castelo. Ao seu lado estava Richard
Starkey, conhecido como Ringo para os lobisomens.
-- Não conte a ninguém que
estive aqui. – Pediu a vampira, um pouco temerosa.
-- Está bem. – Concordou
Ringo. O jovem lobo sempre admirou a bela vampira loira do conde e por ela
faria qualquer coisa, inclusive protege - lá do marido ensandecido.
Descendo com cuidado da
árvore, resolveu ir caminhando até chegar ao castelo. Devagar, foi subindo as
escadas, mas sempre olhando para todas as partes. Sem sinal da presença de
Gerd. Talvez tenha ido caçar ou procurar novamente Alice. Já no quarto, ela
novamente tranca a porta. Viu na janela que as estrelas e a lua estavam sumindo
por conta da aurora. Cansada, tirou seu vestido e sapatos. Procurou sua roupa
de dormir e após se vestir, deitou na cama, tranqüila por saber que Gerd não
entrará em seu quarto. Ou ao menos pensou isso...
Na penumbra, surgiu a
figura do vampiro, ainda com seus olhos rubros e atentos na noiva. Deitou-se ao
seu lado e sussurrou no ouvido.
-- Serás minha esta noite!
Sentindo um estranho e
forte calafrio, Louise se acorda e vê o vampiro ao seu lado. Antes mesmo de
sair da cama, Gerd aplica um abraço de urso nela e a arrasta para cama sob os
gritos e xingamentos da noiva fugitiva. Outra vez teve seus gritos abafados e
sentiu toda agressividade do amigo do conde. Aos poucos ela começou a cogitar
em deixar o vampiro ali mesmo e sair procurando um marido que preste e aceite como é.
Terminado o ato, ele
adormeceu ainda por cima da noiva, que o empurrou para o lado e saiu da cama,
mais enfurecida e decepcionada. Lavou o rosto na pequena bacia de água e saiu
dali, indo para o quarto de hóspedes, onde fechou as cortinas para os raios de
sol não atingirem seu corpo e depois deitou na cama.
Ainda aguardo por sua alma, meu
anjo...
A voz do íncubo ainda ecoa
na mente de Felicity. Mais uma noite com insônia provocada por ele. Pensou numa
forma de se livrar daquele ser que vem toda noite para tentar corromper seu
corpo, sua alma e seu coração. Impaciente, ela resolve procurar Nora.
-- Quando iremos a
Hamburgo? – Perguntou Felicity.
-- Depois de amanhã. –
Nora estava colhendo flores calmamente. – Logo tudo isso acabará.
-- Eu não agüento mais
essas imagens, as previsões do futuro, os espíritos... Preciso terminar com
esse ciclo!
-- Fica calma, tudo isso
irá terminar e estará livre.
Embora tivesse certeza que
Graham Bond, o feiticeiro fosse capaz de curar Felicity através do exorcismo,
no fundo tem medo de que essa prática matasse sua amiga. Apenas resta saber
disso no dia depois de amanhã.
No centro da cidade quatro
rapazes usando roupas pretas e chapéus se encontraram no estabelecimento de
compras e conversaram discretamente.
-- Tenho certeza. –
Berrava o mais alto deles chamado John Cleese. – Foi um nosferatu.
-- E se fosse mesmo? Como
o enfrentaremos? – Questionou o outro, magro e pálido chamado Eric Idle.
-- Ouvi dizer que estacas,
crucifixos e água benta podem machucar e matar um vampiro. – Disse Terry
Gilliam, com olhar de satisfação e mostrando os itens.
-- Vamos acabar com eles!!
– Terry Jones bradou erguendo o copo de cerveja e seus amigos o acompanharam,
decididos.
E veio mais uma noite e
com ela, Louise retorna para o quarto, determinada em acabar com aquele circulo
vicioso entre ela e seu novo noivo, se é que ela poderia considerar assim. E
começando com a expulsão dele.
-- ACORDE! – Sacudiu. –
ACORDA, DESGRAÇADO!
Ele por sua vez despertou
com a insistência da vampira e se vestiu.
-- Agora saia do meu
quarto e não volte mais!
-- Esqueceu que sou seu
noivo? – Indaga o vampiro, um pouco irritado. – Você me pertence e deve fazer
tudo que eu quero!
-- Que noivo é esse que
agride sua mulher? E ainda usa o corpo dela como se fosse nada? Ouça, nunca fui
tão humilhada, agredida e ainda... – Ela começou a chorar. Lembrar das duas
noites anteriores é como levar chicotadas nas costas. – Você... ME USOU!!!
Ele não disse nada e
permaneceu impassível diante da confissão dela. Enquanto ajeitava a roupa em
si, Gerd pode ouvir mais lamentos da noiva.
-- O conde não faria isso.
Embora ele nunca me tocasse. Me preservei pura pra você e para quê? Receber
isso? Eu sou uma dama.
Gerd pela primeira vez se
sentiu terrivelmente mal ao ouvir aquilo. Realmente errou demais com a amada.
Então, o motivo da rejeição de Louise ao conde era a pureza dela? Unicamente
guardada para... ele? Olhou de relance para ela, que limpava o rosto inundado
de lágrimas e em seguida se dirigia a porta.
-- O que vai fazer? –
Perguntou um tanto curioso.
-- Nada. Só quero que
acabe. Na verdade... – Louise respirou fundo para se acalmar e depois
completou. – Acabou tudo entre nós, Gerhard. Arranje outra noiva pra você!
E fechou a porta, deixando
Gerd um tanto estático. Tudo que acreditou era uma mentira. Louise nunca
poderia ser Alice e ela não poderia ser a vampira loira desejada. A culpa tomou
conta e agora ele a perderia mais uma vez. Uma hora depois resolveu sair um
pouco para caçar e pegou a trilha que o leva para a cidade, no caminho sentiu o
cheiro de humanos, em
quarteto. Quando deu o próximo passo, eis que surgiram quatro
homens a sua frente. Todos armados com machados e estacas.
-- Acabem com ele! – John
foi o primeiro a atacar, mas foi derrubado com o soco de Gerd.
Eric Idle arremessou o
machado no vampiro que acaba pegando no ar e em seguida se aproxima dele e antes
de aplicar um golpe no humano, um deles joga água benta em suas costas,
causando ardência e enfraquecimento. Terry Jones aproveita disso e esmurra o
vampiro no rosto. Gilliam usa a arma e golpeia Gerd no tórax, deixando uma
marca vertical um pouco torta.
Mal conseguindo se
levantar, Jones impediu do vampiro de reagir e juntando as mãos, ergueu no alto
e abaixou rapidamente, provocando um grande impacto na coluna, desequilibrando
o vampiro alemão.
Enquanto isso Louise
estava deitada na relva, perto do rio quando sentiu um cheiro conhecido na
floresta. Era do jovem lobo Christopher. Há muito tempo a vampira estava de
olho no irmão da doutora russa que vive no vilarejo abandonado e sabe que é ele
que carrega os cadáveres para sua irmã dissecá-los. E sem falar do pescoço
dele, muito tentador para ela. Fechando os olhos, ela suspirava e arranhava o
tronco da árvore, falando de forma poética.
-- Oh, Romanov... – Dizia
ela em seu delírio. – Por que não és mortal em vez de lobo? Por que não
preferiu o sangue em vez da fúria? Por que não escolheu a imortalidade e sim
noites ferozes? Por que não me escolheu, em vez desta lobinha?
Não suportando aquele
desejo, Louise se recompõe e segue procurando pelo lobo. Chris colhia mais
galhos das árvores e ouviu um canto tão suave. Largou a madeira e caminhou até
onde aquela música estava vindo e encontrou a bela moça de cabelos dourados e
olhos tão brilhantes. Ele tentou recuar e o encanto não permitiu. Estava
paralisado e um pouco entorpecido. Contudo, em seus pensamentos estava Vivian, a lobinha ruiva por quem devotou seu
amor.
Louise tocou o rosto dele
e levemente encostou seus lábios nos dele.
-- Oh, Romanov, tão
belo...— Em seguida finalizou com um beijo ardente.
Aos poucos ela selava o
destino do lobo quando o estranho calafrio percorreu seu corpo, fazendo-a parar
de beijá-lo. Concentrou sua audição apurada e logo ouviu gritos, pancadas e
madeira se quebrando. A exclamação veio alta e imediatamente reconheceu ser
Gerd.
-- Não vai me beijar mais?
– Chris estava tão envolvido com ósculo que estranhou essa atitude.
São muitas dúvidas para
ela. Procurou esquecer isso e voltou sua atenção ao belo lobo russo. Os gritos
e os estampidos dos socos e chutes aplicados ecoavam na mente e veio uma imagem
de Gerd, morto com uma estaca enfiada no coração e muito em breve virando
cinzas, desaparecendo aos poucos. Ela se
afastou de modo brusco de Chris.
-- Eu sinto muito. Mas não
dá Romanov! – Em seguida correu na direção do som emitido.
Conseguiu chegar ao local
e a sensação que teve foi de coração rasgado, vendo o vampiro caído, se
levantando e mais chutes e golpes sendo desferidos nele.
Rapidamente Lulu analisa
qual deles é o mais fraco do bando. Era um dos ensinamentos do conde. Ataque
primeiro o mais fraco do grupo, para deixar os outros atordoados.
Eric trocava socos no
vampiro ao mesmo tempo bebia uma garrafa de uísque.
-- John – Gritou com uma
voz completamente embriagada. – Vamos cortar a cabeça dele.
-- Ótima idéia. –
Respondeu ao pegar o machado e banhou um pouco de água benta. – Segurem ele!
Gilliam e Jones agarram os
braços de Gerd, completamente fraco. Arrastaram para perto de uma rocha e
deixaram a cabeça pronta para o corte.
-- Se prepara, nosferatu!
– John erguia o machado e poucos segundos continuou a dizer. – Isto é por
Palin!
Antes do golpe final,
houve um ataque relâmpago. Eric foi arrastado até o muro e em seguida veio à
terrível dor do seu pescoço sendo mordido e mastigado. Gritos ecoaram na
estrada e John, Gilliam e Jones estavam aterrorizados. Gerd praticamente não se
movia devido à fraqueza, contudo, sentiu o forte cheiro de sangue provocado por
Louise.
Gilliam largou o braço do
vampiro e ao tentar se aproximar foi puxado na árvore, gritando de dor e no
final tendo sua cabeça separada do corpo.
Restaram apenas dois. John
e Terry Jones não sabiam bem o que fazer.
-- Apareça, monstro! –
Esbraveja John Cleese. – Apareça!
Ao se virar ao lado,
deparou com outra cena horrenda. Terry gritando por conta dos braços serem
arrancados e depois a vampira esmagar seus olhos com os dedos. John correu
longe dali para não ser pego. Algo que não deu certo. Louise o alcançou e ele
retornou ao ponto inicial. Louise, armada com o machado dele, arremessa na
direção do humano, que corta a cabeça dele em segundos.
Neste instante, outro
homem, vestido como nobre, caminha a passos largos e fica paralisado com a
imagem a sua frente. Seus amigos, mortos de todas as formas. Eric com corpo
branco e a jugular mordida e mastigada. Terry Gilliam com a cabeça cortada.
Jones foi mutilado e John Cleese também teve o crânio separado do corpo. Sem
saber, a vampira estava atrás de si e quando tentou algo, a fascinação foi
aplicada e depois sussurrou no ouvido dele.
-- Vai ser o alimento do
meu marido! – Terminada a exclamação, rasgou a garganta dele com uma faca,
derrubando o rapaz.
Gerd se reerguia com
dificuldade e caminhou para perto da noiva. Esta, por sua vez, pega o pulso da
vitima e oferece ao noivo, que morde e suga o sangue dele com vontade. Por
cinco minutos, o corpo de Graham Chapman já não tinha mais sangue.
Após o momento da
refeição, Louise carregou Gerd até o rio e o fez se sentar debaixo da árvore.
Ele gemia de dor, mesmo abafando com a mão para não causar pena. Seria
desastroso. Ela correu até o rio e pegou um pouco de água com as mãos em forma
de concha e lavou o rosto dele. Rasgou a barra do vestido e molhou o pano na
água, limpando os ferimentos. A cada toque dela, Gerd sentiu-se nas nuvens. As
mãos dela possuem uma suavidade tranqüila e amorosa. Nada de intenções
luxuriosas. Ao mesmo tempo vislumbrava o rosto dela, através do luar. Traços
mais delicados, dignos de um anjo, incorporado em demônio.
Percebendo isso, Louise
resolveu parar um pouco e direcionou o olhar para o rio, refletindo o esplendor
noturno da lua.
-- Em que está pensando? –
Questionou Gerd.
-- Não devia ter feito
isso... – Respondeu sem encarar seus olhos. – Não sei o que deu em mim...
Ele sabia bem o motivo
disso. Louise ainda não o perdoou por conta das duas noites de amor violenta,
resultando em machucar a vampira e tirar a pureza dela da maneira mais
agressiva e depravada.
-- Sabe, eu quase te
deixei hoje. – Comentou e riu disso um pouco nervosa. – Mas não consegui.
-- Então não me abandone
jamais. – Tocou as mãos dela, tão geladas e puxando o rosto dela para perto de
si, beijando - a com ardor e ternura demonstrada.
Louise correspondeu de
modo surpreendente. Muito tempo sonhou com beijo verdadeiro do vampiro e agora
é correspondida. Parando o ósculo, ela toca o rosto dele com o mesmo carinho.
Não é preciso dizer que ela o perdoou. E seus pensamentos anteriores de
arranjar outro marido vampiro se foram. Apenas Gerhard é mais importante.
-- Me ensine a te amar,
ursinha. – Sussurrou o vampiro no ouvido dela.
Devagar, ela começa a despir
seu noivo e ele a ajudava a retirar as roupas dela e em seguida caminharam até
o rio cristalino, se banhando, alegres e apaixonados. Brincaram um pouco de
atirar água um no outro e nadaram juntos. Se beijaram mais uma vez e quando
voltaram a margem, Louise pegou a faca de cabo de ouro --a mesma que ela usa em
suas vítimas – e segurando a mão direita do noivo, fez um pequeno corte na
palma dela.
-- Agora faça o mesmo em
minha mão direita. – Entregando o objeto a ele.
Gerd fez o mesmo. Com as
mãos sangrando, ela entrelaçou com a dele, misturando seu sangue com o de Gerd.
-- Neste momento, diante
da lua, faço este juramento. Pertencerás a mim e a mais ninguém. Serei tua
vida, tua existência, tua razão de viver e viverás por mim. Não seremos dois,
mas um e único. – Recitou Louise, apertando a mão entrelaçada e ainda encarando
os olhos do amado.
-- Juro também devotar
todo meu amor a ti. Serei unicamente teu servo, teu companheiro, teu amigo e
esposo. Lutarei, viverei e se for preciso, morrerei por ti, minha adorada
esposa. E tu serás eternamente minha. – Finalizou o vampiro, alegre por selar
aquele compromisso com a mulher que ama desde que eram humanos.
Entregues aos prazeres,
fizeram amor calmamente sob carinhos e toques ardentes e inocentes, tornando
algo mais divertido. Do outro lado do
rio, os lobisomens viam tudo que se passava ali, escondidos sob os galhos das
árvores e conversando.
-- Vocês são pervertidos
hein? – Mary Anne, irmã de Paul McCartney e também uma lupina, reclamava para o
irmão.
-- Qual é? Não se vêem
cenas assim todos os dias. – Retribuiu Paul.
-- Mas é falta de
educação, sabiam? Se Bobby descobre que estamos vendo os vampiros do conde
Beckenbauer fazendo amor no rio, seremos punidos. – Repreendeu Rosie.
Eles continuaram a observar
tudo atentamente. Ringo se lamentava por perder outra vez a chance com a bela
vampira loira e Rosie se aborrecia mais ainda por saber que coisas como essa
poderiam muito bem acontecer e segundo as ordens de Bobby, ignorarem se virem
um casal se amando no rio.